Aulas (21-40)
Aula
21-22 (21
[1.ª, 3.ª], 24 [5.ª], 25/out [4.ª]) Correção de trabalho de criação de cantiga
de amigo moderna.
Completa o texto seguinte, a que retirei muitas
das preposições.
Depois, na tabela, põe um visto na quadrícula de cada preposição representada.
Se te despachares, circunda no texto algumas contrações (preposição + determinante)
e copia alguns exemplos de contração nas quadrículas a isso destinadas.
As cantigas de amor são composições poéticas
____ que o trovador apaixonado presta vassalagem amorosa à mulher como ser
superior, ____ quem chama a sua «senhor». Produto da inteligência e da
imaginação, o amor é, geralmente, «fingido», o que caracteriza estas cantigas
como aristocráticas, convencionais e cultas. ____ ambiente palaciano, são originárias
da Provença.
O amor era concebido à maneira
cavaleiresca, como um «serviço». Consistia esse serviço ____ dedicar à amada os
pensamentos, os versos e os atos. O servidor está ____ com a «senhor» como o
vassalo para ____ o suserano. A regra principal deste «serviço» era, além da
fidelidade, o segredo. O cavaleiro devia fazer os possíveis para que ninguém
sequer suspeitasse do nome da sua senhora. Mas o que é próprio das cantigas de amor
e do seu modelo provençal é a distância a que o amante se coloca ____ relação
à sua amada, a que chama senhor, tornando-a
um objeto quase inacessível. O amor trovadoresco e cavaleiresco é, ____ ideal,
secreto, clandestino e impossível.
Quanto aos temas, elaboraram
os Provençais o ideal do amor cortês muito diferente do idílio rudimentar nas margens
dos rios ou à beira das fontes que os cantares ____ amigo nos deixam entrever.
Não se trata de uma experiência sentimental ____ dois, mas de uma aspiração, ____
correspondência, a um objeto inatingível, de um estado de tensão que, para
permanecer, nunca pode chegar ao fim do desejo. Manter este estado de tensão
considera-se ser o ideal do verdadeiro amador e do verdadeiro poeta, como se o
movesse o amor do amor, mais do que o amor a uma mulher. E não só ____
esta dirigem os poetas as suas implorações, queixas ou graças, mas ao próprio
Amor personificado, figura ____ retórica muito comum ____ os trovadores
provençais e ____ eles transmitida aos galego-portugueses.
O trovador imaginava a dama
como um suserano a quem «servia» numa atitude submissa de vassalo,
confiando o seu destino ao «bom sen» da «senhor». Todo um código ____
obrigações preceituava o «serviço» do amador, que, ____ exemplo, devia guardar
segredo ____ a identidade da dama, coibindo toda a expansão pública da paixão
(o autodomínio, ou «mesura», era a sua qualidade suprema), e que não podia
ausentar-se ____ sua autorização. O apaixonado devia passar provações e fases
comparáveis aos ritos de iniciação nos graus da cavalaria.
____ este ideal de amor corresponde certo
tipo idealizado de mulher, que atingiu mais tarde a máxima depuração na Beatriz
de Dante ou na Laura ____ Petrarca: os cabelos de oiro, o sereno e luminoso olhar,
a mansidão e a dignidade do gesto, o riso subtil e discreto.
Preposição |
Contração |
Preposição |
Contração |
Preposição |
Contração |
Preposição |
Contração |
Prep +
Det |
Prep +
Det |
Prep +
Det |
Prep +
Det |
||||
a |
|
ante |
|
após |
|
até |
|
com |
|
conforme |
|
consoante |
|
contra |
|
de |
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desde |
|
durante |
|
em |
|
entre |
|
exceto |
|
mediante |
|
para |
|
perante |
|
por |
|
salvo |
|
segundo |
|
sem |
|
sob |
|
sobre |
|
trás |
|
Além das preposições simples, há muitas locuções prepositivas (resultantes da
junção de preposições, nomes e, até, advérbios): abaixo de; acima de; ao lado de; além de; cerca de; em torno de; junto a; perto de; ao pé de; em vez de; antes de; diante de; depois de; longe de; através de; dentro de; a respeito de;
para com; fora de; graças a; por causa de; em favor de; etc.
Preposições e locuções prepositivas (cfr. p.
313) introduzem grupos preposicionais,
que podem corresponder a funções sintáticas
bastante típicas: {Completa}
Frase (com grupo preposicional a negro) |
Função sintática do GP |
Prep |
Bruno marcou um golo ao Tottenham. |
Complemento ______ |
a |
Vi o programa da manhã. |
Modificador
restritivo do nome |
__ |
Nos
próximos minutos, assistiremos a um sketch
pornográfico. |
Modificador do grupo verbal |
__ |
Marcelo foi desmentido pelo bispo. |
_____________ |
__ |
{Falta
aqui o sketch «Fala corretamente o português. Ouvistes?», que não está
disponível no YouTube e vimos em aula}
No sketch
«Fala corretamente o português. Ouvistes?» (série
A primeira consiste em usar-se a _____, omitindo o
restante grupo preposicional. Talvez porque, dado o contexto, fique muito
implícito o que se quer dizer, o locutor pode dar-se ao luxo de suspender a frase
logo depois de pronunciar a preposição. Ora realística ora caricaturalmente, o
professor _____ (nota que o nome corresponde, efetivamente, àquele que se pode
considerar o primeiro linguista português — contemporâneo, por exemplo, de Eça
de Queirós) ou o apresentador dizem {circunda
as preposições} «Podemos não ter chegado a»; «Mas estamos a caminhar para»;
«Fiz uma tentativa de»; «Esperamos estar cá para».
A segunda é começar frases por _____, quando se esperaria
o uso de outro tempo, com pessoa: «Em primeiro lugar, dizer que [...]»; «Antes de continuarmos, aplaudir [...]»; «Antes de mais, registar [...]». (Um pouco à margem deste tique linguístico, repara
que as frases evidenciam um dos papéis que podem ter os grupos preposicionais,
o de conectores: é o caso de «Em primeiro
lugar», «Antes de continuarmos», «Antes de mais». Outras classes gramaticais
que cumprem frequentemente esse papel de estabelecer relações entre segmentos
textuais são a conjunção, o próprio advérbio.)
Os dois fenómenos caricaturados (suspensão da frase
na preposição; começo da frase por um infinitivo) são talvez evoluções em curso
na língua portuguesa, relativas a mudanças de ordem _____ {sintática / semântica / fonética / ortográfica / pragmática}.
No tal sketch
chocante da série Barbosa, reflete-se sobre um problema que, ao usarmos
preposições, se nos põe muitas vezes, as exatas regências (ou regimes).
Há até dicionários para prevenir estas dificuldades, os dicionários de regências.
É que, como elementos de relação, as preposições
têm o seu significado muito associado ao nome que se lhes siga mas também dependem
dos verbos que as precedam. A polivalência das preposições (e os matizes de
sentido que os verbos, ao selecionarem-nas, podem ganhar) leva a que facilmente
as troquemos. {Completa a tabela}
Já todos
ouvimos |
Mas o que
está bem é |
Isto parece-se a |
Isto parece-se _____ |
Prefiro este do que aquele |
Prefiro este ________ |
Ficou sobre
a jurisdição de |
Ficou
_____ a jurisdição de |
Tem a haver
com |
Tem ___ ver com |
Aonde moras? |
________ moras? |
Dá-me de
força |
Dá-me _____ força |
Tenho que
ir |
Tenho ____ ir |
Compara esta folha àquela |
Compara esta folha _____ aquela |
O gelado que gosto mais |
O gelado ____ que gosto mais |
As pessoas que falei |
As pessoas ____ que falei |
Há-des / Hades cá vir |
Hás ___ vir |
Na última linha, o erro não resulta propriamente
de má escolha da preposição, mas de se flexionar mal a forma verbal. Como se
faz uma analogia com outras segundas pessoas do singular, que terminam em –s, cria-se uma forma terminada em –s, amalgamando a preposição. É o mesmo
processo que leva a que, por vezes, se use, para a terceira pessoa do plural,
«hadem» (em vez da forma correta «___________»).
Um erro ortográfico que é feito por quase toda a
gente é a contração de preposições com os determinantes ou pronomes que se lhes
seguem quando estes começam orações infinitivas. (Cfr. explicação a meio
da p. 313.) Nas quatro frases em baixo, escreve as formas corretas das partes a
negro, que podem ser as contraídas ou não, dependendo de se lhes seguir a tal
oração infinitiva:
Foi o facto de
ele ter mentido que me agradou. | ____
Apesar de
ela ser inteligente, é péssima em preposições. | ____
Diz a o
polícia que morri. | ____
Gostava de
os avisar de que ainda faltam trinta minutos. | ____
No filme Paterson,
uma caixa de fósforos de uma dada marca suscita a Paterson um poema de amor nos
antípodas das cantigas de amor que hoje começámos a estudar:
Poema de amor
Temos imensos fósforos em
nossa casa,
Mantemo-los sempre à mão.
Atualmente, a nossa marca favorita é a Ohio Blue
Tip,
Se bem que costumávamos preferir a marca Diamond.
Isso foi antes de descobrirmos os fósforos Ohio
Blue Tip.
Eles são excelentemente embalados:
Robustas caixas pequenas em azul escuro e claro e
etiquetas brancas,
Com palavras impressas com o texto em forma de megafone,
Como que para dizer, ainda mais alto ao mundo,
Eis o mais belo fósforo do mundo;
O seu caule de quatro
centímetros, em pinho macio coberto por uma cabeça granulosa púrpura escuro,
Tão sóbrio e furioso e teimosamente pronto a
explodir numa chama,
Acendendo talvez o cigarro da mulher que amas pela
primeira vez.
[tradução de «Love Poem», Paterson (de Jim Jarmusch; poemas por Ron
Padgett)]
Em prosa, escreve um texto
que, tal como o poema de Paterson, comece por se focar num dado objeto
(abordado com certo detalhe como se fosse o essencial do texto), para, depois, acabar
por se aproximar da psicologia, dos sentimentos, etc., do sujeito. A caneta.
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TPC
— Vê — e vai verificando se a conseguias resolver — a ficha do Caderno de
Atividades sobre ‘Processos fonológicos’, que ponho já corrigida em Gaveta
de Nuvens.
Aula 23-24 (24 [1.ª, 3.ª], 25 [5.ª], 26/out [4.ª]) Correção dos textos inspirados em bandas sonoras (incluindo trailers).
Na p. 46 começaremos por ler (ou ouvir) «A cantiga de amor e
a cantiga de amigo: espaços, protagonistas e circunstâncias», para poderes
preencher o quadro 1 (que copio):
|
Tema comum: _______________ (a) |
|
Cantiga de amigo |
Cantiga de amor |
|
Emissor (sujeito poético) |
____________ (b) |
____________ (c) |
Figura feminina |
____________ (d) |
____________ (e) |
Relação «eu»/objeto do amor |
____________ (f) |
____________ (g) |
Outros intervenientes |
____________ (h) |
não há nenhuns para além do «eu» e da «senhor» (i) |
Ambiente, cenário |
____________ (j) |
[não há referências] (k) |
Dá um relance à p. 47 — e a «Mia senhor fremosa», de
Nuno Anes Cerzeo —, reparando nos destaques na margem, que confirmam
que se trata de cantiga de amor.
A cantiga de amor que ponho a seguir baixo é «Proençaes soem mui bem
trobar», de D. Dinis, cuja
poesia já conhecemos mas num outro género, o das cantiga de amigo. Copiei uma versão
modernizada (por Natália Correia, Cantares
dos trovadores galego-portugueses, Lisboa, Estampa, 1970). Excecionalmente,
é uma cantiga de amor que também reflete sobre as próprias características
deste género trovadoresco, contrastanto o estilo dos principais inspiradores
das cantigas de amor — os poetas provençais («proençaes») — com o do trovador —
o eu do poema (simplificando, D. Dinis):
Os provençais que bem sabem trovar!
e
dizem eles que trovam com amor,
mas
os que cantam na estação da flor
e
nunca antes, jamais no coração
semelhante
tristeza sentirão
qual
por minha senhora ando a levar.
Muito
bem trovam! Que bem sabem louvar
as
suas bem-amadas! Com que ardor
os
provençais lhes tecem um louvor!
Mas
os que trovam durante a estação
da
flor e nunca antes, sei que não
conhecem
dor que à minha se compare.
Os
que trovam e alegres vejo estar
quando
na flor está derramada a cor
e
que depois quando a estação se for,
de
trovar não mais se lembrarão,
esses,
sei eu que nunca morrerão
da desventura que vejo a
mim matar.
Completa primeiro as duas colunas mais à direita; depois, a
sobre a letra da canção:
|
D.A.M.A. |
poetas provençais |
D. Dinis |
«Balada do desajeitado» |
segundo D. Dinis, em «Proençaes
soem mui bem trobar» |
||
Jeito poético? |
O
sujeito _____ criar frases bonitas. |
Têm
__________. |
[Será
____ do que o dos provençais.] |
Amor
verdadeiro? |
Envergonhado,
o sujeito lírico perde o à-‑vontade quando está junto de quem, na verdade, ____.
|
Só
na _______ («na estação da flor [no tempo da frol]») costumam trovar, o que
quer dizer que o seu amor será apenas ______. |
Sincero,
o «eu» pode até morrer de amor: a tristeza, a dor, a _____ estão a ____. |
Balada
do desajeitado
(D.A.M.A.)
Eu não sei o que é que te hei de dar
Nem te sei inventar frases bonitas
Mas aprendi uma ontem, só que já me esqueci
Então, olha, só te quero a ti
Sei de alguém, por demais envergonhado
Que por ser desajeitado, nunca foi capaz de falar
Só que hoje vê o tempo que perdeu
Sabes que esse alguém sou eu e agora vou te
contar
Sabes lá o que é que eu tenho passado
Estou sempre a fazer-te sinais, tu não me tens
ligado
E aqui estou eu a ver o tempo passar
A ver se chega o tempo, o tempo de te falar
Eu não sei o que é que te hei de dar
Nem te sei inventar frases bonitas
Mas aprendi uma ontem, só que já me esqueci
Então, olha, só te quero a ti
Podes crer que à noite o sono é ligeiro
Fico à espera o dia inteiro para poder desabafar
Mas como sempre chega a hora da verdade
E falta-me à vontade, acabo por me calar
Falta-me o jeito, ponho-me a escrever e rasgo
Cada vez a tremer mais e às vezes até me engasgo
Nada a fazer, e é por isso que eu te conto
Que é tarde para não dizer
Digo como sei e pronto
Eu não sei o que é que te hei de dar
Nem te sei inventar frases bonitas
Mas aprendi uma ontem, só que já me esqueci
Então, olha, só te quero a ti
Eu não sei o que é que te hei de dar
Nem te sei inventar frases bonitas
Mas aprendi uma ontem, só que já me esqueci
Então, olha, só te quero a ti
Escreve, com
caneta, um poema em versos não rimados, alguns a ocuparem boa parte da linha.
Não faças estrofes. Poema deve ter pontuação (mesmo, se for caso disso, no
final dos versos). O título será «Quedas de água» ou «A água cai».
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TPC — Responde ao que te
perguntei via Classroom (mas, por favor, lê mesmo o que aí explico nas
instruções bem como o que há muito escrevera sobre as leituras).
Aula 25-26 (28 [1.ª, 3.ª], 31/out [5.ª], 2/nov [4.ª]) Correções de escritos que se entregavam (poema com «Quedas de água» ou «Cai água»).
Vai lendo o texto na p. 53
— sem usares outras páginas nem as nossas folhas das outras aulas —, que é uma apreciação
crítica de um filme. Circunda a melhor alínea de cada item.
O título — «O amor, via Twitter»
— poderia ser substituído por
a) «As paixões olham o Twitter».
b) «O amor, através do Twitter».
c) «O amor olha o Twitter».
d) «Via o amor no Twitter».
«o amor com que trata as personagens» (l. 2)
equivale a
a) ‘as paixões em que envolve as personagens do
filme’.
b) ‘o modo como faz as personagens namorarem’.
c) ‘a forma elegante, correta, como constrói as
personagens’.
d) ‘o caráter romântico de ambas as personagens’.
«geram uma simpatia irrecusável» (l. 3) significa
que
a) ‘fazem que tenhamos simpatia’.
b) ‘levam a que se recuse simpatia’.
c) ‘recusam a simpatia que geram’.
d) ‘geram uma antipatia recusável’.
«aura ‘miniatural’» (l. 5) remete para
a) o facto de o filme ser uma miniatura de outros
filmes.
b) a circunstância de, sob vários aspetos, o filme
ser simples.
c) uma aura (‘atmosfera’) identificável com a dos
Minions.
d) a cantora Áurea, que tem no filme uma intervenção
curta.
Segundo o que lemos no segundo parágrafo (ll. 11-21),
o enredo foca-se numa paixão entre
a) um homem mais velho mas excelente e uma atriz
desencantada.
b) as personagens Américo Silva e Joana Ribeiro,
que se conhecem no Twitter.
c) dois cães, um tigre e um computador.
d) uma atriz jovem e um homem de meia idade.
Segundo o mesmo segundo parágrafo (ll. 11-21), a
primeira parte do filme centra-se
a) na aproximação dos elementos do par central,
que vão ao encontro um do outro.
b) na relação, em presença, dos dois
protagonistas.
c) na troca de mensagens entre as duas personagens
principais.
d) na cidade, ao estilo dos filmes de Manuel
Mozos.
Ainda segundo o segundo parágrafo (ll. 11-21), na
primeira parte
a) o Sporting esteve a ganhar (com Lloris, mais
uma vez, a ajudar os portugueses).
b) foge-se ao abismo que constituem os meios eletrónicos
e descobre-se a cidade
c) há como que um confinamento ao ambiente das
mensagens eletrónicas.
d) situa-se num abismo, a cidade entendida ao
estilo dos filmes de Mozos.
Segundo as ll. 19-21, o realizador
a) usou um ritmo justo, filmando conversas sem
problemas.
b) legendou as conversas orais tidas pelas
personagens.
c) não teve problemas em socorrer-se do uso de
texto sobreposto às imagens.
d) apresentou nas imagens a realidade real,
fugindo à legendagem.
Pelas linhas 13-15, percebemos que o cronista
considera que
a) o desempenho de Joana Ribeiro se mostrou desorientado.
b) Américo Silva já merecia ser o ator principal (como
foi só agora).
c) Joana Ribeiro ainda é apenas uma jovem atriz e
que Américo Silva tem atuação excelente.
d) Américo Silva e Joana Ribeiro revelam-se desencantados.
No terceiro parágrafo (ll. 22-30), considera-se
que a segunda parte do filme
a) enfraquece, como se «mirrasse», por se centrar nas
mensagens escritas.
b) se arrasta demasiado, recorrendo à circularidade.
c) torna-se mais contemplativa, mais lenta, sempre
«por linhas tortas».
d) se socorre de uma coincidência forçada.
«Mas não há um único ator que não esteja na nota
certa» (ll. 26-27) quer dizer que
a) todos os atores cantaram bem.
b) nenhum dos atores cantou mal.
c) todos os atores representaram no estilo
adequado.
d) nenhum dos atores teve má avaliação.
No último período do texto (ll. 28-30), assume-se
que o filme
a) tem características do que se acha corresponder
a um telefilme (mas, infelizmente, o que a televisão costuma exibir é muito
pior).
b) não é um telefilme, porque não consegue seguir
as normas desse formato.
c) é como uma telenovela fofinha.
d) segue a norma do que tem sido a ficção
narrativa em televisão.
Na penúltima linha do texto (l. 29) há
a) duas preposições simples.
b) duas locuções prepositivas.
c) duas contrações de preposição com determinante.
d) uma preposição e uma contração de preposição e
artigo
Na linha 12 há
a) duas preposições simples e três contrações (de
preposição e determinante).
b) uma preposição e duas contrações (de preposição
e determinante).
c) duas preposições e uma contração (de preposição
e determinante).
d) três preposições simples.
O texto que lemos é
a) de prosa, de tipo predominantemente narrativo.
b) de prosa, de tipo predominantemente expositivo.
c) de poesia, de tipo predominantemente
argumentativo.
d) em versos não rimados e apreciativo.
O filme de que se tratou é
a) «O amor, via Twitter».
b) «Linhas tortas».
c) Linhas Tortas.
d) O amor, via Twitter.
Se escrevêssemos a lápis ou a caneta, a melhor
referência seria:
a) Luís Miguel Oliveira, O amor, via Twitter,
«Público».
b) Oliveira, Luís Miguel, O amor, via Twitter,
Público.
c) Luís Miguel Oliveira, «O amor, via Twitter»,
Público.
d) OLIVEIRA, Luís Miguel, O amor, via Twitter,
«Público».
Na p. 52, vê a cantiga
de amor «Se eu podesse
desamar», de Pero da Ponte. Passa-a para prosa, adotando a ordem
mais natural das palavras e substituindo os termos antiquados por outros atuais
(com significado idêntico). Cada estrofe constituirá um parágrafo.
Glossário (além do do manual, que está sob a cantiga) — buscar
= ‘procurar’ | coita = ‘sofrimento’ | rogar = ‘pedir’.
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[Solução possível:]
Se eu pudesse desamar (não amar) quem sempre me desamou
e pudesse procurar algum mal para quem sempre me procurou o mal! Vingar-me-ia
assim, se pudesse fazer sofrer quem sempre me fez sofrer.
Mas nem mesmo posso enganar o meu coração que me enganou,
por quanto me fez desejar quem nunca me desejou. E por isto (isso) não durmo, porque
não posso fazer sofrer quem sempre me fez sofrer.
Mas peço a Deus que desampare quem assim me
desamparou ou que pudesse eu perturbar quem sempre me perturbou. E logo
dormiria se pudesse fazer sofrer quem sempre me fez sofrer.
Ou que ousasse perguntar a quem nunca me perguntou
por que me fez preocupar consigo pois nunca se preocupou comigo. E por isto
sofro, porque não posso fazer sofrer quem sempre me fez sofrer.
Em
Cantigas Medievais Galego-Portuguesas,
acerca de «Se eu podesse desamar»:
Nesta
bela cantiga de amor, ao mesmo tempo simples e retoricamente muito elaborada,
Pero da Ponte exprime o seu (impossível) desejo de vingar-se daquela que
sempre o tratou mal, pagando-lhe na mesma moeda: deixando de a amar, procurando
o seu mal e fazendo-a sofrer. Mas é este um desejo impossível, até porque a culpa
é do seu próprio coração, que o fez desejar quem nunca o desejou. Sem poder
dormir, só lhe resta pedir a Deus que desampare quem sempre o desamparou e lhe
dê a ele a capacidade para a perturbar um pouco — e assim já dormiria. Ou, pelo
menos, que lhe desse coragem para falar com ela.
A
cantiga é também tematicamente original, na medida em que a tradicional resignação
do trovador face ao sofrimento que lhe inflige a sua senhora, elemento tópico
da cantiga de amor, é aqui declaradamente substituída pelo desejo de vingança.
Note-se ainda a rara variação que ocorre, em estrofes alternadas, no v. 1 do refrão.
Compara «O que eu gosto do meu Anselmo!» (Lopes da Silva) com os dois géneros já
estudados da lírica trovadoresca:
|
cantigas
de amigo |
cantigas
de amor |
Anselmo |
«eu»
|
_____
(que percecionamos como do povo) |
homem
(nobre, identificável com o trovador) |
Henriqueta
Lopes da Silva (com intervenções de Anselmo) |
«tu» |
confidente |
pode
ser a «____» |
entrevistador |
assunto |
namoro
(e circunstâncias que o envolvem) |
____
(e razões desse amor; superlativação da «senhor») |
amor
(e razões desse ___; desvalorização de Anselmo) |
vivência |
quotidiana
(popular) |
idealizada
(___) |
de
idealizada (amor) a objetivada (o gosto de Henriqueta) |
confidencialidade |
não
se escondem elementos acerca do namorado |
há
reserva, a «mesura»; a «senhor» ___ é identificada |
não
há ___ (contra a vontade de Anselmo, que fica constrangido) |
TPC — Relanceia a ficha corrigida acerca de uma cantiga de amor (ficha 2 do Caderno de atividades, pp. 5-6) que pus em Gaveta
de Nuvens. Vai tratando das leituras.
Aula 27-28 (31/out [1.ª, 3.ª], 7 [4.ª], 8/nov [4.ª]) Depois de ouvirmos uma crónica do programa Lugares Comuns (TSF), de Mafalda Lopes da Costa, sobre a expressão idiomática «dizer cobras e lagartos», preenche:
https://www.rtp.pt/play/p491/e147835/lugares-comuns
Expressão
(lugar comum) |
Dizer
cobras e lagartos [de alguém] |
Significado |
‘Dizer
muito mal de alguém’, ‘difamar uma pessoa’. |
Origem (etimologia) |
hipótese 1: cobra
teria o significado de «copla» e fazer escárnio de
alguém seria satirizar alguém através de _____; |
hipótese 2: de origem bíblica (Salmo 91, 13), relacionável
com dragão/basilisco que matava pelo _____; |
|
hipótese 3: ligada à crença medieval de que alguém
possuído pelo demónio e, depois, exorcizado expeliria cobras e ______. |
Repara nestes dois verbetes
do Dicionário da Língua Portuguesa («Dicionários Editora», Porto, Porto Editora, 2011,
p. 370) e completa o que escrevi em baixo:
As palavras «cobra1»
e «cobra2» têm _______ diferentes (ambos latinos, respetivamente, colubra e copula).
As duas «cobra» são
palavras _______ (e, para conhecermos novo termo, convergentes). Vêm de étimos
diferentes, mas têm forma igual (embora, é claro, não sejam uma mesma palavra).
As cinco aceções de «cobra1»
constituem o seu campo _______.
«cobra2», «rima»,
«sentimento», «estrofe» podem integrar-se no campo ______ ‘poesia’.
Lê a cantiga de escárnio e maldizer, de João Garcia de Guilhade, «Ai, dona fea, fostes-vos queixar» (p. 58). Começa a ler pela seguinte
versão modernizada (Natália Correia, Cantares
dos trovadores galego-portugueses, Lisboa, Estampa, 1970, p. 137):
Ai,
dona feia, foste-vos queixar
de
que vos nunca louvo em meu trovar.
Mas
umas trovas vos quero dedicar
em
que louvada de toda a maneira
sereis; tal é o meu louvar:
dona feia, velha e gaiteira.
Ai,
dona feia, se com tanto ardor
quereis
que vos louve, como trovador,
trovas
farei e de tal teor
em
que louvada de toda a maneira
sereis, tal é o meu louvor:
dona feia, velha e gaiteira.
Ai,
dona feia, nunca vos louvei
em
meu trovar eu que tanto trovei
e
eis que umas trovas vos dedicarei
em
que louvada de toda a maneira
sereis e assim vos louvarei:
dona feia, velha e gaiteira.
Na versão original da cantiga (p.
58), repara nesta forma, atualmente incorreta:
|
Como está na cantiga |
Como escreveríamos nós |
v. 17 |
direi-vos |
|
Completa (quando houver, pronominaliza os complementos):
diz-se que o julgamento
se realizará |
o julgamento realizar-se-á |
deve-se escrever |
jamais _______ |
comprarás as abelhas
|
____________ |
localizaríamos o
meliante |
____________ |
traremos o avião
|
____________ |
beijarei a sogra
|
____________ |
abriria a garrafa
|
____________ |
direi as mentiras
|
____________ |
venderão ao esquimó
o gelado |
____________ |
vou cantar as cantigas |
____________ |
comes a comida do cão |
____________ |
come a comida do gato |
____________ |
pisam os cocós de
cão escorregadios |
____________ |
Completa:
João Garcia de Guilhade, «Ai, dona fea, fostes-vos
queixar» |
|
Síntese |
Paródia ao amor cortês. O «eu» elogia a senhora, a «dona», no estilo do
que costumava ser feito nas cantigas de ____, mas, no refrão, trata-a como
«fea, velha e sandia», o que mostra que o resto da sextilha é ____. |
Adjetivos depreciativos |
fe(i)a, ____, sandia/gaiteira |
«Dia em que se pode
chamar nomes aos colegas» (Lopes da Silva) |
|
Síntese |
Paródia em torno da moda de estabelecer estratégias para gerar bom ambiente
de trabalho nas ____. Haveria dias e horas «temáticos», mas, neste caso, consagrados
a temas ____. |
Adjetivos depreciativos (ou nomes) |
____, pateta, idiota, palonça, imbecil, nabo, monotomate, urso, atraso
de vida, estúpido, parvo do catano, energúmeno, labrego, pacóvio, chouriço,
bardinas, songamonga, estronço, cafageste, animal, bronco, cara de cu |
«A tua camisa
é feia»
(Lopes da Silva) |
|
Síntese |
Paródia que aproveita o estereótipo de que as mulheres dariam demasiada
importância à escolha da ____. Carla não se ____ com nenhum dos defeitos que lhe
atribui a amiga, só se magoando quando esta lhe critica a blusa («não é muito
gira»). |
Adjetivos depreciativos (ou nomes) |
repugnantezinha, badalhoca, galdéria, pega, falsa, ___, besta, estúpida |
Sobre Adjetivo (cfr. p. 312, mas aí a informação é
demasiado escassa; melhor será consultar depois o que está em Gaveta de
Nuvens, em “Adjetivo”), resumamos assim:
Palavra que, tipicamente,
permite variação em género, em número e em grau. O adjetivo é o núcleo do grupo
adjetival.
Subclasses do adjetivo
Adjetivo qualificativo — Exprime qualidades, atributos do nome. Tipicamente,
a posição do adjetivo qualificativo é pós-nominal. Alguns destes adjetivos
ocorrem à direita e à esquerda do nome, correspondendo esta ordem a interpretações
diferentes.
Tens um belo chapéu. | É sem dúvida um
rapaz grande. /... um grande rapaz.
Adjetivo numeral — Expressa ordem ou sucessão numa sequência. Ocorre
geralmente em posição pré-nominal.
Este foi o meu primeiro livro de histórias. | Chegámos
rapidamente ao terceiro andar.
[ Adjetivo relacional — Deriva de um nome e revela uma relação de agente
ou posse relativamente ao nome. Ocorre em posição pós-nominal e não varia em
grau.
Foi a crítica musical que fez disparar as vendas. | Deixei o meu irmão no parque infantil. ]
Depois de ouvirmos a crónica de Bruno
Nogueira referida no cimo da p. 58 (Letras
prévias, 1), escreve um pequeno comentário que responda ao que é perguntado
em 1.1 e 1.2 (aborda os dois itens na mesma resposta; quanto às cantigas, reporta-te
apenas à que lemos hoje).
https://www.tsf.pt/programa/tubo-de-ensaio/emissao/pequenas-maravilhas-do-ser-humano-11365252.html
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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Exemplo de resposta ao
comentário sobre «Pequenas maravilhas do ser humano» (Bruno
Nogueira) e cantigas de escárnio e maldizer (cfr. p. 58, Letras
prévias, 1.1 & 1.2):
No título da crónica radiofónica
da série «Tubo de ensaio» há ironia, já que percebemos que as «pequenas maravilhas
do ser humano» são afinal tiques, manias, comportamentos, que irritam o
humorista.
Do mesmo modo, nas
cantigas de escárnio e maldizer medievais, os trovadores pretendiam criticar costumes
ou atitudes particulares. Em «Ai dona fea, fostes-vos queixar», a sátira centra-se
na presunção da destinatária, uma dama que se julgava merecedora de ser
cortejada mas que, talvez por hipérbole, o sujeito poético diz ser «fea, velha
e sandia». E, numa ironia que é quase uma antítese, acrescenta que a vai
elogiar... por aqueles defeitos.
TPC — Relanceia “Adjetivos” em Gaveta de Nuvens. Lê
também a p. 311 do manual sobre pronomes junto dos verbos.
Aula 29-30 (4 [1.ª, 3.ª], 8 [5.ª], 9/nov [4.ª]) Correção de questionário de compreensão sobre a apreciação crítica «Amor, via Twitter» (ver Apresentação).
Parágrafo 1 (ll. 1-6) — Ao contrário
do que acontece na literatura, tenho razões para associar amor a batatas; por
isso vou escrever sobre elas. (20)
Parágrafo 2 (ll. 7-20) — . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . .
Parágrafo 3 (ll. 21-25) — . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . .
Parágrafo 4 (ll. 26-28) — . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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. . . . . . . . .
Escreve
um Alfabeto Pessoal. Repara
no exemplo a seguir — só para as primeiras letras do alfabeto.
Evita
que as frases sirvam apenas para declarar aquilo de que gostas ou de que não
gostas. Boa solução é não te limitares a qualificar o que escolhes («é bom»,
«mau», «gosto de», etc.) e usares antes uma redação «de comentário» aos temas destacados.
Nota que a palavra que é escolhida pode nem ser o exato assunto, servindo
afinal como pretexto para se aludir ao tema que importa mesmo. Podes alternar
letras tratadas em algumas linhas com outras
que desenvolvas apenas numa frase curta.
A, de Automóvel. Desconfio
da importância que em Portugal se dá aos automóveis, prejudicando quem usa os
transportes públicos (e os passeios, paisagens, etc.). Admiro o trabalho da
ACA-M (Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados), um dos raros exemplos de
intervenção da «sociedade civil».
B,
de Bife à Império. Foi o texto que
lemos há pouco que me lembrou «batatas fritas», embora não sejam estas que
quero recordar, antes todo o Bife à Império. Tenho-o recomendado a alunos,
sobretudo aos que vão para o Técnico, que confirmam que vale a pena. A mim, que
por lá passei religiosamente em várias décadas, lembra-me com quem ia em criança,
em adolescente, e depois, e depois, e depois já não. Bife e molho mantêm-se
excelentes; batatas, um pouco menos.
C,
de Castanhas. Andei no Liceu Dona Leonor
a partir do 5.º ano, o atual nono, em 1974-75, o que explica que nada tivesse
sido convencional (aliás, salvo erro, no ano anterior o liceu ainda era
exclusivamente feminino). Recordo um dos hábitos de então: no inverno, o grupo
dos que moravam em Benfica ia apanhar o autocarro a Entrecampos, compartilhando
as castanhas assadas compradas no caminho.
. . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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TPC — Vê a ficha já corrigida em torno de «Cantigas de escárnio e maldizer» (ficha 3 do Caderno de atividades, pp. 7-8) que fica
reproduzida em Gaveta de Nuvens.
Aula 31-32 (7 [1.ª, 3.ª], 14 [5.ª], 15/nov [4.ª]) Correção de redações de textos em prosa inspirados em poema de Paterson.
Pedro Mexia, «Paterson», Expresso. Revista, coluna ‘Fraco Consolo’, [...]:
Paterson é condutor de autocarros e poeta. Vive em Paterson,
um subúrbio de New Jersey. E tem em casa livros de William Carlos Williams,
entre os quais Paterson (1946-58), um
poema épico factual demótico, que se quer ao mesmo tempo um “orgulho local;
(...) uma confissão; (...) uma réplica ao grego e ao latim sem mais nada; uma multidão;
uma comemoração”.
O último filme de Jim Jarmusch, Paterson (2016), é uma investigação sobre o equilíbrio entre a
felicidade e a banalidade. Paterson, interpretado por Adam Driver, leva uma
vida estável mas espartana. Tem uma namorada giríssima mas um pouco enfadonha,
obcecada com determinados padrões, que usa indiscriminadamente em pinturas,
vestidos e decorações de bolos. Laura (a iraniana Golshifteh Farahani) é apesar
disso a “musa” do namorado, ou não tivesse, como nos lembram escusadamente, nome
igual ao da amada de Petrarca. Paterson escreve poemas para ela, “se são para
ti, são poemas de amor”, embora admita que não é insensível às outras mulheres.
Os poemas de Paterson, que vamos vendo no ecrã, são
despretensiosos, diretos, como os mais despretensiosos e diretos versos de Williams.
Poemas minimais, discretos, timidamente inventivos, que são na verdade da autoria
de um poeta não-ficcional, amigo de Jarmusch: Ron Padgett. Esses poemas obedecem
a uma máxima de Williams, “no ideas but in things”, tese que constituía uma
reação à poesia erudita e hermética de Eliot e Pound. O doutor Williams, talvez
por ser médico, gostava de coisas concretas, de pessoas concretas, queria toda
a invenção ancorada num presente verificável e gostava de fazer coincidir, como
escreveu um seu estudioso, “os materiais que suscitam a poesia e a poesia que
esses materiais suscitam”. É por isso que no Paterson de Jarmusch as coisas mostradas ou ouvidas, e os versos que
sobre elas se escrevem, são trivialmente poéticas: caixas de fósforos, copos de
cerveja, conversas sobre pugilistas e engates. Mas quando sugerem a Paterson que
a sua cidade é poética, que a sua vida é poética, ele acha que não, que não são
nada poéticas.
Como em todos os Jarmusch, ou quase todos, o ambiente de Paterson é depurado e modesto, o clima
casto e cool, as pessoas macambúzias
mas boas. Mas há uma estranha sensação de que toda a gente vive numa “ilha das
almas perdidas”, parafraseando o título de um clássico dos anos 30 que Jarmusch
cita. De acordo com as nossas possibilidades, veremos nesta história o copo
meio cheio ou meio vazio. O elogio da domesticidade não se distingue das tragicomédias
amorosas das personagens secundárias. A empatia humana confunde-se com a
uniformidade, de modo que aparecem gémeos em todo o lado. Os indivíduos são em
geral decentes, mas há quem avise que é melhor “não tentar mudar as coisas,
senão ainda as tornamos piores”. Escrever poesia é fundamental para Paterson,
mas ele não faz questão de que alguém leia os seus poemas, e até assistimos a
um episódio que lembra ironicamente a desculpa do cábula: “O cão comeu-me o
trabalho de casa.”
Cada um escolherá em Paterson
os seus momentos significativos. Lembro-me de três. Um é quando o condutor de
autocarros encontra uma rapariguinha de 10 anos que escreve poemas tão bons
como os dele, o que põe em causa a noção de talento ou a excecionalidade da
poesia. O segundo é a evocação de uma das estrelas de Paterson, New Jersey, o
comediante Lou Costello, sugerindo talvez que a vida deve ser levada à conta de slapstick. O último é o verso “preferias ser um peixe?”, de uma canção
de 1944. Uma canção que nos diz que um peixe não faz coisa alguma com a sua
vida, que vai apenas nadando ribeiro abaixo até que, um dia, é pescado. “But then if that sort of
life is what you wish / You may grow up to be a fish.”
Vai lendo o texto, de Pedro
Mexia, na folha já distribuída. Circunda a melhor alínea de cada
item. (Não consultes colegas, nem o manual nem outros papéis nossos.)
No primeiro parágrafo, chama-se a atenção
para coincidências que envolvem «Paterson»:
a) nome de cidade, nome de
poeta-motorista, título do filme, nome de outro poeta.
b) nome da cidade, título
do filme, nome de personagem, título de livro.
c) nome do realizador, título
do filme, nome do protagonista, nome da cidade.
d) nome da cidade, nome do
motorista, título do filme, nome de outro realizador.
William Carlos Williams é
a) o nome do motorista-poeta
protagonista de Paterson.
b) um molengão do Bétis
que, infelizmente, vai jogar por Portugal no Qatar (e, pior, com o «Cris»).
c) um poeta criado pelo
realizador de Paterson.
d) um escritor que viveu
em Paterson efetivamente.
Quando, no início do segundo parágrafo, se diz que o filme é
uma «investigação sobre o equilíbrio entre a felicidade e a banalidade», isso significa
que
a) é policial, investigando
o que passa entre as personagens.
b) é investigativo e banal.
c) se centra em personagens
com vidas simples e sem grandes angústias.
d) procura provar como
vivem as pessoas felizes.
«leva uma vida estável mas
espartana» deve querer dizer que Paterson
a) tem saúde controlada e
disciplinada.
b) vai, com estabilidade,
para o raio que o parta.
c) tem um dia a dia
repetitivo mas ambicioso.
d) vive sem grandes luxos.
Laura é
a) a «musa» de Paterson,
embora não tenha esse nome (que é, na verdade, o da musa de Petrarca).
b) a namorada e «musa» de Paterson
(por coincidência, com o mesmo nome da musa de Petrarca).
c) iraniana e «musa» de
Paterson.
d) a musa e namorada de
Adam Driver.
No terceiro parágrafo é esclarecida a
autoria dos poemas que vimos no filme. São de
a) Jim Jarmusch.
b) William Carlos
Williams.
c) Ron Padgett.
d) Eliot e Pound.
Diz-se depois que os
poemas do filme
a) prosificam assuntos
poéticos.
b) são eruditos e herméticos.
c) fazem coincidir poesia
e o que é concreto.
d) partem de temas abstratos.
No último período do
terceiro parágrafo («Mas quando sugerem a
Paterson que a sua cidade é poética, que a sua vida é poética, ele acha que
não, que não são nada poéticas»),
a) há
uma vírgula a mais depois de «não».
b) falta
vírgula após «Mas».
c)
falta vírgula após «Paterson».
d) não
há erros de pontuação.
No quarto parágrafo, logo na sua primeira
linha, em «em todos os Jarmusch», temos uma
a) perífrase.
b) metáfora.
c) metonímia.
d) ironia.
Neste quarto parágrafo, a
maioria das linhas destaca características típicas das obras do cineasta:
a) a preferência por
personagens marginais; a visão do amor enquanto tragicomédia.
b) o recurso a tipos
sociais diversificados, ora com bom ou mau feitio; o clima casto e cool.
c) a uniformidade; a
empatia humana; o facto de aparecerem gémeos em todo o lado.
d) o conformismo que as
personagens revelam; o não serem más pessoas.
Para Pedro Mexia, segundo
o que se depreende do último período do quarto parágrafo, o que Marvin fez ao
caderno de poemas
a) não iria, no fundo, contra
o que Paterson talvez desejasse intimamente.
b) estragou o trabalho de
casa de Paterson.
c) aborreceu Paterson,
como o perder de repente um trabalho feito irrita qualquer cábula.
d) mostra como a poesia é
fundamental.
Já no quinto, e aliás último, parágrafo,
Mexia confessa ter fixado sobretudo três momentos: o do encontro com a miúda
que escrevia poesia;
a) a referência a Lou Costello;
uma canção de 1944.
b) a passagem sobre uma das
celebridades da cidade, Lou Costello; um dado verso de uma canção.
c) a evocação do
comediante Lou Costello; a referência a um peixe.
d) New Jersey; 1944.
O verso «preferias ser um
peixe?» serve, no fundo, para contrapor duas maneiras de encarar a vida:
a) a das douradas
grelhadas e a das águias Vitórias.
b) a dos que procuram
vencer obstáculos e a dos que se conformam.
c) a dos que preferem
nadar e a dos que têm ambições.
d) a dos peixes e a dos
cães.
Este texto de Pedro Mexia
é
a) uma crónica que faz uma
apreciação crítica.
b) uma notícia que informa
sobre um filme.
c) uma descrição de uma
obra de cinema.
d) um relato, em prosa poética,
acerca de livro.
Se escrevêssemos a caneta
ou a lápis, ficaria:
a) «Paterson», de
Pedro Mexia, foi publicado no Expresso. Revista e trata do filme
«Paterson».
b) Paterson, de
Pedro Mexia, foi publicado no «Expresso. Revista» e trata do filme «Paterson».
c) «Paterson», de Pedro Mexia,
foi publicado no «Expresso. Revista» e trata do filme Paterson.
d) «Paterson», de
Pedro Mexia, foi publicado no Expresso. Revista e trata do filme Paterson.
Na primeira linha do
primeiro parágrafo há
a) uma preposição e uma
contração (de preposição e artigo).
b) uma preposição.
c) duas preposições.
d) três preposições.
Se, em português europeu,
tivéssemos de pôr «O cão comeu-me o trabalho de casa» (que tem o pronome
em ênclise) na negativa ou no futuro, teríamos, respetivamente,
a) próclise; ênclise.
b) mesóclise; próclise.
c) ênclise; próclise.
d) próclise; mesóclise.
Na p. 57, em baixo, resolve o item 2 de Praticar:
a. _______________
b. _______________
c. _______________
d. _______________
e. _______________
f. _______________
g. _______________ + _______________
h. _______________ + _______________
i. _______________
j. _______________
k. ______________
l. _______________ + ________________
Primeiro beijo
(Rui Veloso /
Carlos Tê)
Recebi o teu bilhete
Para ir ter ao jardim
A tua caixa de segredos
Queres abri-la para mim
E tu não vais fraquejar
Ninguém vai saber de nada
Juro não me vou gabar
A minha boca é sagrada
Estar mesmo atrás de ti
Ver-te da minha carteira
Sei de cor o teu cabelo
Sei o shampoo a que cheira
Já não como, já não durmo
E eu caia se te minto
Haverá gente informada
Se é amor isto que eu sinto
Quero o meu primeiro beijo
Não quero ficar impune
E dizer-te cara a cara
Muito mais é o que nos une
Que aquilo que nos separa
Promete lá outro encontro
Foi tão fugaz que nem deu
Para ver como era o fogo
Que a tua boca prometeu
Pensava que a tua língua
Sabia a flor do jasmim
Sabe a chicla de mentol
E eu gosto dela assim!
Quero o meu primeiro beijo
Não quero ficar impune
E dizer-te cara a cara
Muito mais é o que nos une
Que aquilo que nos separa!
Escreve um comentário em
que relaciones o cartoon da p. 64 (O primeiro beijo) e a letra da
canção «Primeiro beijo» com os géneros trovadorescos que te pareçam pertinentes
(cantigas de escárnio, cantigas de amigo, cantigas de amor).
Sugiro que distribuas o
teu texto por dois parágrafos (um, centrado no cartoon; o outro, na
canção).
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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TPC — Se ainda não o fizeste, não esqueças de (i) responder
na Classroom à pergunta sobre livros a ler; (ii) trazer o Alfabeto Pessoal.
(Vai lendo os livros já combinados. Vai sempre arrumando folhas e revendo gramática.)
Aula 33-34 (11 [1.ª, 3.ª], 15 [5.ª], 22/nov [4.ª]) Correção de comentário feito na última aula (ver Apresentação).
[Exemplo de comentário
possível:]
Se quiséssemos associar o cartoon
de David Vela Cervera a um dos géneros trovadorescos, ocorrer-nos-iam de
imediato as cantigas de escárnio e maldizer, uma vez que, tal como sucede
tantas vezes nesse tipo de composições medievais, também O primeiro beijo
pretende criticar um costume do seu tempo — a preferência pelos meios
tecnológicos na relação com os outros em detrimento do contacto direto (este comportamento
é caricaturado, exagerado: um casal de apaixonados, de mãos dadas mas de costas
voltadas, troca o primeiro beijo via telemóvel).
Ponho uma adaptação dessa cantiga, tendo procedido às
seguintes alterações:
tirei o -d- das formas verbais de 2.ª pessoa do plural,
antecipando, portanto, a síncope da consoante, que, nestes casos, se deu
cerca de um século depois; e também, através de sinérese (a-e
> ai), resolvi já o hiato que teria ficado ainda durante uns
tempos; reverti a prótese em mostrar > amostrar;
quando havia pronomes em ênclise, deixei espaço para escreverem
vocês o pronome que usaríamos hoje, em português europeu;
omiti o pronome com funções de sujeito sempre que, em
português atual, ficava melhor estar o sujeito subentendido;
traduzi o «senhor», o «en», o «ca», o «u» medievais; adaptei
alguns tempos; corrigi grafias; prescindi de apóstrofo (’); e adotei a
ordem das palavras mais comum.
A dona que amo e tenho por senhora
mostrai-___, Deus, se isso
vos prouver [(‘agradar’)]
senão, dai-___ a morte.
A que tenho por lume
destes meus olhos
e por que [pela qual]
choram sempre, mostrai-___, Deus.
senão, dai-___ a morte.
Essa que fizestes parecer
melhor
de quantas sei, ai, Deus,
fazei-___ vê-___ [*fazei-ma ver]
senão, dai-___ a morte.
Ai, Deus, que me fizestes amá-___
mais do que a mim,
mostrai-me onde possa
falar com ela.
senão, dai-___ a morte.
Dá um relance à tira de banda desenhada no ponto 1 da mesma p.
44. Completa (com o cuidado de que tudo fique irrepreensível também em termos
de sintaxe):
Os autores do manual ter-se-ão lembrado de reproduzir aqui
esta banda desenhada, porque a historieta aí desenvolvida pode relacionar-se
com certas características das cantigas de amor, uma vez que . . . . . . . . .
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Resolve o item 4 de «Educação literária», p. 45:
Nesta cantiga, para salientar a beleza e a singularidade da
mulher amada, são utilizados diferentes recursos expressivos: no verso «A que
tenh’eu por lume destes olhos meus» (v. 4) está presente uma ______; a
hipérbole ocorre, por exemplo, em _________.
Já agora, se te despachares, atenta nos itens 1, 2,
3 de «Gramática»:
1 1 = ___; 2 = ___; 3 = ___
2 [na verdade, é uma
oração subordinada adjetiva relativa que está coordenada logo com outra oração]
«que eu amo / e tenho por senhor»
3 [exemplos de
conjunções (ou locuções) subordinativas concessivas: «embora», «apesar de
que», «ainda que», «mesmo que», «se bem que», ...]
Na p. 59 temos uma cantiga de escárnio e maldizer de Pero Garcia Burgalês que satiriza, ridiculariza,
o tópico que a cantiga de amor que vimos evidenciava — o facto de os trovadores
dizerem preferir a morte se não fossem correspondidos pela dama a quem se dirigiam.
Reproduzo a versão, modernizada, de Natália Correia (dessa cantiga de escárnio cujo
verso inicial original é «Roy Queimado morreu com amor»):
Foi Rui Queimado morrer de
amor
em seus cantares, ao que
dizia,
por uma dama e porque
queria
mostrar engenho de
trovador.
Como ela lhe não quis
valer,
fez-se ele em seus
cantares morrer,
mas ressurgiu ao terceiro
dia.
Demonstrar quis o seu
fervor
por uma dama, mas eu
diria:
preocupado com a mestria
dos seus cantares, tem o
pendor
de, embora morto, lograr
viver.
Isto só ele pode fazer
porque outro homem não o
faria.
E já da morte não tem
pavor,
se não mil vezes a temeria.
Próprio é da sua sabedoria
viver enquanto morto for.
Em seus cantares pode
morrer
estando vivo. Maior poder
obter de Deus não poderia.
Desse-me Deus igual poder
de, embora morto, poder
viver,
e nunca a morte me
assustaria.
Depois de vermos o trecho
de Último a sair, em que as ações de
Bruno Nogueira ficam nos antípodas do código do amor cortês na lírica
medieval, completa a tabela com as seguintes palavras (aqui desordenadas):
ator / trovador / sussurrar
/ Bruno / desejo / religiosa / proximidade / voyeurismo / regra / elogia / assediar
/ honestidade / intervêm / intervém / nobres / inacessível
Cantigas de amor |
Último a sair, episódio Bruno-Sónia |
O sujeito poético é um trovador, que se dirige à sua
«senhor», que não _______ e é um ser sobretudo idealizado, incorpóreo. |
Bruno Nogueira é quem
inicia o diálogo, mas tanto o homem (Bruno) como a mulher (Sónia Balacó)
_______. |
Ambiente é palaciano, o «eu» (trovador) e a dama
são _____. Origem das cantigas de amor é provençal (lembre-se que a primeira
dinastia portuguesa tinha ascendentes franceses), ao contrário das cantigas
de amigo, provavelmente autóctones. |
Contexto imita o de um reality
show, supondo-se que as personagens em causa se comportam como jovens
______ e modelo-atriz. |
Amor é mais aspiração do que experiência
sentimental; tudo está sujeito a convenções; ______ respeita a senhor[a] a
quem presta vassalagem amorosa, à maneira cavaleiresca. |
______ não se coíbe de
fazer propostas bastantes explícitas, mais físicas do que espirituais, e
trata a sua colega sem qualquer reserva ou delicadeza. |
Pretende-se prolongar o estado de tensão, sem
chegar ao fim do _______. |
Bruno não resiste a
seduzir Sónia sob os lençóis, mesmo quando se supunha ficarem apenas a _______.
|
______ da senhor[a] não
poderia ser posta em causa, não havendo quaisquer alusões impróprias, sem se
sair nunca da esfera espiritual; a «mesura»
implicava que não se poderia suspeitar da identificação da amada. |
Bruno não se preocupa em preservar
a imagem de Sónia, o seu estratagema passa mesmo por aproveitar o ______ do
público, o que implicava expor ao máximo a sua relação com a amada. |
O sujeito poético, o
trovador, superlativa a senhor[a],
que elogia com devoção quase ________. |
Sem grande sentido do
charme, Bruno é várias vezes desagradável com Sónia, que deprecia mais do que
_______. |
Há distância entre trovador e a senhor[a], que lhe é ______. |
Haveria _____ máxima
entre amante e amada, se dependesse apenas de Bruno. |
Fidelidade é outra _______ imposta
ao trovador. |
Bruno, assim que Sónia se
lhe esquiva, vai _______ Luciana e Débora. |
Trechos de 1986, tirados dos episódios 1 (https://www.rtp.pt/play/p4460/e334913/1986), 3 (https://www.rtp.pt/play/p4460/e335569/1986), 11 (https://www.rtp.pt/play/p4460/e599403/1986)
Completa esta síntese relativa aos trechos de episódios de 1986
— série criada por Nuno Markl,
ex-aluno da Secundária de Benfica — a que acabámos de assistir:
Tiago admira Marta como um trovador vê a sua «senhor» numa
cantiga de ______.
Marta é como uma «senhor» (louvada em cantigas de _____) que decidisse
descer do seu pedestal de deusa e experimentar os namoros concretos das
raparigas que são o sujeito das cantigas de _______ (e escolhe como «amigo»,
isto é, namorado, o estroina Gonçalo).
Gonçalo socorre-se de estratégias de trovador apaixonado (tenta
cantar à sua dama; obedece, ainda que renitente, às imposições da «senhor»;
finge enquadrar-se no ambiente «palaciano»), mas, no fundo, preferia a
espontaneidade realista do contexto popular das cantigas de ________.
A avó de Marta, a gótica Patrícia — e talvez também um pouco Sérgio — exercem a crítica, a sátira, típicas das cantigas de __________.
Ao longo dos trechos de 1986 que vimos há pouco, surgiram estes versos de quatro canções diferentes (ou dos respetivos incipit ou do refrão):
Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
Pensamos no futuro amanhã
Sempre que o amor me quiser
Estamos aqui, neste fim do mundo
Escreve um poema, não rimado, que incorpore (como versos que
ficarão em algum ponto do teu texto) cada um dos quatro versos que retirei das
canções ouvidas em 1986. Evita espaços interestróficos (ou faz quase
nenhum). Procura que o poema seja «lírico», não brincalhão.
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TPC — Experimenta resolver — ou
relanceia-a apenas — a ficha do Caderno de Atividades sobre ‘Apreciação
crítica’ (pp. 35-36), que fica, já corrigida, em Gaveta de Nuvens.
Aula 35-36 (14 [1.ª, 3.ª], 21 [5.ª], 23/nov [4.ª]) Correção do questionário de compreensão sobre «Paterson», de Pedro Mexia. Explicação sobre anáforas. (Ver Apresentação.)
Ao longo da aula vamos ver
excertos de Bean, um autêntico desastre.
Interessa-nos sobretudo o discurso de Bean acerca do quadro conhecido como «A
mãe de Whistler», do pintor James Whistler (1834-1903), nascido no Massachusetts.
O comentário de Bean é pertinente, ainda que não seja como o que faria um
verdadeiro especialista em pintura.
Para se perceber o discurso,
convém saber que foi proferido perante uma plateia de cidadãos americanos, na
presença do milionário benfeitor que tinha adquirido o quadro para o doar a um museu.
Ao falar, Bean tinha a pintura à vista e para ela ia apontando.
Bem... Olá. Eu sou o Dr.
Bean (pelo que parece).
O meu trabalho consiste em
sentar-me a olhar os quadros. Portanto, o que aprendi eu que possa dizer sobre
este quadro?
Bem, primeiro que tudo,
que ele é muito grande. O que
é magnífico, pois, se ele fosse muito pequeno — microscópico, estão a ver —,
ninguém conseguiria vê-lo, o que seria lastimável.
Em segundo lugar — e estou
a aproximar-me do fim desta análise do quadro —, em segundo lugar, porque é que
se justifica que este homem tenha gastado 50 milhões dos vossos dólares na sua
compra?
E a resposta é... Bem,
este quadro vale tanto dinheiro, porque é um retrato da mãe de Whistler e, como
eu aprendi ao ficar em casa do meu melhor amigo, David Langley, e da sua família,
as famílias são muito importantes e, apesar de o Sr. Whistler saber
perfeitamente que a sua mãe era uma avantesma atroz com ar de quem se sentara
num cato, ele não a abandonou
e até se deu ao trabalho de pintar este extraordinário retrato dela. Não é apenas um quadro, é
um retrato de uma velha taralhouca e feiosa que
ele estimava acima de tudo.
E isso é maravilhoso. Pelo menos é o que eu penso.
Numa versão
puramente escrita deste discurso — destinada, por exemplo, a sair junto de
notícia relativa à cerimónia —, depurada de tiques orais, o que eliminaríamos
da transcrição que fiz?
A lápis, circunda essas
partes desnecessárias (marcas de oralidade, no fundo).
Depois, sublinha os antecedentes
dos termos anafóricos que sublinhei.
(Sobre anáfora — termo anafórico — e antecedente,
podes relancear a p. 338.)
Escreve uma análise — até certo
ponto, semelhante à de Bean — do quadro que escolheres (entre os do álbum que
te calhou, que será de um pintor aproximadamente contemporâneo de Whistler).
Diferentemente do discurso de Bean, o teu texto evitará as marcas de oralidade
e o vocabulário ingénuo.
Pretende-se que o teu discurso-apreciação crítica comece por uma
aproximação sobretudo descritiva, objetiva, e termine com explicação já mais
subjetiva, emotiva, quase poética, como acontecia na análise de «A mãe de Whistler»
transcrita no rosto desta folha.
Em algum momento do texto,
refere o pintor e o título do quadro.
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TPC
— Em Gaveta de Nuvens, lê a ficha sobre “Anáfora” do Caderno de Atividades
(já corrigida).
Aula 37-38 (22 [5.ª], 26 [1.ª, 3.ª], 29/nov [4.ª]) Devolução de poemas com incorporação de versos de canções.
«Meu amor de longe»
(comp.: Jorge Cruz; interpret.: Raquel Tavares)
No Largo da Graça já nasceu o dia
Ouço um passarinho, vou roubar-lhe a melodia
Meu amor de longe ligou
Abençoada alegria
Junto ao miradouro, pombos e estrangeiros
Vão a cirandar como fazem o dia inteiro
Meu amor de longe já vem
Pôs carta no correio
Barcos e gaivotas do Tejo
Vejam o que eu vejo, é o sol que vai brilhar
Meu amor de longe está
Prestes a chegar
Talhado para mim
Mal o conheci, eu achei-o desse modo
Logo pude perceber o fado que ia ter
Por ver nele o fado todo
Chega de tragédias e desgraças
Tudo a tempo passa, não há nada a perder
Meu amor de longe voltou
Só para me ver
Fiz um rol de planos para recebê-lo
Fui pintar as unhas, pôr tranças no cabelo
Meu amor de longe há-de vir
Beijar-me no castelo
Eu a procurá-lo, ele a vir afoito
Carro dos Prazeres, número 28
Meu amor de longe saltou
Iluminou a noite
Vamos celebrar ao Bairro Alto
Madrugada, baile no Cais do Sodré
Meu amor de longe sabe bem
Como é que é
Talhado para mim
Mal o conheci, eu achei-o desse modo
Logo pude perceber o fado que ia ter
Por ver nele o fado todo
Chega de tragédias e desgraças
Tudo a tempo passa, não há nada a perder
Meu amor de longe voltou
Só para me ver
Depois de leres a cantiga de amigo de Bernal de Bonaval «Fremosas, a Deus grado, tam bom dia comigo» (p.
42) e de vermos clip da canção referida na p. 43 (cantada por Raquel Tavares),
resolve o item 1 de Educação literária (p. 42) e a tabela a seguir (correspondente
à que está na p. 43):
1 (p. 42) [Circunda as palavras a negro adequadas:]
Nesta cantiga, a donzela, dirigindo-se às
amigas/à
natureza, alegra-se/entristece-se com a notícia da partida/chegada iminente do seu amigo.
1.1 (p. 43):
|
«Meu
amor de longe» |
«Fremosas,
a Deus grado, tam bom dia comigo» |
Entidade que se expressa |
mulher (amalucada a andar pelo bairro) |
__________ |
Interlocutor/confidente |
___________ |
amigas («fremosas») |
Estado de espírito do sujeito (e causas) |
Toda contente (namorado vai chegar) |
__________ |
Fases de aproximação «eu»/amado |
___________ |
Recebeu só as novas do regresso do amigo |
Já agora, resolvamos o ponto 1 de Gramática (na p. 42). É útil lembrares subclasses da classe ‘verbo’ (cfr. p. 42) e leres o que
ponho dentro de parênteses retos:
a. [disseram-me que
o meu amigo vem aí. || para determinares a subclasse do verbo, tem em conta que os segmentos sublinhados
desempenham as funções sintáticas de _______ e de ______] «disserom» (v. 2) é um
verbo ________.
b. [eu ando muito alegre || tem em conta que «muito
alegre» desempenha a função sintática de _______] «ando» (v. 10) é um verbo ________.
Ainda
sobre Anáfora (cfr. p. 338)
Completa com termo
antecedente, termo
anafórico, cadeia
anafórica:
Meu amor de longe está prestes a chegar, talhado para mim. Mal o conheci, eu achei-o desse modo
«Meu amor de longe» = ____________
«o» = __________
«o» = __________
«Meu amor de longe», «o», «o» = ____________
Barcos e gaivotas do Tejo, vejam o que eu vejo: é o sol que vai brilhar.
«o
[que]» = _____________________________________
«o sol que vai brilhar»
=____________________________
«o [que]», «o sol que
vai brilhar» = cadeia anafórica.
Resolve 1.1 e 1.2 da p. 338 (e lê o item que já resolvi, 1.3):
1.1 = ________________
1.2 = ________________
1.3 = O recurso à anáfora evita a repetição de expressões,
o que torna este texto expositivo mais elegante (e até mais claro).
Inventa referências bibliográficas de:
(i) poema num livro de
poesia de autor português saído numa editora algarvia;
(ii) crónica incluída num
livro que recolhia melhores textos de um dado autor e publicado em Lisboa há dez
anos;
(iii) romance de escritora
brasileira publicado há pouco em Campinas;
(iv) livro de memórias de alguém
com passado desportivo, saído no Funchal, em 2025.
(i) Eleutério Viegas, «Como são bons estes figos!», Um
estômago à beira-mar, Portimão, Editorial Percurso, 2015.
(ii)
_________
(iii) _________
(iv) _________
TPC — Serás chamado à Classroom para escreveres aí, a
computador, poema suscetível de ser apresentado no Concurso Correntes d’escritas.
Imprimirei a primeira versão do teu texto, corrigi-la-ei, a caneta. Depois, em
novo tepecê, reformularás o teu poema em função do que tenha eu marcado (e
nessa altura o descarregarás em outra tarefa). Depois se verá se vale a pena
enviarmos o texto ao concurso. A seguir ficam dois poemas (ou um poema e um
excerto) que venceram edições anteriores.
Não é fácil ter ideia do estilo de poesia que pode
vencer um concurso destes, talvez, para jovens até os dezoito, o mais
importante em Portugal (e premiado com mil euros). Aqui transcrevo o poema
vencedor da edição de 2009 e os primeiros versos do poema vencedor de 2013.
Como se vê, não são poemas rimados. Parecem seguir uma regra importante da boa
escrita: «escrever é cortar palavras». O poema que se transcreve na íntegra não
é muito grande, mas não recomendarei textos demasiado curtos.
Edição 2009 — “Geometria
das sombras”, de Tatiana Vanessa Fernandes Bessa (que concorreu com o
pseudónimo Ophelia Nery):
geometria das
sombras
largava os dias
lacrava-os
com lamparinas de sonhos
e largava-os
não via além
das tempestades
com que inundava
as estradas
cravava nas valetas
o cheiro
das estórias
com que embalava
o tic-tac
dos meus passos
largava os dias
mas na geometria das sombras
desenhaste-me um verso
e não mais larguei os dias
Ophelia Nery (= Tatiana
Bessa)
Edição 2013 —
“Inexistência Mental”, de Ana Matilde da Silva Gomes (que concorreu com o
pseudónimo Victória Montenegro) [só os primeiros versos, e não sei se estou a
transcrever bem a mudança de linha]:
Hoje
os meus dentes querem estar à mostra,
Misturar-se
com o branco alheio.
Passamos
tanto tempo a entrelaçar linhas
E a
procurar sentidos atrás da bruma,
Que
ver para lá do emaranhado sabe a café (com espuma)...
[...]
Aula 39-40 (28 [5.ª, 1.ª, 3.ª], 30/nov [4.ª]) Explicação sobre verbos copulativos (ver Apresentação).
Depois de vista a reportagem sobre a 3.ª edição da Viagem
Medieval em Santa Maria da Feira, resolve os pontos 1 e 2 de Oralidade, na p. 36:
1 1.1 = ____; 1.2 = ____; 1.3 = ____.
2 [opções certas:] __________________.
Copia em português atual, em
prosa (um parágrafo para cada estrofe) a cantiga de amigo (uma bailia) na p. 37
(«Bailemos nós já todas três, ai amigas», de Airas Nunes).
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No sketch que vamos ver ficam salientadas as três variedades (ou variantes) do português (europeia, brasileira, africana[s]), mas também a variação dialetal dentro do território do português europeu. O
assunto será, portanto, a Geografia do português do português,
abordada também na p. 306 do manual.
Em
«Padre que não sabe fazer pronúncia» (série Meireles), o protagonista é um seminarista
que, segundo o padre seu orientador, não consegue ter a pronúncia devida. Deves
estar atento às pronúncias que o candidato a padre vai tentando e ir completando
o primeiro quadro:
Pronúncia
ideal para um padre |
da Beira, da Guarda. |
pronúncia das sibilantes:
«[ch]otaque»; 2.ª pessoa do plural:
«percebeis». |
Pronúncias
tentadas pelo seminarista |
_________ |
ditongações: «t[ua]dos»
(todos); bê por vê: «Co[b]ilhã»;
léxico: «carago». |
_________ |
alongamento das vogais
finais: «padriii»; nasalizações: «v[ã]mos». |
|
_________ |
supressão do –r final: «dançá» (dançar); vogais átonas pouco
reduzidas: «chap[á]» (chapa);
léxico: «meu chapa». |
|
_________ |
vogais átonas mais
abertas. |
|
_________ |
paragoge e vogais
menos reduzidas: «rêzar[e]» (rezar). |
Estas pronúncias
— «sotaques» — representam ora as zonas geográficas a que pertencem falantes de
língua portuguesa ora, em um caso, a influência que uma diferente língua
materna tem sobre a pronúncia do português. Dividamo-las em três tipos:
Pronúncia ... |
Casos no sketch |
de determinada variedade
regional (dialeto) |
beirão; _______; _______. |
de variante do português (europeia, sul-americana,
africana) |
_______; _______. |
reveladora de a língua materna do falante não ser
o português |
_______. |
Vão a seguir os poemas de Último a sair. Com um V à sua esquerda, assinala os versos que pudessem integrar poemas
«a sério» (por exemplo, suscetíveis de aparecer num poema enviado a um concurso
de poesia atual).
Toma cada verso isoladamente, esquecendo o contexto
em que estão nos poemas dos três participantes do Último a sair. (Diria
que serão cerca de meia dúzia.)
[de Roberto Leal:]
A vida é como um rio que
desagua para o mar, que é a poesia.
Pelas mãos de minha mãezinha
Andei nos tempos então;
Hoje, como está velhinha,
É ela que anda p’la minha
E faz a minha obrigação.
Endoscopia da alma
O meu peito é feito de luz
e brilho
E ontem encontrei um sinal nas costas.
Ninguém sabia se era maligno,
Começou tudo a fazer apostas.
A minha alma estava doente
E as minhas costas, não.
Ai que feliz de mim
E qualquer coisa que rime com ão.
[de Luciana Abreu:]
Havia uma velha na rua a correr
Com uma lata no cu a bater.
Quanto mais a velha corria,
Mais a lata no cu lhe batia.
Feijoada de ternura
Estava eu a apanhar sol,
Estavas tu no sol a apanhar.
Veio chuva e veio o sol
Estavas tua na chuva a apanhar
Se eu soubesse o que sei hoje,
Talvez tivesse vindo mais cedo.
Assim, não vim mais cedo,
E fiquei a fazer a feijoada de ternura.
[de Bruno Nogueira:]
Gosto da minha mãe.
Ganso daltónico
Ai, um ganso daltónico,
Ai, um ganso pateta,
Porque és daltónico,
Meu ganso pateta?
Se Albufeira é assim um bocado nhnhrhhihn,
Matei uma criança cheia de sarampo
E enterrei-a ao lado do primo Joel.
Este bife está mal passado, sr. Antunes,
E o robalo não está fresco, seu
ganso daltónico.
Considerando só autores de
poesia, Louise Glück, americana,
é a mais recente vencedora do Prémio Nobel, já que os vencedores de 2022 e 2021
(Annie Ernaux e Abdulrazak Gurnah) são ambos romancistas. O poema
que se segue é a parte 3 de «Landscape», de Louise Glück, traduzido por Rui
Pires Cabral (publicado na revista literária Telhados de Vidro, 12, maio
de 2009):
Paisagem/3
Nos
fins do outono uma rapariga deitou fogo
a um trigal. O outono
fora
muito seco; o campo
ardeu como palha.
Depois
não sobrou nada.
Se o atravessávamos, não víamos nada.
Nada
havia para colher, para cheirar.
Os cavalos não compreendem —
Onde
está o campo, parecem dizer.
Como tu ou eu a perguntar
onde está a nossa casa.
Ninguém
sabe responder-lhes.
Não sobra nada;
resta-nos esperar, a bem do lavrador,
que o seguro pague.
É
como perder um ano de vida.
Em que perderias um ano da tua vida?
Mais
tarde regressas ao velho lugar —
só restam cinzas: negrume e vazio.
Pensas:
como pude viver aqui?
Mas
na altura era diferente,
mesmo no último verão. A terra agia
como se nada de mal pudesse acontecer-lhe.
Um
único fósforo foi quanto bastou.
Mas no momento certo – teve de ser no momento certo.
O
campo crestado, seco —
a morte já a postos
por assim dizer.
Comentários de leitores à notícia do Observador
(«Leia aqui dois poemas de Louise Glück, Prémio Nobel da Literatura de 2020») onde
se transcrevia o poema em cima:[antonyoantonyo:] Porque é que
isto é poesia? Pela disposição das frases? || [NorbertoSousa:]
Chamam a isto poesia? || [AnarquistaCoroado:] Os meus poemas
são melhores. Mas quem liga ao Nobel? || [MariaRibeiro:]Pessoa
não teve o Nobel, nem Sofia ou Lobo Antunes, ou Jorge Amado e Drummond, nem
Tolstoi, Borges, Proust, Kafka, Joyce, Woolf ou Nabokov. Os Nobel traduzem uma
visão escandinava e provinciana do mundo.
Lê «Paisagem/3», de Louise
Glück. Escreve, em cerca de catorze linhas (algumas serão espaços
interestróficos), um poema, ou começo de poema, intitulado «Paisagem/4».
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TPC — Entrega na Classroom,
ao longo da semana, poema aí pedido.
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