Thursday, September 08, 2022

Aulas (21-40)

Aula 21-22 (21 [1.ª, 3.ª], 24 [5.ª], 25/out [4.ª]) Correção de trabalho de criação de cantiga de amigo moderna.

Completa o texto seguinte, a que retirei muitas das preposições. Depois, na tabela, põe um visto na quadrícula de cada preposição representada.

Se te despachares, circunda no texto algumas contrações (preposição + determinante) e copia alguns exemplos de contração nas quadrículas a isso destinadas.

As cantigas de amor são composições poéticas ____ que o trovador apaixonado presta vassalagem amorosa à mulher como ser superior, ____ quem chama a sua «senhor». Produto da inteligência e da imaginação, o amor é, geralmente, «fingido», o que caracteriza estas cantigas como aristocráticas, convencionais e cultas. ____ ambiente palaciano, são originárias da Provença.

O amor era concebido à maneira cavaleiresca, como um «serviço». Consistia esse serviço ____ dedicar à amada os pensamentos, os versos e os atos. O servidor está ____ com a «senhor» como o vassalo para ____ o suserano. A regra principal deste «serviço» era, além da fidelidade, o segredo. O cavaleiro devia fazer os possíveis para que ninguém sequer suspeitasse do nome da sua senhora. Mas o que é próprio das cantigas de amor e do seu modelo provençal é a distância a que o amante se coloca ____ relação à sua amada, a que chama senhor, tornando-a um objeto quase inacessível. O amor trovadoresco e cavaleiresco é, ____ ideal, secreto, clandestino e impossível.

Quanto aos temas, elaboraram os Provençais o ideal do amor cortês muito diferente do idílio rudimentar nas margens dos rios ou à beira das fontes que os cantares ____ amigo nos deixam entrever. Não se trata de uma experiência sentimental ____ dois, mas de uma aspiração, ____ correspondência, a um objeto inatingível, de um estado de tensão que, para permanecer, nunca pode chegar ao fim do desejo. Manter este estado de tensão considera-se ser o ideal do verdadeiro amador e do verdadeiro poeta, como se o movesse o amor do amor, mais do que o amor a uma mulher. E não só ____ esta dirigem os poetas as suas implorações, queixas ou graças, mas ao próprio Amor personificado, figura ____ retórica muito comum ____ os trovadores provençais e ____ eles transmitida aos galego-portugueses.

O trovador imaginava a dama como um suserano a quem «servia» numa atitude submissa de vassalo, confiando o seu destino ao «bom sen» da «senhor». Todo um código ____ obrigações preceituava o «serviço» do amador, que, ____ exemplo, devia guardar segredo ____ a identidade da dama, coibindo toda a expansão pública da paixão (o autodomínio, ou «mesura», era a sua qualidade suprema), e que não podia ausentar-se ____ sua autorização. O apaixonado devia passar provações e fases comparáveis aos ritos de iniciação nos graus da cavalaria.

____ este ideal de amor corresponde certo tipo idealizado de mulher, que atingiu mais tarde a máxima depuração na Beatriz de Dante ou na Laura ____ Petrarca: os cabelos de oiro, o sereno e luminoso olhar, a mansidão e a dignidade do gesto, o riso subtil e discreto.

Preposição

Contração

Preposição

Contração

Preposição

Contração

Preposição

Contração

Prep + Det

Prep + Det

Prep + Det

Prep + Det

a

 

ante

 

após

 

até

 

com

 

conforme

 

consoante

 

contra

 

de

 

desde

 

durante

 

em

 

entre

 

exceto

 

mediante

 

para

 

perante

 

por

 

salvo

 

segundo

 

sem

 

sob

 

sobre

 

trás

 

Além das preposições simples, há muitas locuções prepositivas (resultantes da junção de preposições, nomes e, até, advérbios): abaixo de; acima de; ao lado de; além de; cerca de; em torno de; junto a; perto de; ao pé de; em vez de; antes de; diante de; depois de; longe de; através de; dentro de; a respeito de; para com; fora de; graças a; por causa de; em favor de; etc.

Preposições e locuções prepositivas (cfr. p. 313) introduzem grupos preposicionais, que podem corresponder a funções sintáticas bastante típicas: {Completa}

Frase (com grupo preposicional a negro)

Função sintática do GP

Prep

Bruno marcou um golo ao Tottenham.

Complemento ______

a

Vi o programa da manhã.

Modificador restritivo do nome

__

Nos próximos minutos, assistiremos a um sketch pornográfico.

Modificador do grupo verbal

__

Marcelo foi desmentido pelo bispo.

_____________

__

{Falta aqui o sketch «Fala corretamente o português. Ouvistes?», que não está disponível no YouTube e vimos em aula}

No sketch «Fala corretamente o português. Ouvistes?» (série Carlos), apontam-se duas modas linguísticas recentes. {Completa}

A primeira consiste em usar-se a _____, omitindo o restante grupo preposicional. Talvez porque, dado o contexto, fique muito implícito o que se quer dizer, o locutor pode dar-se ao luxo de suspender a frase logo depois de pronunciar a preposição. Ora realística ora caricaturalmente, o professor _____ (nota que o nome corresponde, efetivamente, àquele que se pode considerar o primeiro linguista português — contemporâneo, por exemplo, de Eça de Queirós) ou o apresentador dizem {circunda as preposições} «Podemos não ter chegado a»; «Mas estamos a caminhar para»; «Fiz uma tentativa de»; «Esperamos estar cá para».

A segunda é começar frases por _____, quando se esperaria o uso de outro tempo, com pessoa: «Em primeiro lugar, dizer que [...]»; «Antes de continuarmos, aplaudir [...]»; «Antes de mais, registar [...]». (Um pouco à margem deste tique linguístico, repara que as frases evidenciam um dos papéis que podem ter os grupos preposicionais, o de conectores: é o caso de «Em primeiro lugar», «Antes de continuarmos», «Antes de mais». Outras classes gramaticais que cumprem frequentemente esse papel de estabelecer relações entre segmentos textuais são a conjunção, o próprio advérbio.)

Os dois fenómenos caricaturados (suspensão da frase na preposição; começo da frase por um infinitivo) são talvez evoluções em curso na língua portuguesa, relativas a mudanças de ordem _____ {sintática / semântica / fonética / ortográfica / pragmática}.

No tal sketch chocante da série Barbosa, reflete-se sobre um problema que, ao usarmos preposições, se nos põe muitas vezes, as exatas regências (ou regimes). Há até dicionários para prevenir estas dificuldades, os dicionários de regências.

É que, como elementos de relação, as preposições têm o seu significado muito associado ao nome que se lhes siga mas também dependem dos verbos que as precedam. A polivalência das preposições (e os matizes de sentido que os verbos, ao selecionarem-nas, podem ganhar) leva a que facilmente as troquemos. {Completa a tabela}

Já todos ouvimos

Mas o que está bem é

Isto parece-se a

Isto parece-se _____

Prefiro este do que aquele

Prefiro este ________

Ficou sobre a jurisdição de

 Ficou _____ a jurisdição de

Tem a haver com

Tem ___ ver com

Aonde moras?

________ moras?

Dá-me de força

Dá-me _____ força

Tenho que ir

Tenho ____ ir

Compara esta folha àquela

Compara esta folha _____ aquela

O gelado que gosto mais

O gelado ____ que gosto mais

As pessoas que falei

As pessoas ____ que falei

Há-des / Hades cá vir

Hás ___ vir

Na última linha, o erro não resulta propriamente de má escolha da preposição, mas de se flexionar mal a forma verbal. Como se faz uma analogia com outras segundas pessoas do singular, que terminam em –s, cria-se uma forma terminada em –s, amalgamando a preposição. É o mesmo processo que leva a que, por vezes, se use, para a terceira pessoa do plural, «hadem» (em vez da forma correta «___________»).

Um erro ortográfico que é feito por quase toda a gente é a contração de preposições com os determinantes ou pronomes que se lhes seguem quando estes começam orações infinitivas. (Cfr. explicação a meio da p. 313.) Nas quatro frases em baixo, escreve as formas corretas das partes a negro, que podem ser as contraídas ou não, dependendo de se lhes seguir a tal oração infinitiva:

Foi o facto de ele ter mentido que me agradou. | ____

Apesar de ela ser inteligente, é péssima em preposições. | ____

Diz a o polícia que morri. | ____

Gostava de os avisar de que ainda faltam trinta minutos. | ____

No filme Paterson, uma caixa de fósforos de uma dada marca suscita a Paterson um poema de amor nos antípodas das cantigas de amor que hoje começámos a estudar:

Poema de amor

Temos imensos fósforos em nossa casa,

Mantemo-los sempre à mão.

Atualmente, a nossa marca favorita é a Ohio Blue Tip,

Se bem que costumávamos preferir a marca Diamond.

Isso foi antes de descobrirmos os fósforos Ohio Blue Tip.

Eles são excelentemente embalados:

Robustas caixas pequenas em azul escuro e claro e etiquetas brancas,

Com palavras impressas com o texto em forma de megafone,

Como que para dizer, ainda mais alto ao mundo,

Eis o mais belo fósforo do mundo;

O seu caule de quatro centímetros, em pinho macio coberto por uma cabeça granulosa púrpura escuro,

Tão sóbrio e furioso e teimosamente pronto a explodir numa chama,

Acendendo talvez o cigarro da mulher que amas pela primeira vez.

[tradução de «Love Poem», Paterson (de Jim Jarmusch; poemas por Ron Padgett)]

Em prosa, escreve um texto que, tal como o poema de Paterson, comece por se focar num dado objeto (abordado com certo detalhe como se fosse o essencial do texto), para, depois, acabar por se aproximar da psicologia, dos sentimentos, etc., do sujeito. A caneta.

. . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

TPC — Vê — e vai verificando se a conseguias resolver — a ficha do Caderno de Atividades sobre ‘Processos fonológicos’, que ponho já corrigida em Gaveta de Nuvens.

 

 

Aula 23-24 (24 [1.ª, 3.ª], 25 [5.ª], 26/out [4.ª]) Correção dos textos inspirados em bandas sonoras (incluindo trailers).

Na p. 46 começaremos por ler (ou ouvir) «A cantiga de amor e a cantiga de amigo: espaços, protagonistas e circunstâncias», para poderes preencher o quadro 1 (que copio):

 

Tema comum: _______________ (a)

Cantiga de amigo

Cantiga de amor

Emissor (sujeito poético)

____________ (b)

____________ (c)

Figura feminina

____________ (d)

____________ (e)

Relação «eu»/objeto do amor

____________ (f)

____________ (g)

Outros intervenientes

____________ (h)

não há nenhuns para além do «eu» e da «senhor» (i)

Ambiente, cenário

____________ (j)

[não há referências] (k)

Dá um relance à p. 47 — e a «Mia senhor fremosa», de Nuno Anes Cerzeo —, reparando nos destaques na margem, que confirmam que se trata de cantiga de amor.

A cantiga de amor que ponho a seguir baixo é «Proençaes soem mui bem trobar», de D. Dinis, cuja poesia já conhecemos mas num outro género, o das cantiga de amigo. Copiei uma versão modernizada (por Natália Correia, Cantares dos trovadores galego-portugueses, Lisboa, Estampa, 1970). Excecionalmente, é uma cantiga de amor que também reflete sobre as próprias características deste género trovadoresco, contrastanto o estilo dos principais inspiradores das cantigas de amor — os poetas provençais («proençaes») — com o do trovador — o eu do poema (simplificando, D. Dinis):

Os provençais que bem sabem trovar!

e dizem eles que trovam com amor,

mas os que cantam na estação da flor

e nunca antes, jamais no coração

semelhante tristeza sentirão

qual por minha senhora ando a levar.

 

Muito bem trovam! Que bem sabem louvar

as suas bem-amadas! Com que ardor

os provençais lhes tecem um louvor!

Mas os que trovam durante a estação

da flor e nunca antes, sei que não

conhecem dor que à minha se compare.

 

Os que trovam e alegres vejo estar

quando na flor está derramada a cor

e que depois quando a estação se for,

de trovar não mais se lembrarão,

esses, sei eu que nunca morrerão

da desventura que vejo a mim matar.

Completa primeiro as duas colunas mais à direita; depois, a sobre a letra da canção:

 

D.A.M.A.

poetas provençais

D. Dinis

«Balada do desajeitado»

segundo D. Dinis, em «Proençaes soem mui bem trobar»

Jeito poético?

O sujeito _____ criar frases bonitas.

Têm __________.

[Será ____ do que o dos provençais.]

Amor verdadeiro?

Envergonhado, o sujeito lírico perde o à-‑vontade quando está junto de quem, na verdade, ____.

Só na _______ («na estação da flor [no tempo da frol]») costumam trovar, o que quer dizer que o seu amor será apenas ______.

Sincero, o «eu» pode até morrer de amor: a tristeza, a dor, a _____ estão a ____.

Balada do desajeitado (D.A.M.A.)

Eu não sei o que é que te hei de dar
Nem te sei inventar frases bonitas
Mas aprendi uma ontem, só que já me esqueci
Então, olha, só te quero a ti

 

Sei de alguém, por demais envergonhado
Que por ser desajeitado, nunca foi capaz de falar
Só que hoje vê o tempo que perdeu
Sabes que esse alguém sou eu e agora vou te contar

 

Sabes lá o que é que eu tenho passado
Estou sempre a fazer-te sinais, tu não me tens ligado
E aqui estou eu a ver o tempo passar
A ver se chega o tempo, o tempo de te falar

 

Eu não sei o que é que te hei de dar
Nem te sei inventar frases bonitas
Mas aprendi uma ontem, só que já me esqueci
Então, olha, só te quero a ti

 

Podes crer que à noite o sono é ligeiro
Fico à espera o dia inteiro para poder desabafar
Mas como sempre chega a hora da verdade
E falta-me à vontade, acabo por me calar

 

Falta-me o jeito, ponho-me a escrever e rasgo
Cada vez a tremer mais e às vezes até me engasgo
Nada a fazer, e é por isso que eu te conto
Que é tarde para não dizer
Digo como sei e pronto

 

Eu não sei o que é que te hei de dar
Nem te sei inventar frases bonitas
Mas aprendi uma ontem, só que já me esqueci
Então, olha, só te quero a ti

 

Eu não sei o que é que te hei de dar
Nem te sei inventar frases bonitas
Mas aprendi uma ontem, só que já me esqueci
Então, olha, só te quero a ti

Escreve, com caneta, um poema em versos não rimados, alguns a ocuparem boa parte da linha. Não faças estrofes. Poema deve ter pontuação (mesmo, se for caso disso, no final dos versos). O título será «Quedas de água» ou «A água cai».

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

TPC — Responde ao que te perguntei via Classroom (mas, por favor, lê mesmo o que aí explico nas instruções bem como o que há muito escrevera sobre as leituras).

 

 

Aula 25-26 (28 [1.ª, 3.ª], 31/out [5.ª], 2/nov [4.ª]) Correções de escritos que se entregavam (poema com «Quedas de água» ou «Cai água»).

Vai lendo o texto na p. 53 — sem usares outras páginas nem as nossas folhas das outras aulas —, que é uma apreciação crítica de um filme. Circunda a melhor alínea de cada item.

O título — «O amor, via Twitter» — poderia ser substituído por

a) «As paixões olham o Twitter».

b) «O amor, através do Twitter».

c) «O amor olha o Twitter».

d) «Via o amor no Twitter».

 

«o amor com que trata as personagens» (l. 2) equivale a

a) ‘as paixões em que envolve as personagens do filme’.

b) ‘o modo como faz as personagens namorarem’.

c) ‘a forma elegante, correta, como constrói as personagens’.

d) ‘o caráter romântico de ambas as personagens’.

 

«geram uma simpatia irrecusável» (l. 3) significa que

a) ‘fazem que tenhamos simpatia’.

b) ‘levam a que se recuse simpatia’.

c) ‘recusam a simpatia que geram’.

d) ‘geram uma antipatia recusável’.

 

«aura ‘miniatural’» (l. 5) remete para

a) o facto de o filme ser uma miniatura de outros filmes.

b) a circunstância de, sob vários aspetos, o filme ser simples.

c) uma aura (‘atmosfera’) identificável com a dos Minions.

d) a cantora Áurea, que tem no filme uma intervenção curta.

 

Segundo o que lemos no segundo parágrafo (ll. 11-21), o enredo foca-se numa paixão entre

a) um homem mais velho mas excelente e uma atriz desencantada.

b) as personagens Américo Silva e Joana Ribeiro, que se conhecem no Twitter.

c) dois cães, um tigre e um computador.

d) uma atriz jovem e um homem de meia idade.

 

Segundo o mesmo segundo parágrafo (ll. 11-21), a primeira parte do filme centra-se

a) na aproximação dos elementos do par central, que vão ao encontro um do outro.

b) na relação, em presença, dos dois protagonistas.

c) na troca de mensagens entre as duas personagens principais.

d) na cidade, ao estilo dos filmes de Manuel Mozos.

 

Ainda segundo o segundo parágrafo (ll. 11-21), na primeira parte

a) o Sporting esteve a ganhar (com Lloris, mais uma vez, a ajudar os portugueses).

b) foge-se ao abismo que constituem os meios eletrónicos e descobre-se a cidade

c) há como que um confinamento ao ambiente das mensagens eletrónicas.

d) situa-se num abismo, a cidade entendida ao estilo dos filmes de Mozos.

 

Segundo as ll. 19-21, o realizador

a) usou um ritmo justo, filmando conversas sem problemas.

b) legendou as conversas orais tidas pelas personagens.

c) não teve problemas em socorrer-se do uso de texto sobreposto às imagens.

d) apresentou nas imagens a realidade real, fugindo à legendagem.

 

Pelas linhas 13-15, percebemos que o cronista considera que

a) o desempenho de Joana Ribeiro se mostrou desorientado.

b) Américo Silva já merecia ser o ator principal (como foi só agora).

c) Joana Ribeiro ainda é apenas uma jovem atriz e que Américo Silva tem atuação excelente.

d) Américo Silva e Joana Ribeiro revelam-se desencantados.

 

No terceiro parágrafo (ll. 22-30), considera-se que a segunda parte do filme

a) enfraquece, como se «mirrasse», por se centrar nas mensagens escritas.

b) se arrasta demasiado, recorrendo à circularidade.

c) torna-se mais contemplativa, mais lenta, sempre «por linhas tortas».

d) se socorre de uma coincidência forçada.

 

«Mas não há um único ator que não esteja na nota certa» (ll. 26-27) quer dizer que

a) todos os atores cantaram bem.

b) nenhum dos atores cantou mal.

c) todos os atores representaram no estilo adequado.

d) nenhum dos atores teve má avaliação.

 

No último período do texto (ll. 28-30), assume-se que o filme

a) tem características do que se acha corresponder a um telefilme (mas, infelizmente, o que a televisão costuma exibir é muito pior).

b) não é um telefilme, porque não consegue seguir as normas desse formato.

c) é como uma telenovela fofinha.

d) segue a norma do que tem sido a ficção narrativa em televisão.

 

Na penúltima linha do texto (l. 29) há

a) duas preposições simples.

b) duas locuções prepositivas.

c) duas contrações de preposição com determinante.

d) uma preposição e uma contração de preposição e artigo

 

Na linha 12 há

a) duas preposições simples e três contrações (de preposição e determinante).

b) uma preposição e duas contrações (de preposição e determinante).

c) duas preposições e uma contração (de preposição e determinante).

d) três preposições simples.

 

O texto que lemos é

a) de prosa, de tipo predominantemente narrativo.

b) de prosa, de tipo predominantemente expositivo.

c) de poesia, de tipo predominantemente argumentativo.

d) em versos não rimados e apreciativo.

 

O filme de que se tratou é

a) «O amor, via Twitter».

b) «Linhas tortas».

c) Linhas Tortas.

d) O amor, via Twitter.

 

Se escrevêssemos a lápis ou a caneta, a melhor referência seria:

a) Luís Miguel Oliveira, O amor, via Twitter, «Público».

b) Oliveira, Luís Miguel, O amor, via Twitter, Público.

c) Luís Miguel Oliveira, «O amor, via Twitter», Público.

d) OLIVEIRA, Luís Miguel, O amor, via Twitter, «Público».

Na p. 52, vê a cantiga de amor «Se eu podesse desamar», de Pero da Ponte. Passa-a para prosa, adotando a ordem mais natural das palavras e substituindo os termos antiquados por outros atuais (com significado idêntico). Cada estrofe constituirá um parágrafo.

Glossário (além do do manual, que está sob a cantiga) — buscar = ‘procurar’ | coita = ‘sofrimento’ | rogar = ‘pedir’.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

[Solução possível:]

Se eu pudesse desamar (não amar) quem sempre me desamou e pudesse procurar algum mal para quem sempre me procurou o mal! Vingar-me-ia assim, se pudesse fazer sofrer quem sempre me fez sofrer.

Mas nem mesmo posso enganar o meu coração que me enganou, por quanto me fez desejar quem nunca me desejou. E por isto (isso) não durmo, porque não posso fazer sofrer quem sempre me fez sofrer.

Mas peço a Deus que desampare quem assim me desamparou ou que pudesse eu perturbar quem sempre me perturbou. E logo dormiria se pudesse fazer sofrer quem sempre me fez sofrer.

Ou que ousasse perguntar a quem nunca me perguntou por que me fez preocupar consigo pois nunca se preocupou comigo. E por isto sofro, porque não posso fazer sofrer quem sempre me fez sofrer.

Em Cantigas Medievais Galego-Portuguesas, acerca de «Se eu podesse desamar»:

Nesta bela cantiga de amor, ao mesmo tempo simples e retoricamente muito elaborada, Pero da Ponte exprime o seu (impossível) desejo de vingar-se daquela que sempre o tratou mal, pagando-lhe na mesma moeda: deixando de a amar, procurando o seu mal e fazendo-a sofrer. Mas é este um desejo impossível, até porque a culpa é do seu próprio coração, que o fez desejar quem nunca o desejou. Sem poder dormir, só lhe resta pedir a Deus que desampare quem sempre o desamparou e lhe dê a ele a capacidade para a perturbar um pouco — e assim já dormiria. Ou, pelo menos, que lhe desse coragem para falar com ela.

A cantiga é também tematicamente original, na medida em que a tradicional resignação do trovador face ao sofrimento que lhe inflige a sua senhora, elemento tópico da cantiga de amor, é aqui declaradamente substituída pelo desejo de vingança. Note-se ainda a rara variação que ocorre, em estrofes alternadas, no v. 1 do refrão.

Compara «O que eu gosto do meu Anselmo!» (Lopes da Silva) com os dois géneros já estudados da lírica trovadoresca:

 

cantigas de amigo

cantigas de amor

Anselmo

«eu»

_____ (que percecionamos como do povo)

homem (nobre, identificável com o trovador)

Henriqueta Lopes da Silva (com intervenções de Anselmo)

«tu»

confidente

pode ser a «____»

entrevistador

assunto

namoro (e circunstâncias que o envolvem)

____ (e razões desse amor; superlativação da «senhor»)

amor (e razões desse ___; desvalorização de Anselmo)

vivência

quotidiana (popular)

idealizada (___)

de idealizada (amor) a objetivada (o gosto de Henriqueta)

confidencialidade

não se escondem elementos acerca do namorado

há reserva, a «mesura»; a «senhor» ___ é identificada

não há ___ (contra a vontade de Anselmo, que fica constrangido)

TPC — Relanceia a ficha corrigida acerca de uma cantiga de amor (ficha 2 do Caderno de atividades, pp. 5-6) que pus em Gaveta de Nuvens. Vai tratando das leituras.

 

 

Aula 27-28 (31/out [1.ª, 3.ª], 7 [4.ª], 8/nov [4.ª]) Depois de ouvirmos uma crónica do programa Lugares Comuns (TSF), de Mafalda Lopes da Costa, sobre a expressão idiomática «dizer cobras e lagartos», preenche:

https://www.rtp.pt/play/p491/e147835/lugares-comuns

Expressão (lugar comum)

Dizer cobras e lagartos [de alguém]

Significado

‘Dizer muito mal de alguém’, ‘difamar uma pessoa’.

Origem (etimologia)

hipótese 1: cobra teria o significado de «copla» e fazer escárnio de alguém seria satirizar alguém através de _____;

hipótese 2: de origem bíblica (Salmo 91, 13), relacionável com dragão/basilisco que matava pelo _____;

hipótese 3: ligada à crença medieval de que alguém possuído pelo demónio e, depois, exorcizado expeliria cobras e ______.

Repara nestes dois verbetes do Dicionário da Língua Portuguesa («Dicionários Editora», Porto, Porto Editora, 2011, p. 370) e completa o que escrevi em baixo:



As palavras «cobra1» e «cobra2» têm _______ diferentes (ambos latinos, respetivamente, colubra e copula).

As duas «cobra» são palavras _______ (e, para conhecermos novo termo, convergentes). Vêm de étimos diferentes, mas têm forma igual (embora, é claro, não sejam uma mesma palavra).

As cinco aceções de «cobra1» constituem o seu campo _______.

«cobra2», «rima», «sentimento», «estrofe» podem integrar-se no campo ______ ‘poesia’.

 

Lê a cantiga de escárnio e maldizer, de João Garcia de Guilhade, «Ai, dona fea, fostes-vos queixar» (p. 58). Começa a ler pela seguinte versão modernizada (Natália Correia, Cantares dos trovadores galego-portugueses, Lisboa, Estampa, 1970, p. 137):

 

Ai, dona feia, foste-vos queixar

de que vos nunca louvo em meu trovar.

Mas umas trovas vos quero dedicar

em que louvada de toda a maneira

sereis; tal é o meu louvar:

dona feia, velha e gaiteira.

 

Ai, dona feia, se com tanto ardor

quereis que vos louve, como trovador,

trovas farei e de tal teor

em que louvada de toda a maneira

sereis, tal é o meu louvor:

dona feia, velha e gaiteira.


Ai, dona feia, nunca vos louvei

em meu trovar eu que tanto trovei

e eis que umas trovas vos dedicarei

em que louvada de toda a maneira

sereis e assim vos louvarei:

dona feia, velha e gaiteira.

 

Na versão original da cantiga (p. 58), repara nesta forma, atualmente incorreta:

 

Como está na cantiga

Como escreveríamos nós

v. 17

direi-vos

 

Completa (quando houver, pronominaliza os complementos):

diz-se que o julgamento se realizará

o julgamento realizar-se-á

deve-se escrever

jamais _______

comprarás as abelhas

____________

localizaríamos o meliante

____________

traremos o avião

____________

beijarei a sogra

____________

abriria a garrafa

____________

direi as mentiras

____________

venderão ao esquimó o gelado

____________

vou cantar as cantigas

____________

comes a comida do cão

____________

come a comida do gato

____________

pisam os cocós de cão escorregadios

____________

Completa:

João Garcia de Guilhade, «Ai, dona fea, fostes-vos queixar»

Síntese

Paródia ao amor cortês. O «eu» elogia a senhora, a «dona», no estilo do que costumava ser feito nas cantigas de ____, mas, no refrão, trata-a como «fea, velha e sandia», o que mostra que o resto da sextilha é ____.

Adjetivos depreciativos

fe(i)a, ____, sandia/gaiteira

«Dia em que se pode chamar nomes aos colegas» (Lopes da Silva)

Síntese

Paródia em torno da moda de estabelecer estratégias para gerar bom ambiente de trabalho nas ____. Haveria dias e horas «temáticos», mas, neste caso, consagrados a temas ____.

Adjetivos depreciativos (ou nomes)

____, pateta, idiota, palonça, imbecil, nabo, monotomate, urso, atraso de vida, estúpido, parvo do catano, energúmeno, labrego, pacóvio, chouriço, bardinas, songamonga, estronço, cafageste, animal, bronco, cara de cu

«A tua camisa é feia» (Lopes da Silva)

Síntese

Paródia que aproveita o estereótipo de que as mulheres dariam demasiada importância à escolha da ____. Carla não se ____ com nenhum dos defeitos que lhe atribui a amiga, só se magoando quando esta lhe critica a blusa («não é muito gira»).

Adjetivos depreciativos (ou nomes)

repugnantezinha, badalhoca, galdéria, pega, falsa, ___, besta, estúpida

Sobre Adjetivo (cfr. p. 312, mas aí a informação é demasiado escassa; melhor será consultar depois o que está em Gaveta de Nuvens, em “Adjetivo”), resumamos assim:

Palavra que, tipicamente, permite variação em género, em número e em grau. O adjetivo é o núcleo do grupo adjetival.

Subclasses do adjetivo

Adjetivo qualificativo — Exprime qualidades, atributos do nome. Tipicamente, a posição do adjetivo qualificativo é pós-nominal. Alguns destes adjetivos ocorrem à direita e à esquerda do nome, correspondendo esta ordem a interpretações diferentes.

Tens um belo chapéu. | É sem dúvida um rapaz grande. /... um grande rapaz.

Adjetivo numeral — Expressa ordem ou sucessão numa sequência. Ocorre geralmente em posição pré-nominal.

Este foi o meu primeiro livro de histórias. | Chegámos rapidamente ao terceiro andar.

[ Adjetivo relacional — Deriva de um nome e revela uma relação de agente ou posse relativamente ao nome. Ocorre em posição pós-nominal e não varia em grau.

Foi a crítica musical que fez disparar as vendas. | Deixei o meu irmão no parque infantil. ]

 

Depois de ouvirmos a crónica de Bruno Nogueira referida no cimo da p. 58 (Letras prévias, 1), escreve um pequeno comentário que responda ao que é perguntado em 1.1 e 1.2 (aborda os dois itens na mesma resposta; quanto às cantigas, reporta-te apenas à que lemos hoje).

https://www.tsf.pt/programa/tubo-de-ensaio/emissao/pequenas-maravilhas-do-ser-humano-11365252.html

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Exemplo de resposta ao comentário sobre «Pequenas maravilhas do ser humano» (Bruno Nogueira) e cantigas de escárnio e maldizer (cfr. p. 58, Letras prévias, 1.1 & 1.2):

No título da crónica radiofónica da série «Tubo de ensaio» há ironia, já que percebemos que as «pequenas maravilhas do ser humano» são afinal tiques, manias, comportamentos, que irritam o humorista.

Do mesmo modo, nas cantigas de escárnio e maldizer medievais, os trovadores pretendiam criticar costumes ou atitudes particulares. Em «Ai dona fea, fostes-vos queixar», a sátira centra-se na presunção da destinatária, uma dama que se julgava merecedora de ser cortejada mas que, talvez por hipérbole, o sujeito poético diz ser «fea, velha e sandia». E, numa ironia que é quase uma antítese, acrescenta que a vai elogiar... por aqueles defeitos.

TPC — Relanceia “Adjetivos” em Gaveta de Nuvens. Lê também a p. 311 do manual sobre pronomes junto dos verbos.

 

 

Aula 29-30 (4 [1.ª, 3.ª], 8 [5.ª], 9/nov [4.ª]) Correção de questionário de compreensão sobre a apreciação crítica «Amor, via Twitter» (ver Apresentação).

Na p. 55, lê «Amor e batatas», crónica de Ricardo Araújo Pereira. Para cada um dos quatro parágrafos, escreve uma frase-resumo com até vinte palavras. Não te atenhas aos pormenores da historieta. Ao contrário, tenta perceber o que o autor pretende transmitir-nos. (Já resolvi a frase para o primeiro parágrafo, mas não deixes de lê-lo.)

Parágrafo 1 (ll. 1-6) — Ao contrário do que acontece na literatura, tenho razões para associar amor a batatas; por isso vou escrever sobre elas. (20)

Parágrafo 2 (ll. 7-20) — . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Parágrafo 3 (ll. 21-25) — . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Parágrafo 4 (ll. 26-28) — . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Escreve um Alfabeto Pessoal. Repara no exemplo a seguir — só para as primeiras letras do alfabeto.

Evita que as frases sirvam apenas para declarar aquilo de que gostas ou de que não gostas. Boa solução é não te limitares a qualificar o que escolhes («é bom», «mau», «gosto de», etc.) e usares antes uma redação «de comentário» aos temas destacados. Nota que a palavra que é escolhida pode nem ser o exato assunto, servindo afinal como pretexto para se aludir ao tema que importa mesmo. Podes alternar letras tratadas em algumas linhas com outras que desenvolvas apenas numa frase curta.

A, de Automóvel. Desconfio da importância que em Portugal se dá aos automóveis, prejudicando quem usa os transportes públicos (e os passeios, paisagens, etc.). Admiro o trabalho da ACA-M (Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados), um dos raros exemplos de intervenção da «sociedade civil».

B, de Bife à Império. Foi o texto que lemos há pouco que me lembrou «batatas fritas», embora não sejam estas que quero recordar, antes todo o Bife à Império. Tenho-o recomendado a alunos, sobretudo aos que vão para o Técnico, que confirmam que vale a pena. A mim, que por lá passei religiosamente em várias décadas, lembra-me com quem ia em criança, em adolescente, e depois, e depois, e depois já não. Bife e molho mantêm-se excelentes; batatas, um pouco menos.

C, de Castanhas. Andei no Liceu Dona Leonor a partir do 5.º ano, o atual nono, em 1974-75, o que explica que nada tivesse sido convencional (aliás, salvo erro, no ano anterior o liceu ainda era exclusivamente feminino). Recordo um dos hábitos de então: no inverno, o grupo dos que moravam em Benfica ia apanhar o autocarro a Entrecampos, compartilhando as castanhas assadas compradas no caminho.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

TPC — Vê a ficha já corrigida em torno de «Cantigas de escárnio e maldizer» (ficha 3 do Caderno de atividades, pp. 7-8) que fica reproduzida em Gaveta de Nuvens.

 

 

Aula 31-32 (7 [1.ª, 3.ª], 14 [5.ª], 15/nov [4.ª]) Correção de redações de textos em prosa inspirados em poema de Paterson.



Pedro Mexia, «Paterson», Expresso. Revista, coluna ‘Fraco Consolo’, [...]:

Paterson é condutor de autocarros e poeta. Vive em Paterson, um subúrbio de New Jersey. E tem em casa livros de William Carlos Williams, entre os quais Paterson (1946-58), um poema épico factual demótico, que se quer ao mesmo tempo um “orgulho local; (...) uma confissão; (...) uma réplica ao grego e ao latim sem mais nada; uma multidão; uma comemoração”.

O último filme de Jim Jarmusch, Paterson (2016), é uma investigação sobre o equilíbrio entre a felicidade e a banalidade. Paterson, interpretado por Adam Driver, leva uma vida estável mas espartana. Tem uma namorada giríssima mas um pouco enfadonha, obcecada com determinados padrões, que usa indiscriminadamente em pinturas, vestidos e decorações de bolos. Laura (a iraniana Golshifteh Farahani) é apesar disso a “musa” do namorado, ou não tivesse, como nos lembram escusadamente, nome igual ao da amada de Petrarca. Paterson escreve poemas para ela, “se são para ti, são poemas de amor”, embora admita que não é insensível às outras mulheres.

Os poemas de Paterson, que vamos vendo no ecrã, são despretensiosos, diretos, como os mais despretensiosos e diretos versos de Williams. Poemas minimais, discretos, timidamente inventivos, que são na verdade da autoria de um poeta não-ficcional, amigo de Jarmusch: Ron Padgett. Esses poemas obedecem a uma máxima de Williams, “no ideas but in things”, tese que constituía uma reação à poesia erudita e hermética de Eliot e Pound. O doutor Williams, talvez por ser médico, gostava de coisas concretas, de pessoas concretas, queria toda a invenção ancorada num presente verificável e gostava de fazer coincidir, como escreveu um seu estudioso, “os materiais que suscitam a poesia e a poesia que esses materiais suscitam”. É por isso que no Paterson de Jarmusch as coisas mostradas ou ouvidas, e os versos que sobre elas se escrevem, são trivialmente poéticas: caixas de fósforos, copos de cerveja, conversas sobre pugilistas e engates. Mas quando sugerem a Paterson que a sua cidade é poética, que a sua vida é poética, ele acha que não, que não são nada poéticas.

Como em todos os Jarmusch, ou quase todos, o ambiente de Paterson é depurado e modesto, o clima casto e cool, as pessoas macambúzias mas boas. Mas há uma estranha sensação de que toda a gente vive numa “ilha das almas perdidas”, parafraseando o título de um clássico dos anos 30 que Jarmusch cita. De acordo com as nossas possibilidades, veremos nesta história o copo meio cheio ou meio vazio. O elogio da domesticidade não se distingue das tragicomédias amorosas das personagens secundárias. A empatia humana confunde-se com a uniformidade, de modo que aparecem gémeos em todo o lado. Os indivíduos são em geral decentes, mas há quem avise que é melhor “não tentar mudar as coisas, senão ainda as tornamos piores”. Escrever poesia é fundamental para Paterson, mas ele não faz questão de que alguém leia os seus poemas, e até assistimos a um episódio que lembra ironicamente a desculpa do cábula: “O cão comeu-me o trabalho de casa.”

Cada um escolherá em Paterson os seus momentos significativos. Lembro-me de três. Um é quando o condutor de autocarros encontra uma rapariguinha de 10 anos que escreve poemas tão bons como os dele, o que põe em causa a noção de talento ou a excecionalidade da poesia. O segundo é a evocação de uma das estrelas de Paterson, New Jersey, o comediante Lou Costello, sugerindo talvez que a vida deve ser levada à conta de slapstick. O último é o verso “preferias ser um peixe?”, de uma canção de 1944. Uma canção que nos diz que um peixe não faz coisa alguma com a sua vida, que vai apenas nadando ribeiro abaixo até que, um dia, é pescado. “But then if that sort of life is what you wish / You may grow up to be a fish.”

 

Vai lendo o texto, de Pedro Mexia, na folha já distribuída. Circunda a melhor alínea de cada item. (Não consultes colegas, nem o manual nem outros papéis nossos.)

 

No primeiro parágrafo, chama-se a atenção para coincidências que envolvem «Paterson»:

a) nome de cidade, nome de poeta-motorista, título do filme, nome de outro poeta.

b) nome da cidade, título do filme, nome de personagem, título de livro.

c) nome do realizador, título do filme, nome do protagonista, nome da cidade.

d) nome da cidade, nome do motorista, título do filme, nome de outro realizador.

 

William Carlos Williams é

a) o nome do motorista-poeta protagonista de Paterson.

b) um molengão do Bétis que, infelizmente, vai jogar por Portugal no Qatar (e, pior, com o «Cris»).

c) um poeta criado pelo realizador de Paterson.

d) um escritor que viveu em Paterson efetivamente.

 

Quando, no início do segundo parágrafo, se diz que o filme é uma «investigação sobre o equilíbrio entre a felicidade e a banalidade», isso significa que

a) é policial, investigando o que passa entre as personagens.

b) é investigativo e banal.

c) se centra em personagens com vidas simples e sem grandes angústias.

d) procura provar como vivem as pessoas felizes.

 

«leva uma vida estável mas espartana» deve querer dizer que Paterson

a) tem saúde controlada e disciplinada.

b) vai, com estabilidade, para o raio que o parta.

c) tem um dia a dia repetitivo mas ambicioso.

d) vive sem grandes luxos.

 

Laura é

a) a «musa» de Paterson, embora não tenha esse nome (que é, na verdade, o da musa de Petrarca).

b) a namorada e «musa» de Paterson (por coincidência, com o mesmo nome da musa de Petrarca).

c) iraniana e «musa» de Paterson.

d) a musa e namorada de Adam Driver.

 

No terceiro parágrafo é esclarecida a autoria dos poemas que vimos no filme. São de

a) Jim Jarmusch.

b) William Carlos Williams.

c) Ron Padgett.

d) Eliot e Pound.

 

Diz-se depois que os poemas do filme

a) prosificam assuntos poéticos.

b) são eruditos e herméticos.

c) fazem coincidir poesia e o que é concreto.

d) partem de temas abstratos.

 

No último período do terceiro parágrafo («Mas quando sugerem a Paterson que a sua cidade é poética, que a sua vida é poética, ele acha que não, que não são nada poéticas»),

a) há uma vírgula a mais depois de «não».

b) falta vírgula após «Mas».

c) falta vírgula após «Paterson».

d) não há erros de pontuação.

 

No quarto parágrafo, logo na sua primeira linha, em «em todos os Jarmusch», temos uma

a) perífrase.

b) metáfora.

c) metonímia.

d) ironia.

 

Neste quarto parágrafo, a maioria das linhas destaca características típicas das obras do cineasta:

a) a preferência por personagens marginais; a visão do amor enquanto tragicomédia.

b) o recurso a tipos sociais diversificados, ora com bom ou mau feitio; o clima casto e cool.

c) a uniformidade; a empatia humana; o facto de aparecerem gémeos em todo o lado.

d) o conformismo que as personagens revelam; o não serem más pessoas.

 

Para Pedro Mexia, segundo o que se depreende do último período do quarto parágrafo, o que Marvin fez ao caderno de poemas

a) não iria, no fundo, contra o que Paterson talvez desejasse intimamente.

b) estragou o trabalho de casa de Paterson.

c) aborreceu Paterson, como o perder de repente um trabalho feito irrita qualquer cábula.

d) mostra como a poesia é fundamental.

 

Já no quinto, e aliás último, parágrafo, Mexia confessa ter fixado sobretudo três momentos: o do encontro com a miúda que escrevia poesia;

a) a referência a Lou Costello; uma canção de 1944.

b) a passagem sobre uma das celebridades da cidade, Lou Costello; um dado verso de uma canção.

c) a evocação do comediante Lou Costello; a referência a um peixe.

d) New Jersey; 1944.

 

O verso «preferias ser um peixe?» serve, no fundo, para contrapor duas maneiras de encarar a vida:

a) a das douradas grelhadas e a das águias Vitórias.

b) a dos que procuram vencer obstáculos e a dos que se conformam.

c) a dos que preferem nadar e a dos que têm ambições.

d) a dos peixes e a dos cães.

 

Este texto de Pedro Mexia é

a) uma crónica que faz uma apreciação crítica.

b) uma notícia que informa sobre um filme.

c) uma descrição de uma obra de cinema.

d) um relato, em prosa poética, acerca de livro.

 

Se escrevêssemos a caneta ou a lápis, ficaria:

a) «Paterson», de Pedro Mexia, foi publicado no Expresso. Revista e trata do filme «Paterson».

b) Paterson, de Pedro Mexia, foi publicado no «Expresso. Revista» e trata do filme «Paterson».

c) «Paterson», de Pedro Mexia, foi publicado no «Expresso. Revista» e trata do filme Paterson.

d) «Paterson», de Pedro Mexia, foi publicado no Expresso. Revista e trata do filme Paterson.

 

Na primeira linha do primeiro parágrafo há

a) uma preposição e uma contração (de preposição e artigo).

b) uma preposição.

c) duas preposições.

d) três preposições.

 

Se, em português europeu, tivéssemos de pôr «O cão comeu-me o trabalho de casa» (que tem o pronome em ênclise) na negativa ou no futuro, teríamos, respetivamente,

a) próclise; ênclise.

b) mesóclise; próclise.

c) ênclise; próclise.

d) próclise; mesóclise.

 

Na p. 57, em baixo, resolve o item 2 de Praticar:

a. _______________

b. _______________

c. _______________

d. _______________

e. _______________

f. _______________

g. _______________ + _______________

h. _______________ + _______________

i. _______________

j. _______________

k. ______________

l. _______________ + ________________

 



Primeiro beijo

(Rui Veloso / Carlos Tê)

Recebi o teu bilhete
Para ir ter ao jardim
A tua caixa de segredos
Queres abri-la para mim
E tu não vais fraquejar
Ninguém vai saber de nada
Juro não me vou gabar
A minha boca é sagrada

 

Estar mesmo atrás de ti
Ver-te da minha carteira
Sei de cor o teu cabelo
Sei o shampoo a que cheira
Já não como, já não durmo
E eu caia se te minto
Haverá gente informada
Se é amor isto que eu sinto

 

Quero o meu primeiro beijo
Não quero ficar impune
E dizer-te cara a cara
Muito mais é o que nos une
Que aquilo que nos separa

 

Promete lá outro encontro
Foi tão fugaz que nem deu
Para ver como era o fogo
Que a tua boca prometeu
Pensava que a tua língua
Sabia a flor do jasmim
Sabe a chicla de mentol
E eu gosto dela assim!

 

Quero o meu primeiro beijo
Não quero ficar impune
E dizer-te cara a cara
Muito mais é o que nos une
Que aquilo que nos separa!

 

Escreve um comentário em que relaciones o cartoon da p. 64 (O primeiro beijo) e a letra da canção «Primeiro beijo» com os géneros trovadorescos que te pareçam pertinentes (cantigas de escárnio, cantigas de amigo, cantigas de amor).

Sugiro que distribuas o teu texto por dois parágrafos (um, centrado no cartoon; o outro, na canção).

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

TPC — Se ainda não o fizeste, não esqueças de (i) responder na Classroom à pergunta sobre livros a ler; (ii) trazer o Alfabeto Pessoal. (Vai lendo os livros já combinados. Vai sempre arrumando folhas e revendo gramática.)

 

 

Aula 33-34 (11 [1.ª, 3.ª], 15 [5.ª], 22/nov [4.ª]) Correção de comentário feito na última aula (ver Apresentação).

[Exemplo de comentário possível:]

Se quiséssemos associar o cartoon de David Vela Cervera a um dos géneros trovadorescos, ocorrer-nos-iam de imediato as cantigas de escárnio e maldizer, uma vez que, tal como sucede tantas vezes nesse tipo de composições medievais, também O primeiro beijo pretende criticar um costume do seu tempo — a preferência pelos meios tecnológicos na relação com os outros em detrimento do contacto direto (este comportamento é caricaturado, exagerado: um casal de apaixonados, de mãos dadas mas de costas voltadas, troca o primeiro beijo via telemóvel).

Vai até à p. 44. Ouviremos a cantiga de amor de Bernal de Bonaval cujo primeiro verso é «A dona que eu am’e tenho por senhor».

Ponho uma adaptação dessa cantiga, tendo procedido às seguintes alterações:

tirei o -d- das formas verbais de 2.ª pessoa do plural, antecipando, portanto, a síncope da consoante, que, nestes casos, se deu cerca de um século depois; e também, através de sinérese (a-e > ai), resolvi já o hiato que teria ficado ainda durante uns tempos; reverti a prótese em mostrar > amostrar;

quando havia pronomes em ênclise, deixei espaço para escreverem vocês o pronome que usaríamos hoje, em português europeu;

omiti o pronome com funções de sujeito sempre que, em português atual, ficava melhor estar o sujeito subentendido;

traduzi o «senhor», o «en», o «ca», o «u» medievais; adaptei alguns tempos; corrigi grafias; prescindi de apóstrofo (’); e adotei a ordem das palavras mais comum.

A dona que amo e tenho por senhora

mostrai-___, Deus, se isso vos prouver [(‘agradar’)]

senão, dai-___ a morte.

 

A que tenho por lume destes meus olhos

e por que [pela qual] choram sempre, mostrai-___, Deus.

senão, dai-___ a morte.

 

Essa que fizestes parecer melhor

de quantas sei, ai, Deus, fazei-___ vê-___ [*fazei-ma ver]

senão, dai-___ a morte.

 

Ai, Deus, que me fizestes amá-___ mais do que a mim,

mostrai-me onde possa falar com ela.

senão, dai-___ a morte.

 

Dá um relance à tira de banda desenhada no ponto 1 da mesma p. 44. Completa (com o cuidado de que tudo fique irrepreensível também em termos de sintaxe):

Os autores do manual ter-se-ão lembrado de reproduzir aqui esta banda desenhada, porque a historieta aí desenvolvida pode relacionar-se com certas características das cantigas de amor, uma vez que . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Resolve o item 4 de «Educação literária», p. 45:

Nesta cantiga, para salientar a beleza e a singularidade da mulher amada, são utilizados diferentes recursos expressivos: no verso «A que tenh’eu por lume destes olhos meus» (v. 4) está presente uma ______; a hipérbole ocorre, por exemplo, em _________.

Já agora, se te despachares, atenta nos itens 1, 2, 3 de «Gramática»:

1 1 = ___; 2 = ___; 3 = ___

2 [na verdade, é uma oração subordinada adjetiva relativa que está coordenada logo com outra oração]

«que eu amo / e tenho por senhor»

3 [exemplos de conjunções (ou locuções) subordinativas concessivas: «embora», «apesar de que», «ainda que», «mesmo que», «se bem que», ...]

Na p. 59 temos uma cantiga de escárnio e maldizer de Pero Garcia Burgalês que satiriza, ridiculariza, o tópico que a cantiga de amor que vimos evidenciava — o facto de os trovadores dizerem preferir a morte se não fossem correspondidos pela dama a quem se dirigiam. Reproduzo a versão, modernizada, de Natália Correia (dessa cantiga de escárnio cujo verso inicial original é «Roy Queimado morreu com amor»):

 

Foi Rui Queimado morrer de amor

em seus cantares, ao que dizia,

por uma dama e porque queria

mostrar engenho de trovador.

Como ela lhe não quis valer,

fez-se ele em seus cantares morrer,

mas ressurgiu ao terceiro dia.

 

Demonstrar quis o seu fervor

por uma dama, mas eu diria:

preocupado com a mestria

dos seus cantares, tem o pendor

de, embora morto, lograr viver.

Isto só ele pode fazer

porque outro homem não o faria.

 

E já da morte não tem pavor,

se não mil vezes a temeria.

Próprio é da sua sabedoria

viver enquanto morto for.

Em seus cantares pode morrer

estando vivo. Maior poder

obter de Deus não poderia.

 

Desse-me Deus igual poder

de, embora morto, poder viver,

e nunca a morte me assustaria.

Depois de vermos o trecho de Último a sair, em que as ações de Bruno Nogueira ficam nos antípodas do código do amor cortês na lírica medieval, completa a tabela com as seguintes palavras (aqui desordenadas):

ator / trovador / sussurrar / Bruno / desejo / religiosa / proximidade / voyeurismo / regra / elogia / assediar / honestidade / intervêm / intervém / nobres / inacessível

Cantigas de amor

Último a sair, episódio Bruno-Sónia

O sujeito poético é um trovador, que se dirige à sua «senhor», que não _______ e é um ser sobretudo idealizado, incorpóreo.

Bruno Nogueira é quem inicia o diálogo, mas tanto o homem (Bruno) como a mulher (Sónia Balacó) _______.

Ambiente é palaciano, o «eu» (trovador) e a dama são _____. Origem das cantigas de amor é provençal (lembre-se que a primeira dinastia portuguesa tinha ascendentes franceses), ao contrário das cantigas de amigo, provavelmente autóctones.

Contexto imita o de um reality show, supondo-se que as personagens em causa se comportam como jovens ______ e modelo-atriz.

Amor é mais aspiração do que experiência sentimental; tudo está sujeito a convenções; ______ respeita a senhor[a] a quem presta vassalagem amorosa, à maneira cavaleiresca.

______ não se coíbe de fazer propostas bastantes explícitas, mais físicas do que espirituais, e trata a sua colega sem qualquer reserva ou delicadeza.

Pretende-se prolongar o estado de tensão, sem chegar ao fim do _______.

Bruno não resiste a seduzir Sónia sob os lençóis, mesmo quando se supunha ficarem apenas a _______.

______ da senhor[a] não poderia ser posta em causa, não havendo quaisquer alusões impróprias, sem se sair nunca da esfera espiritual; a «mesura» implicava que não se poderia suspeitar da identificação da amada.

Bruno não se preocupa em preservar a imagem de Sónia, o seu estratagema passa mesmo por aproveitar o ______ do público, o que implicava expor ao máximo a sua relação com a amada.

O sujeito poético, o trovador, superlativa a senhor[a], que elogia com devoção quase ________.

Sem grande sentido do charme, Bruno é várias vezes desagradável com Sónia, que deprecia mais do que _______.

distância entre trovador e a senhor[a], que lhe é ______.

Haveria _____ máxima entre amante e amada, se dependesse apenas de Bruno.

Fidelidade é outra _______ imposta ao trovador.

Bruno, assim que Sónia se lhe esquiva, vai _______ Luciana e Débora.

Trechos de 1986, tirados dos episódios 1 (https://www.rtp.pt/play/p4460/e334913/1986), 3 (https://www.rtp.pt/play/p4460/e335569/1986), 11 (https://www.rtp.pt/play/p4460/e599403/1986)

Completa esta síntese relativa aos trechos de episódios de 1986 — série criada por Nuno Markl, ex-aluno da Secundária de Benfica — a que acabámos de assistir:

Tiago admira Marta como um trovador vê a sua «senhor» numa cantiga de ______.

Marta é como uma «senhor» (louvada em cantigas de _____) que decidisse descer do seu pedestal de deusa e experimentar os namoros concretos das raparigas que são o sujeito das cantigas de _______ (e escolhe como «amigo», isto é, namorado, o estroina Gonçalo).

Gonçalo socorre-se de estratégias de trovador apaixonado (tenta cantar à sua dama; obedece, ainda que renitente, às imposições da «senhor»; finge enquadrar-se no ambiente «palaciano»), mas, no fundo, preferia a espontaneidade realista do contexto popular das cantigas de ________.

avó de Marta, a gótica Patrícia — e talvez também um pouco Sérgio — exercem a crítica, a sátira, típicas das cantigas de __________.

Ao longo dos trechos de 1986 que vimos há pouco, surgiram estes versos de quatro canções diferentes (ou dos respetivos incipit ou do refrão):

Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Pensamos no futuro amanhã

Sempre que o amor me quiser

Estamos aqui, neste fim do mundo

Escreve um poema, não rimado, que incorpore (como versos que ficarão em algum ponto do teu texto) cada um dos quatro versos que retirei das canções ouvidas em 1986. Evita espaços interestróficos (ou faz quase nenhum). Procura que o poema seja «lírico», não brincalhão.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

TPC — Experimenta resolver — ou relanceia-a apenas — a ficha do Caderno de Atividades sobre ‘Apreciação crítica’ (pp. 35-36), que fica, já corrigida, em Gaveta de Nuvens.

 

 

Aula 35-36 (14 [1.ª, 3.ª], 21 [5.ª], 23/nov [4.ª]) Correção do questionário de compreensão sobre «Paterson», de Pedro Mexia. Explicação sobre anáforas. (Ver Apresentação.)

Ao longo da aula vamos ver excertos de Bean, um autêntico desastre. Interessa-nos sobretudo o discurso de Bean acerca do quadro conhecido como «A mãe de Whistler», do pintor James Whistler (1834-1903), nascido no Massachusetts. O comentário de Bean é pertinente, ainda que não seja como o que faria um verdadeiro especialista em pintura.

Para se perceber o discurso, convém saber que foi proferido perante uma plateia de cidadãos americanos, na presença do milionário benfeitor que tinha adquirido o quadro para o doar a um museu. Ao falar, Bean tinha a pintura à vista e para ela ia apontando.

Bem... Olá. Eu sou o Dr. Bean (pelo que parece).

O meu trabalho consiste em sentar-me a olhar os quadros. Portanto, o que aprendi eu que possa dizer sobre este quadro?

Bem, primeiro que tudo, que ele é muito grande. O que é magnífico, pois, se ele fosse muito pequeno — microscópico, estão a ver —, ninguém conseguiria vê-lo, o que seria lastimável.

Em segundo lugar — e estou a aproximar-me do fim desta análise do quadro —, em segundo lugar, porque é que se justifica que este homem tenha gastado 50 milhões dos vossos dólares na sua compra?

E a resposta é... Bem, este quadro vale tanto dinheiro, porque é um retrato da mãe de Whistler e, como eu aprendi ao ficar em casa do meu melhor amigo, David Langley, e da sua família, as famílias são muito importantes e, apesar de o Sr. Whistler saber perfeitamente que a sua mãe era uma avantesma atroz com ar de quem se sentara num cato, ele não a abandonou e até se deu ao trabalho de pintar este extraordinário retrato dela. Não é apenas um quadro, é um retrato de uma velha taralhouca e feiosa que ele estimava acima de tudo.

E isso é maravilhoso. Pelo menos é o que eu penso.

Numa versão puramente escrita deste discurso — destinada, por exemplo, a sair junto de notícia relativa à cerimónia —, depurada de tiques orais, o que eliminaríamos da transcrição que fiz?

A lápis, circunda essas partes desnecessárias (marcas de oralidade, no fundo).

Depois, sublinha os antecedentes dos termos anafóricos que sublinhei.

(Sobre anáfora — termo anafórico — e antecedente, podes relancear a p. 338.)

Escreve uma análise — até certo ponto, semelhante à de Bean — do quadro que escolheres (entre os do álbum que te calhou, que será de um pintor aproximadamente contemporâneo de Whistler). Diferentemente do discurso de Bean, o teu texto evitará as marcas de oralidade e o vocabulário ingénuo.

Pretende-se que o teu discurso-apreciação crítica comece por uma aproximação sobretudo descritiva, objetiva, e termine com explicação já mais subjetiva, emotiva, quase poética, como acontecia na análise de «A mãe de Whistler» transcrita no rosto desta folha.

Em algum momento do texto, refere o pintor e o título do quadro.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

TPC — Em Gaveta de Nuvens, lê a ficha sobre “Anáfora” do Caderno de Atividades (já corrigida).

 

 

Aula 37-38 (22 [5.ª], 26 [1.ª, 3.ª], 29/nov [4.ª]) Devolução de poemas com incorporação de versos de canções.

«Meu amor de longe»

(comp.: Jorge Cruz; interpret.: Raquel Tavares)

 

No Largo da Graça já nasceu o dia
Ouço um passarinho, vou roubar-lhe a melodia
Meu amor de longe ligou
Abençoada alegria

 

Junto ao miradouro, pombos e estrangeiros
Vão a cirandar como fazem o dia inteiro
Meu amor de longe já vem
Pôs carta no correio

 

Barcos e gaivotas do Tejo
Vejam o que eu vejo, é o sol que vai brilhar
Meu amor de longe está
Prestes a chegar

 

Talhado para mim
Mal o conheci, eu achei-o desse modo
Logo pude perceber o fado que ia ter
Por ver nele o fado todo

Chega de tragédias e desgraças
Tudo a tempo passa, não há nada a perder
Meu amor de longe voltou
Só para me ver

 

Fiz um rol de planos para recebê-lo
Fui pintar as unhas, pôr tranças no cabelo
Meu amor de longe há-de vir
Beijar-me no castelo

 

Eu a procurá-lo, ele a vir afoito
Carro dos Prazeres, número 28
Meu amor de longe saltou
Iluminou a noite

 

Vamos celebrar ao Bairro Alto
Madrugada, baile no Cais do Sodré
Meu amor de longe sabe bem
Como é que é

 

Talhado para mim
Mal o conheci, eu achei-o desse modo
Logo pude perceber o fado que ia ter
Por ver nele o fado todo

Chega de tragédias e desgraças
Tudo a tempo passa, não há nada a perder
Meu amor de longe voltou
Só para me ver

 

Depois de leres a cantiga de amigo de Bernal de Bonaval «Fremosas, a Deus grado, tam bom dia comigo» (p. 42) e de vermos clip da canção referida na p. 43 (cantada por Raquel Tavares), resolve o item 1 de Educação literária (p. 42) e a tabela a seguir (correspondente à que está na p. 43):

1 (p. 42) [Circunda as palavras a negro adequadas:]

Nesta cantiga, a donzela, dirigindo-se às amigas/à natureza, alegra-se/entristece-se com a notícia da partida/chegada iminente do seu amigo.

1.1 (p. 43):

 

«Meu amor de longe»

«Fremosas, a Deus grado, tam bom dia comigo»

Entidade que se expressa

mulher (amalucada a andar pelo bairro)

__________

Interlocutor/confidente

___________

amigas («fremosas»)

Estado de espírito do sujeito (e causas)

Toda contente (namorado vai chegar)

__________

Fases de aproximação «eu»/amado

___________

Recebeu só as novas do regresso do amigo

Já agora, resolvamos o ponto 1 de Gramática (na p. 42). É útil lembrares subclasses da classe ‘verbo’ (cfr. p. 42) e leres o que ponho dentro de parênteses retos:

a. [disseram-me que o meu amigo vem aí. || para determinares a subclasse do verbo, tem em conta que os segmentos sublinhados desempenham as funções sintáticas de _______ e de ______] «disserom» (v. 2) é um verbo ________.

b. [eu ando muito alegre || tem em conta que «muito alegre» desempenha a função sintática de _______] «ando» (v. 10) é um verbo ________.

Ainda sobre Anáfora (cfr. p. 338)

Completa com termo antecedente, termo anafórico, cadeia anafórica:

Meu amor de longe está prestes a chegar, talhado para mim. Mal o conheci, eu achei-o desse modo

«Meu amor de longe» = ____________

«o» = __________

«o» = __________

«Meu amor de longe», «o», «o» = ____________

Barcos e gaivotas do Tejo, vejam o que eu vejo: é o sol que vai brilhar.

«o [que]» = _____________________________________

«o sol que vai brilhar» =____________________________

«o [que]», «o sol que vai brilhar» = cadeia anafórica.

Resolve 1.1 e 1.2 da p. 338 (e lê o item que já resolvi, 1.3):

1.1 = ________________

1.2 = ________________

1.3 = O recurso à anáfora evita a repetição de expressões, o que torna este texto expositivo mais elegante (e até mais claro).

Inventa referências bibliográficas de:

(i) poema num livro de poesia de autor português saído numa editora algarvia;

(ii) crónica incluída num livro que recolhia melhores textos de um dado autor e publicado em Lisboa há dez anos;

(iii) romance de escritora brasileira publicado há pouco em Campinas;

(iv) livro de memórias de alguém com passado desportivo, saído no Funchal, em 2025.

(i) Eleutério Viegas, «Como são bons estes figos!», Um estômago à beira-mar, Portimão, Editorial Percurso, 2015.

(ii) _________

(iii) _________

(iv) _________

TPC — Serás chamado à Classroom para escreveres aí, a computador, poema suscetível de ser apresentado no Concurso Correntes d’escritas. Imprimirei a primeira versão do teu texto, corrigi-la-ei, a caneta. Depois, em novo tepecê, reformularás o teu poema em função do que tenha eu marcado (e nessa altura o descarregarás em outra tarefa). Depois se verá se vale a pena enviarmos o texto ao concurso. A seguir ficam dois poemas (ou um poema e um excerto) que venceram edições anteriores.

Não é fácil ter ideia do estilo de poesia que pode vencer um concurso destes, talvez, para jovens até os dezoito, o mais importante em Portugal (e premiado com mil euros). Aqui transcrevo o poema vencedor da edição de 2009 e os primeiros versos do poema vencedor de 2013. Como se vê, não são poemas rimados. Parecem seguir uma regra importante da boa escrita: «escrever é cortar palavras». O poema que se transcreve na íntegra não é muito grande, mas não recomendarei textos demasiado curtos.

Edição 2009 — “Geometria das sombras”, de Tatiana Vanessa Fernandes Bessa (que concorreu com o pseudónimo Ophelia Nery):

               geometria das sombras

largava os dias

lacrava-os
com lamparinas de sonhos
e largava-os

não via além
das tempestades
com que inundava
as estradas

cravava nas valetas
o cheiro
das estórias
com que embalava
o tic-tac
dos meus passos

largava os dias

mas na geometria das sombras
desenhaste-me um verso

e não mais larguei os dias

Ophelia Nery (= Tatiana Bessa)

Edição 2013 — “Inexistência Mental”, de Ana Matilde da Silva Gomes (que concorreu com o pseudónimo Victória Montenegro) [só os primeiros versos, e não sei se estou a transcrever bem a mudança de linha]:

 

Hoje os meus dentes querem estar à mostra,

Misturar-se com o branco alheio.

Passamos tanto tempo a entrelaçar linhas

E a procurar sentidos atrás da bruma,

Que ver para lá do emaranhado sabe a café (com espuma)...

[...]

 

 

Aula 39-40 (28 [5.ª, 1.ª, 3.ª], 30/nov [4.ª]) Explicação sobre verbos copulativos (ver Apresentação).

https://www.rtp.pt/noticias/cultura/viagem-medieval-em-santa-maria-da-feira-decorre-ate-11-de-agosto_v1164345

Depois de vista a reportagem sobre a 3.ª edição da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira, resolve os pontos 1 e 2 de Oralidade, na p. 36:

1             1.1 = ____; 1.2 = ____; 1.3 = ____.

2            [opções certas:] __________________.

Copia em português atual, em prosa (um parágrafo para cada estrofe) a cantiga de amigo (uma bailia) na p. 37 («Bailemos nós já todas três, ai amigas», de Airas Nunes).

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

No sketch que vamos ver ficam salientadas as três variedades (ou variantes) do português (europeia, brasileira, africana[s]), mas também a variação dialetal dentro do território do português europeu. O assunto será, portanto, a Geografia do português do português, abordada também na p. 306 do manual.

Em «Padre que não sabe fazer pronúncia» (série Meireles), o protagonista é um seminarista que, segundo o padre seu orientador, não consegue ter a pronúncia devida. Deves estar atento às pronúncias que o candidato a padre vai tentando e ir completando o primeiro quadro:

 

Pronúncia ideal para um padre

da Beira, da Guarda.

pronúncia das sibilantes: «[ch]otaque»;

2.ª pessoa do plural: «percebeis».

Pronúncias tentadas pelo seminarista

 

_________

ditongações: «t[ua]dos» (todos); bê por vê: «Co[b]ilhã»; léxico: «carago».

 

_________

alongamento das vogais finais: «padriii»;

nasalizações: «v[ã]mos».

 

_________

supressão do –r final: «dançá» (dançar); vogais átonas pouco reduzidas: «chap[á]» (chapa); léxico: «meu chapa».

_________

vogais átonas mais abertas.

_________

paragoge e vogais menos reduzidas: «rêzar[e]» (rezar).

Estas pronúncias — «sotaques» — representam ora as zonas geográficas a que pertencem falantes de língua portuguesa ora, em um caso, a influência que uma diferente língua materna tem sobre a pronúncia do português. Dividamo-las em três tipos:

Pronúncia ...

Casos no sketch

de determinada variedade regional (dialeto)

beirão; _______; _______.

de variante do português (europeia, sul-americana, africana)

 

_______; _______.

reveladora de a língua materna do falante não ser o português

 

_______.

Vão a seguir os poemas de Último a sair. Com um V à sua esquerda, assinala os versos que pudessem integrar poemas «a sério» (por exemplo, suscetíveis de aparecer num poema enviado a um concurso de poesia atual).

Toma cada verso isoladamente, esquecendo o contexto em que estão nos poemas dos três participantes do Último a sair. (Diria que serão cerca de meia dúzia.)

 

[de Roberto Leal:]

A vida é como um rio que desagua para o mar, que é a poesia.

 

Pelas mãos de minha mãezinha

Andei nos tempos então;

Hoje, como está velhinha,

É ela que anda p’la minha

E faz a minha obrigação.

 

               Endoscopia da alma

O meu peito é feito de luz e brilho

E ontem encontrei um sinal nas costas.

Ninguém sabia se era maligno,

Começou tudo a fazer apostas.

 

A minha alma estava doente

E as minhas costas, não.

Ai que feliz de mim

E qualquer coisa que rime com ão.

 

[de Luciana Abreu:]

Havia uma velha na rua a correr

Com uma lata no cu a bater.

Quanto mais a velha corria,

Mais a lata no cu lhe batia.

 

               Feijoada de ternura

Estava eu a apanhar sol,

Estavas tu no sol a apanhar.

Veio chuva e veio o sol

Estavas tua na chuva a apanhar

 

Se eu soubesse o que sei hoje,

Talvez tivesse vindo mais cedo.

Assim, não vim mais cedo,

E fiquei a fazer a feijoada de ternura.

 

[de Bruno Nogueira:]

Gosto da minha mãe.

 

               Ganso daltónico

Ai, um ganso daltónico,

Ai, um ganso pateta,

Porque és daltónico,

Meu ganso pateta?

 

Se Albufeira é assim um bocado nhnhrhhihn,

Matei uma criança cheia de sarampo

E enterrei-a ao lado do primo Joel.

 

Este bife está mal passado, sr. Antunes,

E o robalo não está fresco, seu ganso daltónico.

Considerando só autores de poesia, Louise Glück, americana, é a mais recente vencedora do Prémio Nobel, já que os vencedores de 2022 e 2021 (Annie Ernaux e Abdulrazak Gurnah) são ambos romancistas. O poema que se segue é a parte 3 de «Landscape», de Louise Glück, traduzido por Rui Pires Cabral (publicado na revista literária Telhados de Vidro, 12, maio de 2009):

            Paisagem/3

 

Nos fins do outono uma rapariga deitou fogo
a um trigal. O outono

 

fora muito seco; o campo
ardeu como palha.

 

Depois não sobrou nada.
Se o atravessávamos, não víamos nada.

 

Nada havia para colher, para cheirar.
Os cavalos não compreendem —

 

Onde está o campo, parecem dizer.
Como tu ou eu a perguntar
onde está a nossa casa.

 

Ninguém sabe responder-lhes.
Não sobra nada;
resta-nos esperar, a bem do lavrador,
que o seguro pague.

 

É como perder um ano de vida.
Em que perderias um ano da tua vida?

 

Mais tarde regressas ao velho lugar —
só restam cinzas: negrume e vazio.

 

Pensas: como pude viver aqui?

 

Mas na altura era diferente,
mesmo no último verão. A terra agia
como se nada de mal pudesse acontecer-lhe.

 

Um único fósforo foi quanto bastou.
Mas no momento certo – teve de ser no momento certo.

 

O campo crestado, seco —
a morte já a postos
por assim dizer.

Comentários de leitores à notícia do Observador («Leia aqui dois poemas de Louise Glück, Prémio Nobel da Literatura de 2020») onde se transcrevia o poema em cima:[antonyo antonyo:] Porque é que isto é poesia? Pela disposição das frases? || [Norberto Sousa:] Chamam a isto poesia? || [Anarquista Coroado:] Os meus poemas são melhores. Mas quem liga ao Nobel? || [Maria Ribeiro:]Pessoa não teve o Nobel, nem Sofia ou Lobo Antunes, ou Jorge Amado e Drummond, nem Tolstoi, Borges, Proust, Kafka, Joyce, Woolf ou Nabokov. Os Nobel traduzem uma visão escandinava e provinciana do mundo.

Lê «Paisagem/3», de Louise Glück. Escreve, em cerca de catorze linhas (algumas serão espaços interestróficos), um poema, ou começo de poema, intitulado «Paisagem/4».

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TPC — Entrega na Classroom, ao longo da semana, poema aí pedido.

 

 

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