Tuesday, September 06, 2022

Aula 103-104

Aula 103-104 (17 [1.ª, 3.ª, 5.ª], 18/abr [4.ª]) Correção do questionário de gramática [exceto na 4.ª, onde já fora feita na aula 101-102].

Solução da versão com Paulinho incapaz de marcar golos

Com frequência, a acentuação das esdrúxulas é esquecida pelos alunos.

1 — Complemento do nome

2 — Complemento agente da passiva

Armindo, por favor, com a gentileza que todos te reconhecem, traz-nos o DVD de O Leitor.

1 — Vocativo

2 — Complemento direto

Saoirse Ronan, a Briony de Expiação, também é atriz interveniente em A Paixão de Van Gogh.

1 — Modificador apositivo do nome

2 — Predicativo do sujeito

A fútil Inês Pereira achava o bom do Pero Marques demasiado simplório.

1 — Sujeito

2 — Predicativo do complemento direto

Os sportinguistas consideram Paulinho incapaz de marcar golos.

1 — Complemento direto

2 — Complemento do adjetivo

Hawking, que comunicava por meio dos músculos da bochecha, sofria de esclerose lateral amiotrófica.

1 — Sujeito

2 — Complemento oblíquo

Foi dedicado a Bernardo Sassetti, sentidamente, um dos últimos discos de Rui Veloso.

1 — Complemento indireto

2 — Sujeito

Quando foi para Arzila, o cobarde Brás da Mata disse ao moço que vigiasse Inês.

1 — Modificador do grupo verbal

2 — Complemento direto

No Centro Ismaili, com a sua faca bué fofa, Abdul agrediu-nos.

1 — Modificador do grupo verbal

2 — Complemento direto

Percebes os atos de fala?

Diretivo

Declaro-te que não foi culpa minha.

Assertivo

Solução da versão com surto psicótico de Abdul

Para teu bem, Inês, por favor, não dês o sim ao repelente Brás da Mata.

1 — Vocativo

2 — Complemento indireto

Invólucros para recolha de cocós foram oferecidos à escola por um antigo aluno.

1 — Sujeito

2 — Complemento agente da passiva

Kate Winslet, a Hanna Schmitz de O Leitor, foi protagonista de Titanic.

1 — Modificador apositivo do nome

2 — Predicativo do sujeito

Porque Maguire é suplente, o capitão tem sido Bruno, que anda zangado com Crisnaldo.

1 — Modificador do grupo verbal

2 — Sujeito

A declaração da UELVA nomeou o nosso mestre único responsável pelo sorteio da Champions.

1 — Complemento do nome

2 — Predicativo do complemento direto

Chegaram anteontem, pelas dezoito e trinta, os livros que a Hanna pedira.

1 — Predicado

2 — Sujeito

Cumprimentei-te junto da porta de emergência, com a consciência absolutamente tranquila.

1 — Complemento direto

2 — Modificador do grupo verbal

Regressaram de Castelo Branco ontem mesmo os cães da Alzira.

1 — Complemento oblíquo

2 — Sujeito

O Moço, descontente com o Escudeiro, sublinhava que não tinha calçado decente.

1 — Complemento do adjetivo

2 — Complemento direto

No dia 18 de abril cá estarei na nossa aula.

Compromissivo

Tenho dúvidas de que Abdul tivesse um surto psicótico.

Assertivo

O sketch que veremos serve-nos para tratar de questões de flexão de formas verbais (pessoa, tempo, modo) e, sobretudo, do Imperativo:

Em «Instrutor que canta o yodel» (série Meireles) predominam as frases diretivas. Surgem formas verbais na 2.ª pessoa do singular do _______ («Entra», «Mete uma abaixo, homem», «Faz inversão de marcha», «Fica sabendo que em mais de vinte anos», «Está calado, pá»), mas também da 3.ª pessoa do singular do ______ do Conjuntivo («Fique sabendo que o yodel até ajuda»); da __ pessoa do _______ do Presente do Conjuntivo («vamos lá a fazer essa inversão de marcha»); e da 2.ª pessoa do singular do ______ do Indicativo («vais começar»; «tiras o travão de mão»).

Ou seja: são vários os tempos que acabam por poder funcionar como Imperativo. Nas gramáticas mais tradicionais, o Imperativo surge só com duas pessoas (as segundas, do singular e do plural, para «tu» e «vós»). Mas, como já quase não usamos «vós» mas antes a terceira pessoa («você»), o imperativo acaba por se servir da 3.ª pessoa do Presente do _______, no singular e no plural: «fique», «fiquem». Para a 1.ª pessoa do plural, serve também o _________ do Conjuntivo: «fiquemos». Na negativa, o Imperativo socorre-se das formas do Presente do Conjuntivo. Passa tu para a negativa:

Entra | ______; Mete | _______; Faz | _______; Está | ________.

Vamos ler o poema de Camões na p. 193, que costuma ser conhecido pelo verso inicial do mote, «Descalça vai para a fonte». Pertence à lírica camoniana de inspiração tradicional (por contraste com os poemas de Camões de inspiração clássica).

Completa o que falta ao mote e às voltas, que transcrevi já segundo a ordem mais natural do português:

mote, vv. 1-3 || Leanor vai para fonte, pela verdura, _________. Vai fermosa [= bela] e não segura.

voltas, 4-10 || Na cabeça _____ o pote [a bilha, a vasilha]; nas mãos de prata, o ______ [tampo]. [Tem] uma cinta de escarlata _____, um sainho [colete] de chamalote []. Traz a vasquinha [saia plissada] de _____ [todos os dias] mais branca que a neve pura. Vai fermosa e não segura.

11-17 || A ______ descobre a garganta; o ___________, os cabelos d’ouro. Tem fita de cor d’encarnado. [É] tão linda que _________ o mundo. Nela chove tanta ______ [beleza], que dá graça [beleza] à fermosura [beleza]. Vai fermosa e não segura.

O «Poema da autoestrada», de António Gedeão, alude ao de Camões:

Poema da autoestrada

Voando vai para a praia

Leonor na estrada preta.

Vai na brasa, de lambreta.

 

Leva calções de pirata,

vermelho de alizarina,

modelando a coxa fina

de impaciente nervura.

Como guache lustroso,

amarelo de idantreno,

blusinha de terileno

desfraldada na cintura.

 

Fuge, fuge, Leonoreta.

Vai na brasa, de lambreta.

 

Agarrada ao companheiro

na volúpia da escapada

pincha no banco traseiro

em cada volta da estrada.

Grita de medo fingido,

que o receio não é com ela,

mas por amor e cautela

abraça-o pela cintura.

Vai ditosa, e bem segura.

 

Como um rasgão na paisagem

corta a lambreta afiada,

engole as bermas da estrada

e a rumorosa folhagem.

Urrando, estremece a terra,

bramir de rinoceronte,

enfia pelo horizonte

como um punhal que se enterra.

Tudo foge à sua volta,

o céu, as nuvens, as casas,

e com os bramidos que solta

lembra um demónio com asas.

 

Na confusão dos sentidos

já nem percebe, Leonor,

se o que lhe chega aos ouvidos

são ecos de amor perdidos

se os rugidos do motor.

 

Fuge, fuge, Leonoreta.

Vai na brasa, de lambreta.

António Gedeão, Obra Completa, 2004


Na esteira de Gedeão, podemos imaginar uma matriz para criar uma série de textos paralelos, se formos variando os seguintes elementos do mote:

Leonor

vai

para a fonte

pela verdura

descalça

Leonor

vai voando

para a praia

na estrada preta

na brasa, de lambreta

Protagonista

«ir» ou outro verbo idêntico

lugar para onde

lugar por onde

modo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

As tuas versões serão em prosa, semelhantes aos três parágrafos em que linearizei o poema de Camões (e, claro, sem rima). Além da mudança nos elementos das cinco colunas, haverá, desde logo, a mudança de século (XVI > XXI). Tenta que o tipo, a caracterização do protagonista, revele qualidade na observação. Sê bastante descritivo. O próprio Camões também foi muito fotográfico. Nos nomes, evita os de colegas.

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TPC — Vai já preparando as leituras em voz alta de sonetos (vê aqui a distribuição dos sonetos).

 

 

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