Primeira impressão acerca da prova de Português de 6-7-2020
Em vários aspetos, a prova não seguiu o «modelo» que já se fora
instituindo tradicionalmente, ainda que tenha, é claro, cumprido o que estava
estipulado nas normas.
O que mais me surpreendeu foi o grupo III não ter sido um texto de
opinião. Embora, nas cábulas sobre este grupo, eu próprio lhes tivesse apresentado
os outros géneros de texto que poderiam ser pedidos, e tivéssemos feito apreciações
críticas ao longo destes anos — a mais recente terá sido a sobre cartoon de O
Inimigo Público ou acerca de pintura de Tarsila do Amaral —, nos últimos tempos focáramo-nos
no género de texto que há vários anos tem saído sempre.
Também não me lembro de perguntas sobre fenómenos fonéticos (processos
fonológicos) em exames do 12.º ano. Nós até revimos recentemente essa matéria em aulas não presenciais e, depois, num questionário no Classroom, mas insistimos bem mais em outras matérias.
O facto de terem saído textos de A Ilustre Casa de Ramires/Os
Maias não é muito relevante, porque estavam em causa sobretudo os passos
concretos, nem tanto as obras consideradas integralmente. Salvo erro, nas cábulas
sobre ‘Restos’, sugerira sobre estes dois romances um dos assuntos pedidos
agora, a visão de Portugal, mas para um item 7 (parte C).
Finalmente, não me recordo de exames com duas perguntas «fechadas» no
grupo I (3 e 6).
É difícil dizer quem favorecem e desfavorecem estes desvios ao modelo
mais comum. Talvez quem tenha mais facilidade na escrita e, sobretudo, na
compreensão, e não se tivesse deixado abater pela surpresa, tenha resolvido bem a
prova. Quem tentou estudar segundo os modelos de prova habituais ou não é muito
forte na compreensão de textos/enunciados terá sido um pouco injustiçado.
Veremos. As classificações de provas de Português têm também margem grande
de subjetividade. E o facto de este ano se descartarem as duas piores respostas (de todas as do grupo I e de 5-7 do II) torna difícil ter ideia correta sobre como correu a prova. Não se iludam os melhores alunos (sobretudo): em provas de Português, dado o facto de a apreciação dos itens recorrer a escalas de proficiência, é difícil ter notas de Muito Bom ou até na zona dos Bons mais. Costuma haver certa «neutralização» dos níveis, na zona dos Suficientes e dos Bons menos.
Para os que ainda vão fazer mais exames (História, Matemática, Geografia,
Inglês, etc.), boa sorte.
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