Aulas (2.º período)
Aula 29 (5 ou 6/Jan) Como tepecê de férias pedira que visses os textos sobre «Oratória» (Antologia, 83-85) e «Características gerais do Barroco português» (89-91), para que nada deixássemos por ler das secções relativas ao 1.º período.
Sem abrires o manual, completa os trechos a seguir, a que retirei apenas as preposições. Depois, na tabela, põe um visto junto de cada preposição assim abonada. Finalmente, nestes parágrafos, circunda as contracções (preposição + determinante) que haja e copia exemplos para a tabela — uma contracção por cada uma das preposições.
A palavra barroco, ou baroco, cuja origem os italianos, os franceses, os ingleses nunca reivindicaram como sua, parece ser oriunda do português ou do espanhol, __ partir da palavra árabe burka, __ o significado __ «pérola irregular». Da forma peninsular terá saído a palavra baroque, primeiro __ francês e depois __ inglês, e, __ fim, barock __ alemão.
Como expressão artística, o Barroco, __ todo o seu dramatismo sensacional e emotivo, começou __ ser uma atitude premeditada e opressiva __ cariz sócio-religioso, mais religioso do que social, e até filosófico, __ todas as formas artísticas afectadas ou apoiadas pela Reforma religiosa do século XVI, que tantas querelas gerou, não só ao nível teológico e bíblico, como também ao nível político e até filosófico. É __ essa razão que a Companhia __ Jesus esteve sempre na vanguarda __ todo o movimento barroquista, __ partir __ Itália, __ nítidos reflexos __ Portugal, o que levou __ classificar o Barroco __ estilo jesuíta. [...]
Na concepção poética do Barroco está subjacente a transfiguração da realidade, criada através __ figuras __ discurso e __ retórica, podendo dizer-se que não é o motivo que conta na criação __ um poema, mas sim as técnicas utilizadas, a capacidade __ exibição __ efeitos estéticos e o jogo verbal dos conceitos, __ modo __ deslumbrar o leitor. Isto é, o mais importante não é o fim, mas sim o meio. Cremos não ser ocioso repetir que a figura dominante da poesia barroca é a metáfora artisticamente formulada. Também a hipérbole tem o seu lugar privilegiado nas técnicas do Barroco, dado o gosto desenfreado pelo exagero e o excesso, o arrebatado e o maravilhoso. A antítese, figura utilizada pelos clássicos (recorde-se Camões: «Amor é fogo que arde __ se ver; / É ferida que dói e não se sente; / É um contentamento descontente; / É dor que desatina __ doer»), é igualmente adoptada pelos poetas barrocos, __ o simples propósito __ gerar conflitos intelectuais, pela justaposição dos contrários, ou simplesmente __ exibição __ exercícios lúdicos. A metáfora, a hipérbole e a antítese, como diz Maria Lucília Pires, «são figuras nucleares na poética barroca», concretizando vectores relevantes da sensibiidade estética da época.
O barroquismo manifestou-se __ nós __ dois géneros literários distintos: na poesia lírica e na oratória, dois campos propícios __ o culto da exaltação literária, __ a prática __ construções sintácticas __ grande engenho, nas quais a metáfora fantasista reina __ a maior exuberância à margem das regras preestabelecidas pelos renascentistas, e __ articulações semânticas que imprimem exuberância ao discurso, mas que muitas vezes o esvaziam __ qualquer sentido científico. A beleza literária do Barroco deixou __ buscar as clássicas formas cristalinas e as expressões claras e harmoniosas, __ se envolver __ exercícios prolixos __ sentido obscuro, __ recurso permanente ao empolamento metafórico e jocoso, quando não burlesco. As características temáticas do Barroco, quer na prosa empolada da oratória quer na expressão lírica, religiosa ou profana, são muitas vezes inspiradas __ Camões e Petrarca, que aparecem parodiados __ linguagem exuberante. O engenho __ que Camões se referia na segunda estrofe do canto primeiro («Cantando espalharei __ toda a parte, / Se __ tanto me ajudar engenho e arte») nada tem __ ver __ o engenho barroco, que nele busca apenas a agudeza dos conceitos e a subtileza das ideias. [...]
Na arte musical, o Barroco começou no último terço do século XVI, __ o aparecimento __ um novo estilo, seguindo rigorosamente os preceitos canónicos tridentinos, que permitiram o desenvolvimento do cântico secular, devidamente adaptado aos padrões religiosos, passando __ uma segunda fase, que abrange todo o século XVII, o século barroco __ excelência nas outras artes, que permitiu a criação __ novas formas musicais, incluindo a ópera, a sonata, o concerto e o oratório. Finalmente, numa terceira fase, que vai __ meados do século XVIII, surge o barroco mais elaborado, período __ que brilharam __ grande fulgor Johann Sebastian Bach e Jorg Friedrich Haendel. Talvez __ ironia do destino, estes dois grandes compositores estão do lado __ lá da Contra-Reforma: Bach era luterano e Haendel era luterano-anglicano. [...]
Preposição / Contracção (Prep + Det)
a /__
ante / __
após / __
até / __
com / __
conforme / __
contra / __
de / __
desde / __
durante / __
em / __
entre / __
excepto / __
mediante / __
para / __
perante / __
por / __
salvo / __
segundo / __
sem / __
sob / __
sobre / __
trás / __
Além das preposições simples — as da tabela em cima —, há muitas locuções prepositivas (resultantes da junção de preposições, nomes e, até, advérbios): abaixo de; acima de; ao lado de; além de; cerca de; em torno de; perto de; ao pé de; em vez de; antes de; diante de; depois de; longe de; através de; dentro de; a respeito de; para com; fora de; graças a; por causa de; em favor de; etc.
As preposições introduzem grupos (sintagmas) preposicionais. Muitos dos grupos preposicionais correspondem a funções sintácticas bastantes típicas: {Completa}
Frase (com grupo preposicional a negro) / Função sintáctica do GP / PrepVou dar um trevo ao elefante. / Complemento _________ / ___
Vi o programa do Bruno Aleixo./ Complemento _________ / ___
Nos próximos minutos, assistiremos a um sketch pornográfico. / Complemento _______ /___
O Busto foi desmentido pelo Bruno. / Complemento _________ /___
No sketch «Fala correctamente o português. Ouvistes?» (série Zé Carlos), apontam-se duas modas linguísticas recentes. {Completa}
A primeira consiste em usar-se a ________, omitindo o restante grupo preposicional. Talvez porque, dado o contexto, fique muito implícito o que se quer dizer, o locutor pode dar-se ao luxo de suspender a frase logo depois de pronunciar a preposição. Ora realística ora caricaturalmente, o professor ________ (nota que o nome corresponde, efectivamente, àquele que se pode considerar o primeiro linguista português — contemporâneo, por exemplo, de Eça de Queirós) ou o apresentador dizem {circunda as preposições} «Podemos não ter chegado a»; «Mas estamos a caminhar para»; «Fiz uma tentativa de»; «Esperamos estar cá para».
A segunda é começar frases por _________, quando se esperaria o uso de outro tempo, com pessoa: «Em primeiro lugar, dizer que [...]»; «Antes de continuarmos, aplaudir [...]»; «Antes de mais, registar [...]». (Um pouco à margem deste tique, repara que nas frases fica claro um dos papéis que podem ter os grupos preposicionais, o de conectores: é o caso de «Em primeiro lugar», «Antes de continuarmos», «Antes de mais». Outras classes gramaticais que cumprem frequentemente esse papel de estabelecer relações entre segmentos textuais são a conjunção, o próprio advérbio.)
Os dois fenómenos caricaturados (suspensão da frase na preposição; começo da frase por um infinitivo) são talvez evoluções em curso na língua portuguesa, relativas a mudanças de ordem _________ {sintáctica / semântica / fonética / ortográfica / pragmática}.
No tal sketch chocante da série Barbosa — que trago apenas por amor à gramática —, reflecte-se sobre um problema que, ao usarmos preposições, se nos põe muitas vezes, as exactas regências (ou regimes). Há até dicionários para prevenir estas dificuldades, os dicionários de regências.
Sem abrires o manual, completa os trechos a seguir, a que retirei apenas as preposições. Depois, na tabela, põe um visto junto de cada preposição assim abonada. Finalmente, nestes parágrafos, circunda as contracções (preposição + determinante) que haja e copia exemplos para a tabela — uma contracção por cada uma das preposições.
A palavra barroco, ou baroco, cuja origem os italianos, os franceses, os ingleses nunca reivindicaram como sua, parece ser oriunda do português ou do espanhol, __ partir da palavra árabe burka, __ o significado __ «pérola irregular». Da forma peninsular terá saído a palavra baroque, primeiro __ francês e depois __ inglês, e, __ fim, barock __ alemão.
Como expressão artística, o Barroco, __ todo o seu dramatismo sensacional e emotivo, começou __ ser uma atitude premeditada e opressiva __ cariz sócio-religioso, mais religioso do que social, e até filosófico, __ todas as formas artísticas afectadas ou apoiadas pela Reforma religiosa do século XVI, que tantas querelas gerou, não só ao nível teológico e bíblico, como também ao nível político e até filosófico. É __ essa razão que a Companhia __ Jesus esteve sempre na vanguarda __ todo o movimento barroquista, __ partir __ Itália, __ nítidos reflexos __ Portugal, o que levou __ classificar o Barroco __ estilo jesuíta. [...]
Na concepção poética do Barroco está subjacente a transfiguração da realidade, criada através __ figuras __ discurso e __ retórica, podendo dizer-se que não é o motivo que conta na criação __ um poema, mas sim as técnicas utilizadas, a capacidade __ exibição __ efeitos estéticos e o jogo verbal dos conceitos, __ modo __ deslumbrar o leitor. Isto é, o mais importante não é o fim, mas sim o meio. Cremos não ser ocioso repetir que a figura dominante da poesia barroca é a metáfora artisticamente formulada. Também a hipérbole tem o seu lugar privilegiado nas técnicas do Barroco, dado o gosto desenfreado pelo exagero e o excesso, o arrebatado e o maravilhoso. A antítese, figura utilizada pelos clássicos (recorde-se Camões: «Amor é fogo que arde __ se ver; / É ferida que dói e não se sente; / É um contentamento descontente; / É dor que desatina __ doer»), é igualmente adoptada pelos poetas barrocos, __ o simples propósito __ gerar conflitos intelectuais, pela justaposição dos contrários, ou simplesmente __ exibição __ exercícios lúdicos. A metáfora, a hipérbole e a antítese, como diz Maria Lucília Pires, «são figuras nucleares na poética barroca», concretizando vectores relevantes da sensibiidade estética da época.
O barroquismo manifestou-se __ nós __ dois géneros literários distintos: na poesia lírica e na oratória, dois campos propícios __ o culto da exaltação literária, __ a prática __ construções sintácticas __ grande engenho, nas quais a metáfora fantasista reina __ a maior exuberância à margem das regras preestabelecidas pelos renascentistas, e __ articulações semânticas que imprimem exuberância ao discurso, mas que muitas vezes o esvaziam __ qualquer sentido científico. A beleza literária do Barroco deixou __ buscar as clássicas formas cristalinas e as expressões claras e harmoniosas, __ se envolver __ exercícios prolixos __ sentido obscuro, __ recurso permanente ao empolamento metafórico e jocoso, quando não burlesco. As características temáticas do Barroco, quer na prosa empolada da oratória quer na expressão lírica, religiosa ou profana, são muitas vezes inspiradas __ Camões e Petrarca, que aparecem parodiados __ linguagem exuberante. O engenho __ que Camões se referia na segunda estrofe do canto primeiro («Cantando espalharei __ toda a parte, / Se __ tanto me ajudar engenho e arte») nada tem __ ver __ o engenho barroco, que nele busca apenas a agudeza dos conceitos e a subtileza das ideias. [...]
Na arte musical, o Barroco começou no último terço do século XVI, __ o aparecimento __ um novo estilo, seguindo rigorosamente os preceitos canónicos tridentinos, que permitiram o desenvolvimento do cântico secular, devidamente adaptado aos padrões religiosos, passando __ uma segunda fase, que abrange todo o século XVII, o século barroco __ excelência nas outras artes, que permitiu a criação __ novas formas musicais, incluindo a ópera, a sonata, o concerto e o oratório. Finalmente, numa terceira fase, que vai __ meados do século XVIII, surge o barroco mais elaborado, período __ que brilharam __ grande fulgor Johann Sebastian Bach e Jorg Friedrich Haendel. Talvez __ ironia do destino, estes dois grandes compositores estão do lado __ lá da Contra-Reforma: Bach era luterano e Haendel era luterano-anglicano. [...]
Preposição / Contracção (Prep + Det)
a /__
ante / __
após / __
até / __
com / __
conforme / __
contra / __
de / __
desde / __
durante / __
em / __
entre / __
excepto / __
mediante / __
para / __
perante / __
por / __
salvo / __
segundo / __
sem / __
sob / __
sobre / __
trás / __
Além das preposições simples — as da tabela em cima —, há muitas locuções prepositivas (resultantes da junção de preposições, nomes e, até, advérbios): abaixo de; acima de; ao lado de; além de; cerca de; em torno de; perto de; ao pé de; em vez de; antes de; diante de; depois de; longe de; através de; dentro de; a respeito de; para com; fora de; graças a; por causa de; em favor de; etc.
As preposições introduzem grupos (sintagmas) preposicionais. Muitos dos grupos preposicionais correspondem a funções sintácticas bastantes típicas: {Completa}
Frase (com grupo preposicional a negro) / Função sintáctica do GP / PrepVou dar um trevo ao elefante. / Complemento _________ / ___
Vi o programa do Bruno Aleixo./ Complemento _________ / ___
Nos próximos minutos, assistiremos a um sketch pornográfico. / Complemento _______ /___
O Busto foi desmentido pelo Bruno. / Complemento _________ /___
No sketch «Fala correctamente o português. Ouvistes?» (série Zé Carlos), apontam-se duas modas linguísticas recentes. {Completa}
A primeira consiste em usar-se a ________, omitindo o restante grupo preposicional. Talvez porque, dado o contexto, fique muito implícito o que se quer dizer, o locutor pode dar-se ao luxo de suspender a frase logo depois de pronunciar a preposição. Ora realística ora caricaturalmente, o professor ________ (nota que o nome corresponde, efectivamente, àquele que se pode considerar o primeiro linguista português — contemporâneo, por exemplo, de Eça de Queirós) ou o apresentador dizem {circunda as preposições} «Podemos não ter chegado a»; «Mas estamos a caminhar para»; «Fiz uma tentativa de»; «Esperamos estar cá para».
A segunda é começar frases por _________, quando se esperaria o uso de outro tempo, com pessoa: «Em primeiro lugar, dizer que [...]»; «Antes de continuarmos, aplaudir [...]»; «Antes de mais, registar [...]». (Um pouco à margem deste tique, repara que nas frases fica claro um dos papéis que podem ter os grupos preposicionais, o de conectores: é o caso de «Em primeiro lugar», «Antes de continuarmos», «Antes de mais». Outras classes gramaticais que cumprem frequentemente esse papel de estabelecer relações entre segmentos textuais são a conjunção, o próprio advérbio.)
Os dois fenómenos caricaturados (suspensão da frase na preposição; começo da frase por um infinitivo) são talvez evoluções em curso na língua portuguesa, relativas a mudanças de ordem _________ {sintáctica / semântica / fonética / ortográfica / pragmática}.
No tal sketch chocante da série Barbosa — que trago apenas por amor à gramática —, reflecte-se sobre um problema que, ao usarmos preposições, se nos põe muitas vezes, as exactas regências (ou regimes). Há até dicionários para prevenir estas dificuldades, os dicionários de regências.
É que, como elementos de relação, as preposições têm o seu significado muito associado ao nome que se lhes siga mas também dependem dos verbos que as precedam. A polivalência das preposições (e os matizes de sentido que os verbos, ao seleccionarem-nas, podem ganhar) leva a que facilmente as troquemos. {Completa}
Já todos ouvimos / Mas o que está bem é
Isto parece-se a / Isto parece-se _____
Prefiro este do que aquele / Prefiro este _____
Ficou sobre a jurisdição de / Ficou _____ a jurisdição de
Tem a haver com / Tem ___ ver com
Aonde moras? / ________ moras?
Dá-me de força / Dá-me _____ força
Tenho que ir / Tenho ____ ir
Compara esta folha àquela / Compara esta folha _____ aquela
O gelado que gosto mais / O gelado ____ que gosto mais
As pessoas que falei / As pessoas ____ que falei
Hades de cá vir / Hás-___ cá vir
Na última linha, o erro não resulta propriamente de má escolha da preposição, mas de se flexionar mal a forma verbal. Como se faz uma analogia com outras segundas pessoas do singular, que terminam em –s, cria-se uma forma terminada em –s, amalgamando a preposição. É o mesmo processo que leva a que, por vezes, se use, para a terceira pessoa do plural, «hadem» (em vez da forma correcta «________»).
Um erro ortográfico que tenho procurado advertir em redacções vossas é a contracção de preposições com os determinantes ou pronomes que se lhes seguem quando estes começam orações (infinitivas). Escreve as formas correctas (contraídas ou não):
Foi o facto de ele ter mentido que me agradou. ________
Apesar de ela ser bonita, é muito feia. ________
Diz a o polícia que morri. ________
Gostava de os avisar de que a lontra adoeceu ________
TPC — Prepara a leitura (compreensão) de «Como Ésquilo ganhou fama de pai da tragédia» (Antologia, 97-99).
Soluções
A palavra barroco, ou baroco, cuja origem os italianos, os franceses, os ingleses nunca reivindicaram como sua, parece ser oriunda do português ou do espanhol, a partir da palavra árabe burka, com o significado de «pérola irregular». Da forma peninsular terá saído a palavra baroque, primeiro em francês e depois em inglês, e, por fim, barock em alemão.
Como expressão artística, o Barroco, com todo o seu dramatismo sensacional e emotivo, começou por ser uma atitude premeditada e opressiva de cariz sócio-religioso, mais religioso do que social, e até filosófico, contra todas as formas artísticas afectadas ou apoiadas pela Reforma religiosa do século XVI, que tantas querelas gerou, não só ao nível teológico e bíblico, como também ao nível político e até filosófico. É por essa razão que a Companhia de Jesus esteve sempre na vanguarda de todo o movimento barroquista, a partir de Itália, com nítidos reflexos em Portugal, o que levou a classificar o Barroco de estilo jesuíta. [...]
Na concepção poética do Barroco está subjacente a transfiguração da realidade, criada através de figuras de discurso e de retórica, podendo dizer-se que não é o motivo que conta na criação de um poema, mas sim as técnicas utilizadas, a capacidade de exibição de efeitos estéticos e o jogo verbal dos conceitos, de modo a deslumbrar o leitor. Isto é, o mais importante não é o fim, mas sim o meio. Cremos não ser ocioso repetir que a figura dominante da poesia barroca é a metáfora artisticamente formulada. Também a hipérbole tem o seu lugar privilegiado nas técnicas do Barroco, dado o gosto desenfreado pelo exagero e o excesso, o arrebatado e o maravilhoso. A antítese, figura utilizada pelos clássicos (recorde-se Camões: «Amor é fogo que arde sem se ver; / É ferida que dói e não se sente; / É um contentamento descontente; / É dor que desatina sem doer»), é igualmente adoptada pelos poetas barrocos, com o simples propósito de gerar conflitos intelectuais, pela justaposição dos contrários, ou simplesmente para exibição de exercícios lúdicos. A metáfora, a hipérbole e a antítese, como diz Maria Lucília Pires, «são figuras nucleares na poética barroca», concretizando vectores relevantes da sensibiidade estética da época.
O barroquismo manifestou-se entre nós em dois géneros literários distintos: na poesia lírica e na oratória, dois campos propícios para o culto da exaltação literária, para a prática de construções sintácticas de grande engenho, nas quais a metáfora fantasista reina com a maior exuberância à margem das regras preestabelecidas pelos renascentistas, e de articulações semânticas que imprimem exuberância ao discurso, mas que muitas vezes o esvaziam de qualquer sentido científico. A beleza literária do Barroco deixou de buscar as clássicas formas cristalinas e as expressões claras e harmoniosas, para se envolver em exercícios prolixos de sentido obscuro, com recurso permanente ao empolamento metafórico e jocoso, quando não burlesco. As características temáticas do Barroco, quer na prosa empolada da oratória quer na expressão lírica, religiosa ou profana, são muitas vezes inspiradas em Camões e Petrarca, que aparecem parodiados em linguagem exuberante. O engenho a que Camões se referia na segunda estrofe do canto primeiro («Cantando espalharei por toda a parte, / Se a tanto me ajudar engenho e arte») nada tem a ver com o engenho barroco, que nele busca apenas a agudeza dos conceitos e a subtileza das ideias. [...]
Na arte musical, o Barroco começou no último terço do século XVI, com o aparecimento de um novo estilo, seguindo rigorosamente os preceitos canónicos tridentinos, que permitiram o desenvolvimento do cântico secular, devidamente adaptado aos padrões religiosos, passando a uma segunda fase, que abrange todo o século XVII, o século barroco por excelência nas outras artes, que permitiu a criação de novas formas musicais, incluindo a ópera, a sonata, o concerto e o oratório. Finalmente, numa terceira fase, que vai até meados do século XVIII, surge o barroco mais elaborado, período em que brilharam com grande fulgor Johann Sebastian Bach e Jorg Friedrich Haendel. Talvez por ironia do destino, estes dois grandes compositores estão do lado de lá da Contra-Reforma: Bach era luterano e Haendel era luterano-anglicano. [...]
a // ao / à
ante
após
até
com
conforme
contra
de // do / da / dos / das
desde
durante
em // na / nas / numa / *nele
entre
excepto
mediante
para
perante
por // pelo / pela / pelos
salvo
segundo
sem
sob
sobre
(trás)
Vou dar um trevo ao elefante. / Complemento indirecto / a
Vi o programa do Bruno Aleixo. / Complemento determinativo / de
Nos próximos minutos, assistiremos a um sketch pornográfico. / Complemento circunstancial / em
O Busto foi desmentido pelo Bruno. / Complemento agente da passiva / por
A primeira consiste em usar-se a preposição, omitindo o restante grupo preposicional. Talvez porque, dado o contexto, fique muito implícito o que se quer dizer, o locutor pode dar-se ao luxo de suspender a frase logo depois de pronunciar a preposição.
Ora realística ora caricaturalmente, o professor Adolfo Coelho (nota que o nome corresponde, efectivamente, àquele que se pode considerar o primeiro linguista português — contemporâneo, por exemplo, de Eça de Queirós) ou o apresentador dizem «Podemos não chegado a»; «Mas estamos a caminhar para»; «Fiz uma tentativa de»; «Esperamos estar cá para».
A segunda é começar frases por infinitivos, quando se esperaria o uso de outro tempo, com pessoa: «Em primeiro lugar, dizer que [...]»; «Antes de continuarmos, aplaudir [...]»; «Antes de mais, registar [...]».
(Um pouco à margem deste tique, repara que nas frases fica claro um dos papéis que podem ter os grupos preposicionais, o de conectores: é o caso de «Em primeiro lugar», «Antes de continuarmos», «Antes de mais». Outras classes gramaticais que cumprem frequentemente esse papel de estabelecer relações entre segmentos textuais são a conjunção, o próprio advérbio.)
Os dois fenómenos caricaturados (suspensão da frase na preposição; começo da frase por um infinitivo) são talvez evoluções em curso na língua portuguesa, relativas a mudanças de ordem sintáctica.
Isto parece-se com
Prefiro este àquele
Ficou sob a jurisdição de
Tem a ver com
Onde moras?
Dá-me com força
Tenho de ir
Compara esta folha com aquela
O gelado de que gosto mais
As pessoas com que falei
Hás-de vir
Na última linha, o erro não resulta propriamente de má escolha da preposição, mas de se flexionar mal a forma verbal. Como se faz uma analogia com outras segundas pessoas do singular, que terminam em –s, cria-se uma forma terminada em –s, amalgamando a preposição. É o mesmo processo que leva a que, por vezes, se use, para a terceira pessoa do plural, «hadem» (em vez da forma correcta «hão-de»).
Foi o facto de ele ter mentido que me agradou. // de ele
Apesar de ela ser bonita, é muito feia. // de ela
Diz a o polícia que morri. // ao
Gostava de os avisar de que a lontra adoeceu // de os
A palavra barroco, ou baroco, cuja origem os italianos, os franceses, os ingleses nunca reivindicaram como sua, parece ser oriunda do português ou do espanhol, a partir da palavra árabe burka, com o significado de «pérola irregular». Da forma peninsular terá saído a palavra baroque, primeiro em francês e depois em inglês, e, por fim, barock em alemão.
Como expressão artística, o Barroco, com todo o seu dramatismo sensacional e emotivo, começou por ser uma atitude premeditada e opressiva de cariz sócio-religioso, mais religioso do que social, e até filosófico, contra todas as formas artísticas afectadas ou apoiadas pela Reforma religiosa do século XVI, que tantas querelas gerou, não só ao nível teológico e bíblico, como também ao nível político e até filosófico. É por essa razão que a Companhia de Jesus esteve sempre na vanguarda de todo o movimento barroquista, a partir de Itália, com nítidos reflexos em Portugal, o que levou a classificar o Barroco de estilo jesuíta. [...]
Na concepção poética do Barroco está subjacente a transfiguração da realidade, criada através de figuras de discurso e de retórica, podendo dizer-se que não é o motivo que conta na criação de um poema, mas sim as técnicas utilizadas, a capacidade de exibição de efeitos estéticos e o jogo verbal dos conceitos, de modo a deslumbrar o leitor. Isto é, o mais importante não é o fim, mas sim o meio. Cremos não ser ocioso repetir que a figura dominante da poesia barroca é a metáfora artisticamente formulada. Também a hipérbole tem o seu lugar privilegiado nas técnicas do Barroco, dado o gosto desenfreado pelo exagero e o excesso, o arrebatado e o maravilhoso. A antítese, figura utilizada pelos clássicos (recorde-se Camões: «Amor é fogo que arde sem se ver; / É ferida que dói e não se sente; / É um contentamento descontente; / É dor que desatina sem doer»), é igualmente adoptada pelos poetas barrocos, com o simples propósito de gerar conflitos intelectuais, pela justaposição dos contrários, ou simplesmente para exibição de exercícios lúdicos. A metáfora, a hipérbole e a antítese, como diz Maria Lucília Pires, «são figuras nucleares na poética barroca», concretizando vectores relevantes da sensibiidade estética da época.
O barroquismo manifestou-se entre nós em dois géneros literários distintos: na poesia lírica e na oratória, dois campos propícios para o culto da exaltação literária, para a prática de construções sintácticas de grande engenho, nas quais a metáfora fantasista reina com a maior exuberância à margem das regras preestabelecidas pelos renascentistas, e de articulações semânticas que imprimem exuberância ao discurso, mas que muitas vezes o esvaziam de qualquer sentido científico. A beleza literária do Barroco deixou de buscar as clássicas formas cristalinas e as expressões claras e harmoniosas, para se envolver em exercícios prolixos de sentido obscuro, com recurso permanente ao empolamento metafórico e jocoso, quando não burlesco. As características temáticas do Barroco, quer na prosa empolada da oratória quer na expressão lírica, religiosa ou profana, são muitas vezes inspiradas em Camões e Petrarca, que aparecem parodiados em linguagem exuberante. O engenho a que Camões se referia na segunda estrofe do canto primeiro («Cantando espalharei por toda a parte, / Se a tanto me ajudar engenho e arte») nada tem a ver com o engenho barroco, que nele busca apenas a agudeza dos conceitos e a subtileza das ideias. [...]
Na arte musical, o Barroco começou no último terço do século XVI, com o aparecimento de um novo estilo, seguindo rigorosamente os preceitos canónicos tridentinos, que permitiram o desenvolvimento do cântico secular, devidamente adaptado aos padrões religiosos, passando a uma segunda fase, que abrange todo o século XVII, o século barroco por excelência nas outras artes, que permitiu a criação de novas formas musicais, incluindo a ópera, a sonata, o concerto e o oratório. Finalmente, numa terceira fase, que vai até meados do século XVIII, surge o barroco mais elaborado, período em que brilharam com grande fulgor Johann Sebastian Bach e Jorg Friedrich Haendel. Talvez por ironia do destino, estes dois grandes compositores estão do lado de lá da Contra-Reforma: Bach era luterano e Haendel era luterano-anglicano. [...]
a // ao / à
ante
após
até
com
conforme
contra
de // do / da / dos / das
desde
durante
em // na / nas / numa / *nele
entre
excepto
mediante
para
perante
por // pelo / pela / pelos
salvo
segundo
sem
sob
sobre
(trás)
Vou dar um trevo ao elefante. / Complemento indirecto / a
Vi o programa do Bruno Aleixo. / Complemento determinativo / de
Nos próximos minutos, assistiremos a um sketch pornográfico. / Complemento circunstancial / em
O Busto foi desmentido pelo Bruno. / Complemento agente da passiva / por
A primeira consiste em usar-se a preposição, omitindo o restante grupo preposicional. Talvez porque, dado o contexto, fique muito implícito o que se quer dizer, o locutor pode dar-se ao luxo de suspender a frase logo depois de pronunciar a preposição.
Ora realística ora caricaturalmente, o professor Adolfo Coelho (nota que o nome corresponde, efectivamente, àquele que se pode considerar o primeiro linguista português — contemporâneo, por exemplo, de Eça de Queirós) ou o apresentador dizem «Podemos não chegado a»; «Mas estamos a caminhar para»; «Fiz uma tentativa de»; «Esperamos estar cá para».
A segunda é começar frases por infinitivos, quando se esperaria o uso de outro tempo, com pessoa: «Em primeiro lugar, dizer que [...]»; «Antes de continuarmos, aplaudir [...]»; «Antes de mais, registar [...]».
(Um pouco à margem deste tique, repara que nas frases fica claro um dos papéis que podem ter os grupos preposicionais, o de conectores: é o caso de «Em primeiro lugar», «Antes de continuarmos», «Antes de mais». Outras classes gramaticais que cumprem frequentemente esse papel de estabelecer relações entre segmentos textuais são a conjunção, o próprio advérbio.)
Os dois fenómenos caricaturados (suspensão da frase na preposição; começo da frase por um infinitivo) são talvez evoluções em curso na língua portuguesa, relativas a mudanças de ordem sintáctica.
Isto parece-se com
Prefiro este àquele
Ficou sob a jurisdição de
Tem a ver com
Onde moras?
Dá-me com força
Tenho de ir
Compara esta folha com aquela
O gelado de que gosto mais
As pessoas com que falei
Hás-de vir
Na última linha, o erro não resulta propriamente de má escolha da preposição, mas de se flexionar mal a forma verbal. Como se faz uma analogia com outras segundas pessoas do singular, que terminam em –s, cria-se uma forma terminada em –s, amalgamando a preposição. É o mesmo processo que leva a que, por vezes, se use, para a terceira pessoa do plural, «hadem» (em vez da forma correcta «hão-de»).
Foi o facto de ele ter mentido que me agradou. // de ele
Apesar de ela ser bonita, é muito feia. // de ela
Diz a o polícia que morri. // ao
Gostava de os avisar de que a lontra adoeceu // de os
Aula 30 (8 ou 9/Jan) Vai relendo «Como Ésquilo ganhou fama de pai da tragédia» (Antologia, 97-99) e circunda a melhor alínea de cada item.
O grupo preposicional «de cepa ateniense» (linha 1) indica-nos que Ésquilo era
a) de família de Atenas.
b) um cepo ateniense.
c) de origem romana.
d) um esquilo grego.
Segundo o que se diz no primeiro parágrafo, Ésquilo
a) era maratonista.
b) participou numa maratona.
c) entrou numa batalha.
d) participou, com Cinégiro, numa maratona.
Também segundo o primeiro parágrafo,
a) Amínias elogiou o heroísmo de Eléctrodo.
b) Heródoto elogiou o heroísmo de Ésquilo.
c) Heródoto elogiou Cinégiro.
d) Cinégiro elogiou Heródoto.
Ainda segundo o primeiro parágrafo, Ésquilo participou no combate
a) do Salame, com o irmão Chocolate.
b) de Salamina, com o irmão Cinégiro.
c) de Plateias*, com o mais jovem dos seus irmãos, Amínias. [*k em «Plat(k)eias» é gralha do manual]
d) de Salamina, tal como Amínias.
Se vivesse hoje, Píndaro teria
a) mais de 2500 anos.b) pouco mais de 1500 anos.
c) cerca de 500 anos.
d) menos de 500 anos.
Segundo o que se depreende das linhas 11-13,
a) antes de Ésquilo não havia actores.
b) antes de Ésquilo só um actor actuava em cada peça.c) Ésquilo criou o coro.
d) Ésquilo criou o protagonista.
Ainda segundo o segundo parágrafo, Cleandro e Miniscos de Cálcis foram
a) actores contemporâneos de Ésquilo.b) actores de épocas anteriores à de Ésquilo.
c) actores que viveram depois de Ésquilo.
d) rivais de Ésquilo.
Mudanças na estrutura da representação, nos figurinos, na disposição dos coros foram da responsabilidade de
a) Filóstrato e Ésquilo.
b) Ésquilo.c) Filóstrato.
d) Cleandro e Miniscos de Cálcis.
Segundo se nos diz no terceiro parágrafo, a escrita de Ésquilo era
a) barroca.
b) equilibrada.c) rica.
d) majestosa.
No quarto parágrafo, dá-se ênfase à
a) polivalência de Ésquilo.b) magnificência da representação de Ésquilo.
c) criatividade cenográfica de Ésquilo.
d) escrita de Ésquilo.
Segundo lemos no quarto parágrafo, numa das peças de Ésquilo,
a) há uma criança que perde os sentidos e uma grávida que dá à luz prematuramente.
b) certos aspectos da encenação provocavam verdadeira emoção junto dos espectadores.
c) as crianças davam à luz prematuramente.
d) o coro era constituído por grávidas.
Ésquilo defendia que
a) se deviam aterrorizar crianças e grávidas.
b) a violência não devia ser mostrada em palco.c) era preferível haver violência em palco do que na plateia.
d) era preferível mostrar a violência no teatro do que na vida real.
Segundas as linhas 46-50, Péricles
a) escreveu Os Persas.
b) patrocinou a representação de Os Persas.c) representou Os Persas.
d) encarregou-se da encenação de Os Persas.
Depois de 458, Ésquilo retirou-se de Atenas,
a) aparentemente em resultado de indícios de decadência da sua carreira.b) por ter ruído a bancada do teatro em que dava uma representação.
c) por ter roído a bancada do teatro em que dava uma representação.
d) para fugir ao ditador Hierão.
Segundo a lenda, Ésquilo terá morrido por ter sido
a) levantado no ar por uma águia e por ela ter sido precipitado sobre rochas.
b) levantado no ar por uma tartaruga e por ela ter sido precipitado sobre o céu.
c) violentado por uma tartaruga caída do céu.d) depenicado por uma águia.
No epitáfio de Ésquilo — talvez escrito pelo próprio poeta —, salienta-se a sua
a) acção militar.b) hirsutez.
c) arte de tragediógrafo.
d) capacidade dramática.
Dos trabalhos de Ésquilo temos acesso hoje a, entre outros,
a) Os Persas, Psicostasia, Salaminas.
b) Os Persas, Oresteia, Prometeu Agrilhoado.c) Os Persas, Prometeu Grelhado, Penélope.
d) Os Persas, Psicostasia, Prometeu Agrilhoado.
Nas pp. 100-101 do manual, temos o início de Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett. Na verdade, nessas duas páginas temos o início do livro, já que a peça, se entendida como texto representado — as falas —, começa só na linha 5 da p. 101 (até à l. 14; e depois entre linhas 2-10 da cena II).
Ou seja, grande parte destas páginas é de didascália. {Vai completando} Estas didascálias servem para indicar o género teatral (_____), registando-se também a primeira representação; as pessoas (são _____ personagens, além de um coro de frades e de outros figurantes); o _______ do primeiro acto; e, já dentro da divisão em cenas, a situação das personagens no palco, os aspectos gestuais, etc., por vezes até intercalados nas falas, sempre em itálico.
Em folha solta, cria o começo de um livro de teatro, incluindo as mesmas «secções»:
Título da peça
Género (drama, tragédia, comédia) — podes prescindir da indicação de representação (mas, se quiseres, podes também criá-la)
Lista de Pessoas (personagens)
O lugar da cena (isto é, onde se passa o primeiro acto)
Acto Primeiro [O Cenário do:]
Duas cenas: Cena I / Cena II
Espero quantidade de texto semelhante à das duas páginas de que venho falando. Deves seguir também a disposição típica dos textos teatrais. Quanto a assunto, nada estipulo, mas prefiro que o texto seja verosímil. Como é óbvio, a peça ficará suspensa a partir da segunda cena, pouco avançando em termos de acção.
Como sabes, o que define a mudança de cena é a entrada (ou a saída) de personagens. O teu texto tem de ter duas cenas, mas não é obrigatório que, como acontece na peça de Garrett, na primeira cena haja uma só personagem e, na segunda, duas.
Se necessário, vê os verbetes de «didascália», «acto», «drama», «tragédia», «comédia», «tragicomédia» (Antonino Solmer, Manual de Teatro, 2.ª ed., Temas & Debates, 2003):
Didascália — Texto secundário de uma peça de teatro (por oposição ao texto principal, constituído pelas falas das personagens), atribuível ao autor da peça e que dá indicações para a execução cénica da mesma. O termo tem origem na tragédia grega, quando o poeta dramático acumulava as suas funções com a de «encenador», ou didascalos, que significa literalmente instrutor. Por esta razão, também os textos antigos da tragédia não possuem quaisquer indicações didascálicas, uma vez que o didascalos estava presente...
Acto — Divisão da obra dramática em partes, em função do tempo e da sequência narrativa. No espectáculo, podem ou não ser seguidas essas rupturas.
Tragédia — Do grego «canção do bode» (animal que os Gregos sacrificavam aos deuses). Segundo a clássica definição de Aristóteles, a tragédia é uma imitação de uma acção elevada efectuada por personagens em acção no meio de um relato que, suscitando compaixão e temor, leva a cabo a purgação de emoções por parte do público (catarse).
Comédia — Termo que provém dos antigos ritos dionisíacos gregos. Género dedicado aos procedimentos cómicos que a opõem à tragédia, e que se caracteriza por: personagens de baixo estatuto social, desenlace feliz e a finalidade de provocar o riso do espectador. Mais tarde, o termo irá manter-se, aplicado ao género que se opõe ao drama. A comédia pode ser no entanto de vários tipos, de que os principais serão a alta comédia e a baixa comédia. Esta última é caracterizada pela utilização de recursos da farsa e do gag, enquanto a primeira recorre a uma linguagem cuidada, marcada por subtilezas intelectuais e psicológicas. Outros tipos possíveis de comédia são: comédia de capa e espada (cuja intriga envolve nobres e cavaleiros); comédia de costumes (que analisa os comportamentos sociais em situação); comédia musical (que integra música e canções); comédia de situações ou de equívocos (caracterizada pela rapidez do desenvolvimento da acção, com um cómico baseado no efeito de surpresa e no quiproquó), etc.
Tragicomédia — Género que designa um híbrido de tragédia e comédia definido em função de três elementos fundamentais: as personagens (pertencem a estratos populares e aristocráticos, anulando a fronteira de exigências de cada um dos géneros); a acção (que aqui não termina em catástrofe nem na morte do herói) e estilo (entremeado de linguagem simultaneamente enfática e vulgar).
Drama — Do grego drama (acção). Género híbrido entre a tragédia e a comédia, que começou por veicular os temas que não cabiam em nenhum dos dois grandes géneros. A partir do séc. XVIII, com Diderot, o chamado drama burguês que, sendo um género sério, não exclui elementos cómicos, realistas e patéticos, funciona de facto como um género «a meio-termo» entre os dois grandes géneros clássicos, uma vez que também os protagonistas fazem parte de uma nova classe média, entre a aristocracia trágica e a classe baixa cómica. Os sentimentos a que apela este género serão também outros: visando urna reflexão filosofante a partir de situações apresentadas de forma realista, o drama burguês não visa nem a catarse da tragédia nem o riso da comédia, mas antes o apelo à lágrima e à reflexão. Na actualidade, a palavra «drama» já não se limita a um género específico, tendo, grosso modo, passado a designar-se por drama tudo o que não é cómico. Em certas correntes, a expressão revela-se ainda mais abrangente: em inglês, por exemplo, a palavra aplica-se a todo o género teatral (uma escola de teatro é uma Drama school...). Entre os subgéneros do drama, tal como na comédia, encontram-se termos como drama histórico (cuja acção se desenrola numa época recuada em relação àquela em que foi escrita, podendo incluir reconstituições de factos historicamente acontecidos), drama lírico (a ópera, o teatro cantado), drama litúrgico (género medieval que inclui os mistérios e os milagres), etc.
TPC — (i) Lê o documento «Drama» (Antologia, 157-159); (ii) Em folha solta, responde, breve mas perfeitamente, ao item 1.1 da p. 117 de Antologia. (Nada de aproveitares a resposta de outro colega, vista à pressa no intervalo ou em outra disciplina.)
O grupo preposicional «de cepa ateniense» (linha 1) indica-nos que Ésquilo era
a) de família de Atenas.
b) um cepo ateniense.
c) de origem romana.
d) um esquilo grego.
Segundo o que se diz no primeiro parágrafo, Ésquilo
a) era maratonista.
b) participou numa maratona.
c) entrou numa batalha.
d) participou, com Cinégiro, numa maratona.
Também segundo o primeiro parágrafo,
a) Amínias elogiou o heroísmo de Eléctrodo.
b) Heródoto elogiou o heroísmo de Ésquilo.
c) Heródoto elogiou Cinégiro.
d) Cinégiro elogiou Heródoto.
Ainda segundo o primeiro parágrafo, Ésquilo participou no combate
a) do Salame, com o irmão Chocolate.
b) de Salamina, com o irmão Cinégiro.
c) de Plateias*, com o mais jovem dos seus irmãos, Amínias. [*k em «Plat(k)eias» é gralha do manual]
d) de Salamina, tal como Amínias.
Se vivesse hoje, Píndaro teria
a) mais de 2500 anos.b) pouco mais de 1500 anos.
c) cerca de 500 anos.
d) menos de 500 anos.
Segundo o que se depreende das linhas 11-13,
a) antes de Ésquilo não havia actores.
b) antes de Ésquilo só um actor actuava em cada peça.c) Ésquilo criou o coro.
d) Ésquilo criou o protagonista.
Ainda segundo o segundo parágrafo, Cleandro e Miniscos de Cálcis foram
a) actores contemporâneos de Ésquilo.b) actores de épocas anteriores à de Ésquilo.
c) actores que viveram depois de Ésquilo.
d) rivais de Ésquilo.
Mudanças na estrutura da representação, nos figurinos, na disposição dos coros foram da responsabilidade de
a) Filóstrato e Ésquilo.
b) Ésquilo.c) Filóstrato.
d) Cleandro e Miniscos de Cálcis.
Segundo se nos diz no terceiro parágrafo, a escrita de Ésquilo era
a) barroca.
b) equilibrada.c) rica.
d) majestosa.
No quarto parágrafo, dá-se ênfase à
a) polivalência de Ésquilo.b) magnificência da representação de Ésquilo.
c) criatividade cenográfica de Ésquilo.
d) escrita de Ésquilo.
Segundo lemos no quarto parágrafo, numa das peças de Ésquilo,
a) há uma criança que perde os sentidos e uma grávida que dá à luz prematuramente.
b) certos aspectos da encenação provocavam verdadeira emoção junto dos espectadores.
c) as crianças davam à luz prematuramente.
d) o coro era constituído por grávidas.
Ésquilo defendia que
a) se deviam aterrorizar crianças e grávidas.
b) a violência não devia ser mostrada em palco.c) era preferível haver violência em palco do que na plateia.
d) era preferível mostrar a violência no teatro do que na vida real.
Segundas as linhas 46-50, Péricles
a) escreveu Os Persas.
b) patrocinou a representação de Os Persas.c) representou Os Persas.
d) encarregou-se da encenação de Os Persas.
Depois de 458, Ésquilo retirou-se de Atenas,
a) aparentemente em resultado de indícios de decadência da sua carreira.b) por ter ruído a bancada do teatro em que dava uma representação.
c) por ter roído a bancada do teatro em que dava uma representação.
d) para fugir ao ditador Hierão.
Segundo a lenda, Ésquilo terá morrido por ter sido
a) levantado no ar por uma águia e por ela ter sido precipitado sobre rochas.
b) levantado no ar por uma tartaruga e por ela ter sido precipitado sobre o céu.
c) violentado por uma tartaruga caída do céu.d) depenicado por uma águia.
No epitáfio de Ésquilo — talvez escrito pelo próprio poeta —, salienta-se a sua
a) acção militar.b) hirsutez.
c) arte de tragediógrafo.
d) capacidade dramática.
Dos trabalhos de Ésquilo temos acesso hoje a, entre outros,
a) Os Persas, Psicostasia, Salaminas.
b) Os Persas, Oresteia, Prometeu Agrilhoado.c) Os Persas, Prometeu Grelhado, Penélope.
d) Os Persas, Psicostasia, Prometeu Agrilhoado.
Nas pp. 100-101 do manual, temos o início de Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett. Na verdade, nessas duas páginas temos o início do livro, já que a peça, se entendida como texto representado — as falas —, começa só na linha 5 da p. 101 (até à l. 14; e depois entre linhas 2-10 da cena II).
Ou seja, grande parte destas páginas é de didascália. {Vai completando} Estas didascálias servem para indicar o género teatral (_____), registando-se também a primeira representação; as pessoas (são _____ personagens, além de um coro de frades e de outros figurantes); o _______ do primeiro acto; e, já dentro da divisão em cenas, a situação das personagens no palco, os aspectos gestuais, etc., por vezes até intercalados nas falas, sempre em itálico.
Em folha solta, cria o começo de um livro de teatro, incluindo as mesmas «secções»:
Título da peça
Género (drama, tragédia, comédia) — podes prescindir da indicação de representação (mas, se quiseres, podes também criá-la)
Lista de Pessoas (personagens)
O lugar da cena (isto é, onde se passa o primeiro acto)
Acto Primeiro [O Cenário do:]
Duas cenas: Cena I / Cena II
Espero quantidade de texto semelhante à das duas páginas de que venho falando. Deves seguir também a disposição típica dos textos teatrais. Quanto a assunto, nada estipulo, mas prefiro que o texto seja verosímil. Como é óbvio, a peça ficará suspensa a partir da segunda cena, pouco avançando em termos de acção.
Como sabes, o que define a mudança de cena é a entrada (ou a saída) de personagens. O teu texto tem de ter duas cenas, mas não é obrigatório que, como acontece na peça de Garrett, na primeira cena haja uma só personagem e, na segunda, duas.
Se necessário, vê os verbetes de «didascália», «acto», «drama», «tragédia», «comédia», «tragicomédia» (Antonino Solmer, Manual de Teatro, 2.ª ed., Temas & Debates, 2003):
Didascália — Texto secundário de uma peça de teatro (por oposição ao texto principal, constituído pelas falas das personagens), atribuível ao autor da peça e que dá indicações para a execução cénica da mesma. O termo tem origem na tragédia grega, quando o poeta dramático acumulava as suas funções com a de «encenador», ou didascalos, que significa literalmente instrutor. Por esta razão, também os textos antigos da tragédia não possuem quaisquer indicações didascálicas, uma vez que o didascalos estava presente...
Acto — Divisão da obra dramática em partes, em função do tempo e da sequência narrativa. No espectáculo, podem ou não ser seguidas essas rupturas.
Tragédia — Do grego «canção do bode» (animal que os Gregos sacrificavam aos deuses). Segundo a clássica definição de Aristóteles, a tragédia é uma imitação de uma acção elevada efectuada por personagens em acção no meio de um relato que, suscitando compaixão e temor, leva a cabo a purgação de emoções por parte do público (catarse).
Comédia — Termo que provém dos antigos ritos dionisíacos gregos. Género dedicado aos procedimentos cómicos que a opõem à tragédia, e que se caracteriza por: personagens de baixo estatuto social, desenlace feliz e a finalidade de provocar o riso do espectador. Mais tarde, o termo irá manter-se, aplicado ao género que se opõe ao drama. A comédia pode ser no entanto de vários tipos, de que os principais serão a alta comédia e a baixa comédia. Esta última é caracterizada pela utilização de recursos da farsa e do gag, enquanto a primeira recorre a uma linguagem cuidada, marcada por subtilezas intelectuais e psicológicas. Outros tipos possíveis de comédia são: comédia de capa e espada (cuja intriga envolve nobres e cavaleiros); comédia de costumes (que analisa os comportamentos sociais em situação); comédia musical (que integra música e canções); comédia de situações ou de equívocos (caracterizada pela rapidez do desenvolvimento da acção, com um cómico baseado no efeito de surpresa e no quiproquó), etc.
Tragicomédia — Género que designa um híbrido de tragédia e comédia definido em função de três elementos fundamentais: as personagens (pertencem a estratos populares e aristocráticos, anulando a fronteira de exigências de cada um dos géneros); a acção (que aqui não termina em catástrofe nem na morte do herói) e estilo (entremeado de linguagem simultaneamente enfática e vulgar).
Drama — Do grego drama (acção). Género híbrido entre a tragédia e a comédia, que começou por veicular os temas que não cabiam em nenhum dos dois grandes géneros. A partir do séc. XVIII, com Diderot, o chamado drama burguês que, sendo um género sério, não exclui elementos cómicos, realistas e patéticos, funciona de facto como um género «a meio-termo» entre os dois grandes géneros clássicos, uma vez que também os protagonistas fazem parte de uma nova classe média, entre a aristocracia trágica e a classe baixa cómica. Os sentimentos a que apela este género serão também outros: visando urna reflexão filosofante a partir de situações apresentadas de forma realista, o drama burguês não visa nem a catarse da tragédia nem o riso da comédia, mas antes o apelo à lágrima e à reflexão. Na actualidade, a palavra «drama» já não se limita a um género específico, tendo, grosso modo, passado a designar-se por drama tudo o que não é cómico. Em certas correntes, a expressão revela-se ainda mais abrangente: em inglês, por exemplo, a palavra aplica-se a todo o género teatral (uma escola de teatro é uma Drama school...). Entre os subgéneros do drama, tal como na comédia, encontram-se termos como drama histórico (cuja acção se desenrola numa época recuada em relação àquela em que foi escrita, podendo incluir reconstituições de factos historicamente acontecidos), drama lírico (a ópera, o teatro cantado), drama litúrgico (género medieval que inclui os mistérios e os milagres), etc.
TPC — (i) Lê o documento «Drama» (Antologia, 157-159); (ii) Em folha solta, responde, breve mas perfeitamente, ao item 1.1 da p. 117 de Antologia. (Nada de aproveitares a resposta de outro colega, vista à pressa no intervalo ou em outra disciplina.)
Soluções
Ou seja, grande parte destas páginas é de didascália. {Vai completando} Estas didascálias servem para indicar o género teatral (drama), registando-se também a primeira representação; as pessoas (são onze personagens, além de um coro de frades e de outros figurantes); o cenário do primeiro acto; e, já dentro da divisão em cenas, a situação das personagens no palco, os aspectos gestuais, etc., por vezes até intercalados nas falas, sempre em itálico.
Aula 31 (12 ou 13/Jan) Volta a situar-te nas páginas 100-101 do manual. Lê o verbete que se segue:
Frei Luís de Sousa — Drama de Garrett, em três actos, em prosa, justamente considerado a obra-prima do teatro português. Foi representado pela primeira vez em 4 de Julho de 1843, num teatro particular (o da Quinta do Pinheiro, a Sete Rios, pertença de Duarte de Sá), e por amadores da melhor sociedade (o próprio A. desempenhou o papel de Telmo). A 1.ª edição data de 1844. A acção é de trágica simplicidade. D. João de Portugal foi dado como perdido na batalha de Alcácer-Quibir. Sua mulher, D. Madalena de Vilhena, após sete anos de espera e de buscas infrutíferas, desposou D. Manuel de Sousa Coutinho, que já amava em vida de D. João; deste segundo casamento nasceu uma filha, D. Maria de Noronha, que, aos treze anos, revela estranha sensibilidade, aguçada pela tuberculose. Só o velho criado, Telmo, sempre fiel à memória de D. João, espera que ele esteja vivo e regresse; essa íntima fé enche a casa de negros presságios. E, numa sexta-feira, dia fatídico para D. Madalena («faz hoje anos que... que casei a primeira vez, faz anos que se perdeu el-rei D. Sebastião, e faz anos também que... vi pela primeira vez a Manuel de Sousa»), aparece um romeiro vindo da Terra Santa: é D. João de Portugal. Essa família está, pois, condenada à destruição. D. Manuel e D. Madalena decidem entrar num convento; e, durante a cerimónia em que recebem do Prior de Benfica os escapulários dominicanos, surge Maria que, desvairada, vem morrer na própria igreja («morro, morro... de vergonha...»). Só no final a peça descai no melodrama.
Jacinto do Prado Coelho (dir.), Dicionário de literatura portuguesa [...], 3.ª ed., Porto, Figueirinhas, 1984, s. v.
Outros dados (históricos, verídicos):
D. Pedro I nasceu em 1320, iniciou o reinado em 1357 e morreu em 1367. (Inês de Castro foi assassinada em 1355.)
Luís de Camões nasceu em 1524 (ou 1525) e morreu a 10-6-1580.
A Batalha de Alcácer Quibir ocorreu em 4-8-1578. O rei português era então D. Sebastião, nascido em 1554 e desaparecido (provavelmente, morto) nessa batalha.
Entre 1580 e 1640 foram reis de Portugal Filipe I, Filipe II e Filipe III (II, III e IV de Espanha).
Manuel de Sousa Coutinho (aka Frei Luís de Sousa) nasceu c. 1555 e morreu em 1632 (em S. Domingos de Benfica); foi um dos melhores prosadores da língua portuguesa.
João de Portugal, fidalgo da casa de Vimioso, terá morrido em Alcácer Quibir (1578).
Almeida Garrett nasceu em 1799 e morreu em 1854.
Assistência ao início de Frei Luís de Sousa, filme de Antonio Lopes Ribeiro.
Aproveitando o verbete, as informações que pus logo a seguir e o que já leste da peça até à p. 101, assinala com V(erdadeiro) ou F(also) os seguintes parágrafos:
A peça Frei Luís de Sousa foi publicada na primeira metade do século XIX e, apenas um ano depois, representada pela primeira vez (sendo um dos actores precisamente Garrett).
Maria nasceu em 1584.
Quando a acção da cena começa, Camões ainda é vivo.
Maria é filha de D. João de Portugal.
Telmo fora criado de Camões, que muito admira.
Madalena conhecera pessoalmente Inês de Castro.
Agora, já lendo o resto da cena II (pp. 102-107), assinala também com V ou F:
À data da cena, Madalena teria trinta e oito anos.
Maria é frágil.
Madalena conheceu Telmo antes de 1578.
Telmo trata Madalena na 3.ª pessoa do singular e na 2.ª pessoa do plural.
Madalena trata Telmo na 2.ª pessoa do plural e na 2.ª pessoa do singular.
Telmo teve inicialmente aversão por Maria, provavelmente por esta ser fruto do amor de Madalena por outro que não o seu primeiro amo, D. João.
A crença de Telmo de que o velho amo estaria ainda vivo assentava bastante numa carta escrita na madrugada de 4-8-1578.
Madalena amava D. João, enquanto este vivera.
D. João chegara a revelar ciúmes, ao aperceber-se de que Madalena amava Manuel.
O segundo casamento de Madalena (agora com Manuel) não foi consentido pela família do primeiro marido.
Preocupa Madalena o ascendente que Telmo tem sobre Maria (e, sobretudo, as alusões que este faz a D. Sebastião, os agouros de que uma desgraça sobrevirá, etc.).
Frei Jorge, cunhado de Madalena, era irmão de D. João de Portugal.
Frei Jorge, cunhado de Madalena, era um franciscano.
Ao terminar a cena, Madalena está preocupada com a demora de Manuel de Sousa Coutinho, por este ser mau mareante.
Assistência ao resto da cena II de Frei Luís de Sousa, de António Lopes Ribeiro.
Reescreve a última fala de Madalena na cena II (p. 107), transpondo a mesma situação (espera por alguém que vem de Lisboa para a Outra Banda) para a actualidade. Registo linguístico também deve ser o que conviria a personagens do nosso século.
TPC — Prepara a leitura das cenas III a VI (Antologia, 108-112).
Frei Luís de Sousa — Drama de Garrett, em três actos, em prosa, justamente considerado a obra-prima do teatro português. Foi representado pela primeira vez em 4 de Julho de 1843, num teatro particular (o da Quinta do Pinheiro, a Sete Rios, pertença de Duarte de Sá), e por amadores da melhor sociedade (o próprio A. desempenhou o papel de Telmo). A 1.ª edição data de 1844. A acção é de trágica simplicidade. D. João de Portugal foi dado como perdido na batalha de Alcácer-Quibir. Sua mulher, D. Madalena de Vilhena, após sete anos de espera e de buscas infrutíferas, desposou D. Manuel de Sousa Coutinho, que já amava em vida de D. João; deste segundo casamento nasceu uma filha, D. Maria de Noronha, que, aos treze anos, revela estranha sensibilidade, aguçada pela tuberculose. Só o velho criado, Telmo, sempre fiel à memória de D. João, espera que ele esteja vivo e regresse; essa íntima fé enche a casa de negros presságios. E, numa sexta-feira, dia fatídico para D. Madalena («faz hoje anos que... que casei a primeira vez, faz anos que se perdeu el-rei D. Sebastião, e faz anos também que... vi pela primeira vez a Manuel de Sousa»), aparece um romeiro vindo da Terra Santa: é D. João de Portugal. Essa família está, pois, condenada à destruição. D. Manuel e D. Madalena decidem entrar num convento; e, durante a cerimónia em que recebem do Prior de Benfica os escapulários dominicanos, surge Maria que, desvairada, vem morrer na própria igreja («morro, morro... de vergonha...»). Só no final a peça descai no melodrama.
Jacinto do Prado Coelho (dir.), Dicionário de literatura portuguesa [...], 3.ª ed., Porto, Figueirinhas, 1984, s. v.
Outros dados (históricos, verídicos):
D. Pedro I nasceu em 1320, iniciou o reinado em 1357 e morreu em 1367. (Inês de Castro foi assassinada em 1355.)
Luís de Camões nasceu em 1524 (ou 1525) e morreu a 10-6-1580.
A Batalha de Alcácer Quibir ocorreu em 4-8-1578. O rei português era então D. Sebastião, nascido em 1554 e desaparecido (provavelmente, morto) nessa batalha.
Entre 1580 e 1640 foram reis de Portugal Filipe I, Filipe II e Filipe III (II, III e IV de Espanha).
Manuel de Sousa Coutinho (aka Frei Luís de Sousa) nasceu c. 1555 e morreu em 1632 (em S. Domingos de Benfica); foi um dos melhores prosadores da língua portuguesa.
João de Portugal, fidalgo da casa de Vimioso, terá morrido em Alcácer Quibir (1578).
Almeida Garrett nasceu em 1799 e morreu em 1854.
Assistência ao início de Frei Luís de Sousa, filme de Antonio Lopes Ribeiro.
Aproveitando o verbete, as informações que pus logo a seguir e o que já leste da peça até à p. 101, assinala com V(erdadeiro) ou F(also) os seguintes parágrafos:
A peça Frei Luís de Sousa foi publicada na primeira metade do século XIX e, apenas um ano depois, representada pela primeira vez (sendo um dos actores precisamente Garrett).
Maria nasceu em 1584.
Quando a acção da cena começa, Camões ainda é vivo.
Maria é filha de D. João de Portugal.
Telmo fora criado de Camões, que muito admira.
Madalena conhecera pessoalmente Inês de Castro.
Agora, já lendo o resto da cena II (pp. 102-107), assinala também com V ou F:
À data da cena, Madalena teria trinta e oito anos.
Maria é frágil.
Madalena conheceu Telmo antes de 1578.
Telmo trata Madalena na 3.ª pessoa do singular e na 2.ª pessoa do plural.
Madalena trata Telmo na 2.ª pessoa do plural e na 2.ª pessoa do singular.
Telmo teve inicialmente aversão por Maria, provavelmente por esta ser fruto do amor de Madalena por outro que não o seu primeiro amo, D. João.
A crença de Telmo de que o velho amo estaria ainda vivo assentava bastante numa carta escrita na madrugada de 4-8-1578.
Madalena amava D. João, enquanto este vivera.
D. João chegara a revelar ciúmes, ao aperceber-se de que Madalena amava Manuel.
O segundo casamento de Madalena (agora com Manuel) não foi consentido pela família do primeiro marido.
Preocupa Madalena o ascendente que Telmo tem sobre Maria (e, sobretudo, as alusões que este faz a D. Sebastião, os agouros de que uma desgraça sobrevirá, etc.).
Frei Jorge, cunhado de Madalena, era irmão de D. João de Portugal.
Frei Jorge, cunhado de Madalena, era um franciscano.
Ao terminar a cena, Madalena está preocupada com a demora de Manuel de Sousa Coutinho, por este ser mau mareante.
Assistência ao resto da cena II de Frei Luís de Sousa, de António Lopes Ribeiro.
Reescreve a última fala de Madalena na cena II (p. 107), transpondo a mesma situação (espera por alguém que vem de Lisboa para a Outra Banda) para a actualidade. Registo linguístico também deve ser o que conviria a personagens do nosso século.
TPC — Prepara a leitura das cenas III a VI (Antologia, 108-112).
Soluções:
A peça Frei Luís de Sousa foi publicada em livro na primeira metade do século XIX e, apenas um ano depois, representada pela primeira vez (sendo um dos actores precisamente Garrett).
[Falso. Peça foi representada em 1843; 1.ª edição é de 44. leituras, representações, etc.]
Maria nasceu em 1584.
[Falso. Maria terá nascido cerca de 1586. No momento da cena 1, Maria tem 13, quase 14; a acção respeita a cerca de 1600]
Quando a acção da peça começa, Camões ainda é vivo.
[Falso. Quando a peça começa, estaremos já quase no século XVII: 1578 + 21]
Maria é filha de D. João de Portugal.
[Falso. É filha de Manuel de Sousa Coutinho e Madalena de Vilhena]
Telmo fora criado de Camões, que muito admira.
[Falso. Contemporâneo de Camões, sobreviveu-lhe; mas Telmo era aio de D. João e, depois, continuou com a família de Madalena. Mas gosta muito de Os Lusíadas, também]
Madalena conhecera pessoalmente Inês de Castro.
[Falso. Está a ler uns versos dos Lusíadas, do episódio de Inês de Castro, que servem para marcar a efemeridade da felicidade,. Assim se anuncia que também os instantes de paz de Madalena estão já prestes a serem impedidos pelo destino.]
À data da cena, Madalena teria trinta e oito anos.
[Verdadeiro. Ficou viúva aos dezassete (l. 128). Passaram 7+14.]
Maria é frágil.
[Verdadeiro: «não é uma criança muito forte» (l. 63); «delgadinha» (l. 64)]
Madalena conheceu Telmo antes de 1578.
[Verdadeiro. ll. 128: «Conheci-te de tão criança, de quando casei a... a... a... primeira vez»]
Telmo trata Madalena na 3.ª pessoa do singular («A minha senhora está a ler?...») e na 2.ª pessoa do plural («Não digais mais, senhora; não me lembreis de tudo o que eu era»; «vos»).
[Verdadeiro]
Madalena trata Telmo na 2.ª pessoa do plural («sois vós, Telmo...»; «Olhai, Telmo») e do singular («És muito amigo dela, Temo?»; «Não fales com ela desse modo, nessas coisas»).
[Verdadeiro]
Telmo teve inicialmente aversão por Maria [l. 68], provavelmente por esta ser fruto do amor de Madalena por outro que não o seu primeiro amo, D. João.
[Verdadeiro]
A crença de Telmo de que o velho amo, D. João, estaria ainda vivo assentava bastante numa carta escrita na madrugada de 4-8-1578.
[Verdadeiro. linha 155: ‘Às palavras, às formais palavras daquela carta, escrita na própria madrugada do dia da batalha, e entregue a Frei Jorge: [...] «vivo ou morto, Madalena, hei-de ver-vos pelo menos ainda uma vez neste mundo»’]
Madalena amava D. João, enquanto este vivera.
[Falso. ll. 175-177: «respeito, devoção, lealdade, tudo lhe tivestes [...] mas amor!» / «Não está em nós dá-lo nem quitá-lo, amigo»]
D. João chegara a revelar ciúmes, ao aperceber-se de que Madalena amava Manuel.
[Falso. ll. 178-180. Mas Telmo por ele., sim: «Mas os ciúmes que meu amo não teve nunca — bem sabeis que têmpera d’alma era aquela — tenho-os eu»]
O segundo casamento de Madalena (agora com Manuel) não foi consentido pela família do primeiro marido.
[Falso. ll. 188: «foi do aprazimento geral de nossas famílias, da própria família de meu primeiro marido»]
Preocupa Madalena o ascendente que Telmo tem sobre Maria (e, sobretudo, as alusões que este faz a D. Sebastião, os agouros de que uma desgraça sobrevirá, etc.).
[Verdadeiro: ll. 205ss; passim]
Frei Jorge, cunhado de Madalena, era irmão de D. João de Portugal.
[Falso. Frei Jorge Coutinho; estivera em Alcácer Quibir, é verdade; reparar, porém, no «Coutinho».]
Frei Jorge, cunhado de Madalena, era um franciscano.
[Falso. Era dominicano. Madalena pede a Telmo que vá ao convento dos Dominicanos (l. 229]
Ao terminar a cena, Madalena está preocupada com a demora de Manuel de Sousa Coutinho, por este ser mau mareante.
[Falso. Como cavaleiro de Malta, Manuel era bom navegante (l. 240). No entanto, preocupavam-na o feitio inflexível de Manuel e o facto de haver peste em Lisboa e de haver «malquerenças» entre castelhanos e portugueses.]
Aula 32 (15 ou 16/Jan) Assistência ao passo da batalha de Alcácer Quibir no filme Non ou a vã glória de mandar, de Manoel de Oliveira.
Como tepecê, pedira que preparassem a leitura das cenas III a VI deste Acto 1 do Frei Luís de Sousa (Antologia, 108-112). Agora, relê brevissimamente os passos que for pedindo, a fim de completares as sínteses. (As últimas serão já sobre as cenas finais do acto — não lidas em casa, mas suficientemente previsíveis para não implicarem muita demora.)
Cena III (p. 108)
Na primeira fala, percebemos que Maria acredita que D. Sebastião __________________.
Na sua segunda fala, Maria interroga-se sobre o que leva o pai a mudar de semblante quando se alude ao regresso de D. Sebastião, e nós inferimos por que motivo ocorre essa mudança de estado de espírito: Manuel de Sousa Coutinho ________________.
Na terceira fala de Maria, é a própria adolescente que, perante o choro da mãe, lhe promete ________________.
Na última fala, o aparte de Telmo serve para se nos esclarecer que Maria _______________.
Cena IV (109-110)
Na parte que está na p. 109, Maria revela a sua preocupação por os pais ________________.
Já na p. 110, Madalena pede-lhe que ________________. E, na última fala, a mesma Madalena volta a mostrar-se preocupada por Manuel _______________.
Cena V (110, 111, 112)
A cena serve para Jorge vir avisar que os governadores ao serviço de Espanha querem sair de Lisboa, alegadamente por causa da _______, e, por isso, quatro deles ________________. Isto revolta Maria. Entretanto, ouvindo melhor do que os outros, Maria percebe que o pai está a chegar.
Cena VI (112)
Um criado, _______, confirma a chegada de Manuel. O resto da cena serve para, através de um comentário de Madalena e, sobretudo, de um aparte de Jorge, se acentuar que Maria ________________.
Como tepecê, pedira que preparassem a leitura das cenas III a VI deste Acto 1 do Frei Luís de Sousa (Antologia, 108-112). Agora, relê brevissimamente os passos que for pedindo, a fim de completares as sínteses. (As últimas serão já sobre as cenas finais do acto — não lidas em casa, mas suficientemente previsíveis para não implicarem muita demora.)
Cena III (p. 108)
Na primeira fala, percebemos que Maria acredita que D. Sebastião __________________.
Na sua segunda fala, Maria interroga-se sobre o que leva o pai a mudar de semblante quando se alude ao regresso de D. Sebastião, e nós inferimos por que motivo ocorre essa mudança de estado de espírito: Manuel de Sousa Coutinho ________________.
Na terceira fala de Maria, é a própria adolescente que, perante o choro da mãe, lhe promete ________________.
Na última fala, o aparte de Telmo serve para se nos esclarecer que Maria _______________.
Cena IV (109-110)
Na parte que está na p. 109, Maria revela a sua preocupação por os pais ________________.
Já na p. 110, Madalena pede-lhe que ________________. E, na última fala, a mesma Madalena volta a mostrar-se preocupada por Manuel _______________.
Cena V (110, 111, 112)
A cena serve para Jorge vir avisar que os governadores ao serviço de Espanha querem sair de Lisboa, alegadamente por causa da _______, e, por isso, quatro deles ________________. Isto revolta Maria. Entretanto, ouvindo melhor do que os outros, Maria percebe que o pai está a chegar.
Cena VI (112)
Um criado, _______, confirma a chegada de Manuel. O resto da cena serve para, através de um comentário de Madalena e, sobretudo, de um aparte de Jorge, se acentuar que Maria ________________.
Cena VII (112-114)
Pela primeira vez, intervém ___________. Está emocionado e com pressa. Já resolveu que têm de ______________, antes que cheguem os governadores. Decide também que a família irá para a casa que pertencera a _______________.
Cena VIII (114-115)
Madalena tenta convencer Manuel a _________________, já que a perspectiva de _________________ a deixa em pânico.
Cena IX (115)
Ficamos a saber que os governadores _____________.
Cenas X, XI e XII (116-117)
Mostra-se-nos a saída da família. Vemos que Manuel resolveu ____________ a casa. Assim que o percebe, Madalena pede que lhe salvem _______________, o que ______ {já não / ainda} foi possível.
Se te despachares antes dos outros, resolve também o ponto 3.2 (p. 118):
«____________________»
Depois, entrega-me esta folha. Se ainda sobrar tempo, vai adiantando o tepecê da próxima aula, que será a preparação da leitura do Acto Segundo (Antologia, 119-123). Pelo menos, anota já esse tepecê no teu caderno.
Assistência a trecho do filme Frei Luís de Sousa, de António Lopes Ribeiro (parte correspondente ao que antes se lera).
TPC — Prepara leitura da cena I do Acto Segundo (Antologia, 119-123).
Aula 33 (20 ou 23/Jan) Corrigiu-se tarefa de leitura do primeiro acto feita na aula anterior (ver Apresentação e Soluções).
Baseando-te na didascália inicial do Acto II de Frei Luís de Sousa (Antologia, 119), desenha um esboço do cenário desse acto.
Responde à pergunta 2.2 da p. 137 («Que aproxima o velho aio da jovem Maria?»; isto é, que os identifica, como se relacionam?).
Leu-se em voz alta cena I do Acto II (3.ª jornada da Fase de grupos da Liga dos Campeões).
Assistiu-se às cenas I-V do Acto II no filme de António Lopes Ribeiro.
Continuou-se trabalho de criação de início de peça (de há duas aulas).
TPC — Prepara a leitura do resto do Acto II do Frei Luís de Sousa (Antologia, 123-136); em folha solta, responde à pergunta 5.2 da p. 137 (e, claro, nada de copiar por colegas).
Soluções:
Cena III (p. 108)
Na primeira fala, percebemos que Maria acredita que D. Sebastião não morreu e regressará.
Na sua segunda fala, Maria interroga-se sobre o que leva o pai a mudar de semblante quando se alude ao regresso de D. Sebastião, e nós inferimos por que motivo ocorre essa mudança de estado de espírito: Manuel de Sousa Coutinho associa o regresso de D. Sebastião ao de D. João de Portugal.
Na terceira fala de Maria, é a própria adolescente que, perante o choro da mãe, lhe promete esquecer as alusões sebastianistas / a Alcácer Quibir.
Na última fala, o aparte de Telmo serve para se nos esclarecer que Maria está doente. [de tuberculose]
Cena IV (109-110)
Na parte que está na p. 109, Maria revela a sua preocupação por os pais se preocuparem tanto com ela.
Já na p. 110, Madalena pede-lhe que «pense» menos e, antes, se distraia, como seria natural na sua idade. E, na última fala, a mesma Madalena volta a mostrar-se preocupada por Manuel ainda não ter chegado.
Cena V (110, 111, 112)
A cena serve para Jorge vir avisar que os governadores ao serviço de Espanha querem sair de Lisboa, alegadamente por causa da peste, e, por isso, quatro deles se vêm instalar na casa de Manuel de Sousa. Isto revolta Maria. Entretanto, ouvindo melhor do que os outros, Maria percebe que o pai está a chegar.
Cena VI (112)
Um criado, Miranda, confirma a chegada de Manuel. O resto da cena serve para, através de um comentário de Madalena e, sobretudo, de um aparte de Jorge, se acentuar que Maria está doente [tem ouvidos de tísica].
Cena VII (112-114)
Pela primeira vez, intervém Manuel de Sousa. Está emocionado e com pressa. Já resolveu que têm de sair da própria casa, antes que cheguem os governadores. Decide também que a família irá para a casa que pertencera a D. João de Portugal.
Cena VIII (114-115)
Madalena tenta convencer Manuel a desistir da ideia de irem para o palácio de D. João, já que a perspectiva de morar na casa onde vivera com o primeiro marido a deixa em pânico.
Cena IX (115)
Ficamos a saber que os governadores tinham desembarcado.
Cenas X, XI e XII (116-117)
Mostra-se-nos a saída da família. Vemos que Manuel resolveu incendiar a casa. Assim que o percebe, Madalena pede que lhe salvem o retrato de Manuel, o que já não foi possível.
Se te despachares antes dos outros, resolve também o ponto 3.2 (p. 118):
«Há-de saber-se no mundo que ainda há um português em Portugal».
Aula 34 (22 ou 26/Jan) Pedira que lessem em casa as cenas II-XV (Antologia, 123-136) do segundo acto de Frei Luís de Sousa. Vai relanceando de novo o texto e circunda a melhor alínea de cada item.
Cena II
Segundo se diz na didascália final da cena I (no cimo da p. 123), que liga essa à cena que nos interessa agora, chegou um homem embuçado. O homem é
a) Manuel de Sousa, que não pôde escanhoar devidamente o buço.
b) Telmo, que ostentava barba farta.
c) Manuel de Sousa, que veio escondido.d) Telmo, sempre enigmático.
Ao apreciar o retrato de D. João de Portugal — «um honrado fidalgo, e um valente cavaleiro» (primeira fala da cena) —, Manuel de Sousa está a
a) ser irónico.
b) ser sincero.c) mostrar-se ressentido.
d) mentir, para proteger Maria.
A pergunta de Maria «E então para que fazeis vós como eles?...» (última fala da p. 123) alude ao facto de
a) Manuel de Sousa ter sido um escritor de muitos méritos.b) Telmo e Manuel serem demasiado emotivos.
c) Manuel de Sousa, segundo Maria, não regular bem da cabeça.
d) Madalena e Manuel não estarem, como queria Maria, calmos.
Cena III
A observação de Manuel «Há-de ser destas paredes, é unção da casa: que isto é quase um convento aqui, Maria...» (ll. 8-9, p. 124) justifica-se por a casa de D. João
a) confinar com a igreja dos dominicanos.b) ser muito austera.
c) ter sido o local de concepção de Maria.
d) ter sido o local dos amores de Madalena e João, o que Manuel lembra ironicamente.
Cena IV
Jorge decidira ir a Lisboa, para
a) acompanhar o arcebispo nessa viagem, assim lhe agradecendo.
b) resolver assuntos no Sacramento.
c) acompanhar o arcebispo no regresso a Almada, assim lhe agradecendo.
d) ver Joana de Castro.
Cena V
O aparte de Maria «quando ela estiver oca» (l. 80, p. 128) significa que a adolescente
a) já adivinha ir morrer.
b) sabe ser impossível deixar de muito reflectir nos seus assuntos preferidos.
c) tentará cumprir o pedido feito pela mãe.
d) considera ter sempre a cabeça «fria».
Cena VI
Segundo se depreende da sua segunda fala, Madalena quer que Telmo vá também a Lisboa, porque
a) sabe que a sua proximidade é útil à filha.
b) não o quer junto da filha.
c) qué-lo (ou quere-o) próximo do marido.
d) a presença do aio a angustia.
Cena VII
Na última didascália da cena (no fim da p. 129), diz-se que Maria «sai sufocada com choro», porque
a) está doente.
b) já adivinha que uma tragédia se abaterá sobre a família.
c) não quer que tratem Telmo assim.
d) sabe que não voltará a ver a mãe.
Cena II
Segundo se diz na didascália final da cena I (no cimo da p. 123), que liga essa à cena que nos interessa agora, chegou um homem embuçado. O homem é
a) Manuel de Sousa, que não pôde escanhoar devidamente o buço.
b) Telmo, que ostentava barba farta.
c) Manuel de Sousa, que veio escondido.d) Telmo, sempre enigmático.
Ao apreciar o retrato de D. João de Portugal — «um honrado fidalgo, e um valente cavaleiro» (primeira fala da cena) —, Manuel de Sousa está a
a) ser irónico.
b) ser sincero.c) mostrar-se ressentido.
d) mentir, para proteger Maria.
A pergunta de Maria «E então para que fazeis vós como eles?...» (última fala da p. 123) alude ao facto de
a) Manuel de Sousa ter sido um escritor de muitos méritos.b) Telmo e Manuel serem demasiado emotivos.
c) Manuel de Sousa, segundo Maria, não regular bem da cabeça.
d) Madalena e Manuel não estarem, como queria Maria, calmos.
Cena III
A observação de Manuel «Há-de ser destas paredes, é unção da casa: que isto é quase um convento aqui, Maria...» (ll. 8-9, p. 124) justifica-se por a casa de D. João
a) confinar com a igreja dos dominicanos.b) ser muito austera.
c) ter sido o local de concepção de Maria.
d) ter sido o local dos amores de Madalena e João, o que Manuel lembra ironicamente.
Cena IV
Jorge decidira ir a Lisboa, para
a) acompanhar o arcebispo nessa viagem, assim lhe agradecendo.
b) resolver assuntos no Sacramento.
c) acompanhar o arcebispo no regresso a Almada, assim lhe agradecendo.
d) ver Joana de Castro.
Cena V
O aparte de Maria «quando ela estiver oca» (l. 80, p. 128) significa que a adolescente
a) já adivinha ir morrer.
b) sabe ser impossível deixar de muito reflectir nos seus assuntos preferidos.
c) tentará cumprir o pedido feito pela mãe.
d) considera ter sempre a cabeça «fria».
Cena VI
Segundo se depreende da sua segunda fala, Madalena quer que Telmo vá também a Lisboa, porque
a) sabe que a sua proximidade é útil à filha.
b) não o quer junto da filha.
c) qué-lo (ou quere-o) próximo do marido.
d) a presença do aio a angustia.
Cena VII
Na última didascália da cena (no fim da p. 129), diz-se que Maria «sai sufocada com choro», porque
a) está doente.
b) já adivinha que uma tragédia se abaterá sobre a família.
c) não quer que tratem Telmo assim.
d) sabe que não voltará a ver a mãe.
Cena VIII
Em «Vivos ambos...» (l. 18, p. 130), Madalena reporta-se
a) aos condes de Vimioso.b) a si e a D. João.
c) a si e a Manuel.
d) a Maria e Telmo.
Cena IX
Esta cena é
a) um acto.
b) um monólogo.
c) um despautério.
d) uma didascália.
Cena X
Quando a cena começa, Miranda está
a) em cena.
b) fora do palco.
c) em Lisboa.
d) em viagem.
Cena XI
Dado o anúncio feito por Miranda de que chegou um romeiro, Madalena
a) percebe de imediato que esse romeiro é um impostor.
b) começa por querer que lhe dêem esmola, mas aceita depois recebê-lo.c) percebe que se trata de um impostor, mas, por medo, aceita recebê-lo.
d) fica interessada em comprar uma relíquia da Terra Santa.
Cena XII
A acepção de «negaças» (penúltima linha da p. 132) é a seguinte (nota que todas seriam possíveis, dependendo do exacto contexto):
a) ‘recusas’.
b) ‘gestos’.
c) ‘negações’.
d) ‘engodos’.
Cena XIV
A indicação rápida do retrato de D. João (l. 98, p. 136) significa que o Romeiro
a) reconheceu Manuel de Sousa.
b) era D. João.
c) mentia.
d) conhecera D. João em Alcácer Quibir.
A preocupação de Madalena com a filha — «Oh minha filha, minha filha!...» (última fala da cena) deve-se ao facto de ter percebido que
a) o pai de Maria estava vivo.
b) Maria não era filha legítima.
c) o pai de Maria morrera.
d) Maria tinha um irmão.
Cena XV
A resposta «Ninguém!», por parte do romeiro, corresponde a
a) consciência da falta de meios materiais.
b) um uso denotativo da linguagem.
c) expressão do sofrimento.d) desafio tresloucado.
Assistência ao resto do Acto II de Frei Luís de Sousa (no filme de António Lopes Ribeiro [nas turmas 4 & 5]; em Quem és tu?, de João Botelho [nas turmas 1, 2, 6]).
[Nas turmas 4 & 5:] Resposta à pergunta 2.2 da p. 137 (e, em alguns casos, da pergunta 5.2 da p. 137, que constituíra o tepecê); correcção.
[Nas turmas 1, 2 & 6:] Relance a comunicados em Práticas (30-31), para reformular, por escrito, outros textos autênticos do mesmo género. [Nas turmas 4 & 5, esta tarefa será feita na aula 35]
Abre o Práticas nas pp. 30-31. Segundo aí se define, o Comunicado é um «aviso ou informação por meio de jornal, radiodifusão ou afixação em lugar público». Nota informativa, Informação, Comunicação são outros nomes que também referem este tipo de textos. Dá uma vista de olhos aos três comunicados no Práticas.
Os dois textos a seguir reproduzidos não estão num português irrepreensível. No entanto, é preciso termos em conta que se destinavam a transmissão oral (e, portanto, o seu estilo tenderia sempre a ser ora rebarbativo — como acontece no comunicado sobre casas de banho — ora liminar — como na informação sobre comida e escola).
Reformula o Comunicado sobre casas de banho, de modo a torná-lo mais funcional em termos de leitura propriamente dita. Sem prejudicar o teor informativo, redu-lo a cerca de metade da extensão. A lápis, marca — circundando-os talvez — os trechos, palavras e pontuação que retirarias. Podes acrescentar uma ou outra palavra (mas apenas para «toilete» localizada).
Procede depois quase ao contrário, relativamente à Informação que lembra que é proibido comer nas aulas. Torna-a mais elegante, desdobrando-a em três parágrafos: o primeiro seria para descrever incumprimentos verificados (no fundo, a situação que teria desencadeado a nota informativa); no segundo parágrafo, lembrar-se-ia o comportamento recomendável neste domínio; finalmente, no último parágrafo, aludir-se-ia à intenção de fazer cumprir regulamento, às sanções a aplicar, etc.
(Este comunicado já pode ser um pouco estapafúrdio, trocista, embora no estilo e registo convenientes ao género de textos de que se trata.)
TPC — Prepara a leitura do Terceiro Acto de Frei Luís de Sousa (Antologia, 138-152).
Aula 35 [aula específica das turmas 4 & 5; será diluída nas aulas confinantes nas restantes turmas] (27/Jan) Correcção do questionário de leitura do II Acto de Frei Luís de Sousa. [Ver Apresentação]
Cópia de uma versão óptima da resposta ao tepecê agora devolvido (entregue pelos alunos na aula anterior; marcado duas aulas antes: resposta a pergunta 5.2 da p. 137). [Ver Apresentação]
Leitura em voz alta da cena I do Acto III de Frei Luís de Sousa.
Assistência a trecho do filme de António Lopes Ribeiro (parte do Acto III lida antes).
Cópia de uma versão óptima da resposta ao tepecê agora devolvido (entregue pelos alunos na aula anterior; marcado duas aulas antes: resposta a pergunta 5.2 da p. 137). [Ver Apresentação]
Leitura em voz alta da cena I do Acto III de Frei Luís de Sousa.
Assistência a trecho do filme de António Lopes Ribeiro (parte do Acto III lida antes).
Abre o Práticas nas pp. 30-31. Segundo aí se define, o Comunicado é um «aviso ou informação por meio de jornal, radiodifusão ou afixação em lugar público». Nota informativa, Informação, Comunicação são outros nomes que também referem este tipo de textos. Dá uma vista de olhos aos três comunicados no Práticas.
Os dois textos a seguir reproduzidos não estão num português irrepreensível. No entanto, é preciso termos em conta que se destinavam a transmissão oral (e, portanto, o seu estilo tenderia sempre a ser ora rebarbativo — como acontece no comunicado sobre casas de banho — ora liminar — como na informação sobre comida e escola).
Reformula o Comunicado sobre casas de banho, de modo a torná-lo mais funcional em termos de leitura propriamente dita. Sem prejudicar o teor informativo, redu-lo a cerca de metade da extensão. A lápis, marca — circundando-os talvez — os trechos, palavras e pontuação que retirarias. Podes acrescentar uma ou outra palavra (mas apenas para «toilete» localizada).
Procede depois quase ao contrário, relativamente à Informação que lembra que é proibido comer nas aulas. Torna-a mais elegante, desdobrando-a em três parágrafos: o primeiro seria para descrever incumprimentos verificados (no fundo, a situação que teria desencadeado a nota informativa); no segundo parágrafo, lembrar-se-ia o comportamento recomendável neste domínio; finalmente, no último parágrafo, aludir-se-ia à intenção de fazer cumprir regulamento, às sanções a aplicar, etc.
(Este comunicado já pode ser um pouco estapafúrdio, trocista, embora no estilo e registo convenientes ao género de textos de que se trata.)
Aula 36 (29 ou 30/Jan) Assistência a trecho de «É uma espécie de magazine» («‘Samente» e «P’tanto») com evidências de acidentes fonéticos.
O quadro resume os chamados fenómenos fonéticos. Os exemplos que pus são quer da variação geográfica e social do português, quer da diacronia (dentro do português, mas também do latim ao português). Como vimos nas duas entrevistas recuperadas em «Diz que é uma espécie de magazine...», as palavras actuais também sofrem alterações fonéticas, tal como aconteceu ao longo do percurso entre latim e português do século XXI. Vai lendo e completando.
Abreviaturas: arc. = ‘arcaico’ (que existiu em certa fase do português mas deixou de se usar); ingl. = ‘do inglês’; o *asterisco assinala formas populares ou dialectais e pronúncias correntes; os versaletes identificam os étimos latinos.
Para responderes à p. 57 de Práticas (sobre «A história das palavras: evolução fonética e semântica»), completa as linhas a seguir:
1. a) prótese;
b) ______;
c) ______;
d) ______;
e) ______;
f) ______;
g) ______;
h) ______.
2. angelical — ‘que parece um _____’;
convento — ‘local onde estão _____ os religiosos de uma determinada ordem’;
doloroso — ‘que provoca a _____’;
manual — ‘relativo a ____, que se faz à mão’; manufacturar — ‘fabricar à ____’;
maritalmente — ‘como no casamento, como ______ e mulher’;
nocturno — ‘relativo à ____’; noctívago — ‘que tem hábitos nocturnos, que vive à _____’;
sacramento — ‘rito _____ instituído por Jesus Cristo para confirmar ou aumentar a graça (baptismo, confirmação, comunhão...)’; sacrilégio — ‘pecado contra as coisas ______’;
popular — ‘que é próprio do povo, que agrada ao _____’; soror — ‘forma de tratamento para uma freira (‘uma ____’)’.
3. a) síncope do N intervocálico e _____ do A;
b) _____ do L intervocálico;
c) crase;
d) _____;
e) sonorização do T;
f) ______ do T;
g) ______ do C;
h) sonorização do P e _____ do L intervocálico;
i) ______ do E;
j) ______ do D intervocálico;
l) ______.
Na p. 58, item 4, repara na etimologia de «tragédia»: do grego tragoidia (= ‘canto do bode’; tragos = ‘ _____’), pelo latim tragoedia.
Assistência a trecho final de Quem és tu? (de João Botelho).
O quadro resume os chamados fenómenos fonéticos. Os exemplos que pus são quer da variação geográfica e social do português, quer da diacronia (dentro do português, mas também do latim ao português). Como vimos nas duas entrevistas recuperadas em «Diz que é uma espécie de magazine...», as palavras actuais também sofrem alterações fonéticas, tal como aconteceu ao longo do percurso entre latim e português do século XXI. Vai lendo e completando.
Abreviaturas: arc. = ‘arcaico’ (que existiu em certa fase do português mas deixou de se usar); ingl. = ‘do inglês’; o *asterisco assinala formas populares ou dialectais e pronúncias correntes; os versaletes identificam os étimos latinos.
Para responderes à p. 57 de Práticas (sobre «A história das palavras: evolução fonética e semântica»), completa as linhas a seguir:
1. a) prótese;
b) ______;
c) ______;
d) ______;
e) ______;
f) ______;
g) ______;
h) ______.
2. angelical — ‘que parece um _____’;
convento — ‘local onde estão _____ os religiosos de uma determinada ordem’;
doloroso — ‘que provoca a _____’;
manual — ‘relativo a ____, que se faz à mão’; manufacturar — ‘fabricar à ____’;
maritalmente — ‘como no casamento, como ______ e mulher’;
nocturno — ‘relativo à ____’; noctívago — ‘que tem hábitos nocturnos, que vive à _____’;
sacramento — ‘rito _____ instituído por Jesus Cristo para confirmar ou aumentar a graça (baptismo, confirmação, comunhão...)’; sacrilégio — ‘pecado contra as coisas ______’;
popular — ‘que é próprio do povo, que agrada ao _____’; soror — ‘forma de tratamento para uma freira (‘uma ____’)’.
3. a) síncope do N intervocálico e _____ do A;
b) _____ do L intervocálico;
c) crase;
d) _____;
e) sonorização do T;
f) ______ do T;
g) ______ do C;
h) sonorização do P e _____ do L intervocálico;
i) ______ do E;
j) ______ do D intervocálico;
l) ______.
Na p. 58, item 4, repara na etimologia de «tragédia»: do grego tragoidia (= ‘canto do bode’; tragos = ‘ _____’), pelo latim tragoedia.
Assistência a trecho final de Quem és tu? (de João Botelho).
TPC — Em folha solta, responde às perguntas 4.3 e 5.3 da p. 153 de Antologia.
Soluções
pílula / *pírula / dissimilação / evita-se a semelhança que havia entre dois sons. Neste caso particular, um dos LL modificou-se em R.
fizeram-lo / fizeram-no / assimilação / o pronome (lo) passa a ligar-se por uma consoante nasal (n), porque assim se aproxima do som nasal da última sílaba do verbo.
festra (arc.) (de fenestra) / fresta / metátese/houve a transposição da consoante r da segunda para a primeira sílaba (há uma metátese quando um som muda o seu lugar dentro da palavra).
crudu / cruu (arc.) / síncope / síncope é a perda de um som a meio da palavra. Neste caso, uma consoante que havia na palavra latina «crudu», -d-, desapareceu na palavra portuguesa arcaica «cruu» (que aliás, depois, ainda evoluiria para «cru»).
a + a; a + as / à; às / crase / a contracção da preposição «a» com o artigo definido «a» e «as» é a crase mais frequente.
tio / *tiu / sinérese / tal como a crase, a sinérese também contrai duas vogais, só que tornando as duas vogais num ditongo (neste caso: i-o torna-se iu).
sic / si (arc.) / apócope / apócope é a perda de um som ou sílaba finais. No exemplo, a palavra latina «sic» veio a dar «si» (que, depois, evoluiu para sim).
Alandroal / *Landroal / aférese / aférese é a perda dos sons do início de uma palavra.
você / cê / aférese / esta pronúncia pode acontecer no português do Brasil.
portanto / *ptanto / síncope / o autarca que ouvimos não pronunciava um som a meio da palavra.
precisamente / *samente / aférese / o médico que ouvimos omitia o início do advérbio.
ignorante / *iguinorante / epêntese / a epêntese é o desenvolvimento de um som a meio da palavra. Neste caso, a vogal inserida, i, desfez um grupo que não é natural no português, gn, criando uma sequência mais conforme ao nosso padrão (este tipo de epênteses é comum no português do Brasil).
pneu / *peneu / epêntese / de novo um grupo de consoantes demasiado erudito (-PN-) a ser desfeito pela inserção de uma vogal (em Portugal, produzimos um e; os brasileiros podem inserir um i [*pineu]).
Skip / *cequipe/ epêntese / assim estava escrito num supermercado. Quem escreveu mal inseria um som vocálico entre [s] e [k].
sexo / *cequisso (no pg. do Brasil) / epêntese / aqui o par de consoantes desfeito foi o que existia escondido na letra X, os sons ks.
sport (ingl.) / esporte / prótese / o desenvolvimento de um som no início da palavra é uma prótese. Os brasileiros costumam fazer esta adaptação aos seus empréstimos começados por s- seguido de consoante (snob torna-se esnobe), enquanto em Portugal é mais comum a manutenção da sequência estrangeira (snob).
mora / amora / prótese / a palavra portuguesa que descendeu da palavra latina mora tem um som inicial que não havia no seu étimo.
alguidar / *alguidare / paragoge /a paragoge é o desenvolvimento de som no final da palavra. É comum, por exemplo, na pronúncia alentejana.
muito / *muinto / nasalação / nasalação (ou nasalização) é a passagem de um som não nasal a nasal, como sucedeu ao ditongo de «muito», que todos pronunciamos -uin-, por influência do m- inicial (uma consoante nasal).
actu- (‘acto’) / auto (‘peça’) / vocalização / houve aqui uma vocalização: a consoante latina c ([k]) evoluiu para um som vocálico.
secundária / *segundária / sonorização / houve uma sonorização: uma consoante surda (p, t, c [k], f, s, ...) evolui para _______ (b, d, g, v, z, ... ).
adição (inserção de sons)
no princípio: prótese
no meio: epêntese
no final: paragoge
supressão (perda de sons)
no princípio: aférese
no meio: síncope
no final: apócope
alteração (mudança de sons)
aproximação a um som vizinho: assimilação
diferenciação relativamente a um som vizinho: dissimilação
contracção de duas vogais numa só: crase
contracção de duas vogais num ditongo: sinérese
passagem de um som não nasal a nasal: nasalação
passagem de um som consonântico a vocálico: vocalização
evolução de consoante surda para sonora: sonorização
transposição
passagem de um som para outro ponto da palavra: metátese
Para responderes à p. 57 de Práticas (sobre «A história das palavras: evolução fonética e semântica»), completa as linhas a seguir:
1. a) prótese;
b) epêntese;
c) síncope;
d) crase;
e) sinérese;
f) assimilação;
g) nasalação;
h) vocalização.
2. angelical — ‘que parece um anjo’;
convento — ‘local onde estão reunidos os religiosos de uma determinada ordem’;
doloroso — ‘que provoca a dor’;
manual — ‘relativo a mão, que se faz à mão’; manufacturar — ‘fabricar à mão’;
maritalmente — ‘como no casamento, como marido e mulher’;
nocturno — ‘relativo à noite’; noctívago — ‘que tem hábitos nocturnos, que vive à noite’;
sacramento — ‘rito sagrado instituído por Jesus Cristo para confirmar ou aumentar a graça (baptismo, confirmação, comunhão...)’; sacrilégio — ‘pecado contra as coisas sagradas’;
popular — ‘que é próprio do povo, que agrada ao povo’; sóror — ‘forma de tratamento para uma freira (‘uma irmã’)’.
3. a) síncope do N intervocálico e nasalação do A;
b) síncope do L intervocálico;
c) crase;
d) crase;
e) sonorização do T;
f) sonorização do T;
g) vocalização do C;
h) sonorização do P e síncope do L intervocálico;
i) apócope do E;
j) síncope do D intervocálico;
l) sinérese.
Na p. 58, item 4, repara na etimologia de «tragédia»: do grego tragoidia (= ‘canto do bode’; tragos = ‘bode’), pelo latim tragoedia.
Aula 37 (2 ou 3/Fev) Primeiros trinta minutos foram diferentes entre turmas 4.ª/5.ª e 1.ª/2.ª/6.ª. Nestas turmas houve uma tarefa de gramática que já ficara feita no 1.º período nas outras duas turmas (resposta à p. 56 de Práticas). Nas turmas 4.ª e 5.ª desenhou-se esboço de cenário do Acto III e respondeu-se a pergunta sobre 4.4 da p. 153. O resto da aula já foi igual nas diversas turmas. (Como o exercício em torno da ficha do Práticas já está na Aula 24 [ver aulas do 1.º período], aqui põe-se só a tarefa das outras turmas. De qualquer modo, na apresentação ficam as correcções de ambas as «versões» de aula.)
Baseando-te na didascália inicial do Acto III de Frei Luís de Sousa (Antologia, 138), desenha um esboço do cenário desse acto.
Responde à pergunta 4.4 da p. 153 («Explicite as funções das indicações cénicas» dadas nas duas cenas [IV e V]»), preenchendo com as didascálias este esqueleto de resposta:
4.4. As indicações cénicas, ou didascálias, que constituem, no seu conjunto, um texto secundário ou de suporte do texto dramático, cumprem, no excerto transcrito, as seguintes funções:
— definir a movimentação das personagens em cena: «_______»; «Aparece o romeiro à porta da esquerda, e vem lentamente aproximando-se de Telmo que não dá por ele»; «___________»; «___________»; «___________»; «só»;
— explicitar o sentimento ou a atitude que deve transparecer no comportamento da personagem: «____________»; «____________»; «com ansiedade crescente»;
— marcar uma alteração na voz da personagem «à parte», «_________»; «_________».
Assistência aos minuos finais de Frei Luís de Sousa (de António Lopes Ribeiro).
Este ano, o tema do Voz Activa é «Porque é que a política também é para nós?». Queria recolher textos para pôr à consideração da chefia do jornal. E preferia não ter o assunto tratado em dissertações, mas antes indirectamente, como passo a explicar.
As páginas 32 a 37 do Práticas tratam de protestos e reclamações. Concentra-te particularmente nas pp. 34-35. Primeiro, temos um texto longo, «Protesto contra a escolha do local para a realização do Festival de S. Jacinto», em que se apresenta o facto sobre que incide o protesto e se expõem os argumentos que o suportam. Como se trata de angariar reclamantes para um e-mail, não será logo revelado o apelo, que, no entanto, ficará no texto-modelo que se segue (já na p. 35).
Escreve um protesto de extensão e estilo semelhante aos desse texto-modelo e que revele uma preocupação mais ou menos integrável no referido tema do Voz Activa. Serão dois ou três parágrafos que contemplem os três passos a que aludi: (i) apresentação do facto que motiva o protesto; (ii) seus malefícios ou desvantagens; (iii) o que se vem exigir.
O registo deve ser formal; o estilo, incisivo e preciso. O objecto do protesto pode até ser bastante específico (se revelar a preocupação cívica que o tema do Voz Activa parece implicar); abordagens poéticas, irónicas, etc., são aceitáveis, se os aspectos formais do género ‘protesto’ forem cumpridos.
Baseando-te na didascália inicial do Acto III de Frei Luís de Sousa (Antologia, 138), desenha um esboço do cenário desse acto.
Responde à pergunta 4.4 da p. 153 («Explicite as funções das indicações cénicas» dadas nas duas cenas [IV e V]»), preenchendo com as didascálias este esqueleto de resposta:
4.4. As indicações cénicas, ou didascálias, que constituem, no seu conjunto, um texto secundário ou de suporte do texto dramático, cumprem, no excerto transcrito, as seguintes funções:
— definir a movimentação das personagens em cena: «_______»; «Aparece o romeiro à porta da esquerda, e vem lentamente aproximando-se de Telmo que não dá por ele»; «___________»; «___________»; «___________»; «só»;
— explicitar o sentimento ou a atitude que deve transparecer no comportamento da personagem: «____________»; «____________»; «com ansiedade crescente»;
— marcar uma alteração na voz da personagem «à parte», «_________»; «_________».
Assistência aos minuos finais de Frei Luís de Sousa (de António Lopes Ribeiro).
Este ano, o tema do Voz Activa é «Porque é que a política também é para nós?». Queria recolher textos para pôr à consideração da chefia do jornal. E preferia não ter o assunto tratado em dissertações, mas antes indirectamente, como passo a explicar.
As páginas 32 a 37 do Práticas tratam de protestos e reclamações. Concentra-te particularmente nas pp. 34-35. Primeiro, temos um texto longo, «Protesto contra a escolha do local para a realização do Festival de S. Jacinto», em que se apresenta o facto sobre que incide o protesto e se expõem os argumentos que o suportam. Como se trata de angariar reclamantes para um e-mail, não será logo revelado o apelo, que, no entanto, ficará no texto-modelo que se segue (já na p. 35).
Escreve um protesto de extensão e estilo semelhante aos desse texto-modelo e que revele uma preocupação mais ou menos integrável no referido tema do Voz Activa. Serão dois ou três parágrafos que contemplem os três passos a que aludi: (i) apresentação do facto que motiva o protesto; (ii) seus malefícios ou desvantagens; (iii) o que se vem exigir.
O registo deve ser formal; o estilo, incisivo e preciso. O objecto do protesto pode até ser bastante específico (se revelar a preocupação cívica que o tema do Voz Activa parece implicar); abordagens poéticas, irónicas, etc., são aceitáveis, se os aspectos formais do género ‘protesto’ forem cumpridos.
TPC — Prepara leitura, para compreensão, de «Ao Conservatório Real» (Antologia, 154-156).
Aula 38 (5 ou 6/Fev) Vai relendo o texto — que pedira estudassem em casa — «Ao Conservatório Real» (Antologia, 154-156). Trata-se de excerto de uma «memória», um ensaio, em que Almeida Garrett analisa o seu Frei Luís de Sousa. Completa com palavras ou pequenas frases (que nem sempre estarão no próprio texto de Garrett) a síntese que se segue.
[linhas 1-7] A vida de Frei Luís de Sousa já fora tratada num livro escrito por _________, que Garrett considera ter _________ {favorecido / prejudicado} a história do grande escritor que começara por se chamar Manuel de Sousa Coutinho.
[8-16] É característico dos _________ da história portuguesa serem muito _________, o que os torna mais apropriados a enredo de __________ do que a assunto de outros géneros teatrais, como o _________, ou, para referir também a prosa, do que ao __________.
[17-20] Exemplo dessa simplicidade característica dos episódios com heróis portugueses é a paixão de __________, que ninguém soube tratar tão bem como ___________, o único que prescindiu de __________ a narrativa.
[21-30] Na história da família de ___________, tal como foi fixada na tradição, vemos a mesma ___________ das tragédias gregas, condimentada, porém, com a _____________ típica da cultura cristã.
[31-35] Por exemplo, após a «catástrofe», Madalena e Manuel não morrem propriamente, apenas _________ vida secular.
[36-53] (E faz-se uma comparação entre alguns motivos, e episódios, da cultura __________ e as atitudes dos heróis de Frei Luís de Sousa, para que concluamos que são estas as mais ___________.)
[54-85] Garrett adoptou «___________» como indicação de género da sua obra, mas, no fundo, reconhece que a peça tem características de um outro género, a ___________. Uma das razões que o fizeram escolher aquela designação foi não estar a peça escrita em ___________. Tendo __________ (aka Manuel de Sousa Coutinho) sido um brilhante ___________, não podia o dramaturgo pôr a personagem respectiva a exprimir-se em ___________.
[86-92] Garrett não quis retirar força à __________ (já tão trágica e dramática), e por isso preferiu não lhe acrescentar situações por si ___________.
[93-95] No entanto, tem consciência da __________ da sua empresa.
[96-106] Segue-se um parágrafo em que se contrasta a parcimónia de processos de Frei Luís de Sousa com o que era habitual nas _________ e com as peripécias a que vinha recorrendo o __________ (género que, nas linhas 101-104, Garrett não se esquece de __________).
[107-111] Modestamente (ou, mais provavelmente, com falsa modéstia), Garrett declara ter dúvidas de ter conseguido __________, mas acrescenta logo que o dramaturgo que alcance esse objectivo (sem usar, é claro, os «truques fáceis» a que se aludira no parágrafo anterior) terá então encontrado a fórmula da «__________».
[112-126] Finalmente, adverte não se ter preocupado em seguir sempre a __________. Dá mais importância à Literatura do que à __________, ainda que não tenha deixado de __________.
[Responde, se ainda houver tempo, quando os teus colegas ainda estiverem a terminar a síntese anterior:]
Ponho a seguir uma resposta à pergunta 7 da p. 153 (características de tragédia em Frei Luís de Sousa). Completa-a.
7. Os acontecimentos são dirigidos pelo destino, cujo poder se revela por meio de presságios e indícios de fatalidade: a profecia do __________ de D. Sebastião; os pressentimentos e receios de __________; os sonhos e visões de Maria; as falas agourentas de _________; os diálogos carregados de ameaças suspensas; o carácter funesto do ___________ (sete anos, sexta-feira, «dia fatal», «hora fatal»).
A intriga inclui os três elementos essenciais da tragédia clássica: a peripécia (chegada dos espanhóis, que leva Manuel de Sousa a ____________ o palácio e a deslocar-se para o espaço fatal); a anagnórise (reconhecimento do Romeiro como __________); a catástrofe (morte de Maria e clausura dos ________).
O coro trágico é corporizado na personagem de _________, bem como no grupo de frades que recita o ofício litúrgico dos mortos.
As personagens principais pertencem à/ao __________ {nobreza / povo / clero / burguesia} e gozam de boa fortuna até a __________ se abater sobre elas em consequência de um erro involuntário (provocado pelo destino) cometido no passado (o «crime» de D. Madalena).{as palavras a negro são objecto de verbetes nas páginas de glossário (291-302) de Antologia}
Assistimos a sketches com «Hamlet» dos Gato Fedorento e dos Monty Python.
Nos sete períodos que se seguem faltam, por vezes, vírgulas. Acrescenta as vírgulas em falta. Marca também os casos em que é possível pôr vírgula ou não, dependendo da interpretação que se faça da frase.
O Hamlet que prefiro é o dos Gato Fedorento.
Hamlet que é uma tragédia de Shakespeare terá sido escrito entre 1599 e 1601.
O Hamlet que tem comichão não é o dos Monty Python.
Gosto das tragédias de Shakespeare que nunca são enfadonhas.
Gosto das tragédias que não sejam enfadonhas.
Gosto de sketches cujos protagonistas sejam psiquiatras e Hamlet.
Vi o Frei Luís de Sousa cuja Maria é representada por Alexandra Lencastre.
No fundo, o que estiveste a fazer foi distinguir entre as orações relativas restritivas (as que não são isoladas por vírgulas) e orações relativas explicativas (as que têm de ficar entre vírgulas). Em cada período, sublinha a oração relativa (que começará por «que» ou por «cujo») e escreve E(xplicativa) ou R(estritiva). Já agora, todas estas orações relativas são adjectivas.
Vai até à p. 60 do Práticas (logo veremos se há tempo para o início da ficha, nas pp. 58-59). Vai usando estas respostas semi-preenchidas:
5. a) _____
b) _____
6. i) Consulte os livros, que são preciosos e ricos.
ii) _____________________
i) ______________________
ii) Siga as instruções que são claras e simples.
O valor _________ {explicativo/restritivo} do adjectivo mantém-se, se usarmos a vírgula; o valor __________ {explicativo/restritivo} também se mantém, se não a usarmos.
7. a) refrigerante; b) ________; c) ________; d) ________; e) ________; f) ________; g) ________.
8. a) Esta foi a causa conducente ao casamento; b) Foi a avaria no motor a razão ________ da partida às 7 horas; c) O conselho administrativo é o órgão ________ da empresa; d) Foi uma reacção _________ à festa; e) Escolhemos uma via ________ das flutuações económicas.
Agora, o início da ficha:
1. [o nome pu-lo já entre parênteses; basta escreveres o adjectivo] a) ________ (beleza); b) ______ (sopro); ______ (tremor); c) _______ (voz); d) _______ (esposa); ________ (perigo); e) ______ (perguntas), _______ (maravilhas).
2.1. absoluta, ______, austero, _______, fortes, franca, _______, rasgada, indominável.
2.2. O adjectivo «absoluta» concorda com o nome «_______» (feminino, singular); «nobre» concorda com «_____» (feminino, singular); «austero» e «puro» concordam com o nome «_______» (masculino, singular); «fortes» concorda com «________» (feminino, plural). [Bastam estes casos.]
3. Nas frases ___, ___, ___, os adjectivos são interpretados objectivamente. Os adjectivos das frases ___ e ___ implicam já alguma subjectividade; e o da frase ___ tem uma interpretação ainda mais subjectiva (faz-se uma hipálage [ver glossário, em Antologia, 297]).
4.1. Expressões adjectivais: ________, nervoso, _______, pesados, _______, mudo, ______, espectral, ______, vermelhos, ______, cheios (de horror).
4.2. Expressões adjectivais mais subjectivas: nervoso, ______, ______, esgazeados.
4.3. Adjectivos participiais [no Práticas está mal escrito: é claro que «participial» vem de «particípio»]: _______, sufocado, ________.
TPC — Este tepecê serve por dois (podem entregar-mo na primeira aula da semana que vem ou na última aula dessa semana). Além de ser trabalho de casa, poderão os textos (depois de vistos por mim e reformulados) concorrer ao prémio «À descoberta da obra do Padre António Vieira», cujo regulamento reza assim:
Os alunos do ensino secundário deverão, individualmente, redigir uma carta endereçada ao Padre António Vieira, sobre tema à sua escolha, mas tomando como base a vida e a obra do Autor, de forma original e inédita. O texto deverá ter a extensão de duas a três folhas de formato A4 e virá apresentado apenas na parte da frente da folha, em espaço duplo, letra Times New Roman, tamanho 12 [Comentário meu: as regras para o formato são nitidamente copiadas das do concurso «Continuemos este conto», em que entrámos o ano passado]
Porei regulamento completo aqui. Talvez dê também algumas ideias, pistas (estão aqui).
Lembro ainda que, a partir de agora, é preciso ter uma edição de Os Maias em casa (e não farão mal em ler o início, se o não fizeram já). A não ser que o diga, não valerá a pena trazerem sempre essa edição para a aula. Basta que esteja em casa.
Finalmente, recordo que houve alunos (este plural é escusado para o 11.º 4.ª e, quase, para o 11.º 6.ª) que, não tendo feito publifilme no primeiro período, ficaram de mo entregar agora. Seria gravíssimo se não o fizessem (acompanhar com ranger de dentes ao estilo de Irmã Natividade.)
[linhas 1-7] A vida de Frei Luís de Sousa já fora tratada num livro escrito por _________, que Garrett considera ter _________ {favorecido / prejudicado} a história do grande escritor que começara por se chamar Manuel de Sousa Coutinho.
[8-16] É característico dos _________ da história portuguesa serem muito _________, o que os torna mais apropriados a enredo de __________ do que a assunto de outros géneros teatrais, como o _________, ou, para referir também a prosa, do que ao __________.
[17-20] Exemplo dessa simplicidade característica dos episódios com heróis portugueses é a paixão de __________, que ninguém soube tratar tão bem como ___________, o único que prescindiu de __________ a narrativa.
[21-30] Na história da família de ___________, tal como foi fixada na tradição, vemos a mesma ___________ das tragédias gregas, condimentada, porém, com a _____________ típica da cultura cristã.
[31-35] Por exemplo, após a «catástrofe», Madalena e Manuel não morrem propriamente, apenas _________ vida secular.
[36-53] (E faz-se uma comparação entre alguns motivos, e episódios, da cultura __________ e as atitudes dos heróis de Frei Luís de Sousa, para que concluamos que são estas as mais ___________.)
[54-85] Garrett adoptou «___________» como indicação de género da sua obra, mas, no fundo, reconhece que a peça tem características de um outro género, a ___________. Uma das razões que o fizeram escolher aquela designação foi não estar a peça escrita em ___________. Tendo __________ (aka Manuel de Sousa Coutinho) sido um brilhante ___________, não podia o dramaturgo pôr a personagem respectiva a exprimir-se em ___________.
[86-92] Garrett não quis retirar força à __________ (já tão trágica e dramática), e por isso preferiu não lhe acrescentar situações por si ___________.
[93-95] No entanto, tem consciência da __________ da sua empresa.
[96-106] Segue-se um parágrafo em que se contrasta a parcimónia de processos de Frei Luís de Sousa com o que era habitual nas _________ e com as peripécias a que vinha recorrendo o __________ (género que, nas linhas 101-104, Garrett não se esquece de __________).
[107-111] Modestamente (ou, mais provavelmente, com falsa modéstia), Garrett declara ter dúvidas de ter conseguido __________, mas acrescenta logo que o dramaturgo que alcance esse objectivo (sem usar, é claro, os «truques fáceis» a que se aludira no parágrafo anterior) terá então encontrado a fórmula da «__________».
[112-126] Finalmente, adverte não se ter preocupado em seguir sempre a __________. Dá mais importância à Literatura do que à __________, ainda que não tenha deixado de __________.
[Responde, se ainda houver tempo, quando os teus colegas ainda estiverem a terminar a síntese anterior:]
Ponho a seguir uma resposta à pergunta 7 da p. 153 (características de tragédia em Frei Luís de Sousa). Completa-a.
7. Os acontecimentos são dirigidos pelo destino, cujo poder se revela por meio de presságios e indícios de fatalidade: a profecia do __________ de D. Sebastião; os pressentimentos e receios de __________; os sonhos e visões de Maria; as falas agourentas de _________; os diálogos carregados de ameaças suspensas; o carácter funesto do ___________ (sete anos, sexta-feira, «dia fatal», «hora fatal»).
A intriga inclui os três elementos essenciais da tragédia clássica: a peripécia (chegada dos espanhóis, que leva Manuel de Sousa a ____________ o palácio e a deslocar-se para o espaço fatal); a anagnórise (reconhecimento do Romeiro como __________); a catástrofe (morte de Maria e clausura dos ________).
O coro trágico é corporizado na personagem de _________, bem como no grupo de frades que recita o ofício litúrgico dos mortos.
As personagens principais pertencem à/ao __________ {nobreza / povo / clero / burguesia} e gozam de boa fortuna até a __________ se abater sobre elas em consequência de um erro involuntário (provocado pelo destino) cometido no passado (o «crime» de D. Madalena).{as palavras a negro são objecto de verbetes nas páginas de glossário (291-302) de Antologia}
Assistimos a sketches com «Hamlet» dos Gato Fedorento e dos Monty Python.
Nos sete períodos que se seguem faltam, por vezes, vírgulas. Acrescenta as vírgulas em falta. Marca também os casos em que é possível pôr vírgula ou não, dependendo da interpretação que se faça da frase.
O Hamlet que prefiro é o dos Gato Fedorento.
Hamlet que é uma tragédia de Shakespeare terá sido escrito entre 1599 e 1601.
O Hamlet que tem comichão não é o dos Monty Python.
Gosto das tragédias de Shakespeare que nunca são enfadonhas.
Gosto das tragédias que não sejam enfadonhas.
Gosto de sketches cujos protagonistas sejam psiquiatras e Hamlet.
Vi o Frei Luís de Sousa cuja Maria é representada por Alexandra Lencastre.
No fundo, o que estiveste a fazer foi distinguir entre as orações relativas restritivas (as que não são isoladas por vírgulas) e orações relativas explicativas (as que têm de ficar entre vírgulas). Em cada período, sublinha a oração relativa (que começará por «que» ou por «cujo») e escreve E(xplicativa) ou R(estritiva). Já agora, todas estas orações relativas são adjectivas.
Vai até à p. 60 do Práticas (logo veremos se há tempo para o início da ficha, nas pp. 58-59). Vai usando estas respostas semi-preenchidas:
5. a) _____
b) _____
6. i) Consulte os livros, que são preciosos e ricos.
ii) _____________________
i) ______________________
ii) Siga as instruções que são claras e simples.
O valor _________ {explicativo/restritivo} do adjectivo mantém-se, se usarmos a vírgula; o valor __________ {explicativo/restritivo} também se mantém, se não a usarmos.
7. a) refrigerante; b) ________; c) ________; d) ________; e) ________; f) ________; g) ________.
8. a) Esta foi a causa conducente ao casamento; b) Foi a avaria no motor a razão ________ da partida às 7 horas; c) O conselho administrativo é o órgão ________ da empresa; d) Foi uma reacção _________ à festa; e) Escolhemos uma via ________ das flutuações económicas.
Agora, o início da ficha:
1. [o nome pu-lo já entre parênteses; basta escreveres o adjectivo] a) ________ (beleza); b) ______ (sopro); ______ (tremor); c) _______ (voz); d) _______ (esposa); ________ (perigo); e) ______ (perguntas), _______ (maravilhas).
2.1. absoluta, ______, austero, _______, fortes, franca, _______, rasgada, indominável.
2.2. O adjectivo «absoluta» concorda com o nome «_______» (feminino, singular); «nobre» concorda com «_____» (feminino, singular); «austero» e «puro» concordam com o nome «_______» (masculino, singular); «fortes» concorda com «________» (feminino, plural). [Bastam estes casos.]
3. Nas frases ___, ___, ___, os adjectivos são interpretados objectivamente. Os adjectivos das frases ___ e ___ implicam já alguma subjectividade; e o da frase ___ tem uma interpretação ainda mais subjectiva (faz-se uma hipálage [ver glossário, em Antologia, 297]).
4.1. Expressões adjectivais: ________, nervoso, _______, pesados, _______, mudo, ______, espectral, ______, vermelhos, ______, cheios (de horror).
4.2. Expressões adjectivais mais subjectivas: nervoso, ______, ______, esgazeados.
4.3. Adjectivos participiais [no Práticas está mal escrito: é claro que «participial» vem de «particípio»]: _______, sufocado, ________.
TPC — Este tepecê serve por dois (podem entregar-mo na primeira aula da semana que vem ou na última aula dessa semana). Além de ser trabalho de casa, poderão os textos (depois de vistos por mim e reformulados) concorrer ao prémio «À descoberta da obra do Padre António Vieira», cujo regulamento reza assim:
Os alunos do ensino secundário deverão, individualmente, redigir uma carta endereçada ao Padre António Vieira, sobre tema à sua escolha, mas tomando como base a vida e a obra do Autor, de forma original e inédita. O texto deverá ter a extensão de duas a três folhas de formato A4 e virá apresentado apenas na parte da frente da folha, em espaço duplo, letra Times New Roman, tamanho 12 [Comentário meu: as regras para o formato são nitidamente copiadas das do concurso «Continuemos este conto», em que entrámos o ano passado]
Porei regulamento completo aqui. Talvez dê também algumas ideias, pistas (estão aqui).
Lembro ainda que, a partir de agora, é preciso ter uma edição de Os Maias em casa (e não farão mal em ler o início, se o não fizeram já). A não ser que o diga, não valerá a pena trazerem sempre essa edição para a aula. Basta que esteja em casa.
Finalmente, recordo que houve alunos (este plural é escusado para o 11.º 4.ª e, quase, para o 11.º 6.ª) que, não tendo feito publifilme no primeiro período, ficaram de mo entregar agora. Seria gravíssimo se não o fizessem (acompanhar com ranger de dentes ao estilo de Irmã Natividade.)
Soluções
4.3. A fala que Telmo profere «à parte» («Já não sei pedir senão pela outra.») — um aparte, porque faz o comentário para si próprio e não é ouvido pela outra personagem em cena — confirma que as suas preocupações já estão mais concentradas nessa «outra filha» do que em D. João.
5.3. A solução do conflito põe um termo à vida da família: morte de Maria e tomada de hábito por Madalena e por Manuel de Sousa. Ao professarem, as duas personagens assumem o hábito como uma «mortalha», fechando-se para sempre na clausura do convento, encontrando, assim, uma saída digna para uma situação subitamente revelada como adúltera.
A tentativa de solução engendrada pelo Romeiro — que lamenta ter sido «imprudente», «injusto» e «cruel» — não tem sucesso, dada a oposição de Frei Jorge e do próprio Manuel de Sousa Coutinho, para quem uma simples dúvida sobre a morte de D. João bastaria para o levar a recolher-se à vida monástica. A opção pela vida religiosa representa a resolução do conflito na reconciliação com Deus.
A morte melodramática (patética) de Maria, clamando contra a «vontade de Deus» que a vitima com a mácula da desonra, suscita no leitor, ou no espectador, um sentimento de piedade e de revolta contra a «injustiça» do destino.
No plano simbólico, a esperança de regeneração do Presente, que Maria, com a sua juventude, poderia deixar adivinhar esmorece com a sua morte. A descrença no destino nacional ganha, assim, um significado trágico.
[linhas 1-7] A vida de Frei Luís de Sousa já fora tratada num livro escrito por Ferdinand Denis, que Garrett considera ter prejudicado a história do grande escritor que começara por se chamar Manuel de Sousa Coutinho.
[8-16] É característico dos episódios e personagens da história portuguesa serem muito simples, o que os torna mais apropriados a enredo de tragédia do que a assunto de outros géneros teatrais, como o drama, ou, para referir também a prosa, do que ao romance.
[17-20] Exemplo dessa simplicidade característica dos episódios com heróis portugueses é a paixão de Inês e Pedro, que ninguém soube tratar tão bem como Camões, o único que prescindiu de burilar/enfeitar a narrativa.
[21-30] Na história da família de Manuel de Sousa Coutinho, tal como foi fixada na tradição, vemos a mesma simplicidade das tragédias gregas, condimentada, porém, com a sensibilidade típica da cultura cristã.
[31-35] Por exemplo, após a «catástrofe», Madalena e Manuel não morrem propriamente, apenas se retiram da vida secular.
[36-53] (E faz-se uma comparação entre alguns motivos, e episódios, da cultura clássica/antiga/grega e as atitudes dos heróis de Frei Luís de Sousa, para que concluamos que são estas as mais sublimes.)
[54-85] Garrett adoptou «drama» como indicação de género da sua obra, mas, no fundo, reconhece que a peça tem características de um outro género, a tragédia. Uma das razões que o fizeram escolher aquela designação foi não estar a peça escrita em verso. Tendo Frei Luís de Sousa (aka Manuel de Sousa Coutinho) sido um brilhante prosador, não podia o dramaturgo pôr a personagem respectiva a exprimir-se em rima/versos/poesia.
[86-92] Garrett não quis retirar força à acção (já tão trágica e dramática), e por isso preferiu não lhe acrescentar situações por si inventadas.
[93-95] No entanto, tem consciência da dificuldade/temeridade/arrojo da sua empresa.
[96-106] Segue-se um parágrafo em que se contrasta a parcimónia de processos de Frei Luís de Sousa com o que era habitual nas tragédias e com as peripécias a que vinha recorrendo o drama (género que, nas linhas 101-104, Garrett não se esquece de caricaturar/ridicularizar).
[107-111] Modestamente (ou, mais provavelmente, com falsa modéstia), Garrett declara ter dúvidas de ter conseguido galvanizar o público, mas acrescenta logo que o dramaturgo que alcance esse objectivo (sem usar, é claro, os «truques fáceis» a que se aludira no parágrafo anterior) terá então encontrado a fórmula da «tragédia nova».
[112-126] Finalmente, adverte não se ter preocupado em seguir sempre a verdade [histórica]. Dá mais importância à Literatura do que à História, ainda que não tenha deixado de estudar/investigar as fontes acerca do mesmo assunto.
Ponho a seguir uma resposta à pergunta 7 da p. 153 (características de tragédia em Frei Luís de Sousa). Completa-a.
7. Os acontecimentos são dirigidos pelo destino, cujo poder se revela por meio de presságios e indícios de fatalidade: a profecia do regresso de D. Sebastião; os pressentimentos e receios de D. Madalena; os sonhos e visões de Maria; as falas agourentas de Telmo; os diálogos carregados de ameaças suspensas; o carácter funesto do tempo (sete anos, sexta-feira, «dia fatal», «hora fatal»).
A intriga inclui os três elementos essenciais da tragédia clássica: a peripécia (chegada dos espanhóis, que leva Manuel de Sousa a incendiar o palácio e a deslocar-se para o espaço fatal); a anagnórise (reconhecimento do Romeiro como D. João de Portugal); a catástrofe (morte de Maria e clausura dos pais).
O coro trágico é corporizado na personagem de Telmo, bem como no grupo de frades que recita o ofício litúrgico dos mortos.
As personagens principais pertencem à nobreza gozam de boa fortuna até a desgraça se abater sobre elas em consequência de um erro involuntário (provocado pelo destino) cometido no passado (o «crime» de D. Madalena).
Nos sete períodos que se seguem faltam, por vezes, vírgulas. Acrescenta as vírgulas em falta. Marca também os casos em que é possível pôr vírgula ou não, dependendo da interpretação que se faça da frase.
O Hamlet que prefiro é o dos Gato Fedorento. // R
Hamlet / que é uma tragédia de Skakespeare / terá sido escrito entre 1599 e 1601. // E
O Hamlet que tem comichão não é o dos Monty Python. // R
Gosto das tragédias de Shakespeare / que nunca são enfadonhas. // E
Gosto das tragédias de Shakespeare que nunca são enfadonhas. // R
Gosto das tragédias que não sejam enfadonhas. // R
Gosto das tragédias que não são enfadonhas. // R
Gosto das tragédias / que não são enfadonhas. // E
Gosto de sketches cujos protagonistas sejam psiquiatras e Hamlet. // R
Vi o Frei Luís de Sousa cuja Maria é representada por Alexandra Lencastre. // R
Vi o Frei Luís de Sousa / cuja Maria é representada por Alexandra Lencastre. // E
Vai até à p. 60 do Práticas (logo veremos se há tempo para o início da ficha, nas pp. 58-59). Vai usando estas respostas semi-preenchidas:
5. a) ii; b) ii
6. i) Consulte os livros, que são preciosos e ricos.
ii) Consulte os livros que são preciosos e ricos.
i) Siga as instruções, que são claras e simples.
ii) Siga as instruções que são claras e simples.
O valor explicativo {explicativo/restritivo} do adjectivo mantém-se, se usarmos a vírgula; o valor restritivo {explicativo/restritivo} também se mantém, se não a usarmos.
7. a) refrigerante; b) comovente; c) infalível; d) lacrimogéneo; e) polar; f) inadmissível, g) improdutiva.
8. a) Esta foi a causa conducente ao casamento; b) Foi a avaria no motor a razão impeditiva da partida às 7 horas; c) O conselho administrativo é o órgão dirigente da empresa; d) Foi uma reacção subsequente à festa; e) Escolhemos uma via independente das flutuações económicas.
Agora, o início da ficha:
1. [a expressão nominal pu-la já entre parênteses; basta escreveres o adjectivo] a) rara (beleza); b) doce (sopro); subtil (tremor); c) incorpórea (voz); d) dulcíssima (esposa); mortal (perigo); e) indiscretas (perguntas), celestes (maravilhas).
2.1. absoluta, nobre, austero, puro, fortes, franca, viril, rasgada, indominável.
2.2. O adjectivo «absoluta» concorda com o nome «ventura» (feminino, singular); «nobre» concorda com «paz» (feminino, singular); «austero» e «puro» concordam com o nome «homem» (masculino, singular); «fortes» concorda com «almas» (feminino, plural). [Bastam estes casos.]
3. Nas frases a), b), e) os adjectivos são interpretados objectivamente. Os adjectivos das frases c) e d) implicam já alguma subjectividade e o da frase f tem uma interpretação ainda mais subjectiva (faz-se uma hipálage [ver glossário, em Antologia, 297]).
4.1. Expressões adjectivais: entreaberto, nervoso, lentos, pesados, lívido, mudo, grande, espectral, sufocado, vermelhos, esgazeados, cheios (de horror).
4.2. Expressões adjectivais mais subjectivas: nervoso, espectral, sufocados, esgazeados. (implicam um olhar particular, uma sensibilidade pessoal por parte de quem representa uma realidade, neste caso um comportamento humano).
4.3. Adjectivos participiais [no Práticas está mal escrito: é claro que «participial» vem de «particípio»]: entreaberto, sufocado, esgazeado.
Aula 39 (9 ou 10/Fev) Corrigimos questionário sobre «Memória ao Conservatório» e resposta a pergunta 7 da p. 153; corrigimos também resto da ficha de gramática (que ficara por fazer na última aula). [Ver apresentação.]
Assistimos à sequência inicial de Frei Luís de Sousa numa peça com Alexandra Lencastre, Carlos Wallenstein, Carmen Dolores.
Apresentam-se os inícios (1-9) e os finais (A-I) de nove romances de Eça. (Dos publicados em vida do autor, só não estão Os Maias e, por ter sido escrito em colaboração com Ramalho Ortigão, O Mistério da Estrada de Sintra. Dos póstumos, não pus A Tragédia da Rua das Flores, por ter parentesco com Os Maias.)
Põe ao lado dos títulos os que te pareçam ser os respectivos inícios (1 a 9) e finais (A a I):
Romances de Eça de Queirós (segundo a ordem de publicação) / Inícios (1-9) / Finais (A-I)O Crime do Padre Amaro / __ / __
O Primo Basílio /__ / __
O Mandarim /__ / __
A Relíquia / __ / __
A Ilustre Casa de Ramires / __ / __
A Cidade e as Serras /__ / __
A Capital! (começos duma carreira) / __ / __
O Conde de Abranhos / __ / __
Alves & C.ª / __ / __
Inícios
1
A estação de Ovar, no caminho de ferro do Norte, estava muito silenciosa, pelas seis horas, antes da chegada do comboio do Porto.
2
À EX.MA SR.A CONDESSA DE ABRANHOS
MINHA SENHORA: — Tive, durante quinze anos, a honra tão invejada de ser o secretário particular de seu Ex.mo Marido, Alípio Severo Abranhos, Conde de Abranhos, e consumo-me, desde o dia da sua morte, no desejo de glorificar a memória deste varão eminente, orador, publicista, estadista, legislador e filósofo.
3
Nessa manhã, Godofredo da Conceição Alves, encalmado, soprando por ter vindo do Terreiro do Paço quase a correr, abria o batente de baetão verde do seu escritório num entressolo na Rua dos Douradores, quando o relógio de parede por cima da carteira do guarda-livros batia as duas horas, naquele tom, cavo, a que os tectos baixos do entressolo davam uma sonoridade dolente, e cava. Godofredo parou, verificou o seu próprio relógio preso por uma corrente de cabelo sobre o colete branco, e não conteve um gesto de irritação vendo a sua manhã assim perdida, pelas repartições do Ministério da Marinha: e era sempre assim quando o seu negócio de comissões para o Ultramar o levava lá: apesar de ter um primo de sua mulher Director-Geral, de escorregar de vez em quando uma placa de cinco tostões na mão dos contínuos, de ter descontado a dois segundos oficiais letras de favor, eram sempre as mesmas dormentes esperas pelo ministro, um folhear eterno de papelada, hesitações, demoras, todo um trabalho irregular, rangente e desconjuntado de velha máquina meio desaparafusada.
4
Foi no domingo de Páscoa que se soube em Leiria que o pároco da Sé, José Miguéis, tinha morrido de madrugada com uma apoplexia. O pároco era um homem sanguíneo e nutrido, que passava entre o clero diocesano pelo comilão dos comilões. Contavam-se histórias singulares da sua voracidade. O Carlos da Botica — que o detestava — costumava dizer, sempre que o via sair depois da sesta, com a face afogueada de sangue, muito enfartado:
— Lá vai a jibóia esmoer. Um dia estoura!
5
O meu amigo Jacinto nasceu num palácio, com cento e nove contos de renda em terras de semeadura, de vinhedo, de cortiça e de olival.
No Alentejo, pela Estremadura, através das duas Beiras, densas sebes ondulando por colina e vale, muros altos de boa pedra, ribeiras, estradas, delimitavam os campos desta velha família agrícola que já entulhava o grão e plantava cepa em tempos de el-rei D. Dinis. A sua quinta e casa senhorial de Tormes, no Baixo Douro, cobriam uma serra. Entre o Tua e o Tinhela, por cinco fartas léguas, todo o torrão lhe pagava foro. E cerrados pinheirais seus negrejavam desde Arga até ao mar de Âncora. Mas o palácio onde Jacinto nascera, e onde sempre habitara, era em Paris, nos Campos Elisios, n.° 202.
6
Decidi compor, nos vagares deste Verão, na minha Quinta do Mosteiro (antigo solar dos condes de Lindoso), as memórias da minha Vida — que neste século, tão consumido pelas incertezas da Inteligência e tão angustiado pelos tormentos do Dinheiro, encerra, penso eu e pensa meu cunhado Crispim, uma lição lúcida e forte.
7
Eu chamo-me Teodoro — e fui amanuense do Ministério do Reino.
Nesse tempo vivia eu à Travessa Conceição n.° 106, na casa de hóspedes da D. Augusta, a esplêndida D. Augusta, viúva do major Marques. Tinha dois companheiros: o Cabrita, empregado na Administração do bairro central, esguio e amarelo como uma tocha de enterro; e o possante, o exuberante tenente Couceiro, grande tocador de viola francesa.
8
Tinham dado onze horas no cuco da sala de jantar. Jorge fechou o volume de Luís Figuier que estivera folheando devagar, estirado na velha voltaire de marroquim escuro, espreguiçou-se, bocejou e disse:
— Tu não te vais vestir, Luísa?
9
Desde as quatro horas da tarde, no calor e silêncio do domingo de Junho, o Fidalgo da Torre, em chinelos, com uma quinzena de linho envergada sobre a camisa de chita cor-de-rosa, trabalhava. Gonçalo Mendes Ramires (que naquela sua velha aldeia de Santa Ireneia, e na vila vizinha, a asseada e vistosa Vila Clara, e mesmo na cidade, em Oliveira, todos conheciam pelo «Fidalgo da Torre»), trabalhava numa novela histórica, A Torre de D. Ramires, destinada ao primeiro número dos ANAIS DE LITERATURA E DE HISTÓRIA, revista nova, fundada por José Lúcio Castanheiro, seu antigo camarada de Coimbra, nos tempos do Cenáculo Patriótico, em casa das Severinas.
Finais
A
Os três amigos retomaram o caminho de Vila Clara. No céu branco a estrelinha tremeluzia sobre Santa Maria de Craquede. E padre Soeiro, com o seu guarda-sol sob o braço, recolheu à Torre vagarosamente, no silêncio e doçura da tarde, rezando as suas ave-‑marias, e pedindo a paz de Deus para Gonçalo, para todos os homens, para campos e casais adormecidos, e para a terra formosa de Portugal, tão cheia de graça amorável, que sempre bendita fosse entre as terras.
B
E não é sem uma emoção profunda que ali vou cada ano em piedosa romagem, contemplar a alta figura, marmórea, com o seu porte majestoso, o peito coberto das condecorações que lhe valeu o seu merecimento, uma das mãos sustentando o rolo dos seus manuscritos, para indicar o homem de letras, a outra assente sobre o punho do seu espadim de moço fidalgo, para designar o homem de Estado — e os olhos, por trás dos óculos de aros de ouro, erguidos para o firmamento, simbolizando a sua fé em Deus e nos destinos imortais da Pátria!
C
E todavia, ao expirar, consola-me prodigiosamente esta ideia: que do Norte ao Sul e do Oeste a Leste, desde a Grande Muralha da Tartária até às ondas do Mar Amarelo, em todo o vasto Império da China, nenhum Mandarim ficaria vivo, se tu, tão facilmente como eu, o pudesses suprimir e herdar-lhe os milhões, ó leitor, criatura improvisada por Deus, obra má de má argila, meu semelhante e meu irmão!
D
E tudo isto perdera! Porquê? Porque houve um momento em que me faltou esse descarado heroísmo de afirmar, que, batendo na Terra com pé forte, ou palidamente elevando os olhos ao Céu — cria, através da universal ilusão, ciências e religiões.
E
E na verdade me parecia que, por aqueles caminhos, através da natureza campestre e mansa — o meu Príncipe, atrigueirado nas soalheiras e nos ventos da serra, a minha prima Joaninha, tão doce e risonha mãe, os dois primeiros representantes da sua abençoada tribo, e eu — tão longe de amarguradas ilusões e de falsas delicias, trilhando um solo eterno, e de eterna solidez, com a alma contente, e Deus contente de nós, serenamente e seguramente subíamos — para o Castelo da Grã-Ventura!
F
E o homem de Estado, os dois homens de religião, todos três em linha, junto às grades do monumento, gozavam de cabeça alta esta certeza gloriosa da grandeza do seu país, — ali ao pé daquele pedestal, sob o frio olhar de bronze do velho poeta, erecto e nobre, com os seus largos ombros de cavaleiro forte, a epopeia sobre o coração, a espada firme, cercado dos cronistas e dos poetas heróicos da antiga pátria — para sempre passada, memória quase perdida!
G
— E nós que estivemos para nos bater, Machado! A gente em novo sempre é muito imprudente... E por causa duma tolice, amigo Machado!
E o outro bate-lhe no ombro também, responde sorrindo:
— Por causa duma grande tolice, Alves amigo!
H
Ao fundo do Aterro voltaram; e o visconde Reinaldo passando os dedos pelas suíças:
— De modo que estás sem mulher...
Basílio teve um sorriso resignado. E, depois dum silêncio, dando um forte raspão no chão com a bengala:
— Que ferro! Podia ter trazido a Alphonsine!
E foram tomar xerez à Taverna Inglesa.
I
Artur, instintivamente, olhou o molho de erva, que a pequena com muito cuidado apertava na dobra da saia, contra o ventrezinho. Já havia naquela erva, pensou, — porque sempre, de Coimbra, conservara ideias panteístas — havia já alguma coisa da doce velha.
— Para que é a erva, tio Jacinto?
— A erva? Ah, que é muito tenra. Escolhi-a de propósito. Saiba V. S.ª que é para os coelhos — respondeu o tio Jacinto, fechando a grade de ferro do cemitério.
Cria estes textos-fragmentos:
Continuação de um dos começos de Eça. (Identifica-o pelo algarismo.)
Antecedente de uma das conclusões de romances de Eça. (Identifica-a pela letra.)
Pastiche de romance de Eça. Inventarás título e criarás o início e o fim desse romance apócrifo.
Continuação de _____ ________
Trecho antecedente de _____ _______
Título _____________________
Início ______________
Final ______________
TPC — Se não o entregaste hoje, faz o tepecê que marquei na semana passada (texto para concurso sobre Padre António Vieira; estão aqui mais indicações).
Assistimos à sequência inicial de Frei Luís de Sousa numa peça com Alexandra Lencastre, Carlos Wallenstein, Carmen Dolores.
Apresentam-se os inícios (1-9) e os finais (A-I) de nove romances de Eça. (Dos publicados em vida do autor, só não estão Os Maias e, por ter sido escrito em colaboração com Ramalho Ortigão, O Mistério da Estrada de Sintra. Dos póstumos, não pus A Tragédia da Rua das Flores, por ter parentesco com Os Maias.)
Põe ao lado dos títulos os que te pareçam ser os respectivos inícios (1 a 9) e finais (A a I):
Romances de Eça de Queirós (segundo a ordem de publicação) / Inícios (1-9) / Finais (A-I)O Crime do Padre Amaro / __ / __
O Primo Basílio /__ / __
O Mandarim /__ / __
A Relíquia / __ / __
A Ilustre Casa de Ramires / __ / __
A Cidade e as Serras /__ / __
A Capital! (começos duma carreira) / __ / __
O Conde de Abranhos / __ / __
Alves & C.ª / __ / __
Inícios
1
A estação de Ovar, no caminho de ferro do Norte, estava muito silenciosa, pelas seis horas, antes da chegada do comboio do Porto.
2
À EX.MA SR.A CONDESSA DE ABRANHOS
MINHA SENHORA: — Tive, durante quinze anos, a honra tão invejada de ser o secretário particular de seu Ex.mo Marido, Alípio Severo Abranhos, Conde de Abranhos, e consumo-me, desde o dia da sua morte, no desejo de glorificar a memória deste varão eminente, orador, publicista, estadista, legislador e filósofo.
3
Nessa manhã, Godofredo da Conceição Alves, encalmado, soprando por ter vindo do Terreiro do Paço quase a correr, abria o batente de baetão verde do seu escritório num entressolo na Rua dos Douradores, quando o relógio de parede por cima da carteira do guarda-livros batia as duas horas, naquele tom, cavo, a que os tectos baixos do entressolo davam uma sonoridade dolente, e cava. Godofredo parou, verificou o seu próprio relógio preso por uma corrente de cabelo sobre o colete branco, e não conteve um gesto de irritação vendo a sua manhã assim perdida, pelas repartições do Ministério da Marinha: e era sempre assim quando o seu negócio de comissões para o Ultramar o levava lá: apesar de ter um primo de sua mulher Director-Geral, de escorregar de vez em quando uma placa de cinco tostões na mão dos contínuos, de ter descontado a dois segundos oficiais letras de favor, eram sempre as mesmas dormentes esperas pelo ministro, um folhear eterno de papelada, hesitações, demoras, todo um trabalho irregular, rangente e desconjuntado de velha máquina meio desaparafusada.
4
Foi no domingo de Páscoa que se soube em Leiria que o pároco da Sé, José Miguéis, tinha morrido de madrugada com uma apoplexia. O pároco era um homem sanguíneo e nutrido, que passava entre o clero diocesano pelo comilão dos comilões. Contavam-se histórias singulares da sua voracidade. O Carlos da Botica — que o detestava — costumava dizer, sempre que o via sair depois da sesta, com a face afogueada de sangue, muito enfartado:
— Lá vai a jibóia esmoer. Um dia estoura!
5
O meu amigo Jacinto nasceu num palácio, com cento e nove contos de renda em terras de semeadura, de vinhedo, de cortiça e de olival.
No Alentejo, pela Estremadura, através das duas Beiras, densas sebes ondulando por colina e vale, muros altos de boa pedra, ribeiras, estradas, delimitavam os campos desta velha família agrícola que já entulhava o grão e plantava cepa em tempos de el-rei D. Dinis. A sua quinta e casa senhorial de Tormes, no Baixo Douro, cobriam uma serra. Entre o Tua e o Tinhela, por cinco fartas léguas, todo o torrão lhe pagava foro. E cerrados pinheirais seus negrejavam desde Arga até ao mar de Âncora. Mas o palácio onde Jacinto nascera, e onde sempre habitara, era em Paris, nos Campos Elisios, n.° 202.
6
Decidi compor, nos vagares deste Verão, na minha Quinta do Mosteiro (antigo solar dos condes de Lindoso), as memórias da minha Vida — que neste século, tão consumido pelas incertezas da Inteligência e tão angustiado pelos tormentos do Dinheiro, encerra, penso eu e pensa meu cunhado Crispim, uma lição lúcida e forte.
7
Eu chamo-me Teodoro — e fui amanuense do Ministério do Reino.
Nesse tempo vivia eu à Travessa Conceição n.° 106, na casa de hóspedes da D. Augusta, a esplêndida D. Augusta, viúva do major Marques. Tinha dois companheiros: o Cabrita, empregado na Administração do bairro central, esguio e amarelo como uma tocha de enterro; e o possante, o exuberante tenente Couceiro, grande tocador de viola francesa.
8
Tinham dado onze horas no cuco da sala de jantar. Jorge fechou o volume de Luís Figuier que estivera folheando devagar, estirado na velha voltaire de marroquim escuro, espreguiçou-se, bocejou e disse:
— Tu não te vais vestir, Luísa?
9
Desde as quatro horas da tarde, no calor e silêncio do domingo de Junho, o Fidalgo da Torre, em chinelos, com uma quinzena de linho envergada sobre a camisa de chita cor-de-rosa, trabalhava. Gonçalo Mendes Ramires (que naquela sua velha aldeia de Santa Ireneia, e na vila vizinha, a asseada e vistosa Vila Clara, e mesmo na cidade, em Oliveira, todos conheciam pelo «Fidalgo da Torre»), trabalhava numa novela histórica, A Torre de D. Ramires, destinada ao primeiro número dos ANAIS DE LITERATURA E DE HISTÓRIA, revista nova, fundada por José Lúcio Castanheiro, seu antigo camarada de Coimbra, nos tempos do Cenáculo Patriótico, em casa das Severinas.
Finais
A
Os três amigos retomaram o caminho de Vila Clara. No céu branco a estrelinha tremeluzia sobre Santa Maria de Craquede. E padre Soeiro, com o seu guarda-sol sob o braço, recolheu à Torre vagarosamente, no silêncio e doçura da tarde, rezando as suas ave-‑marias, e pedindo a paz de Deus para Gonçalo, para todos os homens, para campos e casais adormecidos, e para a terra formosa de Portugal, tão cheia de graça amorável, que sempre bendita fosse entre as terras.
B
E não é sem uma emoção profunda que ali vou cada ano em piedosa romagem, contemplar a alta figura, marmórea, com o seu porte majestoso, o peito coberto das condecorações que lhe valeu o seu merecimento, uma das mãos sustentando o rolo dos seus manuscritos, para indicar o homem de letras, a outra assente sobre o punho do seu espadim de moço fidalgo, para designar o homem de Estado — e os olhos, por trás dos óculos de aros de ouro, erguidos para o firmamento, simbolizando a sua fé em Deus e nos destinos imortais da Pátria!
C
E todavia, ao expirar, consola-me prodigiosamente esta ideia: que do Norte ao Sul e do Oeste a Leste, desde a Grande Muralha da Tartária até às ondas do Mar Amarelo, em todo o vasto Império da China, nenhum Mandarim ficaria vivo, se tu, tão facilmente como eu, o pudesses suprimir e herdar-lhe os milhões, ó leitor, criatura improvisada por Deus, obra má de má argila, meu semelhante e meu irmão!
D
E tudo isto perdera! Porquê? Porque houve um momento em que me faltou esse descarado heroísmo de afirmar, que, batendo na Terra com pé forte, ou palidamente elevando os olhos ao Céu — cria, através da universal ilusão, ciências e religiões.
E
E na verdade me parecia que, por aqueles caminhos, através da natureza campestre e mansa — o meu Príncipe, atrigueirado nas soalheiras e nos ventos da serra, a minha prima Joaninha, tão doce e risonha mãe, os dois primeiros representantes da sua abençoada tribo, e eu — tão longe de amarguradas ilusões e de falsas delicias, trilhando um solo eterno, e de eterna solidez, com a alma contente, e Deus contente de nós, serenamente e seguramente subíamos — para o Castelo da Grã-Ventura!
F
E o homem de Estado, os dois homens de religião, todos três em linha, junto às grades do monumento, gozavam de cabeça alta esta certeza gloriosa da grandeza do seu país, — ali ao pé daquele pedestal, sob o frio olhar de bronze do velho poeta, erecto e nobre, com os seus largos ombros de cavaleiro forte, a epopeia sobre o coração, a espada firme, cercado dos cronistas e dos poetas heróicos da antiga pátria — para sempre passada, memória quase perdida!
G
— E nós que estivemos para nos bater, Machado! A gente em novo sempre é muito imprudente... E por causa duma tolice, amigo Machado!
E o outro bate-lhe no ombro também, responde sorrindo:
— Por causa duma grande tolice, Alves amigo!
H
Ao fundo do Aterro voltaram; e o visconde Reinaldo passando os dedos pelas suíças:
— De modo que estás sem mulher...
Basílio teve um sorriso resignado. E, depois dum silêncio, dando um forte raspão no chão com a bengala:
— Que ferro! Podia ter trazido a Alphonsine!
E foram tomar xerez à Taverna Inglesa.
I
Artur, instintivamente, olhou o molho de erva, que a pequena com muito cuidado apertava na dobra da saia, contra o ventrezinho. Já havia naquela erva, pensou, — porque sempre, de Coimbra, conservara ideias panteístas — havia já alguma coisa da doce velha.
— Para que é a erva, tio Jacinto?
— A erva? Ah, que é muito tenra. Escolhi-a de propósito. Saiba V. S.ª que é para os coelhos — respondeu o tio Jacinto, fechando a grade de ferro do cemitério.
Cria estes textos-fragmentos:
Continuação de um dos começos de Eça. (Identifica-o pelo algarismo.)
Antecedente de uma das conclusões de romances de Eça. (Identifica-a pela letra.)
Pastiche de romance de Eça. Inventarás título e criarás o início e o fim desse romance apócrifo.
Continuação de _____ ________
Trecho antecedente de _____ _______
Título _____________________
Início ______________
Final ______________
TPC — Se não o entregaste hoje, faz o tepecê que marquei na semana passada (texto para concurso sobre Padre António Vieira; estão aqui mais indicações).
Soluções:
Romances de Eça de Queirós (segundo a ordem de publicação) // Inícios (1-9) // Finais (A-I)O Crime do Padre Amaro / 4 / F
O Primo Basílio / 8 / H
O Mandarim / 7/C
A Relíquia / 6 / D
A Ilustre Casa de Ramires / 9 / A
A Cidade e as Serras / 5 / E
A Capital! (começos duma carreira) / 1 / I
O Conde de Abranhos / 2 / B
Alves & C.ª / 3 / G
Romances de Eça de Queirós (segundo a ordem de publicação) // Inícios (1-9) // Finais (A-I)O Crime do Padre Amaro / 4 / F
O Primo Basílio / 8 / H
O Mandarim / 7/C
A Relíquia / 6 / D
A Ilustre Casa de Ramires / 9 / A
A Cidade e as Serras / 5 / E
A Capital! (começos duma carreira) / 1 / I
O Conde de Abranhos / 2 / B
Alves & C.ª / 3 / G
[Ponho a seguir, aos pares, inícios e conclusões de cada romance]
A Capital! (começos duma carreira)
1
A estação de Ovar, no caminho de ferro do Norte, estava muito silenciosa, pelas seis horas da tarde antes da chegada do comboio do Porto.
I
Artur, instintivamente, olhou o molho de erva, que a pequena com muito cuidado apertava na dobra da saia, contra o ventrezinho. Já havia naquela erva, pensou, — porque sempre, de Coimbra, conservara ideias panteístas — havia já alguma coisa da doce velha.
— Para que é a erva, tio Jacinto?
— A erva? Ah, que é muito tenra. Escolhi-a de propósito. Saiba V. S.ª que é para os coelhos — respondeu o tio Jacinto, fechando a grade de ferro do cemitério.
O Conde de Abranhos
2
À EX.MA SR.A CONDESSA DE ABRANHOS
MINHA SENHORA: — Tive, durante quinze anos, a honra tão invejada de ser o secretário particular de seu Ex.mo Marido, Alípio Severo Abranhos, Conde de Abranhos, e consumo-me, desde o dia da sua morte, no desejo de glorificar a memória deste varão eminente, orador, publicista, estadista, legislador e filósofo.
B
E não é sem uma emoção profunda que ali vou cada ano em piedosa romagem, contemplar a alta figura, marmórea, com o seu porte majestoso, o peito coberto das condecorações que lhe valeu o seu merecimento, uma das mãos sustentando o rolo dos seus manuscritos, para indicar o homem de letras, a outra assente sobre o punho do seu espadim de moço fidalgo, para designar o homem de Estado — e os olhos, por trás dos óculos de aros de ouro, erguidos para o firmamento, simbolizando a sua fé em Deus e nos destinos imortais da Pátria!
Alves & C.ª
3
Nessa manhã, Godofredo da Conceição Alves, encalmado, soprando por ter vindo do Terreiro do Paço quase a correr, abria o batente de baetão verde do seu escritório num entressolo na Rua dos Douradores, quando o relógio de parede por cima da carteira do guarda-livros batia as duas horas, naquele tom, cavo, a que os tectos baixos do entressolo davam uma sonoridade dolente, e cava. Godofredo parou, verificou o seu próprio relógio preso por uma corrente de cabelo sobre o colete branco, e não conteve um gesto de irritação vendo a sua manhã assim perdida, pelas repartições do Ministério da Marinha: e era sempre assim quando o seu negócio de comissões para o Ultramar o levava lá: apesar de ter um primo de sua mulher Director-Geral, de escorregar de vez em quando uma placa de cinco tostões na mão dos contínuos, de ter descontado a dois segundos oficiais letras de favor, eram sempre as mesmas dormentes esperas pelo ministro, um folhear eterno de papelada, hesitações, demoras, todo um trabalho irregular, rangente e desconjuntado de velha máquina meio desaparafusada.
G
— E nós que estivemos para nos bater, Machado! A gente em novo sempre é muito imprudente... E por causa duma tolice, amigo Machado!
E o outro bate-lhe no ombro também, responde sorrindo:
— Por causa duma grande tolice, Alves amigo!
O Crime do Padre Amaro
4
Foi no domingo de Páscoa que se soube em Leiria que o pároco da Sé, José Miguéis, tinha morrido de madrugada com uma apoplexia. O pároco era um homem sanguíneo e nutrido, que passava entre o clero diocesano pelo comilão dos comilões. Contavam-se histórias singulares da sua voracidade. O Carlos da Botica — que o detestava — costumava dizer, sempre que o via sair depois da sesta, com a face afogueada de sangue, muito enfartado:
— Lá vai a jibóia esmoer. Um dia estoura!
F
E o homem de Estado, os dois homens de religíão, todos três em linha, junto às grades do monumento, gozavam de cabeça alta esta certeza gloriosa da grandeza do seu país, — ali ao pé daquele pedestal, sob o frio olhar de bronze do velho poeta, erecto e nobre, com os seus largos ombros de cavaleiro forte, a epopeia sobre o coração, a espada firme, cercado dos cronistas e dos poetas heróicos da antiga pátria — para sempre passada, memória quase perdida!
A Cidade e as Serras
5
O meu amigo Jacinto nasceu num palácio, com cento e nove contos de renda em terras de semeadura, de vinhedo, de cortiça e de olival.
No Alentejo, pela Estremadura, através das duas Beiras, densas sebes ondulando por colina e vale, muros altos de boa pedra, ribeiras, estradas, delimitavam os campos desta velha família agrícola que já entulhava o grão e plantava cepa em tempos de el-rei D. Dinis. A sua quinta e casa senhorial de Tormes, no Baixo Douro, cobriam uma serra. Entre o Tua e o Tinhela, por cinco fartas léguas, todo o torrão lhe pagava foro. E cerrados pinheirais seus negrejavam desde Arga até ao mar de Âncora. Mas o palácio onde Jacinto nascera, e onde sempre habitara, era em Paris, nos Campos Elisios, n.° 202.
E
E na verdade me parecia que, por aqueles caminhos, através da natureza campestre e mansa — o meu Príncipe, atrigueirado nas soalheiras e nos ventos da serra, a minha prima Joaninha, tão doce e risonha mãe, os dois primeiros representantes da sua abençoada tribo, e eu — tão longe de amarguradas ilusões e de falsas delicias, trilhando um solo eterno, e de eterna solidez, com a alma contente, e Deus contente de nós, serenamente e seguramente subíamos — para o Castelo da Grã-Ventura!
A Capital! (começos duma carreira)
1
A estação de Ovar, no caminho de ferro do Norte, estava muito silenciosa, pelas seis horas da tarde antes da chegada do comboio do Porto.
I
Artur, instintivamente, olhou o molho de erva, que a pequena com muito cuidado apertava na dobra da saia, contra o ventrezinho. Já havia naquela erva, pensou, — porque sempre, de Coimbra, conservara ideias panteístas — havia já alguma coisa da doce velha.
— Para que é a erva, tio Jacinto?
— A erva? Ah, que é muito tenra. Escolhi-a de propósito. Saiba V. S.ª que é para os coelhos — respondeu o tio Jacinto, fechando a grade de ferro do cemitério.
O Conde de Abranhos
2
À EX.MA SR.A CONDESSA DE ABRANHOS
MINHA SENHORA: — Tive, durante quinze anos, a honra tão invejada de ser o secretário particular de seu Ex.mo Marido, Alípio Severo Abranhos, Conde de Abranhos, e consumo-me, desde o dia da sua morte, no desejo de glorificar a memória deste varão eminente, orador, publicista, estadista, legislador e filósofo.
B
E não é sem uma emoção profunda que ali vou cada ano em piedosa romagem, contemplar a alta figura, marmórea, com o seu porte majestoso, o peito coberto das condecorações que lhe valeu o seu merecimento, uma das mãos sustentando o rolo dos seus manuscritos, para indicar o homem de letras, a outra assente sobre o punho do seu espadim de moço fidalgo, para designar o homem de Estado — e os olhos, por trás dos óculos de aros de ouro, erguidos para o firmamento, simbolizando a sua fé em Deus e nos destinos imortais da Pátria!
Alves & C.ª
3
Nessa manhã, Godofredo da Conceição Alves, encalmado, soprando por ter vindo do Terreiro do Paço quase a correr, abria o batente de baetão verde do seu escritório num entressolo na Rua dos Douradores, quando o relógio de parede por cima da carteira do guarda-livros batia as duas horas, naquele tom, cavo, a que os tectos baixos do entressolo davam uma sonoridade dolente, e cava. Godofredo parou, verificou o seu próprio relógio preso por uma corrente de cabelo sobre o colete branco, e não conteve um gesto de irritação vendo a sua manhã assim perdida, pelas repartições do Ministério da Marinha: e era sempre assim quando o seu negócio de comissões para o Ultramar o levava lá: apesar de ter um primo de sua mulher Director-Geral, de escorregar de vez em quando uma placa de cinco tostões na mão dos contínuos, de ter descontado a dois segundos oficiais letras de favor, eram sempre as mesmas dormentes esperas pelo ministro, um folhear eterno de papelada, hesitações, demoras, todo um trabalho irregular, rangente e desconjuntado de velha máquina meio desaparafusada.
G
— E nós que estivemos para nos bater, Machado! A gente em novo sempre é muito imprudente... E por causa duma tolice, amigo Machado!
E o outro bate-lhe no ombro também, responde sorrindo:
— Por causa duma grande tolice, Alves amigo!
O Crime do Padre Amaro
4
Foi no domingo de Páscoa que se soube em Leiria que o pároco da Sé, José Miguéis, tinha morrido de madrugada com uma apoplexia. O pároco era um homem sanguíneo e nutrido, que passava entre o clero diocesano pelo comilão dos comilões. Contavam-se histórias singulares da sua voracidade. O Carlos da Botica — que o detestava — costumava dizer, sempre que o via sair depois da sesta, com a face afogueada de sangue, muito enfartado:
— Lá vai a jibóia esmoer. Um dia estoura!
F
E o homem de Estado, os dois homens de religíão, todos três em linha, junto às grades do monumento, gozavam de cabeça alta esta certeza gloriosa da grandeza do seu país, — ali ao pé daquele pedestal, sob o frio olhar de bronze do velho poeta, erecto e nobre, com os seus largos ombros de cavaleiro forte, a epopeia sobre o coração, a espada firme, cercado dos cronistas e dos poetas heróicos da antiga pátria — para sempre passada, memória quase perdida!
A Cidade e as Serras
5
O meu amigo Jacinto nasceu num palácio, com cento e nove contos de renda em terras de semeadura, de vinhedo, de cortiça e de olival.
No Alentejo, pela Estremadura, através das duas Beiras, densas sebes ondulando por colina e vale, muros altos de boa pedra, ribeiras, estradas, delimitavam os campos desta velha família agrícola que já entulhava o grão e plantava cepa em tempos de el-rei D. Dinis. A sua quinta e casa senhorial de Tormes, no Baixo Douro, cobriam uma serra. Entre o Tua e o Tinhela, por cinco fartas léguas, todo o torrão lhe pagava foro. E cerrados pinheirais seus negrejavam desde Arga até ao mar de Âncora. Mas o palácio onde Jacinto nascera, e onde sempre habitara, era em Paris, nos Campos Elisios, n.° 202.
E
E na verdade me parecia que, por aqueles caminhos, através da natureza campestre e mansa — o meu Príncipe, atrigueirado nas soalheiras e nos ventos da serra, a minha prima Joaninha, tão doce e risonha mãe, os dois primeiros representantes da sua abençoada tribo, e eu — tão longe de amarguradas ilusões e de falsas delicias, trilhando um solo eterno, e de eterna solidez, com a alma contente, e Deus contente de nós, serenamente e seguramente subíamos — para o Castelo da Grã-Ventura!
A Relíquia
6
Decidi compor, nos vagares deste Verão, na minha Quinta do Mosteiro (antigo solar dos condes de Lindoso), as memórias da minha vida —que neste século, tão consumido pelas incertezas da Inteligência e tão angustiado pelos tormentos do Dinheiro, encerra, penso eu e pensa meu cunhado Crispim, uma lição lúcida e forte.
D
E tudo isto perdera! Porquê? Porque houve um momento em que me faltou esse descarado heroísmo de afirmar, que, batendo na Terra com pé forte, ou palidamente elevando os olhos ao Céu — cria, através da universal ilusão, ciências e religiões.
O Mandarim
7
Eu chamo-me Teodoro — e fui amanuense do Ministério do Reino.
Nesse tempo vivia eu à Travessa Conceição n.° 106, na casa de hóspedes da D. Augusta, a esplêndida D. Augusta, viúva do major Marques. Tinha dois companheiros: o Cabrita, empregado na Administração do bairro central, esguio e amarelo como uma tocha de enterro; e o possante, o exuberante tenente Couceiro, grande tocador de viola francesa.
C
E todavia, ao expirar, consola-me prodigiosamente esta ideia: que do Norte ao Sul e do Oeste a Leste, desde a Grande Muralha da Tartária até às ondas do Mar Amarelo, em todo o vasto Império da China, nenhum Mandarim ficaria vivo, se tu, tão facilmente como eu, o pudesses suprimir e herdar-lhe os milhões, ó leitor, criatura improvisada por Deus, obra má de má argila, meu semelhante e meu irmão!
6
Decidi compor, nos vagares deste Verão, na minha Quinta do Mosteiro (antigo solar dos condes de Lindoso), as memórias da minha vida —que neste século, tão consumido pelas incertezas da Inteligência e tão angustiado pelos tormentos do Dinheiro, encerra, penso eu e pensa meu cunhado Crispim, uma lição lúcida e forte.
D
E tudo isto perdera! Porquê? Porque houve um momento em que me faltou esse descarado heroísmo de afirmar, que, batendo na Terra com pé forte, ou palidamente elevando os olhos ao Céu — cria, através da universal ilusão, ciências e religiões.
O Mandarim
7
Eu chamo-me Teodoro — e fui amanuense do Ministério do Reino.
Nesse tempo vivia eu à Travessa Conceição n.° 106, na casa de hóspedes da D. Augusta, a esplêndida D. Augusta, viúva do major Marques. Tinha dois companheiros: o Cabrita, empregado na Administração do bairro central, esguio e amarelo como uma tocha de enterro; e o possante, o exuberante tenente Couceiro, grande tocador de viola francesa.
C
E todavia, ao expirar, consola-me prodigiosamente esta ideia: que do Norte ao Sul e do Oeste a Leste, desde a Grande Muralha da Tartária até às ondas do Mar Amarelo, em todo o vasto Império da China, nenhum Mandarim ficaria vivo, se tu, tão facilmente como eu, o pudesses suprimir e herdar-lhe os milhões, ó leitor, criatura improvisada por Deus, obra má de má argila, meu semelhante e meu irmão!
O Primo Basílio
8
Tinham dado onze horas no cuco da sala de jantar. Jorge fechou o volume de Luís Figuier que estivera folheando devagar, estirado na velha voltaire de marroquim escuro, espreguiçou-se, bocejou e disse:
— Tu não te vais vestir, Luísa?
— Logo.
H
Ao fundo do Aterro voltaram; e o visconde Reinaldo passando os dedos pelas suíças:
— De modo que estás sem mulher...
Basílio teve um sorriso resignado. E, depois dum silêncio, dando um forte raspão no chão com a bengala:
— Que ferro! Podia ter trazido a Alphonsine!
E foram tomar xerez à Taverna Inglesa.
A Ilustre Casa de Ramires
9
Desde as quatro horas da tarde, no calor e silêncio do domingo de Junho, o Fidalgo da Torre, em chinelos, com uma quinzena de linho envergada sobre a camisa de chita cor-de-rosa, trabalhava. Gonçalo Mendes Ramires (que naquela sua velha aldeia de Santa Ireneia, e na vila vizinha, a asseada e vistosa Vila Clara, e mesmo na cidade, em Oliveira, todos conheciam pelo «Fidalgo da Torre»), trabalhava numa novela histórica, A Torre de D. Ramires, destinada ao primeiro número dos ANAIS DE LITERATURA E DE HISTÓRIA, revista nova, fundada por José Lúcio Castanheiro, seu antigo camarada de Coimbra, nos tempos do Cenáculo Patriótico, em casa das Severinas.
A
Os três amigos retomaram o caminho de Vila Clara. No céu branco a estrelinha tremeluzia sobre Santa Maria de Craquede. E padre Soeiro, com o seu guarda-sol sob o braço, recolheu à Torre vagarosa ente, no silêncio e doçura da tarde, rezando as suas ave-marias, e pedindo a paz de Deus para Gonçalo, para todos os homens, para campos e casais adormecidos, e para a terra formosa de Portugal, tão cheia de graça amorável, que sempre bendita fosse entre as terras.
8
Tinham dado onze horas no cuco da sala de jantar. Jorge fechou o volume de Luís Figuier que estivera folheando devagar, estirado na velha voltaire de marroquim escuro, espreguiçou-se, bocejou e disse:
— Tu não te vais vestir, Luísa?
— Logo.
H
Ao fundo do Aterro voltaram; e o visconde Reinaldo passando os dedos pelas suíças:
— De modo que estás sem mulher...
Basílio teve um sorriso resignado. E, depois dum silêncio, dando um forte raspão no chão com a bengala:
— Que ferro! Podia ter trazido a Alphonsine!
E foram tomar xerez à Taverna Inglesa.
A Ilustre Casa de Ramires
9
Desde as quatro horas da tarde, no calor e silêncio do domingo de Junho, o Fidalgo da Torre, em chinelos, com uma quinzena de linho envergada sobre a camisa de chita cor-de-rosa, trabalhava. Gonçalo Mendes Ramires (que naquela sua velha aldeia de Santa Ireneia, e na vila vizinha, a asseada e vistosa Vila Clara, e mesmo na cidade, em Oliveira, todos conheciam pelo «Fidalgo da Torre»), trabalhava numa novela histórica, A Torre de D. Ramires, destinada ao primeiro número dos ANAIS DE LITERATURA E DE HISTÓRIA, revista nova, fundada por José Lúcio Castanheiro, seu antigo camarada de Coimbra, nos tempos do Cenáculo Patriótico, em casa das Severinas.
A
Os três amigos retomaram o caminho de Vila Clara. No céu branco a estrelinha tremeluzia sobre Santa Maria de Craquede. E padre Soeiro, com o seu guarda-sol sob o braço, recolheu à Torre vagarosa ente, no silêncio e doçura da tarde, rezando as suas ave-marias, e pedindo a paz de Deus para Gonçalo, para todos os homens, para campos e casais adormecidos, e para a terra formosa de Portugal, tão cheia de graça amorável, que sempre bendita fosse entre as terras.
Aula 40 (12 ou 13/Fev) O sketch «Encorning» (Série Fonseca) brinca com um hábito que encontramos nas profissões em que convém parecer muito actualizado: o uso despropositado de palavras inglesas. É certo que, por vezes, o anglicismo é necessário para referir conceitos para que não há equivalente em português; mas, em muitos outros casos, usa-se o estrangeirismo apenas para conferir ao que se diz uma aparência de modernidade.
O ridículo da situação vem destas características:
(i) exagero do número de anglicismos proferidos em todas as falas;
(ii) a partir de certa altura, as personagens, passarem a dizer supostos estrangeirismos (constituídos por palavra portuguesa + ing);
(iii) num momento quase final, essas falsas palavras inglesas serem derivadas a partir de palavras portuguesas de nível popular (palavra primitiva portuguesa de nível popular + sufixo inglês -ing).
Depois de veres o sketch, entre as palavras que transcrevi em baixo, distingue:
(1) anglicismos propriamente ditos;
(2) falsos anglicismos, criados a partir de palavras portuguesas de nível corrente;
(3) falsos anglicismos, inventados a partir de palavras portuguesas de nível popular.
anglicismo / __ / tradução ou palavra verdadeira
downsizing / 1 / abaixamento
merchandizing / __ / promoção
factoring / __ / cobrança de créditos por intermediário
outsourcing /__ / subcontratação externa
holding / __ / sociedade gestora de participações sociais
benchmarking / __ / processo de avaliação relativamente à concorrência
marketing / __ / mercadologia
leasing / __ / aluguer de bens
renting / __ / aluguer
upgrading / __ / actualização
networking / __ /ligação em rede
despeding / __ / ________
viding / __ / ________
raspaneting / __ / ________
preguicing / __ / ________
desautorizing / __ / ________
respeiting / __ / ________
retracting / 2 / retractar ('desdizer')
sarilhing / __ / ________
encorning /__ / ________
aldrabing / __ / ________
lixating / __ / ________
enxerting / __ / ________
larguing / __ / ________
desculping / __ / ________
melhoring / __ / ________
geralding / __ / ________
filhodaputing / 3 / filho da puta
Algumas das palavras que integrámos no tipo 1 podem considerar-se já verdadeiros empréstimos (mais do que estrangeirismos temporários). Se admitíssemos o critério de os empréstimos já estarem dicionarizados e os estrangeirismos não, diríamos ainda serem meros estrangeirismos __________, __________, __________, já que encontro as outras palavras no Grande Dicionário Língua Portuguesa (Porto Editora).
O ridículo da situação vem destas características:
(i) exagero do número de anglicismos proferidos em todas as falas;
(ii) a partir de certa altura, as personagens, passarem a dizer supostos estrangeirismos (constituídos por palavra portuguesa + ing);
(iii) num momento quase final, essas falsas palavras inglesas serem derivadas a partir de palavras portuguesas de nível popular (palavra primitiva portuguesa de nível popular + sufixo inglês -ing).
Depois de veres o sketch, entre as palavras que transcrevi em baixo, distingue:
(1) anglicismos propriamente ditos;
(2) falsos anglicismos, criados a partir de palavras portuguesas de nível corrente;
(3) falsos anglicismos, inventados a partir de palavras portuguesas de nível popular.
anglicismo / __ / tradução ou palavra verdadeira
downsizing / 1 / abaixamento
merchandizing / __ / promoção
factoring / __ / cobrança de créditos por intermediário
outsourcing /__ / subcontratação externa
holding / __ / sociedade gestora de participações sociais
benchmarking / __ / processo de avaliação relativamente à concorrência
marketing / __ / mercadologia
leasing / __ / aluguer de bens
renting / __ / aluguer
upgrading / __ / actualização
networking / __ /ligação em rede
despeding / __ / ________
viding / __ / ________
raspaneting / __ / ________
preguicing / __ / ________
desautorizing / __ / ________
respeiting / __ / ________
retracting / 2 / retractar ('desdizer')
sarilhing / __ / ________
encorning /__ / ________
aldrabing / __ / ________
lixating / __ / ________
enxerting / __ / ________
larguing / __ / ________
desculping / __ / ________
melhoring / __ / ________
geralding / __ / ________
filhodaputing / 3 / filho da puta
Algumas das palavras que integrámos no tipo 1 podem considerar-se já verdadeiros empréstimos (mais do que estrangeirismos temporários). Se admitíssemos o critério de os empréstimos já estarem dicionarizados e os estrangeirismos não, diríamos ainda serem meros estrangeirismos __________, __________, __________, já que encontro as outras palavras no Grande Dicionário Língua Portuguesa (Porto Editora).
O protagonista de «Polícia que se quer vestir de mulher» (série Fonseca) usa alguns empréstimos e estrangeirismos. São, em geral, palavras relacionadas com a moda.
Põe nas duas primeiras colunas a tradução ou o empréstimo que ouviste. Na terceira coluna, decide entre «anglicismo» ou, se a palavra vier do francês, «galicismo».
Por fim, à esquerda da primeira coluna, ordena (1-6) as palavras segundo o grau de integração no português (de empréstimo quase já não reconhecível como tal — e, claro, dicionarizado há muito — até ao estrangeirismo raramente ouvido).
Empréstimo ou Estrangeirismo / Significado ou Tradução / Origem — étimo
tailleur / ________ / galicismo — tailleur
_______ / chapéu com abas largas e leves / _______ — capeline + «chapelina»
______ / cosméticos aplicados para embelezar / _______ — maquillage
______ / _______ / anglicismo — gloss
______ / mulher relaxada / ________ — slutty
______ / espécie de «cachecol» largo / ________ — écharpe
Relativamente às palavras ou expressões em «Indivíduo que é javardola, menos quando fala francês» (Lopes da Silva), adivinha se estão dicionarizadas e, nesse caso, dá palpite sobre as grafias com que a palavra foi registada em dois dicionários (o português Grande Dicionário Língua Portuguesa e a edição brasileira do Dicionário Houaiss).
GDLP (Porto Ed.) / Houaiss brasileiro / étimo
Galicismos (francesismos)
_______ / Ø / partenaire
lingerie / ______ / lingerie
______ / soutien-gorge, sutiã / soutien-gorge
______ / réveillon / réveillon
champanhe / _______ / champagne
_______ / chantilly, chantili / chantilly
_______ / marquise / marquise
_______ / croissant / croissant
roulotte, rulote / ______ / roulotte
_______ / tricô / tricot
_______ / ménage à trois / ménage à trois
Anglicismos; termos ingleses
_______ / timing / timing
_______ / feedback / feedback
OK / o.k. / o.k. (oll korrect)
______ / Ø / boxer shorts
______ / Ø / [Manchester United]
______ / Ø / [Bobby Charlton]
Seguem-se comentários acerca de livros de Eça — no fundo, sinopses um pouco mais analíticas. (O autor, Joaquim Ferreira, é um ensaísta bastante ultrapassado e o estilo, por vezes, torna-se emocional, quase reaccionário, chegando o resultado a ser caricato.)
Lê-os. Depois, em folha solta, escreve uma sinopse-comentário a um fictício livro de Eça. Época da intriga não é relevante (pode até ser posterior a 1900, data de morte do romancista).
O Crime do Padre Amaro
Publicado em 1875, ficara já concluído três anos antes. «O crime do padre Amaro foi escrito em 1871, lido a alguns amigos em 1872» — esclarece-nos o preâmbulo da segunda edição. Apareceu na Revista Universal em 1875, e imprimiu-se no ano seguinte, num só volume. A técnica do novo romancista mostrava-se nele em plena força. Foi o seu romance de estreia, e também o primeiro romance português elaborado pela estética do realismo. A narrativa flui nitidamente impessoal. Os diálogos parecem captados do vivo, a psicologia dos personagens surge-nos bem típica e vigorosa. O estilo desenha com objectividade os sucessos, mesmo a lascívia e a profanação, em cenas de intuitos caricaturais.
A intriga evolui em Leiria, que Eça bem conheceu quando ali administrador do concelho. Padre Amaro obteve despacho para a Sé de Leiria. Hospeda-se na pensão da S. Joaneira, cuja filha Amélia se destacava nas mais guapas e virtuosas raparigas da cidade. Vários sujeitos são frequentadores da pensão; o cónego Dias, mestre de moral do seminário e amante da S. Joaneira; o Libaninho; o João Eduardo, noivo da Amélia; e algumas beatas. Padre Amaro, após armadilha, consegue estuprar Amélia. Fá-la sua concubina. Amélia engravida. E padre Amaro compra uma alcaiota para lhe estrangular o filho recém-nascido. Amélia sucumbe no parto. Padre Amaro obtém transferência de Leiria. E deleita-se na exploração escumalhada, fescenina, das beatas de Lisboa.
O indecoro e a imundície fizeram-se temas da arte realista. E Eça de Queirós não pretendeu evitá-los, através da ironia maliciosa que nunca cessa de empregar. Mas compôs n’O crime do padre Amaro um magnífico romance da vida na província, introduzindo com ele vitoriosamente o realismo nas nossas letras. A observação é minuciosa, os caracteres mantêm-se na sua directriz própria; mas que pandilhas! O padre Amaro simboliza a abjecção na figura dum sacerdote católico: sedutor, blasfemo, perjuro, homicida. O romancista rebuscou no esconso das vielas um biltre das galés, envergou-lhe uma batina, tonsurou-o, e fê-lo padre. Será crível?
O Mistério da Estrada de Sintra
Pertence igualmente à sua primeira fase literária o romance denominado O mistério da estrada de Sintra. Escrito por Eça de Queirós e Ramalho Ortigão, apareceu nos rodapés do jornal de Lisboa O Diário de Notícias. Tinha a forma de cartas ao redactor do periódico lisboeta, a primeira das quais saiu no dia 23 de Julho de 1870. Um médico regressava de Sintra, na companhia dum amigo. Assalto de mascarados, um homem morto num prédio isolado, e as consabidas aventuras duma novela policial. «Um romance tremendo, buzinado das alturas do Diário de Notícias» — disseram os autores. Não iam além da intenção de espevitar a curiosidade dos ingénuos.
O Primo Basílio
O primo Basílio foi publicado em 1878, sob a rubrica de «episódio doméstico». A acção desenrola-se toda em Lisboa. O engenheiro Jorge e Luísa vivem felizes. Frequentam-lhes a casa o conselheiro Acácio, o Julião, o Sebastião, D. Felicidade, D. Leopoldina. Jorge ausenta-se quatro semanas para Alentejo, numa comissão de serviço público. Do estrangeiro chega Basílio, primo de Luísa. Visita-a. Basílio é um vicioso, um torpe. Luísa agrada-lhe, e ele sedu-la. Juliana, criada de Luísa, espiona-lhe os passos, furta-lhe as cartas do amante. Começa o calvário de Luísa, no medo de ser descoberta. Basílio enfastia-se, regressa a Paris, abandonando-a. Jorge volta do Alentejo. Debilitada, exausta, Luísa cai doente. E um dia o correio entrega a Jorge uma carta de Basilio para Luísa, escrita de Paris. O marido sabe agora a infâmia da esposa. Quando revela a Luísa que lhe não desconhece a infidelidade, ela sofre uma febre cerebral, e morre. Basílio reentra da França. Procurando Luísa, recebe com indiferença a nova da sua morte.
Causa desgosto a pormenorização na luxúria e o abuso do negativismo do romancista, que só descobriu consciências depravadas: o conselheiro Acácio, amante de D. Felicidade; a D. Leopoldina, uma adúltera quase meretriz; o banqueiro Castro, um lascivo e brutal; o visconde Reinaldo, um abjecto; Juliana, invejosa e perversa; Luísa, uma leviana a referver de volúpia, repugnante de cio; Basílio, o bandalho ajanotado, o andrógino dos bordéis parisienses. Em suma, Luísa renova a devassidão de Amélia; e Basílio é uma espécie de Amaro sem sotaina. A mesma caterva de malandrins.
A Relíquia
A Relíquia foi publicada em 1887. Teodorico Raposo viaja no Egipto e na Palestina. Visita os lugares bíblicos, a expensas da Titi, na companhia do pedantola e cretinóide Topsius, arqueólogo alemão. O pagode de Raposo não afrouxa: em Alexandria é o regabofe com a Mary, uma rameira; em Jerusalém, com outras de igual aviltamento. Nem a santidade dos templos, nem a presença de certas imagens sagradas atenua a ironia do romancista: mesmo diante do Santo Sepulcro, Teodorico Raposo fareja lascivamente aquela marafona «de rosto gordinho e sardento». No intervalo dos prostíbulos, nas margens do Jordão, Raposo tem um sonho: em 150 páginas, inspiradas pela Salammbô de Flaubert, ele testemunha o processo de Jesus. É esta a melhor parte do livro. Raposo, que é um gabiru, traz à Titi uma «relíquia» de Jerusalém —uma coroa de espinhos. Mas do embrulho surge aos olhos pávidos da Titi e dos circunstantes uma surpresa: não aquela coroa de espinhos, mas a camisa da Mary. Um escândalo na troca. É uma brincadeira animada de patuscas pilhérias. E nem lhe faltam ultrajes insensatos às tradições do cristianismo.
A Ilustre Casa de Ramires
A ilustre casa de Ramires foi editada em 1900. Gonçalo Mendes Ramires é o fidalgo da Torre e bacharel de solar em Santa Ireneia. A sua antiquíssima cepa vem de família coeva do rei D. Afonso Henriques. A irmã chama-se Graça — a Gracinha Ramires. Noiva de André Cavaleiro, um farçola, traiu este a palavra dada — não a toma para esposa. Gonçalo odeia-o. Gracinha consorcia-se com um primo boçal, José Barrolo. A solicitação de um literato, Gonçalo escreve a «Torre de D. Ramires», novela histórica dos avoengos. Morre o deputado do círculo. Gonçalo associa-se a André Cavaleiro, então governador civil; os caciques manejam as urnas, e Gonçalo acaba por ser eleito. Mas Gonçalo decide-se a cultivar terras sertanejas, e vai para a África. De lá regressa feliz.
É uma sátira à politiquice de campanário. E também um epigrama da decadência no país. A fraqueza, a doçura, a bondade, o entusiasmo, o delírio, a honra, o orgulho, a utopia, a inteligência, o messianismo, a velhíssima casta de Gonçalo representa-nos Portugal. A ilustre casa de Ramires é, pois, uma alegoria «à terra formosa de Portugal, tão cheia de graça amorável... sempre bendita entre as terras». E com esta apologia termina o romance.Correspondência de Fradique MendesCorrespondência de Fradique Mendes, sob a rubrica de «memórias e notas», é de 1900. Carlos Fradique Mendes serve de encarnação ao modelo do super-homem concebido e amado por Eça de Queirós. É uma verdadeira estilização do seu espírito. Açoriano, estudante de Coimbra e de Paris, bem viajado, com cintilações solares na palavra, esteta, peralvilho, dialogando em família com Hugo e Gautier — eis o perfil de Fradique Mendes. As frases eram cristais. «Dizia estas coisas enormes numa voz lenta, penetrante, que ia recortando os termos com a certeza e a perfeição dum buril... naquela forma translúcida e geométrica».
Em epístolas a Oliveira Martins, a Guerra Junqueiro, a Ramalho Ortigão, a Madame de Jouarre, a Clara, vai discorrendo Fradique numa linguagem subtilmente cinzelada sobre assuntos vários. Foi numa carta ao sr. Mollinet que o romancista criou a figura inconfundível do conselheiro Pacheco, das mais vivas na sua galeria de tipos.
TPC — Vai lendo Os Maias (pelo menos, os primeiros capítulos). Na próxima aula — e talvez até já durante o fim de semana, em Gaveta de Nuvens —, sistematizarei as instruções sobre o próximo tepecê «grande».
Soluções
anglicismo tradução / palavra verdadeiradownsizing 1 abaixamento
merchandizing 1 promoção
factoring 1 cobrança de créditos por intermediário
outsourcing 1 subcontratação externa
holding 1 sociedade gestora de participações sociais
benchmarking 1 processo de avaliação relativamente à concorrência
marketing 1 mercadologia
leasing 1 aluguer de bens
renting 1 aluguer
upgrading 1 actualização
networking 1 ligação em rede
despeding 2 despedimento
viding 2 vida
raspaneting 2 raspanete
preguicing 2 preguiça
desautorizing 2 desautorização
respeiting 2 respeito
retracting 2 retractar ('desdizer')
sarilhing 2 sarilho
encorning 3 [traição]
aldrabing 2 aldrabice
lixating 3 [frustração]
enxerting 3 enxerto
larguing 3 [larga-me]
desculping 3 desculpa (pedido de)
melhoring 3 [está melhor]
geralding 3 geral
filhodaputing 3 filho da puta
Algumas das palavras que integrámos no tipo 1 podem considerar-se já verdadeiros empréstimos (mais do que estrangeirismos temporários). Se admitíssemos o critério de os empréstimos já estarem dicionarizados e os estrangeirismos não, diríamos ainda serem meros estrangeirismos outsourcing, renting, networking, upgrading, já que encontro as outras palavras no Grande Dicionário Língua Portuguesa (Porto Editora).
Empréstimo ou Estrangeirismo / Significado ou Tradução / Origem — étimo
tailleur / saia-casaco / galicismo — tailleur
*chapeline / chapéu com abas largas e leves / galicismo — capeline + «chapelina»
maquilhagem / cosméticos aplicados para embelezar / galicismo — maquillage
gloss / glosse / certo tipo de bâton / anglicismo — gloss
slutty / mulher relaxada / anglicismo — slutty
echarpe / espécie de «cachecol» largo / galicismo — écharpeEmpréstimo / Estrangeirismos3 / tailleur
4 / chapeline
1 / maquilhagem
5 / gloss
6 / sluty
2 / echarpe
GDLP (Porto Ed.) / Houaiss brasileiro / Étimo
partenaire, parceiro / Ø / partenaire
lingerie / lingerie / lingerie
soutien, sutiã / soutien-gorge, sutiã / soutien-gorge
réveillon / réveillon / réveillon
champanhe / champanhe, champanha / champagne
chantili, chantilly / chantilly, chantili / chantilly
marquise / marquise / marquise
croissant, croissã / croissant / croissant
roulotte, rulote / Ø / roulotte
tricô / tricô / tricot
Ø / ménage à trois / ménage à trois
timing / timing / timing
feedback / feedback / feedback
OK / o.k. / o.k. (oll korrect)
boxers / Ø / boxer shorts
Ø / Ø / [Manchester United]
Ø / Ø / [Bobby Charlton]
Aula 41 (16 ou 17/Fev) Para resolveres a ficha sobre «A renovação lexical: o neologismo» (Práticas, 61-64), preenche as lacunas das respostas que se seguem.
1. Telefone — palavra composta pelos elementos de origem grega tele e fone, significa ‘______ à distância’.
Fotografia — formada a partir dos elementos de origem _____ foto e grafo, traduz a ideia de inscrição de uma imagem numa superfície sensível à luz.
Ónibus — deriva do pronome latino omnibus (‘para todos’), foi usada no francês do século XIX na expressão «voiture omnibus», que significava ‘carro _______’, e depois foi abreviada.
Electricidade — formada a partir do vocábulo ________ «electrum», que sugere a ideia de ‘força atractiva’.
________ — derivada do verbo latino «ausculto» (1.ª pessoa; infinitivo: «auscultare»), significando aquele que ouve ou aquilo que permite ouvir.
Saxofone — composta a partir do nome do ________ deste instrumento e do elemento grego fone (‘som’).
2.1-2. Conferençofone — ‘aparelho que transmite som das _______’. A palavra é composta pelo elemento grego fone e pelo nome «conferência».
Teatrofone — ‘aparelho que transmite o ________ do teatro’. A palavra é composta pelo mesmo elemento grego fone e pelo nome «teatro».
Desanuviado — ‘sem preocupações, tranquilo’. É derivada do nome «_________» por prefixação e sufixação.
Desenvencilhado — ‘liberto, solto’. Particípio __________ do verbo «desenvencilhar».
Mesmice — ‘monotonia’. Palavra formada por __________ do pronome «o mesmo» (com o sufixo –ice, encontrável em tantos nomes abstractos).
2.3. [já fizemos tarefa semelhante; não a retomaremos agora]
3.1. «penugenta» (aplicado a «algazarra»); «tolerador», «pingolejava», «descontada» (enquanto inverso de «narrada»), «________», «_______».
3.2-3. [reproduzo dois verbetes do livro de Fernanda Cavacas, Mia Couto: Brincriação Vocabular, que é um glossário de neologismos do escritor moçambicano:]
1. Telefone — palavra composta pelos elementos de origem grega tele e fone, significa ‘______ à distância’.
Fotografia — formada a partir dos elementos de origem _____ foto e grafo, traduz a ideia de inscrição de uma imagem numa superfície sensível à luz.
Ónibus — deriva do pronome latino omnibus (‘para todos’), foi usada no francês do século XIX na expressão «voiture omnibus», que significava ‘carro _______’, e depois foi abreviada.
Electricidade — formada a partir do vocábulo ________ «electrum», que sugere a ideia de ‘força atractiva’.
________ — derivada do verbo latino «ausculto» (1.ª pessoa; infinitivo: «auscultare»), significando aquele que ouve ou aquilo que permite ouvir.
Saxofone — composta a partir do nome do ________ deste instrumento e do elemento grego fone (‘som’).
2.1-2. Conferençofone — ‘aparelho que transmite som das _______’. A palavra é composta pelo elemento grego fone e pelo nome «conferência».
Teatrofone — ‘aparelho que transmite o ________ do teatro’. A palavra é composta pelo mesmo elemento grego fone e pelo nome «teatro».
Desanuviado — ‘sem preocupações, tranquilo’. É derivada do nome «_________» por prefixação e sufixação.
Desenvencilhado — ‘liberto, solto’. Particípio __________ do verbo «desenvencilhar».
Mesmice — ‘monotonia’. Palavra formada por __________ do pronome «o mesmo» (com o sufixo –ice, encontrável em tantos nomes abstractos).
2.3. [já fizemos tarefa semelhante; não a retomaremos agora]
3.1. «penugenta» (aplicado a «algazarra»); «tolerador», «pingolejava», «descontada» (enquanto inverso de «narrada»), «________», «_______».
3.2-3. [reproduzo dois verbetes do livro de Fernanda Cavacas, Mia Couto: Brincriação Vocabular, que é um glossário de neologismos do escritor moçambicano:]
Já conhecemos do ano passado a propensão de Mia Couto para a invenção de palavras. Percebemos que «siamensal» é um neologismo criado através de _______ {entrecruzamento / derivação / redução / acronímia / composição}.
Na criação de «desvistado» (como na de «descontada»), o processo de formação que o escritor simulou foi o da ____________ {derivação / composição / estupidez}.
4. [relanceia estes verbetes do Grande Dicionário Língua Portuguesa:]
«Telemóvel» aproveita o elemento grego tele, que significa ‘___________’.
Duas das palavras — «___________» e «____________» — implicaram, em certo momento da sua evolução, derivação imprópria, já que são nomes comuns que têm como étimo mais distante um nome próprio. (Um pouco à margem: «monoquíni» resultou de uma derivação regressiva a partir de «biquíni», já que assenta na errada interpretação da sílaba ____ como se fosse um prefixo e significasse ‘dois’.)
«Internetwork» — que, na última aula, vimos não estar dicionarizada — é o étimo de «internet», resultando de __________ ou truncamento (como «foto» ou «prof»).
«Disquete» é um ____________ {galicismo / anglicismo / italianismo / germanismo / castelhanismo / romenismo / tupinismo}.
5.1. Whist — ‘jogo de cartas, jogado a pares, antepassado do bridge’.
Dandy — ‘indivíduo que tem a preocupação de se vestir com elegância’.
5.2. Ambas as palavras já foram adaptadas à grafia portuguesa: o dicionário atesta «_________» e «_________».
6.1. [são as palavras em itálico:] ____________, ___________, ___________, ____________, ___________. Os significados são: ‘carruagem fechada’; ‘afectado’; ‘avenida’; ‘serão, espectáculo nocturno’; ‘gracejo, dito espirituoso’.
6.2. Francês (trata-se, portanto, de _________).
6.3. O século XIX é o século dos empréstimos linguísticos franceses, como o XX é o dos _________, o que tem a ver com a influência da cultura _________ em oitocentos. Eça chegou a ser muito criticado, pelos gramáticos puristas, por recorrer constantemente a _________. Alguns dos que se consideraram escusados: goche (‘desajeitado’); debute (‘estreia’); grande ar (‘ar livre’).
7. a) drive-in; b) _________; c) _________; d) _________; e) _____________;
f) ________; g) _________; h) _________; i) __________; j) _____________;
k) ________; l) _________.
Tendo assistido ao início de Corações (Cœurs), de Alain Resnais, compara esse trecho com o começo de Os Maias (Antologia, 173-175).
Transpõe o parágrafo inicial de Os Maias para a nossa época. Podes, deves, alterar também o contexto social (o que, aliás, a mudança de época já implica).
Mantém sintaxe próxima da do original, segue uma «intriga» paralela, mas evita repetir o vocabulário.
Transpõe o parágrafo inicial de Os Maias para a nossa época. Podes, deves, alterar também o contexto social (o que, aliás, a mudança de época já implica).
Mantém sintaxe próxima da do original, segue uma «intriga» paralela, mas evita repetir o vocabulário.
Tepecê grande
Trabalho tem de ser entregue até daqui a um mês (apontemos para 12/13 de Março — enfim, 16/17 de Março, para quem precise, mas também um pouco mais cedo, a quem isso não desconvenha, já que me seria vantajoso não receber tudo demasiado perto do final do período).
Como em trabalhos anteriores (microfilme autobiográfico, bibliofilme, publifilme), deve haver discurso oral gravado (seja em leitura, seja em dramatização, seja em conversa «espontânea», seja em canção, etc.). Embora espere sobretudo filmes WMP, admitem-se gravações audio (como já permitira no caso dos publifilmes).
Trabalhos podem ser individuais ou em dupla (neste caso, com intervenções orais dos dois colegas).
O formato e duração dos filmes são semelhantes aos combinados nos trabalhos anteriores.
São temas: (1) Os Maias; (2) algum outro livro de Eça; (3) amores de Pedro e Inês (ou outro amor célebre da literatura portuguesa).
A razão dos temas 1 e 2 é óbvia; o tema 3 é para não descartar a possibilidade de se concorrer ao Concurso Inês de Castro (neste caso, conviria que a gravação ficasse pronta o mais cedo possível, já que o concurso, embora feche a 27/3, implica outras diligências).
Estes temas podem ser tratados de múltiplas formas. De tantas, que nem darei aqui exemplos (fá-lo-ei depois em Gaveta de Nuvens) — basta lembrar que a relação com o tema pode ser quase literal, mas também é admissível, e talvez até aconselhável, que se estabeleça com ele uma ligação indirecta, inferida apenas (ainda que o filme seja efectivamente relacionável com o assunto original).
Soluções:
1. Telefone — palavra composta pelos elementos de origem grega tele e fone, significa ‘som à distância’.
Fotografia — formada a partir dos elementos de origem grega foto e grafo, traduz a ideia de inscrição de uma imagem numa superfície sensível à luz.
Ónibus — deriva do pronome latino omnibus (‘para todos’), foi usada no francês do século XIX na expressão «voiture omnibus», que significava ‘carro para todos’, e depois foi abreviada.
Electricidade — formada a partir do vocábulo latino «electrum», que sugere a ideia de ‘força atractiva’.
Auscultador — derivada do verbo latino «ausculto» (1.ª pessoa; infinitivo: «auscultare»), significando aquele que ouve ou aquilo que permite ouvir.
Saxofone — composta a partir do nome do inventor deste instrumento e do elemento grego fone (‘som’).
2.1-2. Conferençofone — ‘aparelho que transmite som das conferências’. A palavra é composta pelo elemento grego fone e pelo nome «conferência».
Teatrofone — ‘aparelho que transmite o som do teatro’. A palavra é composta pelo mesmo elemento grego fone e pelo nome «teatro».
Desanuviado — ‘sem preocupações, tranquilo’. É derivada do nome «nuvem» por prefixação e sufixação.
Desenvencilhado — ‘liberto, solto’. Particípio passado do verbo «desenvencilhar».
Mesmice — ‘monotonia’. Palavra formada por derivação do pronome «o mesmo» (com o sufixo –ice, encontrável em tantos nomes abstractos).
2.3. [deixa para o final esta pergunta; e cria apenas uma ou duas palavras]
3.1. «penugenta» (aplicado a «algazarra»); «tolerador», «pingolejava», «descontada» (enquanto inverso de «narrada»), «desvistado», «siamensal».
3.2-3. Já conhecemos do ano passado a propensão de Mia Couto para a invenção de palavras. Percebemos que «siamensal» é um neologismo criado através de entrecruzamento. Na criação de «desvistado» (como na de «descontada»), o processo de formação que o escritor simulou foi o da derivação.
4. «Telemóvel» aproveita o elemento grego tele, que significa ‘à distância’. Duas das palavras — «hambúrguer» e «biquíni» — implicaram, em certo momento da sua evolução, derivação imprópria, já que são nomes comuns que têm como étimo mais distante um nome próprio. ((Um pouco à margem: «monoquíni» resultou de uma derivação regressiva a partir de «biquíni», já que assenta na errada interpretação da sílaba bi como se fosse um prefixo e significasse ‘dois’.)
«Internetwork» — que, na última aula, vimos não estar dicionarizada — é o étimo de «internet», resultando de uma redução ou truncamento (como «foto» ou «prof»). «Disquete» é um galicismo.
5.1. Whist — ‘jogo de cartas, jogado a pares, antepassado do bridge’.
Dandy — ‘indivíduo que tem a preocupação de se vestir com elegância’.
5.2. Ambas as palavras já foram adaptadas à grafia portuguesa: o dicionário atesta «uíste» e «dândi».
6.1. [são as palavras em itálico:] coupé, poseur, boulevard, soirée, blague. Os significados são: ‘carruagem fechada’; ‘afectado’; ‘avenida’; ‘serão, espectáculo nocturno’; ‘gracejo, dito espirituoso’.
6.2. Francês (trata-se portanto de galicismos).
6.3. O século XIX é o século dos empréstimos linguísticos franceses, como o XX é o dos ingleses, o que tem a ver com a influência da cultura francesa em oitocentos. Eça chegou a ser muito criticado, pelos gramáticos puristas, por recorrer constantemente a galicismos. Alguns dos que se consideraram escusados: goche (‘desajeitado’); debute (‘estreia’); grande ar (‘ar livre’); etc.
7. a) drive-in; b) funk; c) mass media; d) must; e) motel;
f) plantel; g) yuppies; h) pane; i) surf; j) miúra;
k) blackout/blecaut; l) boomerang/bumerangue.
Outono de 1875. / Inverno de ano próximo de nós.
Lisboa (bairro das Janelas Verdes). / Paris (Austerlitz-Tolbiac).
Em zona de «paz dormente». / Em zona de trabalho (perto até do emprego de Nicole).
Casarão a precisar de obras. / Apartamento novo (ou renovado).
Austero e grande. / Engraçado mas pequeno.
Permanecera muito tempo desabitado (fora usado apenas em 1870 para arrecadação de mobílias vindas de Benfica). / Adaptado de modo a ganhar uma assoalhada.
Pedira-se, em tempos, renda exagerada. / Imobiliária sobreavaliava o espaço.
Vilaça, o procurador da família, teve reacção irónica do candidato à compra e também lhe retorquiu com humor / Thierry, o funcionário da imobiliária, mostrou-se pouco argumentativo em resposta à assertiva cliente Nicole
Afonso precisava de uma casa em Lisboa, porque o neto, Carlos, formado em Medicina, não se quereria ir encerrar na Quinta de Santa Olávia, no Douro. / Nicole queria que o seu noivo, Dan, dispusesse de um escritório no apartamento.
Vilaça aludiu a uma lenda que dizia ser o Ramalhete funesto. / Thierry procurou salientar vantagens do apartamento.
Afonso respondeu com querer habitar «sob tectos» da família. / Nicole mostrou o tecto do apartamento para provar que uma sala fora subdvidida.
Aula 42 (19 ou 20/Fev) Na última aula, nas pp. 173-175 de Antologia, vimos o trecho inicial de Os Maias, em que se justificavam as obras no Ramalhete (e se fazia um breve ____________ do edifício). O primeiro capítulo continua com uma descrição detalhada da casa-palácio (que não está reproduzida no manual).
Apresenta-se-nos depois Afonso da Maia e passa-se logo a uma analepse em que se relata a vida do avô de Carlos (o exílio, por ser partidário das ideias ___________; o casamento com _____________, mulher conservadora; o nascimento de Pedro).
A parte que se segue está no manual (Antologia, 176-177). Relê-a. Escreve respostas económicas, mas legíveis e esclarecedoras, às perguntas 2 e 3.1 da p. 177.
2.
3.1
Para remediar a crescente melancolia da mulher, Maria Eduarda Runa, Afonso viaja para Itália. Acabam mesmo por regressar a Lisboa, à casa de Benfica. Maria Eduarda continua devotíssima (e esse ambiente beato muito influencia Pedro). Morre. Depois de um luto — exagerado e mórbido — pela mãe, Pedro tem um ano de «estroinice» romântica. Mas retoma a beatice. É então que se apaixona por _________.
Relanceia tu as pp. 178-179 de Antologia, que dão conta de como Afonso e Vilaça encaravam essa paixão de Pedro.
A Vilaça (l. 10) preocupava que _____________.
Quanto a Afonso da Maia, mais confiante (por orgulho nos pergaminhos da família), inicialmente nem concebia que Maria Monforte não fosse apenas uma ________.
No entanto, depois de a ver, e de perceber como era _____________, Afonso não respondeu a uma exclamação que valorizava Maria, ficando cabisbaixo, o que nos faz inferir que _____________.
[Se houver tempo, responde à pergunta 3 da p. 179:]
Completa o quadro seguinte, que mostra como o tempo é tratado no romance. As lacunas quase correspondem aos três trechos do capítulo I que estão no nosso manual.
anos / páginas / capítulos / conteúdo
1875 / 5 / I / Descrição do ________________.
entre 1820 e 1875 / 85 / I-IV / [Analepse] Juventude de Afonso da Maia. Exílio de Afonso. Casamento de Afonso com Maria Eduarda Runa. ___________ Pedro, em __________. Regresso a Benfica, juventude, ____________ e casamento de Pedro. Suicídio de Pedro. Infância e educação de Carlos, em Santa Olávia. Carlos cursa Medicina, em Coimbra. Carlos viaja pela Europa.
1875-7 / 590 / IV-XVII / [Miolo da narrativa.] Carlos em Lisboa.
1877 / 2 / XVIII / Carlos e Ega viajam.
1886-7 / 25 / XVIII / Carlos regressa a Lisboa.
[usei: Fernando Egídio Reis, M.ª Manuela Ventura Santos & M.ª Neves Leal Gonçalves, Os Maias: análise da obra, p. 76]
Assistimos a diversas sequências (relativas ao princípio da obra) de série televisiva sobre Os Maias. [A seguir, o trailer dessa novela; entretanto, pus os vários filmes correspondentes ao capítulo 1, aqui.]
Apresenta-se-nos depois Afonso da Maia e passa-se logo a uma analepse em que se relata a vida do avô de Carlos (o exílio, por ser partidário das ideias ___________; o casamento com _____________, mulher conservadora; o nascimento de Pedro).
A parte que se segue está no manual (Antologia, 176-177). Relê-a. Escreve respostas económicas, mas legíveis e esclarecedoras, às perguntas 2 e 3.1 da p. 177.
2.
3.1
Para remediar a crescente melancolia da mulher, Maria Eduarda Runa, Afonso viaja para Itália. Acabam mesmo por regressar a Lisboa, à casa de Benfica. Maria Eduarda continua devotíssima (e esse ambiente beato muito influencia Pedro). Morre. Depois de um luto — exagerado e mórbido — pela mãe, Pedro tem um ano de «estroinice» romântica. Mas retoma a beatice. É então que se apaixona por _________.
Relanceia tu as pp. 178-179 de Antologia, que dão conta de como Afonso e Vilaça encaravam essa paixão de Pedro.
A Vilaça (l. 10) preocupava que _____________.
Quanto a Afonso da Maia, mais confiante (por orgulho nos pergaminhos da família), inicialmente nem concebia que Maria Monforte não fosse apenas uma ________.
No entanto, depois de a ver, e de perceber como era _____________, Afonso não respondeu a uma exclamação que valorizava Maria, ficando cabisbaixo, o que nos faz inferir que _____________.
[Se houver tempo, responde à pergunta 3 da p. 179:]
Completa o quadro seguinte, que mostra como o tempo é tratado no romance. As lacunas quase correspondem aos três trechos do capítulo I que estão no nosso manual.
anos / páginas / capítulos / conteúdo
1875 / 5 / I / Descrição do ________________.
entre 1820 e 1875 / 85 / I-IV / [Analepse] Juventude de Afonso da Maia. Exílio de Afonso. Casamento de Afonso com Maria Eduarda Runa. ___________ Pedro, em __________. Regresso a Benfica, juventude, ____________ e casamento de Pedro. Suicídio de Pedro. Infância e educação de Carlos, em Santa Olávia. Carlos cursa Medicina, em Coimbra. Carlos viaja pela Europa.
1875-7 / 590 / IV-XVII / [Miolo da narrativa.] Carlos em Lisboa.
1877 / 2 / XVIII / Carlos e Ega viajam.
1886-7 / 25 / XVIII / Carlos regressa a Lisboa.
[usei: Fernando Egídio Reis, M.ª Manuela Ventura Santos & M.ª Neves Leal Gonçalves, Os Maias: análise da obra, p. 76]
Assistimos a diversas sequências (relativas ao princípio da obra) de série televisiva sobre Os Maias. [A seguir, o trailer dessa novela; entretanto, pus os vários filmes correspondentes ao capítulo 1, aqui.]
TPC — [Para aqueles a quem devolvi hoje o texto «Carta ao Padre Vieira»:] Ponderar enviar texto ao concurso; nesse caso, seguir regras que pus em folha anexa. (Se, na próxima aula, me trouxerem o que é pedido, posso tratar do envio por correio.)
[Para todos:] Ir lendo Os Maias. Melhorarei informação acerca do trabalho «grande» aqui.
[Para todos:] Ir lendo Os Maias. Melhorarei informação acerca do trabalho «grande» aqui.
Soluções:
Na última aula, nas pp. 173-175 de Antologia, vimos o trecho inicial de Os Maias, em que se justificavam as obras no Ramalhete (e se fazia um breve historial do edifício). O primeiro capítulo continua com uma descrição detalhada da casa-palácio (que não está reproduzida no manual).
Apresenta-se-nos depois Afonso da Maia e passa-se logo a uma analepse em que se relata a vida do avô de Carlos (o exílio, por ser partidário das ideias liberais; o casamento com Maria Eduarda Runa, mulher conservadora; o nascimento de Pedro).
A parte que se segue está no manual (Antologia, 176-177). Relê-a. Escreve respostas económicas, mas legíveis e esclarecedoras, às perguntas 2 e 3.1 da p. 177.
2. Maria Eduarda Runa não se adaptou à vida em Inglaterra, por, católica exacerbada, considerar os ingleses, protestantes, «hereges». Faltavam-lhe ali os rituais a que se habituara. Decerto era a sua índole beata que a levava a rejeitar tudo o que fosse inglês (e a procurar reproduzir, dentro de portas, o ambiente a que se habituara em Lisboa).
3.1 Num primeiro momento, Afonso quis reagir à educação tacanha, fechada, malsã, que ministravam a Pedro. Porém, as tentativas que fizera para libertar o filho daquele ambiente desesperaram tanto a mulher, que Afonso desistira de intervir, para não a contrariar. Aliás, também Pedro, frágil, medroso, parecia já conformado ao estilo de educação «português».
Para remediar a crescente melancolia da mulher, Maria Eduarda Runa, Afonso viaja para Itália. Acabam mesmo por regressar a Lisboa, à casa de Benfica. Maria Eduarda continua devotíssima (e esse ambiente beato muito influencia Pedro). Morre. Depois de um luto — exagerado e mórbido — pela mãe, Pedro tem um ano de «estroinice» romântica. Mas retoma a beatice. É então que se apaixona por Maria Monforte.
Relanceia tu as pp. 178-179 de Antologia, que dão conta de como Afonso (e Vilaça) encaravam essa paixão de Pedro.
A Vilaça (l. 10) preocupava que Pedro, mais do que precisar de dinheiro para satisfazer uma amante, pudesse estar a pensar casar com Maria Monforte.
Quanto a Afonso da Maia, mais confiante (por orgulho nos pergaminhos da família), inicialmente nem concebia que Maria Monforte não fosse apenas uma amante.
No entanto, depois de a ver, e de perceber como era bonita, Afonso não respondeu a uma exclamação que valorizava Maria, ficando cabisbaixo, o que nos faz inferir que compreendeu que o caso era mais sério do que pensara.
3. A gravidade e pureza do mármore grego pode aludir, ironicamente, à — posteriormente consabida — inconstância de Maria, como pode antecipar a tragédia que trará à família. A cor dos olhos da Monforte («azul sombrio») talvez conote a mesma premonição. No caso da «sombrinha escarlate», fica quase explicitado o sentido trágico que contém: «larga mancha de sangue a alastrar» e sob o «verde triste» das árvores.
anos / páginas / capítulos / conteúdo1875 / 5 / I / Descrição do Ramalhete.
entre 1820 e 1875 / 85 / I-IV / [Analepse] Juventude de Afonso da Maia. Exílio de Afonso. Casamento de Afonso com Maria Eduarda Runa. Infância de Pedro, em Inglaterra. Regresso a Benfica, juventude, amores e casamento de Pedro. Suicídio de Pedro. Infância e educação de Carlos, em Santa Olávia. Carlos cursa Medicina, em Coimbra. Carlos viaja pela Europa.
1875 a 1877 / 590 / IV-XVII / [Miolo da narrativa.] Carlos em Lisboa.
1877 / 2 / XVIII / Carlos e Ega viajam.
1886 a 1887 / 25 / XVIII / Carlos regressa a Lisboa.
Aula 43 (26 ou 27/Fev) No ano passado, falámos de paratexto, que, no fundo, designa o que num livro não é o texto propriamente dito. Inclui categorias da lavra do autor (título, dedicatórias, epígrafes) e do editor (capa, contracapa, orelhas da capa, sobrecapa, cintas). Há ainda prefácio ou posfácio, notas, índices, bibliografia, ilustrações, que podem ser quer da responsabilidade autoral quer da do editor.
Reportando-se aos livros de Eça que lhes calharem, preencham o que se segue.
O livro é brochado / encadernado {escolhe}. Tem apenas capa / Tem capa e sobrecapa ({se sim, no parágrafo seguinte, onde está «capa» interpreta como ‘sobrecapa’}).
Capa
A capa, além de autor (Eça de Queirós/Queiroz {circunda a grafia que esteja}), título da obra (______________) e editora (______________), tem algum outro dizer? Colecção / Frase publicitária / Número da edição / ___________ {circunda ou acrescenta}. Que surge como ilustração da capa? _____________. Quem é o autor da capa? _____________ {procura na «ficha técnica», que costuma estar numa das páginas pares não numeradas antes do frontispício (excepcionalmente, no verso deste); ou no colofão, na última ou penúltima folha do livro}.
A lombada tem título, autor, nome da editora, logotipo da editora, nome ou logotipo da colecção, número na colecção? {circunda o que haja}. Há mais algum elemento? _____________.
Há texto na contracapa? Sim / Não {circunda a boa opção}. Se há, a que corresponde essa parte escrita? A uma espécie de sinopse / A uma biobibliografia do autor / A pequenas transcrições de críticas saídas nos jornais / A informações sobre a colecção / A informações sobre outra colecção / A transcrição de um excerto do livro / A um comentário acerca do livro ou do autor da responsabilidade do editor {circunda a opção certa}.
O livro tem badanas (ou orelhas)? Sim / Não {escolhe}. Há texto nas badanas? Não / Sim, só numa delas / Sim, em ambas {escolhe}. O que esteja escrito é: notícia biobibliográfica sobre o autor / elenco de outros livros da colecção / lista dos livros do mesmo autor / sinopse do livro / _____________ {escolhe ou acrescenta}.
Folhas
Páginas não numeradas (antes do texto propriamente dito)
O livro tem uma guarda (folha em branco, logo a seguir à capa)? Sim / Não.
Há anterrosto (página que terá só o título, talvez até abreviado)? Sim / Não.
Há frontispício (ou página de rosto), que contém: autor / título / subtítulo (que não estivesse na capa) / tradutor / editor literário / casa editora / ano / ___________ {circunda o que haja; acrescenta, se for caso disso}. (O normal é o frontispício corresponder à p. [3], se o livro não tiver guarda, ou à p. [5]. Porém, uma das colecções que distribuí estende o rosto a duas páginas, a [2] e a [3]. E também outros livros distribuídos têm o rosto na p. [7] ou mesmo na p. [9], já que antes usam uma folha que anuncia a colecção e uma outra com o fac-símile do rosto original.)
Alguma das páginas pares tem a lista das obras da colecção? Não / Sim, a página que está no verso do ____________.
Qual das páginas tem a ficha técnica? O verso do anterrosto / O verso do frontispício / A página onde está o colofão (ou colofon), no fim do livro / Nenhuma, já que não há ficha neste livro {escolhe; se escolheres a última opção, não responderás a seguir}. Que elementos são úteis nessa ficha? Título original / depósito legal / data da edição / tipografia / capista / revisor / paginação / ________ /_________ {escolhe; acrescenta}.
Páginas que se seguem ao frontispício (mas ainda antes do texto propriamente dito)
Dedicatória? Não tem / Tem, a _____________.
Epígrafe (citação, máxima)? Não / Sim, e é uma frase do autor / é um provérbio / é uma citação de outro autor / ____________.
Sumário ou Índice? Não / Sim.
Prefácio Não / Sim, por _____________.
Introdução Não / Sim, por ____________.
Há alguma outra secção? Não / Sim, ___________.
Páginas do texto principal
Há no cabeçalho algum dizer? Não / Sim, nas páginas ímpares vem o título corrente (o título do livro, talvez abreviado) / e, nas pares, o nome do autor / Sim, nas páginas ímpares, _________; nas pares, ________.
Há notas de rodapé (pé-de-página)? Não / Sim, do autor / tradutor / editor.
Páginas depois do texto principal
Posfácio? Não / Sim, pelo autor / Sim, por ____________.
Nota final? Não / Sim, pelo autor / Sim, por ____________.
Notas ao texto? Não / Sim, pelo autor / Sim, por ___________.
Há índice no fim? Sim / Não. Há lista de ilustrações? Não / Sim, na p. ____.
Na última folha há colofão (ou colofon)? Não / Sim, e aí são dadas informações sobre {circunda as que se verifiquem} tipografia / data da conclusão dos trabalhos de impressão / tiragem / outros dados mais esperáveis numa ficha técnica (ISBN, depósito legal, autor da capa, revisor).
A obra a que respeita o livro cujo paratexto estiveste a analisar é {circunda uma das alternativas} um romance / uma novela / uma colectânea de contos / uma colectânea de crónicas / correspondência verdadeira / correspondência fictícia / tradução de um romance.
Trata-se de obra que Eça publicou ainda em vida. / É uma recolha póstuma (de textos publicados dispersamente) ou edição de um manuscrito que o autor não chegara a publicar.
É característico de Eça, ao fazer a apresentação de personagens, recuar no historial da família, deixando-nos uns parágrafos em que resume a biografia dos antepassados dessa figura.
Tais parágrafos são verdadeiras sinopses de outros romances que o escritor poderia desenvolver. As acções surgem aí, naturalmente, esquemáticas, como mera ilustração de perfis (quase sempre, caricaturais). Ao situar a vida desses pais, avós, bisavós no contexto das respectivas épocas, o romancista acaba por aludir à história de Portugal próxima. No cap. I de Os Maias, vemos essa estratégia a propósito do passado de Afonso ou do dos Monforte.
O processo é também evidente no começo de A Cidade e as Serras (Antologia, 206-208). Depois de leres essas páginas sobre os ascendentes de Jacinto, o protagonista, escreve um texto em que traces um historial semelhante de ti próprio (ou seja, dos teus antepassados próximos).
Começa por um período como o inicial de A Cidade e as Serras, passando depois, já mais livremente, a uma versão estilizada do historial dos teus ascendentes. O texto deve ficar verosímil (mesmo que, como até acho desejável, seja um pouco irónico), o que não implica — mas também não impede — que seja verídico. Embora sobre ti, ficará na 3.ª pessoa, sendo o narrador um teu amigo não identificado.
O meu amigo / A minha amiga ___________ {teu nome} nasceu ...
TPC — Lê Os Maias. Para a próxima aula, fica assumido que leram os capítulos 1-4.
Reportando-se aos livros de Eça que lhes calharem, preencham o que se segue.
O livro é brochado / encadernado {escolhe}. Tem apenas capa / Tem capa e sobrecapa ({se sim, no parágrafo seguinte, onde está «capa» interpreta como ‘sobrecapa’}).
Capa
A capa, além de autor (Eça de Queirós/Queiroz {circunda a grafia que esteja}), título da obra (______________) e editora (______________), tem algum outro dizer? Colecção / Frase publicitária / Número da edição / ___________ {circunda ou acrescenta}. Que surge como ilustração da capa? _____________. Quem é o autor da capa? _____________ {procura na «ficha técnica», que costuma estar numa das páginas pares não numeradas antes do frontispício (excepcionalmente, no verso deste); ou no colofão, na última ou penúltima folha do livro}.
A lombada tem título, autor, nome da editora, logotipo da editora, nome ou logotipo da colecção, número na colecção? {circunda o que haja}. Há mais algum elemento? _____________.
Há texto na contracapa? Sim / Não {circunda a boa opção}. Se há, a que corresponde essa parte escrita? A uma espécie de sinopse / A uma biobibliografia do autor / A pequenas transcrições de críticas saídas nos jornais / A informações sobre a colecção / A informações sobre outra colecção / A transcrição de um excerto do livro / A um comentário acerca do livro ou do autor da responsabilidade do editor {circunda a opção certa}.
O livro tem badanas (ou orelhas)? Sim / Não {escolhe}. Há texto nas badanas? Não / Sim, só numa delas / Sim, em ambas {escolhe}. O que esteja escrito é: notícia biobibliográfica sobre o autor / elenco de outros livros da colecção / lista dos livros do mesmo autor / sinopse do livro / _____________ {escolhe ou acrescenta}.
Folhas
Páginas não numeradas (antes do texto propriamente dito)
O livro tem uma guarda (folha em branco, logo a seguir à capa)? Sim / Não.
Há anterrosto (página que terá só o título, talvez até abreviado)? Sim / Não.
Há frontispício (ou página de rosto), que contém: autor / título / subtítulo (que não estivesse na capa) / tradutor / editor literário / casa editora / ano / ___________ {circunda o que haja; acrescenta, se for caso disso}. (O normal é o frontispício corresponder à p. [3], se o livro não tiver guarda, ou à p. [5]. Porém, uma das colecções que distribuí estende o rosto a duas páginas, a [2] e a [3]. E também outros livros distribuídos têm o rosto na p. [7] ou mesmo na p. [9], já que antes usam uma folha que anuncia a colecção e uma outra com o fac-símile do rosto original.)
Alguma das páginas pares tem a lista das obras da colecção? Não / Sim, a página que está no verso do ____________.
Qual das páginas tem a ficha técnica? O verso do anterrosto / O verso do frontispício / A página onde está o colofão (ou colofon), no fim do livro / Nenhuma, já que não há ficha neste livro {escolhe; se escolheres a última opção, não responderás a seguir}. Que elementos são úteis nessa ficha? Título original / depósito legal / data da edição / tipografia / capista / revisor / paginação / ________ /_________ {escolhe; acrescenta}.
Páginas que se seguem ao frontispício (mas ainda antes do texto propriamente dito)
Dedicatória? Não tem / Tem, a _____________.
Epígrafe (citação, máxima)? Não / Sim, e é uma frase do autor / é um provérbio / é uma citação de outro autor / ____________.
Sumário ou Índice? Não / Sim.
Prefácio Não / Sim, por _____________.
Introdução Não / Sim, por ____________.
Há alguma outra secção? Não / Sim, ___________.
Páginas do texto principal
Há no cabeçalho algum dizer? Não / Sim, nas páginas ímpares vem o título corrente (o título do livro, talvez abreviado) / e, nas pares, o nome do autor / Sim, nas páginas ímpares, _________; nas pares, ________.
Há notas de rodapé (pé-de-página)? Não / Sim, do autor / tradutor / editor.
Páginas depois do texto principal
Posfácio? Não / Sim, pelo autor / Sim, por ____________.
Nota final? Não / Sim, pelo autor / Sim, por ____________.
Notas ao texto? Não / Sim, pelo autor / Sim, por ___________.
Há índice no fim? Sim / Não. Há lista de ilustrações? Não / Sim, na p. ____.
Na última folha há colofão (ou colofon)? Não / Sim, e aí são dadas informações sobre {circunda as que se verifiquem} tipografia / data da conclusão dos trabalhos de impressão / tiragem / outros dados mais esperáveis numa ficha técnica (ISBN, depósito legal, autor da capa, revisor).
A obra a que respeita o livro cujo paratexto estiveste a analisar é {circunda uma das alternativas} um romance / uma novela / uma colectânea de contos / uma colectânea de crónicas / correspondência verdadeira / correspondência fictícia / tradução de um romance.
Trata-se de obra que Eça publicou ainda em vida. / É uma recolha póstuma (de textos publicados dispersamente) ou edição de um manuscrito que o autor não chegara a publicar.
É característico de Eça, ao fazer a apresentação de personagens, recuar no historial da família, deixando-nos uns parágrafos em que resume a biografia dos antepassados dessa figura.
Tais parágrafos são verdadeiras sinopses de outros romances que o escritor poderia desenvolver. As acções surgem aí, naturalmente, esquemáticas, como mera ilustração de perfis (quase sempre, caricaturais). Ao situar a vida desses pais, avós, bisavós no contexto das respectivas épocas, o romancista acaba por aludir à história de Portugal próxima. No cap. I de Os Maias, vemos essa estratégia a propósito do passado de Afonso ou do dos Monforte.
O processo é também evidente no começo de A Cidade e as Serras (Antologia, 206-208). Depois de leres essas páginas sobre os ascendentes de Jacinto, o protagonista, escreve um texto em que traces um historial semelhante de ti próprio (ou seja, dos teus antepassados próximos).
Começa por um período como o inicial de A Cidade e as Serras, passando depois, já mais livremente, a uma versão estilizada do historial dos teus ascendentes. O texto deve ficar verosímil (mesmo que, como até acho desejável, seja um pouco irónico), o que não implica — mas também não impede — que seja verídico. Embora sobre ti, ficará na 3.ª pessoa, sendo o narrador um teu amigo não identificado.
O meu amigo / A minha amiga ___________ {teu nome} nasceu ...
TPC — Lê Os Maias. Para a próxima aula, fica assumido que leram os capítulos 1-4.
Soluções
Publicadas em livro em vida de Eça
O Mistério da Estrada de Sintra (1870) [com Ramalho Ortigão]
O Crime do Padre Amaro (1876)
O Primo Basílio (1878)
O Mandarim (1880)
A Relíquia (1887)
Os Maias (1888)
trad. de As Minas de Salomão (1891) [de H. Rider Haggard]
Póstumas (ou semi-póstumas)A Correspondência de Fradique Mendes (1900)
A Ilustre Casa de Ramires (1900)
A Cidade e as Serras (1901)
Contos (1902)
Prosas Bárbaras (1903)
Cartas de Inglaterra (1905)
Ecos de Paris (1905)
Cartas Familiares e Bilhetes de Paris (1907)
Notas Contemporâneas (1909)
Alves & C.ª (1925)
O Conde de Abranhos (1925)
A Capital! (1925)
O Egipto (1926)
Crónicas de Londres (1944)
A Tragédia da Rua das Flores (1980)
Aula 44 (2 ou 3/Mar) Lê o trecho de Os Maias que está em Antologia, 180-181. Depois, responde à pergunta 1 (p. 181), preenchendo o meu esboço de solução.
Este excerto pertence ao capítulo III. A pretexto da ________ de ________ a ________, temos em boa parte do capítulo uma série de informações acerca da _________ de Carlos, que, mais do que narradas na 3.ª pessoa, nos surgem comentadas pelas __________.
Além do momento que temos no trecho reproduzido na Antologia (180-181) — correspondente à ________ de Vilaça e imediata preparação para o jantar (que é muito mais cedo do que o procurador julgava) —, teremos outras peripécias que visam mostrar o tipo de educação de Carlos, contrastada com a de _________.
Ao jantar, ficamos a saber que Carlos ainda não sabia _______, mas consegue lidar com animais, fala inglês com o _________ e tinha brigado com outros rapazes. Vai seguir-se a cena em que, orientado por ________, Carlos faz exercícios num ______, impressionando Vilaça, que ouvirá também o desconsolo do abade Custódio por Carlos não saber o _________. Ao serão, com a presença das irmãs __________, ficam evidentes as diferenças entre Eusebiozinho e Carlos. Eusebiozinho tem prendas típicas da educação convencional (recita poemas ultra-românticos) mas, molengão e frágil, não aguenta as _________ de Carlos (cuja irreverência e «atraso» nas matérias tradicionais chocam D. Ana Silveira).
No parágrafo nas linhas 12-23, predomina o discurso {circunda} directo / indirecto / indirecto livre. Para nos apercebermos das características desta maneira de reproduzir o diálogo, completa com o que corresponderia nos outros modos de relato do discurso:
Discurso directo:
— ______ Senhoria, ____ «mimos e mais mimos»? Coitadinho dele, que _________ com uma vara de ferro! _________________! Não tinha a criança cinco anos já dormia num quarto só, sem lamparina; e todas as manhãs, zás, para dentro de uma tina de água fria, às vezes a gear lá fora... E outras barbaridades. Se não se soubesse a grande paixão do avô pela criança, havia de se dizer que a queria morta. Deus ____________... Mas não, parece que ____ o sistema inglês. ___________ correr, cair, trepar às árvores, molhar-se, apanhar soalheiras, como um filho de caseiro. E depois o rigor com as comidas! Só a certas horas e de certas coisas... E às vezes a criancinha, com os olhos abertos, a aguar! Muita, muita dureza — desiludiu o Teixeira, muito grave, muito sério, Vilaça.
Discurso indirecto: {basta até à linha 15}
Mas o Teixeira, muito grave, muito sério, desiludiu Vilaça, retorquindo-lhe que Carlos não era mimado e que o coitado ________ com uma vara de ferro. Disse ainda que se _________.
Este excerto pertence ao capítulo III. A pretexto da ________ de ________ a ________, temos em boa parte do capítulo uma série de informações acerca da _________ de Carlos, que, mais do que narradas na 3.ª pessoa, nos surgem comentadas pelas __________.
Além do momento que temos no trecho reproduzido na Antologia (180-181) — correspondente à ________ de Vilaça e imediata preparação para o jantar (que é muito mais cedo do que o procurador julgava) —, teremos outras peripécias que visam mostrar o tipo de educação de Carlos, contrastada com a de _________.
Ao jantar, ficamos a saber que Carlos ainda não sabia _______, mas consegue lidar com animais, fala inglês com o _________ e tinha brigado com outros rapazes. Vai seguir-se a cena em que, orientado por ________, Carlos faz exercícios num ______, impressionando Vilaça, que ouvirá também o desconsolo do abade Custódio por Carlos não saber o _________. Ao serão, com a presença das irmãs __________, ficam evidentes as diferenças entre Eusebiozinho e Carlos. Eusebiozinho tem prendas típicas da educação convencional (recita poemas ultra-românticos) mas, molengão e frágil, não aguenta as _________ de Carlos (cuja irreverência e «atraso» nas matérias tradicionais chocam D. Ana Silveira).
No parágrafo nas linhas 12-23, predomina o discurso {circunda} directo / indirecto / indirecto livre. Para nos apercebermos das características desta maneira de reproduzir o diálogo, completa com o que corresponderia nos outros modos de relato do discurso:
Discurso directo:
— ______ Senhoria, ____ «mimos e mais mimos»? Coitadinho dele, que _________ com uma vara de ferro! _________________! Não tinha a criança cinco anos já dormia num quarto só, sem lamparina; e todas as manhãs, zás, para dentro de uma tina de água fria, às vezes a gear lá fora... E outras barbaridades. Se não se soubesse a grande paixão do avô pela criança, havia de se dizer que a queria morta. Deus ____________... Mas não, parece que ____ o sistema inglês. ___________ correr, cair, trepar às árvores, molhar-se, apanhar soalheiras, como um filho de caseiro. E depois o rigor com as comidas! Só a certas horas e de certas coisas... E às vezes a criancinha, com os olhos abertos, a aguar! Muita, muita dureza — desiludiu o Teixeira, muito grave, muito sério, Vilaça.
Discurso indirecto: {basta até à linha 15}
Mas o Teixeira, muito grave, muito sério, desiludiu Vilaça, retorquindo-lhe que Carlos não era mimado e que o coitado ________ com uma vara de ferro. Disse ainda que se _________.
Para respondermos a ‘Escrever’ (p. 181), usaremos uns passos de um livro recentíssimo (Carlos Reis, Eça de Queirós, Edições 70, Lisboa, 2009, pp. 207 e 211). (Não estranhes as grafias. Nesta publicação já se seguiu a nova norma ortográfica.) Completa:
O trajeto de Pedro da Maia, como o de Carlos da Maia e o de Eusebiozinho são fortemente condicionados por fatores educativos. Crescendo na Inglaterra, _______ escapa, por vontade da mãe, à influência pedagógica da sociedade inglesa e é confiado ao padre ________; no tempo de Carlos, parece prolongar-se ainda este tipo de educação, quando observamos o comportamento e o aspeto físico de ________, em Santa Olávia. E, contudo, Afonso da Maia, como que procurando afastar de Carlos os estigmas que haviam destruído _________, adota um modelo educativo britânico regido pelo precetor ___________: em vez do ________ e da cartilha defendidos pelo abade ________, a educação de Carlos privilegia agora o exercício físico e o contacto com a ________, o que confere à criança um vigor que contrasta com a debilidade de __________. Entretanto, o que a ação d’Os Maias acaba por mostrar é que nem essa educação supostamente _________ foi capaz de levar Carlos a uma existência fecunda e produtiva.
Algumas das personagens d’Os Maias [...] reclamam a explicação da hereditariedade, ainda que por vezes em termos ambíguos. O desastroso trajeto de vida de Pedro da Maia pode ser explicado pela educação recebida, mas ele deve-se também à presença, no seu temperamento, de elementos psico-somáticos _________ da família Runa. A fraqueza física, os abatimentos, a melancolia são, assim, efeitos de uma _________ biológica que parece não afetar ________, como se neste se tivesse recuperado (também devido à educação) a tal força dos Maias; e contudo, apesar disso, Carlos acaba por ser envolvido numa relação amorosa condenada ao fracasso, [...] como se essa outra raça, que é a dos Maias enquanto família antiga e poderosa, fosse incapaz, afinal, de contrariar a força de um ________ que a transcende.
Transcreve — com a grafia nova — as sete palavras que no texto de Carlos Reis foram normalizadas segundo o acordo. Põe por perto a letra de que se prescindiu.
____________ / ____________ / _____________ / ______________ /_____________ / ____________ / _____________
Atentando na grafia «contacto» — coincidente com a que já conhecíamos —, formula a regra que condicionou aquelas oito alterações: ____________
[A tarefa seguinte não chegou a ser feita nas turmas 4.ª e 5.ª (sê-lo-á na próxima aula)] Muito característica do estilo de Eça é a hipálage, figura de estilo em que transferem caracterizações humanas para as partes do corpo, para tecidos ou vestidos, para objectos, etc. (Vê também a definição no glossário da Antologia, p. 297.) Por exemplo, em
«Carlinhos, arreganhando para Eusebiozinho um lábio feroz»,
o adjectivo «________» reporta-se, no fundo, a ________, mas, gramaticalmente, serve de atributo a «________».
As hipálages seguintes são de diversos livros de Eça. Sublinha os adjectivos (o atributo que estará associado a um objecto mas se reportará aos «donos» desse objecto, edifício, etc.). [Retirei os exemplos de: Almeida Faria, «O Homem das Hipálages», Camões. Revista de Letras e Culturas Lusófonas, 9-10, Abril-Setembro de 2000, p. 107.]
cigarro pensativo
cigarro lânguido
sobrancelhas meditativas
lábios devotos
mão pacificadora
sedas impúdicas
braço concupiscente
braços pasmados
sala séria de tons castos
leito de ferro virginal
as tias, fazendo as suas meias sonolentas
lenta humidade das paredes fatais do Ramalhete
chá respeitoso
o peixe austero
as lojas loquazes dos barbeiros
saias ligeiras e ilegítimas
raspar espavorido dos fósforos
[Responde à pergunta 2 (p. 181):] [Já não foi feito em várias turmas]
Assistimos a passos da série televisiva Os Maias correspondentes aos capítulos II e III.
[Links para a maioria dos episódios dos capítulos 1 e 2, em Queirós.]
TPC — Continuar a avançar em Os Maias. Ir revendo gramática. Quem fez «Carta ao Padre» e não me entregou reformulação talvez o pudesse fazer ainda (juntando o original).
Soluções:
Este excerto pertence ao capítulo III. A pretexto da visita/ida de Vilaça a Santa Olávia, temos em boa parte do capítulo uma série de informações acerca da educação de Carlos, que, mais do que narradas na 3.ª pessoa, nos surgem comentadas pelas personagens.
Além do momento que temos no trecho reproduzido na Antologia (180-181) — correspondente à chegada de Vilaça e imediata preparação para o jantar (que é muito mais cedo do que o procurador julgava) —, teremos outras peripécias que visam mostrar o tipo de educação de Carlos, contrastada com a de Eusebiozinho.
Ao jantar, ficamos a saber que Carlos ainda não sabia latim, mas consegue lidar com animais, fala inglês com o preceptor e tinha brigado com outros rapazes. Vai seguir-se a cena em que, orientado por Brown, Carlos faz exercícios num trapézio, impressionando Vilaça, que ouvirá também o desconsolo do abade Custódio por Carlos não saber o catecismo. Ao serão, com a presença das irmãs Silveiras, ficam evidentes as diferenças entre Eusebiozinho e Carlos. Eusebiozinho tem prendas típicas da educação convencional (recita poemas ultra-românticos) mas, molengão e frágil, não aguenta as brincadeiras de Carlos (cuja irreverência e «atraso» nas matérias tradicionais chocam D. Ana Silveira).
Não é discurso indirecto puro [gramatical] porque...
ausência do «que» e ausência de reforço dos verbos dicendi («E outras barbaridades.»)
manutenção de marcas de oralidade ou idiossincrasias da linguagem («mimos e mais mimos»; «coitadinho»; «senhor administrador»; «zás»; ...)
manutenção de pontos de interrogação, de exclamação; de reticências
manutenção de tempo («Deus lhe perdoe» [por «Deus lhe perdoasse»])
Não é discurso directo, porque
Vossa / Sua
diz / dizia
foi / tinha sido
eu / ele
me perdoe / lhe perdoe
cheguei / chegara
é / era
deixa-o / deixava-o
— Vossa Senhoria, diz «mimos e mais mimos»? Coitadinho dele, que foi educado com uma vara de ferro! Se eu fosse a contar ao sr. Vilaça! Não tinha a criança cinco anos já dormia num quarto só, sem lamparina; e todas as manhãs, zás, para dentro de uma tina de água fria, às vezes a gear lá fora... E outras barbaridades. Se não se soubesse a grande paixão do avô pela criança, havia de se dizer que a queria morta. Deus me perdoe, [eu, Teixeira,] cheguei a pensá-lo... Mas não, parece que é o sistema inglês. Deixa-o correr, cair, trepar às árvores, molhar-se, apanhar soalheiras, como um filho de caseiro. E depois o rigor com as comidas! Só a certas horas e de certas coisas... E às vezes a criancinha, com os olhos abertos, a aguar! Muita, muita dureza. — desiludiu o Teixeira, muito grave, muito sério, Vilaça. / disse/retorquiu o Teixeira, muito grave, muito sério, desiludindo Vilaça
No parágrafo nas linhas 12-23, predomina o discurso {circunda} directo / indirecto / indirecto livre. Para nos apercebermos das características desta maneira de reproduzir o diálogo, completa com o que corresponderia nas outros modos de relato do discurso:
Discurso directo:
— Vossa Senhoria, diz «mimos e mais mimos»? Coitadinho dele, que foi educado com uma vara de ferro! Se eu fosse a contar ao sr. Vilaça! Não tinha a criança cinco anos já dormia num quarto só, sem lamparina; e todas as manhãs, zás, para dentro de uma tina de água fria, às vezes a gear lá fora... E outras barbaridades. Se não se soubesse a grande paixão do avô pela criança, havia de se dizer que a queria morta. Deus me perdoe, [eu, Teixeira,] cheguei a pensá-lo... Mas não, parece que é o sistema inglês. Deixa-o correr, cair, trepar às árvores, molhar-se, apanhar soalheiras, como um filho de caseiro. E depois o rigor com as comidas! Só a certas horas e de certas coisas... E às vezes a criancinha, com os olhos abertos, a aguar! Muita, muita dureza. — desiludiu o Teixeira, muito grave, muito sério, Vilaça. / disse/retorquiu o Teixeira, muito grave, muito sério, desiludindo Vilaça
Discurso indirecto:
Mas o Teixeira, muito grave, muito sério, desiludiu Vilaça, retorquindo-lhe que Carlos não era mimado e que o coitado fora educado com uma vara de ferro. Disse ainda que se fosse a contar a Vilaça como fora a educação de Carlos este se surpreenderia muito. {basta até à linha 15}
O trajeto de Pedro da Maia, como o de Carlos da Maia e o de Eusebiozinho são fortemente condicionados por fatores educativos. Crescendo na Inglaterra, Pedro escapa, por vontade da mãe, à influência pedagógica da sociedade inglesa e é confiado ao padre Vasques; no tempo de Carlos, parece prolongar-se ainda este tipo de educação, quando observamos o comportamento e o aspeto físico de Eusebiozinho, em Santa Olávia. E, contudo, Afonso da Maia, como que procurando afastar de Carlos os estigmas que haviam destruído Pedro, adota um modelo educativo britânico regido pelo precetor Brown: em vez do latim e da cartilha defendidos pelo abade Custódio, a educação de Carlos privilegia agora o exercício físico e o contacto com a natureza, o que confere à criança um vigor que contrasta com a debilidade de Eusebiozinho. Entretanto, o que a ação d’Os Maias acaba por mostrar é que nem essa educação supostamente saudável foi capaz de levar Carlos a uma existência fecunda e produtiva.
Algumas das personagens d’Os Maias [...] reclamam a explicação da hereditariedade, ainda que por vezes em termos ambíguos. O desastroso trajeto de vida de Pedro da Maia pode ser explicado pela educação recebida, mas ele deve-se também à presença, no seu temperamento, de elementos psico-somáticos herdados da família Runa. A fraqueza física, os abatimentos, a melancolia são, assim, efeitos de uma herança biológica que parece não afetar Carlos, como se neste se tivesse recuperado (também devido à educação) a tal força dos Maias; e contudo, apesar disso, Carlos acaba por ser envolvido numa relação amorosa condenada ao fracasso, [...] como se essa outra raça, que é a dos Maias enquanto família antiga e poderosa, fosse incapaz, afinal, de contrariar a força de um destino que a transcende.
trajeto / fatores / aspeto / adota / precetor / ação / afetar
Deixam de se escrever as consoantes mudas (ou não articuladas) nos grupos ct, pt, cç.
Muito característica do estilo de Eça é a hipálage, figura de estilo em que se transferem caracterizações humanas para as partes do corpo, para tecidos ou vestidos, para objectos, etc. (Vê também a definição no glossário da Antologia, p. 297.) Por exemplo, em «Carlinhos, arreganhando para Eusebiozinho um lábio feroz», o adjectivo «feroz» reporta-se, no fundo, a Carlinhos, mas, gramaticalmente, serve de atributo a «lábio».
cigarro pensativo
cigarro lânguido
sobrancelhas meditativas
lábios devotos
mão pacificadora
sedas impúdicas
braço concupiscente
braços pasmados
sala séria de tons castos
leito de ferro virginal
as tias, fazendo as suas meias sonolentas
lenta humidade das paredes fatais do Ramalhete
chá respeitoso
o peixe austero
as lojas loquazes dos barbeiros
saias ligeiras e ilegítimas
raspar espavorido dos fósforos
Resposta à pergunta 2 (p. 181): Da parte de Afonso há um optimismo posto ao serviço da educação de Carlos que é coerente com a renovação da natureza e a paz. Algumas das personagens em torno de Afonso e de Carlos estarão cépticas relativamente às teorias educativas de Afonso, mas não parecem prejudicar muito o espírito de que Afonso está imbuído. Ao contrário, as notícias acerca de Maria Monforte talvez possam nublar o ambiente geral.
Aula 45 (5 ou 6/Mar) Depois de leres o texto da p. 182
Segue-se uma sinopse (por Joaquim Ferreira, cujo estilo castiço já conhecemos) relativa à parte de Os Maias que vai até meio do capítulo 4. Se já conheces os quatro capítulos que pedira fosses lendo, serás capaz de, no mesmo estilo incisivo e breve, acrescentares os factos que ligam o presente final da sinopse («conclui a formatura em medicina») ao momento que vamos encontrar na p. 182 da Antologia:
Os Maias saíram dos prelos em 1888, sob a epígrafe «episódios da vida romântica». O cenário é Lisboa no terceiro quartel do século XIX. Afonso da Maia tem um só filho — Pedro da Maia — educado por mãe beata, decaído em tascas e lupanares. Por fim, matrimonia-se com uma recém-chegada à capital — Maria de Monforte. O pai de Pedro da Maia zanga-se do consórcio, e Pedro arranja lar próprio.
Um dia, a mulher deixa-se raptar por um napolitano, levando a filha e abandonando o filho. Pedro, desesperado, mata-se. O velho Afonso da Maia vive com o neto — Carlos da Maia. Inteligente, esbelto, vigoroso, Carlos conclui a formatura em medicina.
__________
__________
__________
__________
__________
Responde a «Ler e Relacionar» (p. 181): «Descreva, por palavras suas, o estudante que [foi Carlos em Coimbra]». (Se não leste ainda esse capítulo do livro, e só nesse caso, responde, conjuntamente, aos pontos 1 e 2 da p. 182.)
____________
____________
____________
____________Nas cinco primeiras linhas do texto da p. 182 há várias personificações: {completa}
objecto / «acção» que pratica
_________ / dormia
_________ / bebiam a luz
as poltronas / __________
o teclado branco / _________
Qual é o tempo verbal predominante em todo o texto? __________. (Transcreve três formas verbais dessas: ___________; __________; _________.) Que efeito produz o uso desse tempo (que tem que ver com o seu valor aspectual; e que é coerente com o clima que se pretende transmitir no resto do relato)? __________
Também relacionado com o valor aspectual, surge bastante uma forma nominal do verbo, o gerúndio, de que Eça, segundo os seus detractores, abusaria: {copia cinco exemplos de gerúndio que haja no texto}: escorregando, ___________, __________, __________, ___________, ___________.
O gerúndio tem o valor (aspecto-temporal) de _____________, que acaba por acentuar a _________ vivida durante o dia de trabalho de Carlos.
(O uso repetido de gerúndios — designado caricaturalmente, pelos críticos de Eça, como «endorreia» — é considerado um galicismo sintáctico.)
Sobre o texto nas pp. 183-184 (cujo fim coincide com o fim do cap. 4)
Quem era o «John» referido na linha 14? ____________
Quem era o «avô» (l. 18)? _____________
Quem era «a besta d[o] Cohen» (19)? ____________ {esta pergunta tem de ficar sem efeito: há gralha na Antologia: o que está nos Maias é «a besta do Cohen» e não, como põe o manual, «a besta da Cohen» — eu próprio tinha obrigação de me ter apercebido do erro}
Responde à pergunta 2 de «Escrever», na p. 184 («Trace um retrato da personagem [Ega] em cerca de cem palavras»).
___________
___________
___________
___________
___________
Explicação de formatos para Eçafilme. (Ver Apresentação.)
Assistência a trechos da telenovela Os Maias (relativos aos capítulos III-IV). [Outros links para trechos desta série em Queirós.]
TPC — Ler, pelo menos, até ao cap. 6 (inclusivé) de Os Maias.
Segue-se uma sinopse (por Joaquim Ferreira, cujo estilo castiço já conhecemos) relativa à parte de Os Maias que vai até meio do capítulo 4. Se já conheces os quatro capítulos que pedira fosses lendo, serás capaz de, no mesmo estilo incisivo e breve, acrescentares os factos que ligam o presente final da sinopse («conclui a formatura em medicina») ao momento que vamos encontrar na p. 182 da Antologia:
Os Maias saíram dos prelos em 1888, sob a epígrafe «episódios da vida romântica». O cenário é Lisboa no terceiro quartel do século XIX. Afonso da Maia tem um só filho — Pedro da Maia — educado por mãe beata, decaído em tascas e lupanares. Por fim, matrimonia-se com uma recém-chegada à capital — Maria de Monforte. O pai de Pedro da Maia zanga-se do consórcio, e Pedro arranja lar próprio.
Um dia, a mulher deixa-se raptar por um napolitano, levando a filha e abandonando o filho. Pedro, desesperado, mata-se. O velho Afonso da Maia vive com o neto — Carlos da Maia. Inteligente, esbelto, vigoroso, Carlos conclui a formatura em medicina.
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Responde a «Ler e Relacionar» (p. 181): «Descreva, por palavras suas, o estudante que [foi Carlos em Coimbra]». (Se não leste ainda esse capítulo do livro, e só nesse caso, responde, conjuntamente, aos pontos 1 e 2 da p. 182.)
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____________Nas cinco primeiras linhas do texto da p. 182 há várias personificações: {completa}
objecto / «acção» que pratica
_________ / dormia
_________ / bebiam a luz
as poltronas / __________
o teclado branco / _________
Qual é o tempo verbal predominante em todo o texto? __________. (Transcreve três formas verbais dessas: ___________; __________; _________.) Que efeito produz o uso desse tempo (que tem que ver com o seu valor aspectual; e que é coerente com o clima que se pretende transmitir no resto do relato)? __________
Também relacionado com o valor aspectual, surge bastante uma forma nominal do verbo, o gerúndio, de que Eça, segundo os seus detractores, abusaria: {copia cinco exemplos de gerúndio que haja no texto}: escorregando, ___________, __________, __________, ___________, ___________.
O gerúndio tem o valor (aspecto-temporal) de _____________, que acaba por acentuar a _________ vivida durante o dia de trabalho de Carlos.
(O uso repetido de gerúndios — designado caricaturalmente, pelos críticos de Eça, como «endorreia» — é considerado um galicismo sintáctico.)
Sobre o texto nas pp. 183-184 (cujo fim coincide com o fim do cap. 4)
Quem era o «John» referido na linha 14? ____________
Quem era o «avô» (l. 18)? _____________
Quem era «a besta d[o] Cohen» (19)? ____________ {esta pergunta tem de ficar sem efeito: há gralha na Antologia: o que está nos Maias é «a besta do Cohen» e não, como põe o manual, «a besta da Cohen» — eu próprio tinha obrigação de me ter apercebido do erro}
Responde à pergunta 2 de «Escrever», na p. 184 («Trace um retrato da personagem [Ega] em cerca de cem palavras»).
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Explicação de formatos para Eçafilme. (Ver Apresentação.)
Assistência a trechos da telenovela Os Maias (relativos aos capítulos III-IV). [Outros links para trechos desta série em Queirós.]
TPC — Ler, pelo menos, até ao cap. 6 (inclusivé) de Os Maias.
Soluções:
Durante um ano, viajou pela Europa. Finalmente, instala-se em Lisboa, no Ramalhete, cheio de projectos, entre os quais o de montar um laboratório. Por influência de Vilaça, estabelece consultório no Rossio.
Carlos surpreendeu os amigos da família ao preferir Medicina a Direito. Em Coimbra, esteve instalado no que se chamaria depois «Paço de Celas» (onde, por vezes, se hospedava o avô). Amigo de João da Ega, tem vida boémia, interessa-se pelas vanguardas literárias e artísticas, mais do que estuda. Tem namoros de ocasião (primeiro, uma mulher casada; depois, uma concubina).
O consultório estava mobilado mais como rica casa residencial do que como gabinete ao serviço da medicina. Tudo aí convocava Carlos para a dispersão, para o ócio. Por outro lado, a vida no Rossio e a ausência de doentes que o procurassem não despertavam o recém-licenciado para o trabalho.
Qual é o tempo verbal predominante em todo o texto? Imperfeito do Indicativo. (Transcreve três formas verbais dessas: por exemplo, dormia; faziam; bebiam.) Que efeito produz o uso desse tempo (que tem que ver com o seu valor aspectual; e que é coerente com o clima que se pretende transmitir no resto do relato)? Confere a cada acção uma ideia de repetição, de hábito, de monotonia.
Também relacionado com o valor aspectual, surge bastante uma forma nominal do verbo, o gerúndio, de que Eça, segundo os seus detractores, abusaria: {copia cinco exemplos de gerúndio que haja no texto}: escorregando, vadiando, penetrando, resvalando, fumando, murmurando.
O gerúndio tem o valor (aspecto-temporal) de simultaneidade e continuidade, que acaba por acentuar a monotonia/pasmaceira vivida durante o dia de trabalho de Carlos.
(O uso repetido de gerúndios — designado caricaturalmente, pelos críticos de Eça, como «endorreia» — é considerado um galicismo sintáctico.)
João da Ega era ateu, rebelde, «satânico». (E aliás gostava de alardear o que em si fosse radical, iconoclasta.) De ascendência vagamente fidalga, tinha uma parente rica que o sustentava mas o preferia longe. É um irreverente, loquaz e irónico, que gosta de exibir os seus projectos excêntricos, sendo quase sempre o centro das atenções dos círculos em que se movimentava.
Aula 46 (9 ou 10/Mar) Sublinha o que corresponda à tua situação:
Já li Os Maias na totalidade. Li até ao sexto capítulo inclusivé. Li até ao quarto capítulo inclusivé. Li menos do que os quatro primeiros capítulos. Na verdade, ainda não li mais do que o primeiro capítulo ou nem isso.
Depois de leres o texto das pp. 185-187, circunda a melhor alínea:
A porta que se abre no começo do texto (l. 1) é uma porta
a) do Ramalhete.
b) do Hotel Central.
c) de Santa Olávia.
d) da casa de Benfica.
Nas linhas 6-8 há
a) discurso directo.
b) discurso indirecto.
c) discurso indirecto livre.
d) discurso directo livre.
O marquês e «Steinbroken» a que alude Ega (ll. 6-8) são, respectivamente,
a) Afonso da Maia e um diplomata alemão em Lisboa.
b) Eusebiozinho e um diplomata inglês em Lisboa.
c) Cruges e um diplomata.
d) Souselas e um diplomata finlandês em Lisboa.
Ao colocar Cohen à sua direita e ao oferecer-lhe uma flor (ll. 13-15), Ega estava a
a) troçar dele.
b) procurar humilhá-lo.
c) procurar homenageá-lo.
d) troçar de Carlos.
Nas linhas 21-29 há
a) discurso directo.
b) discurso indirecto.
c) discurso indirecto livre.
d) discurso directo livre.
No primeiro parágrafo da p. 186 (ll. 30-35), o «excremento» a que se refere Alencar é
a) um livro de Émile Zola, L’Assommoir.
b) um cocó de cão.
c) a literatura naturalista.
d) o mundo dos fadistas e da malandragem.
No longo parágrafo 36-70, faz-se um relance biográfico a Alencar. Nas linhas 36-45, resumem-se as características da literatura realista, naturalista. Essa nova escola
a) escangalhara uma catedral romântica.
b) mobilizara Alencar durante a mais produtiva fase da sua vida.
c) era o enlevo de Alencar.
d) tomara como assuntos temas até aí arredados da literatura.
Nas linhas 45-67, mostra-se-nos como Alencar passou a reagir à escola literária que considerava adversária. Passou a defender
a) a moralidade e o recato, o que contrastava com as suas práticas de décadas.
b) o amor ilegítimo, o que contradizia as suas práticas de tantos anos.
c) a moralidade e o recato, o que era coerente com a sua vida de décadas.
d) o amor ilegítimo, como ele próprio praticara durante anos.
Já li Os Maias na totalidade. Li até ao sexto capítulo inclusivé. Li até ao quarto capítulo inclusivé. Li menos do que os quatro primeiros capítulos. Na verdade, ainda não li mais do que o primeiro capítulo ou nem isso.
Depois de leres o texto das pp. 185-187, circunda a melhor alínea:
A porta que se abre no começo do texto (l. 1) é uma porta
a) do Ramalhete.
b) do Hotel Central.
c) de Santa Olávia.
d) da casa de Benfica.
Nas linhas 6-8 há
a) discurso directo.
b) discurso indirecto.
c) discurso indirecto livre.
d) discurso directo livre.
O marquês e «Steinbroken» a que alude Ega (ll. 6-8) são, respectivamente,
a) Afonso da Maia e um diplomata alemão em Lisboa.
b) Eusebiozinho e um diplomata inglês em Lisboa.
c) Cruges e um diplomata.
d) Souselas e um diplomata finlandês em Lisboa.
Ao colocar Cohen à sua direita e ao oferecer-lhe uma flor (ll. 13-15), Ega estava a
a) troçar dele.
b) procurar humilhá-lo.
c) procurar homenageá-lo.
d) troçar de Carlos.
Nas linhas 21-29 há
a) discurso directo.
b) discurso indirecto.
c) discurso indirecto livre.
d) discurso directo livre.
No primeiro parágrafo da p. 186 (ll. 30-35), o «excremento» a que se refere Alencar é
a) um livro de Émile Zola, L’Assommoir.
b) um cocó de cão.
c) a literatura naturalista.
d) o mundo dos fadistas e da malandragem.
No longo parágrafo 36-70, faz-se um relance biográfico a Alencar. Nas linhas 36-45, resumem-se as características da literatura realista, naturalista. Essa nova escola
a) escangalhara uma catedral romântica.
b) mobilizara Alencar durante a mais produtiva fase da sua vida.
c) era o enlevo de Alencar.
d) tomara como assuntos temas até aí arredados da literatura.
Nas linhas 45-67, mostra-se-nos como Alencar passou a reagir à escola literária que considerava adversária. Passou a defender
a) a moralidade e o recato, o que contrastava com as suas práticas de décadas.
b) o amor ilegítimo, o que contradizia as suas práticas de tantos anos.
c) a moralidade e o recato, o que era coerente com a sua vida de décadas.
d) o amor ilegítimo, como ele próprio praticara durante anos.
Numa fase derradeira (ll. 66-73), Tomás de Alencar percebeu que
a) o autor de «Elvira» encavacara.
b) as suas críticas à literatura realista tinham resultados contrários dos que pretendia.
c) as suas críticas à literatura romântica tinham resultados diferentes dos que esperava.
d) não valia a pena mencionar o «excremento».
Já na p. 187, Craft parece não ser adepto da literatura
a) romântica, já que a arte era uma idealização.
b) realista, na medida em que, para ele, a arte não se devia ocupar do que não fosse belo.
c) naturalista, já que considerava que a arte devia mostrar a vida real, não apenas a natureza.
d) romântica, porque, para ele, a arte devia ocupar-se apenas do que fosse superior.
Os «dois fogos» (84) entre que se encontrou Ega eram as posições de
a) Alencar versus Craft.
b) Craft/Alencar versus Carlos.
c) Craft/Carlos versus Alencar.
d) Alencar/Carlos versus Craft.
Nas linhas 93-94 há
a) discurso indirecto livre.
b) discurso indirecto.
c) livre indirecto.
d) discurso directo.
A observação de Alencar «estão gastando cera com ruins defuntos» (95) significa que
a) adoptava a sua mais recente estratégia face ao naturalismo.
b) recuperara a sua primeira maneira de combater o realismo.
c) mudara de posição e atacava agora o romantismo.
d) considerava já do mesmo modo realismo e romantismo.
Resolve também estes itens (sobre o livro até ao sexto capítulo):
A Vila Balzac era a casa
a) de Cohen.
b) onde se instalara Carlos.
c) onde se instalara Ega.
d) onde se instalara Dâmaso Salcede.
O «papá Monforte» era
a) pai de Pedro da Maia.
b) tio de Pedro da Maia.
c) pai de Eduarda Runa.
d) sogro de Pedro da Maia.
O Reverendo Bonifácio era
a) Bonifácio Silva.
b) um gato.
c) um padre.
d) Bonifácio de Souselas.
«Gouvarinhar» significa
a) estar com a condessa.
b) ir a casa dos Gouveia.
c) jogar uíste.
d) discutir o «excremento».
Os procuradores de Afonso da Maia são
a) Vilaça e Taveira.
b) Vilaça e, depois, o seu filho.
c) Vilaça e Silveirinha.
d) Vilaça e Craft.
Quem conhecera bem Pedro da Maia fora
a) João da Ega.
b) Dâmaso Salcede.
c) Tomás de Alencar.
d) Jacob Cohen.
Os Paços de Celas eram
a) a quinta de Santa Olávia.
b) a residência de Carlos em Coimbra.
c) o Ramalhete.
d) a casa de Benfica.
O que se segue é o início da tradução portuguesa de L’Assommoir, de Émile Zola, o romancista francês que, nas páginas dos Maias que acabámos de ver, exemplificava a literatura naturalista.
Mantive o exacto texto desta tradução — cujo título português é A Taberna — mas inseri espaços que preencherás com escrita da tua lavra. Esses acrescentos devem adoptar o estilo desta escola literária: de detalhe descritivo, realista ou, como dizia Alencar, «excrementício». (Nas página 235-237 de Antologia, dá-se ideia das abordagens típicas desta corrente. Vale a pena relanceares pelo menos os dois parágrafos centrais da p. 236.)
Gervásia esperara Lantier até às duas horas da manhã. Depois, tiritando dos pés à cabeça por se ter deixado estar em camisa ao ar frio da janela, tinha adormecido, deitada de través na cama, febril, a face encharcada em lágrimas. Havia oito dias, que, ao saírem do Veau à deux têtes, onde comiam, ele a mandava ir-se deitar com os pequenos, e só aparecia em casa, alta noite, desculpando-se com a procura de trabalho. ________________ Nessa noite, enquanto lhe espiava a volta, Gervásia julgou vê-lo entrar no baile do Grand Balcon, cujas dez janelas chamejantes arremessavam um clarão de incêndio às embocaduras dos bulevares exteriores; atrás dele, apenas a uns cinco ou seis passos de distância, apercebera a pequena Adélia, uma brunidora que comia no mesmo restaurante, com as mãos pendidas, como se acabasse de lhe deixar o braço para não passarem juntos debaixo da luz crua dos globos da porta. _______________
Quando Gervásia acordou, pelas cinco horas, inteiriçada, com dores nos rins, prorrompeu em soluços. Lantier não entrara. Era a primeira vez que ele não dormia em casa. Deixou-se ficar à beira da cama, debaixo da cortina desbotada de chita que pendia de um arco preso ao tecto por um cordel. E, lentamente, com os olhos velados pelo pranto, percorreu o miserável quarto mobilado, recheado com uma cómoda de nogueira a que faltava uma gaveta, três cadeiras de palha e uma mesinha gordurenta sobre a qual jazia um jarro de água, rachado. ______________ Tinham acrescentado, para os pequenos, um leito de ferro colocado diante da cómoda, e que tomava duas terças partes do quarto. A mala de Gervásia e de Lantier, escancarada a um canto, mostrava os seus flancos vazios, com um velho chapéu de homem muito no fundo, sepultado debaixo de camisas e de peúgas sujas, notando-se ao longo das paredes e sobre o encosto dos móveis um xaile esburacado, umas calças enlameadas, os últimos farrapos que os algibebes não aceitavam. _____________ Ao centro da chaminé, entre dois candeeiros de zinco, desemparelhados, via-se um maço de cautelas da casa de penhores, cor de rosa claro. E este quarto era a melhor habitação do prédio, a do primeiro andar, com vista para o bulevar.
Entretanto, encostadas uma à outra, repousando as cabeças sobre a mesma almofada, as duas crianças dormiam. Com as pequeninas mãos deitadas para fora, Cláudio, que contava oito anos, respirava sossegadamente, enquanto Estêvão, que ia apenas nos quatro, sorria, com o seu braço à roda do pescoço do irmão. Quando o lacrimoso olhar da mãe caiu sobre eles, a mulher teve nova crise de soluços e tapou a boca com o lenço, para abafar os gritos leves que se lhe escapavam da garganta. Levantou-se descalça sem se lembrar sequer de calçar as chinelas caídas no chão, e foi de novo encostar-se à janela, continuando a sua espera nocturna, numa interrogação muda aos passeios das ruas longínquas. _____________
A casa ficava situada no bulevar da Chapelle, à esquerda da barreira Poissonière. Era uma construção de dois andares, com a fachada pintada de cor de borra de vinho até ao segundo andar e as gelosias carcomidas pela chuva. Por cima de uma lanterna com os vidros partidos conseguia ver-se entre as duas janelas: Hôtel Boncœur, gerência de Marsoullier, em grandes letras amarelas, apagadas em parte pela deterioração do gesso. Gervásia, a quem a lanterna impedia de ver, levantara-se nos bicos dos pés, sem tirar o lenço dos lábios, ____________
embocadura — ‘entrada’ brunidora — ‘engomadeira’ interiçado — ‘hirto’ prorromper — ‘manifestar-‑se com ímpeto’ algibebe — ‘negociante de roupas novas ou usadas’ gelosias — ‘persianas’
Assistência a trechos da versão televisiva da adaptação que José Bruno Carreiro fez dos Maias de Eça, correspondentes às partes vistas em aula até agora).
a) o autor de «Elvira» encavacara.
b) as suas críticas à literatura realista tinham resultados contrários dos que pretendia.
c) as suas críticas à literatura romântica tinham resultados diferentes dos que esperava.
d) não valia a pena mencionar o «excremento».
Já na p. 187, Craft parece não ser adepto da literatura
a) romântica, já que a arte era uma idealização.
b) realista, na medida em que, para ele, a arte não se devia ocupar do que não fosse belo.
c) naturalista, já que considerava que a arte devia mostrar a vida real, não apenas a natureza.
d) romântica, porque, para ele, a arte devia ocupar-se apenas do que fosse superior.
Os «dois fogos» (84) entre que se encontrou Ega eram as posições de
a) Alencar versus Craft.
b) Craft/Alencar versus Carlos.
c) Craft/Carlos versus Alencar.
d) Alencar/Carlos versus Craft.
Nas linhas 93-94 há
a) discurso indirecto livre.
b) discurso indirecto.
c) livre indirecto.
d) discurso directo.
A observação de Alencar «estão gastando cera com ruins defuntos» (95) significa que
a) adoptava a sua mais recente estratégia face ao naturalismo.
b) recuperara a sua primeira maneira de combater o realismo.
c) mudara de posição e atacava agora o romantismo.
d) considerava já do mesmo modo realismo e romantismo.
Resolve também estes itens (sobre o livro até ao sexto capítulo):
A Vila Balzac era a casa
a) de Cohen.
b) onde se instalara Carlos.
c) onde se instalara Ega.
d) onde se instalara Dâmaso Salcede.
O «papá Monforte» era
a) pai de Pedro da Maia.
b) tio de Pedro da Maia.
c) pai de Eduarda Runa.
d) sogro de Pedro da Maia.
O Reverendo Bonifácio era
a) Bonifácio Silva.
b) um gato.
c) um padre.
d) Bonifácio de Souselas.
«Gouvarinhar» significa
a) estar com a condessa.
b) ir a casa dos Gouveia.
c) jogar uíste.
d) discutir o «excremento».
Os procuradores de Afonso da Maia são
a) Vilaça e Taveira.
b) Vilaça e, depois, o seu filho.
c) Vilaça e Silveirinha.
d) Vilaça e Craft.
Quem conhecera bem Pedro da Maia fora
a) João da Ega.
b) Dâmaso Salcede.
c) Tomás de Alencar.
d) Jacob Cohen.
Os Paços de Celas eram
a) a quinta de Santa Olávia.
b) a residência de Carlos em Coimbra.
c) o Ramalhete.
d) a casa de Benfica.
O que se segue é o início da tradução portuguesa de L’Assommoir, de Émile Zola, o romancista francês que, nas páginas dos Maias que acabámos de ver, exemplificava a literatura naturalista.
Mantive o exacto texto desta tradução — cujo título português é A Taberna — mas inseri espaços que preencherás com escrita da tua lavra. Esses acrescentos devem adoptar o estilo desta escola literária: de detalhe descritivo, realista ou, como dizia Alencar, «excrementício». (Nas página 235-237 de Antologia, dá-se ideia das abordagens típicas desta corrente. Vale a pena relanceares pelo menos os dois parágrafos centrais da p. 236.)
Gervásia esperara Lantier até às duas horas da manhã. Depois, tiritando dos pés à cabeça por se ter deixado estar em camisa ao ar frio da janela, tinha adormecido, deitada de través na cama, febril, a face encharcada em lágrimas. Havia oito dias, que, ao saírem do Veau à deux têtes, onde comiam, ele a mandava ir-se deitar com os pequenos, e só aparecia em casa, alta noite, desculpando-se com a procura de trabalho. ________________ Nessa noite, enquanto lhe espiava a volta, Gervásia julgou vê-lo entrar no baile do Grand Balcon, cujas dez janelas chamejantes arremessavam um clarão de incêndio às embocaduras dos bulevares exteriores; atrás dele, apenas a uns cinco ou seis passos de distância, apercebera a pequena Adélia, uma brunidora que comia no mesmo restaurante, com as mãos pendidas, como se acabasse de lhe deixar o braço para não passarem juntos debaixo da luz crua dos globos da porta. _______________
Quando Gervásia acordou, pelas cinco horas, inteiriçada, com dores nos rins, prorrompeu em soluços. Lantier não entrara. Era a primeira vez que ele não dormia em casa. Deixou-se ficar à beira da cama, debaixo da cortina desbotada de chita que pendia de um arco preso ao tecto por um cordel. E, lentamente, com os olhos velados pelo pranto, percorreu o miserável quarto mobilado, recheado com uma cómoda de nogueira a que faltava uma gaveta, três cadeiras de palha e uma mesinha gordurenta sobre a qual jazia um jarro de água, rachado. ______________ Tinham acrescentado, para os pequenos, um leito de ferro colocado diante da cómoda, e que tomava duas terças partes do quarto. A mala de Gervásia e de Lantier, escancarada a um canto, mostrava os seus flancos vazios, com um velho chapéu de homem muito no fundo, sepultado debaixo de camisas e de peúgas sujas, notando-se ao longo das paredes e sobre o encosto dos móveis um xaile esburacado, umas calças enlameadas, os últimos farrapos que os algibebes não aceitavam. _____________ Ao centro da chaminé, entre dois candeeiros de zinco, desemparelhados, via-se um maço de cautelas da casa de penhores, cor de rosa claro. E este quarto era a melhor habitação do prédio, a do primeiro andar, com vista para o bulevar.
Entretanto, encostadas uma à outra, repousando as cabeças sobre a mesma almofada, as duas crianças dormiam. Com as pequeninas mãos deitadas para fora, Cláudio, que contava oito anos, respirava sossegadamente, enquanto Estêvão, que ia apenas nos quatro, sorria, com o seu braço à roda do pescoço do irmão. Quando o lacrimoso olhar da mãe caiu sobre eles, a mulher teve nova crise de soluços e tapou a boca com o lenço, para abafar os gritos leves que se lhe escapavam da garganta. Levantou-se descalça sem se lembrar sequer de calçar as chinelas caídas no chão, e foi de novo encostar-se à janela, continuando a sua espera nocturna, numa interrogação muda aos passeios das ruas longínquas. _____________
A casa ficava situada no bulevar da Chapelle, à esquerda da barreira Poissonière. Era uma construção de dois andares, com a fachada pintada de cor de borra de vinho até ao segundo andar e as gelosias carcomidas pela chuva. Por cima de uma lanterna com os vidros partidos conseguia ver-se entre as duas janelas: Hôtel Boncœur, gerência de Marsoullier, em grandes letras amarelas, apagadas em parte pela deterioração do gesso. Gervásia, a quem a lanterna impedia de ver, levantara-se nos bicos dos pés, sem tirar o lenço dos lábios, ____________
embocadura — ‘entrada’ brunidora — ‘engomadeira’ interiçado — ‘hirto’ prorromper — ‘manifestar-‑se com ímpeto’ algibebe — ‘negociante de roupas novas ou usadas’ gelosias — ‘persianas’
Assistência a trechos da versão televisiva da adaptação que José Bruno Carreiro fez dos Maias de Eça, correspondentes às partes vistas em aula até agora).
TPC — Ler, pelo menos, até ao cap. 8 (inclusivé) de Os Maias.
Aula 47 (12 ou 13/Mar) Na última aula, seguimos uma discussão, no Hotel Central, entre a defesa da nova literatura (realismo / naturalismo), a cargo de João da Ega, e a sua rejeição, sobretudo por Tomás de Alencar, o poeta romântico, para quem a escola realista era «o excremento». Vimos também um texto naturalista, de um livro a que se aludia no mesmo episódio do Hotel Central, L’Assommoir, de Émile Zola.
Trago-te agora um poema que exemplifica o chamado ultra-romantismo (a fase que precedeu o realismo e que é já um exagero do romantismo). O poema que Eusebiozinho recitava («A Lua de Londres», de João de Lemos), para deleite da audiência de Santa Olávia, era desta fase decadente. Estoutro — «O Noivado do Sepulcro», de Soares de Passos — é o mais conhecido dessa corrente literária. Nem Tomás de Alencar seria assim tão excessivo. (Já agora, é bastante seguro que, ao criar a personagem Alencar, Eça estava a caricaturar um poeta romântico de então, Bulhão Pato.)
Sabendo que os quartetos do poema têm sempre rima cruzada e que os versos são todos decassilábicos, preenche as lacunas. Cada espaço corresponde a uma palavra.
O noivado do sepulcro
Balada
Vai alta a lua! na mansão da morte
Já meia-noite com vagar soou;
Que paz tranquila; dos vaivéns da sorte
Só tem descanso quem ali ____________.
Que paz tranquila!... mas eis longe, ao longe
Funérea campa com fragor rangeu;
Branco fantasma semelhante a um monge,
D'entre os sepulcros a cabeça ___________.
Ergueu-se, ergueu-se!... na amplidão celeste
Campeia a lua com sinistra luz;
O vento geme no feral _______________,
O mocho pia na marmórea _________.
Ergueu-se, ergueu-se!... com sombrio espanto
Olhou em roda... não achou____________...
Por entre as campas, arrastando o manto,
Com lentos passos caminhou além.
Chegando perto duma cruz alçada,
Que entre ciprestes alvejava ao fim,
Parou, sentou-se e com a voz ____________
Os ecos tristes acordou _____________:
"Mulher formosa, que adorei na _________,
"E que na tumba não cessei d’amar,
"Por que atraiçoas, desleal, mentida,
"O amor eterno que te ouvi __________?
Vai alta a lua! na mansão da morte
Já meia-noite com vagar soou;
Que paz tranquila; dos vaivéns da sorte
Só tem descanso quem ali ____________.
Que paz tranquila!... mas eis longe, ao longe
Funérea campa com fragor rangeu;
Branco fantasma semelhante a um monge,
D'entre os sepulcros a cabeça ___________.
Ergueu-se, ergueu-se!... na amplidão celeste
Campeia a lua com sinistra luz;
O vento geme no feral _______________,
O mocho pia na marmórea _________.
Ergueu-se, ergueu-se!... com sombrio espanto
Olhou em roda... não achou____________...
Por entre as campas, arrastando o manto,
Com lentos passos caminhou além.
Chegando perto duma cruz alçada,
Que entre ciprestes alvejava ao fim,
Parou, sentou-se e com a voz ____________
Os ecos tristes acordou _____________:
"Mulher formosa, que adorei na _________,
"E que na tumba não cessei d’amar,
"Por que atraiçoas, desleal, mentida,
"O amor eterno que te ouvi __________?
"Amor! engano que na campa finda,
"Que a morte despe da ilusão falaz:
"Quem d'entre os vivos se lembrara ainda
"Do pobre morto que na terra _________?
"Abandonado neste chão _____________
"Há já três dias, e não vens aqui...
"Ai, quão pesada me tem sido a lousa
"Sobre este peito que bateu por _______!
"Ai, quão pesada me tem sido!" e em meio,
A fronte exausta lhe pendeu na mão,
E entre soluços arrancou do ________
Fundo suspiro de cruel _________.
"Talvez que rindo dos protestos nossos,
"Gozes com outro d'infernal prazer;
"E o olvido cobrirá meus _________
"Na fria terra sem vingança ______!
— "Oh nunca, nunca!" de saudade infinda
Responde um eco suspirando além...
— "Oh nunca, nunca!" repetiu ainda
Formosa virgem que em seus braços ______.
Cobrem-lhe as formas divinas, airosas,
Longas roupagens de nevada cor;
Singela c'roa de virgínias ________
Lhe cerca a fronte dum mortal palor.
"Que a morte despe da ilusão falaz:
"Quem d'entre os vivos se lembrara ainda
"Do pobre morto que na terra _________?
"Abandonado neste chão _____________
"Há já três dias, e não vens aqui...
"Ai, quão pesada me tem sido a lousa
"Sobre este peito que bateu por _______!
"Ai, quão pesada me tem sido!" e em meio,
A fronte exausta lhe pendeu na mão,
E entre soluços arrancou do ________
Fundo suspiro de cruel _________.
"Talvez que rindo dos protestos nossos,
"Gozes com outro d'infernal prazer;
"E o olvido cobrirá meus _________
"Na fria terra sem vingança ______!
— "Oh nunca, nunca!" de saudade infinda
Responde um eco suspirando além...
— "Oh nunca, nunca!" repetiu ainda
Formosa virgem que em seus braços ______.
Cobrem-lhe as formas divinas, airosas,
Longas roupagens de nevada cor;
Singela c'roa de virgínias ________
Lhe cerca a fronte dum mortal palor.
"Não, não perdeste meu amor jurado:
"Vês este peito? reina a morte aqui...
"É já sem forças, ai de mim, __________,
"Mas inda pulsa com amor por _______.
"Feliz que pude acompanhar-te ao fundo
"Da sepultura, sucumbindo à dor:
"Deixei a vida... que importava o ________,
"O mundo em trevas sem a luz do _______?
"Saudosa ao longe vês no céu a lua?
— "Oh vejo sim... recordação fatal!
— "Foi à luz dela que jurei ser ________
"Durante a vida, e na mansão final.
"Oh vem! se nunca te cingi ao peito,
"Hoje o sepulcro nos reúne enfim...
"Quero o repouso de teu frio leito,
"Quero-te unido para sempre a ________!"
"Vês este peito? reina a morte aqui...
"É já sem forças, ai de mim, __________,
"Mas inda pulsa com amor por _______.
"Feliz que pude acompanhar-te ao fundo
"Da sepultura, sucumbindo à dor:
"Deixei a vida... que importava o ________,
"O mundo em trevas sem a luz do _______?
"Saudosa ao longe vês no céu a lua?
— "Oh vejo sim... recordação fatal!
— "Foi à luz dela que jurei ser ________
"Durante a vida, e na mansão final.
"Oh vem! se nunca te cingi ao peito,
"Hoje o sepulcro nos reúne enfim...
"Quero o repouso de teu frio leito,
"Quero-te unido para sempre a ________!"
E ao som dos pios do cantor funéreo,
E à luz da lua de sinistro alvor,
Junto ao cruzeiro, sepulcral mistério
Foi celebrado, d'infeliz ___________.
Quando risonho despontava o __________,
Já desse drama nada havia então,
Mais que uma tumba funeral vazia,
Quebrada a lousa por ignota _________.
Porém mais tarde, quando foi volvido
Das sepulturas o gelado pó,
Dois esqueletos, um ao outro ___________,
Foram achados num sepulcro ________.
Soares de Passos (1826-1859)
Como é típico do ultra-romantismo, neste poema são muitas as palavras pertencentes ao campo lexical ‘morte’ (o termo «campo lexical» é algo controvertido, uso-o na acepção ‘palavras relacionadas semanticamente com uma dada área de assunto’).
Transcreve umas tantas: «morte»; «fantasma»; «sepulcro»; _______; ________; ________; ________; _________; _________; __________; _________; _________; _________
Lê as pp. 188-190 de Antologia, correspondentes a trecho do capítulo VIII de Os Maias. Carlos está em Sintra, onde foi — com Cruges — para tentar encontrar a deslumbrante mulher que, em Lisboa, avistara duas vezes, a «deusa», a mulher de Castro Gomes. Vai tomando atenção a estas três partes do texto: (A) ll. 1-26; (B) 27-43; (C) 44-74.
Depois, já em trabalho com o teu colega do lado, escolherás para cada uma das três partes um aforismo/máxima que lhes possa servir de título-lema-divisa. Essas três frases procurá-las-ão nos livros que lhes tiver distribuído e serão lançadas num quadro semelhante ao seguinte:
Parte / Linhas / Citação alusiva(A) / 1-26 / ...
(B) / 27-43 / ...
(C) / 44-74 / ...
TPC — Ler, pelo menos, até ao exacto meio (em termos de páginas) de Os Maias. Ou seja: até ao fim do capítulo X.
Como é típico do ultra-romantismo, neste poema são muitas as palavras pertencentes ao campo lexical ‘morte’ (o termo «campo lexical» é algo controvertido, uso-o na acepção ‘palavras relacionadas semanticamente com uma dada área de assunto’).
Transcreve umas tantas: «morte»; «fantasma»; «sepulcro»; _______; ________; ________; ________; _________; _________; __________; _________; _________; _________
Lê as pp. 188-190 de Antologia, correspondentes a trecho do capítulo VIII de Os Maias. Carlos está em Sintra, onde foi — com Cruges — para tentar encontrar a deslumbrante mulher que, em Lisboa, avistara duas vezes, a «deusa», a mulher de Castro Gomes. Vai tomando atenção a estas três partes do texto: (A) ll. 1-26; (B) 27-43; (C) 44-74.
Depois, já em trabalho com o teu colega do lado, escolherás para cada uma das três partes um aforismo/máxima que lhes possa servir de título-lema-divisa. Essas três frases procurá-las-ão nos livros que lhes tiver distribuído e serão lançadas num quadro semelhante ao seguinte:
Parte / Linhas / Citação alusiva(A) / 1-26 / ...
(B) / 27-43 / ...
(C) / 44-74 / ...
TPC — Ler, pelo menos, até ao exacto meio (em termos de páginas) de Os Maias. Ou seja: até ao fim do capítulo X.
Soluções:
Vai alta a lua! na mansão da morte
Já meia-noite com vagar soou;
Que paz tranquila; dos vaivéns da sorte
Só tem descanso quem ali baixou.
Que paz tranquila!... mas eis longe, ao longe
Funérea campa com fragor rangeu;
Branco fantasma semelhante a um monge,
D'entre os sepulcros a cabeça ergueu.
Ergueu-se, ergueu-se!... na amplidão celeste
Campeia a lua com sinistra luz;
O vento geme no feral cipreste,
O mocho pia na marmórea cruz.
Ergueu-se, ergueu-se!... com sombrio espanto
Olhou em roda... não achou ninguém...
Por entre as campas, arrastando o manto,
Com lentos passos caminhou além.
Chegando perto duma cruz alçada,
Que entre ciprestes alvejava ao fim,
Parou, sentou-se e com a voz magoada
Os ecos tristes acordou assim:
"Mulher formosa, que adorei na vida,
"E que na tumba não cessei d’amar,
"Por que atraiçoas, desleal, mentida,
"O amor eterno que te ouvi jurar?
"Amor! engano que na campa finda,
"Que a morte despe da ilusão falaz:
"Quem d'entre os vivos se lembrara ainda
"Do pobre morto que na terra jaz?
"Abandonado neste chão repousa
"Há já três dias, e não vens aqui...
"Ai, quão pesada me tem sido a lousa
"Sobre este peito que bateu por ti!
"Ai, quão pesada me tem sido!" e em meio,
A fronte exausta lhe pendeu na mão,
E entre soluços arrancou do seio
Fundo suspiro de cruel paixão.
"Talvez que rindo dos protestos nossos,
"Gozes com outro d'infernal prazer;
"E o olvido cobrirá meus ossos
"Na fria terra sem vingança ter!
— "Oh nunca, nunca!" de saudade infinda
Responde um eco suspirando além...
— "Oh nunca, nunca!" repetiu ainda
Formosa virgem que em seus braços tem.
Cobrem-lhe as formas divinas, airosas,
Longas roupagens de nevada cor;
Singela c'roa de virgínias rosas
Lhe cerca a fronte dum mortal palor.
"Não, não perdeste meu amor jurado:
"Vês este peito? reina a morte aqui...
"É já sem forças, ai de mim, gelado,
"Mas inda pulsa com amor por ti.
"Feliz que pude acompanhar-te ao fundo
"Da sepultura, sucumbindo à dor:
"Deixei a vida... que importava o mundo,
"O mundo em trevas sem a luz do amor?
"Saudosa ao longe vês no céu a lua?
– "Oh vejo sim... recordação fatal!
– "Foi à luz dela que jurei ser tua
"Durante a vida, e na mansão final.
"Oh vem! se nunca te cingi ao peito,
"Hoje o sepulcro nos reúne enfim...
"Quero o repouso de teu frio leito,
"Quero-te unido para sempre a mim!"
E ao som dos pios do cantor funéreo,
E à luz da lua de sinistro alvor,
Junto ao cruzeiro, sepulcral mistério
Foi celebrado, d'infeliz amor.
Quando risonho despontava o dia,
Já desse drama nada havia então,
Mais que uma tumba funeral vazia,
Quebrada a lousa por ignota mão.
Porém mais tarde, quando foi volvido
Das sepulturas o gelado pó,
Dois esqueletos, um ao outro unido,
Foram achados num sepulcro só.
funéreo = fúnebre
sepulcro = túmulo, sepultura
campear = acampar
feral = funéreo, lúgubre
tumba = caixão
falaz = enganador
lousa = placa de pedra que cobre túmulos
olvido = esquecimento
airoso = esbelto, elegante
fronte = rosto
palor = palidez
alvor = brancura
cruzeiro = cruz grande de pedra
ignoto = desconhecido
Transcreve umas tantas: «morte»; «fantasma»; «sepulcro»; «funérea»; «campa»; «sinistra»; «cipreste»; «mocho»; «tumba»; «lousa»; «sepultura»; «cruzeiro»; «funeral»; «esqueletos»; «frio leito»; «cantor funéreo»; «mansão final»; «mortal»; «palor»; «trevas»;
lanceiros = unidade pertencente à arma de cavalaria
peignoir = roupão
Juno = esposa de Júpiter; rainha dos deuses
Aula 48 (16 ou 17/Mar) Lê o texto de Os Maias relativo ao episódio das corridas (Antologia, 191-193), sabendo já que, depois, o usaremos para leitura em voz alta.
Completa:
Nas ll. 20-24 há discurso _______ {directo / indirecto / indirecto livre}, o que podemos reconhecer por, não havendo travessões ou outra delimitação que isolasse o discurso do narrador e a fala da personagem, aparecerem marcas típicas da oralidade reportada directamente (o ponto de _________, a expressão «_________», até as reticências) mas, por outro lado, os tempos dos verbos estarem adaptados como se faria no discurso indirecto (introduzido por «disse» ou por algum outro verbo dicendi no pretérito _________).
Escreve as exactas frases que teria proferido o visconde:
— Então, ___________________________ — explicou o visconde de Darque.
Completa com as mudanças havidas entre a fala (discurso directo) e o que temos nos Maias:
Tempos
quiseram (_________) / tinham querido (Pretérito Mais-que-perfeito [Composto])
posso (Presente do Indicativo) / podia (__________)
apuro (________) /apurava (Imperfeito do Indicativo)
não imaginem (Imperativo negativo / Presente do Conjuntivo) / não imaginassem (___________)
sou (Presente do Indicativo) / _________ (Imperfeito do Indicativo)
_______ (Presente do Indicativo) / era (Imperfeito do Indicativo)
Pessoas (nos verbos, nos determinantes, nos advérbios)
posso, apuro, sou (1.ª) / podia, apurava, era (____)
quiseram, imaginem, era (____) / tinham querido, imaginassem, era (3.ª)
minhas (1.ª) / suas (____)
meu (____) / seu (3.ª)
esta (1.ª) / _______ (3.ª)
[d]_____ (1.ª) / [d]ali (3.ª)
Vejamos outras características do estilo de Eça:
Em «vestidos sérios» (l. 43) e «fila muda» (l. 40) há a figura de estilo que designamos _________, já que o adjectivo, no fundo, não se reporta aos objectos que qualifica («vestidos» e «fila») mas antes às senhoras a quem aqueles objectos ___________. (Em «Os olhos de Carlos procuravam, inquietamente e sem esperança» (59-60) há processo similar: o advérbio aplica-se a acção praticada pelos olhos, mas reporta-se a __________.)
Surgem vários ___________ com valor depreciativo (ou ridicularizador): «as duas irmãs do Taveira, magrinhas, loirinhas» (48); «vestidas de ___________» (49); «um canteirinho de camélias meladas» (61); «uma ______________» (31).
Quanto a «gentleman» (16), «cocottes» (26), «High Life» (50), até por estarem em itálico, são identificáveis como ____________. (Já «chique» ou «champanhe» devem ser considerados como _____________, porque, apesar da origem estrangeira, estão já bastante integrados no português.)
Seguem-se trechos que incluem orações relativas (neste caso, começadas por «que», embora valha a pena lembrar que há orações relativas que não começam por «que» e, sobretudo, que há muitos «ques» que não introduzem orações relativas).
Assinala se a oração (adjectiva) relativa é restritiva (R) ou explicativa (E). Verifica também se a pontuação está bem feita (acrescentando ou riscando vírgula, se for caso disso).
encolheu os ombros, cerrou os olhos, como um homem que se sacrifica (19-20).
Carlos fora falar à sua velha amiga D. Maria da Cunha que, havia momentos, o chamava com o olhar, com o leque, com o seu sorriso de boa mamã (63-65).
Era a única senhora que ousara descer do retiro ajanelado da tribuna (65-66).
Tinha consigo uma parenta que apresentou a Carlos (71-72).
[A parenta] era uma senhora espanhola, que seria bonita se não fossem as olheiras negras (72-72).
Leitura em voz alta (resto da 3.ª ou início da 4.ª jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões).
Assistência a trecho de série televisiva a partir de adaptação de Os Maias por Bruno Carreiro (incluindo alusões ao episódio das corridas).
TPC — Continua a ler Os Maias. Vai também revendo gramática.
Completa:
Nas ll. 20-24 há discurso _______ {directo / indirecto / indirecto livre}, o que podemos reconhecer por, não havendo travessões ou outra delimitação que isolasse o discurso do narrador e a fala da personagem, aparecerem marcas típicas da oralidade reportada directamente (o ponto de _________, a expressão «_________», até as reticências) mas, por outro lado, os tempos dos verbos estarem adaptados como se faria no discurso indirecto (introduzido por «disse» ou por algum outro verbo dicendi no pretérito _________).
Escreve as exactas frases que teria proferido o visconde:
— Então, ___________________________ — explicou o visconde de Darque.
Completa com as mudanças havidas entre a fala (discurso directo) e o que temos nos Maias:
Tempos
quiseram (_________) / tinham querido (Pretérito Mais-que-perfeito [Composto])
posso (Presente do Indicativo) / podia (__________)
apuro (________) /apurava (Imperfeito do Indicativo)
não imaginem (Imperativo negativo / Presente do Conjuntivo) / não imaginassem (___________)
sou (Presente do Indicativo) / _________ (Imperfeito do Indicativo)
_______ (Presente do Indicativo) / era (Imperfeito do Indicativo)
Pessoas (nos verbos, nos determinantes, nos advérbios)
posso, apuro, sou (1.ª) / podia, apurava, era (____)
quiseram, imaginem, era (____) / tinham querido, imaginassem, era (3.ª)
minhas (1.ª) / suas (____)
meu (____) / seu (3.ª)
esta (1.ª) / _______ (3.ª)
[d]_____ (1.ª) / [d]ali (3.ª)
Vejamos outras características do estilo de Eça:
Em «vestidos sérios» (l. 43) e «fila muda» (l. 40) há a figura de estilo que designamos _________, já que o adjectivo, no fundo, não se reporta aos objectos que qualifica («vestidos» e «fila») mas antes às senhoras a quem aqueles objectos ___________. (Em «Os olhos de Carlos procuravam, inquietamente e sem esperança» (59-60) há processo similar: o advérbio aplica-se a acção praticada pelos olhos, mas reporta-se a __________.)
Surgem vários ___________ com valor depreciativo (ou ridicularizador): «as duas irmãs do Taveira, magrinhas, loirinhas» (48); «vestidas de ___________» (49); «um canteirinho de camélias meladas» (61); «uma ______________» (31).
Quanto a «gentleman» (16), «cocottes» (26), «High Life» (50), até por estarem em itálico, são identificáveis como ____________. (Já «chique» ou «champanhe» devem ser considerados como _____________, porque, apesar da origem estrangeira, estão já bastante integrados no português.)
Seguem-se trechos que incluem orações relativas (neste caso, começadas por «que», embora valha a pena lembrar que há orações relativas que não começam por «que» e, sobretudo, que há muitos «ques» que não introduzem orações relativas).
Assinala se a oração (adjectiva) relativa é restritiva (R) ou explicativa (E). Verifica também se a pontuação está bem feita (acrescentando ou riscando vírgula, se for caso disso).
encolheu os ombros, cerrou os olhos, como um homem que se sacrifica (19-20).
Carlos fora falar à sua velha amiga D. Maria da Cunha que, havia momentos, o chamava com o olhar, com o leque, com o seu sorriso de boa mamã (63-65).
Era a única senhora que ousara descer do retiro ajanelado da tribuna (65-66).
Tinha consigo uma parenta que apresentou a Carlos (71-72).
[A parenta] era uma senhora espanhola, que seria bonita se não fossem as olheiras negras (72-72).
Leitura em voz alta (resto da 3.ª ou início da 4.ª jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões).
Assistência a trecho de série televisiva a partir de adaptação de Os Maias por Bruno Carreiro (incluindo alusões ao episódio das corridas).
TPC — Continua a ler Os Maias. Vai também revendo gramática.
Soluções:
Nas ll. 20-24 há discurso indirecto livre, o que podemos reconhecer por, não havendo travessões ou outra delimitação que isolasse o discurso do narrador e a fala da personagem, aparecerem marcas típicas da oralidade reportada directamente (o ponto de exclamação, a expressão «que diabo», até as reticências) mas, por outro lado, os tempos dos verbos estarem adaptados como se faria no discurso indirecto (introduzido por «disse» ou por algum outro verbo dicendi no pretérito perfeito).
— Então, que diabo, os rapazes quiseram!... Mas eu, realmente, não posso apresentar um cavalo decente, com as minhas cores, senão daqui a quatro anos. De resto, não apuro cavalos para esta melancolia de Belém. Não imaginem os amigos que (eu) sou tão patriota: o meu fim é ir a Espanha, bater os cavalos do Caldillo... — explicou o visconde de Darque.
Tempos
quiseram (Pretérito Perfeito) / tinham querido (Pretérito Mais-que-perfeito [Composto])
posso (Presente do Indicativo) / podia (Imperfeito do Indicativo)
apuro (Presente do Indicativo) / apurava (Imperfeito do Indicativo)
não imaginem (Imperativo negativo / Presente do Conjuntivo) / não imaginassem (Imperfeito do Conjuntivo)
sou (Presente do Indicativo) / era (Imperfeito do Indicativo)
é (Presente do Indicativo) / era (Imperfeito do Indicativo)
Pessoa (nos verbos, nos determinantes, nos advérbios)
posso, apuro, sou (1.ª) / podia, apurava, era (3.ª)
quiseram, imaginem, era (3.ª) / tinham querido, imaginassem, era (3.ª)
minhas (1.ª) / suas (3.ª)
meu (1.ª) / seu (3.ª)
esta (1.ª) / aquela (3.ª)
[d]aqui (1.ª) / [d]ali (3.ª)
Em «vestidos sérios» (l. 43) e «fila muda» (l. 40) há a figura de estilo que designamos «hipálage», já que o adjectivo, no fundo, não se reporta aos objectos que qualifica («vestidos» e «fila») mas antes às senhoras a quem aqueles objectos «pertenciam». (Em «Os olhos de Carlos procuravam, inquietamente e sem esperança» (59-60) há processo similar: o advérbio aplica-se a acção praticada pelos olhos, mas reporta-se a Carlos.)
Surgem vários diminutivos com valor depreciativo (ou ridicularizador): «as duas irmãs do Taveira, magrinhas, loirinhas» (48); «vestidas de xadrezinho» (49); «um canteirinho de camélias meladas» (61); «uma duvidazinha» (31).
Quanto a «gentleman» (16), «cocottes» (26), «High Life» (50), até por estarem em itálico, são identificáveis como estrangeirismos. (Já «chique» ou «champanhe» devem ser considerados como empréstimos, porque, apesar da origem estrangeira, estão já bastante integrados no português.)
encolheu os ombros, cerrou os olhos, como um homem que se sacrifica (19-20)
Restritiva
Carlos fora falar à sua velha amiga D. Maria da Cunha[,] que, havia momentos, o chamava com o olhar, com o leque, com o seu sorriso de boa mamã (63-65).
Explicativa
Era a única senhora que ousara descer do retiro ajanelado da tribuna (65-66)
Restritiva
Tinha consigo uma parenta que apresentou a Carlos (71-72)
Restritiva (mas podia ser Explicativa, desde que houvesse vírgula)
[A parenta] era uma senhora espanhola, que seria bonita se não fossem as olheiras negras (72-72)
Explicativa (mas não era impossível ser Restritiva, se não houvesse vírgula)
Aula 49 (19 ou 20/Mar) Questionário de escolha múltipla sobre os conteúdos gramaticais deste período.
Circunda a melhor alínea.
As duas frases têm hipálages em
a) Fez um chichi apressado. / Fumou um cigarro, pensativo.
b) Fez um cocó, apressado. / Vimos o queixo irritado do professor.
c) Pôs uma gravata reverente. / Avistavam-se saias namoradeiras.
d) Pôs uma gravata berrante. / Fez um chichi muito amarelo.
O segmento em itálico é explicativo (e não restritivo) em
a) Os bolos encomendados na pastelaria Cocó são bons. b) Os bolos, encomendados na pastelaria Cocó, são uma porcaria. c) Os cocós encomendados na pastelaria Bolo são bons. d) Na pastelaria Cocó, encomendámos bolos bons.
A oração relativa é restritiva (e não explicativa) em
a) A Dona Emília — que fez anos esta semana — ter-se-á reformado.
b) A Dona Fernanda escreveu quadras, que foram publicadas.
c) Gostei das quadras que a Dona Fernanda escreveu.
d) As quadras, cuja revisão fui eu que fiz, eram bem interessantes.
Não ligando a vírgulas (já que foi apagada a pontuação que as frases pudessem ter), a alínea com uma oração relativa restritiva é
a) só gosto de penicos que não se partam
b) estive com Epifânio que tem penicos valiosos
c) Aloísio que todos consideram excelente pessoa negoceia em penicos
d) o fulano só faz frases estúpidas que ainda por cima têm sempre penicos
Não ligando a vírgulas (já que foi apagada a pontuação que as frases pudessem ter), a alínea cuja oração relativa é obrigatoriamente explicativa é
a) chamei a primeira funcionária que encontrei b) quero uma escola que não tenha alunos c) vi o crocodilo que se passeava no Douro d) encontrei José Saramago que é mais simpático do que parece
No conjunto de frases que se seguem há orações adjectivas relativas (restritiva e explicativa), uma oração substantiva relativa e uma oração substantiva completiva. A frase que tem a oração adjectiva relativa restritiva é:
a) Ele disse que a literatura naturalista era excrementícia. b) Quem vai ao mar perde o lugar. c) Os ultra-românticos gostavam de poemas que tivessem cemitérios. d) Alencar, que era um romântico, detestava o naturalismo.
Os estrangeirismos são
a) galicismos. b) menos reconhecíveis como palavras vindas de línguas diferentes do que os outros empréstimos. c) francesismos e anglicismos. d) mais reconhecíveis como palavras «estranhas» do que muitos outros empréstimos.
Há discurso indirecto livre em:
a) — A casa de banho do bloco C fecha entre as 8 horas e as 18 horas e trinta e três, nos dias úteis — anunciou o Conselho Executivo.
b) Que não haveria problema, que seriam distribuídos penicos e casas de banho portáteis. Ah! E aceitar-se-ia um chichizito nos canteiros dos jardins.
c) O Executivo avisou que, se houvesse mais vandalismo nas casas de banho, fecharia as instalações sanitárias dos blocos B e E e em todos os blocos de notas.
d) O Executivo mandou instalar dois urinóis, de bela traça, que ficarão à entrada da sala de professores e serão vigiados por trinta alferes de lanceiros.
Se o verbo introdutor do relato de discurso (ou verbo dicendi) estiver no Pretérito Perfeito («disse», por exemplo), as formas verbais que no discurso directo estejam no Presente passarão, no discurso indirecto, ao ____ ; e as que estejam no Perfeito passarão ao ____.
a) Imperfeito / Mais-que-perfeito b) Futuro / Imperfeito c) Imperfeito / Futuro d) Futuro / Condicional
«Carlos tranquilizou Miss Sara. Oh, ela via bem que mademoiselle estava boa. O que a assustara fora achar-se ali só, sem a mamã, com aquela responsabilidade. Por isso a tinha deitado... Oh, se fosse uma criança inglesa, saía com ela para o ar... Mas estas meninas estrangeiras, tão débeis tão delicadas...». Trata-se de
a) discurso directo, porque não há verbo introdutor (ou dicendi).
b) discurso indirecto livre, porque a base é o discurso do narrador mas vão surgindo trechos que parecem não ter sido por ele mediados.
c) discurso indirecto, porque o narrador transpõe o que disse a personagem, havendo as alterações esperáveis na passagem do discurso directo para discurso indirecto.
d) discurso indirecto, porque não há travessões.
Em «àquelas», o acento grave assinala
a) a prótese (= acrescento inicial) de uma preposição ao determinante. b) a sílaba tónica. c) uma sinérese (= contracção de duas vogais num ditongo). d) a crase entre a preposição e a primeira vogal do determinante.
Síncopes como as que observamos em p’tanto (por portanto) ou tlefone (por telefone) são
a) mais características do português europeu do que da variante sul-americana.
b) mais características do português do Brasil do que do português europeu.
c) tão frequentes no Brasil como em Portugal.
d) fenómenos que acontecem sobretudo nas variantes africanas do português.
A epêntese — inserção de som a meio de uma palavra — serve muitas vezes (e mais até aos brasileiros) para
a) economizar esforço. b) resolver hiatos (sequências de vogais que não formam ditongo). c) tornar pronúncia mais rápida. d) evitar sequências de consoantes (pn, gn, pt, etc.) pouco naturais na língua portuguesa.
Na evolução do latim ego para o português eu, aconteceram estes fenómenos:
a) síncope da consoante intervocálica, seguida de sinérese das duas vogais.
b) sonorização da consoante entre vogais, seguida de crase das vogais.
c) epêntese da consoante intervocálica, seguida de assimilação das vogais.
d) paragoge de um –u, seguida de ensurdecimento de –g-.
A frase com boa ortografia (sem erros ortográficos, portanto) é
a) Gostava de os advertir de que não gosto de as pataniscas.
b) Gostava das pataniscas que não gostavam de o facto de eu não gostar delas.
c) O facto de a Monforte não ser da mesma classe social contrariava Afonso.
d) Apesar das pataniscas estarem salgadas, vou comê-las.
Em «Dei uma beijoca repenicada a Maria Eduarda», a preposição inicia o
a) complemento directo. b) complemento indirecto. c) sujeito. d) aposto.
Na frase «As casas de banho foram fechadas pelo Executivo», temos
a) uma preposição, contraída em «as», que introduz o sujeito. b) apenas uma preposição, contraída em «pelo», que introduz o agente da passiva. c) duas preposições, uma das quais, contraída, introduz o agente da passiva. d) três preposições.
São adjectivos participiais
a) «amarelo», «nutrido», «gordo». b) «amado», «lado», «amido». c) «lixado», «aberto», «querido». d) «verde», «simples», «complicado».
Num texto teatral, um aparte é uma
a) fala que os espectadores não ouvirão. b) fala que só aparece escrita, entre parênteses e em itálico. c) indicação que será útil a actores e encenador. d) fala que não se dirige a outras personagens.
Num texto teatral, as didascálias são
a) úteis ao encenador. b) ditas pelos actores. c) inúteis. d) úteis sobretudo ao cenógrafo.
Depois de leres o texto nas pp. 194-195, resolve as perguntas 3.1 e 3.2; 6.1, 6.2 e 6.3; 7.1 e 7.2 da p. 196. Trata-as de modo global em três respostas:
As duas frases têm hipálages em
a) Fez um chichi apressado. / Fumou um cigarro, pensativo.
b) Fez um cocó, apressado. / Vimos o queixo irritado do professor.
c) Pôs uma gravata reverente. / Avistavam-se saias namoradeiras.
d) Pôs uma gravata berrante. / Fez um chichi muito amarelo.
O segmento em itálico é explicativo (e não restritivo) em
a) Os bolos encomendados na pastelaria Cocó são bons. b) Os bolos, encomendados na pastelaria Cocó, são uma porcaria. c) Os cocós encomendados na pastelaria Bolo são bons. d) Na pastelaria Cocó, encomendámos bolos bons.
A oração relativa é restritiva (e não explicativa) em
a) A Dona Emília — que fez anos esta semana — ter-se-á reformado.
b) A Dona Fernanda escreveu quadras, que foram publicadas.
c) Gostei das quadras que a Dona Fernanda escreveu.
d) As quadras, cuja revisão fui eu que fiz, eram bem interessantes.
Não ligando a vírgulas (já que foi apagada a pontuação que as frases pudessem ter), a alínea com uma oração relativa restritiva é
a) só gosto de penicos que não se partam
b) estive com Epifânio que tem penicos valiosos
c) Aloísio que todos consideram excelente pessoa negoceia em penicos
d) o fulano só faz frases estúpidas que ainda por cima têm sempre penicos
Não ligando a vírgulas (já que foi apagada a pontuação que as frases pudessem ter), a alínea cuja oração relativa é obrigatoriamente explicativa é
a) chamei a primeira funcionária que encontrei b) quero uma escola que não tenha alunos c) vi o crocodilo que se passeava no Douro d) encontrei José Saramago que é mais simpático do que parece
No conjunto de frases que se seguem há orações adjectivas relativas (restritiva e explicativa), uma oração substantiva relativa e uma oração substantiva completiva. A frase que tem a oração adjectiva relativa restritiva é:
a) Ele disse que a literatura naturalista era excrementícia. b) Quem vai ao mar perde o lugar. c) Os ultra-românticos gostavam de poemas que tivessem cemitérios. d) Alencar, que era um romântico, detestava o naturalismo.
Os estrangeirismos são
a) galicismos. b) menos reconhecíveis como palavras vindas de línguas diferentes do que os outros empréstimos. c) francesismos e anglicismos. d) mais reconhecíveis como palavras «estranhas» do que muitos outros empréstimos.
Há discurso indirecto livre em:
a) — A casa de banho do bloco C fecha entre as 8 horas e as 18 horas e trinta e três, nos dias úteis — anunciou o Conselho Executivo.
b) Que não haveria problema, que seriam distribuídos penicos e casas de banho portáteis. Ah! E aceitar-se-ia um chichizito nos canteiros dos jardins.
c) O Executivo avisou que, se houvesse mais vandalismo nas casas de banho, fecharia as instalações sanitárias dos blocos B e E e em todos os blocos de notas.
d) O Executivo mandou instalar dois urinóis, de bela traça, que ficarão à entrada da sala de professores e serão vigiados por trinta alferes de lanceiros.
Se o verbo introdutor do relato de discurso (ou verbo dicendi) estiver no Pretérito Perfeito («disse», por exemplo), as formas verbais que no discurso directo estejam no Presente passarão, no discurso indirecto, ao ____ ; e as que estejam no Perfeito passarão ao ____.
a) Imperfeito / Mais-que-perfeito b) Futuro / Imperfeito c) Imperfeito / Futuro d) Futuro / Condicional
«Carlos tranquilizou Miss Sara. Oh, ela via bem que mademoiselle estava boa. O que a assustara fora achar-se ali só, sem a mamã, com aquela responsabilidade. Por isso a tinha deitado... Oh, se fosse uma criança inglesa, saía com ela para o ar... Mas estas meninas estrangeiras, tão débeis tão delicadas...». Trata-se de
a) discurso directo, porque não há verbo introdutor (ou dicendi).
b) discurso indirecto livre, porque a base é o discurso do narrador mas vão surgindo trechos que parecem não ter sido por ele mediados.
c) discurso indirecto, porque o narrador transpõe o que disse a personagem, havendo as alterações esperáveis na passagem do discurso directo para discurso indirecto.
d) discurso indirecto, porque não há travessões.
Em «àquelas», o acento grave assinala
a) a prótese (= acrescento inicial) de uma preposição ao determinante. b) a sílaba tónica. c) uma sinérese (= contracção de duas vogais num ditongo). d) a crase entre a preposição e a primeira vogal do determinante.
Síncopes como as que observamos em p’tanto (por portanto) ou tlefone (por telefone) são
a) mais características do português europeu do que da variante sul-americana.
b) mais características do português do Brasil do que do português europeu.
c) tão frequentes no Brasil como em Portugal.
d) fenómenos que acontecem sobretudo nas variantes africanas do português.
A epêntese — inserção de som a meio de uma palavra — serve muitas vezes (e mais até aos brasileiros) para
a) economizar esforço. b) resolver hiatos (sequências de vogais que não formam ditongo). c) tornar pronúncia mais rápida. d) evitar sequências de consoantes (pn, gn, pt, etc.) pouco naturais na língua portuguesa.
Na evolução do latim ego para o português eu, aconteceram estes fenómenos:
a) síncope da consoante intervocálica, seguida de sinérese das duas vogais.
b) sonorização da consoante entre vogais, seguida de crase das vogais.
c) epêntese da consoante intervocálica, seguida de assimilação das vogais.
d) paragoge de um –u, seguida de ensurdecimento de –g-.
A frase com boa ortografia (sem erros ortográficos, portanto) é
a) Gostava de os advertir de que não gosto de as pataniscas.
b) Gostava das pataniscas que não gostavam de o facto de eu não gostar delas.
c) O facto de a Monforte não ser da mesma classe social contrariava Afonso.
d) Apesar das pataniscas estarem salgadas, vou comê-las.
Em «Dei uma beijoca repenicada a Maria Eduarda», a preposição inicia o
a) complemento directo. b) complemento indirecto. c) sujeito. d) aposto.
Na frase «As casas de banho foram fechadas pelo Executivo», temos
a) uma preposição, contraída em «as», que introduz o sujeito. b) apenas uma preposição, contraída em «pelo», que introduz o agente da passiva. c) duas preposições, uma das quais, contraída, introduz o agente da passiva. d) três preposições.
São adjectivos participiais
a) «amarelo», «nutrido», «gordo». b) «amado», «lado», «amido». c) «lixado», «aberto», «querido». d) «verde», «simples», «complicado».
Num texto teatral, um aparte é uma
a) fala que os espectadores não ouvirão. b) fala que só aparece escrita, entre parênteses e em itálico. c) indicação que será útil a actores e encenador. d) fala que não se dirige a outras personagens.
Num texto teatral, as didascálias são
a) úteis ao encenador. b) ditas pelos actores. c) inúteis. d) úteis sobretudo ao cenógrafo.
Depois de leres o texto nas pp. 194-195, resolve as perguntas 3.1 e 3.2; 6.1, 6.2 e 6.3; 7.1 e 7.2 da p. 196. Trata-as de modo global em três respostas:
3.1 & 3.2 ______________
6.1, 6.2 & 6.3 [deixa estas perguntas para o fim; faz primeiro 7.1 & 7.2] ____________
7.1 & 7.2 _____________
Assistência a trecho da série com a adaptação teatral de Os Maias por Bruno Carreiro (começo do namoro de Maria Eduarda e Carlos, na Rua de S. Francisco).
Leitura em voz alta (continuação da 4.ª eliminatória da Liga).
TPC — Lê Os Maias (até ao cap. XIII, inclusivé).
Soluções:
Carlos prefere «Toca», nome por que já conhecia o local, a outras designações que lhe parecem pretensiosas. «Toca» conotava o isolamento feliz, animal, de um esconderijo, e era por isso apropriado àquela paixão.
Além de uma tapeçaria que aludia aos amores secretos de Vénus e Marte, a decoração, cheia e rica, a luz e as cores lembravam o ambiente lascivo de um serralho: Também a cama era demasiado ostensiva.
Tal como os amores de Vénus e Marte desmaiavam na tapeçaria, também o amor de Carlos e Maria Eduarda estava condenado a desaparecer. A descrição da cama já remetia para «uma paixão trágica». Uma cabeça degolada alude a um episódio bíblico que trata de uma relação pecaminosa. Por fim, empalada, uma coruja, animal agoirento, olhava a cama que se destinava aos amores de Maria e Carlos.
Aula 50 (23 ou 24/Mar) Leitura em voz alta de trecho de A Cidade e as Serras (Antologia, 211-214), a contar para a última jornada da fase de grupos desta prova.
Melhores resultados ao fim da 3.ª jornada (nas cinco turmas):
Sílvia (11.º 1.ª): 13,6 / Ana M. (11.º 6.ª): 13,5 / Marta (11.º 2.ª): 13,35 / Inês (11.º 2.ª): 13,1 / Filipa (11.º 5.ª): 13 / Catarina T. (11.º 2.ª): 12,95 / Daniel (11.º 4.ª): 12,95 / Carolina (11.º 1.ª): 12,9 / Ana C. (11.º 4.ª): 12,85 / Joana O. (11.º 2.ª): 12,8 / Pedro (11.º 5.ª): 12,75 / Ricardo L. (11.º 1.ª): 12,75 / Sara C. (11.º 2.ª): 12,65 / Joana L. (11.º 1.ª): 12,5
Classificações da fase de grupos da Liga dos Campeões
__ / Grupo A / Grupo B / Grupo C / Grupo DApurados para a fase final da prestigiadíssima (e lucrativa) Liga de Campeões. Parabéns!1.º /__ /__ /__ /__
2.º /__ /__ /__ / __
3.º /__ /__ /__ /__
4.º /__ /__ /__ /__Oh, que pena! Mas a Taça Demóstenes também é uma prova sempre disputadíssima.5.º /__ /__ /__ /__
6.º /__ /__ /__ /__
7.º /__ /__ / __ / __
O sorteio da Taça Demóstenes decorrerá em Nyon (Suíça), esta quarta-feira a oito dias (1-4-2009), pelas 11 horas. Todos os participantes devem enviar um seu delegado à cerimónia. Despesas de viagem e alojamento serão reembolsadas mediante apresentação das facturas no Executivo.
Matriz da fase final da Liga dos Campeões
sujeita a alterações, se vierem a ficar emparelhados clubes do mesmo país — alunos da mesma carteira
(A1) _________ × _________ (B4) [α]
(C1) _________ × _________ (D4) [β]
(B1) _________ × _________ (A4) [γ]
(D1) _________ × _________ (C4) [δ]
(A2) _________ × _________ (B3) [ε]
(C2) _________ × _________ (D3) [ζ]
(B2) _________ × _________ (A3) [η]
(D2) _________ × _________ (C3) [θ]
(vencedor de α) _______ × _______ (vencedor de ζ) [ι]
(vencedor de β) _______ × _______ (vencedor de ε) [κ]
(vencedor de γ) _______ × _______ (vencedor de θ) [λ]
(vencedor de δ) _______ × _______ (vencedor de η) [μ]
(vencedor de ι) _______ × _______ (vencedor de κ) [ν]
(vencedor de λ) _______ × _______ (vencedor de μ) [ξ]
(vencedor de ν) _______ × _______ (vencedor de ξ) [Campeão de turma]Data do sorteio do Mundial de Clubes (inter-turmas 1.ª, 2.ª, 4.ª, 5.ª, 6.ª) será anunciada em breve. Far-se-á, entretanto, vistoria aos estádios: salas D9 (11.º 4.ª & 5.ª), A5 (1.ª & 6.ª) e B1 (2.ª).
Completa este verbete do Dicionário de Eça de Queiroz (de A. Campos Matos), relativo ao protagonista de A Cidade e as Serras. Deves tentar adivinhar as palavras em falta, tendo em conta o contexto e a sintaxe, mas também a própria extensão das linhas — que, de qualquer modo, no teu manuscrito precisarão de mais espaço do que na edição tipografada.
Sílvia (11.º 1.ª): 13,6 / Ana M. (11.º 6.ª): 13,5 / Marta (11.º 2.ª): 13,35 / Inês (11.º 2.ª): 13,1 / Filipa (11.º 5.ª): 13 / Catarina T. (11.º 2.ª): 12,95 / Daniel (11.º 4.ª): 12,95 / Carolina (11.º 1.ª): 12,9 / Ana C. (11.º 4.ª): 12,85 / Joana O. (11.º 2.ª): 12,8 / Pedro (11.º 5.ª): 12,75 / Ricardo L. (11.º 1.ª): 12,75 / Sara C. (11.º 2.ª): 12,65 / Joana L. (11.º 1.ª): 12,5
Classificações da fase de grupos da Liga dos Campeões
__ / Grupo A / Grupo B / Grupo C / Grupo DApurados para a fase final da prestigiadíssima (e lucrativa) Liga de Campeões. Parabéns!1.º /__ /__ /__ /__
2.º /__ /__ /__ / __
3.º /__ /__ /__ /__
4.º /__ /__ /__ /__Oh, que pena! Mas a Taça Demóstenes também é uma prova sempre disputadíssima.5.º /__ /__ /__ /__
6.º /__ /__ /__ /__
7.º /__ /__ / __ / __
O sorteio da Taça Demóstenes decorrerá em Nyon (Suíça), esta quarta-feira a oito dias (1-4-2009), pelas 11 horas. Todos os participantes devem enviar um seu delegado à cerimónia. Despesas de viagem e alojamento serão reembolsadas mediante apresentação das facturas no Executivo.
Matriz da fase final da Liga dos Campeões
sujeita a alterações, se vierem a ficar emparelhados clubes do mesmo país — alunos da mesma carteira
(A1) _________ × _________ (B4) [α]
(C1) _________ × _________ (D4) [β]
(B1) _________ × _________ (A4) [γ]
(D1) _________ × _________ (C4) [δ]
(A2) _________ × _________ (B3) [ε]
(C2) _________ × _________ (D3) [ζ]
(B2) _________ × _________ (A3) [η]
(D2) _________ × _________ (C3) [θ]
(vencedor de α) _______ × _______ (vencedor de ζ) [ι]
(vencedor de β) _______ × _______ (vencedor de ε) [κ]
(vencedor de γ) _______ × _______ (vencedor de θ) [λ]
(vencedor de δ) _______ × _______ (vencedor de η) [μ]
(vencedor de ι) _______ × _______ (vencedor de κ) [ν]
(vencedor de λ) _______ × _______ (vencedor de μ) [ξ]
(vencedor de ν) _______ × _______ (vencedor de ξ) [Campeão de turma]Data do sorteio do Mundial de Clubes (inter-turmas 1.ª, 2.ª, 4.ª, 5.ª, 6.ª) será anunciada em breve. Far-se-á, entretanto, vistoria aos estádios: salas D9 (11.º 4.ª & 5.ª), A5 (1.ª & 6.ª) e B1 (2.ª).
Completa este verbete do Dicionário de Eça de Queiroz (de A. Campos Matos), relativo ao protagonista de A Cidade e as Serras. Deves tentar adivinhar as palavras em falta, tendo em conta o contexto e a sintaxe, mas também a própria extensão das linhas — que, de qualquer modo, no teu manuscrito precisarão de mais espaço do que na edição tipografada.
O texto de A Cidade e as Serras nas pp. 209-210 de Antologia mostra-nos o quotidiano de Jacinto (mencionando-se apetrechos e cerimoniais da toilette e, a pretexto da agenda, as tarefas do dia).
Mantendo «No 202, todas as manhãs, às nove horas, penetrava no quarto de [nome já será escolhido por ti]» e, bastante mais à frente, «folheava uma agenda onde se arrolavam as ocupações do dia» (ll. 31-32) escreve um texto paralelo, embora menos detalhado e sem preocupação de seguir a exacta sintaxe, em que transponhas a situação para novo contexto. Cabe-te escolher o novo contexto, assinalando-o no quadro a seguir.
___ / Protagonista / Classe social / Espaço / Tempo
A Cidade e as Serras / Jacinto / Alta / Paris, Avenida dos Campos Elíseos / século XIX
No teu texto / Mulher; Estudante; Idoso; à tua escolha / Alta; Média; Pobre / .../à tua escolha; actualmente; à tua escolha
No 202, todas as manhãs, às nove horas, penetrava no quarto de ...
Depois de ._________________ folheava uma agenda onde se arrolavam as ocupações do dia ...
TPC — Aceitarei ainda na próxima aula publifilmes ou egafilmes por entregar.
Soluções:
JACINTO. Personagem central d’A Cidade e as Serras. Nasce em Paris, no 202 dos Campos Elísios, por alturas de 1852. Seu avô, o riquíssimo D. Galião, miguelista fanático, emigrara para Paris quando D. Miguel foi desterrado, comprando o 202 a um príncipe polaco. Aí cresce o Cintinho que casa com uma Terezinha Velho e logo morrerá de tísica. Jacinto nasce meses depois herdando «cento e nove contos de renda em terras de semeadura, de vinhedo, de cortiça e de olival». E através do seu amigo Zé Fernandes, narrador da história, que ficamos a saber que «Jacinto medrou com a segurança, a riqueza de um pinheiro das dunas. Não teve sarampo, não teve lombrigas. As letras, a tabuada, o latim entraram por ele tão failmente como o sol por uma vidraça». Tudo lhe corria bem: «Era servido pelas coisas com docilidade e carinho; — e não recordo que jamais lhe estalasse um botão de camisa, ou que um papel maliciosamente se escondesse dos seus olhos, ou que ante a sua vivacidade e pressa uma gaveta pérfida emperrasse.» Quando um dia compra a um sacristão espanhol um bilhete de lotaria logo lhe saem quatrocentas mil pesetas. Por isso lhe chamam «o Príncipe da Grã-Ventura».
Com a ideia de que «O homem só é superiormente feliz quando é superiormente civilizado», Jacinto resolve reunir no 202 tudo aquilo que a Civilização e a cultura lhe podem dar. Além de um ascensor que lhe serve para subir apenas dois andares, desfruta de inúmeros inventos: máquina de escrever, de calcular, arrancador de penas velhas, numerador de manuscritos, raspador de emendas, colador de estampilhas, cintador de documentos, telégrafo, telefone, fonógrafo. A par de tudo isto possui uma biblioteca com mais de 30 000 volumes (a meio da novela se dirá que são 70 000), onde se entretém a acumular noções, «todas as noções formuladas desde Aristóteles».
A Natureza representava para Jacinto um mundo estranho e hostil que ele totalmente repudiava: «Logo que se afastava dos pavimentos de madeira, do macadame, qualquer chão que os seus pés calcassem o enchia de desconfiança e terror. Toda a relva, por mais crestada, lhe parecia ressumar uma humidade mortal. De sob cada torrão, da sombra de cada pedra, receava o assalto de lacraus, de víboras, de formas rastejantes e viscosas.» Zé Fernandes entretanto regressa ao seu Douro natal e quando sete anos depois volta a Paris vai encontrar o seu amigo Jacinto algo modificado: corcovava, tinha rugas na testa, falta de apetite, considerando tudo uma «maçada» e uma «seca». Queixava-se das agressões da cidade e da multidão que lhe provocavam o que ele chamava os «sulcos», ou seja, as marcas que tais agressões lhe deixavam na alma.
JACINTO. Personagem central d’A Cidade e as Serras. Nasce em Paris, no 202 dos Campos Elísios, por alturas de 1852. Seu avô, o riquíssimo D. Galião, miguelista fanático, emigrara para Paris quando D. Miguel foi desterrado, comprando o 202 a um príncipe polaco. Aí cresce o Cintinho que casa com uma Terezinha Velho e logo morrerá de tísica. Jacinto nasce meses depois herdando «cento e nove contos de renda em terras de semeadura, de vinhedo, de cortiça e de olival». E através do seu amigo Zé Fernandes, narrador da história, que ficamos a saber que «Jacinto medrou com a segurança, a riqueza de um pinheiro das dunas. Não teve sarampo, não teve lombrigas. As letras, a tabuada, o latim entraram por ele tão failmente como o sol por uma vidraça». Tudo lhe corria bem: «Era servido pelas coisas com docilidade e carinho; — e não recordo que jamais lhe estalasse um botão de camisa, ou que um papel maliciosamente se escondesse dos seus olhos, ou que ante a sua vivacidade e pressa uma gaveta pérfida emperrasse.» Quando um dia compra a um sacristão espanhol um bilhete de lotaria logo lhe saem quatrocentas mil pesetas. Por isso lhe chamam «o Príncipe da Grã-Ventura».
Com a ideia de que «O homem só é superiormente feliz quando é superiormente civilizado», Jacinto resolve reunir no 202 tudo aquilo que a Civilização e a cultura lhe podem dar. Além de um ascensor que lhe serve para subir apenas dois andares, desfruta de inúmeros inventos: máquina de escrever, de calcular, arrancador de penas velhas, numerador de manuscritos, raspador de emendas, colador de estampilhas, cintador de documentos, telégrafo, telefone, fonógrafo. A par de tudo isto possui uma biblioteca com mais de 30 000 volumes (a meio da novela se dirá que são 70 000), onde se entretém a acumular noções, «todas as noções formuladas desde Aristóteles».
A Natureza representava para Jacinto um mundo estranho e hostil que ele totalmente repudiava: «Logo que se afastava dos pavimentos de madeira, do macadame, qualquer chão que os seus pés calcassem o enchia de desconfiança e terror. Toda a relva, por mais crestada, lhe parecia ressumar uma humidade mortal. De sob cada torrão, da sombra de cada pedra, receava o assalto de lacraus, de víboras, de formas rastejantes e viscosas.» Zé Fernandes entretanto regressa ao seu Douro natal e quando sete anos depois volta a Paris vai encontrar o seu amigo Jacinto algo modificado: corcovava, tinha rugas na testa, falta de apetite, considerando tudo uma «maçada» e uma «seca». Queixava-se das agressões da cidade e da multidão que lhe provocavam o que ele chamava os «sulcos», ou seja, as marcas que tais agressões lhe deixavam na alma.
Aula 51 (26 ou 27/Mar) Correcção do questionário gramatical sobre os assuntos do 2. º período. [Ver apresentação.]
Vamos ver filmes — de cinco minutos — de Bruno Almeida (The Collection). São histórias passadas em Nova Iorque. Em geral, a lição que têm — se existe — é subjectiva.
Dá a cada história um título expressivo, que já insinue uma interpretação.
Título original / Título expressivo teuStuck Together / Juntos à força / _________
The Super / O Porteiro / _________
The Corner / A Esquina / _________
Dog / Cão / _________
The Interview / A Entrevista / __________
The Shine / A Engraxadela / __________
Good Morning, Mr Greenberg / __________
The Retrograde / O Retrocesso / __________
Cabaret Sauvignon / __________
The Last Ticket Out / O Último Bilhete / ____________
The Cableman / O Homem da TV Cabo / ____________
Anthony’s Truck / O Camião do Anthony / _____________
The Saucier / __________
Sleepy Moon / Lua Adormecida / _________
The Super II / O Porteiro II / ___________
Ghosts / Fantasmas / ____________
Spark / Relâmpago / ___________
The Getaway Car / O Carro de Fuga / _____________
Zippity Doo-Da / ___________
The Shrink / O Psicólogo / ___________
Search and Destroy / __________
Xmas / Natal / __________
The Director / O Realizador / __________
Dreamland / __________
TPC de férias:
1. Acabar de ler Os Maias. Nos primeiros dias do 3.º período, pedirei em aula resolução de tarefa que implique a leitura de todo o livro (ainda que sem se exigir memorização de aspectos de detalhe; mas também sem que seja suficiente ter lido apenas resumos ou coisas do género).
2. Entregar Egafilme ainda durante a primeira semana do 3.º período.
3. Como queria que entrássemos ainda na edição deste ano do Concurso do Diário de Notícias — http://www.nescolas.dn.pt/ —, o ano passado tão brilhantemente ganho por MariJoana Santos (10.º [> 11.º] 2.ª), convidava-os a irem tentando a inscrição individual no site que citei. (É provável que haja as confusões do costume, com passwords a não resultarem, etc.) Se a inscrição for bem sucedida, podem até ir relanceando os desafios que estejam disponíveis. Tal como o ano passado, basta que um dos elementos dos grupos (3 a 5 alunos), que depois se formarão, tenha completado os desafios.
Quanto ao decisivo desafio final — que este ano é mais interessante — decorrerá em Abril/Maio. (Tudo isto nos possibilitará a revisão de assuntos do 1.º período.)
[4.] Tarefa grande do 3.º período — e que, para os que já estiverem despachados dos Maias, poderia até começar em férias — será a simples leitura de livro(s) com suficientes méritos literários. Eu pedirei depois alguma reversão dessa leitura (não demasiado intrusiva, mas conclusiva quanto a ter sido ou não lida a obra). Em termos de género de texto, nacionalidade do autor, época, não há restrição nenhuma. Listas de obras em «Ir Lendo» (na Antologia) podia ser ponto de partida; tentarei eu também fornecer algumas pistas proximamente.
Outras iniciativas
Concurso Traduzir (27 de Abril, 15.30-17.30; texto a traduzir é dado vários dias antes). Línguas de partida são alemão, espanhol, inglês, francês; domínio da língua de chegada, português. é ainda mais importante. Prémios costumam ser bons. Inscrição até ao fim da primeira semana do 3.º período. Dizer-me a mim ou à professora de Inglês.
Círculo de Leitores (21 de Abril, terça, às # horas [ensaios na 2.ª e na 5.ª anteriores]). Dupla de leitores do mesmo texto (em Português; numa língua estrangeira em que esteja traduzido). Poderei arranjar os textos, se for preciso. Dizer-me a mim ou à professora de Inglês.
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