Aulas (21-...)
Aula 21 (16 [3.ª], 17/out [1.ª, 4.ª]) Correção de item 7 sobre
Frei Luís de Sousa feito em aula anterior.
[Solução possível para
o item 7 pedido na aula 18:]
Em Frei
Luís de Sousa são determinantes as dúvidas, a instabilidade emocional de
Madalena. Numa tragédia é essencial a acumulação de indícios que façam
adivinhar que não devemos desafiar o destino.
A primeira cena mostra-nos
Madalena a ler Os Lusíadas e a comparar-se com Inês de Castro, que
considera ter sido mais feliz: apesar de vir a ser assassinada pelos seus
algozes, Inês pudera ainda gozar momentos de felicidade, ao passo que ela
continuava angustiada por aqueles «contínuos terrores» que a impediam de fruir
a felicidade que lhe dava o amor por Manuel.
A entrada de Telmo não
acalmará a ansiedade de Madalena; ao contrário, o velho aio irá aludindo ao
mesmo passado que a atemoriza e lhe será constantemente recordado: a simples
correção «como meu senhor... quero dizer como o Sr. Manuel de Sousa Coutinho» revela
que Telmo não esqueceu o primeiro amo e o prefere ao segundo marido de
Madalena, que aliás respeita.
Sozinha, Madalena não
«vive», porque teme que o passado (ou seja, o primeiro casamento, com João de
Portugal) se interponha. Porém, nem Camões nem Telmo são companhias que a
pacifiquem porque ambos lhe recordam aquilo em que não quer acreditar.
As representações de que
veremos a parte correspondente ao final do Ato I de Frei Luís
Sousa, de Almeida Garrett,
são:
Filme / Peça |
Ano |
Realizador / Encenador / Grupo |
Frei Luís de Sousa |
1958 |
Edgar Marques («Noite de teatro» da Emissora
Nacional) |
Frei Luís de Sousa |
1967 |
Jorge Listopad |
Frei Luís de Sousa |
2019 |
Miguel Loureiro |
Frei Luís de Sousa |
? |
Associação Desportiva Recreativa Educativa de
Palhaça |
O exame de 2020, fase
especial, tinha este item 7 em torno de Frei Luís de Sousa:
Grupo I — Parte C
7. Em Frei Luís de Sousa,
de Almeida Garrett, são vários os aspetos que conferem uma dimensão trágica à
obra, nomeadamente a mudança do espaço onde vai decorrendo a ação.
Escreva uma breve
exposição na qual comprove esta afirmação, baseando-se na sua experiência de
leitura da peça.
A sua exposição deve
incluir:
• uma introdução ao tema;
• um desenvolvimento no qual refira duas alterações significativas observáveis no espaço em que
decorre a ação e explique o modo como essas alterações contribuem para a
dimensão trágica da obra;
• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.
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TPC (só para 12.º 3.ª) — Copia
a computador, na Classroom, o texto de «fuga» que te devolvi, incluindo já as
minhas emendas. Podes melhorar ainda o texto, mas, atenção, sem qualquer ajuda
de net. Depois, eu próprio imprimirei essa versão e farei nova correção (que
trarei).
Aula XXII-XXIII (só do 12.º 3.ª, 17/out) [Nesta turma, maioritariamente em visita de estudo, recuperou-se a aula 19-20 do décimo ano, que os alunos não tinham frequentado há dois anos:]
Depois de termos visto o clip
da canção «Vayorken», circunda as alíneas corretas:
1. O nome por que tratavam a futura cantora (que adotaria
o nome artístico «Capicua») era
a)
«Ana».
b)
«Ana Isabel».
c)
«Ana Só».
d)
«Jane».
2. Quando fosse crescida,
queria
a)
viajar pelo mundo.
b) lecionar windsurf.
c)
vestir-se de rosa e vermelho.
d)
ir a Vayorken.
3. Os dois músicos que refere
são
a)
Sérgio Godinho e Jorge Palma.
b)
Zeca Afonso e Pedro Abrunhosa.
c)
Zeca Afonso e Sérgio Godinho.
d)
Jorge Palma e Pedro Abrunhosa.
4. Em criança, considera
que tinha
a)
mau feitio, todavia era bem comportada.
b)
mau feitio e era mal comportada.
c)
bom feitio e era bem comportada.
d)
bom feitio, contudo era mal comportada.
5. O tema desta canção é
a)
o gosto por viajar.
b)
a caracterização atual da cantora.
c)
o sonho de menina da artista.
d)
a memória da infância.
6. Provavelmente, o nome «Vayorken»
aparece desta forma porque
a)
ainda não sabia geografia.
b)
ainda não sabia pronunciar corretamente as palavras.
c)
era como os seus pais diziam.
d)
era como tinha ouvido dizer.
7. A forma «Vayorken» corresponde
à cidade de
a)
Newark.
b)
Nova Jérsia.
c)
Nova Orleães.
d)
Nova Iorque.
O quadro seguinte resume
os Processos fonológicos (também chamados,
por vezes, fenómenos, ou acidentes, fonéticos). Os exemplos que pus são quer
da variação geográfica e social do
português, quer da diacronia (dentro
do português e do latim ao português). Tem o manual aberto na p. 317, que
se ocupa também desta matéria.
Como vimos nas duas
entrevistas recuperadas em «Diz que é uma espécie de magazine...», as palavras
atuais também sofrem alterações fonéticas, tal como aconteceu ao longo do
percurso entre latim e português do século XXI. Vai lendo e completando.
* = forma incorreta || arc. = forma arcaica (antiga) || pg. = português || ingl. = inglês || étimo latino
de |
para |
houve |
que podemos
descrever assim |
pílula |
*pírula |
dissimilação |
evita-se a semelhança que havia entre dois sons.
Neste caso particular, um dos sons [l] passou a ___. |
fizeram-lo
(arc.) |
fizeram-__ |
______ |
ao contrário do que acontece na dissimilação, na
assimilação um som aproxima-se das
características dum som vizinho. Por exemplo, o pronome (lo) passa a ligar-se ao verbo por uma consoante nasal (n), porque assim se assemelha ao som
nasal da última sílaba do verbo. |
______ |
*câmbria |
metátese |
houve a transposição do i da primeira sílaba para a segunda (há uma metátese quando um som muda o seu lugar dentro da palavra). |
crudu |
cruu
(arc.) |
______ |
síncope é a perda de um som a meio
da palavra. Neste caso, uma consoante que havia na palavra latina «crudu», -d-,
desapareceu na palavra portuguesa arcaica «cruu» (que aliás, depois, ainda
evoluiria para «cru»). |
cruu (arc.) |
cru |
crase |
a crase
é a contração de vogais num único som. |
a + a; a + as |
à; às |
______ |
a contração da preposição «a» com o _____
definido «a» e «as» é a crase mais frequente. |
tio |
*tiu |
sinérese |
tal como a crase, a sinérese também contrai duas ____, só que tornando as duas vogais
num ditongo (neste caso: i-o > iu). |
sic |
si (arc.) |
_______ |
apócope é a perda de um som ou
sílaba finais. No exemplo, a palavra latina «sic» veio a dar «si» (que,
depois, evoluiu para sim). |
Alandroal |
*Landroal |
aférese |
aférese é a perda dos sons do _____ de uma palavra. |
você |
cê |
_______ |
esta pronúncia pode acontecer no Brasil. |
portanto |
*ptanto |
_______ |
o autarca que ouvimos não pronunciava um som a meio
da palavra. |
precisamente |
*samente |
_______ |
o médico que ouvimos omitia o início do
advérbio. |
_______ |
*iguinorante |
epêntese |
a epêntese
é o desenvolvimento de um som a meio da palavra. Neste caso, a vogal inserida,
i, desfez um grupo que não é
natural no português, gn, criando
uma sequência mais conforme ao nosso padrão (estas epênteses são comuns no Brasil). |
pneu |
*peneu |
_______ |
de novo um grupo de consoantes demasiado erudito
(-PN-) a ser desfeito pela inserção de uma vogal (em Portugal, produzimos um e; os brasileiros podem inserir um i [*pineu]). |
_______ |
*céquisso (no pg. do Brasil) |
epêntese |
aqui o par de consoantes desfeito foi o que
existia escondido na letra <x>, os sons ks. |
sport (ingl.) |
esporte |
_______ |
o desenvolvimento de um som
no início da palavra é uma prótese.
Os brasileiros costumam fazer esta adaptação aos empréstimos começados por s- seguido de consoante (snob > esnobe), enquanto em Portugal é mais comum a manutenção da sequência
estrangeira (snob). |
|
|
|
a palavra portuguesa que descendeu da palavra
latina _____ tem um som inicial que não havia no seu étimo. |
alguidar |
*alguidare |
_______ |
a paragoge
é o desenvolvimento de som no final da palavra. É comum na pronúncia
alentejana. |
estar |
*_______ |
_______ |
a não ser em situações formais, raramente dizemos
a primeira sílaba das formas do verbo «estar» (na escrita temos de ter
cuidado!). |
ski (ingl.) |
esqui |
_______ |
na adaptação do anglicismo ao português
acrescentou-se um som no _____ da palavra. |
________ |
*segundária |
sonorização |
este erro, que vejo em redações, comprova a
tendência para, em certos contextos, as consoantes surdas passarem a sonoras. |
Completa esta cábula do
que estivemos a ver (pode ser útil a p. 317):
Processos
fonológicos
inserção (acrescentamento de sons)
no princípio: _________
no meio: _________
no final: _________
supressão (eliminação de sons)
no princípio: _________
no meio: _________
no final: _________
alteração [e transposição] (mudança [e troca de lugar] de sons)
aproximação, em termos de semelhança, a um som
vizinho: _______
diferenciação relativamente a um som vizinho:
________
contração de duas vogais numa só: _________
contração de duas vogais num ditongo: ________
passagem de uma consoante surda a sonora: ________
evolução para um som palatal: palatalização
transformação de uma consoante em vogal: vocalização
enfraquecimento de uma vogal em posição átona: redução
vocálica
passagem de um som para outro ponto da palavra:
_______
Ouviremos quatro trechos de bandas sonoras
de filmes. Depois de ouvida cada música (durante cerca de dois minutos), terás
mais uns três minutos para escrever poucas frases (em prosa — de qualquer género,
incluindo prosa poética) que a música te inspire.
Não
é dizer «inspira-me isto e aqueloutro», «lembra-me assim ou assado». É escrever
o texto inspirado pela música. Por exemplo, a primeira
música inspirou-me isto:
1
Viajara ainda de noite.
Atravessara o rio já raiava a manhã. Não esperou nem mais um segundo, havia que
chegar rápido ao acampamento. Pararia apenas já a cem metros da tenda em que
funcionava o quartel-general.
Foi então que verificou mais
uma vez se levava a carta. E se a tivesse perdido? Mas logo a sentira, aconchegada
no bolso esquerdo.
— Diga ao Marechal que cheguei.
2
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3
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4
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São estes os trailers dos filmes das bandas sonoras 1-4:
Aula 22-23 (18/out [1.ª, 4.ª]) Correção de comentário contrastivo sobre os dois «Lisbon Revisited».
[Exemplo de comentário sobre
os dois «Lisbon Revisited», de Álvaro de Campos:]
Se é verdade que os poemas
apresentam um tema comum — a desilusão do sujeito poético face ao seu
desencontro emocional com o espaço que o envolve —, o tom usado é distinto.
Em «Lisbon Revisited
(1923)», o tom do discurso é de irrequietude e revolta, como denota a presença
frequente de frases com valor modal deôntico («Paguem o que devem!»; «Não me
peguem no braço!»; etc.), tantas vezes acumulando negação, imperativo e exclamação.
Já em «Lisbon Revisited
(1926)» as palavras do sujeito lírico assumem uma dimensão de desilusão e
desânimo, a que não é alheia a fragmentação do eu («Mas, ai, a mim não me
revejo! / Partiu-se o espelho mágico em que me revia idêntico, / E em cada
fragmento fatídico vejo só um bocado de mim»).
Entretanto, nos dois
textos o poeta sente-se como um «estrangeiro», não integrado nas vivências
comuns e nos hábitos culturais da capital. A utilização do inglês no título dos
poemas acentua a inadaptação do eu lírico,
que expressa assim a sua circunstância de «estrangeiro» em Lisboa.
Na p. 92 do manual,
trata-se da distinção entre complemento do nome e modificador do nome
(restritivo e apositivo).
1. Identifica os versos da «Ode
triunfal» em que as expressões sublinhadas correspondem ao complemento do nome.
[Circunda as alíneas com complementos; nos outros casos teremos
modificadores.]
(A) «À dolorosa luz das grandes
lâmpadas elétricas da fábrica».
(B) «Escrevo rangendo os dentes,
fera para a beleza disto».
(C) «Ó artigos inúteis que
toda a gente quer comprar!».
(D) «Parlamentos, políticas, relatores
de orçamentos».
(E) «Eh-lá desabamentos de
galerias de minas».
(F) «Alterações de constituições,
guerras, tratados, invasões».
(G) «Eia aparelhos de todas
as espécies, férreos, brutos, mínimos».
2. Associa as expressões
sublinhadas à função sintática que lhes corresponde (Complemento do nome
[CN] / Modificador restritivo do nome [MRN] / Modificador apositivo
do nome [MAN]).
Álvaro de Campos assume-se como discípulo de
Alberto Caeiro (a), o mestre inspirador (b), com quem
partilha a valorização das sensações (c). Contudo, para o autor da
«Ode triunfal» (d), que exalta o triunfo da técnica (e),
o sensacionismo associa-se à descrição e às imagens da modernidade (f),
ultrapassando a ligação à natureza (g). O contacto intenso
(h) com as máquinas (i) desencadeia no sujeito poético o
desejo de se fundir com elas (j). Febril e furioso (k),
expressa a sua admiração por todas as coisas contemporâneas (l),
incluindo no seu canto elogioso (m) realidades que poucas
vezes haviam merecido registo poético (n), banais e disfóricas
(o), mas merecedoras de exaltação (p) por integrarem a
diversidade do mundo moderno.
Singular entre os heterónimos (q), a poesia
futurista de Campos (r) recorre a um estilo livre e excessivo
(s), que se manterá (t), mesmo quando tematicamente os
seus versos se tornarem o retrato de um «eu» entregue à solidão e ao
pessimismo (u).
Indica o valor aspetual predominante em cada uma das frases de Último a sair:
Ela estava a fazer jogo, esteve a fazer jogo
desde o início. |
|
Há muitas melgas nesta casa. |
|
Já acabou o Fenistil. |
|
A melga entrou lá dentro. |
|
A melga vinha [a voar]. |
|
Procurei bué. Estive ali um quarto de hora
à procura da melga. |
|
Tu és meu amigo, Rui. |
|
* Costumo sair do quarto dos homens e visitar
o das mulheres. |
|
* Tens procurado as melgas todas as noites. |
|
* inventados para efeitos do
exercício
Letra |
Estrutura |
|||
I |
Sujeito |
Núcleo do Predicado |
Modificador do grupo verbal |
Complemento oblíquo
[País] |
A Irene |
irá |
no inverno |
a Inglaterra |
|
|
Sujeito |
Núcleo do Predicado |
Complemento indireto |
Complemento direto |
|
|
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|
Sujeito |
Núcleo do Predicado |
Complemento direto |
Predicativo do c. direto |
|
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|
Sujeito |
Núcleo do Predicado |
Complemento direto |
Modificador do grupo
verbal [País] |
|
|
|
|
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|
Modificador do GV
[Capital] |
Sujeito |
Núcleo do Predicado |
Predicativo do sujeito |
|
|
|
|
|
|
Sujeito |
Núcleo do Predicado |
Agente da passiva |
Modificador do grupo
verbal |
|
|
|
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|
|
Sujeito [Figura artística] |
Modificador apositivo |
Núcleo do Predicado |
Complemento direto |
|
|
|
|
|
|
Vocativo |
Núcleo do Predicado |
Complemento direto |
Complemento indireto |
|
|
|
|
|
|
Sujeito [Figura pública] |
Núcleo do Predicado |
Complemento direto |
Modificador do grupo
verbal |
|
|
|
|
|
|
Sujeito [Desportista] |
Núcleo do Predicado |
Complemento direto |
Modificador restritivo do
nome |
|
|
|
|
|
|
Núcleo do Predicado |
Complemento direto |
Complemento indireto |
Modificador do grupo verbal |
|
|
|
|
|
|
Sujeito [Banda] |
Núcleo do predicado |
Agente da passiva |
Modificador do grupo
verbal |
|
|
|
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|
|
Modificador de frase |
Sujeito [Escritor] |
Núcleo do Predicado |
Complemento direto |
|
|
|
|
O primeiro a terminar a frase corretamente ganha 3 pontos; o
segundo, 2; o terceiro, 1. A cada frase que se revele errada é atribuído um ponto
negativo (-1 ponto).
Ouviremos quatro trechos de bandas sonoras de filmes. Depois de ouvida cada música (durante cerca de dois minutos), terás mais uns cinco minutos para escrever poucas frases (em prosa — de qualquer género, incluindo prosa poética) que a música te inspire. Já fizemos isto há dois anos, mas as bandas sonoras serão diferentes agora, tendo mantido apenas a primeira, que serve de exemplo.
Não
é dizer «inspira-me isto e aqueloutro», «lembra-me assim ou assado». É escrever
o texto inspirado pela música. Por exemplo, a primeira
música inspirou-me isto:
1 Viajara ainda de noite. Atravessara o rio já raiava a
manhã. Não esperou nem mais um segundo, havia que chegar rápido ao acampamento.
Pararia apenas já a cem metros da tenda em que funcionava o quartel-general.
Foi
então que verificou mais uma vez se levava a carta. E se a tivesse perdido? Mas
logo a sentira, aconchegada no bolso esquerdo.
—
Diga ao Marechal que cheguei.
São estes os áudios [bem,
aqui, no blogue, veem-se os clips que os ilustram respetivos, aliás maus, o que
em aula não acontecia]:
2 .
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3 .
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4 .
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5 .
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Eis os trailers dos quatro
filmes 2-5:
Aula 24-25 (21 [3.ª], 22 [4.ª], 24/out [1.ª]) Ainda algumas correções do comentário comparativo dos dois «Lisbon Revisited».
Na p. 56, lê o poema IX
de «O Guardador de Rebanhos», de Alberto
Caeiro, e completa a tabela:
Trechos |
Vv. |
Figuras |
Funcionalidade do recurso estilístico |
Sou um guardador de
rebanhos. |
1 |
______ |
O
sujeito poético aproxima-se da natureza. A afirma-ção é a primeira premissa
do silogismo constituído pelos três primeiros versos, cuja conclusão será «o
sujeito poético é um guardador de __________». |
Penso com os olhos e com
os ouvidos / E com as mãos e os pés, / E com o nariz e a boca. |
4-6 |
Enumeração |
Com este inventário de
órgãos sensoriais reforça-se o que se estipulara no v. 3 (a _______ do sentir
físico). |
Polissíndeto |
A articulação dos termos
através da _____ «e» ajuda a representar o eu lírico como ingénuo, simples, infantil, ao mesmo tempo que
acentua o citado predomínio das ________. |
||
______ |
Hierarquizam-se
as sensações de acordo com o grau de conhecimento que permitem apreender: as
impressões visuais são a primeira fonte de saber, seguindo-se as auditivas,
as táteis, as olfativas e, por fim, as gustativas. |
||
E com as mãos e os pés /
E com o nariz e a boca. |
5-6 |
______ / Paralelismo |
Através da arrumação
paralelística, consegue-se estilizar, «poetizar», o segmento, que pretendia
também afirmar a simplicidade (caeiriana)
do eu. |
Pensar uma flor é vê-la e
cheirá-la / E comer um fruto é saber-lhe o sentido. |
7-8 |
Metáfora / _____ |
Exemplifica-se o que se
teorizara antes (o poeta só pensa através das sensações — no caso, visão,
olfato, gosto). No v. 7, a ação sensorial está à direita (pensar = visão e olfato); no verso 8, a ordem é
a contrária (gosto = pensar). |
Me sinto triste de
gozá-lo tanto, |
10 |
_______ |
O quase paradoxo marca
talvez a aversão do eu à perceção
mental do gozo. |
E fecho os olhos quentes, |
12 |
Sinestesia |
Um pouco forçadamente,
talvez se possa considerar haver aqui uma associação do ____ («quente») à
visão («olhos»), que, de novo, tenderia a valorizar o domínio das ___________.
|
Sinto
todo o meu corpo deitado na realidade, |
13 |
_______ |
Sugere-se a importância
do sentir (do «corpo»), que seria a única via de acesso à «realidade». |
Sei a verdade e sou
feliz. |
14 |
Paralelismo / Bipartição
do verso |
Na sequência da metáfora
anterior, confirma-se a supremacia do ____ sobre o pensar, assume-se a
sensação como a autêntica forma de _____ e única fonte de felicidade. |
Depois, relanceia os dois trechos expositivos na p. 57, reunidos sob o título «O
primado das sensações», e completa a seguinte solução do item 1:
a. bucolismo: «tónica na vertente
bucólica e instintiva» (ll. 1-2); «Caeiro pretende ser o “descobridor da
____________”» (l. 5); «O espaço de existência de Caeiro é o __________» (l.
12).
b. sensacionismo: «O
__________________ chega apenas pelo olhar puro» (ll. 8-9); «Alberto Caeiro é o
poeta que cultiva as _____________» (l. 10).
c. objetivismo:
«universo poético [...] linear, sem profundidade, despojado de toda a
subjetividade de sentido.» (ll. 3-4); «As _______ são o que são, resumem-se à
sua aparência» (l. 6); «Para Caeiro, o mundo é claro, evidente, simplesmente
____» (ll. 7-8); «afirma um pensamento que nega as ilusões e os excessos da
modernidade» (ll. 13-14); «o estilo de Alberto Caeiro é feito de [...]
espontaneidade» (ll. 14-15).
d. antimetafísica:
«negando que a natureza tenha significados ocultos» (ll. 5-6); «ao poeta cabe
aceitá-las como elas são, sem _________» (ll. 6-7); «filosofia de vida feita de
simplicidade e de naturalidade» (ll. 11-12).
Lê agora o texto II de «O Guardador de Rebanhos».
Sintetiza em frases com menos de trinta letras as lições que o sujeito quer
inculcar em cada uma das três primeiras estrofes:
II
Tudo que vejo está nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar
pelas estradas
Olhando para a direita e
para a esquerda,
E de vez em quando olhando
para trás...
E o que vejo a cada
momento
É aquilo que nunca antes
eu tinha visto,
E eu sei dar por isso
muito bem...
Sei ter o pasmo comigo
Que teria uma criança se,
ao nascer,
Reparasse que nascera
deveras...
Sinto-me nascido a cada
momento
Para a completa novidade
do mundo...
Creio no mundo como num
malmequer,
Porque o vejo. Mas não
penso nele
Porque pensar é não
compreender...
O mundo não se fez para
pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos
olhos)
Mas para olharmos para ele
e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia:
tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é
porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a
por isso,
Porque quem ama nunca sabe
o que ama
Nem sabe porque ama, nem o
que é amar...
Amar é a primeira
inocência,
E toda a inocência é não
pensar...
Poemas de Alberto Caeiro, edição de Ivo Castro, ed. digital, Lisboa, IN, 2020, pp.
17-18.
estrofe dos vv. 1-12: ___________________________.
sextilha de 13-18:
_____________________________.
quintilha de 19-23:
_____________________________.
Quanto ao dístico final (vv. 24-25) constitui um silogismo
inacabado:
Amar é a primeira inocência,
E toda a inocência é não
pensar...
Logo _________________.
No tepecê da aula 19-20 pedira que lessem «Notas sobre Tavira», de Álvaro de Campos, e vissem aí as
respostas sugeridas por autores do manual. Agora queria que mostrasses o que
este poema — que repeti em cima, numa outra edição — tem de diferente da
perspetiva de Alberto Caeiro — e de semelhante, se achares que também há pontos
de identificação. No teu comentário, deves usar como exemplo contrastante
(porque segue a «ideologia» de Caeiro) o pequeno texto XXXV de «O Guardador de Rebanhos», de Alberto Caeiro, na p.
62, «O luar através dos ramos».
Notas sobre Tavira
Cheguei finalmente à vila
da minha infância.
Desci do comboio,
recordei-me, olhei, vi, comparei.
(Tudo isto levou o espaço
de tempo de um olhar cansado).
Tudo é velho onde fui novo.
Desde já — outras lojas, e
outras frontarias de pinturas nos mesmos prédios —
Um automóvel que nunca vi
(não os havia antes)
Estagna amarelo escuro ante
uma porta entreaberta.
Tudo é velho onde fui novo.
Sim, porque até o mais novo
que eu é ser velho o resto.
A casa que pintaram de novo
é mais velha porque a pintaram de novo.
Paro diante da paisagem, e
o que vejo sou eu.
Outrora aqui antevi-me
esplendoroso aos 40 anos —
Senhor do mundo —
É aos 41 que desembarco do
comboio [indolentão?].
O que conquistei? Nada.
Nada, aliás, tenho a valer
conquistado.
Trago o meu tédio e a minha
falência fisicamente no pesar-me mais a mala...
De repente avanço seguro,
resolutamente.
Passou roda a minha
hesitação
Esta vila da minha infância
é afinal uma cidade estrangeira.
(Estou à vontade, como
sempre, perante o estranho, o que me não é nada)
Sou forasteiro tourist,
transeunte.
E claro: é isso que sou.
Até em mim, meu Deus, até
em mim.
Álvaro de Campos, Livro de Versos, edição de Teresa Rita Lopes, Lisboa,
Estampa, 1993, p. 154
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TPC (para quem não esteve nas
aulas de 17 e/ou 18 de outubro) — Vê as aulas em causa em Gaveta de Nuvens,
para teres ideia do que se fez. No caso de haver matérias informativas,
estuda-as. Para o 12.º 1.ª: aulas 21 e 22-23; para o 12.º 3.ª:
aula XXII-XXIII; para o 12.º 4.ª: aulas 21 e 22-23.
Aula 26 (22 [1.ª], 23 [3.ª], 24/out [4.ª]) Lê o poema de Álvaro de Campos:
O que há em mim é sobretudo cansaço —
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
5 Cansaço.
A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto em alguém,
Essas coisas todas —
10 Essas e o que falta nelas eternamente —;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
15 Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada —
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
20 Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
25 Para eles a média entre tudo e nada, isto é, a vida...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimo, íssimo, íssimo,
30 Cansaço...
Fernando Pessoa, Poesia dos Outros Eus, Lisboa, Assírio & Alvim, 2010.
Segue-se uma sua análise, que deves completar
apenas com transcrições do texto.
Percebe-se pela quintilha inicial que o cansaço
que domina o sujeito poético não tem uma origem definida nem um motivo concreto
(assim se reconhece no segundo e terceiros versos, bipartidos: «.______________»).
No final da estrofe, explicita-se mesmo o caráter, quase caprichoso, deste
cansaço permanente e, decerto, essencialmente psíquico: «________________» (vv.
4-5).
Na segunda estrofe, o poeta começa uma
diferenciação relativamente aos outros, que prosseguirá até ao fim do poema.
Nos três versos que iniciam a oitava, apresentam-se as sensações, as paixões,
os amores que mobilizam os outros, resumido em «_______________» (vv. 9-10),
súmula claramente depreciativa. Nos três versos que fecham a estrofe, a epífora
(«_____________») assinala a reação do poeta ao que costuma embevecer os que
não são como ele.
Na terceira estrofe, três versos anafóricos servem
para representar a atitude com que o poeta se vai contrastar (____________). Em
nenhum destes tipos de idealismo o poeta se reconhece, por razões que enuncia
em paradoxos: «____________».
A última estrofe
analisa as consequências, como logo anuncia a pergunta que a abre («____________»).
Como já acontecera antes, começa-se pelos «________» (que ficam com «_____________»,
«____________», «____________» — notem-se o quiasmo, o paralelismo, a antítese,
todos tão pessoanos).
Os cinco últimos versos
são muito expressivos. O verso que introduz esta parte sobre o poeta fecha a
anáfora que vinha dos três versos anteriores (com a preposição «_______») e
inicia a enumeração dos adjetivos caracterizadores do cansaço do poeta («__________»,
«_________», «________»), não sem pelo meio se inserir uma expressão interjetiva
(«__________»). Depois, partindo
do superlativo neologístico «________»
(«supremo» já é um superlativo relativo de superioridade, corresponde a ‘o mais
alto’), o poeta utiliza isoladamente o sufixo «________», indicador do grau, amplificando-o
através da repetição, que sugere a sua ligação ao substantivo «_________». É um processo — modernista — de
desconstrução e reconstrução das palavras.
O que se
segue é o grupo I-A do exame nacional de 2011 (1.ª fase). Escolhi-o por ter
saído um texto de Álvaro de Campos.
Grupo I — A
Leia o poema. Se necessário, consulte o glossário
apresentado a seguir ao texto.
1 Na casa defronte de mim e dos meus sonhos,
Que felicidade há sempre!
Moram ali pessoas que desconheço,
que já vi mas não vi.
São felizes, porque não são eu.
5 As crianças, que brincam às sacadas altas,
Vivem entre vasos de flores,
Sem dúvida, eternamente.
As vozes, que sobem do interior
do doméstico,
Cantam sempre, sem dúvida.
10 Sim, devem cantar.
Quando há festa cá fora, há festa
lá dentro.
Assim tem que ser onde tudo se
ajusta -
O homem à Natureza, porque a
cidade é Natureza.
Que grande felicidade não ser eu!
15 Mas os outros não sentirão assim também?
Quais outros? Não há outros.
O que os outros sentem é uma casa
com a janela fechada,
Ou, quando se abre,
É para as crianças brincarem na
varanda de grades,
20 Entre os vasos de flores que nunca vi quais eram.
Os outros nunca sentem.
Quem sente somos nós,
Sim, todos nós,
Até eu, que neste momento já não
estou sentindo nada.
25 Nada? Não sei...
Um nada que dói...
Álvaro
de Campos, Poesia, edição de Teresa Rita
Lopes, Lisboa, Assírio & Alvim, 2002
GLOSSÁRIO | sacadas (verso 5) —
varandas pequenas.
Apresente, de forma clara
e bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.
1.
As sensações do sujeito poético são determinantes para a construção de uma
certa ideia de quotidiano feliz. Identifique duas sensações representadas nas
quatro primeiras estrofes, citando elementos do texto para fundamentar a sua
resposta.
2.
Caracterize o tempo da infância tal como é apresentado na terceira estrofe do
poema.
3.
Explique a relação que o sujeito
poético estabelece com os «outros» nas seis primeiras estrofes do poema,
fundamentando a sua resposta em referências textuais pertinentes.
4. Relacione o conteúdo da última
estrofe com as reflexões apresentadas nas duas estrofes anteriores.
1. . . . . . . . . . . . . .
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2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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3. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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. .
4. A dor e o vazio expressos
na última estrofe, particularmente no verso «Um nada que dói...» (v. 26),
decorrem das reflexões desenvolvidas nas duas estrofes anteriores. O sujeito
poético questiona-se quanto aos «outros» e aos seus sentimentos (v.
15), concluindo que, por um lado, cada outro é um eu (v. 16) e que só é
possível sentir enquanto «eu» ou «nós» (vv. 21-24); por outro lado, não se pode
saber o que «os outros» sentem (vv. 17-20), uma vez que existe uma
incomunicabilidade essencial entre os seres humanos, de que resulta a
consciência separada de cada eu.
Aula 27-28 (24 [3.ª], 25/out [1.ª, 4.ª]) Correção de questionário de compreensão de «O país dos teimosos» (cfr. Apresentação).
Um dos poucos assuntos de
gramática específicos do 12.º ano são os chamados «processos irregulares de formação
de palavras». As suas definições estão na p. 343 do manual. Por
vezes, esta mesma matéria vem sob a designação «processos não-morfológicos de formação de palavras» (lembrar-te-ás
que estudaste já os «processos morfológicos (ou regulares) de formação
de palavras», pelo que perceberás que se trata de contrastar os dois
processos).
Terás de lançar na coluna
à esquerda o nome dos processos e lançar na coluna à direita as palavras que te
dou a seguir, quase todas retiradas do sketch
«Curso de preparação para o casamento», da série Lopes da Silva (as que já
estão na tabela são exemplos mais comuns):
mousse | São (< Conceição) | gravar
[a eucaristia] (‘fixar sons ou imagens em disco ou fita magnética’ [<
‘esculpir com buril ou cinzel; estampar; imprimir’]) | abreijos (abraços + beijos) NCMDL
(< Núcleo de Conselheiros Matrimoniais da Diocese de Lisboa) | CAAAB (pronunciado [kαab]; < Cool
Até Abrir A Boca) | sofá | pumba! | chocolate
Processos |
Exemplos |
Extensão semântica |
navegar (na net), chumbo (‘reprovação’) |
|
scanear, pizza |
|
portunhol, motel |
|
CEE, ESJGF |
|
CRE, ovni |
Onomatopeia |
coaxar, tiquetaque |
|
zoo, nega (‘nota negativa’), otorrino |
Resolve
o item 3 de «Praticar», na p. 343 (dentro dos parênteses retos, o número de
palavras que deves inscrever; algumas delas, porém, entram em mais do que uma
categoria):
Extensão
semântica |
[3] |
Empréstimo |
[6] |
Amálgama |
[2] |
Sigla |
[2] |
Acrónimo |
[3] |
Truncação |
[4] |
Onomatopeia |
[2] |
Na p. 60, lê o poema XXXIX de «O Guardador
de Rebanhos», de Alberto Caeiro,
«O mistério das cousas, onde está ele?».
Completa as respostas a estes itens (vê a mesma p.
60):
3.
Seleciona
a opção de resposta adequada para completar a afirmação.
Com a referência aos «poetas» (v. 11) e aos
«filósofos» (v. 12), o sujeito poético reforça a sua ________ de um
conhecimento subjetivo da realidade e critica os que se dedicam a ________.
4. Interpreta o verso 16,
considerando o conteúdo da última estrofe.
O sujeito poético sintetiza o motivo da sua ________ em interpretar de modo metafísico a realidade e a sua defesa do sensacionismo como forma ________ de conhecer o mundo. Uma vez que as coisas não têm qualquer «significação» para além da sua dimensão física, elas devem ser apreendidas simplesmente por meio dos _________ (v. 15). Assim, na última estrofe, o «eu» enunciador reafirma o primado das sensações (v. 15) e reforça a ________ do objetivismo.
Escreve comentário em
que relaciones Horácio Lopes da Silva com a filosofia de Alberto Caeiro. Naturalmente,
a abordagem pode fazer-se através dos pontos de contacto mas também é possível
citar as divergências. (Podes consultar manual mas sem te perderes em
leituras.) A caneta.
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TPC — Lê as pp. 58-59 do
manual, que têm um questionário resolvido (sobre o poema «Se eu pudesse trincar
a terra toda», de Alberto Caeiro).
Aula 29-30 (28 [3.ª], 29 [4.ª], 31/out [1.ª]) Correção de comentário sobre «Filósofo Matarruano» e Caeiro.
Lê este excerto de uma
crónica de Miguel Esteves Cardoso:
O arroz-doce quente
Vou fazer 55 anos e só
esta semana provei arroz doce quente, acabado de fazer. Avisaram-me que fazia
virar a tripa, mas que valia a pena. E fez, mas valeu.
Faltam-me a marmelada
quente e os doces de ginja e tomate recém-fervidos e arrefecidos só o bastante
para não arrancar o céu da boca. [...]
Adiar prazeres é uma boa
estratégia. Convém que sejam prazeres que não requeiram energia física. Tenho
autores guardados, como Joseph Roth. Ou cidades, como Barcelona. De resto, fui
ganancioso e esbanjei, na estupidez e cobardia do
carpe diem, o pouco conhecimento que
tinha na imensidão das coisas que conheci. Antes de aprender a dar-lhes valor,
à parte serem diferentes umas das outras. Só se vai uma vez a Paris pela
primeira vez. Desperdicei-a aos treze anos. A pressa é uma paixão destrutiva.
[...]
Fiz bem com o arroz-doce
quente. As alegrias também se poupam e adiam. Devem guardar-se. Faz mal quem se
antecipa tanto que lhe escapa a felicidade de saber o que lhe está a acontecer.
Antes de ser tarde.
Miguel Esteves Cardoso, «O
arroz-doce quente», Público, 18 de
julho de 2010 [transcrito de Expressões.
12.º ano, Porto, Porto Editora, 2012, de que adapto também duas perguntas]
Explica por que motivo
considera o cronista que «[a]diar prazeres é uma boa estratégia».
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Ouçamos agora duas
declamações, ambas por Sinde Filipe, do poema de Ricardo Reis cujo
primeiro verso é «Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio» (p. 68). [Em
aula, ouvimos a de Luís Lima Barreto, talvez até melhor do que estas:]
A opção pelo adiamento de prazeres
defendida no poema de Reis prende-se com os mesmas razões que moviam o cronista
de «O arroz-doce quente»?
Enquanto em «O arroz-doce quente» se defende . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . ., no poema de Ricardo Reis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . ..
Em vez de resolveres os quadros do item 1
da p. 69, que considero complicativos, completa a tabela seguinte, indicando as
estrofes que correspondem aos três momentos:
1.ª parte |
estrofes ___ e ___ |
Desejo de usufruir o momento. |
2.ª parte |
estrofes ___ a ___ |
Renúncia voluntária ao prazer e ao
arrebatamento. |
3.ª parte |
estrofes ___ e ___ |
Justificação da renúncia. |
Como o manual propõe em 1.1, também seria
possível dividir o poema em quatro partes, cujo assunto se resumiria nas
etiquetas a seguir (que não estão por ordem). Põe a seu lado as estrofes que
lhes correspondem:
A consciência e antecipação da morte. |
estrofes ___ e ___ |
A inutilidade dos compromissos. |
estrofes ___ e ___ |
A efemeridade da vida. |
estrofes ___ e ___ |
A busca da tranquilidade. |
estrofes ___ e ___ |
Circundando-a, seleciona
nos pares a negro a palavra pertinente:
No início do poema, o
sujeito lírico, situado num espaço bucólico/urbano, apela, através da perífrase/apóstrofe presente no primeiro verso, à presença de Lídia,
a quem exorta/desencoraja a observar o rio e a sua
corrente como antíteses/metáforas da vida e da sua
transitoriedade. A constatação da brevidade da vida é aceite de modo sereno/perturbado e conduz ao desejo de fruir os momentos e assumir
compromissos, mesmo físicos/psicológicos, como a hipótese (marcada
pelo recurso aos parênteses) de enlaçar as mãos.
Completa esta síntese
sobre as influências clássicas na ode de Ricardo Reis:
O poema é vincadamente
neoclássico, de influência horaciana, e esse cariz manifesta-se sobretudo nas
características a seguir enunciadas:
papel do Destino (Fado) — é o destino que rege o curso do tempo
que o rio simboliza e no termo do qual está a ________;
referências mitológicas — deuses,
«barqueiro sombrio»
que recebe o ______ (Caronte);
presença do epicurismo-estoico — se a vida passa e não
se pode evitar a morte, é preciso, por um lado, aproveitar o _________
(epicurismo), e, por outro, vivê-lo com serena e altiva aceitação do destino (_________);
recurso à ode, na tradição de ___________ (até o nome «Lídia»
foi buscado nas Odes do poeta romano). [NB — «ode», quando se trata de Ricardo
Reis, não tem o sentido que lhe era dado a propósito do Álvaro de Campos
futurista-sensacionista]
O protagonista da curta-metragem
Destiny, de Fabien Weibel,
não tem a mesma perspetiva do eu de «Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do
rio» (e que encontraremos sempre nos poemas de Ricardo Reis) quanto a destino, morte, modo de encarar a
vida. Mas o final do pequeno filme parece fazer a apologia do que defende Reis
(e os epicuristas e estoicos em que este se inspirava).
Comprova o que acabo de
dizer em cerca de cem palavras, escritas a caneta (e riscando, quando for
necessário), sem trapalhices de sintaxe e de ortografia.
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[A
curta-metragem centra-se nas rotinas matinais de um protagonista extremamente
rigoroso nos hábitos (de tal modo que não parece «aproveitar o dia»). Tendo
prefigurado o seu atropelamento, revive sucessivamente a mesma manhã, procurando
evitar a repetição dos acontecimentos que conduziriam à sua morte.
Esta
reação do personagem, tentando esforçadamente impedir um desenlace fatal,
contrasta com a atitude de aceitação do destino expressa no poema de Ricardo
Reis.
Já depois da ficha técnica, vemos que se dá razão ao epicurismo-estoicismo à Reis, uma vez que um relâmpago vem cumprir o que o destino já decidira.]
Não
creias, Lídia, que nenhum estio
Por
nós perdido possa regressar
Oferecendo
a flor
Que
adiámos colher.
Cada
dia te é dado uma só vez
E
no redondo círculo da noite
Não
existe piedade
Para
aquele que hesita.
Mais
tarde será tarde e já é tarde.
O
tempo apaga tudo menos esse
Longo
indelével rasto
Que
o não-vivido deixa.
Não
creias na demora em que te medes.
Jamais
se detém Kronos cujo passo
Vai
sempre mais à frente
Do
que o teu próprio passo.
Sophia de Mello Breyner Andresen,
Dual, Lisboa, Moraes
Editores, 1972
Lê «Não creias, Lídia, que
nenhum estio», de Sophia de Mello Breyner Andresen. O
poema tem semelhanças óbvias com odes de Ricardo Reis — a que alude até no
título — e, particularmente, com «Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio».
Descarta as semelhanças
formais (quartetos com um/dois versos mais curtos; vocativo «Lídia», uso da 1.ª
pessoa do plural) e ocupa-te apenas com o contraste em termos de ideologia.
Além do que já escrevi, bastarão umas cinquenta-sessenta palavras.
Embora ambos os textos
reconheçam a fugacidade da vida, o poema de Sophia, ao contrário do de Ricardo
Reis, . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
[Embora ambos os textos
reconheçam a fugacidade da vida, o poema de Sophia, ao contrário do de Ricardo
Reis, parece sugerir que não se deve deixar de passar pelas experiências que se
nos apresentem («não existe piedade para aquele que hesita»), alertando-se-nos
para o facto de o «não vivido» deixar «indelével rasto». Quase se aprova uma
certa urgência da fruição («mais tarde será tarde»), o que contraria a atitude
defendida nos poemas de Reis.]
TPC — Lê as pp. 74-75 do
manual, com a análise do poema de Reis «Prefiro rosas, meu amor, à pátria» e um
texto expositivo (sobre classicismo e Ricardo Reis).
Aula 31 (29 [1.ª], 30 [3.ª], 31/out [4.ª]) Os sketches «Carjaquim» (série Zé Carlos) e «O meu filho é uma joia de moço» (Barbosa) servir-nos-ão para revermos os processos irregulares de formação de palavras (cfr. p. 343 do manual). À esquerda, a palavra que interessa; ao centro, a etimologia; à direita, porás o processo: extensão semântica, empréstimo, sigla, acrónimo, amálgama, truncação, onomatopeia.
Palavra |
étimo |
processo de formação |
inglês carjacking |
car + hijacking |
|
Carjacking |
inglês carjacking |
|
Carjaquim |
carjacking + Jaquim (< Joaquim) |
|
badalhoca
(‘mulher suja’) |
badalhoca
(‘bola de excremento e terra pendente entre as pernas das ovelhas e cabras’) |
|
Droga |
francês drogue |
|
mota
[ou moto] |
motorizada ou
motocicleta |
|
joia
(‘adorno de matéria preciosa’) |
francês joie (‘alegria’) |
|
joia
(‘pessoa muito estimável’) |
joia (‘adorno
de matéria preciosa’) |
|
grego diabetes (‘diabetes’) |
grego diabetes (‘sifão’) |
|
Cajó |
Cá (< Carlos) + Jó (< Jorge) |
duas
________ |
Zé |
José |
|
FPE
[pronunciado «fê-pê-é»] |
Fernando por esticão |
|
FPE
[pronunciado «fpé»] |
Fernando
por esticão |
|
Completa agora com o aspeto.
Usa genérico; perfetivo, imperfetivo; habitual; iterativo.
Frase |
Aspeto |
«Carjacking»
é uma palavra estrangeira |
|
alguns
bandidos começaram a praticar uma
variante |
imperfetivo, [incoativo ou ingressivo] |
a
nossa reportagem acabou por voltar
(porque estava frio) |
perfetivo, [cessativo ou
conclusivo] |
aquilo
que faço é uma espécie de
carjacking |
|
foi uma experiência muito
traumática |
|
a
malta pergunta-me constantemente: «tu
não ...» |
|
andas metido nos diabetes |
|
morreu atropelado por uma mota |
|
estou a conversar com este gafanhoto
gigante chamado Zé António |
|
O poema «Dobrada à moda do Porto», de Álvaro
de Campos, tem bastantes marcas de narratividade. A situação
relatada é sobretudo pretexto para o «eu» refletir sobre si mesmo. É este poema
um novo exemplo do Campos intimista, agora talvez em clave mais irónica que
desiludida.
O que te peço é que reescrevas o poema, verso a
verso, criando outra situação (a tal parte mais narrativa, que deixará de ter a
ver com um restaurante), mantendo entretanto tudo o que sublinhei (em geral, os
fragmentos mais líricos ou mais introspetivos).
Além das partes sublinhadas, conserva o número de
versos, e procura não alterar muito a pontuação do original. Quanto ao título,
deve ser trocado por outro, é claro.
Dobrada à moda do Porto
Um dia, num restaurante, fora
do espaço e do tempo,
Serviram-me
o amor como dobrada fria.
Disse
delicadamente ao missionário da cozinha
Que
a preferia quente,
Que
a dobrada (e era à moda do Porto) nunca se come fria.
Impacientaram-se
comigo.
Nunca
se pode ter razão,
nem num restaurante.
Não
comi, não pedi outra coisa, paguei a conta,
E
vim passear para toda a rua.
Quem
sabe o que isto quer dizer?
Eu
não sei, e foi comigo...
(Sei
muito bem que na infância de toda a gente houve um jardim,
Particular
ou público, ou do vizinho.
Sei
muito bem que brincarmos era o dono dele.
E
que a tristeza é de hoje).
Sei
isso muitas vezes,
Mas,
se eu pedi amor, porque é que me trouxeram
Dobrada
à moda do Porto fria?
Não
é prato que se possa comer frio,
Mas
trouxeram-mo frio.
Não
me queixei, mas estava frio,
Nunca
se pode comer frio, mas veio frio.
Fernando Pessoa, Poemas de
Álvaro de Campos, edição de Cleonice Berardinelli, Lisboa, INCM, 1990 (com
modernização da grafia).
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Os exercícios seguintes —
ainda sobre processos irregulares de formação de palavras — são
tirados de Nova Gramática didática do
português:
1.
Os exemplos listados abaixo ilustram um processo irregular de formação de
palavras. Identifique-o. __________
leitor (‘aquele que lê’) > leitor
(‘professor universitário’)
salvar (‘livrar de perigo’) > salvar
(‘guardar’)
2. Distribua as palavras que
se seguem pelo quadro abaixo.
soirée | restaurante | menu | jeep | bife | lambreta | diesel
| airoso | flamenco | maestro | recuerdo | futebol | confetti | piloto |
dobermann | stock | alzheimer | tapa | tablier | muesli
Empréstimos |
|
Galicismos |
|
Anglicismos |
|
Italianismos |
|
Espanholismos |
|
Germanismos |
|
3.
Descubra, na sopa de letras, seis palavras formadas por amálgama.
Encontrá-las-á na horizontal e na vertical.
_____________
_____________
_____________
_____________
_____________
_____________
4.
A lista de palavras apresentada é composta por acrónimos e siglas.
Classifique-as e especifique o seu significado. [Não especifiques por escrito;
pensa só.]
a) PALOP — _______ || b)
CD — _______ || c) PSP — ______ || d) BD —______ || e) OTAN — _______ || f) OMS
— _______ || g) ONU — _____ || h) TAP — _______ || i) UE — _______ || j) PME —
______
5.
Recorra ao processo de truncação para formar palavras.
a) motociclo > _____ | b)
fotografia > _____ | c) exposição > _____ d) zoológico > _____ | e)
quilograma > _____ | f) metropolitano > _____ g) hipermercado > ______
| h) discoteca > ______
6.
Proponha uma onomatopeia para cada caso apresentado.
a) avalancha — _______ | b)
mergulho — _______ | c) vidro partido — _______ | d) chuva — ______ | e) batida
na porta — ______ | f) vento — ______
TPC — Dá um relance à ficha
do Caderno de Atividades sobre ‘Processos irregulares de formação de
palavras’ (pp. 61-62), que reproduzo, já resolvida, em Gaveta de Nuvens.
Aula XXXII-XXXIII (31/out [só 12.º 3.ª]) Correção de texto sobre «Notas sobre Tavira», de Campos, e contrastes com Caeiro. Ainda o exercício sobre ‘Processos irregulares de formação de palavras’.
Critérios
para distinguir funções sintáticas
funções
ao nível da frase
O
sujeito concorda com o verbo.
Se experimentarmos alterar o número ou pessoa do sujeito, isso refletir-se-á no
verbo que é núcleo do predicado:
Caiu
a cadeira. → Caíram as cadeiras (Para se confirmar
que «a cadeira» não é aqui o complemento direto: →
*Caiu-a.)
O predicado pode ser identificado se
se acrescentar «e» + grupo nominal +
«também» (ou «também não») à oração:
O Egas partiu para o
Dubai. → O Egas partiu para o Dubai e o Ivo também (também partiu para o Dubai).
O vocativo distingue-se
do sujeito porque fica isolado por vírgulas e não é com ele que o verbo
concorda. Antepor-lhe um «ó» pode confirmar que se trata de vocativo.
Tu, Teresa, não percebes
nada disto! → Tu, ó Teresa, não
percebes nada disto!
Para distinguir o modificador de frase do modificador
do grupo verbal, pode ver-se que as construções que ponho à direita (a
interrogar ou a negar) são possíveis com o modificador do grupo verbal mas não com
o advérbio que incide sobre toda a frase.
Evidentemente, o povo tem razão. → *É evidentemente que o povo tem razão?
Talvez Portugal ganhe. → *Não talvez Portugal ganhe.
Com um modificador de grupo
verbal o resultado seria gramatical:
Ele come alarvemente.
→ É alarvemente que
ele come?
funções
internas ao grupo verbal
O complemento direto é
substituível pelo pronome «o» («a», «os», «as»):
Dei mil doces ao diabético.
→ Dei-os ao diabético.
O complemento indireto, introduzido
pela preposição «a», é substituível por «lhe»:
Ofereci uma sopa de
nabiças ao arrumador. → Ofereci-lhe uma sopa de nabiças.
O complemento oblíquo, e mesmo quando
usa a preposição «a» (uma das várias que o podem acompanhar), nunca é substituível
por «lhe»:
Assistiu ao jogo contra
as Ilhas Faroé. → *Assistiu-lhe.
Para identificarmos um modificador do grupo verbal, podemos
fazer a pergunta «O que fez [sujeito] + [modificador]?» e tudo soará gramatical:
Marcelo fez um discurso na
segunda-feira.
Que fez Marcelo na segunda-feira?
Fez um discurso.
Se se tratar de um complemento
oblíquo, o resultado já será agramatical:
Dona Dolores foi à Madeira.
*Que fez Dona Dolores à
Madeira? Foi.
O complemento agente da passiva começa
com a preposição «por», precedida por verbo na passiva, e podemos adotá-lo como
sujeito da mesma frase na voz ativa:
A casa foi comprada por
Monica Bellucci. → Monica Bellucci comprou
a casa.
As joias de Kim foram
roubadas pelos ladrões. → Os ladrões
roubaram as joias de Kim.
O predicativo do sujeito é uma função
sintática associada a verbos copulativos (como «ser», «estar», «parecer»,
«ficar», «permanecer», «continuar», mas também «tornar-se», «revelar-se»,
«manter-se», etc.). Atribui uma qualidade ao sujeito ou localiza-o no tempo ou
no espaço.
Os taxistas andam revoltados.
A Violeta está em casa.
O predicativo do complemento direto é uma função sintática associada a
verbos transitivos-predicativos (como «achar», «considerar», «eleger»,
«nomear», «designar» e poucos mais), os que selecionam um complemento direto e,
ao mesmo tempo, lhe atribuem uma qualidade/característica.
A ONU elegeu Guterres secretário-geral.
(Para confirmar que «Guterres» é o complemento direto e «secretário-geral», o
predicativo do complemento direto: → A ONU elegeu-o secretário-geral.)
Eles deixaram a porta aberta.
(→ Eles deixaram-na aberta.)
Cfr., porém, «Comprei o bolo
podre», que pode ter duas interpretações: uma em que todo o segmento «o bolo
podre» é o complemento direto (‘Comprei-o’); e outra em que «o bolo» é o
complemento direto e «podre» é o predicativo do complemento direto (‘Comprei-o podre’).
funções
internas ao grupo nominal
O complemento do nome,
quando tem a forma de grupo preposicional, é selecionado pelo nome (ou seja, é
obrigatório, mesmo se, em alguns casos, possa ficar apenas implícito). Os nomes
que selecionam complemento são muitas vezes derivados de verbos.
A absolvição do réu
desagradou-me. (Seria aceitável «A absolvição desagradou-me» num contexto em
que a referência ao absolvido ficasse implícita.)
A necessidade de
estudar gramática é uma balela. (*A necessidade é uma balela.)
Quando tem a forma de grupo adjetival, o complemento do nome constitui uma unidade com o nome, ficando tão
intimamente ligado a ele, que, na sua ausência, aquele parece ter já outro
sentido. (Reconheça-se que estes casos não são fáceis de distinguir de certos modificadores
restritivos do nome.)
A previsão meteorológica
falhou.
Os conhecimentos informáticos
são úteis.
O modificador restritivo do nome
restringe a realidade que refere, mas não é selecionado pelo nome (não é
«obrigatório»).
Comprei o casaco azul.
Cão que ladra não morde.
O modificador apositivo do nome,
sempre isolado por vírgulas, travessões ou parênteses, não restringe a
realidade a que se refere nem é selecionado pelo nome (a sua falta não
prejudicaria o sentido da frase).
O filme de que te falei, Cinema Paraíso, já foi objeto de
paródias.
O Renato Alexandre, que
é amigo do seu amigo, conhece o Busto.
função
interna ao grupo adjetival
O complemento do adjetivo
é selecionado por um adjetivo (embora seja, frequentemente, opcional).
Ela ficou radiante com
os presentes. (Ela ficou radiante.)
Isso é passível de pena
máxima. (*Isso é passível.)
Indica
a função
sintática das expressões sublinhadas, em frases do episódio «Débora vs.
Luciana», de Último a sair. Só tens de preencher a coluna da direita (a
do meio serve apenas para lembrar elementos úteis ao teu raciocínio).
Frase
(em geral de Último a sair) |
A
ter em atenção |
Função
sintática |
Ó pessoal,
podem vir até aqui? |
|
|
Ó pessoal, podem vir até
aqui? |
* que fazem eles até aqui? |
|
Antes que expluda,
é melhor falarmos entre todos. |
oração adverbial temporal |
|
Antes que expluda, é melhor falarmos
entre todos. |
|
|
Basicamente,
é isto. |
* É basicamente que é isto |
|
Vocês acham normal terem-me
nomeado? |
acham normal isso |
|
Vocês acham normal
terem-me nomeado? |
cfr.
verbo transitivo-predicativo |
|
terem-me nomeado |
terem-na /* terem-lhe |
|
Limpo esta merda todas
as semanas. |
Limpo-a |
|
Limpo esta merda todas as
semanas. |
Que faço todas as semanas? |
|
Limpo a merda que vocês
deixam espalhada na cozinha. |
«que» = ‘a merda’, ‘a qual’ |
|
Trato das plantas. |
e a Luciana também |
|
Estou-te a perguntar se és
tu que vais limpar tudo isto. |
|
|
Vê se te acalmas. |
se o acalmas / * se lhe
acalmas |
|
Deixa o Bruno em paz. |
|
|
Olha a gaja que fala com as
árvores. |
oração adjetiva relativa
restritiva |
|
Olha a gaja que fala
com as árvores. |
|
|
Ai, coitadinha, que eu sou tão
especial. |
cfr.
verbo copulativo |
|
Vou mostrar ao mundo a
verdadeira Luciana. |
Vou mostrar-lhe |
|
Olha, filha, verdadeiro é isto. |
cfr.
«verdadeiras são estas» |
|
Pensas que vens aqui falar
assim para as pessoas. |
= isso / substantiva completiva |
|
Sónia, gostas de partir
pratos? |
* Que faz ela de partir pratos?
Gosta |
|
Débora e Luciana, que são
ambas tripeiras, discutem. |
|
|
Por causa da nomeação de
Débora gerou-se grande discussão. |
|
|
Por causa da nomeação de
Débora gerou-se grande discussão. |
|
|
— O Roberto uniu-nos —
disseram Débora e Rui. |
|
|
— Os quartos e a casa de banho
foram limpos por mim. |
|
|
A Susana também é capaz de
partir de pratos. |
|
|
A mãe da Luciana não a
educou assim. |
|
|
Débora não fez sequer uma queixa
dos colegas. |
|
|
Letra |
Estrutura |
|||
I |
Sujeito |
Núcleo do Predicado |
Modificador do grupo verbal |
Complemento oblíquo
[País] |
A Irene |
irá |
no inverno |
a Inglaterra |
|
|
Sujeito |
Núcleo do Predicado |
Complemento indireto |
Complemento direto |
|
|
|
|
|
|
Sujeito |
Núcleo do Predicado |
Complemento direto |
Predicativo do c. direto |
|
|
|
|
|
|
Sujeito |
Núcleo do Predicado |
Complemento direto |
Modificador do grupo
verbal [País] |
|
|
|
|
|
|
Modificador do GV
[Capital] |
Sujeito |
Núcleo do Predicado |
Predicativo do sujeito |
|
|
|
|
|
|
Sujeito |
Núcleo do Predicado |
Agente da passiva |
Modificador do grupo
verbal |
|
|
|
|
|
|
Sujeito [Figura artística] |
Modificador apositivo |
Núcleo do Predicado |
Complemento direto |
|
|
|
|
|
|
Vocativo |
Núcleo do Predicado |
Complemento direto |
Complemento indireto |
|
|
|
|
|
|
Sujeito [Figura pública] |
Núcleo do Predicado |
Complemento direto |
Modificador do grupo
verbal |
|
|
|
|
|
|
Sujeito [Desportista] |
Núcleo do Predicado |
Complemento direto |
Modificador restritivo do
nome |
|
|
|
|
|
|
Núcleo do Predicado |
Complemento direto |
Complemento indireto |
Modificador do grupo verbal |
|
|
|
|
|
|
Sujeito [Banda] |
Núcleo do predicado |
Agente da passiva |
Modificador do grupo
verbal |
|
|
|
|
|
|
Modificador de frase |
Sujeito [Escritor] |
Núcleo do Predicado |
Complemento direto |
|
|
|
|
O primeiro a terminar a frase corretamente ganha 3 pontos; o
segundo, 2; o terceiro, 1. A cada frase que se revele errada é atribuído um ponto
negativo (-1 ponto).
TPC — Sobre funções sintáticas podes consultar em Gaveta de Nuvens ‘Funções sintáticas’. De qualquer modo, o manual trata este assunto nas pp. 330-336.
Aula 32-33 (4 [3.ª], 5 [4.ª], 7/nov [1.ª]) Correção do texto criado segundo o molde de «Dobrada à moda do Porto» na aula 31.
compromisso — egoisticamente — paralelismos — natural —
quietismo — desvalorizar — apóstrofe — sofrimento — renovação — interrogação —
indiferença — distante — vida — confidente — classicizante — flores —
epicurista — imperturbável — preocupações — fluir
O poeta revela-se inclinado à _____, ao apagamento, ao _____, à ausência de _____ com o que quer que seja, à
rejeição do não ______. Ele exercita-se na arte de ser «aquele a quem já nada importa».
«As outras coisas
que os humanos / Acrescentam à vida» (vv.
13-14) opõem-se aqui ao que é natural, representado pelas _____ de gosto
clássico — as rosas (que o poeta prefere — v. 1) e as magnólias (que o poeta
ama — v. 2) —, pelo passar da _____ sem deixar marcas nem comprometer (notar os
_____ de construção ao gosto clássico — «Logo que a vida» / «Que a vida»
/ «Logo que», vv. 4 a 6), pelo raiar da
aurora (v. 9), pelo aparecer das flores, cada ano, com a primavera (símbolo da
______ — vv. 10-11) e pelo seu desaparecer com o outono (símbolo da
negatividade e do ______ do tempo — v. 12).
Essas outras coisas não naturais nada «aumentam na
alma» do poeta (notar a ______
retórica do v. 15) em termos positivos. Elas são o sentido de pátria (notar o
grafismo em minúscula para ______ a importância da «pátria» — v. 1 —, com tudo o que «pátria» significa a nível coletivo e individual), a busca da glória e
da virtude (v. 3 — que não deixam de ser mais preocupações), a ambição do poder
e do fazer prevalecer _______ os próprios caprichos («Que um perca e
outro vença» — v. 8).
Tudo isto, que só traz ao poeta «o desejo de
indif’rença» (v. 16 — notar a grafia
______ do termo) «e a confiança mole / Na hora fugitiva» (vv. 17-18), nada lhe acrescenta. Ele só deseja manter-se
sereno e ______, esperando que a passagem do tempo (a «hora fugitiva») se processe sem ______ («mole» — v. 17).
O destinatário do poema — o «meu amor» (v. 1) — assume aqui o papel de ______, e exprime a ideia de
solidão e intimismo. O poeta dirige-se-lhe (notar a ______ do v. 1,
encontrando-se o vocativo intercalado na frase, ao gosto clássico).
Apesar de referir esse interlocutor, Reis mostra aqui aspirar
a um ideal contemplativo (marca ______) e ser nada inclinado à comunicação
direta autêntica. Ele dirige-se ao seu amor mas não institui com ele quaisquer
laços, antes se mostra ______. O que ele pretende instituir é uma filosofia de
vida que lhe permita atravessar a existência sem _____.
Lino Moreira da Silva, Do Texto à Leitura
(Metodologia da Abordagem Textual) Com a Aplicação à Obra de Fernando Pessoa, Porto, Porto Editora, 1989 (adaptado)
[Tarefa retirada do manual Expressões.
12.º ano, Porto, Porto Editora, 2012]
Vem sentar-te comigo,
vamos não fazer nada
Viver no sofá e ver o dia
passar
Entre séries e filmes,
queijo e marmelada
Mimos e memes, e o resto
deixa p’ra lá
Vem viver numa quinta onde
só haja domingo
No campo respira-se melhor
Não falte vinho ou
lareira, e isto uma vida inteira
Seja lá o tempo que isso
for
E fazer da cama um
castelo, e do ócio profissão
Partilha-me o teu novelo,
que eu guardo-o bem na minha mão
Erguer um forte com
mantas, viver em roupa interior
Acordarmos às tantas,
dormir sem despertador
E, se for assim, eu nem
desgosto do amor
Vem deitar-te comigo, em
baixo e em cima de mim
Que esta corrida ganhas tu
E só saímos da cama quando
nos der na gana
Depois voltamos para o
round two
Anda para o meu lado, vem
dançar um bocado
Que com três copos sou o
Fred Astaire
Vem, aperta-me os braços,
que eu conto os compassos
Vem ser a minha mulher, se
for para
Fazer da cama um castelo,
e do ócio profissão
Partilhar o teu novelo,
guardá-lo bem na minha mão
Erguer um forte com
mantas, viver em roupa interior
Acordarmos às tantas,
dormir sem despertador
E, se for assim, eu nem
desgosto do amor
Nuno Lanhoso, Mitos
e Nicolaus, 2022
A canção «Nem desgosto do amor» (cfr. p. 68), de Nuno Fanhoso, cuja letra transcrevi
em cima, ainda que tenha um v. 1 anafórico de «Vem sentar-te comigo, Lídia, à
beira do rio» (p. 68), não revela a exata perspetiva assumida na ode de Ricardo Reis. Desenvolve esta ideia.
Mais do que te reportares especificamente a esta ode, podes focar-te na
filosofia de Ricardo Reis genericamente:
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. . .
[A copiar:]
Ainda que tenha em comum com a ode de Reis o convite feito
pelo sujeito poético a uma mulher, a letra da canção de Lanhoso não adota a
atitude de abdicação, conformista, de absoluta cedência ao que o destino
disponha, típica do estoicismo de Ricardo Reis. Embora se comece por uma
aparente renúncia à proatividade («vamos não fazer nada», v. 1), seguem-se
depois apelos a uma fruição incontida, que tem pouco que ver com a moderação do
epicurismo-estoico («voltamos para o round two», v. 17; «acordarmos às tantas»,
v. 12; «com três copos sou o Fred Astaire», v. 19).
Antes de vermos mais um trecho de Clube dos Poetas Mortos, de Peter Weir, atentemos no poema de Walt
Whitman (1819-1892), «O Captain! my Captain!», que o protagonista,
John Keating, citava logo na sua apresentação aos alunos. Logo perceberemos
como Álvaro de Campos e os futuristas foram influenciados pelo
poeta americano — já para não falar dos poetas da geração beat, como Allen Ginsberg, que conhecemos de Howl (1956).
Ó CAPITÃO! MEU CAPITÃO!
Ó capitão! meu capitão! terminou a nossa terrível viagem,
O navio resistiu a todas as
tormentas, o prémio que buscávamos está ganho,
O porto está próximo, oiço
os sinos, toda a gente está exultante,
Enquanto seguem com os
olhos a firme quilha, o ameaçador e temerário navio;
Mas, oh coração! coração! coração!
Oh as gotas vermelhas e sangrentas,
Onde no convés o meu
capitão jaz,
Tombado,
frio e morto.
Ó capitão! meu capitão!
ergue-te e ouve os sinos;
Ergue-te — a bandeira
agita-se por ti, o cornetim vibra por ti;
Para ti ramos de flores e
grinaldas guarnecidas com fitas — para ti as multidões nas praias,
Chamam por ti, as massas
agitam-se, os seus rostos ansiosos voltam-se;
Aqui capitão! querido pai!
Passo o braço por baixo da tua cabeça!
Não passa de um sonho
que, no convés,
Tenhas
tombado frio e morto.
O meu capitão não responde, os seus lábios estão pálidos e imóveis,
O meu pai não sente o meu braço, não tem pulso nem vontade,
O navio ancorou são e
salvo, a viagem terminou e está concluída,
O navio vitorioso chega da
terrível viagem com o objectivo ganho:
Exultai, ó praias, e tocai, ó sinos!
Mas eu com um passo desolado,
Caminho no convés onde
jaz o meu capitão,
Tombado,
frio e morto.
Walt Whitman, Folhas de Erva [Leaves of Grass, 1855], II, trad. de
Maria de Lourdes Guimarães, Lisboa, Relógio D’Água, 2002, p. 599
Ainda antes de falar aos seus alunos em Walt Whitman,
Keating aludira a um verso do poeta romano Horácio (65 a.C.-8 a.C.), onde se
lê, em latim, carpe diem (que
podemos traduzir por ‘goza o dia’, ‘colhe o dia’, ‘desfruta do presente’). A
ode completa é esta (destaquei a negro o passo que interessa mais):
Tu não perguntes (é-nos
proibido pelos deuses saber) que fim a mim, a ti,
os deuses deram, Leucónoe,
nem ensaies cálculos babilónicos.
Como é melhor suportar o
que quer que o futuro reserve,
quer Júpiter muitos
invernos nos tenha concedido, quer um último,
este que agora o tirreno
mar quebranta ante os rochedos que se lhe opõem.
Sê sensata, decanta o
vinho, e faz de uma longa esperança
um breve momento. Enquanto
falamos, já invejoso terá fugido o tempo:
colhe cada
dia, confiando o menos
possível no amanhã.
[Horácio, ode 11 do Livro I, Odes, tradução de Pedro Braga Falcão, Lisboa, Cotovia, 2008, p. 69]
O sentido horaciano de «colhe o dia» (carpe diem) é talvez mais conformista, mais passivo, do que
aquele que sairá da interpretação comum do filme. Note-se, no último verso, o
‘confiando o menos possível no amanhã’. O sentido que lhe daria Ricardo Reis, e
à filosofia epicurista, seria, naturalmente, o antigo, o clássico.
O filme citara antes o poema inglês — de Robert Herrick
(1591-1674) — «To the Virgins, to Make Much of Time», em que se defende, a
partir do exemplo da efemeridade das rosas, que devemos aproveitar a juventude,
porque a vida é breve. Também neste passo se tratava de uma ideia comum ao epicurismo-estoicismo de Ricardo Reis.
Lê este poema do patrono da nossa escola, José Gomes Ferreira
(1900-1985):
Vive em cada minuto
a tua eternidade
— sem luto
nem saudade.
Vive-a pleno e forte
num frenesim
de arremesso.
Para que a tua morte
seja sempre um fim
e nunca um começo.
José Gomes Ferreira, Poeta
Militante, I, 3.ª ed., Lisboa,
Moraes Editores, 1977
Num comentário, compara-o com a ode de Reis «Cada um cumpre o
destino que lhe cumpre» (p. 77), procurando distinguir e/ou aproximar a
«filosofia» de cada poema.
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Questionário de gramática
[Versão com cão King a alertar a
aldeia]
Classifica quanto ao
processo (irregular) de formação de palavras
(extensão semântica, empréstimo, truncação, amálgama, sigla, acrónimo,
onomatopeia):
Kamela
(< Kamala + camela) |
|
dossiê
(< fr. dossier) |
|
Santi
(< Santiago) |
|
IVA
(pronunciado iva) |
|
vírus
[informática] < vírus |
|
Zumbido |
|
Ota
(< Otamendi) |
|
domótica
(< domos [‘casa’] + informática) |
|
SLB
(pronunciado esseelebê) |
|
Classifica quanto ao
valor aspetual (genérico, perfetivo, imperfetivo,
habitual, iterativo):
O
cão King alertou a aldeia. |
|
O
King é o herói da aldeia. |
|
O
King costuma seguir a dona por toda a parte. |
|
Olímpia
andava a passear pelos campos. |
|
Olímpia
tem revelado, nestes últimos meses, múltiplos sinais de Alzheimer. |
|
Flexiona o verbo,
pronominalizando o que sublinhei:
Comerei
o chocolate. |
|
Amas
Georgina? |
|
Copia
a frase. |
|
Classifica quanto à
função sintática os constituintes sublinhados:
O
vestido transparente de Ana Moura provocou celeuma. |
|
Não
tremas, Terra, porque não queremos mais um terremoto. |
|
Fábio
Loureiro fugiu para Marrocos. |
|
Os
jornalistas elegeram Rodri bola de ouro. |
|
Desenlacemos
as mãos. |
|
Delegados
e subdelegados nomearam segunda suplente a Neves. |
|
A
alteração do futebol do Benfica é mérito do turco Artur. |
|
O
produtor de vinho está preocupado com a filoxera. |
|
Em
Chaves, um cão matou uma criança. |
|
A
Cova da Moura, que visitei há anos para fazer inquéritos
dialetológicos, é pacata. |
|
Em
Valência, desapareceram bens e pessoas. |
|
Estão
aí as intercalares. |
|
Mourinho,
que os fãs admiram, usa a Uber Eats. |
|
A
falecida avó do menino, que era de Faiões, também era muito boa
pessoa. |
|
Fernando
Valente, o principal suspeito, pode ser acusado até final do mês. |
|
Son,
que o treinador do Tottenham substituiu inesperadamente, ficou
surpreendido. |
|
Quatro
dos golos foram marcados por Gyökeres. |
|
Os
donos de carros andam preocupados com a violência gratuita. |
|
Os
alunos ultrapassaram-me na chegada ao bloco. |
|
A
Amorim os sportinguistas desejam muitas felicidades. |
|
Quando
chover como em Valência, Lisboa sofrerá. |
|
O
afilhado de Marco Paulo ficou podre de rico. |
|
Na
Europa consideram-nos muito simpáticos. |
|
[Versão com cão a atacar criança]
Classifica quanto ao
processo (irregular) de formação de palavras
(extensão semântica, empréstimo, truncação, amálgama, sigla, acrónimo,
onomatopeia):
chave
[‘solução’] < chave, ‘instrumento que abre portas, cofres, etc.’ |
|
TAP
(pronunciado tape) |
|
Ronronar |
|
Mada
(< Madalena) |
|
nega
(< negativa) |
|
Chalanix
(< Chalana + Asterix) |
|
ateliê
(< fr. atelier) |
|
TPC
(pronunciado tepecê) |
|
espanglês
(< espanhol + inglês) |
|
Classifica quanto ao
valor aspetual (genérico, perfetivo, imperfetivo,
habitual, iterativo):
Em
Faiões, a criança foi atacada pelo cão. |
|
A
Judiciária está a investigar a morte da criança. |
|
A
família costumava visitar os avôs sempre que possível. |
|
Esta
raça de cães tem ocasionado todas as semanas notícias tristíssimas. |
|
A
cadela é do avô do menino. |
|
Flexiona o verbo,
pronominalizando o que sublinhei:
Amaria
Lídia. |
|
Entrega
a folha. |
|
Bebes
a cerveja? |
|
Classifica quanto à
função sintática os constituintes sublinhados:
A
decisão sobre telemóveis está para breve. |
|
Abriguem-se,
alunos, porque vem aí um exercício de prevenção. |
|
Designaram
Marta Baptista representante dos alunos no Conselho Geral. |
|
Os
adeptos leoninos culpam Varandas pela venda de Amorim ao MU. |
|
Georgina
só agora regressou do hospital. |
|
Os
dragartos acharam Bruno Lage uma ótima escolha. |
|
Dentro
de poucos dias começam umas pequenas férias. |
|
As
cheias em Barcelona preocupam-nos. |
|
Nunca
deu problemas o cão que matou o bebé. |
|
O
homem que matou a sua companheira não sabe o que lhe passou pela
cabeça. |
|
Durante
as eleições para a Associação, a escola fica caótica. |
|
Odair,
que abalroou uma data de automóveis, corria como se não houvesse
amanhã. |
|
Matilde
Mourinho, que é joalheira, casou-se em Azeitão. |
|
Mourinho,
que os fãs adoram, encomenda muita coisa pela Uber Eats. |
|
Filomena
Silva, a tia da grávida da Murtosa, passou dias e dias sem dormir. |
|
Porque
há eleições para a AE, a escola está
barulhenta. |
|
O
orçamento de estado foi aprovado pela maioria dos deputados. |
|
Na
prisão de Vale de Judeus, os telemóveis são
mais mais que muitos. |
|
Ao
Sporting só pagam a cláusula. |
|
A
grávida da Murtosa continua desaparecida. |
|
Abraço-te
por mais este bom resultado. |
|
Vem
sentar-te comigo. |
|
A
saia azul de Kim custou milhares de euros. |
|
TPC — Lê em Gaveta de Nuvens soluções das fichas 2 e
3 do Caderno de atividades, sobre
Alberto Caeiro e Ricardo Reis. Estes trabalhos são para ser feitos com mais
estoicismo (neste caso, alguma abnegação) do que epicurismo (sei lá como colhem
o dia).
Aula 34 (5 [1.ª], 6 [3.ª], 7/nov [4.ª]) Revisão de características de Fernando Pessoa (ortónimo).
Lê
«Autopsicografia» (p. 27), de Fernando
Pessoa, e responde:
1. Na 1.ª quadra é apresentada uma tese.
Identifica-a e explica-a, considerando: a dor fingida pelo poeta (no poema)/a
dor sentida pelo poeta (na vida real); o paradoxo presente nos vv. 3-4.
«______________»
é a tese apresentada no poema. Significa que o poeta finge uma dor que não
coincide com a dor sentida na _____. A dor escrita é uma invenção, uma
transfiguração, criada pela _______.
2. A 2.ª quadra refere-se à sensação/sentimento que o poema
provoca nos leitores. Explicita o que sentem os leitores, considerando o jogo:
«as duas (dores) que ele (o poeta) teve» / «a dor lida» / «a (dor) que eles não têm».
Os
leitores sentem uma dor que não é a que o poeta sentiu, nem a que ele _______,
mas que é a sua não-dor.
3. Experimenta interpretar as metáforas
contidas na última estrofe, na qual se estabelece a dicotomia
«razão»/«coração» (intelecto/emoção). Relaciona essa dicotomia com a tese
apresentada na 1.ª estrofe.
A
última estrofe apresenta, metaforicamente, a relação entre ______ e _____. O
coração é um comboio de corda, regulado pelas __________. A razão é uma
realidade à parte, mas estimulada (entretida) pelo ___________.
4. Interpreta agora o título do poema, considerando os três
constituintes da palavra: auto
+ psico + grafia.
Tendo
em conta o significado de cada um dos elementos que compõem o título,
«autopsicografia» remete para . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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. . . . . . . . . . . . . .
5. Analisa a estrutura
formal do poema.
O
poema é constituído por três _____, de versos ______ (também designados versos
de «_____ maior»), com o esquema rimático ______ (portanto, em rima ______).
6. Expõe a teoria do «fingimento
poético» apresentada neste poema.
De
acordo com o poema, a criação poética assenta
no _______, na medida em que um poema não diz o que o poeta _______, mas aquilo
que imagina a partir do que anteriormente sentiu. O poeta é um fingidor, porque
escreve uma ________ fingida, fruto da razão e da imaginação, e não a emoção
sentida pelo coração, que apenas chega ao poema transfigurada, na tal emoção
________ poeticamente, imaginada. Quanto ao _______, apenas sente a emoção que
o poema lhe suscita, que será diferente da do próprio poema. A poesia, a arte,
é a intelectualização da ________.
### AUTOPSICOGRAFIA ###
Lê
«Isto» (p. 30), também do ortónimo, e responde, usando as frases já começadas:
1. Na 1.ª estrofe, o poeta opõe a
«imaginação»
(razão) ao «coração» (emoção). Qual deles utiliza?
Ao
escrever, o poeta usa ________.
2. Na 2.ª estrofe, compara todas as suas emoções (sonhos,
vivências, ausências, perdas) a um «terraço». Como interpretas essa
comparação?
As
emoções são semelhantes a _______________.
3. Nesse terraço de emoções, o poeta procura «outra coisa» — a
emoção estética. Qual o verso que a refere?
«.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . .. . . . . . .».
4. Para encontrar essa emoção estética, como escreve o poeta?
Sobre que escreve? (Interpreta os quatro primeiros versos da última estrofe.)
O
poeta escreve distanciado daquilo que sentiu anteriormente («__________»), sem
_______ («livre do meu enleio»).
5. Mostra a ironia presente neste poema.
O
último verso é irónico, . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . .
6. Analisa a estrutura
formal do poema.
O
poema apresenta grande regularidade formal: são três estrofes de cinco versos
(isto é, três _______), de ___ sílabas métricas, com o esquema rimático
_________ (portanto, de rima __________ e _________).
7. Estabelece a relação
entre os poemas «Isto» e
«Autopsicografia».
Os
poemas «Autopsicografia» e «Isto» têm como tema comum o _________. Neles, o
poeta expõe o seu conceito de poesia enquanto intelectualização da ______.
Completa o ponto 1 de «À letra»,
na p. 29:
1. Relê os versos finais de
«Autopsicografia» (p. 27) e atenta na forma verbal destacada: «Gira, a entreter
a razão, / Esse comboio de corda / Que se chama coração.» Completa as frases
seguintes com a forma do verbo «entreter», no tempo e no modo indicados entre
parênteses.
a. As dores reais do poeta
___________ (pretérito imperfeito do indicativo) a razão.
b. Espero que os versos «fingidos» ___________ (presente do
conjuntivo) os leitores.
c. Eu sempre me __________ (pretérito perfeito simples do
indicativo) com a obra pessoana.
Aula 35-36 (5 [1.ª], 6 [3.ª], 7/nov [4.ª]) Correção de comentário contrastivo José Gomes Ferreira vs. Ricardo Reis.
[Exemplo de redação:]
Segundo o sujeito poético
da ode de Ricardo Reis, cada ser humano vive («cumpre o destino») conforme o
que lhe está de antemão reservado («que lhe cumpre», v. 1). A comparação dos
homens com «as pedras nas orlas dos canteiros» (v. 5) acentua a impossibilidade
de resistência relativamente ao que está determinado pelo Fado. Todo o poema
tem um tom exortativo, aconselhando a que se reconheça a efemeridade da
existência e assumindo uma filosofia de vida assente na resignação e na
aceitação do poder do destino.
O poema de José Gomes
Ferreira, ao contrário, ainda que retome certas características formais das
odes de Reis e adote o mesmo tom imperativo, defende que se viva sem a inércia
sugerida nas odes, antes «pleno e forte / num frenesim / de arremesso»(vv. 5-7),
ficando subentendido que cada um deve ter objetivos por que lutará, deixando um
legado útil à humanidade (« Para que a tua morte / seja sempre um fim / e nunca
um começo», vv. 8-10).
parte B
Leia os dois textos e as notas. Na resposta aos itens de 4. a
6., tenha em consideração ambos os textos.
O oficial era moço, talvez não tinha trinta anos; posto que o
trato das armas, o rigor das estações, e o selo visível dos cuidados que trazia
estampado no rosto, acentuassem já mais fortemente, em feições de homem feito,
as que ainda devia arredondar a juventude.
A sua estatura era mediana, o corpo delgado, mas o peito largo
e forte como precisa um coração de homem para pulsar livre; seu porte gentil e
decidido de homem de guerra desenhava-se perfeitamente sob o espesso e largo
sobretudo militar – espécie de great-coat1 inglês que a
imitação das modas britânicas tinha tornado familiar nos nossos bivaques2.
Trazia-o desabotoado e descaído para trás, porque a noite não era fria; e
via-se por baixo elegantemente cingida ao corpo a fardeta parda dos caçadores,
realçada de seus característicos alamares3 pretos e avivada de
encarnado...
Uniforme tão militar, tão nacional, tão caro a nossas
recordações – que essas gentes, prostituidoras de quanto havia nobre, popular e
respeitado nesta terra, proscreveram4 do exército... por muito
português de mais talvez! deram-lhe baixa para os beleguins5 da
alfândega, reformaram-no em uniforme da bicha6!
Não pude resistir a esta reflexão: as amáveis leitoras me
perdoem por interromper com ela o meu retrato.
Mas quando pinto, quando vou riscando e
colorindo as minhas figuras, sou como aqueles pintores da Idade Média que
entrelaçavam nos seus painéis dísticos de sentenças, fitas lavradas de
moralidades e conceitos... talvez porque não sabiam dar aos gestos e atitudes
expressão bastante para dizer por eles o que assim escreviam, e servia a pena
de suplemento e ilustração ao pincel... Talvez: e talvez pelo mesmo motivo caio
eu no mesmo defeito...
Será; mas em mim é irremediável, não sei pintar de outro modo.
Voltemos ao nosso retrato.
Os olhos pardos e não muito grandes, mas de uma luz e viveza
imensa, denunciavam o talento, a mobilidade do espírito – talvez a
irreflexão... mas também a nobre singeleza de um carácter franco, leal e
generoso, fácil na ira, fácil no perdão, incapaz de se ofender de leve, mas
impossível de esquecer uma injúria verdadeira.
Almeida Garrett, Viagens na Minha Terra, 2.ª ed.,
Lisboa, Portugália, 1963, pp. 148-149.
– Meu pai! Não meta este senhor em maiores trabalhos! – disse
Mariana.
– Não tem dúvida, menina – atalhou Simão; – eu é que não quero
meter ninguém em trabalhos. Com a minha desgraça, por maior que ela seja, hei
de eu lutar sozinho.
João da Cruz, assumindo uma gravidade de que a sua figura
raras vezes se enobrecia, disse:
– Senhor Simão, Vossa Senhoria não sabe nada do mundo. Não
meta sozinho a cabeça aos trabalhos, que eles, como o outro que diz, quando
pegam de ensarilhar um homem, não lhe deixam tomar fôlego. Eu sou um rústico;
mas, a bem dizer, estou naquela daquele que dizia que o mal dos seus burrinhos
o fizera alveitar7. Paixões, que as leve o diabo, e mais quem com
elas engorda. Por causa de uma mulher, ainda que ela seja filha do rei, não se
há de um homem botar a perder8. Mulheres há tantas como a praga, e
são como as rãs do charco, que mergulha uma, e aparecem quatro à tona d’água.
Um homem rico e fidalgo como Vossa Senhoria, onde quer, topa uma com um palmo
de cara como se quer, e um dote de encher o olho. Deixe-a ir com Deus ou com a
breca, que ela, se tiver de ser sua, à mão lhe há de vir dar, e tanto faz andar
pra trás como pra diante, é ditado dos antigos. Olhe que isto não é medo,
fidalgo; tome sentido, que João da Cruz sabe o que é pôr dois homens duma feita
a olhar o sete-estrelo9, mas não sabe o que é medo. Se o senhor quer
sair à estrada e tirar a tal pessoa ao pai, ao primo, e a um regimento, se for
necessário, eu vou montar na égua, e daqui a três horas estou de volta com
quatro homens, que são quatro dragões.
Simão fitara os olhos chamejantes nos do ferrador, e Mariana
exclamara, ajuntando as mãos sobre o seio:
– Meu pai! não lhe dê esses conselhos!…
– Cala-te aí, rapariga! – disse mestre João. – Vai tirar o
albardão10 à égua, amanta-a, e bota-lhe seco. Não és aqui chamada.
– Não vá aflita, senhora Mariana – disse Simão à moça, que se
retirava amargurada. – Eu não aproveito alguns dos conselhos de seu pai. Ouço-o
com boa vontade, porque sei que quer o meu bem; mas hei de fazer o que a honra
e o coração me aconselhar.
Camilo Castelo Branco, Amor de Perdição,
edição de Aníbal Pinto de Castro, Porto, Caixotim, 2006, pp. 194-195.
notaS
1 great-coat – espécie de sobretudo; casaco comprido. || 2
bivaques – modalidade de estacionamento de tropas em que estas se alojam
em tendas de campanha ou abrigos improvisados. || 3 alamares
– cordões metálicos que guarnecem, pela frente, uma peça de vestuário, de um
lado ao outro da abotoadura. || 4 proscreveram – baniram;
afastaram. || 5 beleguins – oficiais de justiça. || 6
uniforme da bicha – uniforme de aspirante a oficial. || 7 alveitar
– referência a alguém cujo conhecimento assenta na experiência de vida; aquele
que trata de doenças de animais, sem diploma legal. || 8 botar a
perder – deitar a perder. || 9 sete-estrelo – grupo de
estrelas na constelação das Plêiades; as estrelas. || 10 albardão
– sela grande; assento grosseiro que se coloca no dorso da cavalgadura para a
montar.
* 4. O «oficial» e Simão
apresentam características que permitem defini-los como heróis românticos.
Explique o modo como uma dessas características, comum a ambas as personagens,
se manifesta em cada uma delas. Na sua resposta, comece por identificar a característica
comum às personagens.
* 5. O narrador, num caso, e
João da Cruz, no outro, exprimem opiniões sobre o que observam no mundo em que
vivem. Explicite uma opinião defendida por cada um deles.
6. Selecione a opção de
resposta adequada para completar as afirmações abaixo apresentadas.
Nos excertos transcritos, é possível identificar
características das narrativas do Romantismo.
Por exemplo, no excerto de Viagens na Minha Terra, o
narrador interrompe o retrato da personagem para introduzir reflexões.
Terminadas essas reflexões, afirma «Voltemos ao nosso retrato.» (linha 25),
expressão através da qual se dirige ____________.
Por seu lado, no excerto de Amor de Perdição, é
percetível a diferença de classe social das personagens, entre outros aspetos,
através ____________.
(A) às leitoras … do registo
de língua usado por João da Cruz
(B) ao «oficial» … da altivez
revelada por Simão
(C) às leitoras … da altivez
revelada por Simão
(D) ao «oficial» … do registo de língua usado por João da Cruz
Podes ver características do herói romântico na p. 403.
Responde a 4.
Na pergunta 4: identificação de uma característica de herói
romântico comum aos dois excertos + explicar como essa característica se revela
em cada um dos excertos:
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Depois de vermos pequenos trechos destes episódios de 1986, preenche a tabela em baixo:
https://www.rtp.pt/play/p4460/e599390/1986;
https://www.rtp.pt/play/p4460/e599399/1986;
https://www.rtp.pt/play/p4460/e599407/1986;
https://www.rtp.pt/play/p4460/e599408/1986.
1986 — Patrícia (e Sérgio) |
Amor de Perdição — Mariana (e Simão) |
Há mensagens de paixão não assumida |
|
Por exemplo, os escritos nas
______ da então Escola Secundária de Benfica. |
Por exemplo, o ______ de Mariana
ao ver o sangue de Simão. |
Outros, sem querer, adivinham a paixão escondida |
|
Depois de assistir a uma discussão
entre Sérgio e Patrícia, Tiago comenta: «Vocês parecem um casal de ________».
|
Depois de a filha desmaiar, João
da Cruz assinala, brincando, a sua exagerada ________ perante a ferida de
Simão. |
Pais são adjuvantes |
|
Pai de Sérgio, representado por
Nuno Markl, transporta mesa depois de convencer direção da Escola Secundária
de Benfica de que se tratava de expediente para, mais tarde, melhorar o
mobiliário do importante ________ de ensino. |
João da Cruz, ao valorizar a filha
relativamente às «fidalgas», ao dar-lhe o encargo de apoiar o enfermo,
favorece proximidade de Mariana e Simão. Além disso, depois de assassinado o
ferrador, é a _______ que vai ajudar Mariana a consagrar-se ao apoio a Simão. |
As apaixonadas são como irmãs ou colegas,
dedicam-se ao seu amor sem exigir reciprocidade |
|
Coleção de cromos, despiques sobre
gostos musicais ou sobre o Jornal do Incrível mostram que Patrícia
aceita desempenhar esse papel de simples colega, companheira dos lazeres,
ainda que vão surgindo «arrufos de _______». |
É o próprio Simão que trata
Mariana por «minha irmã», ao mesmo tempo que descarta qualquer outro tipo de
relação («Pudesse eu ser o ______ de sua filha», diz ele para João da Cruz). |
As duas apaixonadas ajudam as rivais |
|
Patrícia vai ouvindo os projetos
de Sérgio relativamente à loira desconhecida, disfarçando a contrariedade,
troçando dele mas colaborando nos seus planos (cujo conhecimento servirá o
seu propósito). É ______ de Sérgio acerca dos seus anseios quanto à putativa
amante. |
Mariana apoia sempre Simão no amor
por Teresa, por exemplo, levando e trazendo correspondência. O ciúme que
sente não a leva a agir contra quem ama aquele que ela ama. É a ______ de
Simão acerca do seu amor por Teresa. |
Apaixonadas revelam tardiamente a sua paixão |
|
Patrícia nada diz a Sérgio até ao
dia das eleições; nessa altura aparece ela no encontro marcado, em vez da
_____. Sérgio percebe finalmente os sentimentos de Patrícia, aceita a sua
aproximação, parece esquecer a loira e acolhe bem a nova situação. |
A partir de certa altura, Mariana
assume que, mesmo sem ser a escolhida por Simão, quer estar sempre a seu
lado. Simão percebe que ela o ama, quer _____ de alterar assim a vida por
ele, mas nem por isso a impede de continuar a seu lado. |
As apaixonadas acabam por ficar ao lado do seu
herói |
|
No dia das
eleições e do encontro crucial, Patrícia cumpre o desejo de ______ Sérgio. O
elemento masculino do par parece acomodar-se à situação sem mostrar demasiada
surpresa. |
No dia do
lançamento do cadáver ao mar, Mariana cumpre o desejo de não ______ Simão. O
elemento masculino do par parece acomodar-se à situação sem mostrar demasiada
surpresa. |
E, afinal, qual é o verdadeiro par romântico (no sentido de par de «heróis românticos») de 1986?
Quem luta contra o que esperam deles, enfrentando o senso comum? Quem tem
preocupações com a liberdade, a sua e a dos outros? Quem quebra barreiras
sociais (ou, neste caso, de papel profissional)?
É
o par {escolhe, circundando:} Marta-Tiago, Patrícia-Sérgio,
Mariana-Gonçalo, Eduardo-Alice.
TPC — Vê o que tentarei deixar na Classroom / no blogue
acerca de leituras (para que quem queira possa ir aproveitando já estes dias
que aí vêm).
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