Monday, September 09, 2024

Aulas (41-61)

 

Aula 41 (19 [1.ª], 21/nov [4.ª]) Correção de questionário de gramática.

Solução do questionário de gramáticaVersão com cão King a alertar a aldeia

Kamela (< Kamala + camela)

amálgama

dossiê (< fr. dossier)

empréstimo

Santi (< Santiago)

truncação

IVA (pronunciado iva)

acrónimo

vírus [informática] < vírus

extensão semântica

zumbido

onomatopeia

Ota (< Otamendi)

truncação

domótica (< domos [‘casa’] + informática)

amálgama

SLB (pronunciado esseelebê)

sigla

 

O cão King alertou a aldeia.

perfetivo

O King é o herói da aldeia.

genérico

O King costuma seguir a dona por toda a parte.

habitual

Olímpia andava a passear pelos campos.

imperfetivo

Olímpia tem revelado, nestes últimos meses, múltiplos sinais de Alzheimer.

iterativo

 

Comerei o chocolate.

Comê-lo-ei.

Amas Georgina?

Ama-la?

Copia a frase.

Copia-a.

 

O vestido transparente de Ana Moura provocou celeuma.

modificador restritivo do nome

Não tremas, Terra, porque não queremos mais um terremoto.

vocativo

Fábio Loureiro fugiu para Marrocos.

complemento oblíquo

Os jornalistas elegeram Rodri bola de ouro.

predicativo do complemento direto

Desenlacemos as mãos.

predicado

Delegados e subdelegados nomearam segunda suplente a Neves.

predicativo do complemento direto

A alteração do futebol do Benfica é mérito do turco Artur.

complemento do nome

O produtor de vinho está preocupado com a filoxera.

complemento do nome

Em Chaves, um cão matou uma criança.

modificador do grupo verbal

A Cova da Moura, que visitei há anos para fazer inquéritos dialetológicos, é pacata.

complemento direto

Em Valência, desapareceram bens e pessoas.

sujeito

Estão aí as intercalares.

sujeito

Mourinho, que os fãs admiram, usa a Uber Eats.

modificador apositivo do nome

A falecida avó do menino, que era de Faiões, também era muito boa pessoa.

sujeito

Fernando Valente, o principal suspeito, pode ser acusado até final do mês.

modificador apositivo do nome

Son, que o treinador do Tottenham substituiu inesperadamente, ficou surpreendido.

complemento direto

Quatro dos golos foram marcados por Gyökeres.

complemento agente da passiva

Os donos de carros andam preocupados com a violência gratuita.

predicativo do sujeito

Os alunos ultrapassaram-me na chegada ao bloco.

complemento direto

A Amorim os sportinguistas desejam muitas felicidades.

complemento indireto

Quando chover como em Valência, Lisboa sofrerá.

modificador do grupo verbal

O afilhado de Marco Paulo ficou podre de rico.

predicativo do sujeito

Na Europa consideram-nos muito simpáticos.

complemento direto

Solução do questionário de gramática Versão com cão a atacar criança

chave [‘solução’] < chave, ‘instrumento que abre portas, cofres, etc.’

extensão semântica

TAP (pronunciado tape)

acrónimo

ronronar

onomatopeia

Mada (< Madalena)

truncação

nega (< negativa)

truncação

Chalanix (< Chalana + Asterix)

amálgama

ateliê (< fr. atelier)

empréstimo

TPC (pronunciado tepecê)

sigla

espanglês (< espanhol + inglês)

amálgama

 

Em Faiões, a criança foi atacada pelo cão.

perfetivo

A Judiciária está a investigar a morte da criança.

imperfetivo

A família costumava visitar os avôs sempre que possível.

habitual

Esta raça de cães tem ocasionado todas as semanas notícias tristíssimas.

iterativo

A cadela é do avô do menino.

genérico

 

Amaria Lídia.

Amá-la-ia.

Entrega a folha.

Entrega-a.

Bebes a cerveja?

Bebe-la?

 

A decisão sobre telemóveis está para breve.

complemento do nome

Abriguem-se, alunos, porque vem aí um exercício de prevenção.

vocativo

Designaram Marta Baptista representante dos alunos no Conselho Geral.

predicativo do complemento direto

Os adeptos leoninos culpam Varandas pela venda de Amorim ao MU.

complemento do nome

Georgina só agora regressou do hospital.

complemento oblíquo

Os dragartos acharam Bruno Lage uma ótima escolha.

predicativo so complemento direto

Dentro de poucos dias começam umas pequenas férias.

sujeito

As cheias em Barcelona preocupam-nos.

complemento direto

Nunca deu problemas o cão que matou o bebé.

sujeito

O homem que matou a sua companheira não sabe o que lhe passou pela cabeça.

modificador restritivo do nome

Durante as eleições para a Associação, a escola fica caótica.

predicativo do sujeito

Odair, que abalroou uma data de automóveis, corria como se não houvesse amanhã.

sujeito

Matilde Mourinho, que é joalheira, casou-se em Azeitão.

sujeito

Mourinho, que os fãs adoram, encomenda muita coisa pela Uber Eats.

complemento direto

Filomena Silva, a tia da grávida da Murtosa, passou dias e dias sem dormir.

modificador apositivo do nome

Porque há eleições para a AE, a escola está barulhenta.

modificador do grupo verbal

O orçamento de estado foi aprovado pela maioria dos deputados.

complemento agente da passiva

Na prisão de Vale de Judeus, os telemóveis são mais que muitos.

modificador do grupo verbal

Ao Sporting só pagam a cláusula.

complemento indireto

A grávida da Murtosa continua desaparecida.

predicativo do sujeito

Abraço-te por mais este bom resultado.

complemento direto

Vem sentar-te comigo.

predicado

A saia azul de Kim custou milhares de euros.

modificador restritivo do nome

A parte B do Grupo I da prova de exame de Português mais recente (2024, 2.ª fase) aproveitava uma ode de Ricardo Reis. (A parte A do mesmo Grupo I usava um texto de A Cidade e as Serras, de Eça de Queirós; a parte C — ou item 7 — pedia uma «breve exposição» em que se compararia uma pintura de René Magritte e o texto da parte A.)

PARTE B

Leia o poema e as notas.

 

As rosas amo dos jardins de Adónis1,

Essas volucres2 amo, Lídia, rosas,

               Que em o dia em que nascem,

               Em esse dia morrem.

5             A luz para elas é eterna, porque

Nascem nascido já o sol, e acabam

               Antes que Apolo3 deixe

               O seu curso visível.

Assim façamos nossa vida um dia,

10           Inscientes4, Lídia, voluntariamente

               Que há noite antes e após

               O pouco que duramos.

Ricardo Reis, Poesia, edição de Manuela Parreira da Silva, Lisboa, Assírio & Alvim, 2000, pp. 13-14.

NOTAS

1 Adónis – jovem da mitologia grega, símbolo de beleza masculina.

2 volucres – efémeras.

3 Apolo – deus grego do sol.

4 Inscientes – ignorantes.

* 4. Explicite a importância da referência aos elementos da natureza para o desenvolvimento do pensamento do sujeito poético.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

[Solução possível:

As rosas representam a efemeridade da vida. São «volucres» (v. 2), pois, «em o dia em que nascem» (v. 3), morrem, pelo que ilustram o carácter transitório da existência. Por outro lado, uma vez que «nascem nascido já o Sol» (v. 6) e perecem antes que ele se ponha, «a luz para elas é eterna» (v. 5), o que deve inspirar os humanos a aproveitarem moderadamente a vida, conscientes da sua finitude, semelhante à de «um dia» (v. 9) das rosas.

O curso diurno do sol representa a duração da vida: para a rosa, um dia; para o ser humano, uma passagem efémera («O pouco que duramos» v. 12).]

* 5. Explique os quatro últimos versos do poema, tendo em conta o ideal de vida defendido pelo sujeito poético.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

[Solução possível:

Face à constatação da efemeridade da vida, o sujeito poético aconselha Lídia a que viva o momento presente («Assim façamos nossa vida um dia» v. 9), de acordo com o princípio epicurista do carpe diem, único caminho para a felicidade e para a ausência de dor, assumindo uma atitude de indiferença face à passagem do tempo, num esforço de autodisciplina. Exorta-a a assumir uma atitude deliberada de aceitação da efemeridade da vida e da inevitabilidade da morte («há noite antes e após / O pouco que duramos» vv. 11-12).]

6. Complete as afirmações abaixo apresentadas, selecionando a opção adequada a cada espaço. Na folha de respostas, registe apenas as letras – a) e b) – e, para cada uma delas, o número que corresponde à opção selecionada.

No poema apresentado, constata-se o classicismo da poesia de Ricardo Reis, nomeadamente através do recurso à _______ [a)], nos versos 7 e 8. O carácter moralista da poesia deste heterónimo pessoano é indiciado pelo uso de verbos conjugados na primeira pessoa do modo conjuntivo, como ocorre _______ [b)]

a)

b)

1. perífrase

2. hipérbole

3. metonímia

1. no verso 12

2. no verso 1

3. no verso 9

 

 

Aula 42-43 (25 [3.ª], 26 [4.ª], 28/nov [1.ª]) Correção de comentário a «O avô e o neto».

[Solução possível para comentário a «O avô e o neto»:

               O poema configura uma narrativa, uma vez que recria um episódio com personagens (avô e neto), as suas ações e as suas falas.

               É possível delimitar dois momentos: as três primeiras estrofes centram-se na reação emotiva do avô, «ao ver o neto a brincar» (v. 1); as três seguintes focam essencialmente o neto e a naturalidade da sua brincadeira e das suas palavras.

               O sujeito poético narra uma situação ilustrativa da nostalgia da infância. O avô, «ao ver o neto a brincar» (v. 1), sente uma tristeza motivada pelas saudades do seu tempo de criança e deseja poder voltar a esses momentos (vv. 3-6). Ao recordar o passado, lembra a tristeza inocente que advinha da desconstrução dos seus castelos de brincar. Associam-se, assim, uma tristeza presente relativa ao passado e a recordação de uma tristeza vivida nesse passado.

               A fala do neto revela a inocência típica das crianças, ao pensar que o choro do avô se deve à queda da construção. ]

Vamos conhecer mais uma «linha temática» das que se têm convencionado para o estudo de Fernando Pessoa em nome próprio (isto é, ortónimo) e que no manual vem designada como ‘sonho e realidade’ (pp. 38-41).

Na p. 38, lê «Às vezes, em sonho triste».

As estrofes são {escolhe, mas no futuro terás de saber de cor estes nomes} dísticos / tercetos / quadras / quintilhas / sextilhas / setilhas / oitava / novena ou nona / décima.

Quantas rimas diferentes há em cada estrofe? Há ______, exceto no caso da terceira estrofe, em que teríamos um esquema rimático __-__-__-__-__.

Vê, no entanto, este detalhe do manuscrito de Pessoa e propõe uma nova decifração do v. 13 do poema (ou v. 3 da estrofe em causa), tendo em conta o esquema rimático mais esperável:



O verso que Pessoa efetivamente escreveu foi . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Faz a divisão em sílabas métricas do verso que corresponda ao teu número de pauta (se fores de 21 em diante, subtrai vinte, escolhendo o v. 1, depois o v. 2, etc.); e classifica o verso em termos de métrica: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Responde às perguntas 1 a 4 no manual, completando as respostas que já pus.

1. Ao longo do poema, o sujeito poético descreve um «país» imaginado. Comprova o carácter idealizado desse lugar.

Ao longo do poema, descreve-se um «país» _______, que existe apenas «em sonho triste» (v. 1) e como resposta aos «desejos» (v. 2) do ______ poético. Trata-se de um espaço sem existência ____, acessível apenas nos momentos de «longínquo divagar» (v. 15).

2. Seleciona a opção de resposta adequada para completar as afirmações. [Vê as alíneas com as alternativas no manual]:

O vocabulário utilizado no texto contribui para acentuar o carácter onírico do local descrito. Assim, o advérbio «longinquamente» (v. 3) assinala ______ entre a existência concreta do «eu» e o «país» sonhado, cuja irrealidade é reforçada através do adjetivo _____.

3. Explicita o modo como é vivida a passagem do tempo, tendo em conta a segunda estrofe do poema.

De acordo com a segunda estrofe, a experiência da passagem do tempo é marcada pela espontaneidade ou ______ — «Vive-se como se nasce / Sem o querer nem saber» (vv. 6-7) — e pela _____ cíclica da vida — «O tempo morre e renasce / Sem que o sintamos correr.» (vv. 9-10). Deste modo, tratando-se de um tempo circular, não-linear, não há consciência da sua _______.

4. Identifica o recurso expressivo presente no verso 17 — «É uma infância sem fim.» — e relaciona o seu valor com as características do «país» descrito ao longo do poema.

A ______, associando a existência no país onírico a uma «infância» ilimitada, resume o ambiente de felicidade e de ingenuidade que o sujeito poético imagina, num espaço/tempo marcado pela ______ de pensamentos e pela inocência próprios da meninice.

Usaremos a prova de exame de 2019 (1.ª fase), que aproveitava um texto igualmente «catalogado» como sobre ‘sonho e realidade’. Responde aos três itens que constituíam a Parte A do Grupo I — no caso do item 2 podes aproveitar na tua resposta o que, nos «Critérios de classificação», se recomendava como tópicos alegáveis, ainda que, de qualquer modo, tenhas de compor essa síntese em texto e possas acrescentar ideias tuas.

Bem sei que há ilhas lá ao sul de tudo

Onde há paisagens que não pode haver.

Tão belas que são como que o veludo

Do tecido que o mundo pode ser.

 

5             Bem sei. Vegetações olhando o mar,

Coral, encostas, tudo o que é a vida

Tornado amor e luz, o que o sonhar

Dá à imaginação anoitecida.

 

Bem sei. Vejo isso tudo. O mesmo vento

10           Que ali agita os ramos em torpor

Passa de leve por meu pensamento

E o pensamento julga que é amor.

 

Sei, sim, é belo, é longe, é impossível,

Existe, dorme, tem a cor e o fim,

15           E, ainda que não haja, é tão visível

Que é uma parte natural de mim.

 

Sei tudo, sei, sei tudo. E sei também

Que não é lá que há isso que lá está.

Sei qual é a luz que essa paisagem tem

20          E qual a rota que nos leva lá.

Fernando Pessoa, Poesia do Eu, edição de Richard Zenith, 2.ª ed., Lisboa, Assírio & Alvim, 2008, pp. 314-315.

1. Nas três primeiras estrofes, o sujeito poético descreve um lugar idealizado. Apresente duas características desse espaço e exemplifique cada uma delas com uma transcrição pertinente.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

2. Explique o conteúdo dos versos 3 e 4 e relacione-o com a temática pessoana em evidência no poema.

[tópicos nos «Critérios de classificação», sobre o item 2:

Devem ser abordados os tópicos seguintes, ou outros igualmente relevantes:

comparação entre a beleza das ilhas e o «veludo», para sugerir a suavidade/a felicidade que o mundo pode proporcionar, se existir harmonia/se a tessitura dos seus elementos for harmoniosa;

enquadramento na temática do sonho e da realidade, na medida em que as ilhas imaginadas permitem ao sujeito poético vislumbrar um mundo de plenitude a que, no entanto, só pode aceder através do sonho. ]

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

3. Explicite dois sentidos das anáforas e das suas variantes (versos 1, 5, 9, 13, 17 e 19), tendo em conta o desenvolvimento temático do poema.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

[copiar:

As anáforas «Bem sei» (vv. 1, 5, 9) sublinham a certeza de que o espaço descrito é um espaço de felicidade, mas também de que, sendo fruto do sonho, é inacessível.

Já nas estrofes finais, a repetição de «Sei» (vv. 13, 17, 19), aliás ele próprio reforçado («Sei, sim», v. 13; «Sei, sei, sei tudo», v. 17»; e «sei também», v. 17), realça a afirmação de que o sonho é inerente à essência do sujeito poético.]

TPC — Lê «Leituras de livros» (no blogue ou via classroom). Depois, diz-me qualquer coisa ou escreve-me ainda em novembro.

 

 

Aula 44 (26 [1.ª], 27 [3.ª], 28/nov [4.ª]) A Parte B do Grupo I da prova nacional de Português deste ano (2024, 1.ª fase) usou um texto de Álvaro de Campos que tem que ver com a nostalgia da infância (que já conhecemos quer no ortónimo quer, precisamente, em Álvaro de Campos).

PARTE B

Leia o poema.

Depus a máscara e vi-me ao espelho...

Era a criança de há quantos anos...

Não tinha mudado nada...

 

É essa a vantagem de saber tirar a máscara.

5             É-se sempre a criança,

O passado que fica,

A criança.

 

Depus a máscara, e tornei a pô-la.

Assim é melhor.

10           Assim sou a máscara.

 

E volto à normalidade como a um términus de linha.

Álvaro de Campos, Poesia, edição de Teresa Rita Lopes, Lisboa, Assírio & Alvim, 2002, p. 514.

*4. Explique a importância da máscara na construção da dualidade do sujeito poético, tal como é apresentada ao longo do poema.

*5. Depois de tirar a máscara, o sujeito poético opta por tornar a pô-la.

Justifique essa opção, com base em dois aspetos significativos.

6. Considere as afirmações seguintes sobre o poema.

I. O ato de se ver ao espelho sugere o desejo de autoconhecimento por parte do sujeito poético.

II. O sujeito poético anseia voltar a viver o seu tempo de infância.

III. A coexistência de versos longos e de versos curtos contribui para o ritmo do poema.

IV. O recurso às reticências, no verso 3, indicia a frustração sentida pelo sujeito poético.

V. No texto, evidenciam-se características da linguagem poética de Álvaro de Campos, como a liberdade formal e o uso de anáforas.

Identifique as três afirmações verdadeiras. Escreva, na folha de respostas, os números que correspondem às afirmações selecionadas.

Depois de vermos parte do segundo episódio de O Programa do Aleixo, série 2, na linha sob os constituintes destacados identifica a função sintática que desempenham.

Na Rússia, uma mulher sobreviveu ao ataque de um urso polar.

________                                              _____________________

 

Os ursos polares são os branquinhos,  Busto.

                                       ____________     ____

 

Como os ursos são branquinhos, toda a gente lhes quer fazer festinhas.

                                                                                    ___                  ________

 

Ø [Eu]                        Sempre soube que os ursos polares eram os mais perigosos.

Sujeito (subentendido)                       _________________________________

 

O Busto julga-se     mais biólogo do que os outros.

                         ___     ______________________

 

Diz-me o nome da tua rede wireless para eu me ligar à internet.

       ___                                                    _____________________

 

O nome que eu tinha era «BrunoAleixo2000» e a internet estava lenta.

               __________                                                                                ____

 

Olha, chegou o Bussaco.

                      _________

 

Os ursos polares não caem em truques básicos.

______________                ________________

 

Fui para o Polo Norte   a pé.

      _____________    ____

 

Eu acho que a minha prima deve ser boa.

              __________________________

 

O Nélson acha a prima    boa.

                         _______    ___

Já conheces textos «deambulatórios». Lemos o ano passado poemas de Cesário Verde em que o sujeito poético vai observando o contexto e refletindo sobre ele, ou pensando em si próprio, à medida que passeia pela cidade. Alberto Caeiro também poderia escrever textos assim, ainda que observando paisagens campesinas (e evitando refletir muito ou, pelo menos, dizendo-nos que não refletiria). Podemos criar texto no mesmo estilo, de quem vai andando (e pensando), mas em prosa — ou em prosa quase poética.

Escreve texto com características de prosa poética deambulatória. O narrador passeia pela cidade e vai observando e refletindo.

Cada período deve ter mais uma palavra que o anterior. Um dos critérios para aferir qualidade do resultado é não se perceber que havia algum constrangimento formal.

Exemplo:

Passeio. Melhor, divago. Erro sem destino. Vou não sei aonde. Esta Lisboa que observo assusta-me. E, no entanto, conheço-a desde criança.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

TPC — Termina as frases iniciadas em aula e trá-las na próxima aula.

 

 

Aula 45-46 (28 [3.ª], 29/nov [1.ª, 4.ª]) Correção dos «Lembro-me».

O tepecê da aula 27-28 foi lerem um questionário resolvido sobre «Se eu pudesse trincar a terra toda», o poema XXI de «O Guardador de Rebanhos», de Alberto Caeiro, nas pp. 58-59. Voltamos a esse poema, para completares estas respostas que já iniciei.

1. Para o sujeito poético, a sensação é tudo, valorizando a perceção das coisas tais como são. Transcreve do poema expressões que provem que os sentidos estão em atividade.

Para o sujeito poético, é vital sentir, afirmando mesmo que seria mais feliz “se ________” (v. 3). Neste poema, é evidente a valorização das sensações, como se pode constatar através das expressões “________” (v. 2), “Nem tudo é dias de sol” (v. 8), “montanhas e planícies” (v. 12), “________” (v. 16) e “o poente é belo” (v. 19). Sendo Caeiro um poeta do “olhar”, verifica-se que dá especial realce às _________.

2. O sujeito poético olha o mundo com naturalidade e simplicidade. Explica a influência desta atitude no modo de sentir a vida.

O sujeito poético aceita as coisas tais como elas são, valorizando a diferença na _____ (“montanhas e planícies”, “rochedos e ervas”, vv. 12-13) e os momentos bons e maus da vida (“_______”, v. 6; “E que o poente é belo e é bela a noite que fica”, v. _). Assim, considera que os aspetos menos agradáveis da Natureza e da vida são uma realidade que é necessário sentir e viver.

3. Com o verso “Sentir como quem olha” (v. 16), sintetizam-se algumas características da poesia de Alberto Caeiro. Refere-as.

Partindo do verso “Sentir como quem olha” (v. 16), podem apontar-se algumas características da poesia de Alberto Caeiro, nomeadamente: o interesse exclusivo pela realidade e pela observação das coisas ______ da vida; a importância de experimentar o mundo através dos ______; a felicidade advinda da visão calma e clara do que o rodeia; o sensacionismo, sendo boas as ______ por serem naturais; a valorização da simplicidade e a visualização/perceção das coisas como elas ____.

4. Relaciona o último verso com a mensagem global do poema.

[copiar:]

O último verso sintetiza a aceitação harmoniosa da ordem da Natureza e das vivências humanas. Para o sujeito poético, viver implica aceitar pacificamente a existência e o mundo tal como se apresentam, sem os questionar. Ou seja, “[o] que é preciso é ser-se natural e calmo” (v. 14), seguindo o curso dos acontecimentos, sem refletir sobre eles.



Usando os verbetes de ‘terra’ e ‘Terra’ — do Grande Dicionário Língua Portuguesa (Porto Editora, 2004) —, escolhe a aceção de «terra» presente nas seguintes ocorrências:

ocorrência de «terra»

significado

poema de Alberto Caeiro na p. 58, v. 1

 

poema de Alberto Caeiro na p. 62, v. 1

 

poema de Alberto Caeiro na p. 62, v. 2

 

poema de Jorge de Sena, p. 63, terceira palavra do v. 1

 

poema de Jorge de Sena, p. 63, sexta palavra do v. 1

 

no poema de Jorge de Sena, p. 63, v. 4

 

no poema de Jorge de Sena, p. 63, v. 10

lugar onde se nasceu (aceção 4 de ‘terra’)

no poema de Jorge de Sena, p. 63, v. 13

 

no poema de Jorge de Sena, p. 63, v. 14

 

Vê os verbetes (na outra folha), classifica o processo de formação e indica a etimologia:

palavra

processo de formação

etimologia

terracota

empréstimo

do italiano terracotta

terrada1

derivada por sufixação

de terra + -ada

terrada2

 

 

terra-inglesa

 

 

terra-nova

 

 

terrão

 

 

terreal

 

 

terrear

 

 

terreiro

 

 

terrento

 

 

Resolve o item 3 da p. 63:

3.        Quer no poema de Alberto Caeiro quer no de Jorge de Sena a descrição dos espaços é feita com recurso a artifícios que salientam, por um lado, a identificação do sujeito poético com um dos locais, notória na utilização do ______ (a) em ambos os textos, e, por outro lado, uma visão crítica da cidade.

No texto B, essa visão crítica é reforçada pelo uso da ______ (b) e alargada ao contexto sociopolítico do poema (1947) nos ______ (c).

Alguns tens de exame em torno de Aspeto ou Modalidade (todos do grupo II):

[2019, 1.ª fase]

7. Indique a modalidade e o valor modal expressos em «temos de ser capazes de reconhecer, imaginativamente, os erros e as incongruências» (linhas 15 e 16)

__________________

[2019, 2.ª fase]

7. Indique o valor aspetual veiculado por cada uma das expressões seguintes: a) «Quando eu era pequeno tinha a Gija» (linhas 20 e 21); b) «Desapareceu da minha vida de repente» (linhas 22 e 23).

__________________

[2018, 1.ª fase]

5. As formas verbais presentes em «A intraduzibilidade de um termo é normal.» (linha 1) e em «Assim, o termo ganhou uma extensão invulgar» (linha 20) têm, respetivamente, um valor aspetual

(A) genérico e perfetivo. | (B) iterativo e perfetivo. | (C) genérico e imperfetivo. | (D) iterativo e imperfetivo.

[2018, 2.ª fase]

4. No excerto compreendido entre «Considera negativamente» (linha 22) e «de abuso» (linha 23) [«Considera negativamente a violência em todas as suas formas. A nossa sociedade eliminou as formas mais brutais de abuso.»], as formas verbais têm, respetivamente, um valor aspetual

(A) genérico e iterativo. | (B) perfetivo e iterativo. | (C) imperfetivo e genérico. | (D) genérico e perfetivo.

5. As frases «E não restam dúvidas de que, em boa medida, as suas observações têm fundamento.» (linha 18) e «Talvez sejamos hipócritas» (linha 32) exprimem a modalidade epistémica

(A) com valor de probabilidade, no primeiro caso, e com valor de certeza, no segundo caso.

(B) com valor de probabilidade, em ambos os casos.

(C) com valor de certeza, em ambos os casos.

(D) com valor de certeza, no primeiro caso, e com valor de probabilidade, no segundo caso.

Os dois poemas enquadrados a cor de rosa são disfóricos relativamente a espaços de que tratam. No texto de Caeiro, isso só acontece na segunda estrofe. No texto de Sena há sempre disforia, mas talvez com dois focos diferentes. Desenvolve esta ideia. Inclui citações. A caneta.

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TPC — Lê «Leituras de livros» (blogue ou classroom). Digam-me/Escrevam-me ainda em novembro.

 

 

Aula 47-48 (2 [3.ª], 3 [4.ª], 5/dez [1.ª]) Correções a comentário sobre Sena vs. Caeiro e/ou tepecê com frases deambulatórias.

Não abras o manual. Dentro dos envelopes estão recortes com versos de um poema de Fernando Pessoa, ortónimo, que tentarás ordenar corretamente. O poema tem rima, mas não tem métrica regular nem as estrofes têm número de versos idêntico (há um terceto, uma quintilha, outro terceto, uma quadra, outra quadra, um dístico final).

O esquema rimático já distribuído pelas estrofes é o que ponho a seguir. Outra uma ajuda: a rima A é -ia. A rima B é -iste.

A / A / A // B / C / D / C / B // E / D / E // F / G / H / E // F / I / J / H // J / H



[Já depois de vermos o poema no manual, na p. 44]

O poema é dado como ilustrativo da ‘nostalgia de infância’ no ortónimo. Porém, talvez consigamos ver laivos dos outros Pessoas aqui e ali. Copia versos que pudessem ser...

de Alberto Caeiro: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

de Ricardo Reis: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

de Álvaro de Campos: [todo o poema poderia ser do Campos da fase intimista, se se lhe retirasse a rima (e se acrescentasse algum momento mais disfórico)]

do Pessoa ortónimo da «dor de pensar»:  . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .


Propõe uma solução para rimas dos vv. 13 e 17, procurando torná-las numa única rima (mas fazendo o mínimo de alterações no resto do texto).

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Vai até à p. 215, para leres o poema «O sopro», de Ana Luísa Amaral, que está entre os quatro poetas pós-Pessoa estudados no manual (Miguel Torga, Alexandre O’Neill, Nuno Júdice, Ana Luísa Amaral). Responde aos itens da p. 216:

1. Fundamenta o recurso à conjunção adversativa no verso 16, atendendo ao desenvolvimento temático do poema.

A __________ introduz o momento em que o sujeito poético contrasta o «ar feliz» (v. 18) e despreocupado da ______ que observa, que brinca distraidamente com a asa da carteira, com a sua velhice e com o aspeto desgastado da indumentária que traz _______.

2. Explica de que forma o comportamento da «mulher» (v. 1) contrasta com a atitude das «pessoas» referidas na quinta estrofe.

A mulher age de forma _______ e espontânea, brincando com a asa da sua carteira, alheada da gravidade das «pessoas ______» (v. 19). Estas pousam as mãos «sobre o colo» (v. 21) e mantêm-se quietas, numa atitude de sisudez que os advérbios dos vv. 20-21 («______________», «seriamente») destacam e que contrasta com a brincadeira da mulher.

3. Apresenta uma interpretação para o título do poema.

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4. Seleciona a opção de resposta adequada para completar a afirmação.

De entre os vários processos que contribuem para imprimir ritmo ao poema, destaca-se a presença, em simultâneo, {circunda a alínea correta} (A) | (B) | (C) | (D)

As Pessoas (Os Azeitonas)

A vida não vai nada bem
Para a miúda do cabelo azul
O que é que a levou a pintar
O cabelo assim de azul
Será que são questões de pai
Ela a dizer olha pai
E ele de olhos no jornal
A dizer filha já vai
E ela de cabelo azul

 

O dia correu de feição
Para o cavalheiro ali atrás
Com cara de que tanto faz
Quem é que ganha as eleições
Tanto lhe dá se a nação
Cai nas mãos dos espanhóis
É como se dois e dois
Não fosse sequer questão
Para o cavalheiro ali atrás

 

As pessoas todas são iguais
E acham mesmo que as demais
Conspiram com outras que tais
Em vidas boas
Duradouros pactos ancestrais
De pessoas pedras e animais
Tirando a dessa pessoa
A vida é boa
E as pessoas são todas iguais

 

O homem do olhar obtuso
Põe as culpas na mulher
No governo, no país
Na tatuagem de ex-recluso
Sente ofensa pessoal
Pela indiferença boçal
Do cavalheiro ali atrás
E dava-lhe tanto faz
Ao indigente ali atrás

 

Aquela senhora de idade
Agarra com as duas mãos
A bolsa de napa marrom
Murmura um lamento sem som
Será que na bolsa marrom
Leva fotos tipo passe
Como se o tempo congelasse
No tempo em que o tempo era bom

A senhora duma certa idade 

As pessoas são todas iguais
E acham que as outras pessoas
Conspiram com outras que tais
Em vidas boas
Com sorrisos e sonhos boçais
Interagem com os demais
Tirando a dessa pessoa, a vida é boa
A vida é boa
E as pessoas são todas iguais

 

Escreve um poema, com estrutura estrófica semelhante à de «Sopro», que parta também da observação de uma personagem, mas que, depois, se vá afastando do retrato e ganhe um escopo cada vez mais subjetivo. Extensão dos versos pode assemelhar-se à do poema de Ana Luísa Amaral. E também não haverá rima.

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Aula 49 (3 [1.ª], 4 [3.ª], 5/dez [4.ª]) Vamos ver as partes B e C do Grupo I da prova de exame de 2023 (1.ª fase). A parte A apresentava três itens (1, 2, 3) todos com escrita e sobre dois textos de José Saramago (um de O ano da morte de Ricardo Reis; e outro de Memorial do Convento); esses três itens, de interpretação dos textos, eram para responder por todos os alunos, independentemente de terem estudado nas suas escolas O ano da morte ou o Memorial.

Parte B

Leia o poema e as notas.

                              Quem vê, Senhora, claro e manifesto1

               o lindo ser de vossos olhos belos,

               se não perder a vista só em vê-los,

               já não paga o que deve a vosso gesto2.

 

5                            Este me parecia preço honesto;

               mas eu, por de vantagem merecê-los,

               dei mais a vida e alma por querê-los,

               donde já me não fica mais de resto.

 

                              Assi que a vida e alma e esperança

10           e tudo quanto tenho, tudo é vosso,

               e o proveito disso eu só o levo.

 

                              Porque é tamanha bem-aventurança3

               o dar-vos quanto tenho e quanto posso

               que, quanto mais vos pago, mais vos devo.

Luís de Camões, Rimas, edição de A. J. da Costa Pimpão, Coimbra, Almedina, 1994, p. 125.

Notas

1 claro e manifesto – de forma clara e incontestável. | 2 gesto – rosto. | 3 bem-aventurança – grande felicidade.

* 4. Explicite, com base em dois aspetos significativos, o modo como o sujeito poético reage à figura feminina evocada no poema. Fundamente a sua resposta com transcrições pertinentes.

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[Solução possível:

O sujeito poético mostra fascínio pela beleza da Senhora, refletida nos seus olhos, ideia patente em «o lindo ser de vossos olhos belos, / se não perder a vista só em vê-los» (vv. 2 e 3).

A veneração pela amada leva o poeta a explicitar submeter-se-lhe, como fica evidente na entrega total do sujeito poético («tudo quanto tenho, tudo é vosso» – v. 10).

Note-se ainda a felicidade do sujeito poético, que deriva da sua entrega plena à amada («é tamanha bem-aventurança / o dar-vos quanto tenho e quanto posso» – vv. 12 e 13).]

* 5. Considere as afirmações seguintes sobre o soneto.

(A) O sujeito poético dirige-se à Senhora através de uma apóstrofe.

(B) A expressão «perder a vista» (verso 3) é usada com sentido metafórico.

(C) O sujeito poético arrepende-se de desejar algo cujo preço elevado o impede de saldar a                dívida.

(D) O poema ilustra o estilo engenhoso do poeta, nomeadamente no último terceto, quando recorre à antítese e ao paralelismo alcançado através do jogo de palavras.

(E) Entre a Senhora e o sujeito poético existe uma relação de igualdade.

Identifique as duas afirmações falsas.

6. Selecione a opção que completa corretamente a frase seguinte.

               Na segunda quadra, o sujeito poético pretende enfatizar

(A) a sua entrega incondicional, a fim de ser merecedor de admirar a beleza singular dos olhos da Senhora.

(B) o seu descontentamento por ter de pagar o «preço honesto» exigido a quem contempla a Senhora.

(C) o contraste entre o preço a pagar para contemplar a Senhora e a bem-aventurança que alcança.

(D) a ideia de que, ao dar a vida e a alma para ser merecedor da beleza da Senhora, se iguala aos outros.

PARTE C

Leia a cantiga de amor a seguir transcrita, tendo em vista o estabelecimento de uma comparação com o soneto camoniano apresentado na Parte B desta prova.

               A dona que eu am’e tenho por senhor

               amostrade-mi-a, Deus, se vos en prazer for1,

                              senom dade-mi2 a morte.

 

               A que tenh’eu por lume3 destes olhos meus

5             e por que choram sempr’, amostrade-mi-a, Deus,

                              senom dade-mi a morte.

 

               Essa que vós fezestes melhor parecer

               de quantas sei, ai, Deus!, fazede-mi-a veer4,

                              senom dade-mi a morte.

 

10           Ai Deus! que mi a fezestes mais ca mim amar5,

               mostrade-mi-a, u6 possa com ela falar,

                              senom dade-mi a morte.

Cantigas Medievais Galego-Portuguesas, Vol. I, edição de Graça Videira Lopes, Lisboa, Biblioteca Nacional de Portugal, 2016, pp. 151-152.

Notas

1 amostrade-mi-a, Deus, se vos en prazer for – mostrai-ma, Deus, se vos agradar. | 2 dade-mi – dai-me. | 3 lume – luz. | 4 fazede-mi-a veer – fazei-me vê-la. | 5 mi a fezestes mais ca mim amar – fizeste com que eu a amasse mais do que a mim próprio. | 6 u – onde.

* 7.        Escreva uma breve exposição na qual compare os poemas das partes B e C quanto às ideias expressas.

A sua exposição deve incluir:

uma introdução;

um desenvolvimento no qual explicite um aspeto em que os poemas se aproximam e um aspeto em que os poemas se distinguem;

uma conclusão adequada ao desenvolvimento do texto

[ Indicações do IAVE para os classificadores:

Relativamente a cada aspeto, deve ser abordado um dos tópicos seguintes, ou outro igualmente relevante.

Os poemas aproximam-se, na medida em que:

− ambos os sujeitos poéticos revelam uma profunda devoção pelas suas senhoras, o que se evidencia no facto de o sujeito poético do soneto de Camões descrever a amada como aquela a quem deu «a vida e alma e esperança / e tudo quanto tenho, tudo é vosso» (vv. 9 e 10), enquanto o sujeito poético da cantiga de amor descreve a amada como a luz dos seus olhos (v. 4) / aquela que ama mais do que a si mesmo (v. 10) / aquela a quem serve / presta vassalagem (v. 1);

− ambos os sujeitos poéticos enaltecem as damas por quem estão apaixonados, destacando a sua beleza, o que está patente no facto de o sujeito poético do soneto de Camões descrever a «Senhora» como alguém cujos olhos belos fascinam quem a vê («o lindo ser de vossos olhos belos, / se não perder a vista só em vê-los» – vv. 2 e 3), enquanto o sujeito poético da cantiga de amor descreve a amada como um ser criado por Deus, que a fez a mais bela de todas as mulheres (vv. 7 e 8).

Os poemas distinguem-se, na medida em que:

− no soneto, o sujeito poético exprime comprazimento na entrega total de si à dama, o que se evidencia, por exemplo, nos versos 7 e 8 («dei mais a vida e alma por querê-los, / donde já me não fica mais de resto.») e nos versos 12 e 13 («é tamanha bem-aventurança / o dar-vos quanto tenho e quanto posso»), enquanto, na cantiga de amor, o sujeito poético expressa o seu sofrimento amoroso (coita d’amor), pedindo a Deus que lhe dê a morte, se não puder ver a amada (vv. 2 e 3, 5 e 6, 8 e 9) ou com ela falar (vv. 11 e 12);

− no soneto, o sujeito poético faz referência aos olhos femininos para enfatizar a beleza da «Senhora», como se constata em «Quem vê, Senhora, claro e manifesto / o lindo ser de vossos olhos belos» (vv. 1 e 2), enquanto, na cantiga de amor, o sujeito poético se refere aos seus próprios olhos para evidenciar o seu sofrimento devido à ausência da amada, como se verifica em «destes olhos meus / e por que choram sempr’» (vv. 4 e 5) ]

Escreve a introdução:

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

[cópia de um modelo de solução:]

A lírica camoniana de escola clássica, em que se incluem os sonetos, revela uma atitude de adoração do sujeito poético pela mulher amada que nos recorda a que, talvez ainda mais hiperbolicamente, exibiam  os trovadores medievais nas suas cantigas de amor. (Ao contrário, muitas composições do Camões mais tradicional parecem pertencer à linhagem das cantigas de amigo, com o seu ambiente de maior proximidade entre apaixonados.)

Depois de vermos o trecho de Último a sair, em que as ações de Bruno Nogueira ficam nos antípodas do código do amor cortês na lírica medieval, completa a tabela com as seguintes palavras (aqui desordenadas):

ator / trovador / sussurrar / Bruno / desejo / religiosa / proximidade / voyeurismo / regra / elogia / assediar / honestidade / intervêm / intervém / nobres / inacessível

Cantigas de amor

Último a sair, episódio Bruno-Sónia

O sujeito poético é um trovador, que se dirige à sua «senhor», que não ______ e é um ser sobretudo idealizado, incorpóreo.

Bruno Nogueira é quem inicia o diálogo, mas tanto o homem (Bruno) como a mulher (Sónia Balacó) ______.

Ambiente é palaciano, o «eu» (trovador) e a dama são _____. Origem das cantigas de amor é provençal (lembre-se que a primeira dinastia portuguesa tinha ascendentes franceses), ao contrário das cantigas de amigo, provavelmente autóctones.

Contexto imita o de um reality show, supondo-se que as personagens em causa se comportam como jovens ______ e modelo-atriz.

Amor é mais aspiração do que experiência sentimental; tudo está sujeito a convenções; ______ respeita a senhor[a] a quem presta vassalagem amorosa, à maneira cavaleiresca.

______ não se coíbe de fazer propostas bastantes explícitas, mais físicas do que espirituais, e trata a sua colega sem qualquer reserva ou delicadeza.

Pretende-se prolongar o estado de tensão, sem chegar ao fim do ______.

Bruno não resiste a seduzir Sónia sob os lençóis, mesmo quando se supunha ficarem apenas a ______.

_______ da senhor[a] não poderia ser posta em causa, não havendo quaisquer alusões impróprias, sem se sair nunca da esfera espiritual; a «mesura» implicava que não se poderia suspeitar da identificação da amada.

Bruno não se preocupa em preservar a imagem de Sónia, o seu estratagema passa mesmo por aproveitar o ______ do público, o que implicava expor ao máximo a sua relação com a amada.

O sujeito poético, o trovador, superlativa a senhor[a], que elogia com devoção quase _______.

Sem grande sentido do charme, Bruno é várias vezes desagradável com Sónia, que deprecia mais do que _______.

distância entre trovador e a senhor[a], que lhe é _______.

Haveria ________ máxima entre amante e amada, se dependesse apenas de Bruno.

Fidelidade é outra ______ imposta ao trovador.

Bruno, assim que Sónia se lhe esquiva, vai _______ Luciana e Débora.

 

 

Aula 50-51 (5 [3.ª], 6 [1.ª, 4.ª]) Correções.



Os itens que se seguem tratam de crónica de Luís Filipe Borges, «Muda de vida», do filme Clube dos Poetas Mortos e de conteúdos dados ou revistos há pouco tempo. Não recorras ao manual nem a outras fontes. Circunda a melhor alínea de cada item.

O rapaz choroso que é referido no primeiro parágrafo era conduzido por um

a) professor e advogado.

b) encenador profissional.

c) economista e professor.

d) economista e advogado.

 

O «miúdo de quinze anos» (cfr. primeiro parágrafo) é

a) um rapaz conhecido do autor.

b) o próprio narrador, mais novo.

c) o destinatário do texto.

d) o protagonista desta crónica.

 

O uso do presente do Indicativo nos primeiros parágrafos («Estamos»; «chora»; «vai»; etc.) resulta de

a) simultaneidade entre ato de enunciação e o que se relata (o enunciado).

b) esse tempo verbal poder adequar-se à expressão do futuro.

c) intenção de se exprimir aspeto imperfetivo da ação.

d) vontade de se dar um facto passado como se fosse presenciado na atualidade.

 

«Não é o que está a pensar, chiça» (1.º parágrafo, ll. 4-5) previne

a) inferência de que o aluno era «graxista».

b) conjetura de que o professor tivesse batido no aluno.

c) que os leitores pensem que o aluno tinha reprovado.

d) possibilidade de se julgar estar em causa um ato pedófilo.

 

Na terceira linha do segundo parágrafo, «prof» é um exemplo de

a) sigla.

b) acrónimo.

c) truncação.

d) amálgama.

 

«Oh Captain, my Captain» (terceiro parágrafo) é uma citação

a) inventada no filme Clube dos Poetas Mortos.

b) de verso de Walt Whitman.

c) de fala de peça de Shakespeare.

d) de trecho de Álvaro de Campos.

 

Em «o considero meu mestre» (fim do 2.º período do quarto parágrafo), os constituintes sublinhados são, respetivamente,

a) sujeito, complemento direto.

b) complemento indireto, complemento direto.

c) complemento direto, predicativo do complemento direto.

d) complemento oblíquo, complemento direto.

 

«Ontem o professor telefonou-me» (1.º período do quinto parágrafo), em termos de tempo e de aspeto, indica

a) simultaneidade e aspeto perfetivo.

b) posterioridade e aspeto iterativo.

c) anterioridade e aspeto perfetivo.

d) anterioridade e aspeto imperfetivo.

 

«Continuo a tratá-lo assim» (2.º período do quinto parágrafo) implica

a) simultaneidade e aspeto imperfetivo.

b) anterioridade e aspeto imperfetivo.

c) simultaneidade e aspeto perfetivo.

d) posterioridade e aspeto habitual.

 

Ainda no começo do quinto parágrafo, o 2.º período — «Continuo a tratá-lo assim, artigo definido em destaque, embora ele mo desaconselhe» — significa que o professor

a) lhe pedia para o tratar sem artigo.

b) lhe pedira para usar tratamento mais informal.

c) lhe pedira que o tratasse por tu.

d) preferia o uso de «stor» ao uso, mais académico, de «professor».

 

«artigo definido em destaque» (5.º parágrafo) traduz que, para o narrador, aquele professor

a) não se confunde com os outros.

b) é o mais definido.

c) é o mais indefinido.

d) é um entre vários.

 

Na l. 9 da segunda coluna (portanto, no quinto parágrafo), na oração subordinada adjetiva relativa restritiva «que publica de quando em vez», «que» desempenha a função sintática de

a) sujeito.

b) modificador restritivo do nome.

c) complemento direto.

d) complemento oblíquo.

 

«apercebo-me de que o tempo é maleável» (no final do quinto parágrafo) alude à circunstância de

a) o narrador facilmente se transportar para o passado.

b) o protagonista ser capaz de desenvolver diversíssimas atividades.

c) se ter esbatido a diferença etária entre as duas personagens.

d) a personagem estar disposta a mudar radicalmente vida.

 

Em «Previsível o professor nunca foi, graças a Deus» (último período do sexto, e penúltimo, parágrafo), «previsível» desempenha a função sintática de

a) modificador de frase.

b) predicativo do sujeito.

c) complemento direto.

d) predicativo do complemento direto.

 

No sétimo, e último, parágrafo, em «E, quando desligo o telefone, sou outra vez o miúdo de 15 anos [...]», a vírgula após a conjunção «e»

a) está incorreta.

b) está correta, porque isola-se depois uma oração subordinada temporal.

c) está correta, porque fazemos realmente uma pausa a seguir à conjunção.

d) está incorreta, porque não estabelecemos qualquer pausa entre as duas conjunções («e» e «quando»).

 

«quando desligo o telefone» desempenha a função sintática de

a) oração.

b) modificador de frase.

c) modificador de grupo verbal.

d) complemento oblíquo.

 

Neste mesmo sétimo parágrafo, o narrador revela

a) saudade dos tempos de adolescente.

b) indecisão quanto à melhor forma de ajudar um amigo.

c) tristeza quanto ao que o destino trouxera ao ex-professor.

d) angústia por ter estragado uma amizade de tantos anos.

 

Os anseios do professor de Economia, bem como os dos alunos de Clube dos Poetas Mortos, obedecem a uma perspetiva

a) epicurista (à Reis; ou à Caeiro).

b) estoica (à Reis).

c) inconformista.

d) futurista.

 

Na interpretação original, horaciana, de «Carpe diem» — que é a seguida por Ricardo Reis —, o conselho a dar ao professor seria

a) o no título do texto: «Muda de vida».

b) «Arrisca, que a vida são dois dias».

c) «Tudo vale a pena se a alma não é pequena».

d) «Deixa-te estar, vive o melhor possível a tua situação atual».

 

«Esta aposta pode correr mal» — frase que invento — exemplifica a modalidade

a) apreciativa.

b) epistémica (valor de probabilidade).

c) deôntica (valor de permissão).

d) deôntica (valor de obrigação).

 

A água cai

 

A água cai do céu singelo.

Cai como cabelo,

A cair pelos ombros de uma rapariga.

 

A água cai,

Criando poças no asfalto,

Espelhos sujos com nuvens e prédios no interior.

 

Cai sobre o telhado da minha casa.

Cai sobre a minha mãe e no meu cabelo.

 

A maioria das pessoas chama-lhe chuva.

[de personagem de Paterson, filme realizado por Jim Jarmusch]

Escreve poema que, tal como sucede em «A água cai», se foque num objeto ou circunstância (aqui era a chuva), descritos com sentido de observação (podendo recorrer-se a comparações, metáforas ou outras figuras), terminando-se de modo liminar, talvez surpreendente.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Classifica os que quanto à classe de palavra (pronome relativo; conjunção completiva). No caso dos pronome relativos, diz a função sintática que desempenham.

Gosto de ti (Luísa Sobral)

 

Gosto de ti, dos pés aos cabelos,

Da ponta dos dedos até à ponta do nariz.

 

Gosto de ti, de cada pestana,

Da pele, que é cama | _______

Das constelações que eu fiz. | _______

 

Gosto de ti e sinto até dores no peito,

Mas é só feitio, não defeito,

É amor a transbordar.

Gosto de ti

E, quando se gosta assim,

Só nos dá para cantar.

 

Gosto de ti, das tuas bochechas,

Sei que foram feitas para beijar devagar. | _______

 

E gosto de ti, dos tornozelos,

Até dos cotovelos, que não são fáceis de amar. | _______

 

Gosto de ti e sinto até dores no peito,

Mas é só feitio, não defeito,

É amor a transbordar.

Gosto de ti,

Gosto só porque sim, porque é tão bom gostar.

Compara a abordagem ao tema do amor na letra da canção de Luísa Sobral com a atitude que vimos na cantiga de amor e no soneto de Camões estudados na última/penúltima aula. Refere dois aspetos distintivos.  

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Depois de vermos o passo de O último a sair, completa com valor temporal (anterioridade, simultaneidade, posterioridade), valor aspetual (perfetivo, imperfetivo, habitual, iterativo, genérico) e valor modal (epistémico, deôntico, apreciativo).

Frases de O último a sair«Terapia de relaxamento»

v  a  l  o  r  e  s

temporal

aspetual

modal

Aprendi em Algés uma técnica de relaxamento à base de peixe.

______

______

XXXXXX

Isto é só malucos, meu, fogo!

______

______

______

Não posso explicar antes [ser à base de peixe].

simultaneidade

XXXXXX

______

Fecha os olhos, vai respirando.

______

______

______

deôntico (obrigação)

Estás a sentir?

______

imperfetivo

XXXXXX

Não andamos aqui a mandar com uma sardinha uns aos outros.

______

______

XXXXXX

Com uma dourada é que é!

XXXXXX

XXXXXX

______

Andaram a mexer no armário dos medicamentos...

______

______

XXXXXX

Eu estou parvo, de certeza absoluta.

______

______

______

Tens de tomar a raia de oito em oito horas.

______

______

______

Estragou a raia.

______

______

XXXXXX

Porque isto está a afetar-me mesmo!

______

______

______

______

Resolve «Praticar», 1, na p. 329. [Circunda a alínea certa:] (A) | (B) | (C) | (D).

TPC — Volto a falar das leituras de livros. O que se pretende é que leiam várias obras. Portanto, assim que já tenham lido a que me anunciaram, deviam ir logo pensando em outra leitura. (Por outro lado, quem ainda me disse/escreveu nada deve fazê-lo.)

 

 

Aula 52-53 (9 [3.ª], 12/dez [1.ª, 4.ª]) Vai até à p. 217, onde temos mais um poema de Ana Luísa Amaral, «Pequenos ritos». Responde às perguntas que ponho a seguir (que são as do manual):

Letras prévias

1.1. Identifica uma passagem do poema que se segue que pudesse integrar a campanha da SPEMD, fundamentando a tua escolha.

1.1.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Educação Literária

1. Justifica a utilização dos dois pontos nas três ocorrências textuais (vv. 1, 6 e 12).

1. {escolhe uma destas quatro soluções e acrescenta uma melhor explicitação}

Os dois pontos introduzem explicações.

Os dois pontos introduzem citações.

Os dois pontos introduzem enumerações.

Os dois pontos introduzem consequências.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

2. Delimita, fundamentando, os dois momentos da organização interna do poema.

2. O poema apresenta dois momentos distintos. Nos versos 1 a 10, a atenção do sujeito poético centra-se  . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. A partir do verso 10, com a forma verbal no conjuntivo com valor imperativo, . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

«Tabacaria» é um dos mais importantes poemas de Álvaro de Campos. Vamos ouvi-lo em trechos lidos por vários declamadores. De cada um dos recitadores ouviremos apenas uma parte do poema, de modo a conhecermos o conjunto todo mas por diferentes cinco leitores, quase todos atores.

A ordem dos declamadores segue, ascendente e aproximadamente, a sua idade (que o respeitinho é muito bonito). Note-se que já morreram João Villaret, Mário Viegas e Antônio Abujamra. O vencedor será convidado a assistir ao hastear da bandeira no dia da Escola Secundária José Gomes Ferreira em 2025 (exceto se já tiver falecido).

Declamador

Verso ou expressão destacável (por serem expressivos)

Valores

João Grosso

 

 

Mário Viegas

 

 

Sinde Filipe

 

 

Antônio Abujamra

 

 

João Villaret

 

 

JOÂO GROSSO [sem vídeo disponível aqui]

[versos finais do longo «Tabacaria»:]

[...]

 

Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?),

E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.

Semiergo-me enérgico, convencido, humano,

E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

 

Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los

E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.

Sigo o fumo como uma rota própria,

E gozo, num momento sensitivo e competente,

A libertação de todas as especulações

E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.

 

Depois deito-me para trás na cadeira

E continuo fumando.

Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.

 

(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira

Talvez fosse feliz.)

Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.

 

O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).

Ah, conheço-o: é o Esteves sem metafísica.

(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)

Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.

Acenou-me adeus gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo

Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.

Fernando Pessoa, Poesias de Álvaro de Campos, Lisboa, Ática, 1944 (imp. 1993)

Como alguém já disse, Álvaro de Campos é o «duplo extrovertido de Pessoa». Estas características encontram-se quer em poemas de Campos quer em textos ortónimos:

Atitude de autoanálise

Tédio existencial

Inadaptação à vida

Evocação nostálgica da infância

Associação da inconsciência à felicidade

Oposição sonho-realidade

Dor de pensar

Na coluna à direita dos versos de «Tabacaria», escreve a característica que cada um deles pode ilustrar (vá lá, não escrevas abreviadamente, escreve por extenso):

Versos de «Tabacaria»

Motivos Campos & Ortónimo

«Não sou nada. / Nunca serei nada. / Não posso querer ser nada.» (vv. 1-3)

Tédio existencial

«Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates. / Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria» (vv. 46-47)

 

«Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou? / Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!» (vv. 33-34)

 

«Fiz de mim o que não soube, / E o que podia fazer de mim não o fiz» (vv. 59-60)

 

«Falhei em tudo. / Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada» (vv. 25-26)

 

«Come chocolates, pequena» (v. 44)

 

«À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo» (v. 4)

 

«Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.» (v. 14)

 

«Não, não creio em mim» (v. 40)

 

«Se eu casasse com a filha da minha lavadeira / Talvez fosse feliz» (vv. 92-93)

 

«Estou hoje dividido entre a lealdade que devo / À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora, / E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro» (vv. 22-24)

 

«Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folhas de estanho, / Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida» (vv. 50-51)

 

«Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida» (v. 51)

 

«Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes» (v. 49)

 

Duas hipóteses de ponto de partida de poema:

1. «Pequenos ritos» seria o tópico do poema que escreverias, que tomaria como modelo, nos aspetos de forma, o poema de Ana Luísa Amaral. (Não escolherias como assunto a lavagem dos dentes, mas um outro «pequeno rito».)

Nas quadras: observação realista da circunstância de que se trata mesclada, ou seguida, de alusão a regras impostas pela publicidade/ moralismo/ensino (enfim, pelo «normal» ou socialmente assumido como correto). Num verso solto final: síntese irónica.

2. Poema que fosse uma continuação de «Tabacaria», ainda que evitando deixar explicitadas referências ao texto que é ponto de partida.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

TPC — Ao longo desta (e talvez início da próxima) semana, queria que escrevessem, a computador, os poemas que formos achando valer a pena enviar ao Concurso Correntes d'escritas. Vou abrir tarefa na Classroom para aí descarregarem o poema (ou poemas).

Evitem, por mais leve que seja, qualquer aproveitamento de escritos alheios ou de IA. Não esqueçam título. Escrevam, para já, o vosso nome (depois, para efeito de concurso, será preciso pseudónimo).

 

 

Aula LIV (11/dez [3.ª]) [a 1.ª parte da aula corresponde a boa parte da aula 41 das outras duas turmas]

A parte B do Grupo I da prova de exame de Português mais recente (2024, 2.ª fase) aproveitava uma ode de Ricardo Reis. (A parte A do mesmo Grupo I usava um texto de A Cidade e as Serras, de Eça de Queirós; a parte C — ou item 7 — pedia uma «breve exposição» em que se compararia uma pintura de René Magritte e o texto da parte A.)

PARTE B

Leia o poema e as notas.

 

As rosas amo dos jardins de Adónis1,

Essas volucres2 amo, Lídia, rosas,

               Que em o dia em que nascem,

               Em esse dia morrem.

5             A luz para elas é eterna, porque

Nascem nascido já o sol, e acabam

               Antes que Apolo3 deixe

               O seu curso visível.

Assim façamos nossa vida um dia,

10           Inscientes4, Lídia, voluntariamente

               Que há noite antes e após

               O pouco que duramos.

Ricardo Reis, Poesia, edição de Manuela Parreira da Silva, Lisboa, Assírio & Alvim, 2000, pp. 13-14.

NOTAS

1 Adónis – jovem da mitologia grega, símbolo de beleza masculina.

2 volucres – efémeras.

3 Apolo – deus grego do sol.

4 Inscientes – ignorantes.

* 4. Explicite a importância da referência aos elementos da natureza para o desenvolvimento do pensamento do sujeito poético.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

[Solução possível:

As rosas representam a efemeridade da vida. São «volucres» (v. 2), pois, «em o dia em que nascem» (v. 3), morrem, pelo que ilustram o carácter transitório da existência. Por outro lado, uma vez que «nascem nascido já o Sol» (v. 6) e perecem antes que ele se ponha, «a luz para elas é eterna» (v. 5), o que deve inspirar os humanos a aproveitarem moderadamente a vida, conscientes da sua finitude, semelhante à de «um dia» (v. 9) das rosas.

O curso diurno do sol representa a duração da vida: para a rosa, um dia; para o ser humano, uma passagem efémera («O pouco que duramos» v. 12).]

* 5. Explique os quatro últimos versos do poema, tendo em conta o ideal de vida defendido pelo sujeito poético.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

[Solução possível:

Face à constatação da efemeridade da vida, o sujeito poético aconselha Lídia a que viva o momento presente («Assim façamos nossa vida um dia» v. 9), de acordo com o princípio epicurista do carpe diem, único caminho para a felicidade e para a ausência de dor, assumindo uma atitude de indiferença face à passagem do tempo, num esforço de autodisciplina. Exorta-a a assumir uma atitude deliberada de aceitação da efemeridade da vida e da inevitabilidade da morte («há noite antes e após / O pouco que duramos» vv. 11-12).]

6. Complete as afirmações abaixo apresentadas, selecionando a opção adequada a cada espaço. Na folha de respostas, registe apenas as letras – a) e b) – e, para cada uma delas, o número que corresponde à opção selecionada.

No poema apresentado, constata-se o classicismo da poesia de Ricardo Reis, nomeadamente através do recurso à _______ [a)], nos versos 7 e 8. O carácter moralista da poesia deste heterónimo pessoano é indiciado pelo uso de verbos conjugados na primeira pessoa do modo conjuntivo, como ocorre _______ [b)]

a)

b)

1. perífrase

2. hipérbole

3. metonímia

1. no verso 12

2. no verso 1

3. no verso 9


Podendo socorrer-te dos valores modais (modalidade) apontados na p. 328, preenche a coluna à direita. De qualquer modo, os termos a usar serão:

epistémica (valor de certeza);

epistémica (valor de probabilidade);

deôntica (valor de obrigação);

deôntica (valor de permissão);

apreciativa.

Frase de Último a sair, passo de traição de Débora

Modalidade (valor de ...)

Pões-me creme? [Débora para Bruno]

deôntica (valor de obrigação)

Podes pôr-me creme, faz favor. [Débora para Bruno]

 

Posso. [Bruno para Débora]

 

Então não posso. [Bruno para Débora]

 

As tuas mãos são uma coisa, Bruno! [Débora para Bruno]

 

São super-fortes! [Débora para Bruno]

 

Eu até me estou a sentir mal. [Bruno para Débora]

 

O Unas é que devia estar a fazer isto... [Bruno]

 

Não te preocupes. [Débora para Bruno]

 

O quintal ainda não é aí. [Débora para Bruno]

 

E o vizinho não tem de saber de nada. [Débora para Bruno]

 

Se calhar, posso espalhar por mais sítios? [Bruno para Débora]

 

Claro. [Débora para Bruno]

 

É isso. [Débora para Bruno]

 

Está ótimo! [Débora para Bruno]

 

Tens uma melga aqui. [Unas para Débora]

 

Posso matá-la? [Unas para Débora]

 

Granda melga! Bem! [Bruno para Unas]

 

[...] quando podes ter o original [Bruno para Débora]

 

Se calhar, até quero o original. [Débora para Bruno]

 

Tipo duas melgas que voavam mais ou menos assim. [Bruno]

 

Unas, isso é aquela conversa que não interessa a ninguém. [Débora]

 

Os poemas de Adília Lopes (nasc. 1960) que copiei em baixo supõem o conhecimento de textos de Ricardo Reis (com a figura horaciana de «Lídia»). A alusão a Reis está explícita no título do primeiro poema de Adília Lopes e na epígrafe (cfr. v. 21 de «Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio», p. 68) e no último verso do segundo poema (além de que, neste texto, o segundo verso repete o primeiro verso da ode de Reis «As rosas amo do jardim de Adónis», p. 139).

Escreve um comentário sobre estes poemas de Adília Lopes, procurando salientar a relação que eles estabelecem com a ideologia de Ricardo Reis, citando, se for caso disso, qualquer uma das suas odes lidianas.

(anti-Ricardo Reis)

O rio

é bom

para nadar

e as flores

para dar

o resto

são cantigas

casa-te com Lídia

tem bebés

passa a lua de mel

na Grécia

Adília Lopes, Sete rios entre campos

 

«pega tu nelas»

Ricardo Reis

Mão morta vai bater àquela porta

as rosas amo dos jardins de Adónis

ao escrever

é preciso reconciliar uma lebre

com uma tartaruga

oh como era lebre a tartaruga!

 

Mas porque será sempre Lídia

a pegar nas rosas

Dr. Ricardo Reis?

Adília Lopes, Os 5 livros de versos salvaram o tio

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

 

 

Aula 55-56 (12 [3.ª], 13/dez [1.ª, 4.ª]) Correção de questionário de compreensão de «Muda de vida».

«Sísifo» (p. 199), de Miguel Torga. Completa a resposta aos itens 1 e 2, da mesma p. 199, que já fui esboçando:

1. Justifica a utilização do modo imperativo na primeira estrofe, considerando a intencionalidade e o assunto do texto.

1. O imperativo anuncia uma intencionalidade didática, moralista. Ao longo do texto, o sujeito poético procura transmitir ao seu interlocutor («tu») ___________ de vida.

2. Interpreta o uso de reticências no primeiro verso.

2. Considerando a figura mitológica que inspira o poema, identificada no título, as reticências sugerem o carácter __________ da ação humana.

Escreve poema que obedeça a estes constrangimentos: duas décimas; sem métrica regular (entre decassílabos e trissílabos); cinco rimas em cada décima; v. 1 com um verbo; título

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Classifica as orações sublinhadas:

O prometido é devido (Carlos Tê / Rui Veloso)

Naquele trilho secreto,

Com palavras santo e senha,

Eu fui língua e tu, dialeto,

Eu fui lume e tu foste lenha.

 

Fomos guerras e alianças, | ______________

Tratados de paz e pessangas,

Fomos sardas, pele e tranças, | .............................

Popeline, seda e ganga.

 

Recordo aquele acordo,

Bem claro e assumido:

Eu trepava um eucalipto | ___________

E tu tiravas o vestido. | ____________

 

Dessa vez, tu não cumpriste

E faltaste ao prometido;

Eu fiquei sentido e triste.

Olha que isso não se faz: |                                | ___________

Disseste que, se eu fosse audaz, |                                  | _____________

Tu tiravas o vestido.|.................................

O prometido é devido.

 

Rompi eu as minhas calças, | _____________

Esfolei mãos e joelhos

E tu reduziste o acordo | ______________

A um montão de cacos velhos.

 

Eu, que vinha de tão longe | _____________

(do outro lado da rua),

Fazia o que tu quisesses | _______________

Só para te poder ver nua.

 

Quero já os almanaques | ________________

Do fantasma e do patinhas,

Os falcões e os mandrakes.

Tão cedo, não terás novas minhas.

Aspeto, Modalidade

Preguiçosamente, socorro-me destas perguntas da Nova Gramática didática de português (Carnaxide, Santillana, 2011, p. 233).

Identifica o valor aspetual (perfetivo, imperfetivo, iterativo, habitual, genérico).

Frase

Aspeto

Ele acabou de redigir a ata da reunião da Associação de Estudantes.

 

A Ângela anda a ler muita literatura alemã.

 

Vou ao cinema todos os sábados.

 

Nem todas as bandas de rock são famosas.

 

Ela andava tão feliz!

 

O Conhé gritou quando ouviu um estrondo.

 

O exercício faz bem à saúde.

 

Chegas sistematicamente atrasado!

 

Refere a modalidade (epistémica, deôntica, apreciativa) expressa nos enunciados que se seguem. Escreve ainda o valor modal (certeza, probabilidade; obrigação, permissão).

Enunciado

Modalidade

Valor modal

Provavelmente, a Diana não chega a horas.

 

 

Que vestido maravilhoso!

 

 

Termina essa tarefa!

 

 

Podes terminar o trabalho na próxima aula.

 

 

Podes ter escrito isso, mas eu não vi a tua mensagem.

 

 

Eles devem chegar amanhã

 

 

Felizmente tenho férias para a semana.

 

 

Podes ir para o teu quarto.

 

 

Algumas destas afirmações sobre a modalidade são falsas. Identifica-as.

A — A modalidade deôntica está relacionada com o domínio da obrigação e da permissão.

B — A modalidade apreciativa está diretamente ligada à incerteza.

C — A modalidade nunca pode estar associada ao uso de adjetivos.

Hiperónimos, Hipónimos, Holónimos, Merónimos

Depois de vermos «Super de origem» (série Lopes da Silva), completa, consoante o caso, com o nome em falta (entre aspas) ou com um dos seguintes termos: hiperónimo, hipónimo, holónimo, merónimo, co-hipónimo, co-merónimo.

«Costureirinha Maravilha», «Super de Origem», «Clark Kent» são ________, porque têm um hiperónimo comum, «Super-herói(s)».

«Aileron», «Aventais», «Subwoofers», «Jantes» podem ter como seu ____________ «acessório(s) de automóvel».

«Tuning» será hipónimo de «_________»

Talvez um pouco forçadamente, «Barbinha» pode ser considerado ________ de «adepto de tuning».

«Carro» é _______ de «jante».

«____» — tirado ao adepto de tuning — é hipónimo de «chapéu».

«fatiota», relativamente a «touca» ou «emblema SO», é holónimo, sendo estes últimos, portanto, _________.

«tesoura», «dedal» serão __________ de «utensílio de costura».

De novo me socorro da Nova Gramática didática de português (Carnaxide, Santillana, 2011), pp. 218-219, para umas últimas revisões acerca de holonímia, meronímia, hiperonímia, hiponímia:

Encontra diferentes hipónimos para os hiperónimos apresentados.

hiperónimo

hipónimos

flor

 

 

 

 

 

grau de parentesco

 

 

 

 

 

peixe

 

 

 

 

 

cor

 

 

 

 

 

No quadro que se segue, encontras vários hipónimos que pertencem a um mesmo hiperónimo. Elimina, barrando-o, o intruso de cada grupo e descobre o hiperónimo correspondente.

hipónimos

hiperónimo

gato, golfinho, andorinha, Varandas, baleia, tubarão

 

avião, teatro, autocarro, bicicleta, automóvel

 

Terra, Vénus, Zeus, Jorge Jesus, Hades

 

enciclopédia, dicionário, romance, prontuário, gramática

 

médico, jornalista, pai, professor, pedreiro

 

morango, dobrada, banana, laranja, pêssego

 

banco, televisão, leitor de CD, micro-ondas, frigorífico

 

Refere possíveis merónimos do holónimo «livro».

____________________

Descobre um holónimo para cada conjunto de palavras apresentado.

Raiz, caule, folha, ramo, fruto — ___________

Telhas, tijolos, paredes, janelas, portas — ____________

Palco, plateia, cadeiras, balcão, cortina — ____________

Capa, contracapa, lombada, folhas, introdução — __________

Guelras, barbatanas, escamas, espinhas, boca — __________

Teclado, rato, monitor, leitor de CD, cabo de alimentação — __________

Cabeça, pé, braço, perna, costas — __________

TPC — Lê a ficha corrigida sobre Frase complexa que pus em Gaveta de Nuvens.

 

 

Aula 57-58 (16 [3.ª], 17 [4.ª], 19/dez [1.ª]) Vamos dar um relance aos poetas das gerações posteriores à de Pessoa. O mais velho será o nosso patrono José Gomes Ferreira, nascido em 1900, e a mais jovem, Adília Lopes, nascida em 1960, aliás antiga aluna da Pedro de Santarém.

Caberá a cada um dos alunos um livro de dimensão razoável (por vezes, com a obra completa de um dado poeta) ou vários pequenos livros (diversas obras soltas de um mesmo autor). Manuseia-os com o cuidado que se deve ter sempre e, sobretudo, quando os livros em causa são de quem não gosta de ter livros com os cadernos soltos — por os terem espalmado —, vincados — por os terem usado sob papéis em que se tivesse escrito — ou com folhas rasgadas — por os terem folheado negligentemente.

O objetivo é escolher uma estrofe ou duas (mas num total de menos de dez versos). Não interessa se esses versos são do início, do meio ou do fim de um poema (ou se até são um poema completo), mas terão de ser seguidos. Transcreverás os versos na tua folha, muito legivelmente. Depois, lê-los-ás à turma.

Elegeremos o melhor trecho poético. A nossa classificação incidirá sobre os versos ouvidos, o que implica que (1) se trate de passos interessantes; (2) a tua leitura em voz alta seja expressiva.

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[Referência bibliográfica simplificada: Autor, «Título do poema», Obra:] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .


Poeta (nascido entre 1900 e 1960)

lido por...

minha nota

nota do mestre

lugar

José Gomes Ferreira (1900-1985)

 

 

 

 

José Régio (1901-1969)

 

 

 

 

Vitorino Nemésio (1901-1978)

 

 

 

 

António Gedeão (1906-1995)

 

 

 

 

Miguel Torga (1907-1995)

 

 

 

 

José Blanc de Portugal (1914-2001)

 

 

 

 

Ruy Cinatti (1915-1986)

 

 

 

 

Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004)

 

 

 

 

Jorge de Sena (1919-1978)

 

 

 

 

João José Cochofel (1920-1982)

 

 

 

 

Raul de Carvalho (1920-1984)

 

 

 

 

Carlos de Oliveira (1921-1981)

 

 

 

 

Eugénio de Andrade (1923-2005)

 

 

 

 

Mário Cesariny de Vasconcelos (1923-2006)

 

 

 

 

Natália Correia (1923-1992)

 

 

 

 

Sebastião da Gama (1924-1952)

 

 

 

 

Alexandre O’Neill (1924-1986)

 

 

 

 

António Ramos Rosa (1924-2013)

 

 

 

 

David Mourão Ferreira (1927-1996)

 

 

 

 

João Rui de Sousa (1928)

 

 

 

 

Maria Alberta Menéres (1930-2019)

 

 

 

 

Herberto Helder (1930-2015)

 

 

 

 

Armando Silva Carvalho (1931-2017)

 

 

 

 

Ruy Belo (1933-1978)

 

 

 

 

António Osório (1933-2021)

 

 

 

 

Pedro Tamen (1934-2021)

 

 

 

 

Manuel Alegre (1936)

 

 

 

 

Alberto Pimenta (1937)

 

 

 

 

Fernando Assis Pacheco (1937-1995)

 

 

 

 

Fiama Hasse Pais Brandão (1938-2007)

 

 

 

 

Luiza Neto Jorge (1939-1989)

 

 

 

 

João Miguel Fernandes Jorge (1943)

 

 

 

 

António Franco Alexandre (1944)

 

 

 

 

Joaquim Manuel Magalhães (1945)

 

 

 

 

Al Berto (1948-1997)

 

 

 

 

Nuno Júdice (1949)

 

 

 

 

Ana Luísa Amaral (1956)

 

 

 

 

Adília Lopes (1960)

 

 

 

 

Escreve poema que tenha como epígrafe verso de poeta (não do escolhido para o texto lido). Transcreve o verso (à direita, em cima, com a referência correta).

«Epígrafe»,

Fulano, «Título do poema», Livro, p. #

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

TPC — Não esqueças descarregar versões passadas a limpo que eu tenha sugerido valer a pena enviar a concurso. E vai lendo livro.

 

 

Aula 59 (18/dez [3.ª]) Preparação dos envios para o Correntes d’escritas.

Lê o poema «Liberdade», de Fernando Pessoa, na p. 36 do manual. Responde (ou escolhe a alínea certa).

O poema defende

a) que há coisas mais importantes do que o trabalho intelectual.

b) a natureza, a ingenuidade, a vida simples.

c) que o trabalho dos intelectuais é importante.

d) a preguiça.

 

Percebe-se que os autores do manual, ao porem este texto de Pessoa a seguir a «Andorinhas», acharam que o poema

a) defendia que não se deve ler com sacrifício.

b) se opunha ao sentido da canção.

c) falava da importância de se ler.

d) falava da natureza, como a canção.

 

«Livros são papéis pintados com tinta» (v. 14) pretende significar que

a) os livros não são assim tão importantes.

b) os livros são fundamentais para o espírito.

c) os livros são baratos.

d) os livros são obras de arte.

No entanto, a intenção de Fernando Pessoa não era bem a que julgam os autores de Letras em dia. Vejamos como tudo se passou.

Este poema foi escrito a 16 de março de 1935. Em finais de fevereiro, Salazar — que começara por ser ministro das Finanças e era já então o chefe do governo — fizera um discurso em que dizia como os escritores se deviam comportar relativamente à política. Salazar desvalorizava a escrita e a leitura, concluindo com uma citação do escritor latino Séneca: «Mas virá algum mal ao Mundo de se escrever menos, se se escrever e, sobretudo, se se ler melhor? Relembro a frase de Séneca: “em estantes altas até ao teto, adornam o aposento do preguiçoso todos os arrazoados e crónicas”».

Ora, a frase «em estantes altas até ao teto, adornam o aposento do preguiçoso todos os arrazoados [discursos] e crónicas» quer dizer que

a) os livros são importantes.

b) os aposentos dos preguiçosos estão bem decorados.

c) deve ter-se muitos livros em casa.

d) os livros são coisa de preguiçosos.

Pessoa tencionava pôr no poema a mesma frase de Séneca (vê aqui o que estava no texto que Pessoa escreveu à máquina). Não o chegou a fazer, porque o poema não foi logo publicado, já que a censura não deixou, e porque o próprio poeta morreria nesse ano de 1935:



Sabendo isto — que era para aparecer no início do poema a frase de Séneca — e que Pessoa estava contra Salazar, percebemos que a verdadeira a intenção do poema «Liberdade» era afinal

a) defender que há coisas mais importantes do que o trabalho intelectual.

b) defender a natureza, a ingenuidade, a vida simples.

c) troçar da posição de Salazar e defender que o trabalho dos intelectuais é importante.

d) defender a preguiça.

Na última estrofe está o que permitiu ao censor perceber que o poema era anti-salazarista e, por isso, impedir a sua publicação. A palavra dessa última estrofe que o censor identificou como alusão a Salazar terá sido _______.

Repara agora no verso 21. É um verso que ficou célebre e que hoje todos repetimos sem nos lembrarmos de que veio deste texto. No entanto, o que Fernando Pessoa escreveu não foi exatamente o que as pessoas repetem, que costuma ser

«O melhor do mundo são as crianças.»,

mas

«Mas o melhor do mundo são crianças, / Flores, música, o luar, e o sol [...]»

A diferença de sentido das duas versões é que na verdadeira, a que Pessoa escreveu mesmo,

a) «crianças» tem menos importância, por faltar o determinante «as» e, assim, ficarem as crianças no mesmo plano que «flores» e «música».

b) «crianças» tem mais importância.

 

 

Aula 60-61 (19 [3.ª], 20/dez [1.ª, 4.ª]) Preparação de envios de poemas a Correntes d’Escritas.

Tendo visto a primeira parte de documentário sobre Fernando Pessoa feito para a série ‘Grandes Portugueses’, assinala, à esquerda de cada período (a esquerda é para este lado: ), se a afirmação é V(erdadeira) ou F(alsa).

Pessoa viveu parte da infância e da adolescência em território da atual África do Sul (à época, colónia inglesa).

Fernando Pessoa admirava Cesário Verde.

O poema «Tabacaria» é do heterónimo Ricardo Reis.

«Sou tudo» é o primeiro verso de «Tabacaria».

Fernando Pessoa nasceu no dia de Santo António, em Lisboa, em 1898.

Pessoa nasceu em frente ao teatro de São Carlos, que seu pai, crítico musical do Diário de Notícias, frequentava.

«Eis-me aqui em Portugal» é o primeiro verso de uma quadra que, ainda criança, dedicou à mãe.

«Deus quer, o homem sonha, a obra morre» é o primeiro verso de «O Infante», poema de Mensagem.

Enquanto adolescente, Pessoa viveu com a madrasta, o pai e os cinco meios-irmãos.

A língua em que mais escrevia até cerca dos vinte anos era o francês.

Em Lisboa, durante dois anos, Fernando Pessoa foi aluno da Faculdade de Direito.

Pessoa teve uma tipografia, comprada com herança da avó Dionísia, mas esse negócio não teve grande sucesso.

O emprego de Pessoa implicava um rígido horário fixo, como o de um funcionário público.

No local do emprego, Fernando Pessoa nunca escrevia textos seus.

O poeta americano Walt Whitman influenciou Fernando Pessoa.

Pessoa deixou mais de trinta e sete mil papéis com escritos seus.

Em Lisboa, Pessoa viveu em cerca de dez casas diferentes.

Sendo embora Lisboa o seu habitat preferencial, Pessoa viajava frequentemente.

A estreia de Pessoa no meio literário aconteceu em 1912, com a publicação de artigos na Águia.

A revista Orpheu teve como colaboradores, entre outros, Mário de Sá-Carneiro e Almada Negreiros.

Classifica quanto à função sintática o que está sublinhado. (Quando os constituintes sublinhados são também uma oração, dou a sua classificação entre parênteses.)

Sei lá

(Bárbara Tinoco)

Eu sei lá em que dia da semana vamos.

Sei lá qual é a estação do ano. | ______ (subordinada substantiva relativa)

Sei lá — talvez nem sequer queira saber —, | ______ (sub. subst. compl. infinitiva)

Eu sei lá porque dizem que estou louca. | ______ (sub. substantiva completiva)

Sei lá... Já não sou quem fui, sou outra. | ______ (sub. substantiva relativa)

Sei lá... Pergunta-me amanhã,

Talvez eu saiba responder. | ______ (sub. subs. completiva infinitiva)

 

E eu juro, eu prometo e eu faço, e eu rezo,

Mas, no fim, o que sobra de mim? | _______

E tu dizes coisas belas, histórias de telenovelas,

Mas, no fim, tiras mais um pouco de mim.

Então, força, leva mais um bocado,

Que eu não vou a nenhum lado, | _______

Leva todo o bom que há em mim,

Que eu não fujo, eu prometo, eu perdoo e eu esqueço,

Mas, no fim, o que sobra de mim?

 

Mas tu sabes lá as guerras que eu tenho! | ______

Tu sabes lá das canções que eu componho!

Tu sabes lá — talvez nem sequer queiras saber —,

Mas tu sabes lá da maneira que eu te amo! | ______

Tu sabes lá... Digo a todos que é engano. | ______

Tu sabes lá... Pergunto-te amanhã, | _______

Mas não vais saber responder.

 

E eu juro, eu prometo e eu faço, e eu rezo,

Mas, no fim, o que sobra de mim?

E tu dizes coisas belas, histórias de telenovelas,

Mas, no fim, tiras mais um pouco de mim.

Então, força, leva mais um bocado,

Que eu não vou a nenhum lado.

Leva todo o bom que há em mim, | ______ (sub. adj. rel. restrit.)

Que eu não fujo, eu prometo, eu perdoo e eu esqueço,

Mas, no fim, o que sobra de mim? | _____

Sim, eu juro...

Sim, eu juro...

Os grupos III de provas exame têm sido textos de opinião ou apreciações críticas (de imagens, pinturas, cartoons), uns e outros com entre 200 a 350 palavras. Os dois géneros estão explicados nas pp. 354-355 e 358-359.

Transcrevo o enunciado típico quando se pede uma apreciação crítica:

III

Num texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cinquenta palavras, faça a apreciação crítica do cartoon abaixo apresentado, da autoria de Fulano.

[vem um cartoon ou uma pintura]

O seu texto deve incluir:

a descrição da imagem apresentada, destacando elementos significativos da sua composição;

— um comentário crítico, fundamentando devidamente a sua apreciação e utilizando um discurso valorativo;

— uma conclusão adequada aos pontos de vista desenvolvidos

A imagem sobre que te vais ocupar será o desenho principal de uma capa de um Inimigo Público — que, há poucos anos, se deixou de publicar enquanto suplemento do Público (continua mas apenas como página no Expresso).

Além dessa imagem maior, haverá o texto da notícia que o desenho ilustra, a que também deves fazer menção, integradamente. No fundo, neste caso, a apreciação crítica debruça-se não rigorosamente sobre uma imagem mas sobre uma notícia (satírica) ilustrada. O desenho/cartoon estará assinado por N[uno] S[araiva]. No resto, deves tentar seguir o estipulado no enunciado do exame.

Escolhe a capa que mais te convier entre os exemplares que deixar sobre a carteira.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

TPC — Lê os livros que combinámos.

 

 

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