Aula 20 da Quarentena (= 145-146)
Aula
145-146
[= 1 do Desconfinamento; 20 da Quarentena] (19 [9.ª], 20
[5.ª], 21 [4.ª], 22/mai [9.ª]) Vai lendo «Poesia e poética de Alberto Caeiro». Em cada item,
escolhe a alínea com a melhor opção. Não é preciso leres agora os textos de
Caeiro citados.
Nos
dois primeiros parágrafos (ll. 1-9), refere-se duas contradições do primeiro
poema da série de «O Guardador de Rebanhos»:
a)
entre o paradoxo como processo de representação e a inocência do autor; entre o
que se afirma no título e o que se nega quase a seguir.
b)
entre um pensamento poético complexo e a inocência de Caeiro; entre os
procedimentos poéticos e a natureza.
c)
entre Caeiro e o guardador de rebanhos; entre o contacto íntimo com a natureza
e a poesia.
d)
entre o título e a afirmação no primeiro verso; entre elaboração do discurso e
a alegada ingenuidade do eu poético.
Na
l. 3, o primeiro «que» é
a)
pronome relativo.
b)
conjunção completiva.
c)
conjunção comparativa.
d)
conjunção causal.
No
terceiro parágrafo (ll. 10-19), por um lado, menciona-se um processo (de
negação do que se afirmara antes) já observado no poema I, mas mostra-se ainda
que no poema IX
a)
se estabelece uma teoria de raiz sensacionalista.
b)
se marca a importância das sensações e, em particular, das visuais.
c)
se considera a relação entre o poeta e o mundo como prioritária.
d)
a alusão aos sentidos não é aleatória: Caeiro privilegia, antes de todos eles,
a visão.
As
palavras «sensacionista» (l. 13), «olhos» (l. 14), «ouvidos», «mãos», «pés»,
«nariz», «boca» (l. 15), «sentidos» (l. 15), «sentidos» (l. 17), «visão»,
«audição», «tato», «olfato» e «gosto» (l. 19) contribuem para a coesão
a)
referencial.
b)
lexical.
c)
interfrásica.
d)
temporoaspetual.
A
oração introduzida por «que» em «Com esse misto de inocência e perversidade que
é a essência mesma da sua forma de estar no mundo» (ll. 21-22) é subordinada
a)
substantiva completiva.
b)
adverbial causal.
c)
adjetiva relativa restritiva.
d)
adjetiva relativa explicativa.
No
quarto parágrafo, nas ll. 23-25 são referidas duas aceções de «saber». Por esta
ordem:
a)
‘sabor’ e ‘gosto’.
b)
‘gosto’ e ‘conhecimento’.
c)
referencial e conotativo.
d)
‘saber’ e ‘sabor’.
A
palavra «ambíguo» (l. 23) é usada com o sentido de
a)
repetido.
b)
polissémico.
c)
expressivo.
d)
inequívoco.
Segundo
o parágrafo inicial da p. 90 (ll. 29-41), Caeiro
a)
prefere a religião à metafísica.
b)
teria uma religiosidade, por assim dizer, pagã, fundada nas sensações e na
natureza.
c)
prefere a metafísica à religião.
d) dá prioridade às sensações e à natureza, sem, porém,
descartar a cultura e a religião convencional.
No
contexto em que ocorrem, os termos «sensações» (l. 29) e «metafísica» (l. 30)
mantêm entre si um relação de
a)
equivalência.
b)
inclusão.
c)
oposição.
d)
hierarquia.
A
expressão «sob o signo de», usada na passagem «Caeiro procede a uma espécie de
reconstituição da ideia de Deus, sob o signo da Natureza» (ll. 33-34),
significa
a)
dentro de.
b)
com a influência de.
c)
ao contrário de.
d)
a partir de sinais de.
No
parágrafo que abrange as ll. 42-48, a referência à repetição da conjunção
copulativa ilustra como
a)
o sujeito poético, sofregamente, se deixa conduzir pelos sentimentos.
b)
os polissíndetos desmentem as características de Alberto Caeiro.
c)
o estilo contradiz a alegada simplicidade de Alberto Caeiro.
d)
a linguagem usada no poema imita a espontaneidade de Alberto Caeiro.
Com
a utilização de «que» (l. 42), inicia-se uma oração
a)
subordinada adjetiva relativa restritiva.
b)
subordinante.
c)
subordinada substantiva completiva.
d)
subordinada adjetiva relativa explicativa.
Relativamente
à reflexão desenvolvida no parágrafo anterior, o parágrafo iniciado por
«Contudo» (l. 49) apresenta
a)
uma consequência.
b)
um facto semelhante.
c)
uma ideia equivalente.
d)
uma posição adversa.
Com
o recurso ao conector «afinal» (l. 59), o enunciador insere um nexo
a)
causal.
b)
conclusivo.
c)
final.
d)
condicional.
No
último período do penúltimo parágrafo, defende-se que
a)
o verso livre faz que a poesia de Caeiro possa ser menos trabalhada.
b)
a «prosa dos meus versos» traduz a informalidade da poesia de Caeiro.
c)
a rima implica um cuidado rítmico que o verso não rimado dispensa.
d)
o verso, mesmo sem rima, obriga já a bastante elaboração poética.
No
último parágrafo (ll. 63-69),
a)
reconhece-se o magistério de Caeiro relativamente aos outros heterónimos.
b)
põe-se em causa a importância de Caeiro.
c)
declara-se atenuada a posição crucial de Caeiro relativamente aos outros
heterónimos.
d) considera-se estar patente, na poesia de Caeiro, uma
conceção contrastante com a do restante Pessoa.
Regressamos à tabela (que roubei a um manual da
Leya) com sínteses de cada capítulo de
O Ano da Morte de Ricardo Reis, de José Saramago. Completa:
XIV
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Reis
recebe uma carta de Marcenda a assegurar que nunca mais se voltarão a ver, a
pedir-lhe para nunca mais lhe escrever e a informá-lo de que irá a Fátima.
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Restabelece-se,
entretanto, a relação de Reis com Lídia, mas o médico vai a (t.) ________,
com o intuito de ver Marcenda. No entanto, não consegue encontrá-la.
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|
XV
|
Ricardo
Reis fica a saber que o colega que está a substituir vai retomar o seu lugar
e isso leva-o a começar a pensar em regressar ao Brasil.
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Fernando Pessoa visita novamente Ricardo Reis e os dois
falam sobre o facto de Reis continuar a ser vigiado por Victor, sobre as
relações amorosas de ambos e sobre o destino e a ordem.
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|
XVI
|
Ricardo
Reis escreve um poema dedicado a (u.) __________.
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Lídia
comunica-lhe que está grávida e que não tenciona (v.) _________.
|
|
Fernando Pessoa faz nova visita a Ricardo Reis e os dois
falam sobre a perspetiva do regime em relação a diferentes personalidades e
sobre o seu obscurantismo. Durante a conversa, Ricardo Reis confessa-lhe que
vai ser pai e que ainda não decidiu se vai ou não perfilhar a criança.
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|
XVII
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Ricardo
Reis vai visitar Fernando Pessoa ao Cemitério dos Prazeres e dialogam sobre o
golpe militar ocorrido em Espanha.
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Usando um
PDF de O Ano da Morte de Ricardo Reis procurei todas as menções de
«Álvaro de Campos» e «Alberto Caeiro». Cheguei a estes passos — até esperava
que houvesse mais —, que lhes apresento sem nenhuma ordem em especial:
1. «Não penso em casar com a Lídia, e ainda não sei se virei a
perfilhar a criança, Meu querido Reis, se me permite uma opinião, isso é uma
safadice, Será, o Álvaro de Campos também pedia emprestado e não pagava, O
Álvaro de Campos era, rigorosamente, e para não sair da palavra, um safado,
Você nunca se entendeu muito bem com ele, Também nunca me entendi muito bem
consigo»;
2. «Ricardo Reis tirou a carteira do bolso interior do casaco,
extraiu dela um papel dobrado, fez menção de o entregar a Fernando Pessoa, mas
este recusou com um gesto, disse, Já não sei ler, leia você, e Ricardo Reis
leu, Fernando Pessoa faleceu Stop Parto para Glasgow Stop Álvaro de Campos,
quando recebi este telegrama decidi regressar, senti que era uma espécie de
dever, É muito interessante o tom da comunicação, é o Álvaro de Campos por uma
pena, mesmo em tão poucas palavras nota-se uma espécie de satisfação maligna,
quase diria um sorriso, no fundo da sua pessoa o Álvaro é assim»;
3. «Acho-a muito bonita, e ficou a olhar para ela por um segundo
só, não aguentou mais do que um segundo; virou costas, há momentos em que seria
bem melhor morrer, Eu, que tenho sido cómico às criadas de hotel, também tu
Álvaro de Campos, todos nós. A porta fechou-se devagar, houve uma pausa, e só
depois se ouviram os passos de Lídia afastando-se»;
4. «O barco onde não vamos é que seria o barco da nossa viagem,
Ah, todo o cais, uma saudade de pedra, e agora que já cedemos à fraqueza
sentimental de citar, dividido por dois, um verso do Álvaro de Campos que há-de
ser tão célebre quanto merece, console-se nos braços da sua Lídia, se ainda
dura esse amor, olhe que eu nem isso tive, Boa noite, Fernando, Boa noite,
Ricardo, vem aí o carnaval, divirta-se»;
5. «Ricardo Reis está sozinho na sua casa, se para almoçar e
jantar, vê da janela o rio e os longes do Montijo, o pedregulho do Adamastor,
os velhos pontões, as palmeiras, desce uma vez por outra ao jardim, lê duas
páginas de um livro, deita-se cedo, pensa em Fernando Pessoa que já morreu,
também em Alberto Caeiro, desaparecido na flor da idade e de quem tanto haveria
ainda a esperar, em Álvaro de Campos que foi para Glasgow, pelo menos dizia-o
no telegrama, e provavelmente por lá se deixará ficar, a construir barcos, até
ao fim da vida ou à reforma, senta-se uma vez por outra num cinema, a ver O Pão
Nosso de Cada Dia, de King Vidor, ou Os Trinta e Nove Degraus, com Robert Donat
e Madeleine Carrol, e não resistiu a ir ao S. Luís ver Audioscópicos, cinema em
relevo, trouxe para casa, como recordação, os óculos de celulóide que têm de
ser usados, verde de um lado,encarnado do outro, estes óculos são um
instrumento poético, para ver certas coisas não bastam os olhos naturais»;
6. «É fácil concluir que sim, você sabe o que são as educações e
as famílias, Uma criada não tem complicações, Às vezes, Diz você muito bem,
basta lembrar-nos do que dizia o Álvaro de Campos, que muitas vezes foi cómico
às criadas de hotel, Não é nesse sentido, Então, qual, Uma criada de hotel
também é uma mulher»;
7. «Não diz mais este jornal, outro diz doutra maneira o mesmo,
Fernando Pessoa, o poeta extraordinário da Mensagem, poema de exaltação
nacionalista, dos mais belos que se têm escrito, foi ontem a enterrar,
surpreendeu-o a morte num leito cristão do Hospital de S. Luís, no sábado à
noite, na poesia não era só ele, Fernando Pessoa, ele era também Álvaro de
Campos, e Alberto Caeiro, e Ricardo Reis, pronto, já cá faltava o erro»;
8. «Para dar só um exemplo, aí temos o Alberto Caeiro, coitado, que,
tendo morrido em mil novecentos e quinze, não leu o Nome de Guerra, Deus saberá
a falta que lhe fez, e a Fernando Pessoa, e a Ricardo Reis, que também já não
será deste mundo quando o Almada Negreiros publicar a sua história».
Comenta um/dois destes trechos, enquadrando-o(s) na obra e
discorrendo acerca dos efeitos conseguidos em termos narrativos ou
estilísticos.
Responde nas linhas da outra folha e usa caneta. Assinala o(s)
excerto(s) de que te vais ocupar. (Evita trapalhices de ortografia ou de
sintaxe, revendo bem, sem medo de riscar e reescrever.) Este texto será para os confinados me enviarem (por mail: luisprista@netcabo.pt).
O tempo dado aos colegas em
aula foi de cerca de 20 minutos.
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Completa depois de vermos o passo de O último a
sair.
Vamos contrastar o cap. XVI de O Ano da Morte de Ricardo
Reis e o filme Locke. O capítulo do livro de José Saramago é
importante porque nele se fica a saber que Lídia está grávida. Será talvez uma
oportunidade para depois, quando puderes, reveres as relações de Reis com as
duas personagens femininas, Lídia e Marcenda, para o que podes usar a coluna
‘Representações do amor’ da tabela que, no manual, sintetiza o enredo (pp.
246-248).
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