Thursday, August 23, 2018

Tarefas para o 3.º período


São três tarefas (mas não devem esquecer que a própria conclusão da leitura do livro de Eça é também um encargo, que avaliarei proximamente).

[Antero & leitura expressiva]
Prepara leitura expressiva de todos os sonetos de Antero de Quental no nosso manual (são nove e estão nas pp. 294, 296, 297, 298, 300, 302, 303, 304, 310). Em aula, só lerás uns deles, mas tens de os preparar todos. Estas leituras servirão para as jornadas da Liga Europa e da Liga dos Campeões.
Nota que a leitura expressiva exige sobretudo prévia compreensão, interpretação, do texto (pelo que deverás estudar os poemas). Ler expressivamente não implica gritar ou ler de modo a suscitar aplausos da plateia. O que é importante é ter-se percebido bem o texto.

[Camilo & comentário comparado com filme]
Escreve comentário que contraste/aproxime Amor de Perdição e filme. Regras serão semelhantes às do comentário a Frei Luís de Sousa/canção (instruções), só que, desta vez, o termo de comparação será um filme que tenham visto ou conheçam suficientemente (no cimo do trabalho figurará o trailer respetivo, oficial, buscado no YouTube — devem pôr o link no cimo do texto). Dou exemplo meu a seguir. Não deverão usar filmes que sejam adaptações ou versões do próprio Amor de Perdição ou de Romeu e Julieta, porque esses os usaremos nós em aula provavelmente. Haverá um primeiro texto, já a computador, que corrigirei, e uma versão final (enviados ambos por e-mail). Regras serão iguais às de comentário em comparação com canção ou com quadro (400 a 500 palavras ou um pouco mais mesmo; necessidade de fazer algumas citações do texto camiliano). Os capítulos que leremos da obra são os que estão reproduzidos no manual — introdução, I, IV, X, XIX, conclusão —, aqueles a que o programa obriga, mas farão muito bem em ler outros, se quiserem.

Nome do aluno (#)
O enredo de Os Coristas (Christophe Barratier, Les choristes, 2004) é idêntico ao de tantos filmes cujo espaço é uma escola. Chega um novo professor, que vai contra as regras estabelecidas; conquista os alunos, até aí indisciplinados, mas enfurece o diretor; entra em conflito com o poder e acaba por ser demitido. Aparentemente, o intruso perdeu a sua luta, já que se retoma a vida escolar sem ele, mas os alunos, ainda que se reintegrem num quotidiano tudo indica semelhante ao anterior, continuam do lado do professor, que talvez os tenha mudado um pouco. Dos filmes que seguem este modelo, O Clube dos Poetas Mortos será o mais conhecido.
Só me deterei nos finais de Os Coristas e de Amor de Perdição (do cap. XX, que não está no manual, à «Conclusão», pp. 222-224 e 224-226 do manual). O professor Clément Mathieu, expulso, vai saindo do colégio para ir apanhar a camioneta e não mais voltar ao Fond de l’Étang (‘Fundo do Pântano’, nome apropriado àquele internato). Também Simão, condenado ao degredo, se apresta a viajar no barco, que ainda está na Ribeira.
Tanto Mathieu como o herói romântico têm relativo contacto visual com aqueles de quem foram obrigados a separar-se, alunos e Teresa. Simão avista o vulto de Teresa no mirante do Mosteiro, «que se debruça sobre a margem do Douro, em Miragaia» — e Teresa «viu, dois a dois, entrarem amarrados, no tombadilho, os condenados» —, enquanto, nos Coristas, vemos só as mãos das crianças a despedirem-se pelas frestas da torre do colégio. (Em Amor de Perdição, Simão pôde assistir mesmo à morte de Teresa: «não era de Teresa aquele rosto: seria antes um cadáver que subiu da claustra ao mirante».)
Em ambas os casos, porém, a comunicação entre quem parte e quem fica faz-se por escrito. No filme, os alunos atiram aviões de papel onde registaram palavras de despedida, reconhecendo o professor a caligrafia e os erros ortográficos de cada um. Na novela, Simão vê a carta de Teresa que encima um «pacotinho» devolvido e que diríamos póstuma, como Teresa supõe que seja, pois que é lida já morta a amada: «É já o meu espírito que te fala, Simão. A tua amiga morreu. A tua pobre Teresa, à hora em que leres esta carta [...] está em descanso».
Também aproxima livro e filme o facto de os protagonistas, ao afastarem-se, irem acompanhados: Mariana viaja na nau e seguirá Simão mesmo até às águas do oceano; Pépinot corre atrás do professor, pede para ir com ele  e segue viagem na camioneta.
Nem filme nem livro terminam sem que se volte ao nível narrativo por que se começara. As duas histórias estão encaixadas numa moldura a que vamos regressar depois do fecho da ação. No filme, o relato em analepse tivera o pretexto de o agora maestro Pierre Morhange ter encontrado o diário deixado pelo seu professor. Na novela-romance, o último parágrafo dá conta de que Rita, a irmã predileta de Simão, ainda vivia, e que Manuel, pai do autor, já morrera há muito, recordando-nos que, no primeiro nível narrativo, o narrador investigava a vida de um familiar que, como Camilo, estivera preso na Cadeia da Relação.


[Eça & trabalho interessante]
Ver aqui.