Saturday, August 27, 2016

Comentário a filme e Felizmente há luar! no 12.º 5.ª



As classificações são, em geral, as da primeira versão. Quanto à segunda versão, verifiquei apenas se foram contempladas as emendas que aconselhara (note-se que, se essa reformulação estiver desleixada, a nota pode baixar).

Bea R.
Bea R. (Bom (-)) || The Imitation Game (O Jogo da Imitação)
Encontrar um filme para comparar com esta peça não foi uma tarefa fácil, mas, depois de muitos dias a pensar e a desesperar por uma ideia, uma pequena pesquisa, na minha mente, bastou para que me lembrasse deste filme. A primeira vez que o vi, O Jogo da Imitação captou de imediato a minha atenção, visto que sou uma apaixonada por filmes relacionados com a história da segunda guerra mundial. Posso dizer que é um dos meus filmes favoritos, devido ao drama que apresenta e ao facto de ser um thriller. Para além da história sobre a guerra, também nos mostra o percurso da computação moderna.
Este filme, sobre o criptoanalista, matemático e filósofo britânico Alan Mathison Turing, passado durante a Segunda Grande Guerra, explica como ele e a sua equipa ajudaram os Aliados na descodificação do código (Enigma) que os nazis utilizavam para comunicar, secretamente, os planos de ataque. Numa primeira situação é possível comparar Alan Turing e a sua equipa com uma outra equipa, formada pelas personagens, D. Miguel Forjaz, Beresford, Principal Sousa, Morais Sarmento, Andrade Corvo e Vicente em Felizmente há Luar!. Esta equipa revela as suas preocupações face ao país (“O povo fala abertamente em revolução…”, p. 37, ll. 9-10), e do seu próprio estado social (“depende a cabeça de V.Ex.ª, Sr. D. Miguel, os meus 16 000$00 anuais e a possibilidade de o principal Sousa continuar a interferir nos negócios deste Reino.”, p. 42, ll. 11-14). Com a ideia de que esta revolução iria acabar com os seus privilégios, partiram à procura de uma proclamação de conspiração contra o Rei, e do chefe desta revolução. No fim do ato I, esta equipa “definiu” que esse chefe seria Gomes Freire de Andrade. É possível comparar o filme com a peça, pois ambas as equipas estão em busca de algo que lhes vai proporcionar um bem próprio.
Apesar de todo o reconhecimento pelos seus estudos, importantes para a tecnologia na actualidade, a sua carreira terminou pois foi processado por atentado ao pudor, devido à homossexualidade, à época ilegal no Reino Unido. Histórias correntes (ou serão mesmo “mito urbano”?) dizem que acabou por ser assassinado, por ter ingerido uma maçã com cianeto (e, por isso, o logotipo da marca Apple). Visto isto, existe muito em comum entre a personagem principal do filme, protagonizado por Benedict Cumberbatch, e a personagem Gomes Freire, de quem, apesar de nunca participar em diálogo, se sabe muito da sua história de vida. Tal como Alan, Gomes Freire foi acusado de um crime, conspiração contra a influência inglesa e o regime absoluto (embora não saibamos se participou ativamente em qualquer conspiração), e acabou por ser morto na fogueira.
Em ambas as histórias, existe uma luta contra a liberdade de expressão. No filme, devido à homossexualidade de Alan Turing, e, na peça, em relação ao pensamento liberal e à revolução por parte do povo devido aos “Franceses” (“Veja, Sr. D. Miguel, como eles transformaram esta terra de gente pobre mas feliz num antro de revoltados! Por essas aldeias fora é cada vez maior o número dos que só pensam aprender a ler… Dizem-me que se fala abertamente em guilhotinas e que o povo canta pelas ruas canções subversivas.”, p. 40, ll. 1-7).

Bea G.
Bea G. (Bom (+)) || Insurgent (Insurgente)
Vi Insurgente (Insurgent) seis dias depois da sua estreia, em março de 2015. Lembro-me de estar muito ansiosa, visto que sou fanática pela trilogia Divergente a que pertence este filme, e que o vi no cinema do Colombo. O primeiro filme da trilogia Divergente foi-me recomendado pela minha melhor amiga dos escuteiros e, quando o vi, adorei-o e dele fiquei fã. Não costumo gostar muito de filmes com pequenas partes de ficção científica mas este marcou-me.
Ainda que menos realista que a peça, o filme acaba por coincidir em vários aspetos com Felizmente há luar!. Podemos dizer que os sentimentos pelo grupo dos sem fação e de alguns intrépidos pela figura de Jeanine é semelhante aos sentidos por Matilde e grande parte do povo perante as figuras dos três governadores. Em ambas as histórias, a luta contra o poder e a injustiça é um dos focos mais importantes.
A figura de Tris Prior equivale à de Matilde, a personagem que, na peça, protagoniza a revolta, e à de Gomes Freire de Andrade, que se diria ser o herói de Felizmente há luar! mesmo não aparecendo nunca em cena.
Enquanto Matilde protagoniza a revolta apenas motivada pela prisão do marido, Tris tem como motivação acabar com as injustiças, proteger a cidade e honrar a memória dos pais, que deram a vida por ela e pela liberdade do povo perante Jeanine. Considero que Matilde tem uma atitude talvez egoísta visto que apenas se lembra de se revoltar contra as injustiças quando ela mesmo se encontra numa situação semelhante, quase parecendo que, antes, ela não se importava muito com as injustiças do mundo que a rodeavam. Ainda que tenha estado sempre pronta a dar esmola aos que necessitavam (“Você, aí, sabe quem eu sou. Tenho-lhe dado esmola vezes sem conta.”), nunca se preocupou seriamente com as injustiças políticas e de liberdade. No entanto, Matilde chega mesmo a querer cobrar o favor ao povo quando pergunta “Por quanto tempo é que o vão deixar metido numa masmorra…” (pp. 100-101). Por outro lado, a meu ver, Tris promoveu a revolta de modo mais honesto, visto que sempre lutou pela prevalência da paz, sem que se tratasse de uma ação desencadeada só pela perda de alguém. Talvez este sentimento resulte do afeto que sinto por Tris mas esta parece-me mais íntegra que Matilde.
No filme, Jeanine procura descomedidamente pela pessoa que tem a capacidade de abrir a caixa que contém o segredo, enquanto na peça os governadores procuram pelo “chefe da conjura” (p. 72). Ainda que com objetivos diferentes, em ambas as situações são os nossos heróis os escolhidos para serem as cobaias.
Em ambas as intrigas o herói é alguém que se diferencia do resto das pessoas. Possui características apelativas e especiais que impressionam os que os rodeiam e são considerados uma ameaça para os que têm o poder. Aos olhos dos governadores, Gomes Freire de Andrade “é lúcido, é inteligente, é idolatrado pelo povo, é um soldado brilhante, é grão-mestre da maçonaria” (p. 71). Tris Prior é categorizada como divergente por ser intrépida, altruísta, inteligente, sincera e generosa.
É já no fim que os dois enredos se afastam: apesar de ambos os heróis sofrerem uma perseguição, apenas o herói da peça acaba por morrer. A heroína do filme sobrevive e consegue descobrir o segredo escondido dentro da caixa secreta, continuando assim a promover a revolta contra Jeanine e todos os seus apoiantes.

Joana S.
Joana S. (Bom (+)) || Arrival (O Primeiro Encontro)
Quando mostrei interesse por este filme, ao ver a história relatada no trailer, confesso que me desiludi. Porém, o filme transmite uma mensagem que, habitualmente, não vemos em filmes de extraterrestres e que, por isso, me deixou surpreendida.
Arrival (O Primeiro Encontro) descreve a chegada de seres extraterrestres a diferentes pontos da Terra e o relacionamento de dois deles (Abbott e Costello) com a Dra. Louise Banks, uma professora de linguística, e Ian Donnely, um físico teórico. O enredo resume-se à interação e à troca de mensagens entre os seres alienígenas e os seus investigadores, para compreender se eles representam uma ameaça ou não.
Sei que a analogia entre extraterrestres e a obra Felizmente Há Luar! pode ser estranha, mas a verdade é que existem diversas correspondências. Os interesses políticos não só estão presentes no filme, no caso de um general chinês que não confiava nos extraterrestres e que, por isso, direcionou a sua equipa para um plano que não estava estabelecido por não conseguirem partilhar as informações que tinham deles com os outros países, como também são evidentes na peça, uma vez que esta retrata a injustiça da repressão e das perseguições políticas levadas a cabo pelo Estado Novo. É o caso de D. Miguel Forjaz, que apenas mostra interesse na detenção de Gomes Freire porque precisa de arranjar um culpado, mesmo que este seja inocente, como o membro da Regência aliás confessa: “quem deverá, ou convirá, que tenha sido o chefe da revolta?” (p. 60). Sousa Falcão também admite que D. Miguel “odeia Gomes Freire com um ódio que vem de longe, um ódio total, que não perdoa nada!” (p. 116-117).
Para além disto, verifica-se uma relação de superioridade entre as personagens da obra. De um lado, temos os governadores do reino, defensores do absolutismo. De outro, temos os populares, defensores do liberalismo. Identicamente, há uma luta de poder entre os seres extraterrestres e os seres humanos.
No entanto, a correspondência mais evidente será o medo do desconhecido. Tal como em Arrival, os populares de Felizmente Há Luar! ignoravam Matilde porque tinham medo do que poderia acontecer, apesar de acreditarem na mudança e nas crenças do general Gomes Freire de Andrade. Os apelos de Matilde aos populares sobre quanto tempo deixariam o general numa masmorra, insinuando que a responsabilidade pela sua prisão era deles, já que tinham fé nele, foram encarados por Manuel, dizendo “Olhe para nós, Sr.ª D. Matilde. Abra bem os olhos e veja quem somos e ao que estamos reduzidos” (p. 105).
No final da peça, Matilde vê a fogueira como um sinal de esperança, já que mostrou ao povo o que podia simbolizar. Do mesmo modo, Costello ensinou a sua linguagem a Louise, para que ela os pudesse ajudar dali a 3000 anos.
Assim, podemos assegurar que “felizmente há luar” e “heptapods” (nome dado aos seres alienígenas), ainda que se mantenham interesses políticos, combates pelo poder e medo do desconhecido, são símbolos de crença e fé, que representarão o nosso futuro.

Cláudia

Cláudia (Bom/Bom (+)) || Nightcrawler (Repórter da Noite)
Confesso que não foi fácil escolher um filme que se relacionasse com Felizmente Há Luar!. Na minha videoteca caseira, não faltavam eram exemplares que se pudessem associar ao livro.
Um dos primeiros que me veio à memória foi Capitães de Abril, realizado e protagonizado por Maria de Medeiros, não só pelo contexto histórico, mas pela alusão à morte de Salgueiro Maia, o herói da revolução, assim como acontece no livro, com a morte, descrita por Matilde, de Gomes Freire d’Andrade. Era uma boa analogia, mas também muito previsível. Lembrei-me ainda do clássico americano Once Upon a Time in America, onde senti particularmente o mesmo que na cena em que D. Miguel demonstra a sua crueldade, política e pessoal, perante o primo, ao ponto de o querer ver morto. Tal similaridade acontece quando amigos de infância — agora adultos, tentam aproveitar-se um do outro.
Tendo continuado à procura de um exemplar perfeito, deparei-me com alguns que podiam ter interesse literário: La Promesse, onde se põe em causa traição entre pai e filho para um bem maior, assim como Matilde põe em causa os valores que defende só para salvar o marido, traindo-se a ela própria (“Ensina-se-lhes que sejam valentes, […] Ensina-se-lhes que sejam justos, […] Ensina-se-lhes que sejam leais, para que a lealdade, um dia, os leve à forca!”); Jackie, o filme biográfico que retrata a vida de Jacqueline Kennedy e como conseguiu carregar o legado do marido, assim como Matilde. Mas, em cada exemplar que encontrava, parecia que faltava alguma peça importante. Depois de desarrumar a prateleira, encontrei um, visto recentemente, que me recordava aquela sensação de angústia revoltante ao ler as falas de Vicente: Nightcrawler, Repórter da Noite. Este filme de 2014 foi um dos mais angustiantes já alguma vez vistos nas sessões cá de casa.
Lou Bloom, o protagonista, pode ser facilmente comparado com Vicente. Calculista e traiçoeiro, não se importa de prejudicar os outros para conseguir o seu objetivo: o reconhecimento. Vicente, caracterizado como um provocador em vias de promoção, não se importava de trair os seus, o povo, para conseguir o alto reconhecimento, neste caso como chefe da polícia. Este thriller põe-nos com uma sensação revoltante, não só pelo sentimento de desaprovação com Lou Bloom, mas também pela necessidade, quase obrigatória, de ter de gostar de alguém no filme. Essa personagem desejada, Rick, vem com a chegada de um “sócio/parceiro” para a “empresa” de jornalismo freelancer.
Neste caso, Rick, que, no início, poderia ser comparado com Matilde pelo sentimento de compaixão que se criou a partir da personagem, vai ser comparado, no fim do filme, com Gomes Freire, uma vez que vai ser morto, como foi o General. Em ambas as personagens, o sentimento de afeto é grande, e ambas morrem. Baleado pelo próprio Bloom, o sentimento de traição afeta toda a gente. Como é possível balear assim a pessoa com quem se tem um negócio? Esta mistura de emoções e desaprovações vem provocar uma sensação, antes vivida no filme, quando Vicente proclama os seus ideais com manipulação e sem consideração (“É simples: digo-lhes metade da verdade… Odeiam os franceses e os Ingleses? Chamo estrangeirado ao Gomes Freire…”, p. 25).
Ao ler a obra, a última fala proferida por Matilde — “felizmente há luar!”— é a parte mais gratificante da história, uma vez que põe o leitor a pensar nas esperanças do futuro porque afinal há luar, pondo paralelamente em xeque o governo absolutista. Em Nightcrawler, o desfecho é diferente, uma vez que a nossa pauta melódica de esperanças foi morta, deixando a história desenvolver-se sem que Lou Bloom seja responsável pelos seus atos. Desta forma, estas duas obras encaixam que nem uma luva.

Mónica

Mónica (Bom +/Muito Bom -) || Return to Paradise (Um caso de força maior)
Tenho que confessar que sou bastante reticente quanto a filmes antigos, os poucos que vi ou foi pela ligeiríssima insistência da minha mãe ou por serem a única alternativa para o serão de sábado. No entanto, poucas foram as vezes em que vi um clássico e não fiquei satisfeita: parece que tudo é mais simples e verdadeiro nestes filmes que têm bons conteúdos sem depender de ecrãs verdes e efeitos especiais.
Um destes filmes, impossível de não apreciar, é Um caso de força maior (em inglês, Return to Paradise), um drama de 1998 que conta a história de dois amigos, Sheriff e Tony, que, para salvar a vida de outro, Lewis, que está preso e prestes a ser enforcado, têm de se dar como culpados num crime que também cometeram. É também impossível não estabelecer uma relação imediata entre Sheriff e António de Sousa Falcão, “o inseparável amigo” de Gomes Freire d’Andrade, em Felizmente há luar!.
Sousa Falcão aparece apenas no ato II da peça de Sttau Monteiro e surge como o grande apoio de Matilde, que está transtornada e revoltada face à prisão do homem que ama. O grande amigo do casal torna-se, assim, um companheiro de Matilde na luta contra o enforcamento de Gomes Freire, ajudando-a nas intervenções junto dos membros do poder e dando-lhe o auxílio necessário para ultrapassar esta fase desastrosa. Também Sheriff é o grande apoio de Beth, irmã de Lewis, que aborda os dois amigos dizendo ser a advogada do preso, ocultando o parentesco existente, e pedindo-lhes que se entreguem de maneira a salvar Lewis, condenado à morte por posse de droga. No entanto, começa uma relação amorosa com Sheriff e será este romance que, posteriormente, garantirá a Beth o apoio e a ajuda do amado.
Sousa Falcão sente-se culpado pela prisão injustificada do amigo, porque “os motivos que os governadores tiveram para prendê-lo” (p. 137) seriam também aplicáveis no seu caso, contudo faltou-lhe “coragem para estar na primeira linha” (p. 137). A cobardia e a vergonha preenchem-no e fazem com que se sinta lastimável. Ao longo da intriga tenta controlar ao máximo os seus sentimentos para transmitir esperança e confiança a Matilde, não deixando transparecer as suas angústias. Porém, após a morte do amigo, torna-se impossível esconder o que sente (“O António chora.”, p. 139). No filme, apesar de Sheriff ser inicialmente o mais hesitante em ajudar, acaba por ser ele, motivado pelo amor e amizade, que se entrega, no final, declarando-se culpado pelo crime. Demonstrou a coragem que faltou a Sousa Falcão, e, por isso, não sofreu tanto pela decisão que tomou.
Estas duas histórias são tão semelhantes que facilmente se identificam outras parecenças entre as personagens que as integram, como Gomes Freire e Lewis, por motivos evidentes, e Matilde e Beth, por fazerem tudo para tentar salvar o homem que amam (marido e irmão, respetivamente) das mãos de um governo abusivo.
Gomes Freire e Lewis encontram-se então numa situação similar: estão ambos presos e destinados à forca e as condições em que vivem, em S. Julião da Barra, na peça, e numa prisão da Malásia, no filme, são descritas como miseráveis. Contudo, existem diferenças que reforçam a compaixão por Gomes Freire, que era inocente, não podia receber visitas, nem mesmo para se despedir, e não tinha qualquer saída da situação em que se encontrava. Em contrapartida, Lewis tinha realmente cometido um crime, podia receber visitas, ainda que muito restritas, e a ajuda dos amigos podia evitar a sua morte. Apesar destas divergências, o que realmente liga estas personagens é tanto a persistência dos que os rodeiam, tentando tudo para os salvar, como o facto de, inesperadamente, Gomes Freire e Lewis terem o mesmo fim, a forca.
Um ponto convergente nos dois enredos é, portanto, o final, previsível em Felizmente há luar!, no entanto, surpreendente no filme, onde estava tudo encaminhado para o típico final feliz, até que uma reviravolta causada pela imprensa americana conduz Lewis à forca, deixando as pessoas mais sensíveis tocadas por este momento, como acontecerá com os espetadores da peça.

Débora
Débora (Bom -/Bom(-)) || Gladiator (Gladiador)
A primeira vez que vi o filme Gladiador (Gladiator) foi com a minha irmã e com a minha mãe: estávamos em casa e elas sugeriram vermos este filme porque, como eu nunca o tinha visto, seria uma experiência nova para mim. Devo dizer que adorei ver o filme pois retrata uma história em que estão envolvidas a traição, a perda, a vingança, a tirania, a escravidão, a ambição, o assassinato mas também o amor. O filme sempre despertou em mim uma certa admiração porque ver alguém que luta sempre pelos seus objetivos e pelas pessoas que ama dá-me alguma confiança para fazer o mesmo e, sempre que ele passa na televisão, arranjo uma forma de o ver.
No filme Gladiador o General Maximus tenta impedir a invasão dos Germânicos, tal como em Felizmente Há Luar! Portugal acaba de ultrapassar uma época de invasão dos franceses (“Vê-se a gente livre dos franceses”, p. 16). A personagem Matilde em Felizmente há luar! perdeu o seu marido, como o General Maximus perdeu a mulher e o filho, mas Matilde não procurou  vingança para com os poderosos (Principal Sousa, Beresford e D. Miguel Forjaz) pois ela percebeu que aquele não era o fim mas o princípio (“Julguei que isto era o fim e afinal é o princípio”, p.140). Ao contrário de Matilde, Maximus jurou vingar-se dos culpados pela morte dos seus entes queridos, fosse naquela vida ou noutra.
Tanto no livro como no filme, os mais poderosos são tiranos e ambiciosos. D. Miguel, com medo de perder o seu poder, ordena que matem um inocente, o seu primo, por lutar pelos pobres e por ele próprio. Cómodo, quando soube que o seu pai, o Imperador, ia entregar o Império a Maximus, mata o próprio pai e manda Quintus matar Maximus e a sua família e apodera-se do trono. Tal como, no livro, Gomes Freire passa de General a pobre e de pobre a prisioneiro, Maximus passa de general a escravo e de escravo a gladiador. Ambos são heróis nas duas intrigas: enquanto o General Gomes Freire luta pelos pobres, por si próprio e pela igualdade, Maximus luta para conseguir obter a sua vingança contra Cómodo, luta pelos escravos e pelo homem que foi como um pai para ele, o antigo Imperador Marco Aurélio.
No livro Felizmente há luar!, Vicente, Morais Sarmento e Andrade Corvo são considerados traidores e denunciantes por todas as pessoas mas eles não se importam porque julgam que estão a ser fíeis a el-rei. No Gladiador, Cómodo trai o pai e Quintus, sendo o braço direito de Maximus, cego com o poder que Cómodo lhe deu, trai o amigo, seguindo as ordens do seu novo Imperador e manda matar Maximus sem saber que Cómodo iria matar a família de Maximus. 
Em ambas as histórias existe o envolvimento da traição, tirania, perda, a ambição e o assassinato mas não há só coisas más, também há o amor, como o amor de Matilde e Gomes Freire e o amor de Maximus com a sua mulher e o seu filho. Nas duas intrigas, o enredo acaba de forma trágica, com a morte de Gomes Freire em Felizmente há luar! e a morte de Maximus no Gladiador . Quando se aproxima a morte de Maximus, Quintus vira-se contra Cómodo e une-se ao seu antigo e grande amigo. Apesar das piores partes, existe algo bom em ambas as histórias pois, quando Maximus morre, acaba por reencontrar a sua mulher, e filho e Matilde encara este final como o princípio de algo porque “ Aquela fogueira, António, há-de incendiar esta terra! ” (p. 140).

Carolina
Carolina (Bom +) || A Bela e o Monstro
Quando pensamos em Felizmente há luar!, o filme A Bela e o Monstro não nos parecerá, certamente, servir como base de comparação essencialmente devido a ser originalmente um filme de animação para crianças, que grande parte de nós terá visto e revisto bem mais do que uma vez. No entanto, se pensarmos em detalhe nas duas histórias, apercebemo-nos das semelhanças existentes entre, em grande parte, duas personagens: D. Miguel Forjaz um nobre, símbolo da decadência do país que governa e Gaston um antigo soldado adorado pelo povo (mas, principalmente, pelas mulheres solteiras).
Na peça, D. Miguel Forjaz, um dos "três conscienciosos governadores do Reino" (p. 13) , mostra ser uma personagem corrupta, desumana, hipócrita e sem escrúpulos, cujo único objetivo é impedir a revolução e a implementação do sistema de cortes ("o meu sonho é de não morrer sem exterminar de vez as sementes da anarquia e do jacobinismo...", p. 69). Também Gaston, no seu universo paralelo, apresenta no decurso do filme estas características típicas de um vilão. Conduzidos pelo ciúme e pela raiva, ambas as personagens planeiam matar um inocente para seu próprio benefício. Enquanto D.Miguel Forjaz pretende matar o seu primo, o General Gomes Freire d'Andrade não só pela necessidade de acusar um chefe da revolta, como por apresentar um ódio pelos seus ideais (que vão contra a sua visão de uma sociedade tradicional da monarquia absolutista) e pela capacidade deste em colocar em causa o seu lugar na Regência —, Gaston tenciona matar o Monstro por estar consumido pela rejeição de Bela, com quem tencionava casar, dirigindo assim a sua raiva para a personagem por quem esta se apaixonou.
Ao lado destas personagens, existem outras que se aliam às suas causas. No entanto, neste ponto existem ligeiras diferenças entre as duas narrativas. Se, por um lado, D. Miguel Forjaz é apoiado por outros governadores (Beresford e Principal Sousa) e pelo que poderemos chamar traidores da sua classe (Vicente, Morais Sarmento e Andrade Corvo) que tomam também grande importância na decisão de incriminar o general mas sem nunca obter o apoio do povo que anseia a revolução e a sua liberdade ("Prenderam o general... Para nós, a noite ainda ficou mais escura", p. 80), Gaston move o povo da sua vila a matar Monstro pela incitação do medo, sem nunca serem mencionadas quaisquer personagens das classe altas (nobreza e clero). O poder que Gaston tem sobre o povo é de tal forma, que este acredita cegamente em tudo o que o antigo soldado diz, sem se questionar algo que não acontece em Felizmente há luar!, em que o povo, apesar de se manter silencioso visto não ter qualquer tipo de poder e influência sobre o regime, mantém-se fiel àqueles que acreditam na sua libertação e nos seus direitos.
As narrativas divergem também no seu desfecho. Enquanto que D. Miguel Forjaz viu o seu desejo cumprido "É verdade que a execução se prolongará pela noite, mas felizmente há luar..." (p. 131) , Gaston, ao confrontar Monstro, acaba por cair para a sua morte, não chegando realmente a matá-lo e morrendo, tal como Gomes Freire d’Andrade, enforcado.
Apesar de a história das personagens ser um pouco diferente o que está de acordo com o tempo e espaço da ação (Felizmente há luar! situa-se em Portugal em 1817 e A Bela e o Monstro situa-se em França por volta do século XVIII) e com o estatuto das personagens —, estas são, na sua essência, iguais: implacáveis, más e vingativas, a receita perfeita para a criação de um antagonista.

Catarina R.
Catarina R. (Bom +) || A Criança n.º 44
A ação em Felizmente há Luar! decorre num período marcado pela forte opressão do povo que, no mais baixo estrato social, mal suporta a miserável vida que leva. Face às pobres condições em que vive, o descontentamento vai crescendo até chegar a um ponto em que os populares, movidos pelas ideias de um período pós invasões francesas, adotam atitudes reveladoras e inconformismo (“Por essas aldeias fora é cada vez maior o número dos que só pensam aprender a ler…”, p. 40); falam livremente contra a regência e parece até estar a surgir um movimento contra o poder.
As mesmas condições de censura do povo estão presentes na vida das personagens de A Criança n.º 44, do realizador Daniel Espinosa. O filme retrata o início da década de 1950, numa Rússia dominada pelo comunismo, um “paraíso” onde o homicídio é uma palavra desconhecida.
O filme toca em vários assuntos recorrentes da época em que ação se centra, mas também se foca na relação enraizada em sentimentos opressores dos dois protagonistas, Leo Demidov, um respeitado agente do KGB, e a sua mulher, Raisa. A estas duas personagens podem associar-se, em Felizmente há Luar!, o casal General Gomes Freire de Andrade e Matilde de Melo, que apresentam, no entanto, uma enorme diferença: o amor que os une. Através dos apelos que Matilde faz pela vida do seu marido ao longo da obra, é sempre notório a enorme afeição e devoção que sente por Gomes Freire – “Um dia entrou um homem na minha vida. Entrou de tal forma, senhor, que tomou posse dela.” (p. 92) – ou então, nos momentos finais da peça, quando se despede: “Vai, amor da minha vida…” (p. 139). Já Raisa admite a Leo, num momento de desespero, que apenas se casou com ele por sentir pavor do que aconteceria se recusasse o pedido.
Existe uma linha de ação semelhante em Felizmente há Luar! e  A Criança n. º44. Na peça, o herói por todos referido mas nunca visto em cena é vítima de personagens que procuram e seguem cegamente a aura sedutora do poder, sejam elas Vicente, de modo a deixar o mais longe possível o seu passado e origens humildes; Andrade Corvo, que “pretende ser promovido pela denúncia, já que o não pode ser por mérito” (p. 44) ou Beresford, cujas ações são postas em prática partindo de um plano mental estritamente materialista. Também no filme, Leo é alvo desta fome pelo poder, encontrando um inimigo num antigo inferior seu do KGB, que entretanto subiu na hierarquia e tem agora mão no futuro de Leo, sendo os dois protagonistas do filme forçados a mudarem-se de Moscovo para uma cidade industrial pacata após a (falsa) suspeita de Raisa estar a trabalhar como espia.
Após o encarceramento do General Gomes de Freire, Matilde, angustiada pela separação do meu marido e procurando um plano de ação com o objetivo de o libertar, reflete sobre os momentos que passaram juntos, e em como, se estivesse na posição do seu marido, ele faria tudo ao seu alcance para lhe restituir a sua liberdade, como manifesta em “Estivesse eu em S. Julião da Barra, e já teria ele dado a sua vida por mim” (p. 90). Apesar da relação distante entre Leo e Raisa, à semelhança de Matilde, a mulher do ex-agente mantém-se fiel ao seu marido quando lhe é oferecida uma vida próspera longe de Leo, quando este encontra ainda mais conflitos por seguir a linha de investigação de vários homicídios de crianças num país em que “não acontecem” tais atos de violência.
O final das obras dramática e cinematográfica diverge quando, no filme, as verdadeiras intenções dos agentes que injustamente acusam Leo são descobertas e o herói restitui a sua honra e antiga vida, o que não se dá na peça. Se o filme termina com uma nota esperançosa para um futuro diferente, com a fundação de um departamento de investigação de homicídios, em Felizmente há Luar!, o lado do poder corrupto vence, e quem parecia poder dar voz e forma à roda da mudança acaba executado, e a devotada Matilde compreende como a enorme máquina do poder é despótica.

Carlota
Carlota (Bom -/Bom (-)) || Star Wars: The Empires strikes again
Entre a minha extensa lista de filmes favoritos (já feita desde que os começei a ver), está no topo Star Wars. Qualquer um deles me deixa boquiaberta e completamente presa à televisão, no entanto quero-me concentrar no segundo da série, Star Wars: The Empires strikes again. Para mim, é um dos melhores filmes feitos, que abrange qualquer tema de uma forma peculiar.
Por sugerir vários temas por vezes até polémicos, é o filme ideal para comparar com Felizmente há luar! Falando por mim, ao ler o livro, tive várias sensações e sentimentos que tive também quando vi o filme mencionado pela primeira vez. No geral, as duas histórias têm bastante em comum; no entanto, têm também algumas diferenças. Matilde, em Felizmente há luar! poderia ser contrastada com a princesa Leia, em Star Wars, uma vez que são ambas personagens femininas muito poderosas (“Vou enfrentá-los. É o que ele faria se aqui estivesse”, p. 91), decididas e apaixonadas. Porém, Matilde ama Gomes Freire d’Andrade, e a princesa Leia ama Luke Skywalker, mas apenas como seu irmão.
A principal parecença entre o livro e o filme é que ambos têm os dois grandes grupos: os absolutistas (Beresford, D. Miguel e o principal Sousa- em Felizmente há luar!- e o Império- em Star Wars) e os libertistas (General Gomes Freire d’Andrade e os Jedis): “Um amigo do povo! Um homem às direitas! Quem fez aquele não fez outro igual…” (p. 20). Ou seja, nas duas histórias, os absolutistas querem “controlar” ou a galáxia ou o reino português e quem está contra eles não merece viver. Em Felizmente há luar!, o general Gomes Freire d’Andrade é preso, torturado e morto, e, em Star Wars, este cenário tão violento não acontece. É verdade que muitos dos “liberalistas” no filme são levados à morte; porém Luke, o jedi mais importante, não morre, é torturado e sofre bastante mas não chega ao extremo. Existe uma grande rivalidade entre os dois grupos sendo que os absolutistas não prestam muita atenção aos mais oprimidos (“A simples existência de certos homens é já um crime”, p. 95), aos que precisam de ajuda e de “esmola”, enquanto que o grupo contrário ao mal tenta prestar todo o auxílio possível, mesmo que se encontre nas mesmas situações.
Ao ler o livro, apercebi-me de que a realidade é assim mesmo, é normal haver dois grandes grupos contrastantes que têm as suas próprias ideias e lutam por elas. Geralmente, há uma grande luta entre os dois. Isto é, a luta entre o poder e a injustiça. O filme tem também esta característica típica da realidade em que nós próprios vivemos. O Império e os jedis lutam uns contra os outros, uma vez que o Império quer apenas “salvar a sua pele” e faz tudo para que nada de mal lhes aconteça, em vez de se preocupar com o povo que governam.
As restantes personagens, como Vicente, Corvo e Morais Sarmento, são auxiliares da história, talvez como traidores e revoltados (porém, de modo diferente). Também no filme existem personagens que auxiliam na história, tanto no grupo dos “bons” ou no dos “maus”.
Assim, Star Wars e Felizmente há luar! complementam-se, mesmo que tenham diferenças entre si. Têm ambos grupos contrastantes e figuras femininas poderosas, o que é bastante importante.

Bea S.
Bea S. (Bom -) || The Contender (O Jogo do Poder)
Já em ato de desespero pela busca de um filme em que tivesse alguns pontos de ligação com a peça de Luís de Sttau Monteiro, encontrei O Jogo do Poder (The Contender), um triller do ano 2000, de que, na verdade, nunca antes tinha ouvido falar.
Trata-se de Laine Hanson, uma ex-republicana, mudando-se para o partido democrata após tornar-se senadora do Ohio. Apesar de ser apoiada pelo Presidente dos Estados Unidos em se tornar a primeira vice-presidente da história do país, terá de lutar com aqueles que não concordam com os seus ideais, como, por exemplo, o direito ao aborto e a separação entre a religião Católica e a política, assumindo-se como ateia em frente do comité do Congresso. Apesar de este não ser o meu tópico principal de análise entre o filme e a peça, o filme revelou-se muito interessante a nível da igualdade de género (feminismo), um dos tópicos mais falados hoje em dia.
O desenvolvimento da personagem Laine Hanson ao longo do filme apresenta algumas semelhanças com o da personagem General Gomes Freire de Andrade em Felizmente Há Luar!, não só a nível narrativo mas também a nível de comportamentos e de personalidade. Ambos são adorados pelo povo mas odiados por aqueles que enfrentam e que contra eles conspiram - Jack Hathaway (outro candidato ao lugar) juntamente com alguns elementos do comité do Congresso governado pelo presidente Shelly Runyon (um republicano conservador) no caso de Hanson e os "três conscienciosos governadores do Reino" e Vicente, no caso de Gomes Freire de Andrade -, sendo que o termo "estrangeirado", que foi muitas vezes aplicado ao General Gomes Freire, também se adequa à protagonista do filme devido à discrepância das suas das atitudes comuns naquela altura, apesar de o tempo da ação ser situado já no século XXI. Estas idealizações levaram a que até democratas – podendo fazer uma analogia com as personagens Morais Sarmento, Andrade Corvo e Vicente; tornando-se denunciantes e traidores para subirem na vida, não tendo escrúpulos nas escolhas dos meios para atingir os seus objetivos - se juntassem a Shelly Runyon, de forma a fazer com que o Presidente mudasse de opinião acerca de Hanson.
Ambos lutaram por aquilo em que acreditaram. Laine lutou sempre pelo seu direito de ter uma vida privada e de poder fazer o que queria com o seu corpo, apesar de os media a humilharem (são estes o símbolo da repressão no filme como os tambores são em Felizmente Há Luar!); e Gomes Freire lutou pela justiça e pela liberdade. Lutaram quer um pela igualdade entre géneros, e o outro pela igualdade entre estatutos sociais. No entanto, apesar de todos os esforços de Matilde em salvar Gomes Freire, seu marido, este acabou enforcado em S. Julião da Barra. Mas, no caso de Laine, valeu-lhe o Presidente, que, num discurso diante do congresso, falou sobre as legítimas razões que o levavam a escolher Laine como sua vice-presidente, denunciando a corrupção feita por Runyon e Jack Hathaway.
Laine acabou por ter um "final feliz", mas o mesmo não aconteceu com o Gomes Freire. No fim, acabamos por nos aperceber de que, se Matilde tivesse algum tipo de influência, a história de Gomes Freire poderia não ser a mesma.

Tety
Tety (Bom) || One day
One Day foi um filme que vi por acaso: liguei a televisão e estava ele a começar. Ficou marcado na minha memória por ter tido um final totalmente inesperado. Tentei ler o livro porque são sempre mais ricos que os filmes, mas não tive a oportunidade e acabei por me esquecer. Em Felizmente há luar!, apesar de o final ser óbvio, tive esperança que algum dos apoiantes do General Gomes Freire de Andrade fizesse algo ou até que o Principal Sousa tivesse piedade da pobre mulher do general. No filme, as personagens são apanhadas de surpresa, acabando uma por morrer ao ir contra um camião.
Em Felizmente há luar! existe uma elipse da qual nem damos conta, parecendo que tudo se passa na mesma noite. Durante o filme temos noção de que vinte anos se passaram desde que as personagens principais (Emma e Dexter) se conheceram, até porque estas vão ganhando novos traços à medida que o tempo passa.
Encontramos muitas parecenças entre Emma e o General Gomes Freire de Andrade. Rapariga idealista é o termo que melhor caracteriza a personagem do filme pois queria mudar o mundo em seu redor para melhor, tal como Gomes Freire. O sonho dela era ensinar e escrever ao mesmo tempo enquanto que o general Gomes Freire era o protagonista de uma revolta cujo objetivo era tornar o povo português, que a "miséria, o medo e a ignorância" dominavam, mais culto. Apesar de esta personagem não aparecer em cena, tem um papel muito importante na peça e, sobretudo, no comportamento de outras personagens. Matilde e Dexter também têm em comum o facto de terem ficado numa solidão desesperante e destroçados com a perda.
A vida de ambos os casais é dura e, pelos testemunhos de Matilde, apercebemo-nos de que esta teve um filho com Gomes Freire que acabou por morrer (“ Se o meu filho fosse vivo...”, p. 84). Em One Day, apesar de Dexter ter tido uma filha de outro casamento, Emma queria ser mãe e, apesar de muitas tentativas, o desejo de terem filhos acabou por não se realizar. A sorte não está mesmo do lado destes casais mas, apesar de curta, a vida foi preenchida com pessoas importantes e amor.
A didascália  lateral (p. 120), «o mundo não passava dum inimigo que os perseguia a ambos», descreve o destino dos heróis tanto da peça de Sttau Monteiro como os do romance, terminado com um final trágico (morte). Em contraste, Matilde já estava preparada para tal acontecimento pois era a única maneira de os governantes avisarem e obrigarem os populares a esquecerem as ideias e o comportamento revolucionário.
Matilde e Sousa Falcão, grande amigo do casal (“António: você, que foi sempre o seu amigo e que o conhece há anos.”, p. 87), julgaram que a execução de Gomes Freire de Andrade e de mais revolucionários “era o fim e afinal é o princípio.” (p. 140), tendo o povo ficado com ainda mais vontade de revolta devido à maneira como vivia. A mensagem do filme e de Felizmente há luar! é semelhante pois não devemos esperar muito tempo para dizer o que sentimos ou, no caso da peça, Matilde deveria ter usado a sua saia verde, que Gomes Freire de Andrade lhe tinha oferecido, há muito tempo. Dex e Emma não deveriam ter demorado tanto para dizerem o que sentiam realmente um pelo outro. Apesar disto, as personagens só ficaram mais fortes e com vontade de mudar.

Patrícia
Patrícia (Bom (+)/Bom+) || The Shawshank Redemption (Os Condenados de Shawshank)
Os Condenados de Shawshank, de 1994, é o filme que está em primeiro lugar na lista dos melhores filmes do IMDb (uma página, na internet, a que se costuma recorrer quando se quer saber se um filme é bom ou mau), com uma avaliação de 9.2 em 10 e, por isso, eu e os meus amigos, numa tarde em que não tínhamos nada para fazer, decidimos vê-lo.
O filme mostra a realidade opressiva vivida pelos prisioneiros. Tal como em Felizmente Há Luar! vive-se num ambiente de poder absoluto em que o diretor da prisão, uma personagem muito corrupta, faz o que lhe convém. Na peça os três governantes conspiram para arranjarem um "chefe da revolta" que dê jeito matar, de modo a assustarem o povo e, consequentemente, a parar o rebelião. A população vive num universo de medo produzido pelos poderosos, onde nem a liberdade de expressão é permitida. Quando o Principal Sousa diz "Dizem-me que se fala abertamente em guilhotinas e que o povo canta pelas ruas canções subversivas." (p. 40) nota-se um tom depreciativo, demonstrando a atmosfera repressiva que cobria Portugal. O ambiente torna-se cada vez mais parecido com o de uma ditadura, havendo regras, como os populares não se poderem juntar em grupos— "Então vocês não sabem que estão proibidos os ajuntamentos?" (p. 81)—, que contribuem para a semelhança da situação relatada na obra com o salazarismo.
A personagem principal, Andy Dufresne, é um banqueiro acusado de homicídio, que, tal como Gomes Freire, foi preso apesar de inocente e, apesar de não ter sido morto, ficou entre barras durante muito tempo para o benefício do poder. No entanto, decidiu cooperar com o diretor, lavando o dinheiro obtido pela corrupção, de modo a ter privilégios que, no início, vemos ser o de montar uma biblioteca nova e geri-la. A atitude de fazer algo incorreto não lembra o condenado do livro, mas sim Corvo, Morais Sarmento e, principalmente, Vicente que, ao denunciarem certas pessoas, ajudavam os governantes em troca de posições sociais e dinheiro. Só no final é que nos apercebemos de que esta personagem não está do lado do poder: durante o tempo todo que trabalhava, tinha o plano de fugir da prisão e de ficar com o dinheiro. O prisioneiro, apesar de algumas ações duvidosas, pode ser visto como o herói da história, tal como o marido de Matilde. Este foi contra o poder tanto quando fugiu da prisão, sem o encontrarem novamente e, portanto, sem cumprir a pena injusta que lhe foi dada, como quando ficou com o dinheiro que seria, desonestamente, de Warden Norton. Identicamente, Gomes Freire de Andrade é o protagonista da peça, apesar de estar "sempre presente" (p. 13) mas "nunca" (p. 13) aparecer, visto que defende o liberalismo, o que vai contra as ideias dos poderosos, sendo por isso queimado. No entanto, não tendo entrado em ação, nem dado muito nas vistas, mantendo sempre a paz, acabou morto, enquanto Andy foi espalhafatoso e terminou a sua vida em liberdade.
A incapacidade de Matilde para fazer algo e o desespero em relação à situação do marido podem ser vistos no personagem Brooks Hatlen. Quando este, após muitos anos na prisão, é libertado, não consegue lidar com a nova realidade, começando a notar-se o seu desespero e angústia face à vida que leva, e, sentindo que não consegue fazer nada em relação à situação em que se encontra, suicida-se. Matilde também sofre muito com a detenção do marido — "Como ela chorava, santo Deus! Parecia um animal ferido a ganir à beira duma estrada" (p. 82) — principalmente porque para ela não havia ninguém que menos merecesse ser condenado do que ele, sentindo a terrível injustiça de que o seu grande amor estava a ser vítima —"Ensina-se-lhes que sejam justos, para viverem num Mundo em que reina a injustiça!" (p. 83). Sente-se obrigada a fazer algo pelo marido visto que ele sempre a ajudou em tudo — "Baterei todas as portas, clamarei por toda a parte, mendigarei, se for preciso, a vida daquele a quem devo a minha!" (p. 86) —, no entanto nunca tem sucesso, como se vê pelo desfecho da obra.

Susana
Susana (Bom) || A Mighty Heart (Um coração poderoso)
Desde que me lembro que sou apaixonada pelo mundo do cinema. Dedico-me bastante a alargar o meu conhecimento em filmes, e muitas são as tardes que passo com os olhos postos nestes. Foi numa dessas tardes, em que estava a passar canais na televisão à procura de algo para ver, que me deparei com um filme que me chamou à atenção. Os escassos dois minutos que vi dele foram o suficiente para me fazer carregar no botão ‘’ver do início” e assim descobri A Mighty Heart, em português, Um coração poderoso.
O filme relata a história da mulher de um jornalista do Wall Street, que foi raptado por um grupo de terroristas, por estar a investigar pistas dos ataques de 11 de setembro. Observamos de perto a luta da sua mulher, Mariane, grávida de seis meses, e o sofrimento que a acompanha ao procura-lo.
Muitas foram as caraterísticas que achei na personagem principal deste filme, Mariane, em Matilde, de Felizmente há Luar!. Tanto uma como a outra revelam-se mulheres corajosas – por exprimirem romanticamente o seu amor e lutarem pelo que consideram justo e correto – e muito dedicadas e apegadas aos seus maridos – como se retira do sofrimento que sentem pela “perda” destes e pela esperança que depositam em encontrá-los, apesar da sua impotência na situação. Porém, apesar destas suas caraterísticas comuns, apresentam formas distintas de lidar com a dor e a incerteza com que convivem. Matilde revela-se a típica mulher histérica, chorando e lamentando-se a cada segundo pela triste sentença do General Gomes Freire D’Andrade; já Mariane Pearl comporta-se de maneira muito composta e calculada. Direciona os seus nervos para atos produtivos, e não se lamenta. Na sentença final dos seus amados, estas duas mulheres apresentam atitudes semelhantes: tentam achar algo de positivo e encorajador no ato infame com que se deparam. Matilde tenta descansar o seu inquieto coração, convencendo-se de que o seu companheiro não se mostra afetado pela triste situação com que se depara – “Vem a rir, António, vem a rir como se ria antigamente!”, p. 138 – e Mariane, ao receber uma foto dos terroristas com a cabeça do seu marido apontada a uma arma, salienta o lado, a seu ver, positivo da foto, de modo a descansar-se, presente no minuto 2:00 do trailer – “Ele tem uma arma na cabeça e está a sorrir. Está-me a dizer que está bem.” 
No entanto, não são só estas duas personagens femininas que apresentam traços semelhantes, os seus maridos também os manifestam. Ambos os condenados são maioritariamente personagens de referência, pois apesar de presentes na narrativa da história toda, não aparecem nela — Daniel Pearl mesmo assim ainda aparece de relance, nos primeiros minutos do filme e em pequenos flashbacks da sua mulher. Para além desta caraterística, ambos sofrem crimes injustos. Enquanto o General Gomes Freire D’Andrade é condenado pelo seu primo, D.Miguel Forjaz, por ser o responsável da revolta do povo (pela liberdade), Daniel Pearl é raptado por terroristas, por se apresentar uma ameaça para eles (devido a estar a estudar o caso de um possível homem-bomba). Já no desfecho do filme, ambos vão partilhar a componente trágica. Apesar de serem ambos homens idolatrados pelos seus próximos, não escapam a uma morte desumana: o General morre enforcado e é depois queimado (“Vê-a bem, minha vida, porque, quando a fogueira se apagar, tens de te ir embora…”, p. 139) e o jornalista Daniel Pearl, decapitado. Ambas as suas mulheres assistem a estas mortes, porém de modos e em alturas diferentes – Matilde segue essa morte ao mesmo tempo em que estaria a acontecer embora não a visse, enquanto Mariane assiste à decapitação dias mais tarde, através de uma gravação.
Em Felizmente há luar! toca-se no problema da repressão e da censura, de modo a aludir à situação política de Portugal no Estado Novo, e em Coração Poderoso salientam-se as múltiplas vidas dos jornalistas perdidas durante o conflito no Iraque de modo a vincar a má preparação para os riscos a que estes estão sujeitos. Estes, através do seu desfecho sinistro, apesar do seu espaçamento no tempo (acerca século XIX e século XXI, respetivamente), acabam por partilhar o mesmo fim: elucidar o espetador de problemas reais e importantes e salientá-los.

Tomás
Tomás (Bom -) || Gran Torino
Lembro-me de ver o filme Gran Torino quando ainda andava no terceiro ciclo. Nessa altura, a escola requeria menos trabalho e havia tempo para tudo. Desde pequeno que gosto de carros, mas, então, altura como tinha muito tempo nas minhas mãos e passava grande parte dele no computador, comecei a aprender imenso sobre carros, desde sua a história, como funcionam, até aos modelos. O meu estilo preferido de carros era (e talvez ainda seja) os “Muscle Cars” americanos. Um dos carros dessa categoria é o Ford Torino e chamou-me a atenção ver um filme com o nome do carro e uma imagem sua como póster. Como estava curioso decidi ver o filme. As minhas expectativas para o filme eram algo do estilo de The Dukes of Hazzard,  uma série focada no carro “General Lee”, um Dodge Chalenger de 1969. Mas não, no filme Gran Torino, apesar de ser este carro que começa a história praticamente (o vizinho da personagem principal do filme, para entrar num gangue, do primo, tem de fazer uma tarefa de aceitação, roubar o carro ao vizinho, mas falha a tarefa, arranja problemas com o gangue e é o veterano que o acaba por salvar — os problemas entre estes dois e o gangue vão aliás ser o tema principal do filme) acaba por se tornar em “acessório” e aparece em poucas cenas.
Walt Kowalski é um veterano da Guerra Coreana que é bastante conservador, tem ódio aos asiáticos, não respeita um padre por este ser jovem, não concorda em ir para um lar de idosos. Estas são algumas das características de um homem do início do século XX e conservador. Em Felizmente há luar! as classes sociais altas também tendem a ser consevadoras devido a terem muitos direitos e quererem mantê-los; por isso acham que a nobreza e o clero devem estar no topo e o povo em baixo, e este é o problema principal de Felizmente há luar! foi esta a razão pela qual o povo se revoltou e tentou “adquirir” os seus direitos. Os “reis do rossio” são um bom exemplo: queriam um povo conformista. Vou passar a citar um excerto de Felizmente há luar! da personagem D. Miguel, um governante de Portugal na altura em que o rei fugiu para o Brasil: “Sonho com um Portugal próspero e feliz, com um povo simples, bom e confiante, que viva lavrando e defendendo a terra, com os olhos postos no Senhor. Sonho com uma nobreza orgulhosa, que, das suas casas, dirija esta terra privilegiada. Vejo um clero, uma nobreza e um povo conscientes da sua missão, integrados na estrutura tradicional do Reino...” (p. 69).
Tal como na obra de Luís de Sttau Monteiro, o filme tem um herói, e conseguem-se fazer várias comparações com o General Gomes Freire d’ Andrade, o “herói” da peça dramática. Kowalski salvou os seus vizinhos e pôs a sua vida em risco várias vezes, enquanto que Gomes Freire d’ Andrade era considerado um herói devido aos seus ideais, conseguindo mostrar ao povo que este merecia mais e que devia lutar por isso, acabando por ser preso em S. Julião da Barra e, com enorme sofrimento da sua mulher, Matilde, sendo condenado à morte. O filme Gran Torino também teve um final trágico com a morte do protagonista. Na minha opinião, este, sim, foi um grande herói: Kowalski sacrificou a sua vida por Thao (o vizinho) e a sua família. Depois de múltiplos ataques do gangue, Kowalski planeou deslocar-se a casa de membros do gangue onde estariam várias testemunhas e vingar-se, provocou-os, fingiu meter a mão no bolso para tirar uma arma e, quando a tirou, dispararam sobre ele matando-o. Mais tarde, descobrimos que Walt estaria desarmado e que planeou que o matassem em frente de testemunhas para “pôr os membros do gangue atrás das grades” e dar uma vida melhor à família de Thao.
Depois de refletir sobre Felizmente há luar! e Gran Torino chego à conclusão de que, apesar de todos termos erros e não sermos perfeitos, temos a capacidade de mudar e de amar o próximo, como aconteceu no filme, enquanto que, na peça, as personagens de classe social alta não tiveram essa capacidade, fizerem o povo sofrer e mataram pessoas “pelo caminho”.

Joana M.
Joana M. (Suficiente) || The Shawshank Redemption (Os Condenados de Shawshank)
Após a leitura integral da obra Felizmente Há Luar! , e tendo em conta toda a sua história e personagens, o primeiro filme que me surgiu em mente foi o Os Condenados de Shawshank.
Os Condenados de Shawhank é um filme bastante emotivo e que, de certa forma, ativa com grande impulsividade a sensibilidade de quem o vê. Este filme foi alvo de sete nomeações para os Óscares de Hollywood, incluindo o de Melhor Filme e de Melhor Ator. Baseia-se na condenação de um inocente devido a um homicídio que não cometeu.
Este inocente era Tim Robbins , uma vítima ingénua na cadeia, onde todos poderiam ter um bode expiatório mas, através de várias técnicas, este vira totalmente o jogo e acaba por conseguir um lugar importante na escala hierárquica dos presos e, até mesmo, da própria prisão.
Esta personagem, Tim Robbins, faz-me lembrar a posição de Vicente perante um dos Governadores do Reino, D. Miguel, pois este para subir de posto e por uma questão de interesses, aceita uma série de ordens, que devido a sua maneira de ser, entende como um meio fácil para alcançar cargos superiores.
Enquadrei, penso que de uma maneira justa, as personagens do seguinte modo. Os prisioneiros da prisão representam o povo, o primeiro e o segundo polícia representam os guardas da cadeia. O povo, em Felizmente Há Luar!, está sob ordens bastante ríspidas da polícia. A principal função desta era prevenir os ajuntamentos, de modo a evitar revoltas em defesa do General Gomes Freire de Andrade. O povo é sempre a classe mais prejudicada ("Manuel: E cai-nos tudo em cima: o rei, a polícia, a fome...", Ato II, p. 77 ; "2º Popular: Passaram a noite toda a prender gente por essa cidade",
Ato II, p. 80). Para além disso, também sofre de maus tratos por parte da polícia que é extremamente rude ("1º Polícia: Toca a andar e nada de perguntas"; 2º Polícia: É andar e depressa, ou vão ver o que lhes acontece", Ato II, p. 81).
O diretor da prisão, no filme, corresponde a um dos governadores do Reino, que é Beresford. O marechal Beresford teme ser substituído pelo General Gomes Freire de Andrade e perder privilégios, quer ao nível dos poderes que exerce, quer do elevado salário que aufere pelos seus serviços de comandante do exército português. Por isso, realça a gravidade do momento, impelindo os outros à ação: "Não percam tempo, Senhores. O momento é grave e a causa é justa. Vão."(Ato I, p. 53).
O diretor do estabelecimento prisional pretende manter o cargo através do uso da força e dos ensinamentos da Bíblia. Para além disso, utiliza Robbins, que era um bancário, para obter lucros através de falcatruas no IRS. Mais tarde, no filme, vamos observar que Robbins consegue a sua justa liberdade pois foge da cadeia com a ajuda dos seus colegas, e como para fazer os desvios de dinheiro precisou de criar uma identidade falsa, fica com essa mesma identidade e consegue finalmente ter o que é seu por direito e realizar o seu sonho.
Em ambas as histórias existe corrupção e abuso de poder. Há classes superiores a prejudicarem as inferiores, motivo de revolta tanto por parte do povo, como por parte dos reclusos.
É certo que as histórias não têm o mesmo fim, mas em certos momentos, pretendem transmitir a mesma ideia.

Maria
Maria (Bom (-)) || The Patriot (O Patriota)
Encontrar um filme que se enquadrasse com a peça de Luís de Sttau Monteiro, Felizmente há Luar!, não foi tarefa fácil. Passaram-se dias enquanto pensava num que se encaixasse na perfeição. A minha primeira opção foi A Vida é Bela, de Roberto Benigni, mas achei que o holocausto não seria uma boa comparação. Até que me surgiu um filme que já tinha visto há alguns anos e que me captou a atenção devido ao realismo que transmite aos espectadores tendo em conta a época em que foi gravado. O Patriota (The Patriot), que me foi dado a conhecer por uma amiga, era o filme certo para relacionar com a peça em questão.
Neste filme, é-nos apresentada uma fase da Guerra da Independência Americana (1775-1783) que opôs treze colónias americanas à coroa inglesa.
A personagem principal é Benjamim Martin, um pacífico agricultor, dedicado à família e com elevado sentido moral e de justiça. Este homem vive um conflito interior por ter cometido ações muito cruéis no passado quando lutou ao lado dos índios contra os colonos franceses. Por essa razão, quando começam as primeiras manifestações violentas contra Inglaterra , Benjamim defende a via negocial e, numa reunião em Filadélfia, propõe isso mesmo. No entanto, a sua posição acaba por ser derrotada quando foi a votação. O filho mais velho, Gabriel, alista-se sem o consentimento do pai e regressa ferido. O outro filho, Thomas, dois anos mais novo, foi morto a tiro pelo coronel William Tavington. Morre nos braços do pai, o que o leva a integrar novamente o exército dos Patriotas. Entra na guerra, inicialmente, para vingar o filho e só posteriormente passa a pensar no bem coletivo. O filme termina com o fim da guerra, com o regresso a casa de Benjamim e do filho mais velho e com o regresso à vida pacata que tinham antes.
O que é que fez com que eu escolhesse este filme tendo em conta a peça Felizmente há Luar!?
De início, a personagem Benjamim Martin pareceu-me ter algumas semelhanças com o General Gomes Freire de Andrade: ambos são homens pacíficos que já serviram o exército e que apenas pretendem levar uma vida tranquila (“Era capaz de comer galinha todos os dias, mas não gostava de canja.”, p. 113). Gomes Freire, de acordo com a sua mulher Matilde: “ nem saía de casa com medo que o povo o aclamasse.”(p. 87). Também Benjamim não se quer envolver em conflitos até pela experiência que tivera anteriormente.
O que ambas as obras mostram é que apenas um homem pode fazer a diferença: no filme, Benjamim, na tentativa de vingar a morte do filho Thomas mata alguns soldados ingleses, a força opressora, e organiza uma milícia composta por outros colonos, escravos e fazendeiros; Gomes Freire, “um oficial com um passado brilhante”(p. 63) acaba também por ser o escolhido como líder da conjura. Ao contrário de Benjamim , que, no fim, retoma a vida que tinha anteriormente, Gomes Freire acaba por ser morto devido aos ideais que defendia, tornando-se um exemplo.
Também conseguimos encontrar alguns pontos de contacto entre Matilde e duas figuras femininas de O Patriota, nomeadamente a noiva de Gabriel, Anne, e a cunhada de Benjamim, Charlotte. Todas partilham uma posição que pode até ser considerada egoísta, uma vez que a sua única preocupação é que os seus entes queridos se encontrem a salvo (“Às mulheres, senhor, povo interessa a justiça das causas que levam os seus homens a afastar-se delas.”, p. 93; “As mulheres, senhor Marechal, estão sempre dispostas a colaborar com a tirania para conservarem os maridos em casa.”, p. 94) . Na verdade, sabemos também que estas mulheres , apesar do dito anteriormente, não pactuavam com a tirania e a injustiça.
Por último, a personagem capitão Wilkins apresenta algumas semelhanças com Vicente. Nascido já nas colónias, integra o exército leal à coroa e é desprezado pelos seus colegas ingleses. Para conquistar a sua confiança, torna-se num dos mais cruéis, queimando civis presos numa igreja. Vicente, um provocador, trai os seus a troco de um cargo (chefe de policia) e afirma mesmo: “Os degraus da vida são logo esquecidos por quem sobe a escada... Pobre de quem lembre ao poderoso a sua origem.”(p. 31).
Em ambas as obras podemos ver como um homem pode fazer a diferença na sua comunidade ou num país, e levar outros a defender os seus ideias. Tanto Benjamim como Gomes Freire de Andrade acreditam na justiça e são figuras de esperança e liberdade para o povo revoltado.

Leonor
Leonor (Bom) || Harry Potter – A Ordem de Fénix
Ao longo da minha vida fui literalmente acompanhada pelos lançamentos dos filmes de Harry Potter, tendo a sua sequela de oito começado em 2001 e terminado em 2011. Fui sendo cativada pela coragem invejável do herói do filme, Harry Potter, assemelhando-se aliás à do General Gomes Freire d’Andrade de Felizmente há luar! e pela lealdade, dedicação e determinação de Hermione e Ron ao seu amigo, recordando-me de Matilde e Sousa Falcão. À medida que fui crescendo e repetidamente vendo os filmes, retirava deles uma ideia diferente e uma compreensão melhor.
Um dos filmes que mais me impressionaram com a revelação que a minha maturidade permitiu é Harry Potter – A Ordem de Fénix. Pensei que era algo ficcionado: simplesmente uma mulher vil que não permitia que ninguém pensasse de maneira diferente ou se expressasse de modo individual. No entanto, essa não é só uma realidade como é descrita também na peça de Sttau Monteiro: um Portugal opressivo em que questionar a sua própria existência ou os pensamentos de quem tem o poder é algo tão impraticável como punível. Assim se passa também em Ordem de Fénix, onde não se pode falar do temível regresso de Voldemort, que é negado pela “ditadora” do filme – Umbridge. Em ambas as obras há repressão com punição. Num a forca, onde é tirada toda a dignidade do condenado, pois não permitem que Gomes Freire d’Andrade seja fuzilado como um soldado mas enforcado como um traidor. Noutro, o uso da pena com tinta de sangue, em que, ao escrever no papel, o escrito é transcrito para a mão como uma faca a marcar a pele.
Para além de heróis, opressores e povo, em paralelo com as pessoas da escola, temos ainda personagens traidoras em ambas as situações. Percebemos pela peça e filme que, quando há opressão, há sempre aqueles que querem salvar a sua pele, não querendo saber como isso poderá afetar outros. Esses são os conhecidos Vicente, Corvo e Morais Sarmento, traidores do povo e a “Brigada Inquisitorial”, traidores dos colegas de escola, formada maioritariamente por membros de uma das quatro equipas em que a escola está dividida: os Slytherin.
Com o filme e com a peça podemos fazer a mesma analogia que é feita entre D. Miguel e Matilde quando dizem “Felizmente há luar!”. Em Felizmente há luar! há espírito de revolta mas a opressão tem o seu efeito sobre o povo, que seria o defensor da injustiça aplicada a Gomes Freire d’Andrade, que lhes fecha as bocas e estende as mãos. Essa é a analogia de D. Miguel ao referir o título. Para ele, o luar permitiria que as pessoas vissem mais facilmente a execução. Isso faria com que elas ficassem atemorizadas e percebessem que esse é o fim último de quem afronta o regime. Em Harry Potter, a opressão e punição dão origem à união entre os reprimidos, que leva à revolta conduzida pelos gémeos Weasley quando com um feitiço formam um dragão que ataca Umbridge, sendo apoiada por todos (inclusive professores). Esta analogia é a de Matilde ao dar o seu último grito. Para ela, as palavras são fruto de um sofrimento interiorizado refletido, são a esperança e não o conformismo. Ela sente que a luz vence as trevas, a vida que triunfa a morte.

Catarina M.

Catarina M. (Suficiente +) || A rapariga que roubava livros
Após alguma procura e algumas opiniões, consegui finalmente encontrar um filme que posso interligar com Felizmente há luar!, de Luís de Sttau Monteiro. Baseado no livro A Menina que Roubava Livros, este filme emociona o espectador, sem ser piegas. É uma associação da época do Nazismo a uma rapariga que rouba livros (um desejo pessoal do autor do livro).
É uma narrativa que nos remete para a Alemanha do tempo de Hitler, uma época onde não se podia ir contra o líder do país ou ser-se-ia preso e morto, tal como na nossa obra. Também em ambas as obras há um inocente, personagem secundária, que é morto (no caso da nossa obra, é o General Gomes Freire d’Andrade; no caso do filme, é Max, um judeu que mora clandestinamente em casa dos pais adotivos de Liesel).
Na nossa obra, o General Gomes Freire é capturado, pois D. Miguel, Andrade Corvo, Morais Sarmento, o Principal Sousa e Beresford o apontam como o líder da conspiração e do grupo que estaria contra os governadores de Portugal. No segundo presencia-se o desgosto e a luta de Matilde quanto à morte de Gomes Freire.
Por outro lado, no filme, narrado escassamente pela morte personificada, Liesel é afastada dos pais, indo viver para a Alemanha. No entanto, esta ladra de livros vê-se confrontada com uma receção, por parte dos seus pais adotivos, de um judeu que está a fugir ao extermínio.
Estas duas obras podem relacionar-se muito facilmente pois quer o pai adotivo de Liesel quer o judeu que eles acolhem, passam pelo mesmo que o General Gomes Freire. São homens bons, com um bom coração, mas que acabam por morrer, um por ser judeu, outro por o abrigar.
Na obra de Luís de Sttau Monteiro, o luar é visto por dois pontos de vista: o ponto da renovação e da luz do luar, mas também como a escuridão da noite que as personagens não conseguem negar.
Sendo o filme baseado no livro de igual título, infelizmente há muitas cenas que poderíamos ter relanceado mas que se deixaram de lado. Mas os pontos principais estavam lá, e o significado das cores, presentes também no livro, encontrava-se lá.
No fundo, é um filme que puxa ao sentimento mas não é lamechas, podendo ser comparado com o filme O rapaz do pijama às riscas, não só por ser da mesma época mas também por apresentar o tema “Alemanha nazi”, de uma forma muito leve, sendo  um tema bastante pesado para certas idades. Apesar de ser um fim que, provavelmente, ficará um pouco aquém das expectativas, é um filme adequado para qualquer idade, desde que se tenha interesse por história e cultura mundial, pois consegue perceber-se como era a Alemanha nessa época, através de vários fatores apresentados. Consegue perceber-se o terror vivido, através da família adotiva de Liesel.
No fundo é um filme razoavelmente bom para ser comparado com o Felizmente há Luar!, de Luís de Sttau Monteiro, pois há vários aspetos muito idênticos nas duas obras.

Pedro

Pedro (Bom (+)) || Harry Potter and the Deathly Hallows — Part 1 (Harry Potter e os Talismãs da Morte — Parte I)
Harry Potter e os Talismãs da Morte — Parte I é o penúltimo dos oito filmes da saga Harry Potter. Neste filme, Voldemort — o feiticeiro maléfico que pretender dominar toda a magia — consegue finalmente derrubar o ministério da magia substituindo o ministro da magia por um dos seus subordinados. Voldemort domina, então, plenamente o universo mágico que existe secretamente em Inglaterra. Muitos discordam das injustiças que o terrível feiticeiro impõe mas poucos são os que se atrevem a demonstrá-lo abertamente, temendo os “Devoradores da Morte” (seguidores devotos de Voldemort capazes das maiores atrocidades) que se mostraram fatais contra aqueles que revelaram qualquer indício de revolta.
Em Felizmente há luar!, de Luís de Sttau Monteiro, vive-se uma situação semelhante: já após as invasões francesas, Portugal encontra-se sob domínio inglês. O povo vive pobre e descontente e, inspirado por ideias liberais, fala de revolução “mas sempre que há uma esperança os tambores abafam-lhe a voz… Sempre que alguém grita os sinos tocam a rebate…” (p. 77).
Querendo resolver a situação, o povo coloca as suas esperanças no general Gomes Freire d’Andrade: “soldado brilhante” que, não só sendo “grão-mestre da maçonaria” e “idolatrado pelo povo”, é também um “estrangeirado” (descrito por Beresford, um oficial inglês, como um “inimigo natural desta Regência”, p. 71). Contudo, Gomes Freire não pretende ser um revolucionário: nunca conspirou e tentava passar despercebido para não se identificar como líder da revolta (“Olhe que nem saía de casa com medo de que o povo o aclamasse. Juro-lhe que nunca conspirou!”, p. 87).
Na saga de Harry Potter, é neste penúltimo filme que se torna mais clara a ideia de que o protagonista, que dá o nome à própria saga, também nunca quis ser nenhum líder ou herói. Os opositores de Voldemort depositam nele as suas esperanças pelo mesmo motivo que o povo deposita as suas no general Gomes Freire d’Andrade em Felizmente há luar!. Os prórios valores que estes personagens defendem são um ato de revolta contra o domínio que os oprime: estes não precisam de se revoltar pois os outros oprimidos fazem logo deles os seus líderes. É como se eles próprios fossem a revolta (“A sua vida inteira foi uma conspiração permanente contra o que esta gente representa.”, p. 87).
Os vilões (a Regência em Felizmente há luar! e Voldemort em Harry Potter e os Talismãs da Morte — Parte I) tentam assegurar o seu domínio apelando para a parte fraca daqueles que dominam. No caso de Harry Potter e os Talismãs da Morte — Parte I, Harry Potter é posto a prémio, sendo obrigado a fugir constantemente dos membros do ministério da magia e dos terríveis Devoradores da Morte. Em Felizmente há luar!, o plano da Regência é mais discreto: paga a um popular, Vicente, e a dois militares, Andrade Corvo e Morais Sarmento, para descobrir quem seria o chefe da revolução e, a troco de mais um dinheiro, comendas e promoções, consegue condenar à morte Gomes Freire (“Para o juiz da inconfidência irão os bens do condenado… Para os restantes, Reverência, comendas e promoções… El-rei é generoso!”, p. 66).

F. Maia

F. Maia (Bom (-)/Bom) || The Age of Shadows (A Idade das Sombras)
Confesso que não estava preparado para receber a tragédia da obra de Sttau Monteiro. O desfecho conseguiu, devido a razões e traços da minha personalidade inconformista e da pessoa que mais importa na minha vida, fazer com que eu me colocasse na posição dos acusados (e revolucionários da resistência em The Age of Shadows) e a, realmente, sofrer bastante, tendo sido esta a primeira obra de teatro a conseguir tal efeito psicológico em mim.
The Age of Shadows é uma longa metragem produzida e realizada na Coreia do Sul, em 2016. Tive a sorte de me deparar com tal obra enquanto procurava por filmes e livros sobre resistência contra uma entidade superior e opressiva, tópico ao qual dedico alegremente grande parte do meu tempo. Tal foi o meu agradável espanto quando me apercebi de que iria poder usar talvez o meu filme favorito para um trabalho de português, para relacionar com a minha peça de teatro favorita. Só temo ficar aquém das expectativas que ambas as obras colocam sobre os meus ombros.
Podemos começar por apontar rápidas semelhanças entre os dois temas. Em Felizmente há luar!, há uma entidade que tem clara superioridade em termos de poder sobre outra, explorando-a e tirando vantagem das suas vidas. Esta classe pode ser identificada, no seu centro mais fundamental, em torno de D. Miguel e dos governadores do reino, que têm pela sua frente a agitação político-social em Portugal trazida pelos ideais franceses da revolução francesa. Esta revolução que se deu em França demora cerca de vinte anos a chegar a Portugal, altura em que começam a proliferar ideias e sentimentos de revolta contra a monarquia absolutista, sistema de governo que os liberais procuravam derrubar. Contudo, o povo, que praticamente não age contra quem está no poder, submetendo-se às injustiças e violentas e vigorosas repressões impostas pelo governo, mostra-se conformado e, salvo raras exceções, resignado. Manuel, um dos populares e que na peça simbolizam um membro de uma classe social “baixa” e, consequentemente, sem os benefícios de quem nasceu dentro da nobreza, num discurso à pobre (riqueza emocional é o que está em causa) dirigido a Matilde, mulher do general Gomes Freire de Andrade, afirma que também não conseguem fazer nada em relação à situação e em especial à de Gomes Freire de Andrade pois “o general está preso em S. Julião da Barra e nós... estamos presos à nossa miséria, ao nosso medo, à nossa ignorância... Não a podemos ajudar senhora” (p.109). Manuel consegue aqui representar com precisão a mentalidade de grande parte da sociedade portuguesa presente na obra de Sttau Monteiro, que acaba por tolerar a passos largos as ações do regime, sem protestos reais para além de alguns murmúrios.
Já em The Age of Shadows a situação é diferente. Fico exaltado quando um grupo de pessoas se dedica a uma causa justa e luta pela mesma, pondo a ideologia e o conceito acima da sua própria vida. Em The Age of Shadows, o cenário é a Coreia, em 1920, período de ocupação (muito agressiva e abusiva) pelo Império Japonês. Esta nação, cujo governo febril e corrupto fugiu quando as tropas tipicamente kakhi e extremamente disciplinadas do Imperador Hirohito, da terra do sol nascente, desembarcaram na pacífica península da Coreia, vive sob o medo, mas com dentes cerrados. O filme começa com a perseguição e morte de um resistente que conspirava contra o governo provisório imposto na Coreia pelo Japão, chefiado por um governador japonês que obedecia às ordens da ilha das cerejeiras. O que não falta no filme são atos de dedicação a uma causa, mas o melhor entre as duas obras, uma sobre Portugal e outra sobre a Coreia, será mesmo a personagem tipo que Vicente caracteriza.
Na obra de Sttau Monteiro, Vicente é um personagem que, tendo nascido na parte “baixa” da sociedade, despreza as suas origens e visa a todo o custo subir e ascender na pirâmide social. Para isso, recorre aos métodos habituais de um informador, recolhendo informação que é depois reportada às autoridades portuguesas e, assim, consegue um posto na chefia da polícia, a recompensa que obtém.
O personagem principal da obra que é a escolha oficial da Coreia do Sul para melhor filme estrangeiro de 2016 (Óscares) chama-se Lee Gyengbu e nasceu na cidade de Seul. Filho de uma família pobre, ganhou a vida como colaboracionista e vendendo informações aos japoneses, até se tornar num investigador prestigiado. Contudo, a grande diferença está na transformação executada na perfeição, desde o conflito entre o dever e o que é moralmente correto para si e para os seus compatriotas, quando é abordado por membros da resistência coreana cuja missão era a independência da Coreia do Japão. Com um desfecho de tirar o fôlego, Lee Gyengbu vira-se contra a máquina que outrora operara, e, sabendo as peças e partes do motor, começa a trabalhar com a resistência enquanto outros investigadores japoneses apertam a corda da vida que envolve o pescoço de todos os que querem a liberdade.

Bruno
Bruno (Suficiente -) || V for Vendetta (V de Vingança)
Entre muitos filmes que podem trazer o drama em questão, escolhi um que traz umas das referências mais famosas do nosso tempo, V for Vendetta . Abrangendo a ameaça de uma revolução, Felizmente há luar! demonstra o lado daqueles que fazem tudo para que isso não aconteça (destaque no primeiro ato), o que torna difícil a busca por filmes (bons) que mostrem esse lado da história, já que o drama e os ''óscares'' estão naqueles que mostram os que lutam e morrem  pela revolução.
O personagem V, o co-protagonista da história (interpretado pelo famoso agente Smith de ''Matrix'', Hugo Weaving ), pode ser ligado diretamente a Gomes Freire, o ''herói'' do livro, pois V se lhe assemelha em questões filosóficas e, até mesmo, «metafóricas». Como Gomes Freire não aparece no livro (surge somente por citação ), V também representa os populares com sua presença em cenas, já que ele é o homem que move a revolução em seu país. O que me leva a referir o papel que identifica esses personagens. É que V aparece apenas uma vez para o povo já com seu plano de revolução orquestrado para derrubar o governo rígido e cruel com as diferenças; e, tal como Gomes Freire, um homem já conhecido pelo povo por aparentar ser igualitário e justo, é odiado pelo seu antagonista.
Como escrito no título do filme V de Vingança, traduzido para o português, o que mais à frente pode ser entendido com uma grande referência sobre o filme é um dos protagonistas (o que não podemos dizer sobre o título Felizmente há luar!): o título refere-se à motivação do co-protagonista ''V'', que busca a vingança dos males causados a ele e a todos que fizeram parte das crueldades do governo apenas por serem diferentes, serem liberais.
V é um fruto do governo. Revoluções só acontecem por causa de governos totalmente desigualitários. V, como já dito, representa os populares por ser a causa da preocupação entre os antagonistas, já que os populares são aqueles que mal têm onde cair mortos e lutam por melhorias de vida e igualdade. V é a presença metafórica de Gomes Freire, junto com sua filosofia imbuída na presença física de um popular.
Mas a principal personagem feminina do filme Evey Hammond (interpretada pela incrível Natalie Portman) liga-se bastante a Matilde de Melo, que é a força do segundo ato. Evey se assemelha a Matilde de Melo, já que ela tem três fases que mudam o personagem ao decorrer do filme: fragilidade, lealdade e força. Essas características podem ser atribuídas ao caráter de Matilde de Melo, uma mulher frágil pelo seu lado feminino, que suplica pelo amor de sua vida e, a qualquer momento, podendo largar os seus princípios por tal amor (embora não por amor, Evey, no começo, entregaria facilmente V para que não fosse vista como uma sua cúmplice).
Mas a lealdade que Matilde de Melo tem para com Gomes Freire é absoluta Ora o que, na sua segunda mudança, Evey demonstra a respeito de V, o seu ódio pelo governo e pelo que eles fizeram com seus pais, faz com que uma lealdade se crie entre eles, pois ele prova o que o governo faz para conseguir manter a ''paz'' após ser capturada pelo suposto governo. E a força que Matilde de Melo demonstra faz com que seja reconhecível pelas suas causas, sua inteligência, demonstrada no debate com Principal de Sousa, mostra suas garras e diz-nos que não tem medo de denunciar a corrupção e a falta de índole. Após Evey descobrir sua força através de V, sendo ele o causador de toda a dor , abandona seu lado fraco e ingénuo de ver o mundo em que está.
Felizmente há luar! traz a intriga sobre a uma suposta revolução, o que não se parece com V for Vendetta em aspetos de enredo. Mas os personagens  são o forte de ambos os lados; o amor entre V e Evey só se desenvolve quase no fim do filme, mas entre Gomes Freire e Matilde de Melo está presente desde o começo.

João Tavares
João Tavares (Bom -) || Dead Poets Society (O Clube dos Poetas Mortos)
Dead Poets Society, de Peter Weir, tem como foco valores como a opressão, a limitação, a obediência, a disciplina, a excelência e muitos outros. Sendo todo ele virado para o sistema educacional, a partir deste é possível observar como os alunos são privados de certos interesses e vontades, impostos a valores (como os que referi anteriormente) que os limitam, embora alguns deles, estando tão habituados a estas "leis" da educação, as tomem como veredicto. E, para alterar este tipo de raciocínio, está a personagem mais carismática de todo o enredo, o professor John Keating.
Inicialmente, no filme, deparamo-nos com uma certa indignação por parte de um aluno perante o seu pai, que o havia privado de ter atividades extracurriculares para que o seu filho pudesse ter a escola como principal objetivo. Esta decisão foi contra a vontade do estudante; mas este nada tinha a fazer se não obedecer às ordens que lhe haviam sido impostas. Tal começo assemelha-se a Felizmente há Luar!, visto que a peça  seinicia com um pequeno protesto por parte de Manuel (um mero membro do povo) perante a sua situação social, contrastando a sua miséria com o luxo dos poderosos («enquanto eles andam para trás e para a frente (…) nós continuamos no mesmo sitio!»).
A diferença é um atributo que, em ambos os casos, é oprimido e menosprezado, seja ela relacionada com o pensar ou com o agir. John Keating possui diferentes ideologias, métodos (sejam eles virados para o ensino ou para a vida em geral) diferentes dos dos restantes, sendo eles alunos ou professores. Numa fase inicial, os alunos de Keating acharam os seus métodos estranhos e incomuns, e os encararam com alguma dúvida. Posteriormente, tornaram-se, de certa maneira, apoiantes do professor e começaram a interiorizar as suas filosofias. Na obra de Luís de Sttau Monteiro, temos Gomes Freire que, tal como Keating, é, em geral, diferente na forma de pensar, e tem também um vasto grupo de admiradores, o povo. É importante ter em consideração que, em ambos os casos, os "admiradores" fazem parte do grupo oprimido.
Gomes Freire d'Andrade começou a ser o alvo dos elementos do poder — "todos falam num só homem", "trata-se de um inimigo natural desta Regência" — e, posteriormente, foi perseguido e preso com o objetivo de parar com a indignação do povo perante tanta opressão. Depois de ter presenciado os alunos de Keating a arrancarem folhas do livro de poesia que ele achava ser inútil, um colega do extraordinário pensador começou a questionar aqueles métodos e Keating começou a ser olhado de maneira diferente pelos outros docentes.
Era inevitável que o admirável professor de poesia iria ser despedido (como acontece no final do filme) e a sua saída foi comovente para a grande maioria dos seus alunos que o tinham tomado como um exemplo de pessoa. Por outro lado, o General foi morto, o que não tinha sido surpresa depois de ter sido preso, e grande parte do povo estava lá para ver o fim daquele que havia sido a esperança de todos.

João Cabo
João Cabo (Bom -/Bom (-)) || Wall-E
Já não me lembro bem de quando vi o filme Wall-E, mas tenho quase a certeza de que o vi logo após a estreia, por isso terá sido a meio de agosto de 2008 no cinema das Amoreiras, muito provavelmente com a minha avó. Sei que gostei do filme, senão não teria o DVD guardado algures no meu quarto, junto com outros DVDs de filmes animados que agora não me servem para nada.
O filme começa com imagens da Terra completamente abandonada, cheia de lixo e sem uma única planta ou ser vivo, até que aparece o pequeno Wall-E, um robô que foi construído para limpar a Terra, enquanto os humanos iam para o espaço. Wall-E não era o único robô destinado a limpar a Terra durante os cinco anos que os humanos estavam fora, mas, ao fim de setecentos anos, foi o único que restou.
Aqui neste resumo da parte inicial, consigo já fazer uma analogia com Felizmente há luar!. Na obra, o país encontra-se regido por absolutistas (pessoas que defendem que o rei deve ter o poder absoluto do reino, sendo o povo, geralmente, muito prejudicado neste tipo de regime), que eu comparo com os seres humanos, porque os absolutistas desprezam o povo e os humanos desprezam a Terra; e ao povo, que é pobre e passa fome, comparo-o com a Terra, que primeiro foi destruída e agora está abandonada e a “apodrecer”. Wall-E pode ser comparado com o general Gomes Freire de Andrade, por serem as únicas esperanças: no caso de Wall-E, de salvar a Terra; e, no caso do General Gomes Freire de Andrade, de salvar o país dos absolutistas.
Continuando a resumir a ação do filme, os humanos enviam uma sonda para a Terra, Eva, para que esta recolha imagens. Wall-E conhece Eva e imediatamente se apaixona por ela. Quando Eva vai partir outra vez para a nave onde vivem os humanos, Wall-E consegue ir também e aqui começa a aventura da história. Dentro da nave, o pequeno robô é perseguido por outros robôs, tal como Gomes Freire de Andrade foi perseguido pelo regime. Os robôs estavam às ordens de um humano que comandava a nave, que pode ser comparado a Beresford, D. Miguel e ao Principal Sousa, que são as grandes figuras do poder em Felizmente há luar!, e que tentam acabar com as tentativas de revolução.
Depois de várias peripécias, Wall-E consegue trazer os humanos de volta para a Terra e cultivar uma planta. Em Felizmente há luar!, o General Gomes Freire acaba por ser preso na prisão de S. Julião da Barra e, mais tarde, executado. Apesar dos desfechos serem completamente opostos, sendo o de Felizmente há luar! trágico e o de Wall-E bastante feliz, consigo fazer uma analogia entre ambos os fins. Gomes Freire de Andrade morre, mas a sua morte dá um motivo ao povo para lutar, uma nova esperança, tal como o cultivo da planta em Wall-E dá uma nova esperança à humanidade de poder reconstruir a Terra.
Também é possível comparar Eva a Matilde, por serem as companheiras dos protagonistas de ambas as histórias.

João
João (Bom) || Hunger Games (Os Jogos da Fome)
Quando me foi proposto este trabalho, tive alguma dificuldade em escolher o filme a relacionar com a obra de Sttau Monteiro, Felizmente há Luar!. Interessava-me abordar, por um lado, as questões do poder, da tirania, da opressão do povo e, por outro, o amor que une Matilde ao seu marido. Creio que Hunger Games (Os Jogos da Fome), um filme de 2012, do realizador Gary Ross – o primeiro de uma saga de quatro –, que me foi recomendado por um amigo, permite abordar todas estas temáticas.
Hunger Games conta a história de um povo que está submetido ao poder do Capitólio, que força cada um dos seus doze distritos a enviar, todos os anos, um rapaz e uma rapariga como tributo para competir nos Jogos da Fome. Estes jogos são um evento transmitido para todos os distritos onde os tributos devem competir entre si, num campo de batalha sangrento e traiçoeiro, até restar apenas um sobrevivente. Esta é uma estratégia adotada pelo Capitólio como forma de intimidação e como punição por uma revolta do passado. Em Felizmente há Luar! uma história semelhante se passa. O povo português, um povo que vive numa situação de miséria e desgraça, revolta-se contra o governo e “toda aquela terra de gente pobre mas feliz” transforma-se “num antro de revoltados”. Isto tem como consequência a morte dos líderes dessa revolução, na fogueira, uma punição que, da mesma forma que a do Capitólio, é vista pelo povo e o aterroriza.
Abordando agora outro aspeto, em Hunger Games, a personagem principal, Katniss Everdeen, interpretada por Jennifer Lawrence, voluntaria-se como tributo após a sua irmã Prim ser a escolhida para representar o seu distrito. Desde então, Katniss Everdeen revoluciona Panem, e uma onda de revolta, do povo começa a nascer. Este ato mostra-nos que há grande afeto por parte das duas irmãs, afeto idêntico ao de Matilde para com o seu marido, Gomes Freire. Tal como em Hunger Games, Katniss põe em jogo a sua vida para salvar a da sua pequena irmã, em Felizmente há Luar!, Matilde, que apenas intervém no ato II, também está disposta a entregar a sua vida para salvar a de Gomes Freire – “Não vos peço nada para mim. Mais: troco a minha vida pela dele!”; no entanto, em contraste com Hunger Games, essa súplica não é aceite pelos homens do poder e Gomes Freire acaba morto na forca e queimado na fogueira.
O desfecho de ambos os enredos acaba por divergir. Na sequela deste filme, Katniss lidera um movimento de revolução por parte dos doze distritos contra o Capitólio e acaba por perder a sua irmã Prim, por quem se tinha sacrificado no início, na guerra. No entanto, neste movimento, o Capitólio perde o seu poder e o povo acaba por sair vitorioso. Já em Felizmente há Luar!, quem acaba por morrer é mesmo Gomes Freire, o suposto líder da revolta do povo, e nada muda, as classes superiores continuam a impor a sua vontade ao povo e este continua a viver na opressão e na miséria. Podemos, contudo, encontrar alguns vislumbres de esperança nas palavras de Matilde, a observar de longe a fogueira onde morreu o seu marido: “Felizmente há luar!”.

Afonso
Afonso (Suficiente +) || Mandela: Long Walk to Freedom
O filme Mandela: Long Walk to Freedom conta a história da vida de Nelson Mandela baseada na sua autobiografia. Mandela não só foi uma das figuras mais emblemáticas na história da África do Sul e do fim do Apartheid, mas também um dos maiores representantes da luta pelos direitos humanos e raciais.
Este reconhecimento é resultante das medidas políticas adotadas ao longo da sua vida, que dedicou à luta pela igualdade de direitos para a população de raça negra na África do Sul. Esta devoção a causas sociais é semelhante à do General Gomes Freire, visto que ambos ambicionavam uma mudança política que favorecesse o povo e fosse justa na distribuição económica e social. A maior semelhança entre Madiba e a personagem de Felizmente Há Luar! é que ambos foram perseguidos e presos por alegados crimes contra o estado: o filme retrata os acontecimentos que levaram há detenção de Mandela de forma pormenorizada e com uma capacidade transportadora muito diferente da abordagem diluída a que alguns filmes deste género nos têm habituado, já os acontecimentos que levam à captura do General são retratados no final do ato 1 como fruto de uma conspiração baseada na denúncia feita por dois populares a D. Miguel, Beresford e Principal Sousa.
Na fase anterior ao seu enclausuramento, Nelson Mandela casou-se duas vezes. O primeiro casamento durou catorze anos e falhou porque a sua mulher receava que ele fosse preso; o segundo foi mais duradouro, mas, ao mesmo tempo, encurtado pela detenção de Madiba após quatro anos de matrimónio. A sua mulher, Winnie, com duas filhas, é deixada numa posição vulnerável e vê-se obrigada a ocupar o lugar do seu marido na oposição ao regime racista. O agravar da perseguição e a ausência de mudança política através dos métodos pacíficos tomados até à altura levam-na a mudar a sua liderança. É então criada uma resistência violenta que leva a cabo uma guerra civil que vitimizou milhares de pessoas. Em Felizmente Há Luar! a mulher do capturado também inicia uma jornada para defender a honra do seu marido, convencida de que as suas ações eram as de um homem bom – “é franco, aberto, leal.” (p. 117) – e confronta populares que apoiavam o general sobre a sua passividade, militares pela falta de companheirismo e membros do clero pela sua hipocrisia religiosa.
O final de Felizmente Há Luar! tem um efeito desmoralizador sobre o leitor, porque sentimos a injustiça a que Gomes Freire é submetido e a incapacidade de Matilde de o salvar. Este é o mesmo sentimento que experienciamos durante os longos vinte e sete anos em que Mandela se encontra preso mas, ao contrário do que sucede na peça, é-lhe concedida a liberdade depois de uma grande campanha internacional. Depois de sair da prisão, recomeçou imediatamente o seu trabalho numa sociedade que ainda era segregacionista e, ao aperceber-se da violência que se tinha apoderado do país, decidiu voltar a implementar medidas pacifistas que o ajudaram a tornar-se o primeiro presidente negro sul-africano, quebrando estereótipos em todo o mundo.

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