Friday, September 11, 2009

Aulas (3.º período)

Aula 49 (13, 14 ou 15/Abr) Primeiro, lê as pp. 6-7 do Caderno do Aluno. Depois, resolve as perguntas 1 a 4, nas pp. 8-9, completando as respostas que se seguem.

1. a) ___; b) ___; c) ___; d) ___.
1.1 A alínea ___ é falsa, porque o enunciado apresenta um registo informal, tem marcas do uso oral, mas utiliza a _________.
A alínea ___ é falsa, porque o enunciado apresenta um registo ________ e marcas da ________.

2. [pode ser útil ver as pp. 62-63 do Caderno do Aluno.]
a) ______________
b) ______________
c) ______________

3. A {escolhe} formalidade/informalidade da primeira carta bem como a relação mais {escolhe} cerimoniosa/próxima entre emissor e destinatário estão documentadas:
• nas fórmulas de saudação e de despedida — «Ex.mos Srs.», «___________ / De V.ª Ex.ª M.to at.to»;
• na forma de ___________ — V. Ex.as e 3.ª pessoa;
• no facto de ser usado o apelido na assinatura — «Eça de ______»;
• em algum vocabulário, como «______», «a título de mera opinião...».
A {escolhe} informalidade/formalidade da segunda carta e relação {escolhe} próxima/cerimoniosa entre emissor e destinatária facilmente se atestam:
• nas fórmulas de saudação e de despedida — «Minha jóia adorada», «Meu amor querido», «Milhares de ________»;
• no tratamento por «____»;
• no início, pitoresco, «cá estou eu no inferno, a comer ___________»;
• no facto de apenas usar o ___________ na assinatura.

4. [Reescreve a carta, mas corrigindo apenas a pontuação e a ortografia:]

Resolve este item da minha lavra (usa folha solta).

[5.] Cria a resposta de Graciete, assumindo que se trata de pessoa letrada. Com essa resposta — respeitadora da norma linguística e mais formal do que a de Gabriela —, procura avançar mais peripécias da narrativa que, no fundo, já se começara a construir.




A propósito de «C Certinho» (série Zé Carlos), completa esta síntese. Haverá vantagem em ires relanceando de novo as pp. 6-7.

A letra da canção assenta em dois tipos de transgressão da adequação discursiva.
Dado tratar-se de um rap, não esperávamos muitas das palavras e sintaxe usadas, que são mais características do uso _____ do que do uso ______: «fornicar», «extremo vigor», «proporcionar», «envereda pelo banditismo», «furtar», «redunda em libertinagem», «descarta», «numismática».
Também o registo é mais ______ do que é habitual neste género de canções, embora haja algumas raras marcas de _______ ou expressões mais coloquiais, familiares (as interjeições «ui», «ei» e «hum»; léxico do calão, como «________»; expressões que talvez sejam relativamente __________: «vestida para o pecado», «ninguém me tira», «[fazer-se] esquisita»; «é do melhor que há»; «da pesada»).
Podemos dizer que, excepto nestes poucos casos mencionados, se segue o padrão, a ____________, não havendo incorrecções, nem as marcas de variedade linguística (social, ________, até geográfica) que associamos ao rap.
Em termos de tratamento, usa-se uma fórmula ______, «amigos», que implica o uso da ____ pessoa do plural (pessoa verbal correspondente a ‘vocês’), que funciona como plural do tratamento em ‘tu’, porque, mesmo em registos formais, praticamente não se usa hoje em dia o ‘vós’ (a verdadeira ____ pessoa do plural).
Quanto a variedades (ou variantes) do português, há um termo que é mais típico da variante _______: «cafageste». Entretanto, tenho dúvidas quanto à origem de «curtir» na acepção em que surge (será talvez também da variedade sul-americana).

TPC — Lembro aos que ficaram de entregar tarefas grandes ou semi-grandes de períodos anteriores que só as aceitarei neste começo do período (e que, como é óbvio, se essa entrega não se efectivar, haverá reflexos fortes na próxima avaliação).
Lembro ainda a todos que parto do princípio de que já leram na íntegra Memorial do Convento (que retestaremos mais cedo ou mais tarde) e de que a peça Felizmente há luar! já está em vosso poder e em curso de leitura.
Vários comentários a poemas de Pessoa, já corrigidos, ainda não me foram enviados. Tratem disso.



Aula 50 (15, 16 ou 19/Abr) Os livros distribuídos são todos do género épico (são epopeias, poemas narrativos em verso sobre assunto merecedor de glorificação). No entanto, podemos distinguir dois ou três tipos:

(1) epopeias estrangeiras (traduzidas em português, em prosa ou em verso).
(2) epopeias portuguesas (menos célebres do que Os Lusíadas, mas, ainda assim, poemas épicos com propósitos sérios).
(3) epopeias paródicas ou poemas herói-cómicos (ainda que escritos segundo as regras da epopeia, têm objectivos satíricos; o próprio assunto pode ser ridículo).

Procurei que em cada mesa estivesse um exemplar dos tipos 1 ou 2 (epopeias a sério) e um exemplar de 3 (epopeias satíricas).

Comecem por identificar os livros que lhes tenham cabido (assinalando-os na lista):
1
Homero, Odisseia, trad. de Frederico Lourenço, 2003
Virgílio, Eneida, trad. de Agostinho da Silva, 1997
Vergílio, Eneida, trad. de vários professores da FLUL, 2003
João Franco Barreto, Eneida Portuguesa, 1664
Coelho de Carvalho, A Eneida de Vergilio lida hoje, 1908
Torquato Tasso, Jerusalem Libertada, versão de José Ramos Coelho, 1905
Ludovico Ariosto, Orlando Furioso, trad. de Margarida Periquito, 2007
Kalevala. O poema épico da Finlândia, trad. de Orlando Moreira, 2007
2
Jerónimo Corte-Real, Sucesso do segundo cerco de Diu, 1546
Gabriel Pereira de Castro, Ulisseia ou Lisboa Edificada, 1636
José Martins Rua, Pedreida. Poema heroico da liberdade portugueza, 1843
José Agostinho de Macedo, O Oriente, 1854
José Agostinho de Macedo, Newton, 1854
Tomás Ribeiro, D. Jayme, 1862
José Agostinho de Macedo, A Creação, 1865
António José Viale, Bosquejo metrico da historia de Portugal, 1866
Augusto Bacelar, Migueleida. Poema em memoria do Senhor Dom Miguel de Bragança, 1867
Carlos Alberto Nunes, Os Brasileidas, 1938
3
Camões do Rossio [Caetano da Silva Souto-Maior], A Martinhada, séc. XVIII
Francisco de Paula de Figueiredo, Santarenaida, 1792
António Diniz da Cruz e Silva, O Hyssope, 1808
João Jorge de Carvalho, Gaticanea ou cruelissima guerra entre os cães e os gatos [...], 1816
[Nuno Pato Moniz], Agostinheida, 1817
J. M. P. [Camilo Aureliano Silva e Sousa], Os Ratos da Alfandega de Pantana, 1849
A Revolução, 1850
Alexandre de Almeida Garrett, As Viagens a Leixões ou a Troca das Nereidas, 1855
Francisco de Almeida, Os Lusiadas do seculo XIX, 1865
Manuel Roussado, Roberto, 1867
Quatro estudantes de Evora, Parodia ao primeiro canto dos Lusiadas de Camões, 1880
Pedro de Azevedo Tojal, Foguetario, 1904
Marco António, Republicaniadas, 1913
Um velho tripeiro, «A Carrileida». Poema épico-commercial, 1917
Octávio de Medeiros, Affonseida, 1925
Padre Ângelo do Carmo Minhava, Cabrilíada, 1947
Amândio Vilares, Portuscale, s.d.

Relativamente ao livro do tipo 1 ou 2:

Assunto do poema [a própria proposição já os pode ajudar bastante nessa síntese, já que, por definição, anuncia o que o autor se propõe «cantar»]: __________

A proposição vai da estância 1 à ____.
A invocação vai da estância ___ à ___, sendo esse pedido de inspiração dirigido a __________.
A narração começa na estância ____.
Nem todos os poemas terão invocação (embora seja de regra) e, ainda menos, dedicatória (inovação dos Lusíadas mas que não era habitual nas epopeias).

Número de cantos (ou livros): ____.
Tipo de estrofes: {escolhe} oitavas / [outro:] ________ / indiferenciadas.
Esquema rimático: {escolhe} a-b-a-b-a-b-c-c / [outro:] __________.
Métrica: {escolhe} decassílabos / [outra:] ____________.


Relativamente ao livro do tipo 3:

Assunto do poema: ____________

A proposição vai da estância 1 à ____.
A invocação vai da estância ___ à ___, sendo esse pedido de inspiração dirigido a _________.
A narração começa na estância ____.
Nem todos os poemas terão invocação (embora seja de regra) e, ainda menos, dedicatória (inovação dos Lusíadas mas que não era habitual nas epopeias).

Número de cantos (ou livros): ____.
Tipo de estrofes: {escolhe} oitavas / [outro:] __________ / indiferenciadas.
Esquema rimático: {escolhe} a-b-a-b-a-b-c-c / [outro:] __________.
Métrica: {escolhe} decassílabos / [outra:] ___________.
Assistência a trecho de Fitzcarraldo, de Herzog, para analogias com cap. XIX de Memorial do Convento.



TPC — Prepara a recitação da estância dos Lusíadas (no canto I, pp. 26-36) que corresponda ao teu número. (A recitação implica, é claro, memorização; no entanto, não se pretende que debitem a estrofe à pressa, como se não a percebessem. Aconselho que primeiro compreendam bem o passo, incluindo as suas imediações. Depois decorem-no, logo com a entoação devida. Uma vez a oitava já bem interiorizada, ir sempre ajustando a expressividadade.)

Aula 51 (20, 21 ou 22/Abr)



No Canto I de Os Lusíadas, depois de proposição (estâncias 1-3), invocação (4-5), dedicatória (6-18), entra-se na narração, que, como é de regra nos poemas épicos, toma a narrativa já a meio, in media res (o que ficou para trás — toda a história de Portugal e a viagem até aí — será depois relatado numa grande analepse, o discurso de Vasco da Gama ao rei de Melinde, nos cantos III a V). Portanto, vamos encontrar a armada já no Índico (19). No chamado «plano mitológico» decorre (20-41) o Consílio dos Deuses no Olimpo. Embora derrotado, Baco engendra uma série de malfeitorias que se reflectem no «plano da viagem», entre Moçambique e Mombaça (42-104). Essas peripécias levam o poeta a uma reflexão, com que fecha o canto (105-106).

Este quadro sintetiza os momentos de reflexão do poeta ao longo dos Lusíadas. Conserva-o até completarmos as sínteses que ainda estão lacunares.



Lê as estrofes 105-106 e apercebe-te da «lição» a que procuram chegar. Depois, imagina que essas estâncias (e, sobretudo, os versos finais de 106) serviam de epígrafe a um curto texto narrativo que ilustrasse o ensinamento moral que as estrofes inculcam.
Escreve esse texto, em prosa, narrativo, na 3.ª ou na 1.ª pessoa, em cerca de cento e vinte. Usa caneta, sem problemas em riscar o que seja preciso.
[Paráfrase das estâncias I, 105-106:
[105] O recado que traziam era amistoso, mas encobria o veneno [da traição], porque as intenções eram hostis, como [se provou quando] se descobriu o ardil. Oh! Grandes e gravíssimos perigos [ameaçam os mortais!] Quão pouco seguro é o caminho da vida! [Como é possível] que a vida tenha tão pouca segurança, [mesmo] naquilo em que pomos as nossas esperanças!

[106] No mar tantas tormentas e tantos perigos, tantas vezes a morte iminente! Na terra tanta luta, tantas traições, tanta cruciante fatalidade! Onde poderá acolher-se um débil humano? Onde poderá ter segura a curta vida, sem que o tranquilo Céu se arme e se irrite contra um tão humilde verme da terra?]


TPC — Em menos de cento e vinte palavras, defende a ideia de que Memorial do Convento tem alguma coisa de epopeia, procurando assinalar o que no romance de Saramago é aproximável de um texto épico. (A tinta, por favor.)



Aula 52 (22 ou 23/Abr) Reportando-te às pp. 260-262 do manual — relativas ao último capítulo de Memorial do Convento —, escolhe a melhor alínea de cada um dos itens.

Toda a busca de Blimunda de que se trata nestas páginas é consequência de
a) morte de Baltasar.
b) fuga de Bartolomeu.
c) acidente com a passarola, com a elevação involuntária de Baltasar.
d) morte de Bartolomeu.

[p. 260]

No primeiro período do texto («Durante nove anos, Blimunda procurou Baltasar»), o valor aspectual durativo, imperfectivo, resulta, sobretudo, do
a) tempo verbal de «procurou».
b) modificador «Durante nove anos».
c) tempo de «procurou» e do valor de «durante nove anos».
d) sentido de ‘procurar’.

Da linha 7 até quase ao final da página, o tempo verbal preponderante (traduzindo uma marca aspectual relacionável com a persistência e duração das buscas de Blimunda) é o
a) Presente do Indicativo.
b) Perfeito do Indicativo.
c) Mais-que-perfeito do Indicativo.
d) Imperfeito do Indicativo.

Em «não a esqueci eu» (l. 11), o pronome «a» tem como referente
a) «guarda real».
b) «grisalha».
c) Blimunda.
d) «uma cara que não se esquece».

No mesmo trecho — «não a esqueci eu» (l. 11) —, o pronome de 1.ª pessoa corresponde
a) ao narrador.
b) a Blimunda.
c) a Baltasar.
d) à cara.

Entre as linhas 7 e 10 («Onde chegava, perguntava se tinham visto por ali um homem com estes e estes sinais, a mão esquerda de menos, e alto como um soldado de guarda real, barba toda e grisalha, mas se entretanto a rapou, é uma cara que não se esquece») há
a) discurso indirecto livre.
b) discurso directo, apenas.
c) discurso indirecto, apenas.
d) discurso directo, primeiro, seguido de discurso indirecto.

Em «Julgavam-na doida» (l. 17), «na» é
a) a contracção da preposição «em» com o pronome «a».
b) a contracção da preposição «em» com o determinante artigo definido «a».
c) o pronome «a» precedido de «n» (justificado pela terminação nasal do verbo).
d) uma preposição.

Ser Blimunda conhecida como «Voadora» (l. 21) seria devido a
a) ter voado efectivamente.
b) conhecer Bartolomeu, o Padre Voador.
c) ter de referir a passarola, ao contar a história de Baltasar.
d) andar de terra em terra (voando, metaforicamente).

[p. 261]

«é bicho que nunca falta se a mulher lhe abre o covil» (l. 17) alude
a) ao assalto de um animal a um verdadeiro covil.
b) a actividades fornicatórias.
c) à homossexualidade do companheiro.
d) a Baltasar.

«Passou por Mafra, soube de Inês Antónia que morrera Álvaro Diogo» (ll. 18-19) significa que o
a) cunhado de Baltasar morrera entretanto.
b) pai de Bartolomeu morrera entretanto.
c) irmão de Baltasar morrera entretanto.
d) sobrinho morrera entretanto.

Em «e andando e buscando» (l. 48), o polissíndeto transmite-nos
a) o sentido denotativo de enumeração.
b) a ideia de hesitação.
c) o valor de acumulação obsessiva.
d) um matiz aspectual perfectivo.

[p. 262]

«Não comas, que o tempo é chegado» (ll. 8-9)
a) faz menção do estado de fadiga extrema de Blimunda e da sua morte iminente.
b) articula-se com o final, na medida em que o desfecho vai exigir o jejum de Blimunda.
c) serve para mostrar a pobreza a que chegara a protagonista e o seu despojamento.
d) acaba por ser contraditado no final, já que, se Blimunda não tivesse comido, o desfecho seria diferente.

António José da Silva — referido na l. 21 — é
a) uma personagem secundária, criada por Saramago, que já interviera em outros capítulos.
b) figurante ocasional, não implicando nenhuma alusão de ordem histórica.
c) alusão ao dramaturgo António José da Silva, o Judeu, personagem histórica.
d) alusão ao actor António Silva, numa mistura de épocas tão ao gosto saramaguiano.

No último parágrafo, percebemos que
a) Baltasar não chega a arder.
b) Baltasar e Blimuda ardem em conjunto.
c) Blimunda recolhe o «espírito» de Baltasar, apesar de este morrer.
d) Baltasar, por prisão de ventre, não tem vontade de fazer cocó.



Há uns anos, o exame nacional teve como texto do Grupo I a parte que está entre as linhas 20 da p. 261 e 3 da p. 262. São os parágrafos começados por «Nove anos» e por «Milhares». Centrando-te nesses dois parágrafos (a metade inferior da p. 261 e as três linhas cimeiras da p. 262), responde aos itens seguintes, que constituíam o grupo de interpretação.

1. Baseando-se nos três primeiros períodos do texto [ll. 20-34], indique duas características da percepção que Blimunda vai tendo do tempo, enquanto procura Baltasar.
2. Releia a narrativa, a partir de «e andando e buscando» [ll. 48-3].
2. 1. Identifique duas das vozes aí presentes, exemplificando cada uma das vozes por si indicadas com duas transcrições do texto.
2.2. Explicite duas das funções das falas contidas neste excerto.
3. Refira cinco dos traços caracterizadores de Blimunda, fundamentando-se no texto.






TPC — (i) Responde a esta outra pergunta do mesmo exame nacional:
«Memorial do Convento [...] traça do século XVIII uma visão extraordinária».
Óscar Lopes, «Romancista por Vocação» in Diário de Notícias, 9 de Outubro de 1998.
Partindo desta opinião de Óscar Lopes, apresente, num texto de sessenta a cem palavras [enfim: até cento e vinte], o aspecto para si mais marcante do século XVIII português, tal como é evocado no romance de Saramago.
(ii) Aproveita para ler (relancear) os textos de estudo sobre o Memorial no nosso manual.



Aula 53 (27, 28 ou 29/Abr) Correcção dos questionários da última aula em torno do último capítulo de Memorial do Convento. [Ver Apresentação]

Entre as pp. 272 e 274 do manual, aborda-se o espaço (físico, simbólico, psicológico e social) de Memorial do Convento. Sobre o espaço social, além dos textos na p. 274, interessa-nos o quadro na p. 273, que vai semi-preenchido aqui em baixo. Completa as lacunas:



Nas pp. 282-283 do manual, temos uma pintura de Rogério Ribeiro. Este quadro, «Ilha com Gaivotas», integrou uma exposição sob o tema Ícaro (Lisboa, 2000). No texto que segue, já está, em parte, resolvido que te é pedido na p. 282. Completa o que falta.

[Composição:]
O tríptico apresenta um painel central, de maiores dimensões, coincidindo a altura dos painéis laterais com o fundo de céu da tela principal. Ampliam, portanto, o espaço aéreo da composição.
No painel esquerdo, uma gaivota, parecendo recém-chegada, _______________. No painel direito, duas gaivotas, quase a pousar: uma mais acima; a outra, com uma ponta da asa direita já dentro do painel central, tem as patas em posição de «aterragem», tendo o seu movimento sequência numa terceira, no painel do centro, a pousar. O nosso olhar converge para as três aves nesta parte central. O trio está sobre uma ________________.
Num segundo plano, encontram-se as figuras centrais e de maiores proporções: um homem e uma mulher formam um só ser, ela curvada para a terra, quase como num bailado, ele olhando para o longe, o céu, a gaivota ou o Sol, para o mesmo lado direito para onde aponta uma mão que sai do seu corpo, enquanto outra, informe, aponta na direcção contrária. Do corpo saem asas brancas. A meia altura deste conjunto, espreita um homem, que nos fita interrogativamente; um pouco mais atrás, meio tapado pelas figuras centrais, um outro homem, ____________________.
Ao fundo, duas pequenas figuras parecem ensaiar o voo. Avista-se ainda o que pode ser o recorte de outra ilha. No céu, uma máquina voadora.
[Cor e luz:]
O azul celeste e o branco das nuvens prolongam-se horizontalmente, conferindo abertura e profundidade ao espaço; de um azul mais escuro e profundo é a barra horizontal do mar. Também brancas são as gaivotas, as asas e o peito do ser alado, bem como a camisa do homem preso. O vermelho, cor simbolicamente associada ________________. O pano contrasta violentamente com o negro que encima o painel central, formando outra cruz, com o escuro do tronco vertical. As figuras humanas, que à terra pertencem, são da cor da terra. Todo o conjunto é luminoso: _______________.
[Título:]
A palavra «ilha» conota ____________; esta ilha é habitada por gaivotas, _______________.
[Relação com Memorial do Convento:]
__________________


Assistência a trecho de Ensaio sobre a cegueira.

TPC — Lê as estrofes 3-5, 42-54 e 83-84, do canto III, de Os Lusíadas. No fundo, trata-se de ler as pp. 40-46 do livro, incluindo as partes explicativas das autoras ou de outros autores transcritos. (Em aula, será testada a compreensão e/ou a leitura em voz alta.)



Aula 54 (29 ou 30/Abr) Correcção da análise da pintura de Rogério Ribeiro (ensaiado na aula anterior). [Ver Apresentação.]

Leremos as estrofes 3-5, 42-54 e 83-84, do canto III, de Os Lusíadas (pp. 40-46 do manual).

De Coisas para Gaveta de Nuvens






A tinta, em folha solta — podes usar uma já encetada —, resolve este item de prova de exame nacional (2011, 2.ª fase):

«O D. Afonso Henriques e o Camões dos Gato Fedorento são figuras estilizadas, caricaturais. Na verdade, o rei fundador da nacionalidade como nos aparece em Os Lusíadas e o poeta que se revela nos momentos reflexivos do sujeito lírico da epopeia surgem-nos menos planos, mais redondos (enfim, com uma psicologia, apesar de tudo, mais densa).»
Possidónio Tolentino, «Em torno da problemática do épico e do satírico — transfigurações do ‘eu’», Estudos sobre épica, doçaria e cinema quinhentistas, vol. IV, pp. 32-45, Lisboa, Bertrand, 1978, p. 33.

Partindo deste trecho de ensaio de Possidónio Tolentino, redija um comentário ancorado no que conhece de Os Lusíadas, com de oitenta a cento e vinte palavras.

TPC — (i) Trazer já o livro Felizmente há luar! (e lido); nem por isso deixar de trazer o manual. (ii) Ler as várias introduções (ensaísticas) no manual ao texto de Sttau Monteiro.



Aula 55 (4, 5 ou 6/Mai) Correcção de tepecê de há aulas (sobre traços de epopeia em Memorial).

[Só para quem não leu ainda Felizmente há Luar! na íntegra:]

Lê o livro até à primeira intervenção de D. Miguel; depois, responde:

(i) Explica o sentido da interrogação de Manuel que abre o primeiro acto.
__________

(ii) De entre as afirmações seguintes, escolhe — circundando-a — a que completa a frase de acordo com o sentido do texto: «A afirmação do Antigo Soldado “O Gomes Freire não é desses” refere-se ao facto de
a) Gomes Freire ser um general como os ingleses;
b) o general ignorar as condições miseráveis em que o povo vive;
c) Gomes Freire representar a integridade de carácter e a hipótese de defesa dos interesses do povo.

(iii) Caracteriza Vicente.
__________

[Para todos:]

Na p. 334 do manual, temos um quadro que reúne referências históricas explícitas encontráveis nas falas de personagens. Para as que estão a seguir numeradas, cumpre o que é pedido na p. 335, ponto 2.1 (indicar a circunstância histórica a que se alude). (Os textos nas pp. 307 a 310 do manual, podem ajudar.)

1. _______
2. _______
3. _______
4. _______
5. _______
6. _______
10. Maçonaria desempenhava papel decisivo na propagação da revolta.
11. Gomes Freire era prestigiado entre os adeptos da revolução.

TPC — No nosso manual não faltam reproduções de pinturas. Escolhe uma das que estejam até à p. 213 e descreve-a num comentário com cerca de cento e cinquenta palavras. No cabeçalho da tua folha, refere o nome do pintor, o título do quadro e a página em que o posso encontrar. Além da parte sobretudo descritiva, tenta terminar mais interpretativamente (relacionando o quadro, porventura, com movimentos estéticos, etc.).

Entretanto, quem ainda não leu Felizmente Há Luar! faça-o sem falta. E tragam todos a obra de Sttau Monteiro, além dos livros habituais (manual, caderno do aluno).
Relativamente a trabalhos antigos — como sejam a redacção de comentário, a computador, acerca de um texto de Pessoa tratado em ibisfilme e a sua passagem a limpo e envio por mail; o próprio ibisfilme; o trabalho alusivo a capítulo de Memorial (baltafilme ou equivalente) — lembro, pela última vez, que ficarei muito mal impressionado se não for isso resolvido até à visita papal.



Aula 56 (6 ou 7/Mai) Correcção de trabalho feito em aula sobre Afonso Henriques, Camões (em Gato Fedorento e nos Lusíadas). [Ver Apresentação]

Uma das idiossincrasias de Felizmente Há Luar! é haver no livro duas disposições das didascálias. Além das que estão na forma tradicional — junto das falas das personagens, entre parênteses e em itálico —, surgem também didascálias nas margens do texto principal, lançadas em tipo redondo. Nem sempre fica clara a distinção dos dois níveis, embora se perceba que as didascálias laterais podem corresponder a uma interpretação supletiva (dispensável para efeitos exclusivos da encenação).
Considerando ambos os tipos conjuntamente, transcreve um exemplo de cada uma das funções das didascálias que abaixo discrimino. (Socorre-te apenas da segunda parte do primeiro acto: entre as pp. 33 e 74 [edição Areal]; 34-83 [edição Ática].)

Comentário à própria peça (como reflexão que poderia acontecer num texto que não fosse do género dramático):
________________

Referência à posição das personagens em cena (ou aos movimentos que fazem):
________________

Indicação das atitudes, gestos, das personagens (destinadas aos actores, sobretudo, e ao encenador):
________________

Caracterização do tom de voz (e estado de espírito) e pausas:
________________

Indicação imprescindível a encenador (cenógrafo, aderecista, luminotécnico):
________________

Marcação da saída ou da entrada de personagens (o que, no fundo, corresponde ao limite de cada cena):
________________

Na p. 316 do nosso manual, responde ao ponto 1 (Apresentação):
_______________________

Será leitura muito expressiva, dramatizada, mas sem representação no palco. Indicações que não tenham reflexo oral — movimentos, gestos, etc. — não são para ser assumidas. Já as pausas, os tons de voz aconselhados nas didascálias, etc. devem ser tidos em conta. Enfim, a leitura deve aproximar-se da que se faria para uma peça radiofónica.
As páginas na coluna à esquerda correspondem às da edição Areal; [as outras, à edição Ática]. As personagens a negro são as que têm falas relevantes na «cena» em causa.




TPC — Se ainda não o fizeste, lê Felizmente, há luar! na íntegra (testarei a leitura desta obra por parte dos alunos que, na data combinada, ainda o não tinham feito). Não deixes também de ir trazendo sempre o livro em causa. Uma vez realizada essa leitura, resolve este item, escolhendo um dos assuntos (A a F) apenas (no caso de alunos que já responderam em aula, peço-lhes que usem uma das afirmações de que então não se ocuparam):

Num comentário pequeno (até cem palavras) que exiba conhecimento de Felizmente Há Luar!, desenvolve a seguinte afirmação.

A Os dois actos iniciam-se com a personagem Manuel, um dos poucos populares que tem o seu nome explicitado. Parece, portanto, que Sttau Monteiro quis valorizar a personagem.

B Segundo Luciana Stegano Picchio, Sttau Monteiro «constrói em torno da figura do general Gomes Freire uma trágica apoteose da história do movimento liberal oitocentista».

C A realidade do período da Regência, que é o contexto histórico de Felizmente Há Luar!, é transponível para a fase política que se atravessava quando Sttau Monteiro escreveu a peça.

D A obra tem como figura central o general Gomes Freire de Andrade, que, «embora nunca apareça», como diz Sttau Monteiro, está sempre «presente».

E De um lado, temos Manuel, Rita e um Antigo Soldado. Oposto a este, podemos considerar um núcleo que inclui Vicente, Andrade Corvo, Morais Sarmento, os dois polícias.

F No núcleo de personagens constituído pelos governantes (Beresford, o Principal Sousa, D. Miguel), podemos considerar que cada um representa uma certo grupo social.

Aula 57 (11, 12 ou 14/Mai) Explicação sobre Complementos vs. Modificadores. [Ver Apresentação]

Na p. 19 do Caderno do aluno, resolve a ficha sobre ‘Conteúdo proposicional básico’, aproveitando as linhas em baixo:
1.
2.1
2.2
2.3
2
1
Nas pp. 20-21 do mesmo Caderno do aluno, veremos uma matéria que já muito abordámos, ‘referências deícticas’.
Dá um rápido relance à p. 20, onde o conteúdo é relembrado, e passa logo à resolução apenas do exercício 1 (1.1 e 1.2), sublinhando, no texto que reproduzo em baixo, os verdadeiros deícticos. (Nota que, como temos visto, nem todos os demonstrativos remetem para a enunciação — podem ser meras anáforas ou catáforas, portanto, os clássicos pronomes — e, nesses casos, não os sublinharás.)

1.1
Lembro essas manhãs e o brilho fresco da água pelas noites sufocantes de Julho, e o frémito da terra na hora do recomeço. Meu pai, quando parti, disse-me:
— Volta.
Minha mãe olhava-me em silêncio, dorida, e todavia serena como se detivesse o fio do meu destino, ou soubesse, da sua carne, que tudo estava certo como a vida: o nascer, o partir, o morrer.
— Volta — repetiu ainda o meu pai.
Eis que volto, enfim, nesta tarde de Inverno, e o ciclo se fechou. Abro as portas da casa deserta, abro as janelas e a varanda. […]
Pensei, sofri, lutei. Mas de tudo o que aconteceu é como se nada me tivesse acontecido. Alguém me incumbiu do que fiz, muito antes de eu nascer, quando outros homens, outra gente, acabavam a tarefa que eu havia de começar. Essa tarefa deixo-a aos que vierem depois.
Vergílio Ferreira, “A Carta”, Contos

1.2


Lê o trecho de Felizmente há Luar! que, na edição Areal, está entre a p. 39 (só a partir da última fala) e a p. 42 (só até à primeira fala) e, na edição Ática, entre a p. 42 (desde a primeira fala de Sousa) e a p. 45 (só o resto da fala de Beresford).
Os limites são, portanto: «Principal Sousa // Se a um ministro de Deus [...]» e «Beresford // [...] nos negócios deste Reino».
Seguem-se perguntas de um exame recente que tinha à cabeça esse excerto.

I
Apresente, de forma bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.

1. No início do diálogo ([a primeira fala de Sousa e a primeira fala de D. Miguel]), o principal Sousa e D. Miguel constatam uma mudança no comportamento do povo.
Refira em que consiste essa mudança, explicando de que modo se manifesta.

2. O principal Sousa e D. Miguel não são indiferentes à alteração verificada no comportamento do povo.
Mencione dois dos sentimentos que essa alteração suscita em cada uma das personagens.

3. Apresente dois dos traços caracterizadores de Beresford, ilustrando cada um deles com uma citação do texto.

4. Identifique um recurso estilístico presente no texto, explicitando o seu valor expressivo.

TPC — (i) Lê os textos ensaísticos que no manual ficam na unidade sobre Felizmente há luar!. (Parto também do princípio de que já leste a peça propriamente dita.)
(ii) Redige o desenvolvimento de um dos itens que ponho a seguir (que constituíram o grupo III de diferentes exames nacionais). Usa folha solta, escreve à mão e a tinta. A lápis, no final, põe o número de palavras.

GRUPO III

Elabore uma reflexão sobre a sociedade dos nossos dias, partindo da perspectiva exposta no excerto a seguir transcrito.
Fundamente o seu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustre cada um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.
Escreva um texto, devidamente estruturado, de duzentas a trezentas palavras.

«A aparência vai tomando conta até da vida privada das pessoas. Não importa ter uma existência nula, desde que se tenha uma aparência de apropriação dos bens de consumo mais altamente valorizados.»
Agustina Bessa-Luís, Dicionário Imperfeito, Lisboa, Guimarães Editores, 2008

GRUPO III

A propósito do P.e António Vieira, de cujo nascimento (1608) se comemoram os quatrocentos anos, escreveu Guilherme d’Oliveira Martins no Jornal de Letras, Artes e Ideias (13-26/Fevereiro/2008): «Foi um visionário, um diplomata, um pregador da Capela Real, um conselheiro avisado, um humanista, um lutador pelo respeito da dignidade humana, à frente do seu tempo, e um artífice, como houve muito poucos, da palavra dita e escrita».

Num texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas palavras, apresente uma reflexão sobre a temática da dignidade humana e do respeito pelos direitos humanos no nosso tempo.
Para fundamentar o seu ponto de vista, recorra, no mínimo, a dois argumentos, ilustrando cada um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.

GRUPO III

Num texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas palavras, apresente uma reflexão sobre a tese relativa às preferências culturais dos jovens, exposta no texto a seguir transcrito. Para fundamentar o seu ponto de vista, recorra, no mínimo, a dois argumentos, ilustrando cada um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.
«Cultura clássica é o conjunto dos géneros estabelecidos: o livro, o cinema, o teatro, as exposições. Assiste-se progressivamente à substituição destes domínios instalados pelas tradições e pelas escolas por uma outra forma de cultura, particularmente apreciada pelos jovens e, claro, por eles veiculada, e que é constituída pelo vídeo, pelas magias informáticas, pelos novos modos de comunicar ou de ouvir música ou por essas mesmas músicas, o rap ou a tecno.»
Bernard Pivot, cit. in José Afonso Furtado, Os Livros e as Leituras — Novas Ecologias da Informação, Lisboa, Livros e Leituras, 2000



Aula 58 (18, 19, 20/Maio) Correcção das perguntas de grupo I do exame do ano passado. [Ver Apresentação, além das respostas-modelo que se seguem:]

[Respostas modelares, segundo um desses manuais-sebentas com provas de exame:]

1. A mudança no comportamento do povo a que o principal Sousa e D. Miguel se referem tem a ver com o abandono do conformismo e com a expressão de um grande desejo de revolta face à situação miserável em que vive.
Essa mudança manifesta-se de várias maneiras, todas elas reveladoras de uma atitude de rebeldia e violência: grande parte do povo já só pensa em «aprender a ler»; fala-se «abertamente em guilhotinas»; e, «pelas ruas», entoam-se «canções subversivas».

2. Essa alteração do comportamento do povo suscita em cada uma das personagens sentimentos reveladores da grande inquietação que as invade.
D. Miguel sente-se desiludido («Fala como um homem desiludido»), até porque entende sempre ter «dado o melhor do seu trabalho» e «se vê incompreendido e desacreditado». Acresce a impotência de ver que «[a] polícia não chega para arrancar os pasquins revolucionários das portas das igrejas». E acaba por exprimir desencanto face ao absurdo de um mundo que «parece estar atacado de loucura».
O principal Sousa manifesta, por outro lado, uma grande determinação no sentido de cumprir «a missão sagrada e penosa» de «conservar no jardim do Senhor este pequeno canteiro português» imune aos ventos de mudança que sopram da Revolução Francesa. É natural, portanto, que sinta ódio aos franceses, porque eles vieram abrir os olhos aos oprimidos e acabar com o rendoso sossego dos opressores: «Se a um ministro de Deus é permitido odiar, que o Senhor, um dia, perdoe o ódio que tenho aos Franceses…». Incapaz de conter essa maré de mudanças que avassala a sociedade portuguesa, o principal Sousa sente indignação: «Veja, Sr. D. Miguel, como eles transformaram esta terra de gente pobre mas feliz num antro de revoltados!».

3. Beresford apresenta-se como um militar protestante, envergando a sua farda regulamentar «um pouco usada», sinal de que se trata de um profissional determinado e preocupado com o cabal desempenho das suas funções e com o recebimento da respectiva remuneração, dezasseis contos de reis anuais. É um mercenário, um militar que cumpre a sua tarefa por dinheiro e não em defesa de um qualquer ideal patriótico: «da decisão que tomarmos, dependem […] os meus 16.000$00 anuais». Apresenta-se-nos, também, como uma pessoa pragmática, nada interessada em discussões estéreis e paralisantes, antes na actuação certeira: «não vim aqui para perder tempo com conversas filosóficas. Venho falar-lhes de coisas mais sérias».

4. Há vários recursos estilísticos sugestivos, desde a adjectivação expressiva («subversivas»; «revolucionários»), passando pela comparação («o mundo parece atacado de loucura»), pela metáfora («conservar no jardim do Senhor este pequeno canteiro português») e pela personificação («Se a Europa nos desse ouvidos»; «A Europa… A Europa… Deixai-a, que ela nem se perde nem carece dos vossos conselhos»), para culminar na ironia, associada à figura de Beresford.
Com efeito, esta figura de estilo configura-se como um artifício inerente à construção da própria personagem: militar não católico duma grande potência imperial, destacado para organizar o exército português, assume uma atitude crítica face a um pequeno país católico atrasado. Grande parte do seu sarcasmo concentra-se na figura de Sousa, que representa quanto há de mais retrógrado na organização da sociedade portuguesa da época. Na fala «Poupe-me os seus sermões, Reverência. Hoje não é domingo e o meu senhor não é vassalo de Roma» e na parte final do texto («a possibilidade de o principal Sousa continuar a interferir nos negócios deste Reino»), Beresford procura, no tom jocoso que o caracteriza, denunciar a irrelevância, o oportunismo e a hipocrisia do destinatário e da Igreja Católica (por ele representada no Conselho da Regência).

[Para quem já lera a obra (dois dos seguintes enunciados):]
Desenvolve os dois enunciados a seguir, em pequenos comentários, que exibam conhecimento de Felizmente há luar!. A extensão pode oscilar: em média, cem palavras por item, ainda que admita que te foques mais numa das respostas e sejas mais breve na outra.
Não deves consultar livro, manual ou quaisquer apontamentos prévios.

1. Como devemos ver Matilde? Como mulher comum? Como heroína?

2. Entre os elementos simbólicos presentes em Felizmente há luar! podem citar-se os tambores, a moeda de cinco reis, a saia verde, o luar.

3. Matilde é uma personagem mais redonda, menos plana, do que as outras. Essa maior complexidade psicológica faz dela a figura mais elaborada da peça.

4. A concentração do tempo da acção é uma das características de Felizmente há luar!. Entretanto, a única data explicitada na peça está numa fala de Matilde: «Esta praga lhe rogo eu, Matilde de Melo, mulher de Gomes Freire d’Andrade, hoje 18 de Outubro de 1817».

5. Na linha do teatro de Bertold Brecht, Felizmente há luar! analisa criticamente a sociedade, mostrando-a com o objectivo de levar o espectador a tomar uma posição.

6. Há paralelismos entre os dois actos, mas também há contrastes.

7. O espaço físico da peça é, no fundamental, Lisboa…

8. Matilde é uma personagem mais redonda, menos plana, do que as outras. Essa maior complexidade psicológica faz dela a personagem mais elaborada da peça.

[Revisões de gramática:]

A propósito do sketch «Seminaristas falam de raparigas», vamos analisar duas frases complexas em que uma das orações serve de complemento directo à sua subordinante. Primeira frase: O gajo diz-me / que há raparigas...
1.ª oração 2.ª oração

A primeira oração é a oração _______. A segunda, que serve à anterior de complemento directo (porque responde à pergunta '«O gajo diz-me» o quê?'), classificamo-la como oração subordinada ________. A palavra «que» é uma conjunção __________ integrante.

Segundo exemplo: Não sei se isso é verdade.

Divide esta frase em orações (sabendo já que uma será complemento directo da outra). A primeira oração é «________». O seu complemento directo é «_________», que constitui a segunda oração. A primeira oração é a _________; a segunda oração é uma oração subordinada ________. «Se» é uma _________ subordinativa ___________.

Dou-te ainda outra frase, agora com três orações. Classifica-as. A segunda oração tem duas classificações (pelas relações que tem com as outras):
1.ª 2.ª 3.ª
Se tu tiveres lábia, / dás-lhes a volta / e estão ali contigo de mãos dadas.
Subordinada _______ / _________ / Coordenada ________
/ __________ /



No sketch «Acho que faleceu», interessa apenas o título: Acho que faleceu.

Repara que tem dois verbos (_______ e ______). Portanto, é provável que a frase seja {escolhe} simples / complexa e tenha precisamente ____ orações (cujos predicados são aquelas duas formas verbais).
Os sujeitos de cada uma das orações são ambos subentendidos: ______ (correspondente a «acho») e ______ (correspondente a «faleceu»).
Para dividirmos e classificarmos as orações, convém perceber que, nesta frase, uma das orações serve de complemento directo à outra. Assim, a oração «_______» tem como objecto directo a oração «que _______». Estas orações que servem de complemento directo às suas subordinantes designam-se orações ________ completivas (ou integrantes). A palavra que as introduz (um «que» ou um «se») é uma ____________ subordinativa integrante. Em conclusão:
Acho / que faleceu.
Subordinante / Subordinada completiva

Experimentemos substituir a oração subordinada por um complemento directo que não seja uma oração — portanto, por um simples nome, pronome, nome e adjectivo, etc.:
Acho isso.
Predicado / Objecto directo

Vejamos uma oração completiva introduzida pela conjunção (integrante) «se»:
Perguntei / se falecera.
Subordinante / Subordinada completiva

O complemento directo de «Perguntei» é «_________».

Estas particulares subordinadas completivas — as que servem de complemento a verbos como «perguntar», «ignorar», «saber» — designam-se «interrogativas indirectas».



Em «Instrutor que canta o yodle», predominam as frases de tipo imperativo, o que se relaciona com serem os actos de fala do instrutor sobretudo directivos.
Surgem formas verbais na 2.ª pessoa do singular do _______ («Entra», «Mete uma abaixo, homem», «Faz inversão de marcha», «Fica sabendo que em mais de trinta anos», «Está calado, pá»), mas também da 3.ª pessoa do singular do _______ do Conjuntivo («Fique sabendo que o yodle até ajuda»); da ___ pessoa do _______ do Presente do Conjuntivo («vamos lá a fazer essa inversão de marcha»); e da 2.ª pessoa do singular do ________ do Indicativo («vais começar»; «tiras o travão de mão»).
Ou seja: são vários os tempos que acabam por poder funcionar como Imperativo. Nas gramáticas mais tradicionais, o Imperativo surge só com duas pessoas (as segundas, do singular e do plural, para «tu» e «vós»). Mas, como já quase não usamos «vós» mas antes a terceira pessoa («você»), o imperativo acaba por se servir da 3.ª pessoa do Presente do ________, no singular e no plural: «fique», «fiquem». Para a 1.ª pessoa do plural, serve também o _______ do Conjuntivo: «fiquemos».
Na negativa, o Imperativo socorre-se sempre das formas do Presente do Conjuntivo. Passa para negativa:
Entra / ______; Mete / ________; Faz / ______; Está / ________.

TPC — Faz o item B do grupo I do exame cujas perguntas 1-4 estivemos a corrigir hoje. Procura tender para o limite máximo de palavras. Escreve à mão e a tinta. Para mim — no exame, não terias de o fazer —, assinala o total de palavras. Necessariamente, haverá consultas ao manual, mas gostaria que evitassem fraseado seguido retirado dessa ou de outras fontes.
Por favor, trazer este tepecê na próxima aula mesmo (e aliás, cada vez mais, ir regularizando as entregas de trabalhos).

B
Comente a opinião, a seguir transcrita, sobre a teoria do fingimento poético em Pessoa ortónimo, referindo-se a poemas relevantes para o tema em análise. Escreva um texto de oitenta a cento e vinte palavras.

«É na poesia ortónima que o Pessoa ‘restante’, o que não cabe nos heterónimos laboriosamente inventados, se afirma e ‘normaliza’: é então que ele ‘faz’ de si e os seus poemas são ‘chaves’ para compreender o seu extraordinário universo literário.»
António Mega Ferreira, Visão do Século — As Grandes Figuras do Mundo nos Últimos Cem Anos, Linda-a-Velha, Visão, 1999




Aula 59 (20, 21/Mai) Revisões de gramática (subordinadas e modificadores; nome predicativo do sujeito) a partir de sketches de Gato Fedorento.


No sketch «Reunião de condóminos com o Drácula» (série Meireles), muitos dos comentários descrevem o estado dos apartamentos ou do prédio:

A minha casa de banho está cheia de humidade.
O elevador continua avariado.
A construção é muito fraquinha.
Estas paredes são muito fininhas.
Isto é areia.

Todas estas frases são constituídas por:

Sujeito + Verbo copulativo + Nome predicativo do sujeito

Transcreve as cinco frases, arrumando os seus vários elementos segundo as funções sintácticas que desempenham:

[falta aqui uma tabela, que porei em breve]

Sujeito // Predicado Nominal (Verbo Copulativo / Nome predicativo do sujeito)
A minha casa de banho / ___ / ___

___ // é /_____

___// ___ / areia

Faz o mesmo para a frase, dita pelo conde, «Estou arrepiado».

Vejamos que classes de palavras aparecem nas funções sintácticas que destacámos. No caso dos sujeitos, temos:

Pronome demonstrativo: Isto
Pronome pessoal: _________
Determinante + Nome: _______ / A construção / ________
Determinante + Nome + Preposição + Nome: ________

No caso dos predicados nominais, além dos verbos copulativos («estar», «continuar», ____), temos o nome predicativo do sujeito. Nas frases em cima, o nome predicativo do sujeito é constituído por:

adjectivo no grau normal: _____ / arrepiado
adjectivo no superlativo absoluto analítico: _____ / ____
adjectivo + preposição + nome: ______
nome: ______


A propósito do sketch «A sua tia faleceu derivado a complicações», vamos rever as noções de Oração subordinada causal e Modificador (de causa; vulgarmente, «complemento circunstancial de causa»).
1. A sua tia faleceu devido a uma condição rara.
2. A sua tia faleceu por um motivo bastante prosaico.
3. A sua tia faleceu por causa de um duende no peito.
4. A sua tia faleceu, porque repetia muitas vezes a palavra «pinhal».
5. Como tinha um duende no peito, a sua tia faleceu.

Quais destes cinco períodos têm duas orações? Têm duas orações as frases n.º ____ e n.º ____, que são também as que têm dois predicados (cujas formas verbais são: _____ e ______; _____ e _____). Estas duas frases são frases _____ (ou períodos compostos). Ao contrário, são frases simples as n.º ___, n.º ___ e n.º ___, cada uma com uma única oração (a que chamamos oração ______).
Em cada uma das duas frases complexas há uma oração subordinante e outra subordinada. Sublinha as orações subordinantes (as que poderiam aparecer sozinhas) e circunda as subordinadas.
Em ambas as frases, a oração subordinada é {escolhe} temporal / causal / final / condicional / integrante, começando pelas conjunções «______» ou «_____», que são conjunções subordinativas {escolhe} temporais / causais / finais / condicionais / integrantes.
Regressemos à frases n.º ____, n.º ____ e n.º ____, que têm só um verbo (e, por isso, são frases _______, logo orações ______). Nelas, há um sujeito («______»), um predicado («_______») e um modificador de causa (respectivamente: «devido a uma condição rara», «_________» e «________»). Estes modificadores de causa têm o mesmo papel que tinham as orações subordinadas causais. Podemos até reescrever as frases, substituindo modificadores por orações [completa 2 e 3] (e vice versa [completa 5]):
1. A sua tia faleceu, / porque se deu uma condição rara.
2. A sua tia faleceu, / __________.
3. A sua tia faleceu, / visto que __________.
4. A sua tia faleceu por causa da repetição da palavra «pinhal».
5. __________, a sua tia faleceu.

Uma última nota: «A sua tia faleceu derivado a complicações» é uma frase simples, em que «derivado a complicações» é o _______. No entanto, a expressão «derivado a» não é correcta (o que se deve dizer é: «devido a»).

Leitura expressiva do Acto II de Felizmente há luar!.

Esta leitura em voz alta do Acto II de Felizmente Há Luar! será quase dramatizada, ainda que sem representação no palco. Indicações que não tenham reflexo oral — movimentos, gestos, etc. — não são para ser assumidas. Já os tons de voz aconselhados nas didascálias devem ser tidos em conta. Enfim, a leitura aproximar-se-á da que se faria em teatro radiofónico.
As páginas correspondem às da edição Areal [ou às da edição Ática]. As personagens a negro são as que têm falas relevantes, as únicas que pontuaremos. “Até «tal tal»” assinala o limite do quadro.

[não se põem agora os quadros usados para classificações da leitura]

[só no 12.º 1.ª e no 12.º 6.ª:] Redacção de página de texto teatral, criando desenlace surpreendente, ainda que verosímil, em Felizmente há luar!. [Ver Apresentação]

TPC — (i) [excepto 12.º 5.ª & 6.ª] Resolve este item (de exame-modelo, proposto pelo GAVE). Da minha lavra é apenas o negro, que vinca a necessidade de contemplares, «no mínimo, [...] dois argumentos, ilustrando cada um deles com, pelo menos, um exemplo significativo»:

GRUPO III

A propósito de dois acontecimentos recentes (vitória do Benfica, em futebol; visita de Bento XVI) e da importância do papel da comunicação social na criação dos factos noticiados, escreveu Januário Torgal Vieira (Boletim das Forças Armadas, 13-5-2010, p. 45):
«O acompanhamento do autocarro do Glorioso, desde a garagem da Catedral até à Rotunda, e a filmagem focadíssima do papamóvel no momento do diálogo do Santo Padre com o Cónego Adalberto Graça são duas faces da mesma moeda: é a televisão que faz os acontecimentos».

Num texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas palavras, apresente uma reflexão sobre o modo como a televisão condiciona os factos que acaba, depois, por noticiar.
Para fundamentar o seu ponto de vista, recorra, no mínimo, a dois argumentos, ilustrando cada um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.

(ii) [para todas as turmas] Vai revendo gramática. Pus em Gaveta de Nuvens (clicar em ‘Funcionamento da Língua’ e em ‘Gramática’) quadros plagiados de Enciclopédia do Estudante, Língua Portuguesa I, bons para relancear matérias. Tem em conta que, aqui e ali, pode aludir-se a conteúdos já quase fora da matéria escolar.



Aula 60 (25, 26, 27/Maio) Explicação de erros encontrados em redacções recentes. [ver Apresentação]

Correcção do grupo B de exame (sobre «fingimento no ortónimo»).

Correcção do item B de exame, segundo resposta-modelo de uma sebenta:

Uma das características fundamentais da poesia de Fernando Pessoa ortónimo é o fingimento. Resulta este traço da sua produção poética da intelectualização das emoções, de tal modo que, quando registadas por escrito, se apercebe o sujeito poético da distância percorrida entre uma «dor que deveras sente» e a «dor lida» por todos aqueles que «lêem o que escreve» («Autopsicografia»).
De facto, no processo criativo de Pessoa, a emoção/dor é sentida pela imaginação e não pelo coração («[…] Eu simplesmente sinto / Com a imaginação. / Não uso o coração.», «Isto»), porque, afinal, a criação é uma representação, um fingimento, de sentimentos: «O poeta é um fingidor. / Finge tão completamente / Que chega a fingir que é dor / A dor que deveras sente.»
[120]

Níveis de desempenho da parte de ‘Conteúdo’ dos Critérios do Exame para esse mesmo item:

Comenta, com pertinência e rigor, a opinião transcrita sobre a teoria do fingimento poético em Pessoa ortónimo, fazendo referências que reflectem um bom conhecimento do tema em análise. // 18
Comenta, com pertinência, a opinião transcrita sobre a teoria do fingimento poético em Pessoa ortónimo, fazendo referências que reflectem um bom conhecimento do tema em análise. // 15
Comenta, com pertinência, a opinião transcrita sobre a teoria do fingimento poético em Pessoa ortónimo, fazendo referências que reflectem um conhecimento suficiente do tema em análise. // 12
Comenta, com ligeiras ou esporádicas imprecisões, a opinião transcrita sobre a teoria do fingimento poético em Pessoa ortónimo, fazendo referências que reflectem um conhecimento suficiente do tema em análise. // 9
Comenta, com acentuadas imprecisões, a opinião transcrita sobre a teoria do fingimento poético em Pessoa ortónimo, fazendo referências que reflectem um conhecimento suficiente do tema em análise. // 6
Discorre superficialmente sobre a teoria do fingimento poético em Pessoa ortónimo, fazendo referências que reflectem um conhecimento incipiente do tema em análise. // 3

Questionário de compreensão + gramática (à grupo II de exame).

Misturei perguntas de um exame nacional com outras da minha lavra. No enunciado dos itens, conservei as instruções originais (para depois, em exame, não as estranhares); no entanto, neste caso, em vez de responderes em folha especial, deves circundar as boas alíneas e, para o item 2, preencher a grelha acrescentada.

GRUPO II

Leia, atentamente, o texto a seguir transcrito.

Dada a magnitude dos temas ligados à emoção e ao sentimento, poder-se-ia esperar que tanto a filosofia como as ciências da mente e do cérebro se tivessem dedicado ao seu estudo. Surpreendentemente, só agora isso começa a acontecer. A filosofia, apesar de David Hume e da tradição que se iniciou com ele, nunca confiou na emoção, tendo-a relegado em grande parte para o domínio animal. A ciência saiu-se melhor durante algum tempo, mas também perdeu a oportunidade.
Nos finais do século XIX, Charles Darwin, William James e Sigmund Freud escreveram profusamente sobre vários aspectos da emoção e deram-lhe um lugar privilegiado no discurso científico. Porém, ao longo do século XX e até muito recentemente, tanto a neurociência como as ciências cognitivas comportaram-se de forma pouco amigável com a emoção. Darwin realizou um extenso estudo sobre a expressão da emoção nas diferentes culturas e nas diferentes espécies e, embora considerando as emoções humanas como vestígios de estádios anteriores da evolução, respeitou a importância deste fenómeno. William James apercebeu-se do problema com a sua clareza proverbial e realizou um estudo que, apesar de incompleto, permanece uma pedra angular. E Freud entreviu o potencial patológico das emoções alteradas e anunciou a sua importância em termos inequívocos.
Darwin, James e Freud foram pouco explícitos acerca da componente cerebral das suas ideias, como era de esperar, mas um dos seus contemporâneos, Hughlings Jackson, foi mais preciso. Dando o primeiro passo em direcção a uma possível neuroanatomia da emoção, sugeriu que o hemisfério cerebral direito tem uma influência dominante na emoção humana, comparável à que o esquerdo exerce na linguagem.
Teria sido razoável esperar que no início do novo século as ciências do cérebro tivessem incluído a emoção na sua agenda de trabalhos e resolvido os seus problemas. Porém, isso nunca chegou a acontecer. Pior ainda, o trabalho de Darwin foi esquecido, a proposta de James foi injustamente atacada e sumariamente rejeitada, e a influência de Freud fez-se sentir noutra direcção. Ao longo da maior parte do século XX, a emoção não foi digna de crédito nos laboratórios. Era demasiado subjectiva, dizia-se. Era demasiado fugidia e vaga. Estava no pólo oposto da razão, indubitavelmente a mais excelente capacidade humana, e a razão era encarada como totalmente independente da emoção.
António R. Damásio, O Sentimento de Si – O Corpo, a Emoção e a Neurobiologia da Consciência, 8.ª ed., Lisboa, Publicações Europa-América, 2000

David Hume: filósofo escocês (1711-1776).
Charles Darwin: naturalista inglês (1809-1882).
William James: filósofo e psicólogo norte-americano (1842-1910).
Sigmund Freud: médico austríaco, fundador da psicanálise (1856-1939).

1. Para cada um dos itens que se seguem, escreva, na sua folha de respostas, a letra correspondente à alternativa correcta, de acordo com o sentido do texto.

A emoção passou a integrar a «agenda de trabalhos» (linha 24) das «ciências do cérebro» (linha 23)
a) nos finais do século XIX.
b) no início do século XX.
c) em meados do século XX.
d) nos finais do século XX.

Os trabalhos de Charles Darwin e de William James relativos à emoção
a) apresentaram a emoção como um fenómeno subjectivo e muito vago.
b) demonstraram que a razão e a emoção são totalmente independentes.
c) foram ignorados ou rejeitados, apesar do seu grande interesse científico.
d) apresentaram grande número de conclusões praticamente idênticas.

«Começa a acontecer» (linha 3) é
a) tempo composto com valor aspectual perfectivo
b) construção pleonástica com conotação durativa.
c) forma perifrástica com valor aspectual incoativo.
d) verbo na passiva, com significado iterativo.

Ao iniciar a frase com o advérbio «Surpreendentemente» (linha 3), o autor apresenta o facto nela enunciado como
a) isolado.
b) irrelevante.
c) estranho.
d) repentino.

Em «permanece uma pedra angular» (linha 15), «pedra angular» desempenha a função de
a) nome predicativo do sujeito.
b) complemento directo.
c) complemento indirecto.
d) sujeito.

«lhe» (linha 8) desempenha a função sintáctica de
a) pronome pessoal.
b) objecto directo.
c) sujeito.
d) objecto indirecto.

«Hughlings Jackson» (linha 19) está entre vírgulas, porque
a) é um vocativo.
b) integra uma enumeração.
c) tem cariz apositivo.
d) é o sujeito e está antes do verbo.

A forma verbal «considerando» (linha 12) está no
a) Gerúndio.
b) Particípio passado.
c) Infinitivo.
d) Presente do Indicativo

Em «se tivessem dedicado ao seu estudo» (linha 2), a anteposição de «se» é devida à
a) negativa
b) subordinada relativa.
c) subordinada completiva.
d) utilização do português do Brasil.

O recurso à repetição da palavra «emoção» (linhas 1, 4, 8, 11, 24, 27 e 30) e o uso das expressões «emoções humanas» (linha 13), «emoções alteradas» (linha 16), «neuroanatomia da emoção» (linha 20), «emoção humana» (linha 22)
a) contribuem para evidenciar a temática central do texto.
b) permitem detectar a opinião do autor face ao tema.
c) mobilizam diversificados valores conotativos da palavra.
d) visam marcar a sequência de argumentos do texto.

Em «poder-se-ia esperar» (linhas 1-2), «se» ocorre em posição medial (em mesóclise) por se tratar de forma verbal no
a) Futuro do Indicativo.
b) Condicional.
c) Imperfeito do Indicativo.
d) Perfeito do Indicativo.

A palavra «que» (linha 21) integra a classe
a) das conjunções subordinativas integrantes.
b) das conjunções subordinadas completivas.
c) das conjunções subordinativas relativas.
d) dos pronomes relativos.

«foi mais preciso» (linhas 19-20) constitui um
a) predicado verbal.
b) nome predicativo do sujeito.
c) nome predicativo do complemento directo.
d) predicado nominal.

O antecedente da anáfora presente em «tendo-a» (linha 4) é
a) «da tradição que se iniciou com ele».
b) «a tradição que se iniciou com ele».
c) «a emoção».
d) «A filosofia».

O referente de «isso» (linha 3) é
a) «a filosofia como as ciências da mente e do cérebro se tivessem dedicado ao seu estudo».
b) «poder-se-ia esperar que tanto a filosofia como as ciências da mente e do cérebro se tivessem dedicado ao seu estudo».
c) «ao seu estudo».
d) «estudo».

O plural de «entreviu» (linha 16) é
a) «entrevem».
b) «entrevêem».
c) «entrevieram».
d) «entrevêm».

«que […] permanece uma pedra angular» (linha 15) é uma oração subordinada
a) substantiva.
b) adjectiva relativa explicativa.
c) adjectiva relativa restritiva.
d) substantiva completiva.

«Dada a magnitude dos temas ligados à emoção e ao sentimento» (linha 1) desempenha a função sintáctica de
a) oração subordinada causal.
b) oração coordenada.
c) sujeito.
d) modificador («complemento circunstancial de causa»).

2. Neste item, faça corresponder a cada um dos quatro elementos da coluna A um elemento da coluna B, de modo a obter afirmações verdadeiras. Escreva, na sua folha de respostas, ao lado do número da frase, a alínea correspondente.

A
1) Com o uso do advérbio «agora» (linha 3) e da expressão «até muito recentemente» (linhas 9-10),
2) Com o uso da frase «que se iniciou com ele» (linha 4),
3) Ao usar a conjunção «Porém» (linha 9) no início da frase,
4) Com o uso da expressão «Pior ainda» (linha 25),

B
a) o autor exprime uma oposição relativamente à ideia contida na frase anterior.
b) o autor introduz aspectos acessórios relativamente ao tópico que se encontra a tratar.
c) o autor manifesta a sua opinião relativamente aos factos que relata a seguir.
d) o autor narra um acontecimento ilustrativo da ideia exposta.
e) o autor torna mais restrita a referência da expressão que é o antecedente do pronome relativo.
f) o autor recorre à autoridade de outrem para reforçar o peso das suas ideias.
g) o autor estabelece uma relação entre o tempo dos factos referidos e o momento em que escreve o texto.


Preenchimento de quadros a propósito de Felizmente há luar! (analogias 1817-1961), distribuição de personagens por classes sociais e papel na narrativa.

Completa o quadro da p. 316, 2, «Bipolarização» (pu-lo em baixo, mas lê também o que está no manual):



Na p. 336 do manual, temos um quadro que lista os paralelismos entre o contexto histórico da acção de Felizmente há luar! e a época em que a obra foi escrita. Em baixo, reproduzi uma tabela semelhante. Completa-a (quando achares que o está em falta numa das colunas é idêntico ao que está na coluna ao lado, basta que ponhas um visto na quadrícula; se for diferente, escreve o que devia estar).



TPC — (i) Lê (para retenção de informações, mesmo) texto acerca de «Os Lusíadas e Mensagem» (pp. 142-143 do manual); vê também a p. 141.
(ii) Se não o fizeste há tempos, dá um relance às páginas de enquadramento histórico de Memorial do Convento (pp. 222-228), bem como às que tratam dos aspectos simbólicos (pp. 229-231 e 280-281).



Aula 61 (27, 28/Mai ou 1/Jun) O passo de Os Lusíadas que lerás está nas pp. 61-62 do manual. Trata-se do celebérrimo episódio do Velho do Restelo (a expressão «um velho do Restelo» até entrou no léxico comum, equivalendo a ‘aquele que é pessimista, que é conservador, que critica todas as novidades’). Estas estâncias sucedem às das despedidas em Belém (pp. 59-60), que vimos logo no início do ano.
Enfim, no momento da partida aparece na praia um verdadeiro desmancha-prazeres, que defende que os portugueses deveriam tratar mais do seu território ou, quando muito, combater os mouros em África, em vez de arriscarem tanto na viagem à Índia. Não sendo propriamente uma reflexão do poeta (integra aliás o relato do Gama ao rei de Melinde), este passo costuma aparecer elencado entre os momentos reflexivos dos Lusíadas.

Vai relanceando as estâncias 94 a 104, para, no texto em prosa aqui em baixo, assinalares as oitavas que correspondem a cada parágrafo. Num segundo momento, deves sublinhar as dez expressões espúrias (‘indevidas, mentirosas’) com que conspurquei a límpida adaptação de Amélia Pinto Pais (Os Lusíadas em prosa, Areal, 2005) e acrescentarás logo a expressão que presumas seja a correcta.



Na p. 63, lê os trechos sobre Faetonte e Ícaro (se tiveres tempo, vê, muito na diagonal, o resto da página e a p. 64). A seguir, durante vinte e tal minutos, assistir-se-á a filme sobre o mito de Ícaro («Daedalus and Icarus»).

Sem consulta do manual, resolve estes dois itens (segundo o modelo da pergunta B do Grupo I de um exame nacional). Se faltar tempo, não fará mal que suspendas o trabalho sem teres completado os dois comentários — entregá-los-ás mesmo assim.

B

Considere a seguinte opinião sobre Mensagem (e Os Lusíadas):

«O meu livro preferido é Mensagem, de Fernando Pessoa. É como que uns Lusíadas sem Velho do Restelo!»
Serenela Andrade, «Estou apaixonada...», TV Guia, 29 de Fevereiro de 2004, p. 1234

Fazendo apelo à sua experiência de leitura, comente, num texto de oitenta a cento e vinte palavras, a opinião acima transcrita.

[número de palavras: _____]

B

Comente a opinião, a seguir transcrita, acerca das dissemelhanças entre Ícaro e alguns dos heterónimos de Pessoa ou o próprio ortónimo.

«Adolescente, passava largas horas embrenhado na leitura de Fernando Pessoa. Entusiasmavam-me sobretudo as odes de Ricardo Reis, os poemas do Guardador de Rebanhos e as poesias ortónimas, já que via nos respectivos sujeitos poéticos uma espécie de Anti-Ícaro. Já os textos do atrevido Campos não faziam o meu género».
Jorge Jesus, entrevista a Trio de Ataque, RTP-N, 25-5-2010.

[número de palavras: _____]

TPC — (i) Escreve comentário-análise de poema de Fernando Pessoa (do ortónimo ou de um dos heterónimos). Escolherás aqui: http://arquivopessoa.net/ (Arquivo de Pessoa, link em Gaveta de Nuvens). Em baixo, fica vocabulário que poderá ser útil, mas a que não tens de recorrer, se preferires ater-te à tua redacção espontânea. Podes escrever a tinta ou a computador. Num cabeçalho, indica o primeiro verso do poema e o autor.
(ii) Aproveita para dar vista de olhos a comentários de outros colegas a poemas de Pessoa, os dos ibisfilmes (http://gavetadenuvens.blogspot.com/2009/09/leituras.html). Evita, aliás, escolher algum desses textos.

o «eu» poético / o «eu» lírico / o sujeito poético / o sujeito lírico / o poeta / ...

trecho / texto / excerto / passagem / período / parágrafo / segmento / frase / expressão / estrofe / terceto / quadra / quintilha / dístico / sextilha / ...

trata / aborda / conota / denota / remete para / implica / evoca / alude / refere / traduz / significa / assinala / exprime / traça / perfila / desenha / marca / vinca / acentua / sugere / insinua / salienta / valoriza / desvaloriza / prefere / pretere / favorece / desfavorece / privilegia /prejudica / enumera / elenca / infere-se / conjectura-se / adivinha-se / estabelece / distingue / ...

oposição / paralelismo / contraste / simetria / tema agregador / assunto / leitmotiv / linha / ...



Aula 62 (1, 2, 4 ou 7/Jun) A partir da p. 136 temos já alguns poemas da terceira parte de Mensagem («O Encoberto»). Começa por ler «O Quinto Império de Fernando Pessoa», na p. 138 (e talvez também «Sebastianismo e Quinto Império», na p. 137).
Depois, completa esta «tradução», verso a verso, do poema «Quinto Império» (p. 136). Terás de copiar nos lugares correctos as paráfrases-comentários dos versos de Pessoa que estão no final. Na tradução, não pus a pontuação de final de verso.


O Quinto Império, a Nova Vida

__________________
Pobre de quem, seguro, se contenta com o pouco que tem
Sem um sonho maior, um desejo
Um íntimo fogo e objectivo
_________________

__________________
Pobre de quem apenas sobrevive e nada mais deseja
Esse não tem alma
Senão o instinto de não morrer
__________________

__________________
Num tempo que é feito de gerações
__________________
Mas as forças da guerra, irracionais, param
__________________

__________________
Completado o seu reino terreno
A Terra verá o quinto
__________________
Ele que começou a gerar-se da noite (morte)

Grécia, Roma, o Império Cristão
__________________
Acabaram porque tudo se acaba com o tempo
Falta assim viver o Império da Verdade
O Quinto Império a que preside D. Sebastião.

«Traduções» a copiar nas lacunas (baralhadas, claro):

Perante a visão que só a alma tem
Senão o destino de esperar pela morte em vida
É da natureza humana ser descontente, querer possuir
Passados os quatro Impérios
Surgir à luz do dia
A Europa — todas esses Impérios acabaram
Pobre de quem vive seguro
Um sonho maior que faça abandonar todos os confortos e as certezas
Pobre aquele que se dá por contente
Gerações passam

A seguir, pus uma tradução de «Nevoeiro» (p. 139), também com versos lacunares. Desta vez, cabe-te criar as paráfrases em falta.

Nevoeiro

Nem governante nem leis, nem tempos de paz ou de conflito
Podem definir a verdade, a essência
No que no presente é um fulgor triste
_______________________
Vida exterior sem luz intensa, sem fogo de paixão e vontade
_______________________

Os Portugueses não sabem o que verdadeiramente querem!
Não conhecem a sua alma — o seu Destino
_______________________
Adivinha-se, no entanto, uma ânsia neles, uma ânsia de querer
Mas tudo é incerto, morte
_______________________
Portugal é, no presente, como o nevoeiro.

_______________________



[Sobre símbolos, este comentário, em resposta à p. 332 do manual:]

Os tambores, que amedrontam os populares mal os ouvem à distância e que tocam em fanfarra em momentos decisivos (como o anúncio da prisão e o fim da execução de Gomes Freire), representam a repressão, simbolizam a opressão aterrorizadora.
A moeda de cinco reis começa por significar a esmola, o auxílio humilhante que os poderosos dão aos que nada têm (por isso, quando Manuel a manda atirar a Matilde logo se arrepende; por outro lado, Matilde, ao pedir-lha, está a associar-se aos populares). Quando Matilde atira uma moeda aos pés do Principal Sousa, esta passa a ser símbolo da traição da Igreja, eco das moedas que Judas recebeu pela entrega de Cristo.
A saia verde, oferecida a Matilde pelo seu amado para quando voltassem a Portugal, nunca tinha sido usada, talvez porque o país nunca lhes tivesse dado motivos de esperança. Matilde planeava usá-la quando Gomes Freire voltasse para casa (o que revela que não se resignara, que ainda acreditava), mas acabou por ser a que vestiu no momento da execução do marido, simbolizando então a esperança no futuro.
A fogueira destruiu com Gomes Freire a conspiração, a mudança. Porém, foi uma destruição necessária para a purificação, para que todo o horror fosse exposto e reforçasse o desejo de lutar por um Portugal melhor. O clarão é a luz da liberdade que se anuncia. O clarão que se extingue com a morte de Gomes Freire irá iluminar muitas consciências. A sua morte não terá sido em vão.
Para D. Miguel, a luz do luar simboliza a opressão necessária para manter o país submisso. Para Matilde, o início do fim do obscurantismo em que o país stá mergulhado: é a luz que permite ver um exemplo, o caminho a seguir.

[Sobre espaço físico, em resposta a primeiras perguntas da p. 333:]

A referência de que a acção se desenrola em Lisboa é-nos dada várias vezes ao longo da peça. Por exemplo, é num café do Cais do Sodré que se «reúnem todos os dias os defensores do sistema das cortes», informa Vicente no seu primeiro encontro com D. Miguel. É também durante este encontro que é referido, pela primeira vez, que o General mora para «os lados do Rato», é aí que é preso e, nesse dia, no Largo do Rato «são mais os soldados do que as pedras», segundo o comentário de um popular. Gomes Freire é levado para o forte de S. Julião da Barra, onde é executado. A execução dos outros conjurados, segundo Sousa Falcão, dá-se no Campo de Sant’Ana (actual Campo dos Mártires da Pátria).
Os espaços exteriores são as ruas de Lisboa e, no final da peça, o alto de uma serra donde se avista o forte de S. Julião. Os espaços interiores são a casa de Matilde, o palácio da Regência e uma igreja onde Matilde se confronta com o principal Sousa.
Na encenação da peça, para se transmitir a ideia de mudança de espaço seriam fundamentais os jogos de luzes, os focos a isolar determinadas personagens.

[Sobre tempo da acção, em resposta a itens da p. 333:]

Aparentemente, no mesmo dia em que os populares conversam sobre Gomes Freire, Vicente é incumbido por D. Miguel de o vigiar. Também nesse mesmo dia, os Governadores recebem os delatores e Vicente traz a informação de que «Ontem à noite entraram mais de dez pessoas em casa de...». Não sabemos, contudo, o tempo que decorre entre a situação incial e este «ontem». E é impossível determinar o tempo que decorre até declararem Gomes Freire como chefe da conjura.
Note-se ainda que, no segundo acto, o tempo parece mais lento, devido sobretudo ao longo discurso acusatório que Matilde dirige ao Primcipal Sousa. Por outro lado, é-nos transmitida a ideia de que, entre a prisão dos conjurados e a sua execução, decorreram apenas quatro dias.
Esta concentração do tempo evidencia que o poder não esperava senão um pretexto para eliminar um adversário. Para prender Gomes Freire não houve necessidade de recolher provas da sua participação na conjura.

TPC — Escreve a dissertação pedida na p. 140 ou um dos textos expositivos-argumentativos B, C, ou D da p. 209. (Sobre ‘dissertação’, podes ver o Caderno de actividades, p. 60. De qualquer modo, podes tratar qualquer um destes temas como se se tratasse de um texto argumentativo para um grupo III de exame, ainda que, porventura, ligeiramente mais pequeno. Sugiro ainda que — ao menos na fase de toilette do texto — procures diversificar bastante os conectores usados. Na p. 44 do Caderno de actividades, tens uma lista de conectores/articuladores.)



Aula 63 (4, 7 ou 8 de Jun) Explicações de redacção. [ver Apresentação]

Correcção de trabalho de gramática. [ver Apresentação]

Supertaça da leitura em voz alta.

Assistência a trecho final de Ensaio sobre a cegueira, ao mesmo tempo que se fez avaliação. [Na turma sexta: viu-se apenas um trecho médio do Ensaio. Ver-se-á resto na última aula desta turma.]



Aula de Cábulas (14/Jun) Explicação de aspectos de gramática úteis para o grupo II do exame [ver Apresentação].
Conselhos sobre o grupo I [ver Apresentação].

Para o grupo I-B:
Experimenta reunir (quase mentalmente, apenas; quando muito, numa lista de tópicos) as ideias em que te fundarias para redigir as respostas completas que corresponderiam a estes itens I-B. (Porei soluções possíveis em Gaveta de Nuvens.)

«Apelidados de ‘Navegadores’, os jogadores que na África do Sul representam Portugal não serão menos glorificados do que os heróis de Camões. Arrostarão com perigos tão grandes como os personificados pelo Adamastor (a clavícula de Nani, o joelho de Pepe, as mãos de Eduardo, o cérebro de Simão, todo Ricardo Costa), mas aportarão decerto à sua ilha de Vénus – sobretudo se Drogba não jogar – e serão tão mitificados como algumas das personagens de que falou o Gama na sua interessante, embora um pouco longa, exposição ao rei melindano.»
Paulo Sérgio, depoimento em http://cabelinhoapaulobento.blogspot.com/ (13-6-2010)

Num texto expositivo-argumentativo bem estruturado, de oitenta a cento e vinte palavras, comente a afirmação de Paulo Sérgio, fundamentando a sua opinião em argumentos decorrentes da sua experiência de leitura de Os Lusíadas.

[Solução minha:
Camões exaltou os heróis da construção do império, mas também os que os precederam: Viriato, ainda antes de criado o Reino; Afonso Henriques, que, estimulado pela presença de Cristo, derrotou em Ourique numeroso exército mouro; Nun’Álvares, que, em Aljubarrota, se revelou líder audaz.
Na conquista do mar, apesar do papel relevante do Gama (não por acaso, relator da maior parte dos feitos gloriosos), os protagonistas são os navegantes anónimos. Esse herói colectivo venceu o cepticismo (Velho do Restelo), a doença (escorbuto), o medo (Adamastor), as artimanhas de Baco (tempestade), e conquistou o conhecimento (fogo de Santelmo; tromba marítima), até chegar à vera Ilha dos Amores. Esta, porém, é mais perene do que a dos nautas futebolistas. E o convívio com os deuses confirma a imortalidade dos heróis de quinhentos.]

«Um dos mitos da Escola Secundária José Gomes Ferreira é o de que, num dia de sol, saídos de uma caverna situada perto da fresca cascata que emoldura o estabelecimento de ensino, regressarão alunos decentes, que não resolvam os exames nacionais à pressa, que releiam tudo, atentos às falhas de pontuação e aos acentos nas esdrúxulas, que procurem sempre no texto da prova onde estará plasmada a resposta aos itens do grupo I, que leiam sem precipitação os enunciados das perguntas, que esbocem um plano para a resposta ao grupo III, que tenham particular cuidado com a qualidade da sua redacção e a inteligência dos seus argumentos, que tragam relógio, garrafa de água, que comam bem ao almoço, que durmam bem na noite anterior. No entanto, acredito mais no regresso de D. Sebastião e na contratação de Coentrão pelo Real Madrid.»
Horácio Braz, De Mensagem às minhas mensagens: memórias de um lutador, Oxford University Press, Oxónia, 2010, p. 666.

A pretexto da citação em cima, escreva um comentário com entre oitenta e cento e vinte palavras que incida num dos mitos presentes em Mensagem.

[Solução minha: D. Sebastião é figura central de três poemas de Mensagem, mas o sebastianismo — ou, um especial sebastianismo pessoano — comparece ao longo de todo o poema épico-lírico, ainda que esteja mais presente na 3.ª parte, cujo título aliás logo remete para «O Encoberto».
D. Sebastião surge como figura messiânica, que salvará Portugal da decadência. A juventude do rei, a loucura, o desaparecimento em Alcácer Quibir favorecem que o poeta veja nele um emblema da redenção que advoga, um exemplo da ousadia, da busca do sonho, a que Pessoa exorta, acreditanto que essa nova glória corresponderá a um poder espiritual português, enfim, ao Quinto Império.]

«Da estabilidade emocional de Bruno Alves ou da confiança de Cristiano Ronaldo dependerá o desfecho do Portugal-Costa do Marfim, já que são jogadores determinantes nas acções, defensiva e ofensiva, da equipa das quinas» (Alguém).
Refira dois traços do carácter de D. João V também eles determinantes na acção de Memorial do Convento, fazendo alusões pertinentes à obra. Escreva um texto de oitenta a cento e vinte palavras.

[Solução retirada de uma sebenta: No romance Memorial do Convento, os dois principais traços do carácter de D. João V são a megalomania e a prepotência.
O soberano apresenta-se-nos, ao longo da acção, sobretudo preocupado com o investimento da riqueza vinda do Brasil, no cumprimento dos seus projectos megalómanos, o mais importante dos quais é a construção do Convento de Mafra. A par disso, para impor as suas decisões, não hesita em recorrer à mobilização forçada de trabalhadores para as obras de Mafra, numa atitude de inaudita prepotência que ainda hoje nos indigna. Saramago retrata-nos um rei ridiculamente megalómano e prepotente que, para realizar os seus caprichos e ostentar as suas riquezas, não hesita em escravizar o povo que devia proteger.]

A melhor biografia de Pessoa, que é da autoria de Robert Bréchon, intitula-se Estranho Estrangeiro [Étrange étranger — une biographie de Fernando Pessoa] (Lisboa, Quetzal, 1996). Fernando Pessoa, que, adolescente, conheceu as paragens — então colonizadas pelos ingleses — onde, por estes dias, Duda, Daniel Fernandes ou Beto exibem as suas capacidades — como se sabe, muitas —, foi realmente um estrangeiro até de si mesmo.
Num texto de oitenta a cento e vinte palavras, desenvolva esta ideia, corroborando-a ou rebatendo-a, não se esquecendo de mencionar quer o ortónimo quer o processo heteronímico.

[Solução minha: O título escolhido pelo biógrafo francês de Pessoa aproveita o facto de o poeta de Mensagem ter como primeira influência a cultura inglesa, o que resulta de, enquanto criança e adolescente, na África do Sul, ter frequentado o sistema de ensino britânico. Por outro lado, a fragmentação a que, na escrita, se quis submeter (ora pelo desdobramento que configura a heteronímia ora pela obsessão de se procurar compreender, num processo, quase cubista, em que, ao aproximar-se dela, autonomiza características da sua personalidade) constitui um distanciamento de quem se estranha e se analisa de fora, por assim dizer, como «estrangeiro de si mesmo». Para se reconhecer, o poeta precisa de «fingir» e precisa de ser outros.]

A mulher de José Mourinho chama-se Matilde; a esposa de Jorge Jesus chama-se Blimunda. Esta extraordinária coincidência, que aproxima as mulheres dos dois grandes treinadores das duas protagonistas femininas das obras que lemos (enfim...), lembra-nos que as duas personagens — respectivamente, do drama de Sttau Monteiro e da ficção de Saramago — têm entre si mais circunstâncias que as identifiquem do que características que as oponham.
Parta da ideia acima, para redigir um comentário, de oitenta a cento e vinte palavras, em que se centre naquelas duas heroínas (nas das obras, claro).


[Solução minha: Blimunda e Matilde são duas sobreviventes. Da trindade de heróis de Memorial do Convento é Blimunda o elemento que resiste, ainda que a vontade de Baltasar se conserve também (mas, note-se, recolhida pela sibilina filha de Sebastiana). Aos nove anos durante que Blimunda procurou Sete-Sóis corresponde, em Felizmente há luar!, a indómita luta de Matilde em defesa de Gomes Freire. Faltam-lhe, é certo, os poderes mágicos daquela que Bartolomeu crismou como Sete-Luas, mas sobra-lhe a mesma irreverência e o inconformismo de quem ama incondicionalmente. São duas mulheres, de raízes populares, em que narrativa e drama se focarão ainda mais à medida que se aproxima o desfecho de ambas as obras, constituindo então a voz dos maridos e o espelho da força dos oprimidos.]

Sobre o grupo III:

Traça o plano para a resposta a este item III de exame. Depos, escreve a fórmula com que começarias o teu texto e o parágrafo que o concluiria.

Num texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas palavas, apresente uma reflexão sobre as ideias expressas no excerto a seguir transcrito, relativas ao problema, que se vai pondo cada vez mais na sociedade actual, de conciliar as especificidades culturais de cada povo com a necessária integração em ambientes plurais, mais normalizados.
Para fundamentar o seu ponto de vista, recorra, no mínimo, a dois argumentos, ilustrando cada um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.

— Quem me tira a minha vuvuzelazinha tira-me tudo! — lamentava-se Nhat Oaona, numa rua do Soweto.
O desespero da jovem sul-africana contrastava com a alegria da selecção alemã, que, à mesma hora, acabara de saber que a corneta típica da África do Sul fora proibida nos estádios do Mundial por serem unânimes os protestos das equipas europeias. Também ontem se soube que o governo australiano condicionara a admissão de imigrantes à aceitação do estilo de vida nacional (leia-se ‘ocidental’).
Enfim, são dois episódios das contingências dos encontros civilizacionais. As idiossincrasias de cada cultura terão — ou não? — de se conformar aos hábitos da maioria.
Rui Santos, Tempo Extra, Sic-Notícias, 13-6-2010


Ir relanceando estes aspectos (por não os ir eu abordar nas sessões de 2.ª, 14, e serem mais verificáveis pelo CdA, ou por folhas nossas ou pelo blogue — ‘Gramática’ & ’Funcionamento da Língua’ —, do que em aula):

Gramática
‘figuras de estilo’ (Caderno do Aluno, pp. 76-79);
‘tipos de conectores’ (CdA, p. 44);
‘protótipos textuais’ (CdA, p. 52) [narrativo, descritivo, argumentativo, explicativo, injuntivo-instrucional, dialogal-conversacional];
‘actos ilocutórios’ (CdA, p. 36, quadro) [assertivos, expressivos, directivos, compromissivos – sobretudo];
‘campo lexical’ («vuvuzela», «canção», «tocar», «cravo», «instrumentista», «dó», «clave de sol»); ‘campo semântico’ («foi a pé»; «o pé» [=unidade de comprimento]; «o pé da cadeira»; «pé de atleta») (ver pelo blogue, «Funcionamento da Língua»);
‘valor restritivo ou não restritivo dos adjectivos’ (CdA, p. 24);
‘orações relativas explicativas e restritivas’ (CdA, p. 25, enquadrado);
‘aspecto’ (CdA, p. 28);
‘modalidade’ (CdA, p. 30);
‘discurso directo, indirecto e indirecto livre’ (CdA, p. 48).

Leitura
Estrutura dos Lusíadas (manual, pp. 22-23, 104-107);
Linguagem dos Lusíadas (pp. 30-31);
Texto sobre história de Portugal nos Lusíadas (manual, pp. 53-54);
Pequeno enquadrado da p. 58;
Sobre Mensagem (pp. 126-127);
Estrutura de Mensagem (p. 141);
Lusíadas-Mensagem (pp. 142-143);
Sobre Pessoa e heterónimos, vale a pena reler todas as páginas introdutórias e as de catálogo de características, já que é das matérias que demos há mais tempo.
No caso de Memorial e de Felizmente há luar!, a leitura das obras é o essencial; haverá depois vantagem em reconhecer as categorias da narrativa, folheando, de novo, as páginas ensaísticas no manual.
Valerá a pena ler a parte sobre a dimensão simbólica em Memorial (pp. 280-281).

Escrita
Relembrar os diversos géneros de texto (CdA, pp. 54-71), para o caso de terem de ensaiar escrita dentro de um desses tipos de texto.


Como dissera já na última aula, vale a pena ler páginas do manual com provas de exame («auto-avaliações») e correcções:
112-113 [348]; 212-213 [348]; 288-289 [349]; 346-347 [350].

Ver também soluções que venha a pôr em GdN para as perguntas I-B que lhes trouxe hoje.

No exame:

— aproveitar o tempo todo, incluindo tolerância

Grupo I: procurar no texto, ler bem as quatro perguntas; citar, se pedido; começar a resposta com frase completa, mesmo que não re retome exactamente o enunciado da pergunta.

Grupo I-B: rever bem o que se escreveu; cumprir limites de palavras.

Grupo II: não se precipitar, mas também não ficar parado demasiado tempo.

Grupo III: fazer plano; ver se há argumentos e exemplos; pensar num fecho inteligente; cumprir limites de palavas.