Sunday, September 16, 2007

Texto (3)

A minha palavra favorita Estes textos — reunidos para figurarem em exposição durante a Semana das Línguas — começaram por ser tarefa dos últimos vinte minutos de uma aula de Português das turmas 10.º 1.ª, 10.º 2.ª, 10.º 4.ª, 10.º 5.ª e 10.º 6.ª. Pouco antes, lêramos página de diário de José Saramago, em que este apresentava o verbo alanzoar como uma espécie de palavra de estimação.
Vimos então exemplos de palavras favoritas escolhidas, e comentadas, por escritores, artistas, jornalistas, etc. Reparámos também nos resultados de um inquérito sobre palavras preferidas dos ingleses.
Os textos que entretanto se fizeram foram depois corrigidos e, de novo, reformulados pelos seus autores. São cento e dezoito. Faltaram uns vinte, os dos alunos que se esqueceram de os devolver a tempo.

Só há duas palavras que são referidas por mais do que um aluno. Mar é apontada três vezes; Sempre foi escolhida por dois alunos. Com mar se relacionam outras das palavras apontadas: Ericeira, Surfar, Concha. Além de sempre, são indicados os seguintes advérbios: Hoje, Não, Supostamente, Talvez. Há uma palavra que tem o mérito de aparecer ao lado do seu antónimo, aliás dela derivado: Conspícuo e Inconspícuo.
Há uma série de substantivos mencionados mais pelo que referem do que pela palavra em si: Eternidade, Céu, Felicidade, Garra, Universo, Destino, Perfeição, Passado, Literatura, Gelado, Viagem, Quotidiano, Paz, Vida, Sabedoria, Voluntariado, Desejo, Amizade, Amor. Embora de outras classes, Desfrutar, Amigo, Mim, remetem também para gostos mais do que para a própria imagem gráfica ou som da palavra. Adulto, ao contrário, é escolhida por irritar a sua autora.
Além de Ericeira, há mais dois topónimos: Merdaleja e Carvalhal. Também Aldeia e Aldear aludem ao campo. Vemos uma dezena de antropónimos (em geral, nomes adoptados como nomes de pessoas, mesmo quando não o eram originalmente): o primeiro nome Marta; o apelido Garrido; os nomes de carinho Chuca, Mimi, Qué-qué, Pipoquinha, Vrandovsky; mas também Bisnaga, Caracol, Birotes, Apendicite. Gordjé pode entrar neste grupo ou no dos neologismos, juntamente com Arlingas, Totocarro, Percular, Pequenalmoçar e Amorar.
Já que falei em processos de formação, noto que há uma sigla, Lol, e mais umas cinco palavras de outras línguas ou só recentemente portuguesas: o moldavismo Ciuvac, o galicismo Gaufre, a expressão latina Lorem Ipsum, o anglicismo Post-it, o japonesismo Zen. Palavras que vêm do léxico científico são três: Árgon, Desoxirribonucleico e Néon. Otorrinolaringologista e Pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiose foram lembradas decerto por serem grandes (e difíceis de dizer).
Uma exacta dezena de palavras está mencionada por se ligar a dificuldades ou erros de pronúncia: Hades, Lula, Mealheiro, Merdinha, Bigo, Chinamen, Cóquina, Dona Carmo, Doche, Espilro. Interjeições ou palavras com função interjectiva: , Raios, Catano, Epá, Oias, Afinfa-lhe, Bananinhas, Purée. Algumas destas constituem uma espécie de palavras privativas, que alguém se habituou a usar como passe-partout: Ganso, Idiota, Sublime, Ridículo. Dentro do grupo de palavras-fétiche castiças, inesperadas, pelo próprio som, estão Balandrau, Bazófia, Chinchila, Surripiar, Pedestal, Gimbra, Halibute, Macambúzio, Onomatopeia, Xenofobia, Lagartixas. Tipo é uma caricatura de tique linguístico. Três palavras foram sugeridas por serem ditas por outros, em contextos «narrativos»: Posso, Salteadores, Tranquilidade.
Três palavras podem parecer obscenas ou ousadas — Fónix, Escroto, Procriar — mas, como se verá, foram adoptadas pelos seus autores com toda a lhaneza (aliás, palavra que é pena ninguém ter citado). A escatologia está representada com Caga-na-saquinha, Urinol — e não está com Cocó porque a Carlota se esqueceu de entregar o seu texto. (Afinal, ainda veio a tempo, como Hezbollah, Bartolo e Princesa, também recolhidos depois de fechado este preâmbulo.) Já só me falta enquadrar Arroz e Azedo (palavras com A e Z?) e, finalmente, a palavra Palavra.

Adulto
É uma das palavras que mais me enlouquecem, não pela palavra em si mas pelo contexto em que é utilizada.
Tanto a minha avó como a minha mãe usam a palavra, quando lhes é favorável. Segundo o que as senhoras dizem, eu sou muito adulta, para umas coisas, e, para outras, uma indefesa criança que é necessário proteger dos perigos existentes.
Sou muito adulta para cuidar das minhas primas e da minha irmã, quando elas saem. Sou adulta o suficiente para ajudar e/ou gerir uma casa cheia de pessoas de diferentes idades e feitios. Sou adulta, quando sentem que precisam da minha ajuda para trabalhos “mais adultos”. Sou adulta para compreender melhor as coisas que se passam à minha volta.
Mas já não sou adulta para andar de metro sozinha. Viajar de autocarro só às quintas-feiras para ir para a escola. Sair à noite sem a presença da progenitora está fora de questão, porque sou demasiado nova e não tenho idade para essas coisas.
Afinal, o que sou? Uma pessoa que já deve ser tratada com um pouco mais de maturidade ou uma simples criança que necessita de cuidados apropriados à sua idade?
Catarina (10.º 5.ª)

Afinfa-lhe
É a minha palavra preferida — aliás verbo e pronome —, mas não sei bem o que significa. Acho que é uma espécie de incentivo para uma acção (pelo menos, sempre lhe atribuí esse sentido).
Adoro o som que tem. «Afinfa-lhe». Não é giro? Voltando à origem da expressão... A primeira vez que a ouvi veio da boca do meu primo. Ora, desde pequena que vejo o meu primo como o meu ídolo, porque, para além de ele só dizer coisas estúpidas, faz-me sempre rir, mesmo quando não quero. Sempre hei-de afinfalhar «afinfa-lhe» às pessoas a quem quero incentivar. A palavra «força» já perdeu a piada.
Marta F. (10.º 5.ª)

Aldear
«Aldear» vem da palavra «aldeia» e tem dois sentidos, que são o de refúgio e o de calma. Explicando melhor: esta palavra surge-me sobretudo nos verões, quando eu vou para a aldeia dos meus avós, onde “fujo” da cidade e que é um medicamento contra o stress, visto que é uma aldeia deveras calma e tranquilizante onde o barulho dos carros e a poluição sonora é quase nula. Lá tenho um tanque que foi adaptado a piscina. É que lá faz muito calor no Verão, que é quando eu costumo ir refrescar-me.
«Aldear» é uma palavra que visa a tranquilidade, o canto dos pássaros e a brisa das montanhas (que até sabe bem quando faz calor no Verão). As pessoas também se conhecem todas, já que a aldeia é pequena, socializam muito. É lá que também como o melhor pão: a minha avó fá-lo quando é preciso, lá temos um forno onde ela o coze.
Os sons emitidos pela natureza também são muito bonitos e é a tranquilidade no seu estado mais puro.
Uma palavra que me lembra muita alegria e traz saudades…
Afonso (10.º 4.ª)

Aldeia
É uma palavra que, para os outros, pode não ter nada de especial, mas que, para mim, é das palavras mais bonitas de se dizer e escrever. «Aldeia», «al… + …deia», simplesmente adoro-a. Talvez seja da maneira como é dita ou das boas recordações que me traz à memoria, mas é das palavras de que mais gosto.
A palavra «Aldeia» faz-me lembrar o mundo dos meus bisavós, que viviam no campo, na aldeia do Carregal, perto de Viseu. Depois de a minha avó crescer, veio para Lisboa. Agora, as tradições ainda se mantêm, passamos o Natal todos juntos na aldeia. Gosto muito da cidade e não consigo ficar indiferente ao seu barulho e ao movimento, mas basta-me pensar na aldeia e fico muito mais calmo pois lembro-me de toda a tranquilidade de uma aldeia e das boas recordações que a palavra marca.
Voltando um bocadinho atrás: “aldeia” fica no ouvido e fica bem em qualquer texto. Toda a gente já escreveu “aldeia”, o que quer dizer que a palavra é muito vulgar. Mas, mesmo assim, não perde a sua piada. É a minha palavra-fétiche.
Diogo (10.º 5.ª)

Amigo
A palavra sempre esteve na minha vida, desde muito pequenina. Até aos meus sete, oito anos, não lhe dava muita importância, mas, a partir dos doze, treze anos, já comecei a ter por ela mais interesse.
Agora, com quinze, dezasseis anos, já dou imenso valor à palavra «amigo», se bem que haja bons e maus amigos.
«Amigo» é uma palavra a que os adolescentes em geral dão muita importância, embora, por vezes, a palavra em causa seja desilusão para muita gente.
Esta palavra faz-me sentir muito bem e dou-lhe muita importância, mas outras vezes não.
«Amigo» é uma palavra que não se deve estragar.
Vanessa C. (10.º 6.ª)

Amizade
Disseram-me que demoramos muito a construir uma amizade, mas que, em pouco tempo, a destruímos. Eu digo também que todos erramos, caímos e nos magoamos, mas que, de maneira alguma, devíamos deixar aqueles que amamos.
Amizade é amor, é amar. Amizade é mais do que uns simples bons momentos, vivências ou experiências, é a presença constante em todos os momentos da nossa existência. É, também, o apoio falado ou silencioso, é a mão que limpa a lágrima e o sorriso que se ilumina junto do nosso! É a partilha total, a transparência e a mudança.
É na amizade que se baseia tudo o que somos, bem como a nossa própria felicidade.
Margarida (10.º 4.ª)

Amor
A palavra «amor» não se caracteriza apenas por ser uma sequência de duas sílabas, mas também por poder servir para disfarçar a falta de engenho de qualquer pessoa que não consiga dar-se bem com o sexo oposto e que queira ser querido, amoroso. Talvez ao dizer «amor» o consiga ser.
«Amor» não serve apenas para chamar a «cara-metade», serve também para caracterizar o que sentimos. Até pode ser um cliché, o que é certo é que é bom amar e ser amado. Posso não passar de um adolescente, mas sei o que é amar e não tenho dúvida alguma de que o sinto. «Amor» será palavra pequena mas não o é o sentimento que representa.
João A. (10.º 6.ª)

Amorar
Tudo começou há cerca de um ano, quando o verbo «adorar» se tornou demasiado banal. Por tudo e por nada, pessoas que mal se conheciam utilizavam a palavra «adorar» para descrever o quanto gostavam umas das outras.
Foi nesta altura que eu e uma amiga minha decidimos arranjar uma palavra que descrevesse a nossa relação sem recorrermos à banalidade. «Amor» seria usado demais e também não muito indicado; resolvemos então juntar «amar» com «adorar» e ficou «amorar».
«Amorar» tem grande significado para mim, não só por descrever a nossa relação, mas também por ser uma palavra bastante engraçada de dizer, pois parece que conjugamos a palavra «amor», e também por causa do «rar» no final.
Sara C. (10.º 2.ª)

Apendicite
Sempre que dela me lembro, ou alguém cita a palavra “apendicite”, dá-me vontade de rir, mas, ao mesmo tempo, vontade de fugir ou de cavar um buraco para me esconder. Tudo porque eu e uma amiga costumávamos dizer que éramos o apêndice uma da outra. Dizíamos: “Somos o apêndice uma da outra, tu absorves os meus problemas e eu absorvo os teus e, separadas, não servimos para nada.” A primeira vez que ouvi a frase fiquei encantada, tanto que, por tudo e por nada, lhe chamava “apêndice”. Certo dia, durante uma troca de mensagens, ela chamou-me apêndice, e eu, querendo retribuir-lhe, chamei-lhe apendicite. Como podem calcular, só me apetecia fugir. Desde então parece que essa palavra me persegue.
Cláudia (10.º 1.ª)

Árgon
Esta palavra tem-me fascinado desde que a encontrei. Árgon é o nome de um gás nobre da Tabela Periódica, ensinada nos livros de Química. Gostei particularmente do seu som, ao pronunciá-la, deixando um rastro de mistério no ar, à volta da pessoa que a pronuncia.
A primeira vez que a escutei foi ao ser pronunciada apressadamente, pelos lábios da professora de Física e Química, ainda no oitavo ano. O som Árgon fez e faz-me lembrar imagens distorcidas de um dragão, embora isto pareça estranho. Desde então, sou perseguida por este dragão imaginário ou, de uma forma mais realista, pela palavra Árgon e o som de mistério que a envolve.
Eliana (10.º 1.ª)

Arlingas
Estava eu numa aula de Matemática no nono ano, quando ouvi pela primeira vez a palavra arlingas. Inventada por um amigo meu, servia para interromper as conversas dos outros, quando não as considerávamos interessantes.
Quando a ouvi, achei esquisito e pensei que tinha sido desta que o meu amigo tinha ficado maluco. Ele já tinha inventado outras palavras mas que, ao menos, tinham algum sentido. Esta não tinha significado e só cerca de duas semanas mais tarde lhe demos alguma utilidade.
Com o passar do tempo, a palavra arlingas foi-se espalhando pela escola e, no final do ano, era conhecida por quase todos os oitavos e nonos anos.
Hoje, quando essa palavra é dita, já ninguém se lembra da sua utilidade mas de quem a inventou. Com a maioria das outras palavras sucede o contrário, lembramo-nos quando as devemos aplicar e não como elas surgiram. Pelo menos, esse meu colega já tem esse mérito.
Hugo (10.º 1.ª)

Arroz
Porque será que uma das minhas palavras favoritas é "arroz"?
Há tantas palavras na nossa língua tão bonitas, como, por exemplo, "amor", "paz", com significados muito importantes, mas o arroz não tem um significado que salte à vista. O arroz pode acompanhar muitas coisas, como tomate, camarão, feijão, cenoura, entre muitos outros. Um aspecto positivo é que tudo isto é comida.
Porém, o que me faz gostar da palavra “arroz” é que dizem que é a maior palavra do mundo. Mas porquê? Porque começa em A e acaba em Z.
É por estas razões que eu aprecio a palavra "arroz", porque tem um bocadinho de tudo o que é importante, o arroz é necessário e a palavra até chega a ser cómica.
Tiago (10.º 5.ª)

Azedo
Palavra bastante utilizada pelos adolescentes, quando querem dizer que alguém não está sóbrio, quando se bebe demasiado ou quando alguém está de mau humor, e o dia não lhe está a correr bem, ou responde mal às pessoas. Ou seja, quando alguém está bêbado ou amuado, diz-se então que está azedo.
Júlia (10.º 5.ª)

Balandrau
Esta deve ser a palavra mais caricata de que me recordo. Não conheço mais ninguém neste mundo que a diga sem ser a minha avó Emília, que pronuncia outras tantas palavras igualmente engraçadas e mirabolantes como “degringolada”, “esfrangalhado” ou mesmo “esbotenado”. Mas “balandrau” é especial, principalmente porque ela a aplica em diferentes contextos: lá em casa, quando vem à conversa, “balandrau” (a maioria das vezes durante o visionamento do telejornal, momento de reunião familiar) pode significar uma roupa largueirona ou então uma indumentária que seja pouco comum, esquisita ou muito feia.
Quando, durante uma conversa, falo em “balandrau”, as outras pessoas não me entendem. Deve ser essa umas das razões para achar tanta piada a esta palavra, mas acho que também gosto dela pelo som que deixa no ouvido: aquele AU soa-me diferente, divertido.
Gosto de “balandrau”, porque sei que, enquanto continuar a ouvir esta deliciosa palavra, vou continuar perto da minha querida avó.
Inês (10.º 2.ª)

Bananinhas
Gosto da palavra “bananinhas” porque tem um som engraçado e também porque tem vários significados: não é só a fruta em si — banana —, que sempre foi a minha fruta preferida; também uso esta palavra noutros contextos, um tanto desagradáveis. Lembro-me de vários episódios em que pessoas da minha idade ou pouco mais velhas falavam ou gritavam comigo (portanto, se me dirigiam de uma forma desagradável). Respondo-lhes baixo, para evitar problemas ou mais confusão, mas também com um certo desprezo: “Olha, bananinhas!”. É uma palavra que me ajuda a acalmar e a não discutir com as pessoas e, mesmo que não a diga em voz alta, digo-a para mim mesma, acalmo-me e falo normalmente com as pessoas.
Quando comecei a usar esta expressão um tanto estranha, não discutia tanto com as pessoas, o que é muito bom.
Também uso esta palavra quando tento criticar alguém. É uma forma de não usar nenhuma palavra e expressão mais feia e poder assim “libertar” os meus pensamentos menos agradáveis sobre alguém! Assim, uso a expressão: “Ele/Ela é um/uma bananas”.
Catarina T. (10.º 2.ª)
Bartolo
Bartolo é uma palavra que ouvi pela primeira vez num acampamento de Verão, quando, de noite escura, ficávamos a contar piadas à volta da fogueira e o Xavier tocava guitarra. O Alexandre contou-nos de uma vez em que, por inadversão, tinha dado um estalo ao monitor. O estalo era, originalmente, destinado ao Ruben, mas um empurrão do mesmo traçou uma trajectória diferente à mão do pobre Alexandre, que foi parar à cara do monitor.
O Joaquim riu-se: «És mesmo bartolo
Bartolo é uma daquelas palavras que não precisam de ser explicadas. Chama-se bartolo a alguém e o entendimento é universal. Para além do mais, é um insulto que não pretende ofender, e o próprio som da palavra bartolo é tão pateta quanto a pessoa a quem se destina..
Bartolo é leve, bartolo é engraçado. Bartolo faz rir, só porque sim.
Já pensei várias vezes na origem da palavra bartolo. Acabei por chegar a uma conclusão muito satisfatória: uma amálgama do nome próprio Bart, o rapazote traquina dos Simpson, com o adjectivo tolo.
Bartolo é mais que uma palavra. É uma memória, é uma pessoa, é um riso incontrolável.
Bartolo é um estilo de vida.
Sílvia (10.º 1.ª)

Bazófia
Sempre ouvi alguém, algures, pronunciar esta palavra. Até a silabam gostosamente. Por vezes, suspeito que se sentem mais importantes, ao ponto de salivarem sensualmente.
Disse “bazófia”, dizem eles para si num acto de glória. Consegui.
Sempre apalpei a palavra e gostei de a ver ser apalpada, no entanto, nunca percebi muito bem o seu significado. Tenho a perspicácia de a conseguir soletrar no momento oportuno, mas, por vezes (quase sempre), não me lembro dela. Foge-me da língua. No momento próximo, tenho-a na boca. Falhei.
É uma palavra com gesto integrado num movimento bastante simples. Não o consigo explicar. Implica um dedo que escorrega pela garganta em direcção à boca e que fica no ar. Depois, não sabemos onde o pôr (o dedo). Ficamos constrangidos com tal acto e começamos a falar de qualquer outra coisa estúpida, sem sentido.
Já tentei encontrar o seu significado, ainda não o encontrei. Encontrei, mas não o fixei. Fixei, mas ainda não o utilizei. Utilizei, mas mal utilizado.
Pedro M. (10.º 2.ª)

Bigo
Desde pequenina, até chegar a uma idade em que o meu português era suficientemente bom, pensava que aquele pequeno orifício que se encontra na nossa barriga se chamava bigo. E era lógico para mim, visto que só tínhamos um! Logo um bigo fazia todo o sentido. Até para as outras crianças durante os nosso tempos de ‘descoberta’ eu dizia “mostra-me o teu bigo!”
Foi uma das muitas palavras que me embaraçaram ao longo da minha infância. Apesar de já não cometer tal erro absurdo, ainda tenho quem goze comigo por este tamanho disparate. E acho que não fui a única criança a cometer este erro. Afinal, o português é tudo menos fácil.
Joana L. (10.º 1.ª)

Birotes
Esta palavra sempre me fez rir, a mim e ao meu grupo de amigos. Nenhum de nós sabe bem porquê, mas nós os seis gostámos tanto desta palavra que não hesitámos em chamar ao nosso grupo, “os birotes”. O meu melhor amigo (Zilhão) é que nos ensinou esta palavra. Desde logo, gostámos dela e estávamos sempre estupidamente a usá-la, até despropositadamente.
Penso que este fascínio pela palavra se deve ao seu som, mas não sei bem.
António (10.º 1.ª)

Bisnaga
É uma palavra cujo significado é ‘carinho’. O meu padrinho, sempre que me via, chamava-me «Ó bisnaga». E eu ria-me, pois, mesmo não sabendo o significado dessa palavra, achava piada à maneira como ele a usava, em vez de «Bárbara», para me tratar. Pequenina, pensava onde teria ele ido buscar aquela palavra. O meu irmão mais velho gozava comigo: «és tão tola: não vês que é o padrinho a gozar contigo?». E eu ficava toda exaltada e enxofrada. Um dia, perguntei à minha mãe o que é que afinal queria dizer a palavra. Riu-se, dizendo-me que era uma palavra carinhosa com que ele gostava de me tratar. E eu sorri, com o meu sorriso ingénuo.
Bárbara (10.º 6.ª)

Caga-na-saquinha
Nunca mais me esqueço do dia em que vi esta palavra pela primeira vez. Estava a meio de uma aula de Área de Projecto do 8.º ano e fora-me atribuída a tarefa de ir à procura no dicionário das palavras cujo significado não sabíamos.
Estava na letra “c”, quando vi uma palavra que, à partida, me parecera estranha: “caga-na-saquinha”. Verifiquei o seu significado e constava: “pessoa medrosa; aquele que tem medo de algo”.
Caga-na-saquinha é uma palavra invulgar que, a partir daquele momento, passou a constar no meu vocabulário. Agora percebo que, quando se chama a alguém «cagão», é porque essa pessoa é uma medrosa.
Francisco D. (10.º 2.ª)

Caracol
Lembro-me perfeitamente: andava eu no quinto ano, na Escola Básica dois mais três Pedro de Santarém, quando me puseram a alcunha mais simpática que alguma vez tivera.
Sim, porque sempre fui reconhecida como “guedelhuda”, “piolhosa” e até frases me punham do género de “lava o cabelo com sabão azul e branco a ver se entra”, muito longas algumas delas. É escusado dizer que aquela frase personalizada em honra do meu cabelo não foi a única mas, se fosse enumerá-las todas, aí é que nunca mais lavava o cabelo!
Voltando à palavra caracol: foi uma ideia que a minha professora de Educação Física teve. No momento em que ia fazer o serviço e estávamos a meio de um jogo de voleibol), a bruta e carismática professora gritou: “Força aí, Mica caracol!”. Foi a minha salvação às alcunhas, digamos, parvas.
Passei a ser conhecida por ter caracóis e não piolhos ou cabelo embaraçado. Devo esta honra à Paula Banano, alcunha que eu própria dei à professora.
Micaela (10.º 1.ª)

Carvalhal
Existem dezenas de localidades com o nome “Carvalhal”. Embora a pronúncia seja um pouco estranha, este nome soa bem ao ouvido de qualquer um. Lembro-me de quando era mais novo e dizia Ca-va-lhal pois ainda não conseguia pronunciar bem os “erres”.
Este “Carvalhal” de que falo situa-se na Serra de Tomar, concelho de Santarém. É lá que tenho uma moradia onde passo a maior parte das minhas férias, que incluem actividades muito variadas e divertidas.
A maior parte dos “Carvalhais” que existem em Portugal têm esse nome porque são zonas que têm ou já tiveram muitos carvalhos. Infelizmente, o meu “Carvalhal” não tem carvalhos, mas não é por isso que o nome se vai alterar. Lá predominam os pinheiros e os eucaliptos que dão à paisagem frescura e cor.
Há três anos houve, em Agosto, um devastador incêndio, mas não foi por isso que os moradores baixaram os braços. Pelo contrário, esta tragédia fez com que todos se unissem e lutassem ainda mais pela sua terra, o “Carvalhal”.
Embora seja uma aldeia pequena e sem saída, tem um rio maravilhoso que fica para lá do fim do “Carvalhal”, seguindo-se por uns caminhos de terra batida. É uma aldeia sossegada, pacata e acolhedora, de que guardo excelentes memórias.
Segundo o meu avô, o nome desta terra já existe há cerca de cento e vinte anos. Foi aí que ele nasceu e é para lá que continua a ir todos os meses, pois tem pela sua terra um carinho especial.
Gil (10.º 4.ª)

Catano
É uma palavra que foi ouvida pela primeira vez na televisão. A minha mãe começou por a dizer a brincar, mas a verdade é que me entrou no ouvido e, até hoje, já lá vai um ano, ainda não consegui deixar de a dizer. Vim das férias com o “catano” e, agora, até já a Rita Melo, a Mariana Silva, a Cláudia Afonso e muito mais pessoas usam a palavra. Até posso dizer que, se ganhasse alguma coisa pela sua difusão, agora estava rica, “c’um catano!”. Confesso: é uma palavra labrega, mas a verdade é que consegue substituir todas as outras interjeições.
Passou de um anúncio da PT para a vida de muitas pessoas da Escola Secundária José Gomes Ferreira, e não, não consigo desprender-me desta estranha palavra cujo significado desconheço. Nem sei, sequer, onde é que a poderão ter ido buscar.
Soraia (10.º 1.ª)

Céu
Sempre me fascinou a palavra “céu” por ser um substantivo pequeno, em termos de quantidade de letras, e que se torna numa palavra imensamente grande, quando nos referimos ao verdadeiro significado da mesma.
Sou capaz de, à noite, me afastar dos meus amigos, ir dar uma volta sozinho, deitar-me num muro e observar a grandeza e a beleza de um céu limpo de Verão, carregado de pontos brilhantes e cintilantes, alguns deles cheios de energia, a moverem-se de um lado para o outro.
De dia, limito-me a desfrutar do esforço que o céu faz para afastar as nuvens carregadas de chuva e de mau ambiente.
Pedro A. (10.º 1.ª)

Chinamen
Era comum ouvir-se, esporadicamente, “chiii men!”. Não tão habitual era dizer-se “china men”. A expressão entrou no meu vocabulário durante umas férias da Páscoa, quando, por brincadeira, eu e umas amigas começámos a imitar outra, que pensava que o correcto era dizer-se “china men”. Ao fim de poucos dias, exclamar “china men” tornou-se um vício, e assim ficou, constante nas nossas frases. Nas nossas e nas de muito mais gente que conviveu connosco nos meses seguintes.
“China men” serve para qualquer estado afectivo e em qualquer situação: utiliza-se para demonstrar descontentamento, satisfação, orgulho, para agradecer algo, como manifestação de adrenalina… Para tudo, enfim.
Carolina (10.º 5.ª)

Chinchila
Sempre a achei uma das palavras mais parvas da língua portuguesa (não é uma palavra portuguesa, mas também não tem qualquer tradução). De facto, a procura por palavras idiotas sempre foi um passatempo, mas, quando pensava que tinha arrumado o assunto com a palavra “bidé” (que não só é uma palavra parva, como se refere a um dos objectos mais inúteis e dispensáveis do quotidiano), ouvi falar em “chinchila”.
Pois bem, sou sincero, não sei o que significa, não sei se é um animal ou uma planta, não sei mesmo (para dizer a verdade, e graças à brilhante intervenção do professor, agora já sei). Contudo, é sem dúvida a candidata principal ao título de palavra mais estúpida, visto que nem consigo imaginar duas pessoas terem uma conversa séria sobre “chinchilas”. Até mesmo se fosse assunto delicado, como uma morte ou um rapto, penso sinceramente que a palavra “chinchila” retiraria qualquer componente dramático à conversa.
Tiago P. (10.º 1.ª)

Chuca
Esta palavra, para dizer a verdade, não sei muito bem o que significa, é o que o meu pai me chama. A única coisa que sei é que é uma forma carinhosa de me chamar. Mas digo já que não gosto muito que ele me chame assim.
Quando atendo o telefone, toda a gente confunde a minha voz com a do meu irmão. O meu pai começou por chamar «chuco» ao meu irmão, mas, um dia, quando fui ao telefone, o meu pai perguntou:
— Chuco?
— Não! — respondi eu.
Foi então que ele disse “Chuca” e,a partir daí, começou a chamar-me assim. Agora, sempre que atendemos o telefone, eu ou o meu irmão, o meu pai diz logo: “Chuco ou Chuca?”. Já é hábito.
E até as mensagens ele começa com «Chuca»!
Sara M. (10.º 2.ª)

Ciuvac
Esta palavra entrou na minha cabeça há dois anos atrás, quando estava numa competição da minha escola. Significa ‘melhor amigo de todo o mundo’. E eu não conheço nenhuma palavra mais “fixe” do que esta. Eu usava a palavra com os meus amigos da turma da minha escola na Moldávia. E estes amigos eram: Andrei D., Denis T., Mihai C., Grigore V., Ion Casapciuc, Andrei G., Ghita P., Igor V., Andrei Z., Dumitru R., Vasile L., Igor C. e o meu amigo “Max”. E eu não quero esquecer esta palavra.
Ion (10.º 5.ª)

Cocó
O cocó está desde sempre na minha vida. Dizem que, quando era bebé, cada vez que fazia cocó apontava alegremente para o meu rabiosque, repetindo inúmeras vezes: “Cocó! Cocó! Cocó!”.
O cocó serve de forma de tratamento para com os meus amigos mais próximos. É útil também para evitar o uso de palavrões como “merda”, que acaba por ter o mesmo significado que cocó, mas é sentido de uma maneira mais grosseira. Em vez de dizer, frustrada, “Merda!”, digo, com a mesma indignação e sentimento, “Que cocó!”.
Para além de todas estas razões, “cocó” é uma palavra que soa foneticamente bem. Tem um som engraçado, que me faz rir como uma miúda de seis anos cada vez que ouve a palavra “pilinha”. Se me quiserem pôr feliz quando estou num dia menos bom, basta dizerem a palavra “cocó” para, instantaneamente, surgir um sorriso nos meus lábios.
Carlota (10.º 2.ª)
Coiso
A minha palavra preferida é «coiso», porque, ao longo da minha vida, ela tem-me ajudado e estado incondicionalmente a meu lado nas situações mais dificeis e embaraçosas. Sempre que não sei o nome de um objecto, «coiso»; sempre que não sei o nome de alguém, «coiso»; sempre que quero fazer algo e não me lembro do verbo, «coisar»; sempre que preciso de adjectivar, «um bocado coiso». Aliás, nem sabia que nome dar a este ficheiro e, evidentemente, chamei-lhe «coiso».
Alexis (10.º 2.ª)

Concha
Além de me fazer lembrar o mar, a praia e, obviamente, o tão conhecido bodyboard, concha é também, em parte, uma das minhas alcunhas. Tudo porque, no ano passado, tive uma pequena história com uma.
Ao voltar de um dia de surf, o meu olho, aparentemente, avermelhou e inflamou pouco tempo depois. O meu pai, “muito sabedor”, aconselhou-me a pôr uma pomada que ele já tinha usado e que funcionara numa situação parecida com a minha. A pomada aliviou-me, mas, poucos dias depois, voltei ao mesmo. Voltei a aplicá-la de novo, mas de nada serviu. E fui passando assim, aos altos e baixos, até que decidi ir ao médico. O oftalmologista começou a rir quando tirou do meu olho uma pequena concha, provavelmente, vinda de uma valente “porrada“ nas ondas daquele outro dia. Desde essa altura me chamam “puto concha”.
A palavra concha traz-me, por isso, lembranças da praia, dos amigos que me gozavam, das dores que passei e, claro, dos “conhecimentos” do meu querido pai.
Gonçalo (10.º 4.ª)

Conspícuo
Porque é que o meu avô sabia tudo? Para qualquer que fosse a palavra, até para aquelas que eu achava impossíveis, o meu avô arranjava sempre um significado.
Sentia frustração de cada vez que dizia “não sei”. Um dia, com vontade de colocar o meu avô em dificuldade, fui procurar uma palavra no dicionário.
Abri na letra “C” e olhei para aquelas duas páginas repletas de palavras que ninguém conhece. A meio da segunda coluna da primeira página, encontrei “conspícuo”.
Não me lembro do significado da palavra, mas, quando o perguntei ao meu avô, notei que a sua cara ficou temporariamente ruborizada, antes de dizer “não sei”.
A partir daí, sempre que me encontro com ele, pergunto-lhe sempre a mesma coisa: “então avô, hoje está conspícuo?”
Pedro S. (10.º 2.ª)

Cóquina
Eu era bem pequenina e só pronunciava as palavras «mamã» e «papá», até que, um dia, decidi que já era bem crescidinha e tentei soletrar o meu nome. Cheguei perto da minha «mamã» e pronunciei «Cóquina», sem pensar que, até hoje, me tratariam por esse mesmo nome. Hoje, posso dizer que é uma palavra muito importante para mim, porque, de cada vez que é pronunciada pela minha mãe ou pelo meu pai, me faz voltar aos meus tempos de pequenina, em que não tinha de me adaptar ao mundo e em que era ele que se adaptava a mim e à minha maneira esquisita de falar.
Mónica (10.º 6.ª)

Desejo
Talvez não seja tão importante, mas foi algo marcante. Escolhi-a pois é, sem dúvida, a palavra que mais me faz recordar as tardes passadas na companhia daquele fascinante livro. Relembro, não só o desejo proibido que os protagonistas sentem um pelo outro, mas também o desejo que senti de que aquela história não tivesse fim, que pudesse continuar a fazer-me companhia, todas as tardes e noites em que nela me perdia.
Cátia (10.º 6.ª)

Desoxirribonucleico
Palavra difícil de dizer para os destreinados. Ácido desoxirribonucleico. Ou, simplesmente, ADN. Aprendi-a numa aula de Ciências do nono ano. Tão depressa se tornou num hábito (repetia-a vezes sem conta) como deixou de o ser (cansei-me de a repetir). Mas não deixou de ser uma palavra que me fascina, por ser grande e um bocado complicada.
Uma vez, tive um bicho-da-seda de estimação muito engraçado, por volta da altura em que aprendi a palavra desoxirribonucleico, aliás, “irmã” de uma outra, ribonucleico. Ora, tal animal precisava de um nome. É óbvio o nome que recebeu: “Ácido desoxirribonucleico”. Também teve direito a uma alcunha, “Bob”, nome pelo qual o chamava quando não me apetecia usar o Ácido desoxirribonucleico.
O Ácido desoxirribonucleico era uma boa companhia. Passava o dia a comer folhas de amoreira, a dormir, a andar, a defecar e a ouvir, sem protestos, o que eu lhe contava. Costumava também pegar-lhe e fazer festas na pele fofa.
Algumas semanas depois de o ter adquirido, começou a fazer um casulo e, rapidamente, se fechou neste, preparado para entrar na fase final da sua vida, a de borboleta.
Quando morreu, o Bob foi enterrado no vaso onde habita o limoeiro. Fiquei triste.
Brigitta (10.º 1.ª)

Destino
Destino é uma palavra conhecida por toda a gente: muitas acreditam nela, outras rejeitam-na e alguns ignoram-na. Destino tem um som agradável e transmite-me paz, faz-me pensar no amanhã, no que me vai acontecer na vida daqui para a frente. Faz-me recordar o passado e pensar que “aquilo” tinha de ter acontecido.
Nem todos os dias ouvimos a palavra, que, na minha opinião, nos acompanha sempre; porém, quando alguém tem o prazer e a honra de a utilizar, ficamos a pensar no seu significado.
Assim que ouvimos «destino», comparamo-lo a algo da nossa vida, qualquer coisa nos dá coragem, tristeza, que nos faça continuar em frente. Pelo menos, é o que acontece comigo.
Para mim, esta palavra é assim. Poderosa, misteriosa, repleta de magia, significado ou, mesmo, de desespero. É uma palavra que vai continuar sempre presente.
Alexandra (10.º 1.ª)

Desfrutar
Desde pequenina, a minha avó sempre me ensinou a aproveitar tudo ao máximo, até ao limite. Isto, porque, normalmente, quando se faziam bolos lá em casa ou se compravam bolachas, a minha irmã comia-os todos, sem sequer pensar em mim.
Neste dois últimos anos, aprendi a “desfrutar”, a nunca tomar nada como certo, pois, se o fizesse, escapar-me-ia tudo pelos dedos, como as rédeas de um cavalo, quando não as agarramos correctamente.
“Desfrutar” para mim, também é dar o litro, tanto nas aulas de equitação e nos respectivos concursos, como nos estudos antecedentes a um exame, por exemplo.
“Desfrutar” tornou-se assim a minha palavra preferida, mas também um modo de vida.
Joana O. (10.º 6.ª)

Dona Carmo
É claro que, quando somos mais novos, crianças, achamos muita piada às palavras “caras” que os adultos dizem com muita tranquilidade. Foi o que aconteceu.
Enquanto conversava com uma amiga minha, lá pelos os meus dez anos, sobre roupinhas e pulseirinhas e esses assuntos que estão sempre presentes nas conversas das meninas daquelas idades, ouvi uma professora dizer que tinha ido aos Estados Unidos da América e que tinha comprado imensas coisas. Logo a minha atenção se direccionou para a conversa das professoras. Ouvi-as dizer que eram marcas muito boas e caras, salientando-se a Dona Karen New York (DKNY).
Quando cheguei a casa acompanhada da minha mãe, disse-lhe que queria comprar qualquer coisa da Dona Carmo (tendo eu percebido assim a palavra que as professoras disseram). Muito bem, fui ao centro comercial e, de loja em loja, perguntei se tinham essa marca. Como é óbvio, todos diziam que não, até que desisti. No dia seguinte, ao chegar ao colégio, encontrei as professoras e, aí, elas lá me corrigiram, quando lhes disse que não encontrava nada da Dona Carmo e que também queria ter uma peça de roupa dessa marca.
(Filipa, 10.º 6.ª)

Doche
Estávamos eu e a minha mãe numa praia, sozinhos; nada se via num raio de cem metros, a não ser areia e água; o calor que se abatia sobre nós era infernal e o tédio era como um parasita que não largasse o seu hospedeiro. Até que, ao fundo, avisto umas sombras que se aproximavam.
Era uma família inglesa nossa conhecida, nossos vizinhos, constituída por apenas dois elementos, uma mãe e uma filha, da minha idade, ambas belas e divertidas, nada como outros ingleses, hostis.
Assim, do nada, começou uma entretida conversa, entre a minha mãe e a “mãe” inglesa, a Dawn, em que tentavam mutuamente ensinar-se; eu gostava de observar e ouvir essas lições. Uma delas destacava-se, uma em que a minha mãe tentava fazer com que Dawn interiorizasse os números em português; a minha mãe dizia, fluentemente, “um” e Dawn contorcia-se, dizendo, numa fracção de segundos, “hum”. Até que este número era fácil, mas, quando chegou ao número dois, Dawn passou cinco minutos a dizer “doche”.
Eu não percebia como tal número podia representar tão grande dificuldade. Sei que era divertido ouvir Dawn pronunciar os números. Era melhor que ver um filme ouvir a maneira elegante de Dawn falar, abrindo a boca toda, mostrando toda a dentição e, depois, soltando um número, mal dito, mas com pureza e divertimento.
Ao fim de uma hora, Dawn tentou pronunciar os números de um até dez. Conseguiu pronunciar nove deles com total sucesso, mas um ainda lhe faltava, o maldito dois, que lhe dera o nome de “doche”, o maldito. Assim me lembro desse número, acompanhado da fantástica imagem de Dawn, abrindo a boca, exibida em todos os detalhes.
Na realidade, ouvia esta conversa, mas o meu principal foco era a escultural filha de Dawn, que só a Vénus se podia comparar.
Rodrigo (10.º 4.ª)

Epá
Não faço a mínima ideia de quando comecei a utilizar esta palavra, mas, actualmente, digo-a frequentemente e, na maioria das vezes, já nem dou por ela.
Certamente, conheci a palavra quando era bem pequenina, por causa do gelado, de que gostava muito (não só pelo sabor, que, diga-se de passagem, é bem bom, mas também porque, no final, havia uma pastilha com um sabor magnífico).
Hoje em dia, a utilização da palavra “epá” já nada tem a ver com o gelado, mas sim com o estado de espírito com que me encontro em várias situações, talvez quando me sinto mais aborrecida. Digo “epá” para não dizer “poças”, pois considero esta palavra muito mais feia. Também sei que há muita gente que odeia a palavra “epá”. Exemplo é a minha mãe pois, sempre que a digo, faz uma cara arreliada.
Mas, ainda assim, eu continuo a dizê-la: a palavra sai-me quase instantaneamente.
Catarina (10.º 6.ª)

Ericeira
Mais conhecida por terra de surfistas. Desde há muito tempo que me apaixonei por esta palavra, Ericeira. Todas as suas consoantes são elegantes e as vogais criam uma ligação com o leitor. É uma palavra forte e rara, sendo também muito antiga. Ericeira representa uma vila, no litoral, pertencendo à cidade de Mafra e com velhas tradições. A Ericeira remete-me para o verde, para o azul, para as árvores, para as pranchas, para jovens de ambos os sexos.
A palavra tem origem em “ouriço do mar”. Como a Ericeira é uma povoação marítima, julgo que o mais provável é vir mesmo de “ouriço do mar” ...
“Ericeira” é uma palavra bonita e, ao mesmo tempo, simples. Considerada uma palavra moderna? Talvez... Não sei bem, mas, quando se fala em “Ericeira”, pensa-se em pedras, naquelas lajes, deformadas pelo bater da água, ao longo do seu litoral. A sua essência é mais do que se pensa, uma coisa original, única...
Confesso que também me faz lembrar o “bodyboard”. Também podia colocar neste trabalho “Praia Grande”, “Carcavelos”, “Costa da Caparica”, mas não! Ericeira é especial, é uma palavra que faz parte de mim, está presente nas minhas características.
Bernardo (10.º 4.ª)

Escroto
Julgo que esta palavra não tem outro significado senão mesmo “a pele que envolve os testículos”. Não escolhi a palavra por fazer parte do órgão sexual masculino, mas por ser uma palavra hilariante, com a qual convivo diariamente. A sua composição enquanto palavra é completamente estranha. Ora vejam: começa com o “esc” , as pessoas ficam na dúvida se o indivíduo se refere à tecla Esc — escape — dos teclados comuns, mas não. O indivíduo faz uma malandrice, ao acrescentar o “roto”, e é nessa altura que as pessoas se apercebem da estupidez que o indivíduo queria dizer: «escroto»!
Tenho um amigo que tem o hobby de citar e inventar palavras. Certo dia, e fora de contexto, disse: “Escroto!”. Mal o ouvi dizer aquilo, parti-me a rir e, desde então, uso a palavra em qualquer contexto, tentando sempre arranjar pretexto só para a poder citar. Só de há uns tempos para cá é que descobri o verdadeiro significado da palavra. Assim se passam anos felizes — parvos também — da minha vida.
João C. (10.º 6.ª)

Espilro
Esta palavra surgiu uma vez numa conversa em casa da Teresa. Estava eu, a Matilde e a Teresa a conversarmos, quando dou um espirro enorme. E, sem querer, disse: «já estou farta de “espilrar”!». Começaram-se a rir e eu, sem perceber, perguntei o porquê de tanta risota. Responderam-me:
— Rita, não é «espilro», é «espirro»!
Então, também eu desatei a rir e percebi que me tinha enganado. A partir desse dia, cada vez que alguma de nós espirra lembramo-nos da palavra “espilro” e fartamo-nos de rir!
Rita (10.º 2.ª)

Eternidade
Será que a “eternidade” existe, ou é apenas um conceito inventado pelo Homem, simplesmente relativo, proveniente do seu desejo de que as coisas durem mesmo para sempre, na sua realidade privada que, ao mesmo tempo, é também de toda a sociedade?
Eu acredito que nada é “eterno”. A vida é o menos “eterno” que existe. Está dependente de tudo, pode acabar a qualquer altura, transformando-se em morte, como quando as lagartas, nos seus casulos, passam a borboletas. Depois, temos os sentimentos, que são como a vida; têm prazo de validade. Aquelas frases que supostamente têm uma beleza profunda, como ‘Amar-te-ei para a “eternidade”’, são tão irreais como o Bicho Papão. É que, para além de o amor ser outra coisa relativa, afirmá-lo para a “eternidade” chega a ser ridículo, apesar de a paixão dos amantes poder ser compreensível.
E se a vida fosse “eterna”? Teríamos de começar por algum lado, claro. Será que, passados mais anos do que aqueles que podemos contar, seríamos capazes de sentir saudade do começo de coisas nossas? Sentir a falta de alguma coisa. A não ser que essa alguma coisa fosse também “eterna”, que tudo o fosse! Aí, não saberíamos o que é saudade, nem daríamos o valor necessário às coisas, apesar de já não o fazermos constantemente. E com razão, já que tudo faria parte da “eternidade”.
Ana M. (10.º 6.ª)

Felicidade
Diria, até, que uso esta palavra todos os dias. Não com os outros, mas para comigo. Desenvolvo histórias à volta dela todas as noites, à hora de deitar. Aconchego-me entre os cobertores e embarco no meu mundo de pensamentos. A felicidade é sempre a protagonista das histórias. Penso sempre como será que a vou alcançar e que batalhas terei de travar para o conseguir. A felicidade é o meu ideal. É tudo o que procuro e tudo o que espero ter no futuro.
Quando penso na palavra “felicidade”, fascina-me a sua complexidade. Como pode uma palavra tão simples como esta ser tão abrangente? Quando a tento decifrar, consigo dividi-la em inúmeras outras palavras importantes para mim: «amor», «verdade», «amizade», «justiça», «bem-estar»… É uma palavra quase adoptada por cada um. Tem significados diferentes aos olhos de quem a vê. É clara, mas profunda. Quase um mundo inteiro, uma utopia. Todos a procuramos, mesmo sem disso nos apercebermos. Eu apercebi-me, por isso foi esta a palavra que eu escolhi e que vou continuar a tentar compreender.
Beatriz (10.º 5.ª)

Fónix
Tinha cerca de sete anos quando a ouvi. Estava no meu segundo acantonamento dos escuteiros. Enquanto arrumava as minhas coisas no abrigo, ouvi rapazes mais velhos a conversar. Comentavam os corpos de algumas estrelas da pop internacional. Deixei-me ficar a ouvir a conversa, discretamente. Nunca havia escutado conversas de pessoas mais velhas (e quem me conhece sabe que não sou coscuvilheiro), mas esta estava a ser muito divertida. De repente, um chefe gritou:
— Fónix! Já chega de conversa, não?!
Após ter recuperado do valente susto que apanhara, reflecti sobre a palavra que o meu superior havia dito. Experimentei repeti-la em conversa com os meus amigos, nesse mesmo dia. No dia seguinte, quando acordei, todos os lobitos (primeira secção dos escuteiros que inclui miúdos dos seis aos dez anos) repetiam aquela palavra, em qualquer expressão que utilizassem.
Resolvi usá-la na escola, na semana seguinte. Ficou moda usar essa palavra.
Recentemente, surgiu uma nova operadora telefónica homófona de “fónix”. Não usara esta palavra desde criança, mas o aparecimento da operadora (‘phone-ix”) fez renascer o hábito que tinha em miúdo.
João G. (10.º 1.ª)

Ganso
É uma palavra engraçada e que faz parte dos meus dias. Não é pelo animal em questão que gosto dela, mas antes como forma de expressão entre amigos.
Uso-a há dois anos. Um dos meus grupos de amigos costuma dizê-la para dar ânimo ou coragem. Por exemplo, se estamos num karaoke e há um que está envergonhado, ao usarmos a palavra, é como se estivéssemos a dizer «Vá lá, canta, força!». Ou quando estamos a jogar na consola e o jogo é interessante; ou quando estamos ansiosos por uma festa ou algum evento.
Usamos a palavra como modo de apreciação, para dar ânimo, quando estamos à espera de uma coisa boa. É uma expressão do grupo e compreendo que, para os outros, seja difícil entendê-la.
Zé Diogo (10.º 6.ª)

Garra
“Garra” foi a primeira. A 6 de Junho de 92, nasci eu e a minha palavra. Ela já existia, mas só a conheci quando saí da barriga da minha mãe. Cruzámo-nos nos primeiros segundos da minha vida.
Contam ainda hoje os meus pais — como também me contaram este episódio que, obviamente, não poderia conhecer de outra forma — que o médico era homem de poucas falas. Mal acabei de nascer, o médico, em vez de — e vejam lá do que me privaram — dizer “Pesa três quilos e novecentas gramas e tem os vinte dedos perfeitinhos”, disse: “Este rapazinho tem garra”.
Não é todos os dias que um médico diz uma frase destas, ainda por cima se é homem de poucas falas.
“Garra” passou a ser uma palavra minha. Não sei se a adquiri por mérito, mas o empenho com que a conservo permite-me firmá-la de novo.
Sempre me acompanhou e há-de acompanhar-me, com muita “garra”.
João Maria (10.º 4.ª)

Garrido
Pensando na origem desta palavra, reconheço a sua invulgaridade. “Garrido” provém de uma Família Real da Galiza, que se terá deslocado para o Norte de Portugal (Bragança), onde permaneceu durante o tempo suficiente para a palavra passar a pertencer à Língua Portuguesa. Etimologicamente, “Garrido” provém de uma palavra galaico-portuguesa, muito utilizada no termo “cores garridas”, que significa ‘cores vivas, alegres’. Raramente encontrei esta palavra escrita, senão quando relacionada com familiares meus ou, simplesmente com pessoas que nunca vi na vida.
Contudo, este ano encontrei nesta escola um outro aluno com este apelido, o que achei bastante interessante e, ao mesmo tempo, estranho. Mesmo reconhecendo a invulgaridade da palavra, é de salientar que, nos dias de hoje, ela é-me tão natural como qualquer outra.
Tiago G. (10.º 4.ª)

Gaufre
Quando, na minha primeira viagem à Bélgica, conheci o meu primo, reparei que ele, quando falava, carregava demasiado nos erres. Isso fazia-me rir: divertia-me imenso, quando o ouvia pronunciar o meu nome. Era giro!
Uma vez, fomos a um restaurante e o pequeno, sempre feliz e contente, pediu uma gaufre… Oh! Aquela pronúncia era de mais! — gaufre; gaufrrre. Que forma estranha de falar, dando tanto ênfase aos erres. Era bonito; gaufre ganhava um certo ar aristocrata. É uma bela palavra e, quando comi pela primeira vez o bolo quentinho, fiquei a gostar muito dele também.
Mariza (10.º 1.ª)

Gelado
“Gelado” é a palavra que, neste momento, mais significado tem para mim, pois representa as minhas férias de Verão no Algarve e o dia “17” de cada mês.
Quando pronuncio esta palavra tão fria, um arrepio percorre-me a espinha: faz-me recordar as tardes quentes de Verão passadas com os meus avós no Algarve. E, por momentos, aquece-me. Passear na avenida, do outro lado das docas, com um cone de duas bolas de gelado na mão é o final de tarde por que mais gosto de passar. E nem é muito pelos inúmeros sabores de gelado que há, mas pelas sensações e sentimentos que a palavra me traz.
O outro significado que “gelado” tem para mim é mais pessoal: tudo começou com uma discussão entre amigas. Para resolvermos as coisas, decidimos combinar passarmos uma tarde juntas. Nessa mesma tarde, ao resolvermos os nossos problemas e desabafarmos, comemos um gelado, que representou a celebração da nossa amizade. Tudo isto se passou num dia 17 e, por isso, nesses dias, comemoramos a nossa amizade e comemos um gelado.
Assim, acho que posso dizer que “gelado” é uma das minhas fontes de equilíbrio.
Inês (10.º 6.ª)

Gimbra
Esta palavra surgiu há uns anos na minha vida, ao ver um programa de humor na TVI. Significa uma pessoa idosa e que, além disso, já está senil. Gostei desta palavra e repeti-a ao meu irmão, que também achou piada.
Esperando que o meu pai não soubesse o seu significado (e não sabia), utilizei-a à sua frente. Ele não ligou, mas, durante vários dias, utilizei-a constantemente, e aí o meu pai começou a ficar perturbado, chegando ao ponto de me proibir de a utilizar.
Bernardo (10.º 2.ª)

Gordjé
A palavra persegue-me há pouco tempo, mas já faz parte do meu dia-a-dia. Não sei explicar como a inventei ou como a comecei a dizer. Foi de um dia para o outro, em brincadeira com a minha irmã mais nova, que me veio esta palavra à cabeça, talvez por me parecer um nome carinhoso ou uma alcunha estúpida, que ao princípio ela ignorara e detestara. Mas, com o tempo, habitou-se. Das muitas vezes que me esqueço de a tratar assim fica furiosa e eu, sorrindo, orgulho-me da palavra que inventei só para não lhe chamar “gordinha”.
Carolina (10.º 1.ª)

Hades
Recurso frequente no vocabulário do português comum, utilizada por gente comum, saloia, casta e erudita, “hades” sai, inconsciente, invocando um desejo pessoal em relação a alguém.
Noto o “hades” em todo o lado, especialmente na escola. Mesmo agora, antes de começar este parágrafo, perguntaram-me o que significava “hás-de”, pois esta expressão, já tinha sido substituída pela contracção de ambos os elementos que constituem a expressão, originando o neologismo “hades”. Nestas situações, não emendo os meus colegas, receoso de que o contraste entre a sua ignorância e a minha sapiência me leve à exclusão social. Mas é certamente um erro que me impossibilita a indiferença e, por vezes, desisto, emendo, superior àquele que proferira tal blasfémia.
Já no seio familiar, as repreensões são constantes, quase sem significado, confesso que irritantes talvez mas necessárias, e constato que os meus pais se esforçam por utilizar o “hás-de”.
Desde que me apercebi de tal erro, que tento exterminá-lo, sem sucesso: cada vez mais a palavra é adoptada pelos portugueses, em breve será oficial nos dicionários mais recentes, tal como o “bué”. Nesse momento, terei de desistir, mas, até lá, vou fazer com que o “hás-de” seja aprendido. Porque eles hadem aprender tal expressão.
João C. (10.º 4.ª)

Halibute
Desde a mais remota infância habituado a ouvir ou a ler esta palavra, não foi senão aos doze anos que esta para mim maravilhosa obra de arte fonética se revelou com todo o potencial que aparentava ter, escrita na embalagem das pomadas para rabinhos de bebés em aflição.
Aproveitando os tempos mortos passados na casa de banho para ler as bulas dos medicamentos, espantou-me que figurasse “óleo de halibute” na composição de Halibut: antes pensando que seria apenas um trocadilho com o inglês para rabo, butt, uma exaustiva busca veio dar-me a descobrir que halibute era, na verdade, um peixe, um majestoso linguado de dois metros pescado no Alasca e nos frios mares da Noruega, vendido como bacalhau aos incultos mercadores mediterrânicos ansiosos por mais do seu peixe de eleição.
Foi o suficiente para que a partir daí inúmeros significados surgissem para halibute, até mesmo adjectivos como «halibúteo» (sem qualquer significado objectivo).
Halibute é a grande lenda na enorme lista de termos sem sentido no meu idiótico vocabulário.
Gonçalo (10.º 1.ª)

Hezbollah
Comecei a gostar desta palavra devido aos atentados no Líbano, porque a ouvia todos os dias nos telejornais e a lia em quase todos os jornais.
Este «palavrão» não significa nada para mim, mas, de facto, entrou na minha cabeça com uma velocidade fascinante, talvez por causa da pronúncia dos libaneses. Apesar de o nome ser de uma organização terrorista, eu apenas gosto da maneira como é dita a palavra, não do tipo de actividade a que esta se refere.
Acho que a primeira vez que ouvi «Hezbollah» foi numa quente tarde de Junho, mais propriamente no ano 2006, quando três soldados isrealitas foram raptados pelo Hezbollah. A partir desse dia, foi declarada guerra ao Líbano, onde ainda hoje se podem ver as marcas de devastação causadas pelo exército israealita.
Frederico (10.º 5.ª)

Hoje
Acho que só percebi quanto o “hoje” significa para mim há um ano atrás, depois de viver uma das piores alturas da minha vida (até hoje). Comecei então a dar mais importância ao presente (o hoje), deixando para trás o ontem e não criando demasiadas expectativas para o futuro, o amanhã. Desta forma, depois de ver um filme que me marcou muito — O Clube dos Poetas Mortos —, aprendi o que me dizia a sua mensagem, “aproveita o dia” (“Carpe Diem”). Assim vivo cada dia como se fosse o último, aproveitando o máximo, sem demasiadas preocupações.
Guilherme (10.º 4.ª)

Idiota
Certo dia, estava na rua e ouvi da boca de alguém, não sei quem, a palavra “idiota”. Não sabia qual era o significado, na altura, mas, da primeira vez que a usei, apliquei-a da melhor forma possível. Olhei para o meu pai, após ele ter refilado comigo, e disse:
— Idiota!
Mas não é só por memórias ou recordações que a aprecio. Gosto de a repetir vezes sem conta até trocar as sílabas e começar a dizer uma palavra nova. I-di-o-ta. A última sílaba fica como se a porta da boca se fechasse e fosse obrigada a sair pelo nariz. (Digo as palavras de uma maneira estranha).
Bárbara (10.º 5.ª)

Inconspícuo
É uma palavra relativamente recente no meu vocabulário. Encontrei-a, certo dia, a navegar na internet, quando acabei por reparar numa cómica imagem de um homem dentro de uma caixa, “escondido”, a dizer-se inconspícuo.
A palavra original em inglês lia-se “inconspicuous” e atingiu-me como se fosse um “raio de curiosidade”.
Imediatamente procurei no dicionário pelo seu significado, que, aparentemente, é “quase invisível/difícil de notar/algo que não é prontamente notado”.
Na verdade, nunca verifiquei se a forma como a uso em língua portuguesa está correcta: limitei-me a partir do princípio de que na minha língua se escreveria “inconspícuo”.
Mais tarde, descobri a palavra “conspícuo”, mas não provocou o mesmo fascínio, apesar de, teoricamente, ser “inconspícuo” a palavra derivada. Para mim, suponho que “inconspícuo” irá ser sempre a palavra original, da qual a outra deriva. Na minha mente, “conspícuo” é uma espécie de derivado regressivo.
Talvez um dia venha a descobrir que a palavra não existe, ou que a tenha usado incorrectamente, mas, por agora, continuarei a aproveitá-la sempre que possível.
Ricardo (10.º 1.ª)

Lagartixas
Gosto muito desta palavra, porque, para mim, sempre teve uma certa vertente cómica. A sua entoação também me desperta alguma atenção na passagem da terceira para a quarta sílaba.
Para além das razões acima referidas, esta palavra tem o condão de me fazer regressar à infância, lembrando-me as caçadas que eu e o meu primo realizávamos para tentar recolher uma amostra deste repugnante réptil.
Embora confesse que não existe nenhuma palavra que me fascine particularmente, esta parece-me ser uma das que me suscita mais a atenção.
João M. (10.º 6.ª)

Literatura
Não é propriamente o seu som ou o facto de ser original que me atrai, mas o que esta palavra representa mais exactamente. Quando penso nesta palavra, uma selecção de novas palavras inunda-me a mente: “ler”, ”livro”, ”saber”, ”conhecimento”.
A verdade é que, para mim, a palavra “literatura” é um símbolo para aquilo que eu mais prezo, um livro. Nos livros encontro páginas cobertas de fantásticas histórias que me levam a sonhar e a fantasiar com os mundos criados pelos escritores.
Isto leva-me a duas outras palavras de que gosto,”sonhar” e ”criar”. ”Sonhar” é uma palavra de que gosto, não só pelo que representa como também pelo seu som e porque tenho como hábito sonhar; sonhar com novos locais, novas histórias, novas personagens, todos criados por mim. Afinal, são estas duas outras palavras a razão do meu apreço pela palavra “literatura”.
Francisco F. (10.º 2.ª)

Lol
É, provavelmente, uma palavra de que pouca gente sabe o significado ou usa nas alturas certas. Tomei conhecimento de tal palavra, na época “Olha, vemo-nos no MSN”. No início, pensei que fosse um jogo ou coisa assim, pois, para mim, a internet só servia para jogar. “Pouco sabia como belíssima seria ela para o meu futuro”.
Meti-me no msn, comecei a falar com o Baila, até que disse uma piada; e ela apareceu, em todo o seu esplendor, ou talvez nem tanto (porque não percebia patavina daquilo). Perguntei o seu significado e, de repente, surge outro “lol”.
“Lol” (lots of laughing), muitos risos. E, num futuro próximo, descobriria que tinha também o significado de (laughing out loud), ri para fora muito alto.
E aí pensei: “ora, esta será a minha palavra de estimação”. Vá-se lá a perceber porquê, eu sou uma pessoa que acredita que diz umas graçolas para os outros rirem. “Piadas secas”, estão a ver o género?!...
A coisa passa por escrever umas “bacoradas” e receber “lots of lol’s” de retribuição.
Esta coisa anima-me e, de vez em quando, até sou criativo… “Puxa por mim, topam?”. Tipo, uma pessoa até se sente com capacidade para vir a ser o argumentista dos Gato Fedorento.
Enfim, esta minha imaginação, que não pára e peca pelo exagero, e que tenho alguma dificuldade em controlar.
Voltando à minha palavra de estimação, “o meu lol”, até estou a pensar em chamar ao meu próximo animal de estimação “lolito”…
Perceberam o trocadilho? Digam lá que não merece um comentário? E qual é ele? Qual é?
Somente, “lol”.
Ricardo (10.º 2.ª)

Lorem ipsum
A minha palavra favorita não existe, são antes duas palavras: Lorem ipsum. A sequência é do Latim e é usada em exemplos tipográficos ou quando não se sabe o que escrever.
“Lorem Ipsum” é o começo desse texto, único no mundo, que fala sobre várias coisas aleatórias. Escolhi esta expressão, porque me identifico com ela, dado que várias vezes tenho de servir de exemplo, mesmo quando não quero. A minha língua favorita é o latim, embora não o saiba falar. Os meus amigos acham-me aleatório e sem sentido, e eu considero-me único. Uma expressão que me define perfeitamente, melhor do que outro termo qualquer.
David (10.º 4.ª)

Lula
Tal como para muitos portugueses, a palavra lula é para mim implacável carrasco que decide punir nas mais incómodas situações e que leva a um profundo embaraço. A sequência da consoante “L” com a vogal “O” ou “U” é de extrema dificuldade fonética para mim. Lula sai da minha boca como um disparo agonizante que mais se parece com a onomatopeia de uma sirene, Ouoa, do que com o substantivo de um molusco aquático que tem vários tentáculos pegajosos e vive no fundo dos oceanos.
Esta embaraçosa palavra (também existem outras) é sempre forçada a sair do meu vocabulário fonético, mas muitas são as vezes em que sou obrigado a demonstrar os meus dotes (inexistentes) a toda uma multidão. “A ouoa (lula) vive no fundo dos oceanos. A sua rotina diária não é influenciada pelas marés, que, toda a gente o sabe, são modificadas pela Ouoa (lua). Risos e gozo.
Mas eu já não me importo. Muitos são os portugueses como eu e espero, um dia, saber dizer esta palavra sem nenhum incómodo. “Lula”. Muito simples. Antes de me deitar, na profunda escuridão do meu quarto, dito em baixo tom, repetidamente, lula. E sempre que estou prestes a adormecer, vem-me em estranhos sonhos um gigantesco molusco, cheio de tentáculos pegajosos, que vive nas profundezas do mar. “Eu sou a ouoa gigante e vim apanhar-te. Hahahaha!”
Bruno (10.º 4.ª)

Macambúzio
Lembro-me desde pequena de ouvir a minha mãe dizer, quando eu ou o meu irmão estávamos com um ar triste ou cansado, que estávamos macambúzios. Nunca fui ao dicionário ver o que significava nem sequer lhe perguntei o que queria dizer. Não uso a palavra e de poucas pessoas a ouvi, mas acho-a engraçada. Quando era pequena, pensava que era um tipo de concha ou búzio: lembrava-me o mar; não percebia porque é que a minha mãe a utilizava. É claro que depois, à medida que fui crescendo, compreendi que tinha a ver com um estado de espírito nosso, quando estávamos com um ar “macambúzio”.
Matilde (10.º 2.ª)

Mar
“Mar” é um substantivo e designa um local, à superfície terrestre, que contém água. É uma palavra bela e robusta, por designar uma grandeza da natureza; e evocar o poder do planeta.
Gosto também desta palavra, porque, cada vez que penso nela, recordo-me dos grandes passeios que fazia quando era pequeno. Cada vez que alguém falava em passear, eu dizia, de forma entusiasmada, “Vamos ao mar!”. A palavra “mar” saía e ainda hoje sai quase que automaticamente da minha boca. Desde pequeno que ando com a palavra “mar” dentro da minha boca, pronta a sair cá para fora. “Mar” é uma palavra requintada e que me traz à memória muitos passeios de infância e de agora.
A palavra persegue-me há quinze anos e gosto de a observar quando aparece nalgum livro, texto ou dicionário. A minha palavra de estimação irá estar eternamente no meu coração e no meu pensamento, sempre ligada aos meus passeios e ir-me-ei encontrar com ela entusiasmado, sempre nos livros, nos textos e nos dicionários.
Luís (10.º 1.ª)

Mar
Sempre que me sinto confusa, sem saber o que fazer, tento ir para junto dele. Faz-me pensar e tomar decisões importantes. Persegue-me desde que sou pequena, mas ainda bem. Graças a ele, sou a pessoa que sou, tomei as decisões que tomei, fiz tudo o que fiz.
Adoro o mar desde que me lembro, sou capaz de dizer que, se me tiram o mar, tiram-me tudo. É a única coisa que me acalma.
A importância da palavra «mar» reflecte-se na imensidão que ela representa. Uma imensidão de água: é nela que o céu e a terra se encontram.
Adoro olhar para o horizonte e perguntar-me o que haverá para além daquela linha que definimos, pois a nossa visão não consegue alcançar mais.
Ana (10.º 5.ª)

Mar
Não é original como palavra (só três letras, "Mar", que simples!) nem como objecto (não podemos pôr mar dentro de um frasco). Eu chamo-lhe um fenómeno.
Mar. Uma faca de dois gumes. Persegue, motiva, desafia, arrasta, prende, corrói, avassala.
Para mim, ele tem mais poderes do que Deus. Ele tira e dá vida, repõe a ordem, completa um ciclo."Mar" transmite tranquilidade, refresca, dá adrenalina, lembra-nos que não somos omnipotentes. É um arco-íris molhado. Misturado com a nossa essência e derretido numa onda. É a melhor droga.
Mar. Poderoso, influente, intimidador. Há quem já tenha nascido, vivido e morrido por ele. Mesmo que nunca o vejamos, estamos sempre "mergulhados" num mar de ideais, num mar de ideias. Acompanha-nos sempre, mesmo que nunca vejamos o horizonte delineado a azul.
Mar. Tem sabor, tem corpo, tem vida, tem força, tem mente.
Mar. O cúmulo da originalidade. Lima as arestas do original. Não é original, é único.
João G. (10.º 5.ª)

Marta
Escolhi este nome não por um gosto particular mas por, por detrás dele, haver uma engraçada história.
A minha avó, com a mania das poupanças, nunca compra canetas. Aproveita sempre as que lhe dão nos supermercados e talhos. E, sempre que estas deixam de escrever, ela tenta inventar mil e umas maneiras de que voltem a escrever. De umas delas, lembro-me com um certo gozo; mas, atenção, o que aqui vou escrever não é invenção minha, é pura realidade.
Certo dia, quando andava no quinto ano, perdi a única caneta com que andava no estojo. E, como tinha de fazer uma composição a esferográfica azul, perguntei à minha avó se ela, por acaso, teria uma que me pudesse emprestar. Passados alguns minutos, lá veio ela com três canetas de tinta azul, apesar de eu só lhe ter pedido uma. No entanto, reparei que nenhuma delas escrevia. Aborrecida com a minha infeliz sorte, desatei a barafustar, extremamente revoltada. A minha avó saiu da cozinha, ao ouvir toda aquela barulheira, e perguntou o que se passava. Depois de lhe ter explicado o sucedido, pegou suavemente numa das canetas e começou a escrever, na sua letra manuscrita, “Marta”. E não é que no papel começaram a aparecer vestígios de tinta que, de letra em letra, ficava mais fluida! Fez isso com as restantes duas, e com elas se passou o mesmo. Fiquei deslumbrada com a perícia da minha avó.
Actualmente, faço isso com todas as canetas, imitando o seu gesto único, e continua a resultar sempre. E, sempre que conheço alguma rapariga que tem este nome, lembro-me deste episódio. “Marta” ficou para mim como uma palavra de estimação.
Raquel (10.º 1.ª)

Mealheiro
Eu escolhi esta palavra porque ela perseguiu-me, e persegue-me, desde que eu comecei a falar. A perseguição desta palavra acontece pela minha dificuldade em dizê-la correctamente.
Sempre que experimento dizer “mealheiro”, ouço risos à minha volta e tento disfarçar o meu erro com alguma piada. Às vezes, a minha mãe pede-me para tentar dizê-la, mas, quando o faço, à primeira sai-me “Milhalheiro”. O meu irmão, quando mo pede, sei que é para eu ficar embaraçado à frente de outras pessoas, por isso, quase sempre evito dizê-la.
António(10.º 4.ª)

Merdaleja
É uma velha terra, em Viseu, pela qual aprendi a ter grande afecto. O meu amigo Manuel e a sua esposa, Dorinda, mostraram-me essa bela aldeia, Merdaleja, que, cedo, despertou a mim e à minha família interesse e gosto. Detentora de alguns doces regionais de paladar fantástico, era impossível esquecer-me do seu nome, “Merdaleja”.
Povo hospitaleiro, paisagem fabulosa, é assim esta maravilhosa terra, pela qual aprendi a ter grande estima.
Daniel (10.º 4.ª)

Merdinha
Descobri que a dizia há uns anos. Não a dizia por mal mas porque, simplesmente, era muito novo e, ao tentar dizer “Madrinha”, acabava sempre por dizer “Merdinha”. Soube que utilizava a palavra há sensivelmente três anos.
Na altura, fiquei embaraçado e pensei que a minha mãe e a minha madrinha estivessem a meter-se comigo. Elas disseram que era verdade, mas, mesmo assim, fiquei desconfiado.
Uns dias depois, confirmei-o com o meu pai. Como ele estava divorciado da minha mãe, tinha a certeza de que jamais combinariam tal coisa e que, sendo assim, ficaria a saber se era mesmo verdade o que elas diziam. Para minha surpresa, afinal eu usava mesmo essa palavra, e com uma pessoa de que gosto tanto.
Tiago (10.º 2.ª)

Mim
Palavra estranha para dizer sozinha, eu sei, mas adoro dizê-la assim mesmo. É egocêntrico, talvez. Na minha mente, não. Caracteriza-me, mas não sei como explicar: talvez por estar sempre relacionada comigo, quando a digo; por ser simples na forma escrita e dita; por ser simples, mas ter a letra «m», que, sendo comprida, alarga a palavra.
Que mais posso dizer sobre esta palavra? Sinceramente, para mim é inexplicável!
Patrícia (10.º 5.ª)

Mimi
A palavra “Mimi” acompanha-me desde a minha infância. Quando tinha uns três ou quatro anos e me sentia mais adulta que nunca, a minha mãe decidiu trocar o “Joana” por “Mimi”, o que, na altura, me deixou profundamente revoltada. “Mimi” era nome para bebés… E, apesar de todas as minhas pragas, a palavra instalou-se mesmo na minha vida.
Comecei a ser a “Mimi da mãe” e, quando dei por mim, já respondia quando a minha mãe me chamava esse tão querido nome inventado por si.
Hoje, quando oiço “Joana”, suplico-lhe que me chame “Mimi”.
Joana O. (10.º 2.ª)

Não
Esta é a palavra que mais me intriga e fascina. É daquelas palavras que aprendemos muito facilmente quando somos pequenos. Para alguns, até foi a sua primeira palavra.
Gosto dela, porque, a meu ver, impõe-se perante as outras. Sendo ela tão pequena, à primeira vista não parece ser tão importante.
Usamo-la quando queremos negar algo, mas eu uso-a para me afirmar perante os outros. Sei que, por vezes, esta palavra pode ferir susceptibilidades, mas sem ela não me conseguiria expressar.
Por isso, digo: — Não!
Devias fazer o mesmo, sozinho ou perante aqueles que te rodeiam. Vais ver que és bem capaz de te sentir melhor.
Marta M. (10.º 5.ª)

Néon
Néon, gás raro. Achei piada a esta palavra durante uma aula de Química. A sua pronúncia, acho-a bastante engraçada. Tem um som anasalado que me fascinou.
Estávamos durante uma aula de turnos, na Câmara Escura, a ver os variados espectros de determinados elementos, incluindo o hidrogénio, o hélio e também o néon. O néon foi o que mais nos impressionou a todos por ter um espectro bonito e de múltiplas cores. Ficámos “apaixonados” pelo espectro deste elemento e pedimos à professora para mostrar-no-lo mais uma vez. “O Néon, ‘stôra’, por favor, o Néon”.
A partir dessa aula, “Néon” ficou uma palavra só nossa. Qualquer conversa era “Néon, Néon, Néon”. Tudo era Néon, tudo se relacionava com a palavra “Néon”. Ficou assim a minha palavra preferida.
Catarina F. (10.º 2.ª)

Oias
No princípio da minha adolescência surgiu uma palavra nova, “oias”. Sem dúvida, era um neologismo. “Oias” significa ‘olá, oi, boas’. É uma palavra que, não sei bem porquê, gosto de dizer vezes sem conta. É viciante. Vejo os meus amigos e “oias, tudo bem?”; vou ao msn, “oias”. Fico viciado nela. Talvez seja pelo som da junção de “oi” com “as” que dá algo muito harmónico.
“Oias” é, para mim, uma palavra importante, porque só a digo quando estou bem-disposto. É uma palavra que, devido ao som, acho ser muito alegre. Julgo que até contagiei algumas pessoas à minha volta, sobretudo os mais próximos. O “oias” está agora sempre presente nas conversas com os meus melhores amigos. É, realmente, a minha palavra-fétiche.
Duarte (10.º 4.ª)

Onomatopeia
Lembro-me de decorar as classes gramaticais quando era mais novo. Contudo, houve um termo — não de classe, mas sobre processos de formação de palavras — cujo nome sempre me ficou na memória. Era a onomatopeia.
No início, comecei por me perguntar quem teria sido o energúmeno que inventara aquela palavra para definir um tipo gramatical. Seguramente, não era para nos facilitar o estudo.
O que mais me atrai na palavra é a ideia de movimento, de actividade, de vida! Sempre detestei lugares desertos, onde se vê meia-dúzia de pessoas em cada quilómetro quadrado. Esses espaços deixam-me deprimido e a única coisa que me vem à cabeça é um devaneio filosófico, que se torna num verdadeiro ciclo de pensamentos negativos.
O ruído do motor de um carro, o constante barulho dos sapatos das outras pessoas a bater no chão... Bastam simples sinais sonoros do quotidiano para poder afirmar a mim próprio: “Aqui há vida.”.
Uma onomatopeia simboliza sempre o barulho de algum objecto. O tocar de um sino, por exemplo. Se existir uma onomatopeia que possa transcrever para o papel, é sinal de movimento. E onde há movimento há vida.
Sinceramente, não sei de quem herdei esta constante obsessão por um dia-a-dia agitado. Se perguntar aos meus pais, e mesmo aos meus tios, qual seria o lugar perfeito para viver, eles responderiam: “No campo, no meio da paz e do sossego”. Discordo completamente. Se pudesse escolher, optaria por viver perto de Londres, não num prédio, mas numa daquelas casas espaçosas, com dois andares e garagem privada. Enfim, são opiniões.
Esta é a minha palavra preferida. Não a escolhi por gostar de Português, mas por, apesar de uma grafia e som peculiares, adorar o que ela nos pode transmitir.
José (10.º 4.ª)

Otorrinolaringologista
Conheço-a há algum tempo, mas nem por isso a consigo pronunciar muito bem. Pudera, para o som das vinte e duas letras sair como deve de ser, tenho de abrir e fechar a boca repetidamente, tal como um peixe num aquário. Quando a dizemos, emitimos um som engraçado, principalmente na primeira parte: “oto”. Para uma palavra que significa ‘especialista de ouvidos, nariz e garganta’, até já representa a poupança de algumas sílabas.
Os mais novos — da primária, como a minha irmã —, como têm muita dificuldade em pronunciá-la, chegam a fazer desafios para ver quem diz melhor. E os que puseram recentemente aparelhos na boca? Esses, coitados…
Mas há sempre uma possibilidade de aproveitar uma palavra difícil. Quando jogo ao jogo da forca, escolho-a sempre, quase nunca ninguém acerta. E há também outra vantagem: otorrinolaringologista é uma palavra tão comprida, que basta repeti-la duas ou três vezes para termos uma página cheia.
Laura (10.º 1.ª)

Palavra
Uma palavra define tudo o que possamos denominar na escrita, desde que se consiga escrever. Palavra pode ser usada em todo o tipo de textos! Narrativas, poesia, teatro… Tem imensos significados, para variadíssimas situações. Palavra mais complexa não há. É daquelas palavras que as próprias mães usam para encorajar os filhos a falarem. Palavra! Pode ser usada em sentido de promessa. Gosto desta palavra, pela sua simples complexidade. Não é preciso grande esforço nem pronúncia para dizer: palavra. A nível de escrita é inevitável, a que nenhuma palavra escapa! Se a colocássemos numa folha, milhões de setas provinham dela, com imensas palavras de todo o tipo. Palavra é simplesmente um componente que se pode aplicar a tudo o que o homem queira expressar, por escrito ou oralmente. É palavra que caracteriza todas as outras palavras, por mais estranhos ou comuns que sejam os significados das mesmas.
Ana (10.º 1.ª)

Passado
Ontem, em tempo remotos, outrora, no passado. São as palavras que me fazem recordar aquilo que sou, fui e serei para o resto da minha vida. Considero-me uma pessoa nostálgica. Vivo do passado, respiro recordações, inspiro o meu quotidiano nas minhas memórias. Recordo passagens da minha vida: que me causam anseio de voltar atrás e resolvê-las; outras, simplesmente, gosto de as recordar, pois fazem-me sentir o rei do meu destino; mas a maior parte das minhas memórias causa-me angústia, transtorno e sofrimento.
As minhas memórias, o meu passado, é aquilo que melhor me caracteriza. Quando penso no passado, prevejo um futuro melhor, vejo a resolução da minha vida, o desfecho e explicação do meu destino. Passado é a palavra mais bela e com mais valor. Quando olhamos para trás, e vemos o que temos vindo a “construir” ao longo da nossa vida, apercebemo-nos de que fomos postos na terra por algum motivo, e isso (falo por mim) traz-nos uma vontade imensa de viver e desvendar os mistérios que há muito nos fazem questionar.
Os nossos relatos de vida podem ser lições de vida, não só para nós, como também para os outros que lidam connosco. É também olhando para o passado que vemos os nossos erros, tentando corrigi-los, e é através deste que se aprende a viver, pois nunca se cai duas vezes no mesmo erro e é com um erro que se corrigem as nossas acções.
Pedro (10.º 6.ª)
Pausado
A minha palavra favorita é «pausado», porque é pausada. Comecei a usar esta palavra no início do décimo ano e, a partir daí, comecei a pegar esta mania aos meus colegas.
«Pausado» passou a ser uma palavra característica do Castro, é como uma marca pessoal. Algumas pessoas podem não conhecer a palavra, mas «pausado» significa ‘coisa engraçada’.
«Pausado» é um estilo de vida.
Nuno (10.º 2.ª)

Paz
Nem tanto pelo significado, que por acaso até é muito importante, gosto da palavra “paz”. Não se trata só do valor, é mais até a palavra em si. “Paz”. É bonita ao ouvir. E é bonita ao escrever, seja em maiúsculas, minúsculas, à máquina ou à mão… “PAZ”, “paz”, “Paz”, “Paz”. “Paz”! Soa bem, sim, soa muito bem. E, se a quisermos virar ao contrário, “ZAP”! E já está! É uma palavra engraçada, “paz”.
Joana L. (10.º 6.ª)

Pedestal
E, tal como noutros dias, escrevia. E, tal como nos outros dias, expunha os meus pensamentos, fascínios, desagrados ou, simplesmente, lembranças.
Após anos de abertura da minha vida com a folha de papel e caneta, apercebi-me, estupidamente de maneira repentina, que repetia bastante vezes a palavra “base”. Mas eu não sei sequer explicar o meu desagrado pela referida palavra. Não gosto da palavra. Não gosto, simplesmente, da palavra. Talvez mais por teimosia, ao não querer novamente escrever aquele “B”, seguido de um “A” e um “S”, com um “E” no fim, fiz o que outra pessoa, talvez, fizesse. Ou talvez só porque a minha teimosia me mandou: peguei no dicionário.
Lá estava a tal palavra. Passei os olhos pelas linhas e linhas de sinónimos. E sim, encontrei “pedestal”, entre muitas outras. Mas, agora também inexplicavelmente, essa agradou-me mil vezes mais do que as outras todas. A partir desse dia, troquei, no meu vocabulário, a palavra “base” por “pedestal”. E, sempre que a usava, vinham-me perguntar: “Filipa, pedestal? O que queres dizer?”. E eu ficava bem orgulhosa de mim mesma. Tinha aprendido mais uma palavra que, pelos vistos, aos ouvidos dos outros, não era assim tão comum no vocabulário de crianças de treze ou catorze anos.
Filipa A. (10.º 5.ª)

Pequenalmoçar
Este verbo acompanha-me desde pequena. Penso que era de manhã e tinha acabado de acordar, quando ouvi a minha mãe dizer: “Filha, anda pequenalmoçar!”.
Desde então, cada vez que estou acompanhada e o utilizo, olham-me surpreendidos e, de seguida, repetem o verbo, muito duvidosos: “Pequenalmoçar?!
Se o verbo existe ou não, não sei bem, embora comece a pensar que sim, de tanta gente já me ter corrigido: “Pequenalmoçar?! Não! Vais tomar o pequeno-almoço!”.
Mas o que é certo é que, além de ser mais curto, evitando assim a complicada frase “Vou tomar o pequeno-almoço”, já me afeiçoei e habituei à sua aplicação.
Sofia (10.º 6.ª)

Percular
Aprendi esta palavra com o meu pai. Nos dias de viagem, em que as horas passam lentamente enquanto estamos no carro, ou mesmo nos jantares ou almoços em restaurantes, enquanto esperamos pela refeição, para nos entretermos durante a espera podemos sempre jogar ao percular. Um dos jogadores pensa num verbo difícil ou engraçado, e os restantes têm de adivinhá-lo, fazendo perguntas com respostas de “sim” ou “não”, usando o verbo “percular” para substituir o verbo em que a pessoa pensou. Por exemplo: já perculaste hoje? Gostas de percular?
Foi uma palavra que marcou a minha infância, uma palavra para brincar.
Joana R. (10.º 2.ª)

Perfeição
A palavra “perfeição” sempre foi uma das que mais me intrigaram. Significa o máximo dos máximos atingido, o mais belo. Da palavra surgem muitas discussões mas sempre ouvi dizer que nada é verdadeiramente perfeito, que, ao examinarmos os detalhes de um objecto, se revelam as imperfeições, portanto, no verdadeiro sentido da palavra, de acordo com a sua descrição no dicionário, nada é realmente perfeito. Então, se esta é a verdade, estaremos nós a usar uma palavra cujo significado nunca poderemos atingir verdadeiramente? Estaremos a descrever um estado impraticável pois na realidade ele não existe, a não ser claro, se acreditarmos no Paraíso que, mesmo assim, creio que terá as suas imperfeições? É por esta razão que esta palavra me deslumbra tanto e me fez escolhê-la como a minha palavra de estimação.
Pedro (10.º 5.ª)

Pipoquinha
Foi a alcunha que me puseram, devido ao facto de gostar muito de pipocas.
Não me lembro muito bem do dia em que eu e os meus colegas decidimos ir ao cinema, mas posso contar que foi no sexto ano. Tudo estava a correr lindamente, até que um dos meus colegas teve uma triste ideia. Em vez de ver o filme e estar sossegado no seu canto, optou por começar a atirar pipocas pelo ar. Ao princípio tudo estava muito bem, até que começaram a atirar as minhas pipocas e comecei a chorar, em pleno cinema. Acho que naquele momento o cinema passou a ser um circo, pois todos se riam das minhas figuras. E eu a chorar pelas minhas pipocas... Pode-se dizer que são brincadeiras parvas, mas são estas brincadeiras que nos fazem rir dos nossos momentos de crianças.
Graças a esta brincadeira, ainda hoje sou conhecida por “Pipoquinha”. Acho que nem eu nem os meus amigos vamos esquecer este dia.
Tânia (10.º 6.ª)

Pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiose
A primeira vez que vi esta grande palavra foi num e-mail que a mãe de um amigo meu lhe enviara. Vi-a na caixa de correio dele, há vários anos, enquanto ainda andava nos Maristas. Quando vi a palavra, pensei que não existisse por ser tão extensa e nem me lembrava das primeiras cinco letras depois de a ter visto. Esse meu amigo e outro que também estava comigo deram-se ao trabalho de decorar a palavra que lhes serviu, por acaso, para uma espécie de jogo para encontrar as maiores palavras da língua portuguesa.
Nas maiores palavras estava o “otorrinolaringologista” e o “esternocleidomastoideu”, até que apareceu o “pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico”, pessoa que sofre de pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiose, que é uma doença pulmonar provocada pela respiração de cinzas vulcânicas.
Nunca mais tive contacto com a palavra, até ao nono ano, quando o meu professor de Português pôs numa ficha as maiores palavras da língua portuguesa. Quando a vi, decidi fixá-la logo para não me voltar a esquecer e corrigir as pessoas que pensam que a maior palavra da língua portuguesa é “otorrinolaringologista”. É, sim, “pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico”, pessoa que sofre de pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiose.
João A. (10.º 1.ª)

Posso
A palavra em si tem toda uma aura de grandeza, mas o que a torna especial para mim é o seu aparecimento nas duas melhores frases de O Senhor dos Anéis.
“Tu não podes passar!” é o que Gandalf diz antes de se sacrificar pelo bem da irmandade, como fosse a sua última vontade. Era a última coisa que ele tinha esperança de fazer mas, mesmo assim, manteve o tom autoritário e intimidador ao dar a ordem.
“Eu posso ver-te”. Esta frase é um misto de “big brother” e de espionagem e o resultado é assustador. Basicamente, o que transmite é a possibilidade de se aniquilar a nossa privacidade, mas não o faz, porque somos insignificantes.
Cosme (10.º 4.ª)

Post-it
“Post-it” é uma palavra de origem inglesa, mas está a ser muito utilizada na língua portuguesa; porém, as pessoas transformam-na em “postit” (tudo junto).
Escolhi esta palavra por causa do seu som tão engraçado. Este som, lido rapidamente, até parece “bostic”.
A sua utilidade é enorme, pois, com “post-it”, conseguimos colar em qualquer parte. Apenas com um podemos localizar-nos entre milhares de páginas de um livro, podemos lembrar-nos de algo importante como os tepecês de Português. Como eu disse, a sua utilidade é quase infindável.
“Post-it”, ainda por cima, faz-me lembrar a infância, pois, quando era pequeno, tinha a mania de colar “post-it” em tudo o que era sítio. Os meus pais só viam era etiquetas de diversas cores — amarelas, laranjas, rosas, azuis — em tudo o que fosse livros, revistas, mesas, em tudo o que era sítio.
E tudo se resume a um simples papelinho com cola num dos lados.
Carlos (10.º 4.ª)

Princesa
É uma palavra com um enorme valor sentimental e afectivo para mim, pois que, desde que comecei a ver filmes de desenhos animados em que as personagens eram princesas, com longos cabelos loiros e saias compridas, e moravam em grandes castelos, quando me perguntavam qual seria a meu futuro de sonho, respondia sempre, de maneira convicta, que iria ser uma princesa.
É também uma palavra com grande valor para mim, porque desde pequena e, por vezes, até hoje em dia, a minha mãe, contente com alguma boa atitude minha, me chamava «princesa», ou deixava bilhetes no frigorífico, que, no final, diziam sempre «beijinhos, princesa».
Outra, e última, razão para ser uma palavra de estimação é o facto de estar presente numa música que representa momentos felizes da minha vida.
Mariana (10.º 1.ª)

Procriar
Verbo da primeira conjugação. Tem como sinónimos palavras como ”germinar”, ”reproduzir”. Uso-a com muita regularidade. A palavra, para mim, substitui expressões como ”fazer amor”, “fazer sexo”. Soa melhor “procriar” do que outras palavras mais ordinárias; porém, “procriar” tem mais o sentido de fazer amor, para gerar descendência.
Arrisco-me a dizer que uso esta palavra, na maior parte das vezes, com alguma ironia. Já faz parte do meu vocabulário diário.
Joana B. (10.º 5.ª)

Purée
Ao ler esta palavra, pode pensar-se que estava a falar de culinária, mas não é o caso. Trata-se de uma expressão francesa que, muitas vezes, os jovens utilizam para demonstrar o seu desagrado com algo que aconteceu. Se a irritação for muito grande podem dizer “purée” cada vez que fazem uma frase. A primeira vez que ouvi tal coisa, confesso que fiquei chocada. Porquê usar uma comida para expressar um sentimento de raiva? A lógica é pouca. Mas o facto é que, quando esta palavra é usada, até mesmo na cantina, o sentimento nunca é positivo: nem no prato “purée” é aceite com um sorriso.
Dulce (10.º 5.ª)

Qué-qué
Sendo eu a primeira neta — de cinco, actualmente —, fui também a primeira a receber uma alcunha. Verdade seja dita, a minha mãe sempre conseguiu formar bons neologismos. E, hoje em dia, já com um vasto número de alcunhas, esta permanece, apesar de serem poucos aqueles que ainda me chamam «Qué-qué». Talvez a versão mais doce desta palavra seja a da minha irmã mais nova que, ainda estreante no campo oral, me chama «Té-té».
Não há nada de fantástico nesta palavra, apenas o facto de ela permanecer ainda no vocabulário familiar.
Raquel (10.º 6.ª)

Quotidiano
Escolhi esta palavra, por ter estado sempre presente na minha vida.
Ao recuar no tempo, verifico que, mesmo quando era criança, a minha vida quotidiana já existia, porque o meu dia-a-dia era sempre igual, excepção feita aos fins-de-semana, pois, todos os dias úteis, tinha de acordar cedo e a minha mãe deixava-me logo às oito horas na escola. Depois, já mais velho, o “quotidiano” começou a estar mais presente na minha vivência. Agora que estava no primeiro ciclo, a minha responsabilidade tinha aumentado, e a responsabilidade do “quotidiano” era, cada vez mais, minha.
Presentemente, quando olho para a minha vida, verifico que, quanto mais velho fico, mais o tédio do “quotidiano” aumenta.
Não sei porquê, mas, sempre que penso nela ou ouço a palavra “quotidiano”, parece que me fica no ouvido e vou-a repetindo interiormente vezes sem conta.
Tiago S. (10.º 4.ª)

Raios
Raios, não os que existem nas trovoadas, mas sim a palavra que uso desde há muito tempo, quando algo desagradável acontece. Penso que a primeira vez que disse “raios” foi aos oito anos, quando me queimei numa frigideira. Com a dor no dedo, consegui travar o comboio de asneiras e gritos que queria libertar e gritei simplesmente “raios!”. Desde esse momento que, sempre que me esqueço de alguma coisa, me aleijo ou me engano, digo apenas “raios” ou, mais raramente, “fogo”. Penso que a razão por que uso esta palavra é que me permite exprimir raiva e dor sem incomodar as pessoas com asneiras e outras profanações.
Miguel (10.º 2.ª)

Ridículo
Já o digo quase que inconscientemente.
Penso que devo ter começado a dizer “ridículo”, no início deste ano lectivo, quando uma amiga minha disse essa palavra a meio de uma frase. Lembro-me que parei por uns instantes, admirando a sua fonética. Adoptei-a nesse preciso momento. Desde esse dia, digo “ridículo” constantemente. Acabo por não ter muito em conta o seu significado, pois uso a palavra para situações que de ridículo não têm nada.
Por vezes, chego a irritar algumas pessoas, de tantas vezes a dizer. No entanto, tenho vindo a reparar que algumas pessoas que me são mais próximas têm começado a dizer “Ridículo” mais frequentemente. Muito provavelmente, influência minha…
Marta (10.º 2.ª)

Sabedoria
«Sabedoria» é uma palavra de que gosto, devido à sua origem, o saber, e à sua sonoridade.
A «sabedoria» é o que toda a gente procura. Eu não fujo à regra.
É uma palavra que aprendi logo na minha infância. Quando me perguntavam que profissão queria seguir, eu, na minha ingenuidade, respondia que ainda não a tinha escolhido. Queria aprender para enriquecer a minha sabedoria.
Durante estes anos todos que estudo, é para alcançar este meu objectivo, a sabedoria total, que trabalho.
Ricardo (10.º 6.ª)

Salteadores
Talvez não tenha grande aparência nem som ou imagens originais, mas talvez nela reveja os melhores tempos que já passei. «Salteadores» gritava o guia da excursão que, juntamente com os meus pais e outros amigos, fizemos às minas do sal na Alemanha. Penso que tudo esteja relacionado: a visita às minas e a própria constituição da palavra «salteador», sendo que estávamos nas minas do sal e, numa certa parte da visita, que era constituída por um passeio de comboio, passeios a pé, etc. Tínhamos de saltar para um escorrega inclinado, que percorria em curvas uma longa distância, por entre um apertado túnel. Dentro das minas, era necessário utilizar este túnel para trocar de piso e percorrer todo o percurso estipulado.
Ao mesmo tempo, o guia alemão apelava à atenção dos visitantes, gritando «salteadores», pois, apesar de ser alemão, a visita era em inglês e a única palavra em português que ele sabia pronunciar era «salteadores». Não sei porquê, nunca lhe perguntei. O que é certo é que todas as aventuras dessa visita me marcaram muito. Talvez por isso tenha grande admiração pela palavra «salteadores».
Susana (10.º 5.ª)

Sempre
Lembro-me da quantidade de vezes que ouvi esta palavra.
É tão bom ouvi-la da parte de alguém de que realmente gostamos em relação a uma situação que, igualmente, desejamos. Hoje em dia, essa palavra chove entre as pessoas e cria um enorme sorriso.
Mas também me lembro da quantidade de vezes em que esta palavra não foi cumprida. As pessoas utilizam-na por todos os motivos e mais alguns e, na maior parte dos casos, no dia seguinte já não se lembram dessa promessa.
Muitas vezes, admito, também digo “sempre” sem qualquer nexo. Mas começo a ter uma noção do meu significado da palavra. Adquiro-o todos os dias e todos os dias o vou aperfeiçoando.
Talvez seja melhor não o dizer. É uma palavra estranha: causa muita alegria mas, às vezes, faz medo.
Joana G. (10.º 1.ª)

Sempre
“Sempre” é uma palavra de que sempre gostei. Gosto dela pois é o contrário de “nunca” e eu acho que nunca devemos desistir.
“Sempre” é das primeiras palavras que me lembro de dizer e escrever, logo a seguir a “mãe” e “pai”, pois sempre gostei do seu som e entoação.
“Sempre” é uma palavra de que todos devíamos gostar para evitar que tantas coisas acabassem (como as amizades, os casamentos, a vida, o mundo…).
Mariana (10.º 2.ª)

Sublime
A palavra “sublime” há já algum tempo que me acompanha. Lembro-me da primeira vez em que a vi, ali , só, no fim da frase, posta de lado. Foi amor à primeira vista.
Rapidamente, levantei-me daquele sofá velho, escuro e desconfortável e, a andar apressadamente, fui ver o seu significado: “(…) fantástico.”
De facto, aquela palavra não podia ser mais fantástica. Parecia evocar um certo regresso aos tempos mais remotos (talvez pelo facto de constar nos Maias), estava envolta em magia e, estranhamente, recordava-me aquelas aulas entediantes de Físico-Química em que no laboratório, em grupos de quatro, tentávamos realizar o processo de “sublimação”.
A partir daí, comecei a utilizar “sublime” para tudo e para nada. Sempre que algo de bom acontece, sílaba a sílaba, sai ela da minha boca: ”Sublime”…
Joana C. (10.º 6.ª)

Supostamente
A primeira vez que ouvi a palavra deu-me gosto: “supostamente”, repeti. Não sei a razão, mas gosto de dizer a palavra. Sempre que posso, tento enfiá-la em alguma frase, lá pelo meio. As frases parece que ficam mais ricas.
Acho piada também ao seu significado, que tenta exprimir a nossa dúvida: por exemplo, “se ele” supostamente voa, porque é que se encontra no chão?
Também acho piada, mas igualmente estranho, que, quando digo a palavra com a minha mãe perto, ela diga que é uma palavra fina. Não percebo bem porquê, se calhar não a ouviu muitas vezes na infância e acha isso. Seja como for, “supostamente” é a minha palavra favorita.
Tiago (10.º 6.ª)

Surfar
É uma palavra que há uns tempos tenho utilizado muito. Está relacionada com as conversas entre amigos, com as marcações de aulas de surf todos os fins-de-semana.
Utilizo-a muito quando a Catarina me pergunta:
— Que vais fazer este fim-de-semana?
E eu respondo:
— Vou surfar.
Ou quando alguém me pergunta o que tenho feito e eu respondo: “escola, amigos, sair e, claro, surfar”.
Como é bom estar na crista da onda.
Vanessa S. (10.º 6.ª)

Surripiar
Estava eu dentro daquelas quatro odiosas paredes a aprender a falar. Era mais uma daquelas tardes gastas a aprender a pronunciar palavras espinhosas.
Naquele dia já tinha esbarrado em várias palavras, como se a minha voz fosse um carro que se recusasse a arrancar. Uma delas era a palavra “surripiar”. Era a última que iria pronunciar naquele dia.
Lentamente, comecei a dizer o “su”, sílaba fácil e dita sem rodeios, ”rri”, mais difícil, dois ”r” só trazem desgraça e acabei com um “pier”.
Fui logo corrigido: “piar”, não “pier”. “Pier” não existia.
Eu, transido de medo, não piava. Apenas pensava que faltavam poucos segundos para a minha libertação.
Repeti a palavra e, desta vez, disse-a bem. Até bem de mais. Tinha dito “piare” e não “piar”, mas o erro não tinha sido notado.
Pedro G. (10.º 2.ª)

Talvez
Escolhi esta palavra porque a utilizo frequentemente, mas já a tinha elegido como minha preferida antes deste trabalho.
É uma palavra que pode ser aplicada em muitas situações diferentes, principalmente como resposta a perguntas de sim ou não. Porém, esta palavra representa também medo. Medo de estar a fugir às responsabilidades, pois, respondendo “talvez”, posso escapar a uma pergunta, deixar as pessoas em dúvida, trazendo consequências futuras. É também uma boa maneira de evitar responder a perguntas em cuja resposta não quero ser conclusivo.
Por outro lado, a parte boa da palavra é que representa a liberdade. Faz-me lembrar de como o futuro é incerto. Mais ainda, faz-me lembrar de que tenho futuro e um leque de infinitas possibilidades, uma das quais não me irá deixar mal, certamente. Esta é a principal razão pela qual, apesar do medo, uso “talvez” como resposta a muitas perguntas. Transmitir às pessoas a ideia de que não estão dependentes de uma resposta e que podem optar por uma alternativa.
João Af. D. (10.º 1.ª)

Tipo
Tipo, não sei, estão a ver aquele tipo de palavras que, tipo, se vão assim tornando irritantes pelo simples facto de as pessoas estarem sempre, assim tipo, a repeti-las; tipo, estão a ver?
Quero dizer: se virmos bem, tipo para piorar as coisas, quando paramos para pensar o que estas palavras, tipo, podem querer dizer, a sua utilização, torna-se ainda mais, vá lá, tipo estúpida!
Vamos pegar numa palavra ao acaso, sei lá, tipo “tipo”. Imaginem alguém que, tipo, passa a vida a dizer “tipo”? O que é que isto pode querer dizer? Tipo, um “tipo” pode ser aquele rapaz que vemos a passar, pode ser tipo um tipo ou género de coisa ou então pode ser aquela palavrinha enervante que algumas pessoas dizem, tipo, cem vezes em cada frase… Tipo, coisa mais irritante!
Felizmente, não tenho esse hábito. Tipo, já tive, é verdade. Mas, tipo, já me passou…
Ana (10.º 4.ª)

Totocarro
Depois de mais um dia de escola, a pressa de apanhar o primeiro autocarro que chegasse faz-nos enganar e dizer novas palavras. Palavras ridículas, mas que nos ficam no ouvido devido ao contexto em que são ditas e à maneira como as ouvimos.
Desde um dia desses, esta palavra ficou no meu vocabulário e no de quem a ouviu. É uma palavra que não tem grande importância para alguns, mas que tem significado para mim, pois faz-me lembrar grandes momentos passados na Delfim, junto dos meus amigos. “Totocarro” passou, assim, a ser uma de tantas palavras por nós inventadas em contextos de brincadeira ou, simplesmente, por engano.
Carla (10.º 2.ª)

Tranquilidade
“Tranquilidade” é uma palavra a que, quando via os Gato fedorento a imitarem o Paulo Bento, achava imensa piada. Desde aí comecei a dizê-la no meu dia-a-dia. A palavra “tranquilidade” é mesmo tranquila, durante todo o dia do treinador, por exemplo: “Acordo com tranquilidade, tomo o pequeno-almoço no quarto do hotel com tranquilidade, vou treinar a maravilhosa equipa com tranquilidade”.
Só ouvir a palavra dá-nos verdadeira serenidade, pelas gargalhadas dadas e pela comédia de Ricardo Araújo Pereira.
João M. (10.º 5.ª)

Universo
O seu significado seria um único verso, mas, afinal, a palavra abrange algo muito maior e mais complexo. Só existe um e é tudo (talvez seja por isso que o “U” é usado). O “U” implica um grande movimento da boca: talvez seja essa a razão por que gosto desta palavra.
“Verso” refere uma simples frase poética, mas que expressa qualquer sentimento. A junção destas duas palavras dá a magnitude do “Universo”, a sua extrema simplicidade para retratar algo enorme e belo.
Sempre que a oiço, desperta-se dentro de mim uma sensação de concentração e curiosidade, mista, mas, ao mesmo tempo, acolhedora. Raras são as palavras que transmitem sensações: “Universo” é a que entre elas se destaca.
Francisco Ch. (10.º 2.ª)

Urinol
Desde os meus nove anos que o uso, mal entrei para o 2.º ciclo do ensino básico. Não sei como me afeiçoei a ele, já que não passa de um bocado de pedra, preso à parede, que só serve para as necessidades básicas de uma pessoa.
Se forem procurar ao dicionário encontram: “reservatório para libertar/excretar urina”. Mas para mim representa muito mais do que isso.
Muitas das vezes no intervalo digo ”vou urinar” e lá passo eu aqueles minutos de descanso em frente àquela peça de louça. Noutras, inconscientemente, os meus passos levam-me ao WC e lá dou por mim, mais uma vez, em frente ao mesmo, a mictar.
Tantas vezes o faço que a muitos parece um vício (estranho!). Não me importo. Partilho com ele um momento único: muito mais do que o cumprimento de um dever do corpo, a sensação de prazer e de alívio que sinto ao ver correr aquele líquido amarelo pelo suas paredes brancas.
O urinol. É uma peça que me fascina desde pequeno, chegando a ter uma colecção de fotografias dos mesmos. Talvez por isso nunca vou a lugar nenhum que não faça uma visita ao WC e não admire o urinol. Aliás esta é também uma forma muito eficaz de avaliar o sítio onde estamos, tendo em conta a sua limpeza (ou ausência dela), bem como as pessoas que o utilizam, observando os hábitos de etiqueta inerentes á sua utilização.
Concluindo, o urinol pode não passar de um monte de pedra ou uma peça de louça inestética para uns, mas, para outros, pode ser uma maneira muito gratificante de passar os intervalos ou preencher algum do tempo livre, bem como uma forma diferente de avaliar as pessoas.
Diogo (10.º 1.ª)

Viagem
Não se pode negar que viver é viajar,
É evoluir a cada momento,
Curtir cada experiência da vida!
Saber os equipamentos para não sofrer,
Não se intimidar em seguir o caminho mais desconhecido,
Pois esse, provavelmente, é o mais certeiro.
É estar aberto a novas descobertas!

Não se pode negar que amar é viajar,
Viajar para um mundo novo, desconhecido por muitos
E evitado pelos mais fracos.
Só aquele que já viajou dentro de si próprio e se adorou
Possui essa arte de amar...
Sem medo ou receio.
A viagem do amor é esplendorosa,
Porém, cabe a nós, viajantes, sermos cautelosos e sábios nessa viagem!

Não se pode negar que ler é viajar,
É conhecer histórias novas e cenários novos.
É uma viagem fascinante,
Onde você pode estar a qualquer momento em cada virada de página.
É enriquecer o vocabulário e fazer surgir novos pensamentos!
Os que passam horas desbravando-se em livros
Só os meus aplausos têm,
Pois eles estão fazendo a viagem enriquecedora para a vida toda!

Não se pode negar que escrever é viajar:
A cada verso aqui escrito,
Estou viajando no meu interior,
Buscando cada palavra para um poema completar.
Escrever é viajar para outro mundo,
Que poucos procuram desbravar!
Para realizar essa viagem é preciso mais do que conhecimentos,
Precisa de uma mente engenhosa que adora criar e viajar
Em si!

Não se pode negar que recordar é viajar,
É lembrar de cada momento vivido sem exaltar,
É ler aquela carta de um amigo tão querido que te faz chorar!
Recordar e sentir na pele aqueles momentos tão especiais,
Como se fossem hoje!
Não é uma viagem fácil de se enfrentar,
Mas todos que são valentes o bastante para chorar
Vão se deliciar, no mar de recordar!

Não se pode negar que ser você é viajar,
É se amar,
Não ter medo de brilhar,
Sonhar, independente dos obstáculos que terá de enfrentar,
Para o sonho realizar!
É quebrar os muros mais altos para crescer.
É ter sede de vencer, mesmo que se esteja atravessando o deserto.
É respirar e admirar todas as coisas belas a te rodear
E nunca esquecer
Que há uma força maior a te proteger!
Amanda (10.º 2.ª)*
[*falante da variante brasileira do português]

Vida
É uma palavra cujo significado é subjectivo. Para mim, significa a paixão de amar e do relacionamento com seres vivos; para ti, talvez — não sei — uma forma de passar o tempo, um momento de abertura ao conhecimento, em que pensas, reflectes e compensas o facto de à vida não ligares.
Um sentimento estranho invade-me quando alguém a perde, tentando por tudo tê-la bem junto a mim. Como será do outro lado? Continuarei a poder amar e a relacionar-me com quem quer que seja? Ou ficarei, simplesmente, deitado para sempre? Poderei voltar a viver?
Precisamente por tão abstracto e sem resposta ser o seu significado, faço de vida a minha palavra favorita.
Tomás (10.º 6.ª)

Voluntariado
“Voluntariado”, uma mistura de sons, uma mistura de letras, uma mistura de sílabas que exprime uma mistura de ajudas. “Voluntariado” é uma palavra que me toca no fundo do coração, pelo seu significado, mas também pela sua fonia, pela mistura de sons. Já tentaram dizer esta agradável palavra, sílaba a sílaba: “vo-lun-ta-ri-a-do”? O que sentem?
Eu creio que todos os seres humanos têm uma missão de vida. Acredito que a nossa existência, a nossa razão de existir e, no fundo, de viver, é termos uma missão. Eu acredito que a minha missão de vida seja ajudar os outros voluntariamente, isto é, ajudar os que mais precisam, não por algo em troca ou por obrigação, mas porque aprecio e gosto de fazer o tal “voluntariado”.
“Voluntariado”. Não vos toca? Não sentem um aperto no coração? Pois eu sinto. “Voluntariado” comecei a dizê-la ainda a minha vida não tinha sido apercebida por alguns. “Voluntariado”: admiro-o e pronto!
Filipa (10.º 4.ª)

Vrandovsky
Esta é a minha alcunha, foi-me atribuída no meu nono ano, por um colega meu, não sei bem porquê. Lembro-me que a alcunha dele era Yuri Grovsni.
Tenho grandes recordações ligadas a esta palavra. Embora o meu nono ano não tivesse sido um dos melhores anos da minha vida escolar, posso dizer que esta foi uma das poucas coisas boas que me aconteceu durante aquele ano e de que ainda hoje me lembro. Nos dias de hoje, poucas pessoas me tratam por esta alcunha. Apesar disso, acho a palavra muito querida e especial: é diferente de todas as outras, tal como o meu nome. E o facto de ter ficado com esta alcunha faz com que nunca me esqueça deste meu colega e das tais poucas coisas boas que então me aconteceram.
Vranda (10.º 6.ª)


É uma expressão usada em Angola para demonstrar espanto, entusiasmo.
Quando ainda morava em Angola, achava um bocado estranho o uso frequente da palavra xé. Achava-a também engraçada e até a comecei a dizer.
Fui crescendo com a palavra, passando a gostar muito de a usar, com aquele sotaque angolano, que às vezes me perseguia, até que vim viver para Portugal.
Nunca mais ouvi a palavra, mas houve um dia em que um colega me pediu para dizer uma palavra ou expressão tipicamente angolana. Lembrei-me logo do xé. Por causa desta palavra, houve uma altura em que me chamavam “Pedro Xé” (por acaso, não gostava muito desse tratamento).
Hoje em dia, oralmente, não a uso, pois não gosto de falar nem com sotaque nem com expressões angolanas. Mas, quando vou para o computador e jogo qualquer coisa nele com um amigo, costumo dizê-la na brincadeira (como já disse, para referir o entusiasmo ou o espanto do momento).
Agora, que a minha família angolana veio para Portugal viver, talvez fique com a palavra na língua. Tenho de admitir que até gosto de a dizer.
(Já agora, um contexto em que a palavra se enquadre:
— O teu irmão está doente, não está?
! Nem penses nisso!)
Pedro (10.º 1.ª)

Xenofobia
Era pequena, quando a ouvi da minha mãe. Naquela altura, pensei sobre o que seria aquela palavra tão exótica, talvez por começar pela letra X. Anos mais tarde, na escola, ouvi-a e aprendi finalmente o seu significado. Nesse momento, pensei, tristemente, em como é que era possível uma palavra tão engraçada, original, descrever algo tão desagradável. Mas, independentemente do seu significado, é uma das minhas palavras favoritas. Talvez seja por esta palavra que as restantes palavras com a letra xis também me fascinam.
Cláudia (10.º 2.ª)

Zen
Raras vezes uso esta palavra. Nem a uso, nem é bem uma palavra portuguesa. Contudo, é das poucas palavras que começam por “z” e têm três letras (ou talvez seja mesmo a única palavra assim).
Foi talvez por isso que a aproveitaram para descrever o que descreve: por ser rara, pouco usada e algo misteriosa.
Já estive perto do estado que esta palavra rotula, mas nunca disse “estive quase em zen”... Estive distraído, estive “na lua”, mas nunca estive em “zen”.
Jorge (10.º 2.ª)