Aulas (1-20)
Aula 1-2 (15 [5.ª], 18 [3.ª], 19/set [4.ª, 1.ª]) Começámos por explicar os elementos que escolhera para representar cada os escritor no slide inicial da apresentação. Houve também referência à recente polémica da estátua de Camilo no largo da Cadeira da Relação no Porto. Viu-se esta reportagem («vox populi»).
Os parágrafos que se seguem tratam dos
autores de que este ano mais falaremos: o Padre António Vieira, Almeida
Garrett, Camilo Castelo Branco, Eça de Queirós, Antero de Quental, Cesário
Verde.
Deves assinalar a
veracidade (V) ou falsidade (F) das frases. Algumas escondem subtis
impossibilidades, anacronias; mas também é preciso ter em conta que, muitas
vezes, os escritores são efetivamente excêntricos.
António Vieira
(1608-1697)
O Padre António Vieira
atravessou o Atlântico sete vezes, tendo morrido na Baía.
Nas suas atividades
evangelizadoras dos índios, no Brasil, os jesuítas — a Companhia de Jesus, a
que pertencia o Padre Vieira — usavam a variante sul-americana do português.
Para assistir aos sermões
do Padre António Vieira, ia-se de madrugada à igreja, a fim de reservar o
lugar. Havia até quem acampasse à frente da igreja, nos dias anteriores.
Um dos mais famosos
sermões de Vieira, o «Sermão de Santo António [aos Peixes]», foi proferido no
Oceanário de Lisboa, em frente às carpas e aos atuns.
Almeida Garrett
(1799-1854)
Careca, Garrett usava uma
peruca, mas tinha o cuidado especial de que o seu cabelo parecesse natural e,
por isso, ia trocando de cabeleira periodicamente, simulando o crescimento
natural do cabelo.
Garrett usava um espartilho,
para parecer ter a cintura muito fina, e um sutiã, para parecer ter um peito
bem proporcionado.
Aos vinte e tal anos,
Garrett namorou uma rapariga de onze.
Garrett tinha pernas — ou
parte das pernas — postiças, mas movia-se com assinalável elegância.
Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett, é uma peça que,
fantasiando-os, se inspirou em factos da vida do escritor cujo nome Garrett pôs
no título, Manuel de Sousa Coutinho (1555-1632).
A primeira representação
de Frei Luís de Sousa foi feita no
Jardim Zoológico de Lisboa, perto da zona dos elefantes.
Camilo Castelo Branco
(1825-1890)
Quando, por crime de adultério, esteve preso na
cadeia da Relação do Porto, Camilo saía, por exemplo, para ir jantar fora ou
para levar a consertar os sapatos da amante.
Para poder usufruir da herança do filho, Camilo
teve de fingir não ser ele seu descendente.
Eça de Queirós
(1845-1900)
Eça de Queirós, aclamado
em Vila do Conde como natural desta cidade, nasceu na Póvoa de Varzim.
Ramalho Ortigão
(1836-1915) — coautor, com Eça, do Mistério
da Estrada de Sintra — foi professor do amigo, quando este tinha cerca de
dez anos.
Na Relíquia, romance de Eça de Queirós, o protagonista tem o azar de
fazer uma troca na prenda que queria oferecer à sua tia beata (cuja fortuna
queria herdar): em vez de uma relíquia da Terra Santa embalou a camisa de
dormir da mulher com quem estivera.
Em Os Maias há pelo menos quinze refeições completas, algumas narradas
em três páginas mas outras em vinte e seis.
Dois dos romances de Eça
aproveitam situações de incesto. Em A
Tragédia da Rua das Flores, o incesto envolve mãe e filho; em Os Maias, o incesto é entre irmãos.
Antero de Quental
(1842-1891)
Antero só ingeria alimentos uma vez por dia.
No relatório científico sobre as doenças de Antero
(«Nosografia de Antero», por Sousa Martins), diz-se que sofria de efodiofobia
(‘medo de preparar ou expedir malas de viagem’), doença que teria contribuído
para o seu suicídio.
Antero suicidou-se com dois tiros na cabeça (entre
o primeiro tiro e o segundo mediou cerca de um minuto).
Cesário Verde
(1855-1886)
Em casa dos pais de
Cesário Verde, aos serões, saboreavam-se doçarias de cocó.
Na loja de ferragens,
negócio da família, Cesário Verde, vestido de azul, tinha à venda camisolas de
algodão e chinelas de tranças. Chegou a vender calda de tomate.
Cesário Verde, já muito
doente, esteve, a conselho do médico-santo Sousa Martins, a aproveitar os ares
do campo em Caneças e, depois, no Lumiar, onde aliás morreria.
A propósito de dialetos:
[Com as folhas de
caderneta:] No retângulo ao canto superior direito, cria definição telegráfica,
em acróstico, com o teu nome (aquele por que serão chamados em aula), com verbo
+ advérbio (cfr. exemplo com Camilo):
Cegar angustiadamente
Amar sempre
Morar longe (da cidade)
Injuriar desbragadamente (nas polémicas)
Ler compulsivamente
Ostracizar repetidamente
No retângulo ao centro,
cria uma ou duas quadras...
em heptassílabos (redondilha maior);
rima cruzada (A-B-C-B);
que aluda ao próprio autor (espécie de autorretrato).
TPC
— Em Gaveta de Nuvens lê ‘Preceitos para o trabalho ao longo do ano’.
Aula 3-4 (18 [5.ª], 20 [1.ª, 3.ª], 21/set [4.ª]) Devolução das folhas de caderneta, para melhoria ou verificação de marcações minhas.
Vai até às pp. 327-328 do
manual, onde está um grupo II de uma ficha que imita o estilo das provas de
exame. Lê o texto «A tua estátua», de Capicua,
e vai resolvendo as perguntas que faço:
No primeiro parágrafo, logo na linha 1,
«Tornei-me amiga de Cesário» — que é uma expressão conotativa, figurada — pode
traduzir-se, em termos mais denotativos, mais objetivos, por «. . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . de Cesário».
No resto das ll. 1-7
ficamos a perceber que «De tarde» é {risca só o que esteja errado}
a) um poema de 1887.
b) uma composição poética de quatro quartetos.
c) uma descrição de cena campestre.
d) o louvor de um belo decote.
e) um par de mamocas.
f) uma refeição empratada por Ljubomir Stanišić,
com melão, pão de ló e malvasia.
g) um remate falhado por João Félix que acabou por
dar golo ao Barcelona.
O segmento «perpetuar um
jovem poeta na história da literatura portuguesa» (ll. 6-7) pode traduzir-se em
linguagem mais denotativa, mais direta, por «fazer que Cesário Verde . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . ».
No segundo parágrafo, ficamos a saber que
___________________ morreu ainda jovem. A cronista defende que uma das razões
de certas figuras ficarem na história deve ser a sua __________________
artística.
Na l. 12, «os que se
distraem a ouvir o coro das musas» (= ‘os artistas’) é uma {escolhe}
(A) perífrase | (B)
metonímia | (C) antítese | (D) hipérbole.
No terceiro parágrafo, dá-se-nos conta de
que a cronista {escolhe a única alínea certa}
a) conheceu uma sardenta.
b) leu uma quadra de Cesário (com rima cruzada) de
que gostou muito.
c) leu um quarteto pentassilábico (redondilha
menor) de Cesário Verde.
d) gosta de camélias tão meladas como os beijos do
coitado do Rubiales.
Resolve os itens 3, 4, 5, 7 do manual (pp.
328-329), selecionando a alínea certa:
3. = A | B | C | D
4 = A | B | C | D
5 = A | B | C | D
7 = (a): ___; (b): ___; (c): ___; (d): ___.
Põe na ordem correta os dezasseis versos do poema
(em quatro estrofes: 4 + 4 + 4 + 4) de Cesário Verde dentro do sobrescrito.
Desenho dos fragmentos de papel não é indicativo (versos já estavam misturados
quando os recortei). Ao contrário, as rimas são úteis (a rima é cruzada).
Podes agora ver melhor o
poema de Cesário
Verde que estiveste a reconstituir:
De tarde
Naquele pic-nic
de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão de ló molhado em malvasia.
Mas, todo púrpuro a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!
Cesário Verde, Cânticos do Realismo
Completa a minha análise de «De tarde», sabendo que as lacunas
correspondem sempre a expressões a transcrever do próprio poema.
Logo
o título, «_______», que é um modificador temporal, remete para um momento, uma
coisa «__________», que merecia ser registado numa «________», apesar de
aparentemente irrelevante.
Poderíamos
dizer que o momento em causa era suscetível de ser fixado numa polaroid (se no
século XX) ou numa imagem em instagram (atualmente), mas a pintura coaduna-se
bem com as várias referências cromáticas: o «granzoal ____», o «ramalhete ____»
ou, quando sai da renda, «_____». Quanto ao sol a pôr-se («____________»), é
uma notação de ordem visual e mais um elemento que aproxima o poema das
pinturas impressionistas (vem à lembrança o quadro «Déjeuner sur l’herbe», de
Edouard Manet, que usei como slide da
aula). Além das cores, há pormenores figurativos: o rendilhado do decote
por onde saem «______» (com que se comparam os «_______»).
Nem
só o sentido da visão é convocado, outros sentidos estão presentes: o olfato e
o gosto, a propósito das «_________», dos «_______», do «______» embebido em
vinho doce; e não será forçado vermos algo de tátil na alusão às «_______» que
saem do decote da rapariga.
Muito
característica do poema (e de Cesário Verde) é a sua narratividade. O poeta
parece ser um observador que faz parte do grupo (vejam-se os deíticos: pronomes
pessoais «__», «__»; determinantes demonstrativo «[n]____» e possessivo
«___»). Relata um episódio cuja protagonista é uma rapariga (uma burguesa?)
capaz de colher ramalhetes de papoulas «___________». As ações estão demarcadas
em função dos espaços («a _______», «em ________») e do tempo («foi _______»,
«pouco _____»).
A
última quadra (não, não é um soneto: são quatro quartetos) apresenta-nos o
sujeito poético (o «narrador») embevecido com o supremo encanto do «_____» (e
não é interessante o uso do estrangeirismo?). Esse primeiro plano da câmara
termina com o verso «_______________», que quase repete o v. 8 («______________»).
Os artigos definidos no último verso do poema («____», em vez do indefinido «__»,
que estava no v. 8; e «[d]__», em vez da preposição simples «__») mostram que a
observação se foi aproximando e que o ramalhete de que se fala já é
inconfundível. A outra diferença entre os versos é o v. 16 terminar com um
_________.
E,
se atentarmos no som, perceberemos que há nesse verso uma aliteração [cfr. p. 383], conseguida pela repetição
da consoante «__». Já na segunda estrofe havia uma figura fónica idêntica,
entre a assonância (‘repetição de som vocálico’) e a aliteração, no verso
«________________», em que predominavam as vogais nasais e a consoante z.
Acerca
da quadra final é ainda preciso referir que a alteração da ordem natural da
frase, uma anástrofe ou hipérbato [cfr.
p. 383], faz que o último verso seja o grupo nominal que se pretende destacar
(«_________________»). Por outro lado, por marcar uma oposição, uma
reorientação, a conjunção adversativa «___» valoriza o que depois será o foco
da quadra.
Também
o tempo verbal usado nesta quarta estrofe, o imperfeito do indicativo («__»),
marca a perenidade daquela visão singular, por contraste com o incidente,
efémero, que era a merenda de burguesas (a que convinha o perfeito do
indicativo: «houve», «foi», «____», «______», «_______»).
Escreve
um texto em prosa sobre um momento que devesse ficar fixado (talvez realçado
dentro de um incidente que tudo destinasse ao esquecimento). Será uma espécie
de polaroid —
ou imagem de instagram? — redigida.
Só
as partes já lançadas seguem o modelo de «De tarde». No resto, aconselho apenas
que a descrição/narração seja detalhada e se evite estilo brincalhão ou
irónico.
[título:]
__________________________
{que
será grupo preposicional ou — mais genericamente —
modificador do grupo verbal, como é De tarde}
Em
{ou Em contraído (como Naquele/a)}
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . houve . . . . . . . .
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TPC — Prepara a matéria ‘deíticos’ (ou ‘dêixis’), lendo
a explicação nas pp. 364-365 do manual (não é preciso o exercício) e/ou
relanceando em Gaveta de Nuvens o capítulo «Deíticos».
Aula 5-6 (22 [5.ª], 25 [3.ª], 26/set [1.ª, 4.ª]) Correção de redação da última aula; e explicação da sinalética.
Preenche as lacunas da
síntese sobre Deíticos com estas
palavras:
momento / marcas /
situação / ato / enunciado / pronomes / verbos / enunciação / deítica /
determinantes/ espaço / referentes / produto / advérbios
Vamos
distinguir enunciação e enunciado. Enunciado é o ____ de
uma enunciação; a enunciação é o ____ de produção desse enunciado (ou
seja, desse texto).
Os deíticos são ______ do processo de enunciação, porque
remetem para a situação em que o ____ é produzido. São palavras que só
podem ser compreendidas em função do contexto da ____.
Exemplos que dei foram os
de «este», «aquele» ou «ali», cujos referentes
se reportam ao ____ em que o enunciado estiver a ser produzido. Também
os pronomes pessoais e possessivos podem ter função ____, porque os seus
exatos _____ dependem do «eu» e do «tu» que intervenham na ____
de enunciação. Palavras como «agora», «amanhã», para serem percebidas, precisam
de ser relacionadas com o ____ da enunciação.
Os deíticos podem ser arrumados em pessoais, espaciais e temporais, e são os instrumentos da referência deítica ou dêixis. (Nas pp. 364-365 do manual,
apresenta-se um quadro com os deíticos mais comuns.) Entre as classes de
palavras que mais concorrem para a referência deítica encontramos a dos ____,
a dos _____, a dos _____. Os _____ e a sua flexão também
podem funcionar como deíticos.
Nas frases que te vou dar,
os elementos a negro nem sempre têm valor deítico. Verifica quais das palavras
a negro remetem efetivamente para a enunciação, sendo, portanto, verdadeiros
deíticos (D). À esquerda das frases
em que haja deíticos escreve D (as
outras — em que as palavras a negro remetem para referentes na própria frase,
independentes da enunciação — ficarão sem marca nenhuma).
Encontrei ali um ornitorrinco meu amigo.
O campo estava minado, mas foi aí que o patrão quis fazer o
piquenique.
Esses livros costumavam estar naquela banheira, aí ao lado. Ontem, porém, não os vi.
Hoje, estive em Llanfairpwllgwyngyllgogerychwyrndrobwllllantysiliogogogoch.
Neste
momento,
já não acredito em milagres.
Um dia antes, a Ermelinda já se tinha
aperaltado para o baile da José Gomes Ferreira.
Vocês fazem tudo o que lhes apetece e eu, estúpido, nem protesto!
Antes, era capaz de até nem se
importar, mas agora D. Afonso
Henriques não iria deixar passar aqueles
disparates: estava decidido a enfrentar tudo e todos.
Amanhã, vou comer as saborosas
framboesas.
Vou já
entregar esta folha.
[Esta segunda parte do
exercício, ainda que com as frases alteradas, foi retirada de: M. Olga Azevedo,
M. Isabel Pinto, M. Carmo Lopes, Da
comunicação à expressão. Exercícios.]
O ano passado usámos este
discurso de Bean, um autêntico desastre
para assinalar anáforas e seus antecedentes. Hoje vamos aproveitar o mesmo
texto para marcar deíticos.
Como te lembrarás, Bean
falava perante uma plateia de cidadãos americanos, na presença do milionário
benfeitor que tinha adquirido o quadro «A mãe de Whistler» para o doar a um
museu. O orador tinha a célebre pintura à vista e para ela ia apontando.
Distinguirás deíticos pessoais, espaciais, temporais. Tem em conta que certas
palavras acumulam valor deítico de dois ou mesmo dos três tipos.
Bem... Olá. Eu sou o Dr.
Bean (pelo que parece).
O meu trabalho consiste em
sentar-me a olhar os quadros. Portanto, o que aprendi eu que possa dizer sobre
este quadro?
Bem, primeiro que tudo,
que ele é muito grande. O que é magnífico, pois, se ele fosse muito pequeno —
microscópico, estão a ver —, ninguém conseguiria vê-lo, o que seria lastimável.
Em segundo lugar — e estou
a aproximar-me do fim desta análise do quadro —, em segundo lugar, porque é que
se justifica que este homem tenha gasto 50 milhões dos vossos dólares na sua
compra?
E a resposta é... Bem,
este quadro vale tanto dinheiro, porque é um retrato da mãe de Whistler e, como
eu aprendi ao ficar em casa do meu melhor amigo, David Langley, e da sua
família, as famílias são muito importantes e, apesar de o Sr. Whistler saber
perfeitamente que a sua mãe era uma avantesma atroz com ar de quem se sentara
num cato, ele não a abandonou e até se deu ao trabalho de pintar este
extraordinário retrato dela. Não é apenas um quadro, é um retrato de uma velha
taralhoca e feiosa que ele estimava acima de tudo.
E isso é maravilhoso. Pelo
menos é o que eu penso.
1.1 [Dou-te já as palavras
possíveis, misturadas com outras erradas; circunda as que são mesmo deítico no
contexto do clip:]
a. deíticos pessoais que remetem para o enunciador: «crime»,
«meu», «me», «eu», «meus», «fui», «tu», «conseguimos», «colegas da ESJGF».
b. deíticos pessoais que remetem para o destinatário: «tu»,
«consegues», «ligue», «copinho de água».
c. deíticos temporais: «comecei a sentir», «senti», «tinha»,
«conseguia», «tive de voltar», «ganhei», «conseguimos», «hoje», «aviso amarelo
para uma data de distritos», «Trubin».
2 [escreve duas frases
integráveis no cartaz que tivessem deíticos temporais e espaciais:]
3 [esta pergunta
parece-me mal pensada; a solução proposta pelo manual é:] «Estás no
quarto? Traz-me os chinelos que lá estão» (deítico espacial); «Recordo,
por vezes, o tempo da infância como se lá estivesse novamente» (deítico
temporal)».
Lê um dos «Questionários
de Proust» que o Público publicou um destes verões. Marcel Proust
foi um escritor francês (1871-1922), autor de Em busca do tempo perdido,
uma das mais importantes obras da literatura universal. Não foi ele que
concebeu o questionário; mas respondeu a inquérito semelhante (esta versão já
estará adaptada) e a sua resposta, encontrada mais tarde no espólio do
escritor, fez que o questionário fosse batizado assim.
Relanceia
a página do Público (com inquérito de Proust) que te tenha calhado. Responde
a algumas das perguntas do Questionário de Proust. (Como se percebe, trata-se,
por vezes, de procurar também ser espirituoso, nem sempre literal na resposta.)
Responde na ordem do inquérito, copiando também a pergunta. Podes descartar uma
ou outra questão (no total, não saltes mais de três itens).
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TPC — Completa, melhora, o que estiveste a escrever e traz-mo na
próxima aula. Em Gaveta de Nuvens deixarei exemplares do Questionário (aqui), para o caso de precisares de saber as perguntas.
Aula 7-8 (25 [5.ª], 27 [1.ª, 3.ª], 28/set [4.ª]) Na p. 12, vai lendo a apreciação crítica, por Luís Miguel Oliveira, ao filme Não olhem para cima e circunda o sinónimo que melhor poderia substituir no texto a palavra assinalada a negro. (Tirei cada grupo de quatro palavras de um dicionário de sinónimos, o que mostra que os sinónimos de uma dada palavra não se adequam a todos os contextos.)
famoso (linha 1) = brilhante |
exímio | célebre | esfaimado
iminência (3) = urgência | ameaça | proximidade | outeiro
ruído (7) = som | estrondo | motim | alarido
esfalfa (10) = estanca | afadiga | debilita | mói
exprimir (18) = declarar | falar| traduzir | dizer
sustentar (21) = restringir | aguentar | criar | governar
mosaico (23) = hebraico | embutido | judaico | miscelânea
incomodativo (24) = aborrecido | desagradável | maçador
| importuno
ansiar (25) = aspirar | oprimir | afrontar | agoniar
mantém (27) = segura | defende | observa | nutre
zangado (30) = amuado | bilioso | trombudo | contrariado
Responde ao item 6
na p. 13:
a. [nota que antes está o
nome filme] ________
b. [o segmento é substituível por o ou por
isso?] _______
c. [o verbo que antecede o segmento é tornar-se]
_______
d. [ansiar pode selecionar compl. direto mas aqui
segue-se a preposição por] _______
Depois de ouvires a entrevista
do astrofísico Ricardo Cardoso Reis à ingénua Guilhermina Sousa, lê o exercício de
Oralidade na p. 14 do manual e assinala a alínea correta de cada um dos três
itens [circunda a opção certa aqui a seguir]:
1 = A | B | C | D
2 = A | B | C | D
3 = A | B | C | D
O vídeo da ONU Não escolha a
extinção (p. 14) está legendado na variante brasileira do português (embora
se saiba que os dinossauros se expressavam ora em inglês ora em português
europeu). Passa o texto para a variante europeia do português:
Português (variante
sul-americana) |
Português (variante
europeia) |
Você está bem? |
Está bem? |
Precisa de um minuto? |
|
Legal. |
|
Escutem aqui, pessoal. |
|
Eu sei uma ou duas coisas sobre extinção. |
Eu sei uma coisa ou duas sobre extinção. |
E eu vou te dizer. |
|
Vocês podem até pensar que isso é meio óbvio: |
|
ser extinto é uma coisa ruim. |
|
E vocês mesmos se levarem à extinção? |
|
Em setenta milhões de anos essa é a coisa mais
ridícula que eu já ouvi. |
Em setenta milhões de anos nunca ouvi nada tão
ridículo. |
A gente pelo menos teve um asteroide. |
|
Qual é a desculpa de vocês? |
|
Vocês estão indo rumo a um desastre climático. |
|
E, ainda assim, todos os anos os governos gastam
bilhões de recursos públicos para subsidiar combustíveis fósseis. |
E, no entanto, ano após ano, governos gastam
centenas de milhões de recursos públicos em subsídios de combustíveis
fósseis. |
Imagine se nós tivéssemos gasto centenas de
bilhões por ano subsidiando meteoros gigantes. |
|
Isso é o que vocês estão fazendo agora! |
|
Pensem em todas as coisas que poderiam ser
feitas com este dinheiro. |
Pensem em todas as outras coisas que poderiam
fazer com esse dinheiro. |
Em todas as partes do mundo há pessoas vivendo
na pobreza. |
|
Vocês não acham que ajudá-las
faz mais sentido do que, sei lá, pagar para que sua espécie inteira morra? |
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Deixe-me ser sincero por um segundo. |
|
Vocês têm uma grande oportunidade bem agora,
enquanto reconstroem suas economias e se recuperam desta pandemia. |
Têm agora uma excelente oportunidade para
reconstruir as vossas economias e recuperarem desta palermia. |
Essa é a grande chance da Humanidade. |
|
Então, a minha ideia maluca é essa: |
|
não escolham a extinção! |
não escolham a extinção! |
Salvem as suas espécies, antes que seja tarde
demais. |
|
Chegou a hora de vocês, humanos, pararem de
inventar desculpas e começarem a comprar as vacinas das grandes farmacêuticas
e a encher os bolsos de todas as grandes empresas que nos patrocinam. |
Está na altura de vocês, humanos, deixarem de
arranjar desculpas e começarem a fazer mudanças. |
Obrigado. Um grande bem-haja à Santa Greta. |
Obrigado. |
Transcrevi algumas frases
da apresentação de Bruno Nogueira em O
último a sair, que já vimos o ano passado mas para outros efeitos. Se as
palavras sublinhadas forem deíticos,
marca-as com E(spacial), T(emporal) ou P(essoal).
Eu sou o Bruno Nogueira
e este é o meu mundo. / Como é que eu me defino? Humilde,
muito humilde. / Conhecias a palavra? É espanhol. / O meu maior defeito
é ser um coração de manteiga e as pessoas aproveitarem-se disso.
/ O meu padrinho, na noite de Páscoa, chamou-me para eu ir à despensa,
para ver se havia lá um busca-polos. / Este é o meu
quarto. / Todas as semanas, trago um idoso de um lar. / Andor.
Escreve o miolo de
um texto de opinião em que defendesses que não são urgentes medidas contra a
mudanças climáticas. Num texto destes haveria normalmente quatro parágrafos:
[Introdução]
[Primeiro argumento + respetivo exemplo]
[Segundo argumento + respetivo exemplo]
[Conclusão]
Estes textos de opinião
são muitas vezes o que se pede como grupo III de exame (200 a 350 palavras). O
conjunto dos parágrafos com os argumentos talvez deva ter cerca de 200
palavras.
[Introdução] Tem
estado na ordem do dia a chamada «emergência climática». Todos temos presente,
por exemplo, o percurso de Greta Thunberg, que pode servir para contextualizar
esta evolução das preocupações de boa parte da opinião pública ocidental. No
entanto, defenderei que, na verdade, não se trata de tema que nos deva
mobilizar. (ca. 50 palavras)
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TPC — Não deixes de ler a
ficha corrigida sobre deíticos que pus em Gaveta de Nuvens.
Aula 9-10 (29/set [5.ª], 2 [3.ª], 3/out [4.ª, 1.ª]) Entrega dos textos de opinião e a distinção entre argumento e exemplo.
Argumentos vs. Exemplos
Imaginando que teríamos como
exemplo «Gil Vicente, no Auto
da Barca do Inferno, utiliza as seguintes figuras alegóricas: o Anjo e o
Diabo», qual o respetivo argumento mais pertinente (entre 1-4)? [possíveis argumentos:]
1. O recurso a figuras
alegóricas provoca o riso.
2. A alegoria possibilita
a reflexão crítica de uma forma indireta.
3. O recurso a figuras
alegóricas é imprescindível para a moralização.
4. A alegoria é o recurso expressivo mais importante para a
crítica.
Distingue argumentos
(A) e exemplos (E):
1. Nos cortejos de
Carnaval são utilizados carros alegóricos para criticar aspetos sociais e políticos.
2. No Auto da Feira,
Roma é uma personagem alegórica.
3. A crítica veiculada de
uma forma indireta é mais feliz.
4. O humor é uma
manifestação de inteligência.
5. Nos seus sermões,
Vieira recorre a parábolas bíblicas e explica o seu significado alegórico.
6. O recurso à alegoria
contribui para cativar o auditório.
[os
exercícios em cima são de Maria João Pereira & Fernanda Delindro, Palavras
11, Porto, Areal, 2016]
Repara nesta classificação de tipos de argumentos
(usei sobretudo: Rui Alexandre Grácio, Vocabulário
Crítico de Argumentação, Coimbra, Grácio Editor, 2013):
Argumento por analogia — Assimilação de uma relação geralmente conhecida a outra, que
pode ser mais problemática. Aproximam-se dois fenómenos particulares. A refutação
típica de um argumento por analogia é «não se podem comparar coisas que não são
comparáveis». No campo jurídico, o precedente
implica um argumento analógico.
Argumento dedutivo (dedução) — Passagem de proposições,
tomadas como premissas, para uma nova proposição, que é a sua consequência
necessária. Trata-se de um argumento «lógico»: «Todos os homens são mortais | Arnaldo
é homem | Arnaldo é mortal».
Argumento indutivo (indução) — Passagem do particular para o geral. Partindo de um facto,
observação, experiência, conclui-se uma lei geral (estamos no domínio da
probabilidade): «A água do Tejo, do Douro, do Mondego é doce | O Tejo, o Douro,
o Mondego são rios | A água dos rios é doce».
Argumento de autoridade — Citação de alguém reconhecido como autoridade na matéria em
causa.
Depois de vermos dois
trechos de episódios da segunda temporada do Programa do Aleixo, completa.
episódio 1 (vê só de 1.20
a 5.10):
episódio 3 (vê só de 0.45
a 4.40):
No episódio 1 é discutida
a tese «É preferível urinar-se no _________________». Nesse «Debate Tipo Prós
& Contras», a referida tese é _____ por uns (Busto, Nélson) e refutada por
outros (Renato, Bussaco, Bruno).
Os «argumentos» — na verdade,
não se trata de argumentos bem formulados, mas podemos reconstituir as
premissas em que se fundariam —, em apoio ou em prejuízo da ____, podem
exemplificar a tipologia na página anterior (nota, porém, que este exercício é
bastante amador — é bem provável que estes «argumentos» pudessem ser escrutinados
de outro modo):
Completa
com dedutivo / indutivo / por analogia / de autoridade |
|
Faço na mata porque o
chichi também é natureza (Bussaco) {Mata integra natureza /
Chichi lembra natureza / Chichi deve fazer-se na mata} |
Argumento _____ |
Faço no duche porque uma
vez saí do banho para fazer chichi e, quando voltei para o banho, já não
havia água. (Nélson) {Uma vez saí do banho e
deixou de haver água / Presumo que todas as vezes que saia do banho faltará a
água} |
Argumento _____ |
Não havia água, porque
puxaste o autoclismo. (Renato) {Inválido, porque pode
haver outros motivos para faltar a água} |
Argumento indutivo |
Se não puxasse, ficava a
casa de banho a cheirar a chichi. (Nélson) {Se o chichi ficar na
retrete, a casa de banho cheirará mal / Se não puxar o autoclismo, o chichi
fica na retrete / Se não puxar o autoclismo, a casa de banho cheirará mal} |
Argumento _____ |
Se se fizer chichi no banho,
poupam-se descargas de autoclismo. (Busto) {Se se fizer chichi no banho,
usa-se menos vezes a sanita / Se se usar menos vezes a sanita, poupam-se
descargas do autoclismo / Se se fizer chichi no banho, poupam-se descargas do
autoclismo} |
Argumento _____ |
Ao contrário da água dos
autoclismos, que vai para o mar, a do duche volta a ser distribuída; por
isso, se se fizer chichi no duche, beberemos a nossa urina. (Bruno) |
Argumento _____, assente
em premissa falsa |
A água com detergente das
casas de banho vai para a piscina, porque a piscina tem um cheiro característico
e é azul, e a água com detergente tem um cheiro característico e é azul.
(Nélson) {Inválido, porque o
cheiro característico não tem de vir obrigatoriamente da água com detergente} |
Argumento _____ |
No episódio 3, Renato
alega que «uma vez, um homem morreu depois de ter bebido por latas com urina de
rato», o que constitui um argumento ________ (se isso aconteceu uma vez, é de
prever que aconteça assim mais vezes).
Falta-nos um exemplo de
argumento de autoridade, mas podíamos inventá-lo: {sobre a tese ‘Beber diretamente da lata é perigoso’}: «. . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .».
Na p. 56 tens uma nova apreciação crítica a um filme,
desta vez, ao filme sul-coreano Parasitas, realizado por Bong Joon-ho. O
autor do texto é Alexandre Borges.
Responde aqui às perguntas da p. 57.
1. No terceiro parágrafo, as
referências ao «jornal» e ao «filme sul-coreano» contribuem para realçar ({escolhe}
A | B | C | D)
2. De acordo com os dois
últimos parágrafos, Parasitas distingue-se de outros êxitos de
bilheteira de língua não inglesa (A | B | C | D)
3. Na frase «Ponham uma cara
feliz» (l. 1), o autor concretiza um ato de fala (A | B | C | D)
4. Com o uso da locução
«Mesmo que» (l. 2), introduz-se um valor de (A | B | C | D)
5. Todas as orações abaixo
transcritas são adjetivas relativas, exceto a oração (A | B | C | D) [repara
que, em «não assumindo que são a sua família» (l. 27), o segmento
sublinhado é substituível por «o», logo é complemento direto e oração
subordinada substantiva completiva]
6. Identifica as funções
sintáticas desempenhadas por
a. [dou-te a seguinte ajuda: «tão mais admirável» é o
predicativo do sujeito] _____
b. [não é agente da passiva, nem complemento oblíquo] _____
7. Identifica o tipo de dêixis
assegurado:
a. _____ | b. _____
Traduz de forma mais denotativa o que sublinhei (que está
usado no texto, portanto, conotativamente, isto é, em sentido figurado):
ll. 12-17: Não admira que
convidar alguém para ir ao cinema ver um filme sul-coreano se arrisque a ter
por resposta a expressão de terror de quem na verdade ouviu “pós-doutoramento
em culturas asiáticas e literaturas antigas comparadas, com aula prática de
tortura”.
Não admira que convidar
alguém para ir ao cinema ver um filme sul-coreano ____________
ll. 18-19: do filme de Bong
Joon-ho, que entre nós resiste há mais quatro épicos meses em cartaz.
do filme de Bong Joon-ho, que
entre nós ____________
ll. 41-42: Porque é humano, não uma
banda desenhada presunçosa e moralista.
Porque é humano, não _____________
O que te
peço são os dois parágrafos (com dois argumentos e respetivos exemplos — um por
cada argumento) [nas turmas com menos tempo: um parágrafo (com um argumento e
respetivo exemplo], em torno do tema proposto na p. 115: «Nos dias de hoje os
jovens mobilizam-se por causas».
A tua posição pode ser
favorável ou desfavorável a esta tese. Ambos os argumentos defenderão a mesma
perspetiva.
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TPC — Lê a ficha corrigida sobre Funções sintáticas em Gaveta de Nuvens.
Aula 11-12 (2 [5.ª], 4 [1.ª, 3.ª], 10/out [4.ª]) Correção de argumentos redigidos na aula anterior.
Na p. 21, vai lendo o texto
B, um excerto da introdução aos Sermões, de Vieira, por Maria das
Graças Moreira de Sá, e circunda o sinónimo que melhor poderia substituir no
texto a palavra assinalada a negro. (Tirei cada grupo de quatro palavras de um
dicionário de sinónimos, o que mostra que os sinónimos de uma dada palavra não
se adequam a todos os contextos.)
Versão 1
legou (linha 1) — constrangeu | doou | ligou | herdou
sacro (2) — adorado | respeitável | venerável | sagrado
carácter (3) — tom | gosto | bofe | temperamento
cerimónia (6) — cortesia | solenidade | delicadeza | seca
atingia (7) — conseguia | percebia | bolava | tocava
deparar (8) — aparecer | vir | encarar | achar
abraçarem (9) — desposarem | digerirem | abarcarem |
concordarem
apegado (10) — preso | rente | contíguo | amparado
tensões (11) — rigidezes | voltagens | pressões | tesuras
prendem (13) — vinculam | atraem | capturam |acolhem
ocultamente (14) —
sobrenaturalmente | guardadamente | particularmente | escondidamente
apetecida (18) — ambicionada | agradada | anelada | mirada
sujeitavam (19) — obedeciam | dominavam | obrigavam | debelavam
regime (20) — sistema | complemento | governo |
regulamento
proporcionavam (22) — adaptavam | propiciavam | sugeriam
| ajustavam
naturais (22) — nativos | simples | verdadeiros | verosímeis
empreendida (24) — apreendida | cometida | deliberada |
delineada
desígnios (25) — ânimos | desenhos | propósitos | alvos
empenhado (25) — travado | interessado | recomendado | penhorado
política (29) — estratégia | esperteza | reputação | cerimónia
Versão 2
legou (linha 1) — deixou | ligou | herdou | constrangeu
sacro (2) — respeitável | venerável | sagrado | adorado
carácter (3) — gosto | título | temperamento | cunho
cerimónia (6) — solenidade | polidez | etiqueta | cortesia
atingia (7) — entendia | bolava | tocava | conseguia
deparar (8) — vir | encarar | achar | surgir
abraçarem (9) — unirem | envolverem | concordarem | encerrarem
apegado (10) — rente | contíguo | amparado | preso
tensões (11) — voltagens | pressões | tesuras | rigidezes
prendem (13) — atraem | capturam |acolhem | ligam
ocultamente (14) —
guardadamente | particularmente | furtivamente | sobrenaturalmente
apetecida (18) — agradada | anelada | mirada | cobiçada
sujeitavam (19) — domesticavam | submetiam | humilhavam | amansavam
regime (20) — complemento | governo | regulamento | processo
proporcionavam (22) — davam | sugeriam | ajustavam | causavam
naturais (22) — puros | filhotes | verosímeis | nativos
empreendida (24) — cometida | deliberada | delineada | apreendida
desígnios (25) — desenhos | intentos | alvos | ânimos
empenhado (25) — apostado | recomendado | penhorado | travado
política (29) — finura | cortesia | cerimónia | estratégia
A crónica que ouvimos, «Os
índios chamavam-lhe Padre Grande» (Sinais, TSF),
de Fernando Alves, pode ser
sintetizada com o apoio da estrutura de um texto argumentativo como os de que temos
tratado. Completa o que se segue:
[Tese] Pichagem da estátua, com
a alegação de que Vieira foi _____, é ato idiota.
[Argumento 1 + exemplos]
Quem o fez _____ as posições de Vieira, que vão até em sentido contrário daquelas
em que o «escrevinhador» parece acreditar. Leiam-se vários _____ de Vieira (Sexagésima;
Epifania; Santo António aos Peixes); pense-se no ódio que lhe
tinham os _____, nas perseguições que sofreu da ______ e, ao contrário, na estima
que lhe tinham os índios precisamente (era o seu «Pai _____»).
[Argumento 2 + exemplos] Os que cobriram com tinta a
estátua não têm ideias, apenas a vontade de censurar as de quem tinha uma perspetiva
humanista, informada por um _____ vivido. O próprio Vieira era ____ de negra; viajara
pela selva; atravessara e naufragara no _____; defendia com naturalidade a
diversidade dos povos.
Podes também responder aos
itens 1.2 e 1.3 na p. 32:
1.2 = ___; 1.3 = ___.
Transcrição da crónica de
Fernando Alves:
Terá a mão que passou
tinta vermelha na estátua do Padre António Vieira folheado, brevemente, o Sermão
da Sexagésima? Aquela mão que escreveu, a tinta vermelha, no plinto da
estátua do Largo Trindade Coelho em Lisboa, a palavra «DESCOLONIZA», terá ela
afagado uma só página do Sermão da Epifania? Terá o escrevinhador de
estátuas tentado, ao menos, ler um parágrafo, um só parágrafo, do Sermão de
Santo António aos peixes? Pudesse, entretanto, vá lá, o seu gesto insano
erguer uma ideia, um traço, um frémito com a nervura humanista de uma só frase
de um sermão do jesuíta a quem os colonos portugueses do Maranhão tanto odiaram
e a quem os oficiais do Santo Ofício consideraram herético. Os índios
chamavam-lhe «Padre Grande». Pessoa o considerou «imperador da língua
portuguesa».
A mão que cobre a boca da
sua estátua a golpes de tinta, impondo ao bronze uma outra cor, de censura e
banimento, apaga afinal o que ele pensou em voz alta sobre a cor do tempo, a
cor da pele dos homens no seu tempo. Filho do filho de uma mulher negra, ele
explicou aos seus contemporâneos a causa das diferentes colorações da pele.
Subiu rios na selva, naufragou mais do que uma vez no mar que Colombo tracejou,
umas nações se lhe revelaram mais brancas, outras mais pretas porque, escreveu
ele, «umas estão mais vizinhas, outras mais remotas ao sol». Eis o que não é
percetível a quem se move no lado escuro do mundo, lá onde os gestos não
transportam a palavra capaz de alumiar uma ideia.
Depois de visto o trecho
de Parasitas, marca os deíticos (pessoais, temporais, espaciais):
Da-song, para! Desculpe,
ele assustou-o?
Que querido... E chama-se Da-song?
Sim, é o nosso filho mais novo.
Da-song, anda cá dizer olá. Este é o Sr. Kevin!
Aquela é uma seta índia, mandámo-la vir dos Estados
Unidos.
Ele anda obcecado por índios desde o ano passado.
Índios? Tem personalidade de um fanboy?
Bom, é excêntrico e distrai-se facilmente.
O Da-song é um artista por natureza. Ora veja este
quadro.
É tão metafórico. Muito forte mesmo!
É, não é? Você tem olho para isto.
É um chimpanzé, não é?
Um autorretrato.
Claro!
Assumindo que já teríamos
os parágrafos com o argumento 1 e o argumento 2 do que seria um texto de
opinião sobre a vandalização da estátua do Padre Vieira no Largo Trindade
Coelho, escreve agora os parágrafos de Introdução e de Conclusão. A tinta.
Cerca de 75 palavras cada parágrafo.
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TPC — Porei em Gaveta de
Nuvens mais tarde (aliás, chamá-los-ei brevemente à Classroom para pequena
tarefa).
Aula 13-14 (10 [1.ª], 11 [3.ª], 12 [4.ª], 13/out [5.ª]) Sobre recente Nobel da literatura, Jon Fosse; sobre recente Camões, João Barrento. Correção dos questionários de compreensão (sinónimos) feitos na aula anterior. Explicação de pontos prévios necessários à compreensão do «Sermão de Santo António» (Santo vs. Padre); cfr. Apresentação.
Reescreve em português atual essa didascália, colocando as
frases na sua ordem mais natural, trocando as palavras que pareçam antiquadas,
traduzindo a epígrafe latina.
SERMÃO DE SANTO
ANTÓNIO
PREGADO
Na
cidade de S. Luís do Maranhão, no ano de 1654.
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Vós sois o sal da terra (Mateus, 5, 13)
Completa a legenda dos verbetes:
As palavras «pregado» e «pregou» são formas do verbo «_______»
{indica também o número que identifica a
cabeça do verbete}. O étimo deste verbo é a palavra latina (aliás, do latim
falado por religiosos, o latim dito eclesiástico) «_______». Não se confunde este
verbo com o seu _______ {homógrafo /
homónimo / homófono} «_______», já que, tal como o nome que dele deriva,
«pregador», se pronuncia com E aberto (é),
cuja representação fonética é ___, enquanto o verbo cuja primeira aceção é ‘_________’
e cujo étimo, também latino, é «_____» se diz com um E que quase não se ouve (e), representado no alfabeto fonético
por um ___.
Tirei as frases seguintes do trecho de Parasitas que
estivemos a ver. Não copio o diálogo na íntegra nem tenho a certeza de não ter trocado
a ordem de algumas frases. Classifica os atos de fala (expressivo,
compromissivo, declarativo, diretivo, assertivo); cfr.
p. 362.
— Sente-se e aguarde aqui.
— Está contratado, Sr.
Kim.
— Quero comer pêssegos.
— Então é verdade. Que
triste!
— Ela disse que lhe foi
diagnosticada tuberculose ativa.
— As pessoas ainda apanham
tuberculose?
— E ela a lançar
perdigotos, a cozinhar, a lavar a louça...
— Eu não mencionarei a
tuberculose: invento uma desculpa qualquer para a despedir.
— Já lavou as mãos?
No site da Paróquia de Sant’Ana (Vinhedo, Campinas, São Paulo,
Brasil, América do Sul, Terra, Universo), dão-se-nos a conhecer vinte e um milagres
de Santo António. O quarto é o milagre
do sermão aos peixes, a cujo relato acrescentei duas intervenções da minha
lavra. Lê, riscando o que penses serem essas intervenções escusadas.
[4. Milagre do sermão aos
peixes]
Santo António foi pregar na cidade de Rimini, onde dominavam
os hereges, que resolveram não o ouvir. Frei António subiu ao púlpito e quase
todos se retiraram e fugiram. Não esmoreceu e pregou aos que tinham ficado. Inflamado
pela inspiração divina, falou com tal energia, que os hereges presentes reconheceram
os seus erros e resolveram mudar de vida. Mas o Santo não estava contente com
esse resultado parcial. Retirou-se para orar em solidão, pedindo ao Altíssimo
que toda a cidade se convertesse.
Saindo do retiro, foi direto às praias do Mar Adriático e, em
altos brados, clamou aos peixes que o ouvissem e celebrassem com louvores ao seu
supremo Criador, já que os homens ingratos não o faziam. Diante daquela voz
imperiosa, apareceram logo os incontáveis habitantes das águas, distribuindo-se
ordenadamente, cada qual com os da sua espécie e tamanho (dum lado, as baleias;
do outro, as pescadinhas de rabo na boca; do outro, os douradinhos do Capitão
Iglo). Os peixes ergueram suas cabeças da água e ficaram longo tempo imóveis, a
ouvi-lo (e, nas suas cabecinhas de peixes, alguns, como se fossem alunos da
ESJGF, pensaram: «que secante!»).
Os títulos dos outros milagres de Santo António citados no
mesmo site são:
«1. Os pássaros e a plantação»;
«2. O jumento curva-se
diante da eucaristia»;
«3. Livro roubado»;
«5. O prato envenenado»;
«6. Milagre da bilocação»;
«7. Controlo sobre o tempo»;
«8. Santo António cura um
louco»;
«9. Menino salvo pela fé»;
«10. Criada caminha sob
forte chuva sem molhar as roupas»;
«11. Santo António ressuscita
um morto»;
«12. Salvou um homem da
morte por esmagamento»;
«13. Cura de um menino
paralítico»;
«14. O menino Jesus aparece
ao Santo»;
«15. Santo António reconstitui
um pé decepado»;
«16. Morto fala em defesa
do pai de Santo António»;
«17. Recupera os cabelos
arrancados de uma mulher»;
«18. Conserva um corpo intacto
e faz nascer uvas numa videira sem frutos»;
«19. Anel desaparecido do
Bispo de Córdova é recuperado»;
«20. Ajuda um bispo a recuperar
papéis perdidos»;
«21. O casamento da jovem».
Depois de leres «4.
Milagre do sermão aos peixes», cria, no mesmo estilo, o relato de um dos outros
vinte milagres de Santo António na lista dada. Extensão será semelhante (pelo
menos, umas cento e cinquenta palavras). No teu relato (inventado, é claro),
não é necessário que Santo António viva na Idade Média, pode o contexto ser
contemporâneo. A tinta.
.
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TPC — Relanceia, em Gaveta
de Nuvens, alguns dos milagres de Santo António cujos títulos ficaram em cima.
Entretanto, pus na Classroom uma tarefa a que deves responder ao longo da
semana.
Aula 15-16 (11 [1.ª], 16 [5.ª, 3.ª], 17/out [4.ª]) Correção de «Questionários de Proust». Apresentação do quadro de capítulos do «Sermão» (cfr. Apresentação).
Audição de crónica radiofónica
(«Lugares comuns», Antena 1) sobre «Ser o sal da terra».
[linhas 1-12] Cristo diz
serem os pregadores o _______. Tal como o sal preserva (os alimentos), os
pregadores deviam impedir a ________. Mas, se há tantos ________, como se
justifica que haja tanta corrupção? Várias hipóteses (e bifurcadas): ou os
pregadores não pregam a ______ ou os _______ não a querem; ou os pregadores não
fazem o que _______ e os seus ouvintes preferem imitá-los nas _______ e não nas
palavras; ou os pregadores pensam mais neles do que em ________ ou os ouvintes,
em vez de seguirem os preceitos da religião, preferem reger-se pela sua _______
imediata.
[ll. 13-21] Então, o que se há de fazer aos _______, que não evitam
a corrupção, e aos ouvintes, que não se deixam _______? Como disse Cristo, se
os pregadores não cumprem bem, pelas palavras ou pelos _______, o melhor será
_______.
[ll. 22-39] E que se há de fazer aos _______? Santo António, perante
um público que não lhe ligava, abandonou-o e foi pregar aos _______.
[ll. 40-50] Retomando o ‘conceito predicável’: Santo António foi até
mais do que «sal da terra», foi também «sal do _____», já que pregou a _______.
Mas o autor não quer relatar o que se passou com Santo António, antes acha que,
nos dias dos santos — lembremos: era dia 13 de junho, dia de Santo António —,
se deve é ______-los.
[ll. 51-55] Por isso, o orador,
o Padre António Vieira, vai também _______ aos peixes; para tanto, invoca _______,
cuja etimologia, supostamente, se ligaria ao mar (na verdade, esta etimologia é
falsa).
Se houver tempo, resolve os pontos de gramática da p.
29:
1.
1. = ___; 2. = ___; 3. = ___; 4. = ___; 5. = ___.
2. = ___.
3. = ___.
4. = ___.
Resolve a correspondência entre recursos estilísticos e estes passos:
a. «Muitas
vezes vos tenho pregado nesta Igreja, e noutras, de manhã, e de tarde, de dia,
e de noite, sempre com doutrina muito clara, muito sólida, muito verdadeira»
(ll. 46-48)
b. «os Pregadores dizem uma
coisa e fazem outra» (ll. 8-9)
c. «sois o sal da terra» (l.
1)
d. «Começam a ferver as
ondas» (l. 37)
e. «qual será, ou qual pode
ser a causa desta corrupção» (ll. 4-5)
f. «António pregava, e eles
ouviam» (l. 39)
g. «Vós» (l. 1)
h. «Ou é porque o sal não
salga [...]. Ou é porque o sal não salga» (ll. 5-6)
i. «começam a concorrer os
peixes, os grandes, os maiores, os pequenos» (ll. 3-38)
1. Interrogação
retórica = ___
2. Apóstrofe = ___
3. Personificação = ___
4. Gradação = ___
5. Anáfora = ___
6. Enumeração = ___
7. Antítese = ___
8. Alegoria = ___
9. Metáfora = __
[Exercício tirado de Palavras
11, Porto, Areal, 2016]
Transcrevo o grupo III do exame nacional de
Português de 2023 (1.ª fase):
«Nunca tantos de nós dirigiram o olhar
maioritariamente para baixo. Um olhar focado em pequenos ecrãs que operamos com
as nossas mãos e que nos tornam por vezes cada vez mais isolados. Num mundo que
é cada vez mais global, mas por vezes tão conectadamente desconectado.»
David Sobral, Qual É o Nosso Lugar no Universo?, Lisboa,
Planeta, 2022, p. 21.
Num texto de opinião
bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cinquenta
palavras, defenda uma perspetiva pessoal sobre a posição assumida por David
Sobral quanto ao impacto da tecnologia nas relações humanas.
No seu texto:
− explicite, de forma clara e pertinente, o seu
ponto de vista, fundamentando-o em dois argumentos, cada um deles
ilustrado com um exemplo significativo;
− formule uma conclusão adequada à argumentação
desenvolvida;
− utilize um discurso valorativo (juízo de valor
explícito ou implícito).
Nos grupos III de exame, costumam sair ora textos
de opinião ora apreciações críticas. Tentemos agora escrever uma apreciação
crítica. Lê o que é pedido na p. 44 do manual, no ponto 1 de «Escrita». (Vê
também o enquadrado rosa.)
Dou-te os começos da
introdução e da conclusão e uma parte final do desenvolvimento.
O cartoon de Vasco Gargalo . . . . . . . . . . . . . . .
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Este cartoon permite fazer uma ponte para o
capítulo IV do Sermão de Santo António, na medida em que a
situação representada revela que os mais frágeis são constantemente explorados
pelos mais poderosos e que as desigualdades e a exploração do homem pelo homem
continuam nos dias de hoje, apesar do progresso da civilização, em tantas
outras áreas.
Assim, com esta imagem e com a sua simbologia, .
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TPC — Relanceia o glossário de termos sobre o sermão que
pus em Gaveta de Nuvens («alegoria»,
«conceito predicável», «exórdio»). Também aconselho muito que vás passando os
olhos pelos excertos ensaísticos nas imediações das páginas que estivermos a ler
em aula.
Aula 17-18 (17 [1.ª], 18 [3.ª], 19 [4.ª], 20/out [5.ª]) Correção de milagres de Santo António criados; ainda ex-votos e Hubert Reeves. (Cfr. Apresentação.)
Na última aula, lemos o início
do «Sermão de Santo António [aos Peixes]», do Padre António Vieira. Esse primeiro capítulo corresponde ao exórdio.
Partindo da citação «Vós
sois o sal da terra» (Vos estis sal terræ)
— o conceito predicável —, o Padre
António Vieira constatava que os pregadores não exerciam bem o seu papel (ou os
ouvintes não se deixavam catequizar). Assim — e porque se estava a 13 de junho,
dia de Santo António —, o orador decide imitar o que fizera o grande santo português,
que pregara a peixes quando os homens não o queriam ouvir. Também Vieira, no
seu sermão de 13-6-1654, proferido em São Luís do Maranhão, se dirige aos
peixes.
Vamos ver o que o manual
reproduz do segundo capítulo (pp. 30-31). Vai lendo as linhas que
indico e respondendo de imediato. Não queiras decifrar todas as palavras, tenta
inferir o seu sentido. De qualquer modo, ficam aqui alguns significados, além
daqueles que tens no próprio manual:
8: «o
são» = ‘o que está são, o que é saudável, bom’ | 11: «louvar» = ‘elogiar’ |11:
repreender = ‘criticar’ | 19-20: «os mais» = ‘os em maior número’ | 24:
«adulação» = ‘bajulação’ | 25: «púlpito» = ‘tribuna do orador na igreja’ | 29:
«quietação» = ‘sossego, tranquilidade’ | 34: «concurso» = ‘afluência’ | 35:
«tiveram» = ‘tivessem’ | 48: «afora aquelas aves» = ‘além daquelas aves’ | 50:
«açor» = ‘ave de rapina’ | 54: «pegos» = ‘sítios mais fundos’ | 55: «fie» =
‘confie’ | 57: «deitam» = ‘atribuem’ | 61: «trato» = ‘convivência’ | 63: «muito
embora» = ‘em muito boa hora’ | 65: «cepo» = ‘tronco’.
linhas 1-6
Pregar a peixes tem uma
desvantagem: é os peixes não se _______; porém, isso sucede com tanta gente, que
já não se pode considerar caso especial.
Passa para português contemporâneo:
«pelos encaminhar sempre à lembrança
destes dois fins» (l. 6) — no fundo, vais desfazer a contração de preposição e
pronome:
___________ sempre à lembrança
destes dois fins (Céu e Inferno).
linhas 7-15
Sintetiza este segundo parágrafo,
completando a resposta a seguir.
Em função de duas qualidades
que tem o sal — conservar e ______ —, também o autor divide o seu sermão em __________.
Na primeira, elogiará ___________ ; ______ , __________. (Com efeito o «Sermão
[...]» pode repartir-se em «louvores» (elogios) — caps. II-III — e «repreensões»
— caps. IV-V —, como se vê no quadro da p. 25.)
linhas 16-71
Esta parte do texto é um rol
de qualidades dos peixes. Preenche os itens, sintetizando esses elogios feitos aos
peixes:
l. 2: ouvem e não falam
ll.
17-19: foram as ______ criaturas viventes e sensitivas
ll.
19-20: são os animais em _______ quantidade e os _______
ll.
27-28: acudiram ___________ pela honra de Deus
ll.
28-29: ouviram Santo António com __________
ll.
43-44: ______________
ll.
55-56: nenhum _______ nos homens; todos _______ dos homens
Identifica
a «virtude» dos peixes salientada no último parágrafo (ll. 43-71) e diz que mensagem,
através desse louvor, o pregador pretende transmitir aos seus ouvintes verdadeiros.
.
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Para exemplificar alegoria, assistência a Monty Python, O sentido da
vida («a ceifeira»):
Na
parte do «Sermão de Santo António» que vimos hoje, expressões como o vocativo
«irmãos peixes» (l. 7) ou «vosso Pregador Santo António» (l. 10) ajudam a criar
o dispositivo alegórico que o orador já anunciara (fingir pregar a peixes).
Desenvolve
esta ideia num comentá-rio de 100 palavras que inclua as palavras (que
sublinharás) «alegoria», «pregador», «ouvintes», «Santo António», «peixes», «Padre
António Vieira», «colonos».
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TPC — Estuda, revê, esta interpretação conduzida do início do «Sermão de Santo
António», do Padre António Vieira.
Aula 19-20 (18 [1.ª], 23 [3.ª, 5.ª], 24/out [4.ª]) Audição do início do cap. 2 do «Sermão» (por Ary dos Santos):
A prova de exame de 2019 (1.ª
fase) incluía estas perguntas sobre o «Sermão
de Santo António», do Padre António Vieira:
Grupo I — Parte B
Leia o texto. Se necessário,
consulte as notas.
Falando
dos peixes, Aristóteles diz que só eles, entre todos os animais, se não domam
nem domesticam. Dos animais terrestres, o cão é tão doméstico, o cavalo tão sujeito,
o boi tão serviçal, o bugio1 tão amigo ou tão lisonjeiro, e até os
leões e os tigres com arte e benefícios se amansam. Dos animais do ar, afora aquelas
aves que se criam e vivem connosco, o papagaio nos fala, o rouxinol nos canta,
o açor nos ajuda e nos recreia; e até as grandes aves de rapina, encolhendo as
unhas, reconhecem a mão de quem recebem o sustento. Os peixes, pelo contrário,
lá se vivem nos seus mares e rios, lá se mergulham nos seus pegos2,
lá se escondem nas suas grutas, e não há nenhum tão grande que se fie do homem,
nem tão pequeno que não fuja dele. Os Autores comummente condenam esta condição
dos peixes, e a deitam à pouca docilidade ou demasiada bruteza; mas eu sou de mui
diferente opinião. Não condeno, antes louvo muito aos peixes este seu retiro, e
me parece que, se não fora natureza, era grande prudência. Peixes! Quanto mais
longe dos homens, tanto melhor; trato e familiaridade com eles, Deus vos livre!
Se os animais da terra e do ar querem ser seus familiares, façam-no muito embora,
que com suas pensões3 o fazem. Cante-lhes aos homens o rouxinol, mas
na sua gaiola; diga-lhes ditos o papagaio, mas na sua cadeia; vá com eles à caça
o açor, mas nas suas piozes4; faça-lhes bufonerias5 o bugio,
mas no seu cepo; contente-se o cão de lhes roer um osso, mas levado onde não
quer pela trela; preze-se o boi de lhe chamarem fermoso ou fidalgo, mas com o
jugo sobre a cerviz6, puxando pelo arado e pelo carro; glorie-se o
cavalo de mastigar freios dourados, mas debaixo da vara e da espora; e se os tigres
e os leões lhes comem a ração da carne que não caçaram nos bosques, sejam presos
e encerrados com grades de ferro. E entretanto vós, peixes, longe dos homens e
fora dessas cortesanias7, vivereis só convosco, sim, mas como peixe na
água. De casa e das portas adentro tendes o exemplo de toda esta verdade, o qual
vos quero lembrar, porque há Filósofos que dizem que não tendes memória.
Padre
António Vieira, Sermão de Santo António (aos
peixes) e Sermão da Sexagésima, edição de Margarida Vieira Mendes, Lisboa, Seara
Nova, 1978, pp. 73-74.
Notas
1 bugio – espécie de macaco. || 2 pegos
– locais onde os rios ou os mares são mais profundos. || 3 pensões – obrigações; encargos. || 4 piozes – correntes colocadas nas patas de algumas aves de caça. || 5
bufonerias – graçolas; caretas. || 6 cerviz – parte posterior do pescoço. || 7
cortesanias – hábitos de cortesãos.
4.
«Os Autores comummente condenam esta condição dos peixes, e a deitam à pouca docilidade
ou demasiada bruteza; mas eu sou de mui diferente opinião.» (linhas 8 a 10). Justifique
a opinião de Vieira relativamente aos peixes, tendo em conta a comparação entre
o comportamento dos peixes e o dos outros animais (linhas 1 a 11).
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5.
«Peixes! Quanto mais longe dos homens, tanto melhor; trato e familiaridade com
eles, Deus vos livre!» (linhas 11 e 12). Comprove a pertinência dos exemplos
apresentados por Vieira (linhas 12 a 21) para fundamentar este conselho dado
aos peixes.
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6. Complete
as afirmações abaixo apresentadas, selecionando da tabela a opção adequada a
cada espaço. Na folha de respostas, registe apenas as letras e o número que
corresponde à opção selecionada em cada um dos casos.
Um dos objetivos da oratória é delectare, ou seja, agradar ao
auditório; para o alcançar, nas linhas 13 a 20 [«Cante-lhes [...] ferro.»],
entre outros processos, Vieira socorre-se de uma construção na qual existe uma ___a)___,
que contribui para uma evidente ___b)___ do discurso.
a) |
b) |
1. estrutura paralelística ou simétrica |
1. plausibilidade |
2. enumeração de conselhos aos homens |
2. complexidade |
3. alternância entre frases simples e complexas |
3. descontinuidade |
4. sucessão de hipérboles |
4. musicalidade |
Avaliar a coerência
de um texto implica verificar se nele se cumprem os princípios (vê as definições
na p. 368) da
relevância,
não contradição,
não tautologia (ou não redundância).
Nos sketches que veremos (série Lopes da Silva) são infringidos alguns
daqueles princípios, o que faz que a situação seja incoerente e percebida como
absurda. É claro que essas infrações, neste caso, são propositadas — é a falta
de coerência que torna tudo risível.
Completarás o quadro com relevância, não contradição, não tautologia (ou não redundância).
Inspetor
que não sabe fazer perguntas |
As perguntas do inspetor não têm relação com a
informação anterior, não são pertinentes, não se cumprindo o princípio da
_______. |
Falta
por motivos profissionais |
No início, a intervenção do funcionário preguiçoso
é insuficiente em termos de informação («Passa-se isto assim, assim»). Há
depois expressões «circulares», a que falta informação («Não posso vir ao
emprego por motivos profissionais» é quase um pleonasmo), o que corresponde a
quebra do princípio de ________. |
O
que eu gosto do meu Anselmo! |
Quando Anselmo, pouco depois de ter enaltecido o
amor que os unia, diz que a mulher nem gosta dele, infringe o princípio da _______. |
Bode
expiatório |
O empregado que arca com as culpas de todas as
incompetências no escritório repete «A culpa foi minha. Não há desculpa para
o que fiz. Se alguém deve ser responsabilizado, sou eu. É impressionante a
minha irresponsabilidade!». Podemos reconhecer aqui uma infração ao princípio
da _______. |
Filho
do homem a quem parece que aconteceu não sei quê [e genérico do episódio] |
Tanto o pai como o filho, ao «pronominalizarem»
muito, omitindo palavras com referentes percetíveis, tornam a comunicação
inviável, por falta de clareza. Falha, de novo, o princípio da ________, uma
vez que não há progressão na informação que nos é dada. No genérico final, também
falha o mesmo princípio, mas por demasiadas repetições. |
Sabes
onde há gajas boas? |
A insistência na pergunta inicial, até nos
cansarmos de tanta repetição e da ênfase na bondade das «gajas», é uma infração
ao princípio da _________. Atenta-se também contra o princípio da _________,
porque a pergunta implicava que quem a fazia soubesse a resposta, o que,
inesperadamente, não sucede. |
Chamada
por engano |
Na conversa entre jornalista e senhora da Venda
Nova falha sobretudo o princípio da _______, na medida em que a interlocutora
insiste em fazer pedidos («dispensava-me o seu bidé?») que não servem o
objetivo do telefonema (falar do Iraque), estão à margem do tópico central. |
Conversa
na esplanada |
Os amigos não se interessam pela história do
indivíduo que tem uma alface de estimação: desviam-se para outro assunto («É
o Edmundo?»; «São 4h34») ou não percebem o que está a ser defendido («há
alfaces tenrinhas»; «se fosse uma alface lisa»). Infringem o princípio da _______.
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Bomba
a bordo |
O insólito resulta de comissário e comandante
agirem como se não detivessem um saber comum (‘bombas não são desejáveis’), o
que viabiliza a interação com o bombista. |
O anúncio em cima é bom
pretexto para aplicarmos a noção de «polissemia»
(e as de «aceções», «campo semântico», «sentido conotativo»). O slogan
deste texto publicitário assenta numa estratégia de exploração do valor polissémico
de «sermão».
Explica essa estratégia
num comentário com cerca de cem palavras, aproveitando o verbete de dicionário
reproduzido à direita e não deixando de usar os termos que assinalei a negro.
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[adaptado
do manual Expressões 11]
TPC — Escreve o pequeno texto (com cinco funções sintáticas) que
te será pedido numa pergunta a que serás chamado via Classroom.
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