Sunday, September 10, 2023

Preceitos para o trabalho ao longo do ano



Preceitos ou Deixando por escrito o que gostaria de evitar repetir ao longo do ano — e, nessa altura, decerto a meio de irritações que só me envergonhariam

Materiais. Usaremos o manual em todas as aulas, ora mais ora menos. Todos devem trazer sempre o seu exemplar, não quero que se leia apenas por um livro em cada mesa.
Evite-se também pedir o livro a colegas de outras turmas, sobretudo àqueles que, chegando à aula seguinte, se me queixam de que não têm o livro porque o emprestaram a colega da turma anterior.
Costumo aproveitar todos os textos do manual — uns para leitura mais detida, outros relanceados apenas, outros para estudo em casa —, mas nem sempre seguirei a ordem do livro. No final, teremos decerto percorrido quase tudo.
Algumas vezes, as tarefas pedidas para casa implicam consulta do manual. Até por isso, não será boa solução tê-lo sempre no cacifo.



Quanto ao caderno do aluno, se o têm, não o percam de vista, ainda que não seja necessário trazerem-no para as aulas. Irei recomendando que façam este ou aquele exercício. Nessas alturas procurarei reproduzir no blogue as páginas do Caderno que sejam necessárias, embora escondidamente, porque as editoras melindram-se muito com este tipo de reproduções e fazem queixa — as simpáticas. 
Sobre a necessidade, aliás desnecessidade, de comprar uma gramática, ver aqui.
Quase sempre o trabalho em aula será dirigido por folhas que distribuo e onde estão as instruções das tarefas e, em geral, espaço para as resolver. A pouco e pouco, ir-se-ão habituando a perceber as indicações nessas fotocópias sem me pedirem que explique, nem ao colega do lado. Pretende-se que sejam capazes de ler enunciados de tarefas, sem esperarem pela explicação oral. É importante habituarem-se a ler, a seguir as instruções pelas folhas e, no caso de tarefas para casa, pelo blogue.
Em grande parte, o vosso «caderno» serão essas folhas. Sugiro, portanto, um dossiê onde tudo se vá arquivando, mas desaconselho o uso de plásticos, uma vez que as folhas neles guardadas acabam por nunca mais serem consultadas. É também preciso ir arquivando nesse dossiê tudo o que for devolvendo após correção, como redações ou pequenas fichas. Reservo-me o direito de o pedir lá para o final do semestre.
Não é necessário em cada aula trazer todas as folhas já usadas. Mas pedia-lhes que trouxessem sempre as da aula anterior, porque haverá casos em que interessará retomar o que não acabámos.
Convém trazerem sempre folhas soltas, de linhas e com margens, para redações e outros pequenos trabalhos. 

Não ditarei os sumários na aula. Como muitos outros elementos, os sumários ficarão em Gaveta de Nuvens, que devem consultar com alguma regularidade. Não me parece útil copiarem para o caderno os sumários, uma vez que, em Português, os sumários descrevem as tarefas mais do que as matérias — por isso, acabam por ser pouco relevantes para efeitos do vosso estudo.
No blogue, as tarefas pedidas para casa ficam registadas no final dos sumáriosNão são propriamente tepecês, embora, por tradição, assim lhes chame. No fundo, muitos deles são trabalhos individuais que levo para casa, corrijo e avalio peço só que sejam feitos sem grandes ajudas (por favor, nem net nem explicadoras — já agora, em Português as explicações não têm interesse nenhum: o que interessa é que escrevam e leiam, o que tem de ser cada um a fazer sozinho). No início de cada aula, recolherei as tarefas que tenha pedido, mas costumo aceitá-las mesmo quando haja um atraso ligeiro.
Redações e correções. Tenho notado que os alunos tendem a não ver com cuidado o que foi emendado nas redações. Guardam rapidamente os textos, quase com medo de se confrontarem com o que corrigi ou talvez sem paciência para decifrar a minha letra , quase só ligando à nota que encima o texto devolvido. Costumo usar classificações qualitativas — e até, por vezes, hesitantes —, porque se trata de apreciação com alguma subjetividade; a correspondência dessas notas qualitativas a valores pode ser vista aqui. Ora, era importante habituarem-se a verificar o que foi corrigido, evitando que os mesmos erros se vão repetindo ao longo de todo o ciclo.
Lugares na sala. Pedia-lhes que usassem a planta que tiverem convencionado com o diretor de turma, com as adaptações inerentes à nossa sala — dada ocupação da mesa em que ponho o computador. Mantenham, por favor, esses lugares, sem mudanças por decisão de cada um. Reservo para mim a faculdade de fazer alguma alteração que me pareça necessária.
Em aula, seja nos raros momentos em que falo para todos, seja quando estão a resolver tarefas, ou mesmo quando vemos algum filme no ecrã, seria incorreto estarem a fazer trabalhos para outras disciplinas e até a completarem tarefas de Português que se esquecessem de resolver em casa. 
Também grave é a consulta do telemóvel. Como se sabe, os telemóveis devem estar desligadíssimos.
Pontualidade é importante. Aulas de Português começam mesmo às exatas horas apontadas no horário. Costumo estar já na sala; por isso podem ir logo entrando. Pode acontecer, é claro, chegarem, uma ou outra vez, uns minutos depois do que está no horário (ao primeiro tempo, este ano, 8 horas e 10). Não seria trágico, desde que isso sucedesse por verdadeiro atraso inesperado e não porque tivessem resolvido partir do princípio de que é sempre consentido um atraso de cinco minutos. Se perceber que alguns alunos apontam para esses supostos cinco minutos de tolerância como o verdadeiro momento em que se devem apresentar na aula, passarei a fechar a porta logo quando comece a falar. Nesse caso, os alunos em causa apresentar-se-ão ao segundo tempo do bloco. (No 11.º 4.ª, porque o ano passado houve muitos problemas de pontualidade, adoto já desde o início a atitude mais intransigente a que aludi.) Repito: é incivil não ser pontual. Atrasos involuntários esporádicos são compreensíveis; ao contrário, é inaceitável os alunos assumirem como normal chegar-se cinco minutos após a hora marcada. Por favor, não me venham depois com a conversa de que a tolerância de cinco minutos está estipulada não sei onde. Não está. Mesmo que estivesse, teria sempre eu todo o direito de não permitir que uns egoístas interrompessem as aulas desconsiderando os outros.
Ao mesmo tempo, seremos também muito respeitadores da hora de saída. Aulas não se devem alongar até depois da hora marcada. É justo que os alunos possam ter todo o tempo do intervalo. Acho incorreto que os meus colegas que fazem testes prevejam mal o tempo e consintam que os alunos ocupem o intervalo a fazê-los, chegando às aulas de Português atrasados, cansados e esfomeados. Digam isto aos vossos professores. Estou a brincar. Mas digam.
Assiduidade. O facto de a avaliação ser rigorosamente contínua faz que, mais ainda do que em outras disciplinas, faltar-se demasiado acabe mesmo por prejudicar a avaliação. É claro que saberemos proteger os casos em que as ausências resultem de doença ou de outra situação acolhível, mas é preciso ter a noção de que, não estando presente, o aluno não está a aprender, não está a fazer as tarefas e não está a fazer os nossos testes, que são todas as tarefas.
Convém não ter a ideia de que a apresentação de uma justificação de ausência é suficiente para que tudo esteja bem em termos de ensino. A justificação resolve a vertente administrativa. Porém, continua a não ter havido ensino. Repito que não estou a pensar nos casos de doença, mas naqueles — que, por vezes, vão acontecendo — em que o aluno assume que o regime do ensino secundário não seria presencial: como acontece em algumas faculdades, far-se-iam as «frequências» e, no resto, aparecer-se-ia de vez em quando. (Ainda um outro problema que já tem acontecido: pensar-se que nas aulas finais dos semestres se pode faltar, porque já não haveria ensino/avaliação. Creio que esta ideia errada decorre dos chamados «testes formais», que, para quem segue esse conceito, só teriam lugar até um pouco antes do final das aulas. Só que, no nosso caso, não se trabalha com o que seja «o teste». Haverá até ao fim de cada semestre tarefas de ensino e, por isso, de testagem — não consigo separar as duas perspetivas.  Considero a última aula de cada semestre a mais importante.)     
Já agora, quando faltam, os alunos podem, e devem, fazer os tepecês das aulas a que não assistiram. Também é interessante que tentem recuperar algumas tarefas feitas em aula. Saberão os tepecês pela consulta do blogue; as tarefas da aula não as têm no imediato, mas tentarei afixá-las poucos dias depois da aula, na secção aulas.
O meu endereço de e-mail está no cabeçalho de todas as folhas. Podem usá-lo para me pôr dúvidas, etc. Notem que respondo sempre que recebo algum correio, no máximo, no prazo de um dia. Portanto, se não receberem resposta minha, é que nada me chegou e, provavelmente, ter-se-ão enganado no endereço — repito: luisprista@netcabo.pt. Não sou tão pontual a responder ao que me seja perguntado através da Classroom (para evitar receber notificações a toda a hora, não tenho essas mensagens redirecionadas, o que faz que só delas vá tomando nota quando, propositadamente, consulto cada tarefa). 
Acerca da avaliação específica da disciplina falar-se-á não de imediato mas em breve, já que assim ficou combinado para toda a escola. De qualquer modo, nas minhas turmas a avaliação não se distinguirá muito do próprio ensino. As tarefas que forem fazendo em todas as aulas mas também em casa serão, ao mesmo tempo, elementos de avaliação. Não haverá «o» teste. Estaremos sempre, de certo modo, a fazer testes.
Esta maneira de proceder justifica-se pelo objeto do ensino em Português. Nesta disciplina o foco está em processos que se treinam escrita, leitura, compreensão do oral, expressão do oral, até a chamada «educação literária» mas que não são estudáveis: não se prepara, para um teste, a escrita ou a compreensão dos textos. Trata-se aliás de competências que não evoluem rapidamente, embora sejam melhoráveis a médio e a longo prazo. As tarefas através de que se vai treinando a escrita, a leitura, a expressão oral e a compreensão do oral podem ir dando noção da proficiência de cada aluno se lhes fizesse um teste marcado no dia tal, a vossa redação seria do mesmo nível daquelas que foram fazendo no dia a dia; a interpretação do texto que lhes pedisse andaria pela média dos resultados que terão nos questionários breves que formos fazendo a propósito de muitos textos.
É verdade que há uma parte do Português que implica informação estudável: é a gramática e, mas não tão evidentemente, o conhecimento geral das obras do programa e de alguma terminologia da teoria literária. E, realmente, no caso da gramática, e de alguns conteúdos de teoria da literatura, a avaliação decorrerá de uma testagem fora do momento do próprio treino. Para esse domínio teremos pequenos testes.
Nada disto contende com o que está nos critérios da disciplina, que indicam a ponderação a usar nos vários domínios mas não definem quantos instrumentos de testagem podem ser usados para se chegar à apreciação desse domínio. Mas disso falar-se-á depois.