Thursday, September 08, 2022

Aula 21-22

Aula 21-22 (21 [1.ª, 3.ª], 24 [5.ª], 25/out [4.ª]) Correção de trabalho de criação de cantiga de amigo moderna.

Completa o texto seguinte, a que retirei muitas das preposições. Depois, na tabela, põe um visto na quadrícula de cada preposição representada.

Se te despachares, circunda no texto algumas contrações (preposição + determinante) e copia alguns exemplos de contração nas quadrículas a isso destinadas.

As cantigas de amor são composições poéticas ____ que o trovador apaixonado presta vassalagem amorosa à mulher como ser superior, ____ quem chama a sua «senhor». Produto da inteligência e da imaginação, o amor é, geralmente, «fingido», o que caracteriza estas cantigas como aristocráticas, convencionais e cultas. ____ ambiente palaciano, são originárias da Provença.

O amor era concebido à maneira cavaleiresca, como um «serviço». Consistia esse serviço ____ dedicar à amada os pensamentos, os versos e os atos. O servidor está ____ com a «senhor» como o vassalo para ____ o suserano. A regra principal deste «serviço» era, além da fidelidade, o segredo. O cavaleiro devia fazer os possíveis para que ninguém sequer suspeitasse do nome da sua senhora. Mas o que é próprio das cantigas de amor e do seu modelo provençal é a distância a que o amante se coloca ____ relação à sua amada, a que chama senhor, tornando-a um objeto quase inacessível. O amor trovadoresco e cavaleiresco é, ____ ideal, secreto, clandestino e impossível.

Quanto aos temas, elaboraram os Provençais o ideal do amor cortês muito diferente do idílio rudimentar nas margens dos rios ou à beira das fontes que os cantares ____ amigo nos deixam entrever. Não se trata de uma experiência sentimental ____ dois, mas de uma aspiração, ____ correspondência, a um objeto inatingível, de um estado de tensão que, para permanecer, nunca pode chegar ao fim do desejo. Manter este estado de tensão considera-se ser o ideal do verdadeiro amador e do verdadeiro poeta, como se o movesse o amor do amor, mais do que o amor a uma mulher. E não só ____ esta dirigem os poetas as suas implorações, queixas ou graças, mas ao próprio Amor personificado, figura ____ retórica muito comum ____ os trovadores provençais e ____ eles transmitida aos galego-portugueses.

O trovador imaginava a dama como um suserano a quem «servia» numa atitude submissa de vassalo, confiando o seu destino ao «bom sen» da «senhor». Todo um código ____ obrigações preceituava o «serviço» do amador, que, ____ exemplo, devia guardar segredo ____ a identidade da dama, coibindo toda a expansão pública da paixão (o autodomínio, ou «mesura», era a sua qualidade suprema), e que não podia ausentar-se ____ sua autorização. O apaixonado devia passar provações e fases comparáveis aos ritos de iniciação nos graus da cavalaria.

____ este ideal de amor corresponde certo tipo idealizado de mulher, que atingiu mais tarde a máxima depuração na Beatriz de Dante ou na Laura ____ Petrarca: os cabelos de oiro, o sereno e luminoso olhar, a mansidão e a dignidade do gesto, o riso subtil e discreto.

Preposição

Contração

Preposição

Contração

Preposição

Contração

Preposição

Contração

Prep + Det

Prep + Det

Prep + Det

Prep + Det

a

 

ante

 

após

 

até

 

com

 

conforme

 

consoante

 

contra

 

de

 

desde

 

durante

 

em

 

entre

 

exceto

 

mediante

 

para

 

perante

 

por

 

salvo

 

segundo

 

sem

 

sob

 

sobre

 

trás

 

Além das preposições simples, há muitas locuções prepositivas (resultantes da junção de preposições, nomes e, até, advérbios): abaixo de; acima de; ao lado de; além de; cerca de; em torno de; junto a; perto de; ao pé de; em vez de; antes de; diante de; depois de; longe de; através de; dentro de; a respeito de; para com; fora de; graças a; por causa de; em favor de; etc.

Preposições e locuções prepositivas (cfr. p. 313) introduzem grupos preposicionais, que podem corresponder a funções sintáticas bastante típicas: {Completa}

Frase (com grupo preposicional a negro)

Função sintática do GP

Prep

Bruno marcou um golo ao Tottenham.

Complemento ______

a

Vi o programa da manhã.

Modificador restritivo do nome

__

Nos próximos minutos, assistiremos a um sketch pornográfico.

Modificador do grupo verbal

__

Marcelo foi desmentido pelo bispo.

_____________

__

{Falta aqui o sketch «Fala corretamente o português. Ouvistes?», que não está disponível no YouTube e vimos em aula}

No sketch «Fala corretamente o português. Ouvistes?» (série Carlos), apontam-se duas modas linguísticas recentes. {Completa}

A primeira consiste em usar-se a _____, omitindo o restante grupo preposicional. Talvez porque, dado o contexto, fique muito implícito o que se quer dizer, o locutor pode dar-se ao luxo de suspender a frase logo depois de pronunciar a preposição. Ora realística ora caricaturalmente, o professor _____ (nota que o nome corresponde, efetivamente, àquele que se pode considerar o primeiro linguista português — contemporâneo, por exemplo, de Eça de Queirós) ou o apresentador dizem {circunda as preposições} «Podemos não ter chegado a»; «Mas estamos a caminhar para»; «Fiz uma tentativa de»; «Esperamos estar cá para».

A segunda é começar frases por _____, quando se esperaria o uso de outro tempo, com pessoa: «Em primeiro lugar, dizer que [...]»; «Antes de continuarmos, aplaudir [...]»; «Antes de mais, registar [...]». (Um pouco à margem deste tique linguístico, repara que as frases evidenciam um dos papéis que podem ter os grupos preposicionais, o de conectores: é o caso de «Em primeiro lugar», «Antes de continuarmos», «Antes de mais». Outras classes gramaticais que cumprem frequentemente esse papel de estabelecer relações entre segmentos textuais são a conjunção, o próprio advérbio.)

Os dois fenómenos caricaturados (suspensão da frase na preposição; começo da frase por um infinitivo) são talvez evoluções em curso na língua portuguesa, relativas a mudanças de ordem _____ {sintática / semântica / fonética / ortográfica / pragmática}.

No tal sketch chocante da série Barbosa, reflete-se sobre um problema que, ao usarmos preposições, se nos põe muitas vezes, as exatas regências (ou regimes). Há até dicionários para prevenir estas dificuldades, os dicionários de regências.

É que, como elementos de relação, as preposições têm o seu significado muito associado ao nome que se lhes siga mas também dependem dos verbos que as precedam. A polivalência das preposições (e os matizes de sentido que os verbos, ao selecionarem-nas, podem ganhar) leva a que facilmente as troquemos. {Completa a tabela}

Já todos ouvimos

Mas o que está bem é

Isto parece-se a

Isto parece-se _____

Prefiro este do que aquele

Prefiro este ________

Ficou sobre a jurisdição de

 Ficou _____ a jurisdição de

Tem a haver com

Tem ___ ver com

Aonde moras?

________ moras?

Dá-me de força

Dá-me _____ força

Tenho que ir

Tenho ____ ir

Compara esta folha àquela

Compara esta folha _____ aquela

O gelado que gosto mais

O gelado ____ que gosto mais

As pessoas que falei

As pessoas ____ que falei

Há-des / Hades cá vir

Hás ___ vir

Na última linha, o erro não resulta propriamente de má escolha da preposição, mas de se flexionar mal a forma verbal. Como se faz uma analogia com outras segundas pessoas do singular, que terminam em –s, cria-se uma forma terminada em –s, amalgamando a preposição. É o mesmo processo que leva a que, por vezes, se use, para a terceira pessoa do plural, «hadem» (em vez da forma correta «___________»).

Um erro ortográfico que é feito por quase toda a gente é a contração de preposições com os determinantes ou pronomes que se lhes seguem quando estes começam orações infinitivas. (Cfr. explicação a meio da p. 313.) Nas quatro frases em baixo, escreve as formas corretas das partes a negro, que podem ser as contraídas ou não, dependendo de se lhes seguir a tal oração infinitiva:

Foi o facto de ele ter mentido que me agradou. | ____

Apesar de ela ser inteligente, é péssima em preposições. | ____

Diz a o polícia que morri. | ____

Gostava de os avisar de que ainda faltam trinta minutos. | ____

No filme Paterson, uma caixa de fósforos de uma dada marca suscita a Paterson um poema de amor nos antípodas das cantigas de amor que hoje começámos a estudar:

Poema de amor

Temos imensos fósforos em nossa casa,

Mantemo-los sempre à mão.

Atualmente, a nossa marca favorita é a Ohio Blue Tip,

Se bem que costumávamos preferir a marca Diamond.

Isso foi antes de descobrirmos os fósforos Ohio Blue Tip.

Eles são excelentemente embalados:

Robustas caixas pequenas em azul escuro e claro e etiquetas brancas,

Com palavras impressas com o texto em forma de megafone,

Como que para dizer, ainda mais alto ao mundo,

Eis o mais belo fósforo do mundo;

O seu caule de quatro centímetros, em pinho macio coberto por uma cabeça granulosa púrpura escuro,

Tão sóbrio e furioso e teimosamente pronto a explodir numa chama,

Acendendo talvez o cigarro da mulher que amas pela primeira vez.

[tradução de «Love Poem», Paterson (de Jim Jarmusch; poemas por Ron Padgett)]

Em prosa, escreve um texto que, tal como o poema de Paterson, comece por se focar num dado objeto (abordado com certo detalhe como se fosse o essencial do texto), para, depois, acabar por se aproximar da psicologia, dos sentimentos, etc., do sujeito. A caneta.

. . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

TPC — Vê — e vai verificando se a conseguias resolver — a ficha do Caderno de Atividades sobre ‘Processos fonológicos’, que ponho já corrigida em Gaveta de Nuvens.

 

 

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