Aula 21-22
Aula
21-22 (21
[1.ª, 3.ª], 24 [5.ª], 25/out [4.ª]) Correção de trabalho de criação de cantiga
de amigo moderna.
Completa o texto seguinte, a que retirei muitas
das preposições.
Depois, na tabela, põe um visto na quadrícula de cada preposição representada.
Se te despachares, circunda no texto algumas contrações (preposição + determinante)
e copia alguns exemplos de contração nas quadrículas a isso destinadas.
As cantigas de amor são composições poéticas
____ que o trovador apaixonado presta vassalagem amorosa à mulher como ser
superior, ____ quem chama a sua «senhor». Produto da inteligência e da
imaginação, o amor é, geralmente, «fingido», o que caracteriza estas cantigas
como aristocráticas, convencionais e cultas. ____ ambiente palaciano, são originárias
da Provença.
O amor era concebido à maneira
cavaleiresca, como um «serviço». Consistia esse serviço ____ dedicar à amada os
pensamentos, os versos e os atos. O servidor está ____ com a «senhor» como o
vassalo para ____ o suserano. A regra principal deste «serviço» era, além da
fidelidade, o segredo. O cavaleiro devia fazer os possíveis para que ninguém
sequer suspeitasse do nome da sua senhora. Mas o que é próprio das cantigas de amor
e do seu modelo provençal é a distância a que o amante se coloca ____ relação
à sua amada, a que chama senhor, tornando-a
um objeto quase inacessível. O amor trovadoresco e cavaleiresco é, ____ ideal,
secreto, clandestino e impossível.
Quanto aos temas, elaboraram
os Provençais o ideal do amor cortês muito diferente do idílio rudimentar nas margens
dos rios ou à beira das fontes que os cantares ____ amigo nos deixam entrever.
Não se trata de uma experiência sentimental ____ dois, mas de uma aspiração, ____
correspondência, a um objeto inatingível, de um estado de tensão que, para
permanecer, nunca pode chegar ao fim do desejo. Manter este estado de tensão
considera-se ser o ideal do verdadeiro amador e do verdadeiro poeta, como se o
movesse o amor do amor, mais do que o amor a uma mulher. E não só ____
esta dirigem os poetas as suas implorações, queixas ou graças, mas ao próprio
Amor personificado, figura ____ retórica muito comum ____ os trovadores
provençais e ____ eles transmitida aos galego-portugueses.
O trovador imaginava a dama
como um suserano a quem «servia» numa atitude submissa de vassalo,
confiando o seu destino ao «bom sen» da «senhor». Todo um código ____
obrigações preceituava o «serviço» do amador, que, ____ exemplo, devia guardar
segredo ____ a identidade da dama, coibindo toda a expansão pública da paixão
(o autodomínio, ou «mesura», era a sua qualidade suprema), e que não podia
ausentar-se ____ sua autorização. O apaixonado devia passar provações e fases
comparáveis aos ritos de iniciação nos graus da cavalaria.
____ este ideal de amor corresponde certo
tipo idealizado de mulher, que atingiu mais tarde a máxima depuração na Beatriz
de Dante ou na Laura ____ Petrarca: os cabelos de oiro, o sereno e luminoso olhar,
a mansidão e a dignidade do gesto, o riso subtil e discreto.
Preposição |
Contração |
Preposição |
Contração |
Preposição |
Contração |
Preposição |
Contração |
Prep +
Det |
Prep +
Det |
Prep +
Det |
Prep +
Det |
||||
a |
|
ante |
|
após |
|
até |
|
com |
|
conforme |
|
consoante |
|
contra |
|
de |
|
desde |
|
durante |
|
em |
|
entre |
|
exceto |
|
mediante |
|
para |
|
perante |
|
por |
|
salvo |
|
segundo |
|
sem |
|
sob |
|
sobre |
|
trás |
|
Além das preposições simples, há muitas locuções prepositivas (resultantes da
junção de preposições, nomes e, até, advérbios): abaixo de; acima de; ao lado de; além de; cerca de; em torno de; junto a; perto de; ao pé de; em vez de; antes de; diante de; depois de; longe de; através de; dentro de; a respeito de;
para com; fora de; graças a; por causa de; em favor de; etc.
Preposições e locuções prepositivas (cfr. p.
313) introduzem grupos preposicionais,
que podem corresponder a funções sintáticas
bastante típicas: {Completa}
Frase (com grupo preposicional a negro) |
Função sintática do GP |
Prep |
Bruno marcou um golo ao Tottenham. |
Complemento ______ |
a |
Vi o programa da manhã. |
Modificador
restritivo do nome |
__ |
Nos
próximos minutos, assistiremos a um sketch
pornográfico. |
Modificador do grupo verbal |
__ |
Marcelo foi desmentido pelo bispo. |
_____________ |
__ |
{Falta
aqui o sketch «Fala corretamente o português. Ouvistes?», que não está
disponível no YouTube e vimos em aula}
No sketch
«Fala corretamente o português. Ouvistes?» (série
A primeira consiste em usar-se a _____, omitindo o
restante grupo preposicional. Talvez porque, dado o contexto, fique muito
implícito o que se quer dizer, o locutor pode dar-se ao luxo de suspender a frase
logo depois de pronunciar a preposição. Ora realística ora caricaturalmente, o
professor _____ (nota que o nome corresponde, efetivamente, àquele que se pode
considerar o primeiro linguista português — contemporâneo, por exemplo, de Eça
de Queirós) ou o apresentador dizem {circunda
as preposições} «Podemos não ter chegado a»; «Mas estamos a caminhar para»;
«Fiz uma tentativa de»; «Esperamos estar cá para».
A segunda é começar frases por _____, quando se esperaria
o uso de outro tempo, com pessoa: «Em primeiro lugar, dizer que [...]»; «Antes de continuarmos, aplaudir [...]»; «Antes de mais, registar [...]». (Um pouco à margem deste tique linguístico, repara
que as frases evidenciam um dos papéis que podem ter os grupos preposicionais,
o de conectores: é o caso de «Em primeiro
lugar», «Antes de continuarmos», «Antes de mais». Outras classes gramaticais
que cumprem frequentemente esse papel de estabelecer relações entre segmentos
textuais são a conjunção, o próprio advérbio.)
Os dois fenómenos caricaturados (suspensão da frase
na preposição; começo da frase por um infinitivo) são talvez evoluções em curso
na língua portuguesa, relativas a mudanças de ordem _____ {sintática / semântica / fonética / ortográfica / pragmática}.
No tal sketch
chocante da série Barbosa, reflete-se sobre um problema que, ao usarmos
preposições, se nos põe muitas vezes, as exatas regências (ou regimes).
Há até dicionários para prevenir estas dificuldades, os dicionários de regências.
É que, como elementos de relação, as preposições
têm o seu significado muito associado ao nome que se lhes siga mas também dependem
dos verbos que as precedam. A polivalência das preposições (e os matizes de
sentido que os verbos, ao selecionarem-nas, podem ganhar) leva a que facilmente
as troquemos. {Completa a tabela}
Já todos
ouvimos |
Mas o que
está bem é |
Isto parece-se a |
Isto parece-se _____ |
Prefiro este do que aquele |
Prefiro este ________ |
Ficou sobre
a jurisdição de |
Ficou
_____ a jurisdição de |
Tem a haver
com |
Tem ___ ver com |
Aonde moras? |
________ moras? |
Dá-me de
força |
Dá-me _____ força |
Tenho que
ir |
Tenho ____ ir |
Compara esta folha àquela |
Compara esta folha _____ aquela |
O gelado que gosto mais |
O gelado ____ que gosto mais |
As pessoas que falei |
As pessoas ____ que falei |
Há-des / Hades cá vir |
Hás ___ vir |
Na última linha, o erro não resulta propriamente
de má escolha da preposição, mas de se flexionar mal a forma verbal. Como se
faz uma analogia com outras segundas pessoas do singular, que terminam em –s, cria-se uma forma terminada em –s, amalgamando a preposição. É o mesmo
processo que leva a que, por vezes, se use, para a terceira pessoa do plural,
«hadem» (em vez da forma correta «___________»).
Um erro ortográfico que é feito por quase toda a
gente é a contração de preposições com os determinantes ou pronomes que se lhes
seguem quando estes começam orações infinitivas. (Cfr. explicação a meio
da p. 313.) Nas quatro frases em baixo, escreve as formas corretas das partes a
negro, que podem ser as contraídas ou não, dependendo de se lhes seguir a tal
oração infinitiva:
Foi o facto de
ele ter mentido que me agradou. | ____
Apesar de
ela ser inteligente, é péssima em preposições. | ____
Diz a o
polícia que morri. | ____
Gostava de
os avisar de que ainda faltam trinta minutos. | ____
No filme Paterson,
uma caixa de fósforos de uma dada marca suscita a Paterson um poema de amor nos
antípodas das cantigas de amor que hoje começámos a estudar:
Poema de amor
Temos imensos fósforos em
nossa casa,
Mantemo-los sempre à mão.
Atualmente, a nossa marca favorita é a Ohio Blue
Tip,
Se bem que costumávamos preferir a marca Diamond.
Isso foi antes de descobrirmos os fósforos Ohio
Blue Tip.
Eles são excelentemente embalados:
Robustas caixas pequenas em azul escuro e claro e
etiquetas brancas,
Com palavras impressas com o texto em forma de megafone,
Como que para dizer, ainda mais alto ao mundo,
Eis o mais belo fósforo do mundo;
O seu caule de quatro
centímetros, em pinho macio coberto por uma cabeça granulosa púrpura escuro,
Tão sóbrio e furioso e teimosamente pronto a
explodir numa chama,
Acendendo talvez o cigarro da mulher que amas pela
primeira vez.
[tradução de «Love Poem», Paterson (de Jim Jarmusch; poemas por Ron
Padgett)]
Em prosa, escreve um texto
que, tal como o poema de Paterson, comece por se focar num dado objeto
(abordado com certo detalhe como se fosse o essencial do texto), para, depois, acabar
por se aproximar da psicologia, dos sentimentos, etc., do sujeito. A caneta.
. . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
TPC
— Vê — e vai verificando se a conseguias resolver — a ficha do Caderno de
Atividades sobre ‘Processos fonológicos’, que ponho já corrigida em Gaveta
de Nuvens.
#
<< Home