Saturday, August 31, 2019

Aulas (2.º período, 3.ª parte: 103-112)


Aula 103-104 (2 [3.ª, 5.ª], 3 [4:ª], 4/mar) O exame de 2018, 1.ª fase, incluía um texto de Mensagem, de Fernando Pessoa, «[Screvo meu livro à beira-mágoa]» (está na p. 81 dos livros sobre as mesas).
Como já lhes disse quando vimos a estrutura da obra, trata-se de poema bastante singular: é o único de Mensagem sem título; parece que se refere ao próprio autor (seria o poeta o terceiro dos profetas (cfr. «Avisos») do Quinto Império: Bandarra, Padre Vieira, Fernando Pessoa); usa um estilo mais lírico, mais intimista, do que o resto de Mensagem.
Porém, nada disto era aflorado na prova de exame, a não ser talvez na pergunta 3.
Grupo I — Parte A
Leia o poema.
Screvo meu livro à beira-mágoa.
Meu coração não tem que ter.
Tenho meus olhos quentes de água.
Só tu, Senhor, me dás viver.

Só te sentir e te pensar
Meus dias vácuos enche e doura.
Mas quando quererás voltar?
Quando é o Rei? Quando é a Hora?

Quando virás a ser o Cristo
De a quem morreu o falso Deus,
E a despertar do mal que existo
A Nova Terra e os Novos Céus?

Quando virás, ó Encoberto,
Sonho das eras português,
Tornar-me mais que o sopro incerto
De um grande anseio que Deus fez?

Ah, quando quererás, voltando,
Fazer minha esperança amor?
Da névoa e da saudade quando?
Quando, meu Sonho e meu Senhor?
Fernando Pessoa, Mensagem, edição de Fernando Cabral Martins, Lisboa, Assírio & Alvim, 1997.
1. Caracterize o estado de alma do sujeito poético, expresso nos seis primeiros versos.
2. Justifique o recurso simultâneo à anáfora e à frase interrogativa a partir do sétimo verso do poema.
3. Explique, com base nas duas últimas estrofes, por que razão o sujeito poético pode ser considerado um profeta.
4. Identifique duas características do discurso lírico de Mensagem presentes no poema e transcreva um exemplo significativo para cada uma delas.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Indica a função sintática das expressões sublinhadas. Fizemos este exercício no 10.º ano, mas acrescentei agora funções que evitara nessa altura. Só tens de preencher a coluna da direita (a do meio serve apenas para lembrar elementos úteis ao teu raciocínio).
Frase (em geral de Último a sair)
A ter em atenção
Função sintática
Ó pessoal, podem vir até aqui?


Ó pessoal, podem vir até aqui?
* que fazem eles até aqui?

Antes que expluda, é melhor falarmos entre todos.
oração adverbial temporal

Antes que expluda, é melhor falarmos entre todos.


Basicamente, é isto.
* É basicamente que é isto

Vocês acham normal terem-me nomeado?
acham normal isso

Vocês acham normal terem-me nomeado?
cfr. verbo transitivo-predicativo

terem-me nomeado
terem-na /* terem-lhe

Limpo esta merda todas as semanas.
Limpo-a

Limpo esta merda todas as semanas.
Que faço todas as semanas?

Limpo a merda que vocês deixam espalhada na cozinha.
«que» = ‘a merda’, ‘a qual’

Trato das plantas.


Estou-te a perguntar se és tu que vais limpar tudo isto.


Vê se te acalmas.
se o acalmas / * se lhe acalmas

Deixa o Bruno em paz.


Olha a gaja que fala com as árvores.
oração adjetiva relativa restritiva

Olha a gaja que fala com as árvores.


Ai, coitadinha, que eu sou tão especial.
cfr. verbo copulativo

Vou mostrar ao mundo a verdadeira Luciana.
Vou mostrar-lhe

Olha, filha, verdadeiro é isto.
cfr. «verdadeiras são estas»

Pensas que vens aqui falar assim para as pessoas.
= isso / substantiva completiva

Sónia, gostas de partir pratos?
* Que faz ela de partir pratos? Gosta

Débora e Luciana, que são ambas tripeiras, discutem.


Por causa da nomeação de Débora gerou-se grande discussão.


Por causa da nomeação de Débora gerou-se grande discussão.


— O Roberto uniu-nos — disseram Débora e Rui.


— Os quartos e a casa de banho foram limpos por mim.


A Susana também é capaz de partir de pratos.


A mãe da Luciana não a educou assim.


Débora não fez sequer uma queixa dos colegas.


Classifica o ato ilocutório presente em cada uma das intervenções (de Último a sair, expulsão de Débora):
[ Os atos ilocutórios podem ser agrupados consoante a força ilocutória (o objetivo ilocutório) que apresentam:
diretivos (pretende-se que o interlocutor atue de acordo com a vontade do locutor) — «Querem abrir os livros na p. 321?»; «Abram os livros na p. 321».
assertivos (assinala-se a posição do locutor relativamente à verdade do que diz) — «Não há dúvida de que esta é a melhor frase»; «Admito que haja aqui um equívoco meu».
expressivos (traduz-se o estado de espírito do locutor relativamente ao que diz) — «Entristece-me que tenha partido»; «Muitos parabéns pelo teu teste».
compromissivos (responsabilizam o locutor relativamente a uma ação futura) — «Não darei aula no dia 1 de fevereiro»; «Prometo entregar os prémios Tia Albertina».
declarativos (aquilo que se diz cria, por si só, uma nova realidade) — «Absolvo-te das falhas cometidas»; «Fica aprovado com catorze valores». ]
Eliminada. (no gráfico)

Os portugueses acabaram de decidir.

Fogo, meu! (dito por Luciana Abreu)

Baza!

Vou ser a única mulher aqui na casa. (Luciana, chorosa)

Tem dois minutos para abandonar a casa.

Ah! Lindo, lindo, lindo! (Roberto Leal a ver Débora a abraçar Unas)

Porque é que fizeste isso, Débora? (por Unas)

Só tenho pena de não ter comido o açoriano.

Amo-te Débora! (por Débora)

* Sim, vou descongelar duas portadas para o jantar do César.



Aula 105-105R (2 [9.ª], 3 [5.ª], 4/mar [4.ª, 3.ª])

Figuras de estilo nos exames destes dois últimos anos
2019, 1.ª fase
3. (do Grupo I [já vimos este item quando demos Pessoa/sonho]) Explicite dois sentidos das anáforas e das suas variantes (versos 1, 5, 9, 13, 17 e 19) [«Bem sei», «Bem sei», «Bem sei», «Sei, sim», «Sei tudo», «Sei»] tendo em conta o desenvolvimento temático do poema.
{solução:
«[...] a afirmação da consciência de que o espaço descrito existe apenas no sonho;
a afirmação da certeza de que o espaço descrito é um espaço de felicidade, mas também de que, sendo fruto do sonho, é inacessível;
a afirmação da consciência de que o sonho é inerente à essência do sujeito poético»}
6. (do Grupo I) Complete as afirmações abaixo apresentadas, selecionando da tabela a opção adequada a cada espaço. Na folha de respostas, registe apenas as letras e o número que corresponde à opção selecionada em cada um dos casos.
Um dos objetivos da oratória é delectare, ou seja, agradar ao auditório; para o alcançar, nas linhas 14 a 21 [«Cante-lhes aos homens o rouxinol, mas na sua gaiola; diga-lhes ditos o papagaio, mas na sua cadeia; vá com eles à caça o açor, mas nas suas piozes; faça-lhes bufonerias o bugio, mas no seu cepo; contente-se o cão de lhes roer um osso, mas levado onde não quer pela trela; preze-se o boi de lhe chamarem fermoso ou fidalgo, mas com o jugo sobre a cerviz, puxando pelo arado e pelo carro; glorie-se o cavalo de mastigar freios dourados, mas debaixo da vara e da espora; e se os tigres e os leões lhes comem a ração da carne que não caçaram nos bosques, sejam presos e encerrados com grades de ferro.»], entre outros processos, Vieira socorre-se de uma construção na qual existe uma ___a)___, que contribui para uma evidente ___b)___ do discurso.
a)
b)
1. estrutura paralelística ou simétrica
1. plausibilidade
2. enumeração de conselhos aos homens
2. complexidade
3. alternância entre frases simples e complexas
3. descontinuidade
4. sucessão de hipérboles
4. musicalidade
4. (do Grupo II) Ao recorrer às expressões «cartografias mentais» (linha 6) e «para além do horizonte» (linha 29), o autor utiliza
(A) a metáfora para evidenciar o poder da imaginação enquanto meio de sobrevivência, no primeiro caso, e a hipérbole para enfatizar a força da imaginação enquanto geradora de frustração, no segundo caso.
(B) a hipérbole para enfatizar a força da imaginação enquanto geradora de frustração, no primeiro caso, e a metáfora para evidenciar o poder da imaginação enquanto meio de sobrevivência, no segundo caso.
(C) a metáfora para evidenciar o poder da imaginação enquanto meio de sobrevivência, no primeiro caso, e enquanto motor da evolução, no segundo caso.
(D) a hipérbole para evidenciar o poder da imaginação enquanto meio de sobrevivência, no primeiro caso, e enquanto motor da evolução, no segundo caso.
2019, 2.ª fase
3. (do Grupo I) Relacione a reflexão do narrador, presente no último parágrafo do texto, com o sentido da metáfora «teia tecida pela aranha infernal da rotina» (linhas 12 e 13).
{solução: «[...] o sentimento de aprisionamento é reforçado pela metáfora da «teia» tal como a aranha enreda a presa na sua teia, impedindo-a de fugir, também a rotina limita (de forma insuportável) os homens da casa»}
6. (do Grupo I [já vimos quando revimos Os Lusíadas]) Complete as afirmações abaixo apresentadas, selecionando da tabela a opção adequada a cada espaço. Nestas estâncias, são utilizados alguns recursos expressivos frequentes em Os Lusíadas: na expressão «peito oculto» (v. 3), está presente uma ___a)___; a apóstrofe ocorre, por exemplo, em ___b)___.
a)
b)
1. personificação
1. «o mar irado» (v. 10)
2. anástrofe
2. «padre Oceano» (v. 13)
3. metáfora
3. «fracos e atrevidos» (v. 24)
4. comparação
4. «humanos» (v. 32)
{solução: a) = 3; b) = 2.}
2018, 1.ª fase
2. (do Grupo I [ainda veremos ao dar este poema de Mensagem proximamente]) Justifique o recurso simultâneo à anáfora e à frase interrogativa a partir do sétimo verso do poema
2018, 2.ª fase
4. (do Grupo I [veremos ao rever o Padre António Vieira]) Relacione o comportamento dos peixes, descrito entre as linhas 3 e 6, com as interrogações retóricas presentes nas linhas 6 e 7.
{solução: «[...]
os peixes, atraídos por «um pedaço de pano» (linhas 3-4), deixam-se facilmente enganar pelo «homem do mar» (linha 3), perdendo a vida;
as interrogações retóricas exprimem a crítica severa ao comportamento dos peixes, na medida em que acentuam a ideia de que é a ignorância/a cegueira que os conduz à morte.»}
6. (do Grupo I [veremos ao rever o Padre António Vieira]) Transcreva:
a) a metáfora que, entre as linhas 3 e 6 [«Toma um homem do mar um anzol, ata-lhe um pedaço de pano cortado e aberto em duas ou três pontas, lança-o por um cabo delgado até tocar na água, e em o vendo o peixe, arremete cego a ele e fica preso e boqueando, até que, assim suspenso no ar, ou lançado no convés, acaba de morrer.»], exprime a ideia de falta de lucidez;
b) uma estrutura anafórica que, entre as linhas 12 e 15 [«Põe por isca nas pontas desses piques, desses chuços e dessas espadas dois retalhos de pano, ou branco, que se chama Hábito de Malta, ou verde, que se chama de Avis, ou vermelho, que chama de Cristo e de Santiago, e os homens por chegarem a passar esse retalho de pano ao peito, não reparam em tragar e engolir o ferro. E depois disso que sucede?»], imprime ritmo ao discurso.
a) ________
b) ________
Sobre Recursos estilísticos (de Entre nós e as palavras, 11.º ano) com exemplos do «Sermão de Santo António [aos peixes]»:

Quer em 2019 quer em 2018 houve textos do «Sermão de Sanro António» no exame nacional de Português.
Vejamos a prova de há dois anos (2018, 2.ª fase):
Grupo I — Parte B
Leia o texto. Se necessário, consulte as notas.
Outra cousa muito geral, que não tanto me desedifica, quanto me lastima em muitos de vós, é aquela tão notável ignorância e cegueira que em todas as viagens experimentam os que navegam para estas partes. Toma um homem do mar um anzol, ata-lhe um pedaço de pano cortado e aberto em duas ou três pontas, lança-o por um cabo delgado até tocar na água, e em o vendo o peixe, arremete cego a ele e fica preso e boqueando, até que, assim suspenso no ar, ou lançado no convés, acaba de morrer. Pode haver maior ignorância e mais rematada cegueira que esta? Enganados por um retalho de pano, perder a vida? Dir-me-eis que o mesmo fazem os homens. Não vo-lo nego. Dá um exército batalha contra outro exército, metem-se os homens pelas pontas dos piques, dos chuços e das espadas, e porquê? Porque houve quem os engodou e lhes fez isca com dois retalhos de pano. A vaidade entre os vícios é o pescador mais astuto e que mais facilmente engana os homens. E que faz a vaidade? Põe por isca nas pontas desses piques, desses chuços e dessas espadas dois retalhos de pano, ou branco, que se chama Hábito de Malta, ou verde, que se chama de Avis, ou vermelho, que chama de Cristo e de Santiago, e os homens por chegarem a passar esse retalho de pano ao peito, não reparam em tragar e engolir o ferro. E depois disso que sucede? O mesmo que a vós. O que engoliu o ferro, ou ali, ou noutra ocasião ficou morto; e os mesmos retalhos de pano tornaram outra vez ao anzol para pescar outros.
Padre António Vieira, Sermão de Santo António (aos peixes) e Sermão da Sexagésima, edição de Margarida Vieira Mendes, Lisboa, Seara Nova, 1978, pp. 93-94.
Notas
chuços (linha 9) – paus armados com uma ponta de ferro.
desedifica (linha 1) – escandaliza; desmoraliza; desagrada.
engodou (linha 9) – enganou.
Hábito (linha 12) – traje usado por membros de ordens religiosas.
Malta, Avis, Cristo, Santiago (linhas 12 e 13) – ordens religiosas e militares.
piques (linha 9) – lanças terminadas em ponta aguçada.
4. Relacione o comportamento dos peixes, descrito entre as linhas 3 e 6, com as interrogações retóricas presentes nas linhas 6 e 7.
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5. Explique a crítica que é feita aos homens, incluindo os membros do clero, a partir da linha 7.
6. Transcreva:
a) a metáfora que, entre as linhas 3 e 6, exprime a ideia de falta de lucidez;
b) uma estrutura anafórica que, entre as linhas 12 e 15, imprime ritmo ao discurso.
[Quadro tirado de Projetos, 11.º ano, Santillana:]


Características dos peixes criticados no capítulo V (tabela tirada a Fernanda Carrilho, «Sermão de Santo António aos Peixes» de Padre António Vieira, Lisboa, Texto, 2004, p. 83):
Peixes
Simbolizam
Características de Santo António (contrastantes com a do peixe)
Roncadores
Soberba e orgulho
Era detentor do saber e do poder e não se vangloriava por isso
Pegadores
Parasitismo e adulação
Pegou-se somente a Cristo
Voadores
Ambição e presunção
Tinha asas (sabedoria) e não as usou para exibição do seu valor
Polvos
Traição
Esteve sempre afastado da traição, sempre houve verdade e sinceridade
Faz corresponder os trechos/sketches seguintes a um dos peixes repreendidos por Vieira no cap. V do «Sermão de Santo António» (roncador, pegador, voador, polvo):
«Eu conheço o Lopes da Silva»

«Mães à compita»

Dédalo & Ícaro

Medusas (À procura de Nemo)

Hank (À procura de Dory)

Classifica quanto à função sintática os segmentos sublinhados
Antes Dela [aliás, por que não pode haver contração: de ela] Dizer Que Sim
(Bárbara Tinoco)
Ele não sabe o nome dela
Tem medo de perguntar
Ela é como atriz de novela     ______
Que ele gosta de ver sonhar

Ela não sabe o nome dele
Tem medo de perguntar
E, se as promessas coradas     ______
Foram bebida a falar,

E ele não contou
Mas ela não escondeu
Com quem a noite passou,     ______
Jura ela o seu Romeu

Ele quer mais
Ela também
Talvez por isso nesse dia
Ele foi vê-la à luz do dia     ______

Ele gosta das formas dela     ______
E ela diz que ele tem bom ar
O mundo finge não saber     ______
Que ele não é rapaz de fiar

Ela tem um novo sorriso
Mas medo de o partilhar     ______
Ele gosta mais do que é preciso
De a desafiar

Ele, que sabia de cor     ______
As moças mais fáceis,
Engates mais rascas;

Ela, que ficava em casa fechada     ______
Com medo de ser
Só mais um rabo de saias;

Ele agora diz que a ama,     ______
Dormem juntos só a dormir
Gosta dela de pijama
E ela de o corrigir…
Ela agora diz que o ama,
Dormem juntos só a dormir,
Gosta dele desarmado,
E ele de a ver despir.

E as velhinhas, na cidade,
Sussuram no meu tempo não era assim,
Oh onde já se viu dois enamorados,
Com cara de parvos,
Antes de ela dizer que sim.

Mas ele ainda se lembra,
De descer aquelas escadas,
Ganhar coragem, perguntar,
E como raio tu te chamas.
Ela fingiu-se de irritada,
Ofendida pela trama,     ______
Reuniu coragem para o amar,     ______
Perguntou e tu como raio te chamas.


Aula 106-107 (5 [9.ª], 6/mar [3.ª, 4.ª, 5.ª]) Correção do comentário sobre «Adeus» (Eugénio de Andrade) e tempo/aspeto (ver Apresentação).
Vamos completar o estudo do cap. V do «Sermão de Santo António», do Padre António Vieira, em que são feitas repreensões a quatro peixes especificamente. Já ouvíramos o trecho sobre os roncadores e boa parte do trecho dos voadores, faltando-‑nos os pegadores (que não estavam na declamação usada) e o polvo. Transcrevo a parte inicial do passo do polvo:
Mas já que estamos nas covas do mar, antes que saiamos delas, temos lá o irmão polvo, contra o qual têm suas queixas, e grandes, não menos que S. Basílio e Santo Ambrósio. O polvo, com aquele seu capelo na cabeça, parece um monge; com aqueles seus raios estendidos, parece uma estrela; com aquele não ter osso nem espinha, parece a mesma brandura, a mesma mansidão.
E debaixo desta aparência tão modesta, ou desta hipocrisia tão santa, testemunham constantemente os dois grandes Doutores da Igreja latina e grega, que o dito polvo é o maior traidor do mar. Consiste esta traição do polvo primeiramente em se vestir ou pintar das mesmas cores de todas aquelas cores a que está pegado. As cores, que no camaleão são gala, no polvo são malícia; as figuras, que em Proteu são fábula, no polvo são verdade e artifício. Se está nos limos, faz-se verde; se está na areia, faz-se branco; se está no lodo, faz-se pardo; e se está em alguma pedra, como mais ordinariamente costuma estar, faz-se da cor da mesma pedra. E daqui que sucede? Sucede que o outro peixe, inocente da traição, vai passando desacautelado, e o salteador, que está de emboscada dentro do seu próprio engano, lança-lhe os braços de repente, e fá-lo prisioneiro. Fizera mais Judas? Não fizera mais, porque nem fez tanto. Judas abraçou a Cristo, mas outros o prenderam; o polvo é o que abraça e mais o que prende. Judas com os braços fez o sinal, e o polvo dos próprios braços faz as cordas. Judas é verdade que foi traidor, mas com lanternas diante; traçou a traição às escuras, mas executou-a muito às claras. O polvo, escurecendo-se a si, tira a vista aos outros, e a primeira traição e roubo que faz é a luz, para que não distinga as cores. Vê, peixe aleivoso e vil, qual é a tua maldade, pois Judas em tua comparação já é menos traidor!
Identifica a figura de estilo em cada alínea:
a) «O polvo, com aquele seu capelo na cabeça, parece um monge» = ______
b) «E debaixo desta aparência tão modesta, ou desta hipocrisia tão santa» = antítese? oxímoro (paradoxo)?
c) «Consiste esta traição do polvo primeiramente em se vestir ou pintar das mesmas cores de todas aquelas cores a que está pegado» = ______
d) «Se está nos limos, faz-se verde; se está na areia, faz-se branco; se está no lodo, faz-se pardo; e se está em alguma pedra, como mais ordinariamente costuma estar, faz-se da cor da mesma pedra» = _____
e) «E daqui que sucede?» = _____
f) «e o salteador, que está de emboscada dentro do seu próprio engano, lança-lhe os braços de repente» = _____
g) «Vê, peixe aleivoso e vil, qual é a tua maldade, pois Judas em tua comparação já é menos traidor!» = _____
Faz corresponder os trechos/sketches/personagens seguintes a um dos peixes repreendidos por Vieira no cap. V do «Sermão de Santo António» (roncador, pegador, voador, polvo). Depois pensa em personagens/pessoas susceptíveis de ilustrar na tabeta algum dos peixes criticados:
«Eu conheço o Lopes da Silva»
Pegadores, pelo parasitismo, pelo oportunismo
«Mães à compita»
Roncadores, pela bazófia, pela vaidade
Dédalo & Ícaro
Voadores, pela ambição
Medusas (À procura de Nemo)

Hank (À procura de Dory)

Manas do Diamantino (ou, na vida real, decerto muitos do círculo de Cristiano Ronaldo)

Mourinho quando passar a usufruir da indemnização paga pelo Tottenham

Jorge Jesus (em qualquer conferência de imprensa ou entrevista)

Silas ou Rúben Amorim (se se transferir para o Sporting)

Frederico Varandas









Eis uns itens de exame (2014, 1.ª fase) que tratavam do passo dos Voadores:
Com os Voadores tenho também uma palavra, e não é pequena a queixa. Dizei-me, Voadores, não vos fez Deus para peixes? Pois porque vos meteis a ser aves? O mar fê-lo Deus para vós, e o ar para elas. Contentai-vos com o mar e com nadar, e não queirais voar, pois sois peixes. Se acaso vos não conheceis, olhai para as vossas espinhas e para as vossas escamas, e conhecereis que não sois ave, senão peixe, e ainda entre os peixes não dos melhores. Dir-me-eis, Voador, que vos deu Deus maiores barbatanas que aos outros do vosso tamanho. Pois porque tivestes maiores barbatanas, por isso haveis de fazer das barbatanas asas? Mas ainda mal, porque tantas vezes vos desengana o vosso castigo. Quisestes ser melhor que os outros peixes, e por isso sois mais mofino que todos. Aos outros peixes do alto, mata-os o anzol ou a fisga, a vós sem fisga nem anzol, mata-vos a vossa presunção e o vosso capricho. Vai o navio navegando e o Marinheiro dormindo, e o Voador toca na vela ou na corda, e cai palpitando. Aos outros peixes mata-os a fome e engana-os a isca, ao Voador mata-o a vaidade de voar, e a sua isca é o vento. Quanto melhor lhe fora mergulhar por baixo da quilha e viver, que voar por cima das entenas e cair morto.
Padre António Vieira, Sermão de Santo António (aos peixes) e Sermão da Sexagésima,
edição de Margarida Vieira Mendes, Lisboa, Seara Nova, 1978, pp. 102-103
glossário
entenas (linha 14) – antena, verga fixa a um mastro na qual se prende uma vela triangular ou vela latina.
mofino (linha 9) – infeliz, desgraçado.
Apresente, de forma bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.
4. Caracterize o tipo humano que o peixe voador simboliza, tendo por base o excerto transcrito.
5. Explicite as consequências do comportamento do peixe voador, fundamentando a resposta com citações textuais pertinentes.
Respostas:
4. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
5. A inconsciência e a presunção do peixe voador fazem-no correr riscos inúteis e graves, pois, para além de poder ser vítima dos perigos do mar, é vítima das velas e das cordas dos navios, perigos do ar («o Voador toca na vela ou na corda, e cai palpitando», ll. 11 e 12). Assim, encontra frequentemente a morte («Aos outros peixes mata-os a fome e engana-os a isca, ao Voador mata-o a vaidade de voar, e a sua isca é o vento», ll. 12 e 13).
O ano passado atribuímos ao polvo Hank (de À procura de Dory) muitas características em função de cada ato seu ao longo do filme: Hank começa por parecer interesseiro  e rezingão mas vai-se tornando quase frágil e simpático. No «Sermão de Santo António», no que toca a polvo, o percurso é o contrário: realça-se a sua aparência de santidade, para se vincar depois a hipocrisia, a maldade.
Destas características de Hank assinala apenas, circundando-as, as que seriam aplicáveis ao polvo de Vieira.
dedicado | irritável | irritadiço | esforçado | receoso | prestável | derrotista | sensível | afetuoso | individualista | solitário | persuasivo | influenciável | introvertido | afável |dissimulado | insinuante | malicioso | astuto | interesseiro | solidário | solícito | prestimoso | medroso | timorato | primário | pessimista | cético | meigo | terno | cordial | inseguro | entusiástico | arrebatado
Lê (aliás, segundo espero, relê) o começo de O Ano da Morte de Ricardo Reis, nas pp. 249-250 do manual («A chegada»). Trata-se, como vês, de uma chegada a Lisboa, neste caso, de um vapor, que atracará no cais de Alcântara.
Escreve texto predominantemente descritivo correspondente à chegada a uma localidade (que conheças; e que pode ser Lisboa ou não). O meio de transporte em que se chegue não tem de ser o barco.O «eu» pode corresponder a alguém que esteja a chegar mas podem assumir também  a perspetiva de que quem vê outros a chegarem.
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TPC — Logo que resolva uns problemas de informática com que me defronto desde anteontem, porei em Gaveta de Nuvens as indicações para recitação (declamação de memória), em aula, de poema de Mensagem. Vão aproveitando para reverem gramática e avançarem/fecharem leitura de O Ano da Morte de Ricardo Reis, de José Saramago.


Aula 108-109 (9 [3.ª, 5.ª], 10 [4.ª], 11/mar [9.ª]) Vai lendo «Esta coisa obscura que é ser português» (pp. 237-238), uma apreciação crítica de Clara Ferreira Alves a O ano da morte de Ricardo Reis, de José Saramago, e circunda a melhor alínea de cada item. (Em raros casos, o conhecimento da obra de Saramago pode ser útil, mas, no essencial, só está em causa, por ora, a leitura deste texto de recensão.)


O ano da morte de Ricardo Reis é um livro cheio «de autores e atores acotovelando-se com o autor» (ll. 3-4), porque

a) os vários heterónimos de Pessoa são também personagens.

b) a intertextualidade com outras obras é nele decisiva.

c) Alberto Caeiro e Ricardo Reis são os protagonistas.

d) Fernando Pessoa e Ricardo Reis são os heróis do livro.



Quanto a O ano da morte de Ricardo Reis, a cronista (ll. 4-5)

a) hesita em considerá-lo o romance português mais importante a seguir a Os Maias.

b) não tem dúvidas de que se trata do romance português mais importante a seguir a Os Maias.

c) não sabe de que trata o livro, o que a faz considerá-lo o romance mais importante depois de Os Maias.

d) não consegue dizer, de repente, se é o melhor romance português depois de Os Maias.



«um que escreve e um que é pelo outro descrito» (ll. 6-7) correspondem, respetivamente, a

a) Ricardo Reis e Fernando Pessoa.

b) Ricardo Reis e José Saramago.

c) Fernando Pessoa e Ricardo Reis.

d) José Saramago e Ricardo Reis.



«Quando o livro começa» (l. 8) é

a) modificador de frase.

b) modificador do grupo verbal.

c) predicado.

d) complemento oblíquo.



Quando Ricardo Reis regressa (ll. 10-11),

a) Pessoa morrera há pouco.

b) Pessoa ainda é vivo, embora acabe por morrer no final desse ano.

c) Saramago ainda não não nascera.

d) Saramago já morrera.



Os pronomes pessoais na l. 13 desempenham as funções de

a) complemento direto, complemento indireto.

b) complemento indireto, complemento direto.

c) complemento direto, complemento direto.

d) complemento indireto, complemento indireto.



«onde se perfilam estátuas de gigantes» (ll. 15-16) é uma oração subordinada

a) substantiva relativa.

b) substantiva completiva.

c) adjetiva relativa explicativa.

d) adjetiva relativa restritiva.



O «brônzeo Pessoa ainda não acolhia turistas e criancinhas ao Chiado» (l. 19) significa que

a) ainda não havia tantos turistas em Lisboa como hoje.

b) ainda não fora construída a escultura de Pessoa na Brasileira do Chiado.

c) Pessoa ainda não era famoso, pelo que a estátua na Brasileira ainda era pouco conhecida.

d) ainda não decorrera visita de estudo em que elementos do 12.º 4.ª tiraram selfie com o poeta.



«ainda não acolhia» (l. 19) tem os valores (aspetual e temporal)

a) imperfetivo; de simultaneidade.

b) perfetivo; de anterioridade.

c) imperfetivo; de anterioridade.

d) perfetivo; de posterioridade.



Pessoa «aparece e desaparece num quarto do Hotel Bragança» (l. 21) quer dizer que

a) Reis (Pessoa) nem sempre está no seu quarto.

b) Fernando Pessoa, por vezes, visita Ricardo Reis.

c) Pessoa vivia nesse quarto de hotel, saindo, por vezes, para visitar Reis.

d) os vários heterónimos de Pessoa iam visitando Reis.



Em «prefigurando a guerra que há de vir» (ll. 30-31) o valor temporal é de

a) anterioridade.

b) futuro.

c) simultaneidade.

d) posterioridade.



O referente do pronome pessoal na l. 34 é

a) o imperador Salazar.

b) Portugal.

c) o Estado Novo.

d) o Adolfo do 12.º 4.ª.



«[o] homem neutro, que observa o espetáculo do mundo» (l. 35) é

a) um moço chamado Adolfo.

b) Hitler.

c) Salazar.

d) Ricardo Reis.



No final do 4.º parágrafo (l. 36), percebemos que

a) o livro talvez se devesse intitular O ano da morte de Fernando Pessoa.

b) o ano da morte a que se reporta o livro é o da morte de Fernando Pessoa.

c) a história se passa sobretudo em outro ano que não o da morte de Fernando Pessoa.

d) Ricardo Reis morreu em 1935.



As formas verbais nas linhas 37-38 («desliza», «acoita-se», «desobriga») têm valores temporal e aspetual de

a) anterioridade, perfetivo.

b) simultaneidade, imperfetivo.

c) simultaneidade, genérico.

d) posterioridade, habitual.



Em «Não perca a festa no Jockey Clube para fazer bem aos ribatejanos inundados» (ll. 39-40), «para fazer bem aos ribatejanos inundados» desempenha a função sintática de

a) modificador do grupo verbal.

b) modificador de frase.

c) complemento oblíquo.

d) complemento do adjetivo.



Em «O narrador espera que não morram de fome antes» (ll. 40-41), a oração subordinada é

a) substantiva relativa.

b) substantiva completiva.

c) adjetiva relativa restritiva.

d) adjetiva relativa explicativa.



«o de Portugal e o de uma Europa a ferver» (ll. 44-45) desempenha a função sintática de

a) modificador restritivo do nome.

b) predicativo do sujeito.

c) modificador apositivo do nome.

d) complemento direto.



O período «Neste livro de Saramago estão todos os livros que se seguiram» (l. 48) implica um ato ilocutório

a) compromissivo.

b) declarativo.

c) assertivo.

d) expressivo.



«que se seguiram» (p. 48) é

a) oração adjetiva relativa apositiva e modificador apositivo do nome.

b) oração adjetiva relativa restritiva e modificador restritivo do nome.

c) oração substantiva relativa e complemento direto.

d) oração substantiva completiva e complemento direto.


Na p. 232 estão diversas frases aforísticas, conotativas, de José Saramago.

A primeira está logo na imagem: «Sempre chegamos ao sítio aonde nos esperam». Se me pedissem para a traduzir em linguagem mais denotativa, escreveria:

[Aforismo de Saramago:]

«Sempre chegamos ao sítio aonde nos esperam»

[Tradução-paráfrase em linguagem mais objetiva:]

Todos acabam por cumprir o percurso de vida que lhes estava destinado.

Procede do mesmo modo relativamente às frases em «Oralidade, 2»:

«Gostar é provavelmente a melhor maneira de ter, ter deve ser a pior maneira de gostar.» (O conto da ilha desconhecida)

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«Há dentro de nós uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos.» (Ensaio Sobre a Cegueira)

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«Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.»      (Ensaio Sobre a Cegueira)

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«A viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam.» (Viagem a Portugal)

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«Quero estar onde estiver a minha sombra se lá é que estiverem os teus olhos.» (O Evangelho Segundo Jesus Cristo)

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«Nem a juventude sabe o que pode, nem a velhice pode o que sabe.» (A Caverna)

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«Às árvores pintadas não lhes caem as folhas.» (A Viagem do Elefante)

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«O espírito não vai a lado nenhum sem as pernas do corpo, e o corpo não seria capaz de mover-se se lhe faltassem as asas do espírito.» (Todos os Nomes)

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Reproduzem-se algumas estrofes da tradução — por Maria Fernanda Borges — do poema «Daddy» (Sylvia Plath, Ariel, Lisboa, Relógio d’Água, 1996 [original inglês: 1965]), que fechou o segmento do filme Sylvia que vimos na última aula.

Paizinho

Já não serves, já não serves

Nunca mais, sapato preto,

No qual tenho vivido como um pé

Durante trinta anos, pobre e branca,

Mal me atrevendo a respirar ou a dar um Atchim.



Paizinho, tinha de ser eu a matar-te

Mas morreste antes de eu ter tido tempo —

Pesado como mármore, um saco cheio de Deus,

Estátua lívida com um dedo do pé cinzento

Grande como uma foca de S. Francisco



Com a cabeça no caprichoso Atlântico

Onde o verde-feijão se derrama sobre o azul

Nas águas da maravilhosa Nauset.

Costumava rezar para te recuperar.

Ach, du.



Na língua alemã, na vila polaca

Reduzida a nada pelo cilindro

Da guerra, da guerra, da guerra.

Mas o nome da vila é vulgar.

O meu amigo polaco



Diz-me que há uma dúzia ou duas.

E por isso nunca lhe soube dizer onde é que tu

Puseste o teu pé, onde as tuas raízes,

Nunca pude falar-te.

A língua prendia-se no maxilar.



[...]



Se já matei um homem também posso matar dois —

O vampiro que disse que eras tu

E que bebeu o meu sangue durante um ano,

Sete anos, se queres saber.

Paizinho, agora podes voltar a deitar-te.



Tens uma estaca nesse teu gordo coração negro

A gente da aldeia nunca gostou de ti.

Dança e bate o pé em cima de ti.

Sempre souberam que foste tu.

Paizinho, paizinho, meu sacana, acabou-se.

Contrasta a perspetiva, sobre pai e mãe, do poema de Plath e do texto de Eugénio de Andrade (na p. 203).

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TPCJá terei posto em Gaveta de Nuvens as instruções para tarefa de recitação.






110-110R (9 [9.ª], 10 [5.ª], 11/mar [3.ª, 4.ª]) Ainda exemplos de figuras de estilo por relatadores de jogos.



Padre António Vieira, «Sermão de Santo António [aos peixes]», cap. V, passo dos pegadores:

Nesta viagem, de que fiz menção, e em todas as que passei a Linha Equinocial, vi debaixo dela o que muitas vezes tinha visto e notado nos homens, e me admirou que se houvesse estendido esta ronha e pegado também aos peixes.

Pegadores se chamam estes de que agora falo, e com grande propriedade, porque sendo pequenos, não só se chegam a outros maiores, mas de tal sorte se lhes pegam aos costados, que jamais os desferram. De alguns animais de menos força e indústria se conta que vão seguindo de longe aos leões na caça, para se sustentarem do que a eles sobeja. O mesmo fazem estes pegadores, tão seguros ao perto como aqueles ao longe; porque o peixe grande não pode dobrar a cabeça, nem voltar a boca sobre os que traz às costas, e assim lhes sustenta o peso e mais a fome.

Este modo de vida, mais astuto que generoso, se acaso se passou e pegou de um elemento a outro, sem dúvida que o aprenderam os peixes do alto, depois que os nossos portugueses o navegaram; porque não parte vice-rei ou governador para as conquistas, que não vá rodeado de pegadores, os quais se arrimam a eles, para que cá lhe matem a fome, de que lá não tinham remédio. Os menos ignorantes desenganados da experiência, despegam-se e buscam a vida por outra via; mas os que se deixam estar pegados à mercê e fortuna dos maiores, vem-lhes a suceder no fim o que aos pegadores do mar.

Rodeia a nau o tubarão nas calmarias da Linha com os seus pegadores às costas, tão cerzidos com a pele, que mais parecem remendos ou manchas naturais, que os hóspedes ou companheiros. Lançam-lhe um anzol de cadeia com a ração de quatro soldados, arremessa-se furiosamente à presa, engole tudo de um bocado, e fica preso. Corre meia companha a alá-lo acima, bate fortemente o convés com os últimos arrancos; enfim, morre o tubarão, e morrem com ele os pegadores.

Os pegadores são a nítida imagem de quem? Justifica com excertos do texto.

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A prova de exame do ano passado (2019, 1.ª fase), te estas perguntas sobre o «Sermão de Santo António», do Padre António Vieira:

Grupo I — Parte B

Leia o texto. Se necessário, consulte as notas.

Falando dos peixes, Aristóteles diz que só eles, entre todos os animais, se não domam nem domesticam. Dos animais terrestres, o cão é tão doméstico, o cavalo tão sujeito, o boi tão serviçal, o bugio1 tão amigo ou tão lisonjeiro, e até os leões e os tigres com arte e benefícios se amansam. Dos animais do ar, afora aquelas aves que se criam e vivem connosco, o papagaio nos fala, o rouxinol nos canta, o açor nos ajuda e nos recreia; e até as grandes aves de rapina, encolhendo as unhas, reconhecem a mão de quem recebem o sustento. Os peixes, pelo contrário, lá se vivem nos seus mares e rios, lá se mergulham nos seus pegos2, lá se escondem nas suas grutas, e não há nenhum tão grande que se fie do homem, nem tão pequeno que não fuja dele. Os Autores comummente condenam esta condição dos peixes, e a deitam à pouca docilidade ou demasiada bruteza; mas eu sou de mui diferente opinião. Não condeno, antes louvo muito aos peixes este seu retiro, e me parece que, se não fora natureza, era grande prudência. Peixes! Quanto mais longe dos homens, tanto melhor; trato e familiaridade com eles, Deus vos livre! Se os animais da terra e do ar querem ser seus familiares, façam-no muito embora, que com suas pensões3 o fazem. Cante-lhes aos homens o rouxinol, mas na sua gaiola; diga-lhes ditos o papagaio, mas na sua cadeia; vá com eles à caça o açor, mas nas suas piozes4; faça-lhes bufonerias5 o bugio, mas no seu cepo; contente-se o cão de lhes roer um osso, mas levado onde não quer pela trela; preze-se o boi de lhe chamarem fermoso ou fidalgo, mas com o jugo sobre a cerviz6, puxando pelo arado e pelo carro; glorie-se o cavalo de mastigar freios dourados, mas debaixo da vara e da espora; e se os tigres e os leões lhes comem a ração da carne que não caçaram nos bosques, sejam presos e encerrados com grades de ferro. E entretanto vós, peixes, longe dos homens e fora dessas cortesanias7, vivereis só convosco, sim, mas como peixe na água. De casa e das portas adentro tendes o exemplo de toda esta verdade, o qual vos quero lembrar, porque há Filósofos que dizem que não tendes memória.

Padre António Vieira, Sermão de Santo António (aos peixes) e Sermão da Sexagésima, edição de Margarida Vieira Mendes, Lisboa, Seara Nova, 1978, pp. 73-74.

Notas

1 bugio – espécie de macaco. || 2 pegos – locais onde os rios ou os mares são mais profundos. || 3 pensões – obrigações; encargos. || 4 piozes – correntes colocadas nas patas de algumas aves de caça. || 5 bufonerias – graçolas; caretas. || 6 cerviz – parte posterior do pescoço. || 7 cortesanias – hábitos de cortesãos.

4. «Os Autores comummente condenam esta condição dos peixes, e a deitam à pouca docilidade ou demasiada bruteza; mas eu sou de mui diferente opinião.» (linhas 8 a 10). Justifique a opinião de Vieira relativamente aos peixes, tendo em conta a comparação entre o comportamento dos peixes e o dos outros animais (linhas 1 a 11).

5. «Peixes! Quanto mais longe dos homens, tanto melhor; trato e familiaridade com eles, Deus vos livre!» (linhas 11 e 12). Comprove a pertinência dos exemplos apresentados por Vieira (linhas 12 a 21) para fundamentar este conselho dado aos peixes.

6. [já fizemos nas páginas sobre figuras de estilo]

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Valor modal

Tirei este item de Da Comunicação à Expressão. Exercícios Gramática Prática de Português. 3.º ciclo do Ensino Básico e Ensino Secundário, Lisboa, Raiz, 2013, p. 121:

Associa as frases da coluna da esquerda ao respetivo valor modal expresso na coluna da direita:

a) Não fales alto.
b) A carta deve chegar amanhã.
c) Podes ir para casa.
d) Infelizmente não lhe falei antes.
e) Tenho a certeza que ele sabe.
1. Modalidade apreciativa
2. Modalidade epistémica com valor de certeza
3. Modalidade epistémica com valor de probabilidade/possibilidade
4. Modalidade deôntica com valor de obrigação
5. Modalidade deôntica com valor de permissão

a = ____ || b = ___ || c = ___ || d = ___ || e = ___

Valor aspetual

Exercício de Da Comunicação à Expressão. Exercícios, p. 122:

Para cada enunciado, indica o valor aspetual expresso (podes escolher entre os em baixo):

a) O Quitério comia a sopa em silêncio. _____

b) O hábito não faz o monge. _____

c) Faço sempre os deveres antes de me deitar. _____

d) O meu pai já saiu. _____

e) Comecei a fazer o trabalho na segunda-feira. _____

f) Acabei de fazer os exames na semana passada. _____

g) Tenho ido ao cinema todas as sextas. _____

h) Estou a estudar há duas horas. _____

genérico / imperfetivo / perfetivo / habitual / iterativo / aspeto que marca o início da ação (incoativo) / aspeto que marca o fim da ação (cessativo) / aspeto que marca a duração da ação (durativo)

Itens de exames em torno de valores aspetuais

[2016, 2.ª fase]

6. O complexo verbal «está aproximando» (linha 26) [«Na gruta imensa, o tempo está aproximando duas pedras insignificantes e promete a silenciosa união para daqui a duzentos anos.»] tem um valor aspetual

(A) genérico. | (B) pontual. | (C) iterativo. | (D) durativo.

[2013, data especial]

1.5. Na expressão «ia chegando» (linha 26), o evento é perspetivado como

(A) progressivo. | (B) habitual. | (C) acabado. | (D) pontual.


Holonímia, Meronímia, Hiperonímia, Hiponímia

Completa. As últimas filas de cada quadro devem ser originais.

merónimos
holónimo
travão, volante, vidro, cinto de segurança, pedal
...
...
gato
ponte, ...
...
...
...



hipónimos
hiperónimo
sariquité, ...
...
...
doce
estômago, pulmões, ...
...
...
...

Itens de exames com menção de holonímia, meronímia, Hiperonímia, ...

[2016, época especial]

7. Relativamente à expressão «a língua portuguesa» (linha 29), o recurso ao pronome demonstrativo presente na linha 31 [«comunidade de diferenças elástica, simbiótica e altiva. Esta é a ditosa língua, minha amada.»] constitui uma

(A) substituição por hiperonímia. | (B) substituição por sinonímia. | (C) anáfora. | (D) catáfora.

[2013, data especial]

1.7. As palavras «navios» (linha 35) e «marinheiros» (linha 36)

(A) pertencem ao mesmo campo lexical. | (B) pertencem ao mesmo campo semântico.

(C) estabelecem uma relação de holonímia/meronímia. | (D) estabelecem uma relação de hiperonímia/hiponímia

[2013, época especial]

1.6. O vocábulo «folhas» (linha 9), relativamente ao vocábulo «livro» (linha 7), é um

(A) hipónimo. | (B) merónimo. | (C) holónimo. | (D) hiperónimo.

Orações (& «Sermão»)

Temos revisto o «Sermão de Santo António». Classifica as orações destacadas — de trechos do cap. II —, estabecendo a correspondência entre as colunas A e B (cada elemento da coluna B pode corresponder a mais do que um elemento da coluna A) [exercício de Entre Nós e as Palavras, 11.º ano de escolaridade, p. 35]:



a = ___ || b = ___ || c = ___ || d = ___ || e = ___ || f = ___ || g = ___ || h = ___


Classifica quanto à função sintática os segmentos sublinhados

«Lisboa» (Tara Perdida)

Olá, Lisboa, pela primeira vez,

Olá, Lisboa, pela primeira vez,



Lembro-me de ti,

Como se fosse um regresso a casa,

As ruas escuras à noite,

O medo de quem quer voltar,



E passo por ti,

Condenado a sentir um vazio

Na hora de te abandonar,

A lembrança de quem quer ficar,

A cidade por descobrir,

Um adeus, vou partir.



Lisboa, és só tu e eu,

Lisboa, és só tu e eu.



Confesso-me a ti,

Ó cidade, de noite encantada.

Lembras-me a vontade,

Hoje eu vou ficar.



Agarro-me a ti,

Confrontando a saudade que sinto.

A hora está-se a aproximar,

As memórias de quem quer voltar,

Um segredo que vou descobrir,

O adeus, vou partir.



Lisboa, és só tu e eu,

Lisboa, és só...



E passo por ti,

Condenado ao vazio,

A ânsia de querer voltar,

O adeus que não te vou dizer.



Espero aqui,

Com o mar controlado,

A história de ter um passado

A idade de te conhecer,

A cidade por descobrir,

O adeus, vou partir.



Lisboa, és só tu e eu,

Lisboa, és só tu e eu.








Aula 111-112 (12 [9.ª], 13/mar [3.ª, 4.ª, 5.ª]) Correção do questionário de compreensão sobre recensão de Clara Ferreira Alves.

Vai lendo o texto na p. 235 — trecho do discurso proferido por Saramago aquando da cerimónia de entrega do Prémio Nobel — e escolhe as melhores alíneas. Usa apenas esta página do manual.

Do primeiro período (ll. 1-6) se pode concluir que José Saramago

a) já sabia alguma coisa de lições de poesia quando entrou para a escola técnico-profissional que frequentaria.

b) aprendeu noções sobre poesia quando frequentou a escola onde também se preparou para a profissão de serralheiro mecânico.

c) aprenderia alguma coisa sobre poesia já na sua vida de trabalho, enquanto serralheiro mecânico.

d) aprendeu poesia, mas tudo aldrabado, numas aulas que frequentou em Benfica, salvo erro numa sala D9 infestada de covid 19.



«andava a preparar-se» (l. 4) e «exerceu» (l. 5) têm valor aspetual, respetivamente,

a) perfetivo, imperfetivo.

b) imperfetivo, perfetivo.

c) habitual, imperfetivo.

d) iterativo, imperfetivo.



Segundo o segundo período (ll. 6-12), Saramago

a) teve também bons mestres de arte poética.

b) foi orientado no conhecimento da poesia por bons mestres que ia encontrando à noite.

c) foi aprendendo acerca da poesia como autodidata, frequentando bibliotecas e ao sabor dos acasos das leituras.

d) aprendeu a arte poética sem orientação, sem o assombro do navegante que inventa cada lugar que descobre.



Do terceiro período (ll. 12-14) inferimos que

a) a leitura de O Ano da Morte de Ricardo Reis começou na biblioteca da escola industrial que Saramago frequentou.

b) a escrita de O Ano da Morte de Ricardo Reis começou na biblioteca da escola industrial que Saramago frequentou.

c) na biblioteca da escola industrial que Saramago frequentou nasceu a inspiração para O Ano da Morte de Ricardo Reis.

d) foi na tipografia da escola que Saramago frequentou que começou a produção de O Ano da Morte de Ricardo Reis.



Na revista Athena, Saramago, jovem adolescente,

a) publicaria O Ano da Morte de Ricardo Reis.

b) leria poemas de Ricardo Reis, que sabia ser heterónimo de Fernando Pessoa.

c) leria poemas de Ricardo Reis, ignorando tratar-se de um heterónimo de Pessoa.

d) leria poemas de Ricardo Reis, julgando tratar-se de textos de Fernando Pessoa.



«cartografia literária do seu país» (l. 19) é uma

a) hipérbole.

b) perífrase.

c) metáfora.

d) metonímia.



«um tal Fernando Nogueira Pessoa» (l. 23) visa

a) acentuar como Pessoa era ainda pouco conhecido.

b) mostrar com certa ironia a ignorância do jovem Saramago.

c) sublinhar a importância de Fernando Pessoa já então.

d) brincar com o processo heteronímico.



O valor aspetual de «chamava» (l. 25) e «custou» (l. 27) é, respetivamente,

a) imperfetivo, perfetivo.

b) genérico, perfetivo.

c) habitual, imperfetivo.

d) iterativo, imperfetivo.



«podia» (l. 31) tem valor modal

a) epistémico (probabilidade).

b) deôntico (permissão).

c) apreciativo.

d) epistémico (obrigação).



Nas ll. 27-28, na oração coordenada conclusiva introduzida por «por isso», desempenham as funções de sujeito, complemento direto e complemento indireto, respetivamente,

a) «saber o que ela significava», «tanto trabalho», «ao aprendiz de letras».

b) «ela», «tanto trabalho», «ao aprendiz de letras».

c) «saber», «tanto trabalho», «ao aprendiz de letras».

d) «aprendiz de letras», «tanto trabalho», «o que ela».



«de cor» (l. 29) e «muitos poemas de Ricardo Reis» (l. 29) desmpenham as funções sintáticas de, respetivamente,

a) complemento oblíquo, sujeito.

b) modificador do grupo verbal, complemento direto.

c) modificador do grupo verbal, sujeito.

d) complemento oblíquo, complemento direto.



No verso de Ricardo Reis na l. 30 («Para ser grande[,] sê inteiro»), «Para ser grande» desempenha a função de

a) sujeito.

b) modificador de frase.

c) modificador de grupo verbal.

d) complemento oblíquo.



Na frase «Põe quanto és no mínimo que fazes (ll. 30-31), as funções sintáticas de «quanto és», «no mínimo [que fazes]» e «que fazes» são, respetivamente,

a) sujeito, complemento oblíquo, modificador apositivo do nome.

b) complemento direto, modificador do grupo verbal, modificador apositivo do nome.

c) complemento direto, complemento oblíquo, modificador restritivo do nome.

d) predicado, complemento oblíquo, modificador restritivo do nome.



«quanto és» (l. 30) é uma oração subordinada

a) substantiva relativa.

b) substantiva completiva.

c) adjetiva relativa restritiva.

d) adjetiva relativa explicativa.



As objeções de Saramago (cfr. ll. 31-34) ao verso de Ricardo Reis «Sábio é o que se contenta com o espetáculo do mundo» devem-se ao facto de o autor de O Ano da Morte de Ricardo Reis

a) não comungar da ingenuidade e gosto pela natureza professados por Ricardo Reis.

b) não ter o mesmo ideário estoico e epicurista de Reis.

c) duvidar da atitude de que quem ensina os outros, dos «sábios».

d) não gostar de analisar o mundo.



«a ocupação da Renânia pelo exército nazista», «a guerra de Franco contra a República espanhola», «a criação por Salazar das milícias fascistas portuguesas» (ll. 38-40) podem ser considerados

a) merónimos do holónimo ‘Guerra’.

b) hipónimos do hiperónimo ‘Acontecimentos de 1936’.

c) itens do campo lexical ‘Guerra’.

d) itens do campo semântico ‘Acontecimentos de 1936’.



«da Renânia» (l. 38) desempenha a função sintática de

a) complemento do nome.

b) complemento oblíquo.

c) modificador do grupo verbal.

d) modificador restritivo do nome.



«Eis o espetáculo do mundo» (l. 40) pode considerar-se implicar um ato ilocutório

a) declarativo.

b) expressivo.

c) compromissivo.

d) assertivo.



«meu poeta das amarguras serenas e ceticismo elegante» (40-41) reporta-se

a) a Alberto Caeiro.

b) a Fernando Pessoa.

c) ao próprio Saramago.

d) a Ricardo Reis.



Este trecho na p. 235 é predominantemente

a) descritivo e argumentativo.

b) dialogal e narrativo.

c) narrativo.

d) explicativo.

GRUPO III

Por estes dias, as medidas a tomar relativamente ao COVID-19 no caso dos estabelecimentos de ensino, incluindo a possibilidade de serem antecipadas as férias da Páscoa, têm estado na ordem do dia.

Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cinquenta palavras, defenda uma perspetiva pessoal sobre a problemática apresentada.

No seu texto:

— explicite, de forma clara e pertinente, o seu ponto de vista, fundamentando-o em dois argumentos, cada um deles ilustrado com um exemplo significativo;

— utilize um discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito).

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .



TPC (para os próximos tempos) — revê gramática; lê mesmo O ano da morte de Ricardo Reis; — prepara recitação. [Irei lançando comentários dos trabalhos com Pessoa; se tiver tarefas que possam ir adiantando para o 3.º período ou para os tempos que aí vêm, afixá-las-ei em Gaveta de Nuvens.]






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