Saturday, August 31, 2019

Aulas (1.º período, 2.ª parte: 21-43)

Aula 21-22 (14 [3.ª, 5.ª], 15 [4.ª] 16/out [9.ª]) Começa por relancear o texto expositivo «Alberto Caeiro, o poeta ‘bucólico’» (p. 49).
Depois, lê o nono poema de «O Guardador de Rebanhos», de Alberto Caeiro, que ponho a seguir, e completa a tabela.
IX
Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.

Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto,
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz.
Alberto Caeiro, «O Guardador de Rebanhos», Poemas de Alberto Caeiro, Lisboa, Ática, 1946 (10.ª ed.: 1993)
Trechos Vv. Figuras Funcionalidade do recurso estilístico
Sou um guardador de rebanhos. 1 _____ O sujeito poético aproxima-se da natureza. A afirma-ção é a primeira premissa do silogismo constituído pelos três primeiros versos, cuja conclusão será «o sujeito poético é um guardador de ____».
Penso com os olhos e com os ouvidos / E com as mãos e os pés, / E com o nariz e a boca. 4-6 Enumeração Com este inventário de órgãos sensoriais reforça-se o que se estipulara no v. 3 (a ___ do sentir físico).
Polissíndeto A articulação dos termos através da ___ «e» ajuda a representar o eu lírico como ingénuo, simples, infantil, ao mesmo tempo que acentua o citado predomínio das ___.
_____ Hierarquizam-se as sensações de acordo com o grau de conhecimento que permitem apreender: as impressões visuais são a primeira fonte de saber, seguindo-se as auditivas, as táteis, as olfativas e, por fim, as gustativas.
E com as mãos e os pés / E com o nariz e a boca. 5-6 _____ / Paralelismo Através da arrumação paralelística, consegue-se estilizar, «poetizar», o segmento, que pretendia também afirmar a simplicidade (caeiriana) do eu.
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la / E comer um fruto é saber-lhe o sentido. 7-8 Metáfora / _____ Exemplifica-se o que se teorizara antes (o poeta só pensa através das sensações — no caso, visão, olfato, gosto). No v. 7, a ação sensorial está à direita (pensar = visão e olfato); no verso 8, a ordem é a contrária (gosto = pensar).
Me sinto triste de gozá-lo tanto, 10 _____ O quase paradoxo marca talvez a aversão do eu à perceção mental do gozo.
E fecho os olhos quentes, 12 Sinestesia Um pouco forçadamente, talvez se possa considerar haver aqui uma associação do ___ («quente») à visão («olhos»), que, de novo, tenderia a valorizar o domínio das ___.
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade, 13 _____ Sugere-se a importância do sentir (do «corpo»), que seria a única via de acesso à «realidade».
Sei a verdade e sou feliz. 14 Paralelismo / Bipartição do verso Na sequência da metáfora anterior, confirma-se a supremacia do ___ sobre o pensar, assume-se a sensação como a autêntica forma de ___ e única fonte de felicidade.
Lê agora, na p. 52, o «Poema segundo» do mesmo conjunto de poemas de Alberto Caeiro (reunidos em «O Guardador de Rebanhos»). Sintetiza em frases com menos de trinta letras as lições que o sujeito quer inculcar em cada uma das três primeiras estrofes:
estrofe dos vv. 1-12: ___________.
sextilha de 13-18: ____________.
quintilha de 19-23: ___________.
Quanto ao dístico com que o poema se conclui (vv. 24-25), resolve o item 6 do manual («constit[ui] um silogismo inacabado. Completa-o»):
Amar é a eterna inocência;
A única inocência é não pensar;
Logo, _______________.
A filosofia de Caeiro — que se diz guardador de rebanhos — tem alguma coisa que ver com Paterson — condutor de autocarros — e os seus poemas. Desenvolve esta ideia.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
[O protagonista de Paterson contenta-se, como Caeiro, com a observação do que o cerca, sem pretender «complicar» essa realidade que apreende. Dir-se-á que se satisfaz com pouco, revela bonomia, uma paz quase infantil (não por acaso, os seus poemas não são mais sofisticados do que aquele que lhe lê uma miúda de uns dez anos). O lema do poeta que Paterson mais admira, William Carlos Williams, era «no ideas but in things», que quase coincide com a defesa, caeiriana, de que o mundo não se fez para pensarmos nele.]
TPC — Vai tratando (terminando-a) da leitura do livro escolhido para o PL.


Aula 23-23R (14 [9.ª], 15 [5.ª], 16/out [4.ª, 5,ª]) Correção de trabalho com cantiga de amigo (da aula 18-18R).
Verifica quais são os valores aspetuais mais nítidos em cada frase de «E tudo o convento levou» (série Lopes da Silva), preenchendo a segunda coluna com uma destas palavras: genérico, imperfetivo, perfetivo, habitual, iterativo.
Na coluna da direita, identifica o responsável por esse matiz:  verbo auxiliar (AUX); o significado do verbo principal (V); o tempo em que o verbo está usado (T); alguma expressão temporal presente na frase.
Frase
Aspeto
Através de...
A competição é inevitável
genérico

As carmelitas descalças estão a comercializar doçaria conventual

Aux («estar a»)
As freiras vicentinas andam a vender rendas de bilro


As carmelitas sabem perfeitamente que os doces conventuais são o nosso negócio
situação estativa
Deus é grande [mas parece ser pequeno para o amor destas religiosas]

V («ser»)
Tudo estava bem [até que as carmelitas quiseram mais]
imperfetivo

Lá vem ela

T (presente)
Nós sempre dominámos o mundo dos bordados
imperfetivo

Às vezes, dá-me vontade de rir

«às vezes», T (presente)
Já recordei todos os trocadilhos com freiras

T (perfeito), «já»
O Maior costuma observar o vosso Bingo

Aux («costumar»)
O Maior vê sempre os vossos cartões
habitual

Quem ama o Senhor são as vicentinas
situação estativa
As carmelitas têm ido a Santiago todos os meses
iterativo

As vicentinas tropeçaram nas escadas

T (perfeito)
Nestes dois passos, mais do que o aspeto interessam os valores temporais: anterioridade, simultaneidade, posterioridade.
Frase
Localização temporal
Através de...
Vai dizer à tua abadessa [que quem ama o Senhor são as vicentinas]
posterioridade

Na procissão de maio vamos rezar menos uma novena por elas

«Na procissão de maio», Aux («ir»)
Tirado do Caderno de atividades (e ajudado com léxico que dou):
Recorda o estudo que fizeste da poesia trovadoresca. Elabora uma exposição escrita, de 130 a 170 palavras, subordinada ao tema:
A saudade é um tema recorrente nas cantigas de amigo.
O texto deve respeitar os mecanismos de coesão e coerência, devendo ser organizado em introdução, desenvolvimento e conclusão.
Algum léxico
queixas de amor não correspondido ou da simples ausência
afastamento voluntário ou involuntário
guerra («fossado»)
confidente
natureza
mar, árvores, cervos
mãe, amigas, irmãs
quotidiano
{Completa a minha resposta:}
Na produção poética galaico-portuguesa, destacam-se, pela sua originalidade, as cantigas de amigo, aliás provavelmente autóctones (ao contrário das cantigas de amor), tratando-se de um género em que a saudade é tema recorrente.
A donzela, o sujeito poético que expressa os seus sentimentos, manifesta a saudade do amigo ausente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
As romarias, a ida à fonte, podem ser o contexto motivador desses lamentos, de um amor não correspondido ou de nostalgia do amado, mas sem o tom hiperbólico que vemos, por exemplo, nas cantigas de amor.
Depois de vermos o trecho de Último a sair (em que as ações de Bruno ficam nos antípodas do que seria o código do amor cortês na lírica medieval), completa a tabela.
Cantigas de amor
Último a sair, episódio Bruno-Sónia
O sujeito poético é um trovador, que se dirige à sua «senhor», que não _____ e é um ser sobretudo idealizado, incorpóreo.
Bruno Nogueira é quem inicia o diálogo, mas tanto o homem (Bruno) como a mulher (Sónia Balacó) ______.
Ambiente é palaciano, o «eu» (trovador) e a dama são _____ (origem das cantigas de amor é provençal — lembre-se que a 1.ª dinastia portuguesa tinha ascendentes franceses —, ao contrário das cantigas de amigo, provavelmente autóctones).
Contexto imita o de um reality show, supondo-se que as personagens em causa se comportam como jovens _____ e modelo-atriz.
Amor é mais aspiração do que experiência sentimental; tudo está sujeito a convenções; _____ respeita a senhor[a] a quem presta vassalagem amorosa, à maneira cavaleiresca.
______ não se coíbe de fazer propostas bastantes explícitas, mais físicas do que espirituais, e trata a sua colega sem qualquer reserva ou delicadeza.
Pretende-se prolongar o estado de tensão, sem chegar ao fim do _____.
Bruno não resiste a seduzir Sónia sob os lençóis, mesmo quando se supunha ficarem apenas a _____.
_____ da senhor[a] não poderia ser posta em causa, não havendo quaisquer alusões impróprias, sem se sair nunca da esfera espiritual; a «mesura» implicava que não se poderia suspeitar da identificação da amada.
Bruno não se preocupa em preservar a imagem de Sónia, o seu estratagema passa mesmo por aproveitar o ______ do público, o que implicava expor ao máximo a sua relação com a amada.
O sujeito poético, o trovador, superlativa a senhor[a], que elogia com devoção quase ______.
Sem grande sentido do charme, Bruno é várias vezes desagradável com Sónia, que deprecia mais do que ______.
distância entre trovador e a senhor[a], que lhe é ______.
Haveria _____ máxima entre amante e amada, se dependesse apenas de Bruno.
Fidelidade é outra _____ imposta ao trovador.
Bruno, assim que Sónia se lhe esquiva, vai _____ Luciana e Débora.
Fica aqui um programa-aula de História da Língua Portuguesa que fiz há muitos anos, que inclui (entre 7.20 e 15.50) um depoimento de Elsa Gonçalves sobre os cancioneiros (Ajuda, Biblioteca Nacional, Vaticana) e os pergaminhos Vindel e Sharrer.
Escreve a função sintática ao lado dos segmentos que fui sublinhando, da letra de «A Paixão (segundo Nicolau da Viola)» (Rui Veloso, Mingos & Samurais, 1990).
«A Paixão (segundo Nicolau da Viola)»
(Carlos Tê / Rui Veloso-Carlos Tê)
Tu eras aquela que eu mais queria
Para me dar algum conforto e companhia
Era só contigo que eu sonhava andar
Para todo o lado e até quem sabe talvez casar

Ai o que eu passei só por te amar
A saliva que eu gastei para te mudar
Mas esse teu mundo era mais forte do que eu
E nem com a força da música ele se moveu

Mesmo sabendo que não gostavas
Empenhei o meu anel de rubi
P’ra te levar ao concerto que havia no Rivoli

E era só a ti que eu mais queria
Ao meu lado no concerto nesse dia
Juntos no escuro de mão dada a ouvir
Aquela música maluca sempre a subir
Mas tu não ficaste nem meia hora
Não fizeste um esforço p’ra gostar e foste embora

Contigo aprendi uma grande lição
Não se ama alguém que não ouve a mesma canção

Mesmo sabendo que não gostavas
Empenhei o meu anel de rubi
P’ra te levar ao concerto que havia no Rivoli

Foi nesse dia que percebi
Nada mais por nós havia a fazer
A minha paixão por ti era um lume
Que não tinha mais lenha por onde arder

Mesmo sabendo que não gostavas
Empenhei o meu anel de rubi
P’ra te levar ao concerto que havia no Rivoli
TPC asolução que porei em Gaveta de Nuvens para a ficha 3 do Caderno de atividades, sobre Álvaro de Campos.


Aula 24-25 (17 [9.ª], 18/out [5.ª, 4.ª, 3.ª]) Correção da recriação de «Dobrada à moda do Porto», de Campos, e audição de declamação.
Começa por ler, na p. 71, «Ricardo Reis, o poeta “clássico”».
Para perceberes melhor os conceitos de epicurismo e estoicismo, lê também o texto expositivo enquadrado na p. 74 («Epicurismo e estoicismo — contra o medo da morte, as filosofias da aceitação»).
Lê agora a ode de Ricardo Reis no cimo da p. 72. {Completa, sabendo já que te vou pedir a leitura em voz alta desta resposta, muito especificamente a ti, que nem sempre escreves estes trechos com o cuidado devido:}
Os primeiros quatro versos constituem uma crítica àqueles que . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Nos restantes quatro versos (5-8), fica justificada aquela crítica. O sujeito poético lembra que. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Portanto, a maneira inteligente de vivermos é . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Eis outra ode de Reis cuja tese é idêntica à do poema anterior («Uns, com os olhos postos no passado»). De cada terceto se pode deduzir um conselho, uma máxima de vida. Escreve esses conselhos que o sujeito poético parece estipular:
Cada dia sem gozo não foi teu:
Foi só durares nele. Quanto vivas
               Sem que o gozes, não vives.
Não pesa que ames, bebas ou sorrias:
Basta o reflexo do sol ido na água
               De um charco, se te é grato.
Feliz o a quem, por ter em coisas mínimas
Seu prazer posto, nenhum dia nega
               A natural ventura!
vv. 1-3: ___________________.
vv. 4-6: ___________________.
vv. 7-9: ___________________.
Antes de vermos mais um trecho de Clube dos Poetas Mortos, de Peter Weir, atentemos no poema de Walt Whitman (1819-1892), «O Captain! my Captain!», que o protagonista, John Keating, citava logo na sua apresentação aos alunos.
Logo perceberemos como Álvaro de Campos e os futuristas foram influenciados pelo poeta americano — já para não falar dos poetas da geração beat, como Allen Ginsberg, que conhecemos de Howl (1956).

Ainda antes de falar aos seus alunos em Walt Whitman, Keating aludira a um verso do poeta romano Horácio (65 a.C.-8 a.C.), onde se lê, em latim, carpe diem (que podemos traduzir por ‘goza o dia’, ‘colhe o dia’, ‘desfruta do presente’). A ode completa é esta (destaquei a negro o passo que interessa mais):

Tu não perguntes (é-nos proibido pelos deuses saber) que fim a mim, a ti,
os deuses deram, Leucónoe, nem ensaies cálculos babilónicos.
Como é melhor suportar o que quer que o futuro reserve,
quer Júpiter muitos invernos nos tenha concedido, quer um último,
este que agora o tirreno mar quebranta ante os rochedos que se lhe opõem.
Sê sensata, decanta o vinho, e faz de uma longa esperança
um breve momento. Enquanto falamos, já invejoso terá fugido o tempo:
colhe cada dia, confiando o menos possível no amanhã.
[Horácio, ode 11 do Livro I, Odes, tradução de Pedro Braga Falcão, Lisboa, Cotovia, 2008, p. 69]
O sentido horaciano de «colhe o dia» (carpe diem) é talvez mais conformista, mais passivo, do que aquele que sairá da interpretação comum do filme. Note-se, no último verso, o ‘confiando o menos possível no amanhã’. O sentido que lhe daria Ricardo Reis, e à filosofia epicurista, seria, naturalmente, o antigo, o clássico.
O filme citara antes o poema inglês — de Robert Herrick (1591-1674) — «To the Virgins, to Make Much of Time», em que se defende, a partir do exemplo da efemeridade das rosas, que devemos aproveitar a juventude, porque a vida é breve. Também neste passo se tratava de uma ideia comum ao epicurismo-estoicismo de Ricardo Reis.
Lê este poema do patrono da nossa escola, José Gomes Ferreira (1900-1985):
Vive em cada minuto
a tua eternidade
— sem luto
nem saudade.

Vive-a pleno e forte
num frenesim
de arremesso.

Para que a tua morte
seja sempre um fim
e nunca um começo.
José Gomes Ferreira, Poeta Militante, I, 3.ª ed., Lisboa, Moraes Editores, 1977
Num comentário, compara-o com a ode de Reis, na p. 72, «Tão cedo passa tudo quanto passa!», procurando distinguir e/ou aproximar a «filosofia» de cada um dos poemas.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
TPC — Lê em Gaveta de Nuvens soluções das fichas 2 e 4 do Caderno de atividades, sobre Alberto Caeiro e Ricardo Reis. Estes trabalhos são para ser feitos com mais estoicismo (neste caso, alguma abnegação) do que epicurismo (sei lá como colhem o dia).


Aula 26-27 (21 [3.ª, 5.ª], 22 [4.ª], 23/out [9.ª]) Lê este excerto de uma crónica de Miguel Esteves Cardoso:




Vou fazer 55 anos e só esta semana provei arroz doce quente, acabado de fazer. Avisaram-me que fazia virar a tripa, mas que valia a pena. E fez, mas valeu.


Faltam-me a marmelada quente e os doces de ginja e tomate recém-fervidos e arrefecidos só o bastante para não arrancar o céu da boca. [...]


Adiar prazeres é uma boa estratégia. Convém que sejam prazeres que não requeiram energia física. Tenho autores guardados, como Joseph Roth. Ou cidades, como Barcelona. De resto, fui ganancioso e esbanjei, na estupidez e cobardia do carpe diem, o pouco conhecimento que tinha na imensidão das coisas que conheci. Antes de aprender a dar-lhes valor, à parte serem diferentes umas das outras. Só se vai uma vez a Paris pela primeira vez. Desperdicei-a aos treze anos. A pressa é uma paixão destrutiva. [...]


Fiz bem com o arroz-doce quente. As alegrias também se poupam e adiam. Devem guardar-se. Faz mal quem se antecipa tanto que lhe escapa a felicidade de saber o que lhe está a acontecer. Antes de ser tarde.


Miguel Esteves Cardoso, «O arroz-doce quente», Público, 18 de julho de 2010 [transcrito de Expressões. 12.º ano, Porto, Porto Editora, 2012, de que adapto também duas perguntas]


Explica por que motivo considera o autor que «[a]diar prazeres é uma boa estratégia».


. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Ouçamos agora uma boa declamação, de Luís Lima Barreto [no blogue, ponho as de Sinde Filipe e de Paulo Autran, porque não está na net a de Luís Lima Barreto], do poema de Ricardo Reis cujo primeiro verso é «Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio» (p. 75).


A opção pelo adiamento de prazeres defendida no poema de Reis prende-se com os mesmas razões que moviam o cronista de «O arroz-doce quente»?

Enquanto em «O arroz-doce quente» se defende . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . , no poema de Ricardo Reis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Para resolveres a pergunta 1 do manual (p. 75), completa o que já vai muito resolvido, indicando as estrofes que correspondem aos três momentos:

1.ª parte
estrofes ___ e ___
Desejo epicurista de usufruir o momento.
2.ª parte
estrofes ___ a ___
Renúncia voluntária ao prazer e ao arrebatamento.
3.ª parte
estrofes ___ e ___
Justificação da renúncia.


Também seria possível dividir o poema em quatro partes, cujo assunto se resumiria nas etiquetas a seguir (que não estão por ordem). Põe a seu lado as estrofes que lhes correspondem:

A ausência de perturbação face à morte.
estrofes ___ e ___
A inutilidade dos compromissos.
estrofes ___ e ___
A efemeridade da vida.
estrofes ___ e ___
A busca da tranquilidade.
estrofes ___ e ___

Circundando-a, seleciona nos pares a negro a palavra pertinente:

No início do poema, o sujeito lírico, situado num espaço bucólico/urbano, apela, através da perífrase/apóstrofe presente no primeiro verso, à presença de Lídia, a quem exorta/desencoraja a observar o rio e a sua corrente como antíteses/metáforas da vida e da sua transitoriedade. A constatação da brevidade da vida é aceite de modo sereno/perturbado e conduz ao desejo de fruir os momentos e assumir compromissos, mesmo físicos/psicológicos, como a hipótese (marcada pelo recurso aos parênteses) de enlaçar as mãos.

Resolvendo agora o ponto 3 (já na p. 76), completa esta resposta:

O poema é vincadamente neoclássico, de influência horaciana, e esse cariz manifesta-se sobretudo nas característcas a seguir enunciadas:

papel do Destino (Fado) — é o destino que rege o curso do tempo que o rio simboliza e no termo do qual está a ______;

referências mitológicas — deuses, «barqueiro sombrio» que recebe o ______ (Caronte);

presença do epicurismo-estoico — se a vida passa e não se pode evitar a morte, é preciso, por um lado, aproveitar o ________ (epicurismo), e, por outro, vivê-lo com serena e altiva aceitação do destino (_______);

recurso à ode, na tradição de ______ (até o nome «Lídia» foi buscado nas Odes do poeta romano).

Lê o poema de Sophia de Mello Breyner Andresen na p. 76. Tem algumas semelhanças óbvias com odes de Ricardo Reis — a que alude até no título — e, particularmente, com «Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio» (p. 75).

Descartando as semelhanças formais (quartetos com um/dois versos mais curtos; vocativo «Lídia», uso da 1.ª pessoa do plural), ocupa-te apenas com o contraste em termos de ideologia.

Embora ambos os textos reconheçam a fugacidade da vida, o poema de Sophia, ao contrário do de Ricardo Reis, . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Se houver tempo, completa a análise do poema de Ricardo Reis na p. 73, preenchendo as lacunas com as seguintes palavras:

compromisso — egoisticamente — paralelismos — natural — quietismo — desvalorizar — apóstrofe — sofrimento — renovação — interrogação — indiferença — distante — vida — confidente — classicizante — flores — epicurista — imperturbável — preocupações — fluir

O poeta revela-se inclinado à ______, ao apagamento, ao ______, à ausência de _______ com o que quer que seja, à rejeição do não _______. Ele exercita-se na arte de ser «aquele a quem já nada importa».

«As outras coisas que os humanos / Acrescentam à vida» (vv. 13-14) opõem-se aqui ao que é natural, representado pelas _____ de gosto clássico — as rosas (que o poeta prefere — v. 1) e as magnólias (que o poeta ama — v. 2) —, pelo passar da ______ sem deixar marcas nem comprometer (notar os ______ de construção ao gosto clássico — «Logo que a vida» / «Que a vida» / «Logo que», vv. 4 a 6), pelo raiar da aurora (v. 9), pelo aparecer das flores, cada ano, com a primavera (símbolo da _______ — vv. 10-11) e pelo seu desaparecer com o outono (símbolo da negatividade e do ________ do tempo — v. 12).

Essas outras coisas não naturais nada «aumentam na alma» do poeta (notar a _______ retórica do v. 15) em termos positivos. Elas são o sentido de pátria (notar o grafismo em minúscula para ________ a importância da «pátria» — v. 1 —, com tudo o que «pátria» significa a nível coletivo e individual), a busca da glória e da virtude (v. 3 — que não deixam de ser mais preocupações), a ambição do poder e do fazer prevalecer ______ os próprios caprichos («Que um perca e outro vença» — v. 8).

Tudo isto, que só traz ao poeta «o desejo de indif’rença» (v. 16 — notar a grafia ________ do termo) «e a confiança mole / Na hora fugitiva» (vv. 17-18), nada lhe acrescenta. Ele só deseja manter-se sereno e _______, esperando que a passagem do tempo (a «hora fugitiva») se processe sem _______ («mole» — v. 17).

O destinatário do poema — o «meu amor» (v. 1) — assume aqui o papel de _______, e exprime a ideia de solidão e intimismo. O poeta dirige-se-lhe (notar a _______ do v. 1, encontrando-se o vocativo intercalado na frase, ao gosto clássico).

Apesar de referir esse interlocutor, Reis mostra aqui aspirar a um ideal contempla tivo (marca _______) e ser nada inclinado à comunicação direta autêntica. Ele dirige-se ao seu amor mas não institui com ele quaisquer laços, antes se mostra ________. O que ele pretende instituir é uma filosofia de vida que lhe permita atravessar a existência sem ________.

Lino Moreira da Silva, Do Texto à Leitura (Metodologia da Abordagem Textual) Com a Aplicação à Obra de Fernando Pessoa, Porto, Porto Editora, 1989 (adaptado)

[Tarefa retirada do manual Expressões. 12.º ano, Porto, Porto Editora, 2012]


TPC — Lê as páginas informativas sobre ‘conto’ (pp. 129-131 de manual). A ideia é irmos entrando na técnica de redação de contos, para, mais tarde, escreverem contos suscetíveis de serem enviados ao Concurso literário Correntes d’escritas (talvez o mais importante em Portugal).






Aula 28-28R (21 [9.ª], 22 [5.ª], 23/out [4.ª, 3.ª]) Lê o poema «O que há em mim é sobretudo cansaço», de Álvaro de Campos. Segue-se uma sua análise, que deves completar apenas com transcrições do texto.

O que há em mim é sobretudo cansaço —

Não disto nem daquilo,

Nem sequer de tudo ou de nada:

Cansaço assim mesmo, ele mesmo,

Cansaço.



A subtileza das sensações inúteis,

As paixões violentas por coisa nenhuma,

Os amores intensos por o suposto em alguém,

Essas coisas todas —

Essas e o que falta nelas eternamente —;

Tudo isso faz um cansaço,

Este cansaço,

Cansaço.



Há sem dúvida quem ame o infinito,

Há sem dúvida quem deseje o impossível,

Há sem dúvida quem não queira nada —

Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:

Porque eu amo infinitamente o finito,

Porque eu desejo impossivelmente o possível,

Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,

Ou até se não puder ser...



E o resultado?

Para eles a vida vivida ou sonhada,

Para eles o sonho sonhado ou vivido,

Para eles a média entre tudo e nada, isto é, a vida...

Para mim só um grande, um profundo,

E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,

Um supremíssimo cansaço,

Íssimo, íssimo, íssimo,

Cansaço...

Fernando Pessoa, Poesia dos Outros Eus, Lisboa, Assírio & Alvim, 2010.

Percebe-se pela quintilha inicial que o cansaço que domina o sujeito poético não tem uma origem definida nem um motivo concreto (assim se reconhece no segundo e terceiros versos, bipartidos: «. . . . . . . . . . . . . . . . . . .»). No final da estrofe, explicita-se mesmo o caráter, quase caprichoso, deste cansaço permanente e, decerto, essencialmente psíquico: «. . . . . . . . . . . . . . . . . . .» (vv. 4-5).

Na segunda estrofe, o poeta começa uma diferenciação relativamente aos outros, que prosseguirá até ao fim do poema. Nos três versos que iniciam a oitava, apresentam-se as sensações, as paixões, os amores que mobilizam os outros, resumido em «. . . . . . . . . . . . . . . . . . .» (vv. 9-10), súmula claramente depreciativa. Nos três versos que fecham a estrofe, a epífora («. . . . . . . . . . . . . . . . . . . ») assinala a reação do poeta ao que costuma embevecer os que não são como ele.

Na terceira estrofe, três versos anafóricos servem para representar a atitude com que o poeta se vai contrastar (. . . . . . . . . . . . . . . . . . .). Em nenhum destes tipos de idealismo o poeta se reconhece, por razões que enuncia em paradoxos: «. . . . . . . . . . . . . . . . . . .».

A última estrofe analisa as consequências, como logo anuncia a pergunta que a abre («. . . . . . . . . . . . . . . . . . .»). Como já acontecera antes, começa-se pelos «. . . . . . . . . . . . . . . . . . .» (que ficam com «. . . . . . . . . . . . . . . . . . .», «. . . . . . . . . . . . . . . . . . .», «. . . . . . . . . . . . . . . . . . .» — notem-se o quiasmo, o paralelismo, a antítese, todos tão pessoanos).

Os cinco últimos versos são muito expressivos. O verso que introduz esta parte sobre o poeta fecha a anáfora que vinha dos três versos anteriores (com a preposição «. . . . .») e inicia a enumeração dos adjetivos caracterizadores do cansaço do poeta («. . . . . . . . . . .», «. . . . . . . . . . . », «. . . . . . . .»), não sem pelo meio se inserir uma expressão interjetiva («. . . . . . . . . . . .  »). Depois, partindo do superlativo neologístico «. . . . . . . .» («supremo» já é um superlativo relativo de superioridade, corresponde a ‘o mais alto’), o poeta utiliza isoladamente o sufixo «. . . . . . . », indicador do grau, amplificando-o através da repetição, que sugere a sua ligação ao substantivo «. . . . . . . . .». É um processo — modernista — de desconstrução e reconstrução das palavras.



O que se segue é o grupo I-A do exame nacional de 2011 (1.ª fase). Escolhi-o por ter saído um texto de Campos (nas provas recentes não tem aparecido este heterónimo).

Grupo I — A

Leia o poema. Se necessário, consulte o glossário apresentado a seguir ao texto.

Na casa defronte de mim e dos meus sonhos,

Que felicidade há sempre!



Moram ali pessoas que desconheço, que já vi mas não vi.

São felizes, porque não são eu.



As crianças, que brincam às sacadas altas,

Vivem entre vasos de flores,

Sem dúvida, eternamente.



As vozes, que sobem do interior do doméstico,

Cantam sempre, sem dúvida.

Sim, devem cantar.



Quando há festa cá fora, há festa lá dentro.

Assim tem que ser onde tudo se ajusta -

O homem à Natureza, porque a cidade é Natureza.



Que grande felicidade não ser eu!



Mas os outros não sentirão assim também?

Quais outros? Não há outros.

O que os outros sentem é uma casa com a janela fechada,

Ou, quando se abre,

É para as crianças brincarem na varanda de grades,

Entre os vasos de flores que nunca vi quais eram.



Os outros nunca sentem.

Quem sente somos nós,

Sim, todos nós,

Até eu, que neste momento já não estou sentindo nada.



Nada? Não sei...

Um nada que dói...

Álvaro de Campos, Poesia, edição de Teresa Rita Lopes, Lisboa, Assírio & Alvim, 2002

GLOSSÁRIO | sacadas (verso 5) — varandas pequenas.

Apresente, de forma clara e bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.

1. As sensações do sujeito poético são determinantes para a construção de uma certa ideia de quotidiano feliz. Identifique duas sensações representadas nas quatro primeiras estrofes, citando elementos do texto para fundamentar a sua resposta.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

2. Caracterize o tempo da infância tal como é apresentado na terceira estrofe do poema.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

3. Explique a relação que o sujeito poético estabelece com os «outros» nas seis primeiras estrofes do poema, fundamentando a sua resposta em referências textuais pertinentes.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

4. Relacione o conteúdo da última estrofe com as reflexões apresentadas nas duas estrofes anteriores.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .



Os sketches «Carjaquim» (série Zé Carlos) e «O meu filho é uma joia de moço» (Barbosa) servir-nos-ão para revermos os processos irregulares de formação de palavras (cfr. p. 7 do anexo colado à capa). À esquerda, a palavra que interessa; ao centro, a etimologia; à direita, porás o processo: extensão semântica, empréstimo, sigla, acrónimo, amálgama, truncação, onomatopeia.

palavra
étimo
processo de formação
inglês carjacking
car + hijacking

carjacking
inglês carjacking

carjaquim
carjacking + Jaquim (< Joaquim)

badalhoca (‘mulher suja’)
badalhoca (‘bola de excremento e terra pendente entre as pernas das ovelhas e cabras’)

droga
francês drogue

mota [ou moto]
motorizada ou motocicleta

joia (‘adorno de matéria preciosa’)
francês joie (‘alegria’)

joia (‘pessoa muito estimável’)
joia (‘adorno de matéria preciosa’)

grego diabetes (‘diabetes’)
grego diabetes (‘sifão’)

Cajó
Cá (< Carlos) + Jó (< Jorge)
duas _____
José

FPE [pronunciado «fê-pê-é»]
Fernando por esticão

FPE [pronunciado «fpé»]
Fernando por esticão


Completa agora com o aspeto. Podes ver na p. 67, mas já deves saber usar estes termos: genérico; perfetivo, imperfetivo; habitual; iterativo.

Frase
Aspeto
«Carjacking» é uma palavra estrangeira

alguns bandidos começaram a praticar uma variante
imperfetivo, [incoativo ou ingressivo]
a nossa reportagem acabou por voltar (porque estava frio)
perfetivo, [cessativo ou conclusivo]
aquilo que faço é uma espécie de carjacking

foi uma experiência muito traumática

a malta pergunta-me constantemente: «tu não ...»

andas metido nos diabetes

morreu atropelado por uma mota

estou a conversar com este gafanhoto gigante chamado Zé António



Podendo socorrer-te dos valores modais (modalidade) apontados na p. 69, preenche a coluna à direita (de qualquer modo, os termos a usar serão:

epistémica (valor de certeza);

epistémica (valor de probabilidade);

deôntica (valor de obrigação);

deôntica (valor de permissão);

apreciativa.

Frase de Último a sair, passo de traição de Débora
Modalidade (valor de ...)
Pões-me creme? [Débora para Bruno]
deôntica (valor de obrigação)
Podes pôr-me creme, faz favor. [Débora para Bruno]

Posso. [Bruno para Débora]

Então não posso. [Bruno para Débora]

As tuas mãos são uma coisa, Bruno! [Débora para Bruno]

São super-fortes! [Débora para Bruno]

Eu até me estou a sentir mal. [Bruno para Débora]

O Unas é que devia estar a fazer isto... [Bruno]

Não te preocupes. [Débora para Bruno]

O quintal ainda não é aí. [Débora para Bruno]

E o vizinho não tem de saber de nada. [Débora para Bruno]

Se calhar, posso espalhar por mais sítios? [Bruno para Débora]

Claro. [Débora para Bruno]

É isso. [Débora para Bruno]

Está ótimo! [Débora para Bruno]

Tens uma melga aqui. [Unas para Débora]

Posso matá-la? [Unas para Débora]

Granda melga! Bem! [Bruno para Unas]

[...] quando podes ter o original [Bruno para Débora]

Se calhar, até quero o original. [Débora para Bruno]

Tipo duas melgas que voavam mais ou menos assim. [Bruno]

Unas, isso é aquela conversa que não interessa a ninguém. [Débora]


TPC — Vê a solução da ficha 16 do Caderno deatividades (sobre ‘Processos irregulares de formação de palavras’) que porei em Gaveta de Nuvens.






Aula 29-30 (24 [9.ª], 25/out [5.ª, 4.ª, 3.ª]) Valeria a pena relermos o testemunho prestado por Pessoa na carta a Adolfo Casais Monteiro, já em janeiro de 1935, acerca do dia 8 de março de 1914, o «dia triunfal» da criação dos heterónimos. Releiamos as ll. 29-50 desse texto nas pp. 25-26 do manual.

Percebemos que, depois de manuscritos «trinta e tantos poemas a fio» de O Guardador de Rebanhos, de Alberto Caeiro, se deu «a reação de Fernando Pessoa contra a sua inexistência como Alberto Caeiro», tendo sido escrito então o longo «Chuva Oblíqua», poema ortónimo. Depois, o poeta tratou de descobrir discípulos de Caeiro: primeiro, escreveu em nome de Ricardo Reis e, logo a seguir, surgiu-lhe «impetuosamente» Álvaro de Campos, escrevendo à máquina a «Ode triunfal».

Já conhecemos vários destes poemas, mas não «Chuva Oblíqua», cuja parte final temos na p. 46. Este poema costuma ser dado como exemplo do intersecionismo (cfr. p. 47, «O intersecionismo»), mas também revela uma característica considerada típica de Fernando Pessoa ortónimo (e de Campos aliás), a nostalgia da infância.


Depois de, na p. 46, leres «Chuva Oblíqua» (parte VI), assinala na tabela os versos que se reportam à infância — com Q(uintal) —, os que se reportam ao presente do sujeito poético — com T(eatro) — e os que misturam estes dois planos — com QT.

Sétima que constitui a 1.ª estrofe
vv. 1-2
T
vv. 3-7

Quarteto que constitui a 2.ª estrofe
vv. 8-9

vv. 10-11

Quintilha que constitui a 3.ª estrofe
vv. 12-16

Oitava que constitui a 4.ª estrofe
vv. 17-18

vv. 19-20

vv. 21-23

v. 24

Terceto que constitui a 5.ª estrofe
vv. 25-26

v. 27

Quintilha que constitui a 6.ª estrofe
vv. 28-32

Sextilha que constitui a 7.ª estrofe
v. 33

v. 34-38


Pensa em 3.1 (p. 47).



Itens de exame recentes em torno de aspeto ou modalidade (todos do grupo II, é claro):

[2019, 1.ª fase]

7. Indique a modalidade e o valor modal expressos em «temos de ser capazes de reconhecer, imaginativamente, os erros e as incongruências» (linhas 15 e 16).

_____________



[2019, 2.ª fase]

7. Indique o valor aspetual veiculado por cada uma das expressões seguintes: a) «Quando eu era pequeno tinha a Gija» (linhas 20 e 21); b) «Desapareceu da minha vida de repente» (linhas 22 e 23).

____________

[2018, 1.ª fase]

5. As formas verbais presentes em «A intraduzibilidade de um termo é normal.» (linha 1) e em «Assim, o termo ganhou uma extensão invulgar» (linha 20) têm, respetivamente, um valor aspetual

(A) genérico e perfetivo.

(B) iterativo e perfetivo.

(C) genérico e imperfetivo.

(D) iterativo e imperfetivo.

[2018, 2.ª fase]

4. No excerto compreendido entre «Considera negativamente» (linha 22) e «de abuso» (linha 23) [«Considera negativamente a violência em todas as suas formas. A nossa sociedade eliminou as formas mais brutais de abuso.»], as formas verbais têm, respetivamente, um valor aspetual

(A) genérico e iterativo.

(B) perfetivo e iterativo.

(C) imperfetivo e genérico.

(D) genérico e perfetivo.

5. As frases «E não restam dúvidas de que, em boa medida, as suas observações têm fundamento.» (linha 18) e «Talvez sejamos hipócritas» (linha 32) exprimem a modalidade epistémica

(A) com valor de probabilidade, no primeiro caso, e com valor de certeza, no segundo caso.

(B) com valor de probabilidade, em ambos os casos.

(C) com valor de certeza, em ambos os casos.

(D) com valor de certeza, no primeiro caso, e com valor de probabilidade, no segundo caso.


Lê o poema XXI de «O Guardador de Rebanhos», de Alberto Caeiro. Depois, responde aos quatro itens seguintes, que poderiam ser os de um grupo I de exame nacional.

XXI

Se eu pudesse trincar a terra toda

E sentir-lhe um paladar,

E se a terra fosse uma cousa para trincar,

Seria mais feliz um momento…

Mas eu nem sempre quero ser feliz.

É preciso ser de vez em quando infeliz

Para se poder ser natural…

Nem tudo é dias de sol,

E a chuva, quando falta muito, pede-se.

Por isso tomo a infelicidade com a felicidade

Naturalmente, como quem não estranha

Que haja montanhas e planícies

E que haja rochedos e erva…



O que é preciso é ser-se natural e calmo

Na felicidade ou na infelicidade,

Sentir como quem olha,

Pensar como quem anda,

E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,

E que o poente é belo e é bela a noite que fica…

E que se assim é, é porque é assim.

Fernando Pessoa, Poesia dos Outros Eus, edição de Richard Zenith, Lisboa, Assírio & Alvim, 2007.



1. Para o sujeito poético, a sensação é tudo, valorizando a perceção das coisas tais como são. Transcreve do poema expressões que provem que os sentidos estão em atividade.

Para o sujeito poético, é vital sentir, afirmando mesmo que seria mais feliz “se . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ” (v. 3). Neste poema, é evidente a valorização das sensações, como se pode constatar através das expressões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Sendo Caeiro um poeta do “olhar”, verifica-se que dá especial realce às . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

2. O sujeito poético olha o mundo com naturalidade e simplicidade. Explica a influência desta atitude no modo de sentir a vida.

O sujeito poético aceita as coisas tais como elas são, valorizando a diferença ________________ (“montanhas e planícies”, “rochedos e ervas”, vv. 12-13) e os momentos bons e maus da vida (. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .). Assim, considera que os aspetos menos agradáveis da Natureza e da vida são uma realidade que é necessário sentir e viver.

3. Com o verso “Sentir como quem olha” (v. 16), sintetizam-se algumas características da poesia de Alberto Caeiro. Refere-as.

Partindo do verso “Sentir como quem olha” (v. 16), podem apontar-se algumas características da poesia de Alberto Caeiro, nomeadamente: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

4. Relaciona o último verso com a mensagem global do poema.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .


TPC — Continuando a tentar perceber a técnica de escrita de narrativas curtas, lê um destes contos: «Sempre é uma companhia» (pp. 136-142) ou «George» (150-155).






Aula 31-32 (28 [3.ª, 5.ª], 29 [4.ª], 30/out [9.ª]) Exemplo de resposta ao item 4 sobre «Se eu pudesse trincar a terra toda», de Alberto Caeiro («Relaciona o último verso com a mensagem global do poema»).


Os itens que se seguem tratam de crónica de Luís Filipe Borges, «Muda de vida», do filme Clube dos Poetas Mortos e de conteúdos dados ou revistos há pouco tempo. Não recorras ao manual nem a outras fontes. Circunda a melhor alínea de cada item.
O rapaz choroso que é referido no primeiro parágrafo era conduzido por um
a) professor e advogado.
b) encenador profissional.
c) economista e professor.
d) economista e advogado.

O «miúdo de quinze anos» (cfr. primeiro parágrafo) é
a) um rapaz conhecido do autor.
b) o próprio narrador, mais novo.
c) o destinatário do texto.
d) o protagonista desta crónica.

O uso do presente do Indicativo nos primeiros parágrafos («Estamos»; «chora»; «vai»; etc.) resulta de
a) simultaneidade entre ato de enunciação e o que se relata (o enunciado).
b) esse tempo verbal poder adequar-se à expressão do futuro.
c) intenção de se exprimir aspeto imperfetivo da ação.
d) vontade de se dar um facto passado como se fosse presenciado na atualidade.

«Não é o que está a pensar, chiça» (1.º parágrafo, ll. 4-5) previne
a) inferência de que o aluno era «graxista».
b) conjetura de que o professor tivesse batido no aluno.
c) que os leitores pensem que o aluno tinha reprovado.
d) possibilidade de se julgar estar em causa um ato pedófilo.

Na terceira linha do segundo parágrafo, «prof» é um exemplo de
a) sigla.
b) acrónimo.
c) truncação.
d) amálgama.

«Oh Captain, my Captain» (terceiro parágrafo) é uma citação
a) inventada no filme Clube dos Poetas Mortos.
b) de verso de Walt Whitman.
c) de fala de peça de Shakespeare.
d) de trecho de Álvaro de Campos.

Em «o considero meu mestre» (fim do 2.º período do quarto parágrafo), os constituintes sublinhados são, respetivamente,
a) sujeito, complemento direto.
b) complemento indireto, complemento direto.
c) complemento direto, predicativo do complemento direto.
d) complemento oblíquo, complemento direto.

«Ontem o professor telefonou-me» (1.º período do quinto parágrafo), em termos de tempo e de aspeto, indica
a) simultaneidade e aspeto perfetivo.
b) posterioridade e aspeto iterativo.
c) anterioridade e aspeto perfetivo.
d) anterioridade e aspeto imperfetivo.

«Continuo a tratá-lo assim» (2.º período do quinto parágrafo) implica
a) simultaneidade e aspeto imperfetivo.
b) anterioridade e aspeto imperfetivo.
c) simultaneidade e aspeto perfettivo.
d) posterioridade e aspeto habitual.

Ainda no começo do quinto parágrafo, o 2.º período — «Continuo a tratá-lo assim, artigo definido em destaque, embora ele mo desaconselhe» — significa que o professor
a) lhe pedia para o tratar sem artigo.
b) lhe pedira para usar tratamento mais informal.
c) lhe pedira que o tratasse por tu.
d) preferia o uso de «stor» ao uso, mais académico, de «professor».

«artigo definido em destaque» (5.º parágrafo) traduz que, para o narrador, aquele professor
a) não se confunde com os outros.
b) é o mais definido.
c) é o mais indefinido.
d) é um entre vários.

Na l. 9 da segunda coluna (portanto, no quinto parágrafo), na oração subordinada adjetiva relativa restritiva «que publica de quando em vez», «que» desempenha a função sintática de
a) sujeito.
b) modificador restritivo do nome.
c) complemento direto.
d) complemento oblíquo.

«apercebo-me de que o tempo é maleável» (no final do quinto parágrafo) alude à circunstância de
a) o narrador facilmente se transportar para o passado.
b) o protagonista ser capaz de desenvolver diversíssimas actividades.
c) se ter esbatido a diferença etária entre as duas personagens.
d) a personagem estar disposta a mudar radicalmente vida.

Em «Previsível o professor nunca foi, graças a Deus» (último período do sexto, e penúltimo, parágrafo), «previsível» desempenha a função sintática de
a) modificador de frase.
b) predicativo do sujeito.
c) complemento direto.
d) predicativo do complemento direto.

No sétimo, e último, parágrafo, em «E, quando desligo o telefone, sou outra vez o miúdo de 15 anos [...]», a vírgula após a conjunção «e»
a) está incorreta.
b) está correta, porque isola-se depois uma oração subordinada temporal.
c) está correta, porque fazemos realmente uma pausa a seguir à conjunção.
d) está incorreta, porque não estabelecemos qualquer pausa entre as duas conjunções («e» e «quando»).

«quando desligo o telefone» desempenha a função sintática de
a) oração.
b) modificador de frase.
c) modificador de grupo verbal.
d) complemento oblíquo.

Neste mesmo sétimo parágrafo, o narrador revela
a) saudade dos tempos de adolescente.
b) indecisão quanto à melhor forma de ajudar um amigo.
c) tristeza quanto ao que o destino trouxera ao ex-professor.
d) angústia por ter estragado uma amizade de tantos anos.

Os anseios do professor de Economia, bem como os dos alunos de Clube dos Poetas Mortos, obedecem a uma perspectiva
a) epicurista (à Reis; ou à Caeiro).
b) estoica (à Reis).
c) inconformista.
d) futurista.

O título «Muda de vida», relativamente a «Carpe Diem», pode funcionar como
a) tradução livre.
b) decalque irónico.
c) tradução literal.
d) metáfora.

«Esta aposta pode correr mal» — frase que invento — exemplifica a modalidade
a) apreciativa.
b) epistémica (valor de probabilidade).
c) deôntica (valor de permissão).
d) deôntica (valor de obrigação).

Que livro, ou livros, já leste, ou estás a ler, para efeitos do pomposa e irritantemente chamado «Projeto de leitura»?
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Faz uma espécie de ponto da situação, explicitando onde te encontras em termos de leitura (já li; estou a meio; li um dos contos que integram a obra; etc.).
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Salvo erro, já há dois anos vimos «Matarruano sonhador» (Lopes da Silva). Está agora atento ao sketch, para poderes coligir as características do «filósofo matarruano» Horácio Lopes da Silva que se aproximem da filosofia de Alberto Caeiro (bem como aquelas que sejam divergentes das do «Guardador de rebanhos»).
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
TPC — Não deixes de ler o conto pedido em tepecê recente. Logo que possas, lê também o outro.


Aula 33-33R (29 [9.ª], 30 [5.ª], 31/out [4.ª, 3.ª]) O que se pretendia parodiar em «Diálogo sobre o arrependimento» (série Barbosa) era um certo estilo de declamação, enfática, pouco natural. Como o texto versava temas fora do que se convencionou ser da esfera literária — marquises, grampos de fixação, etc. —, exacerbava-se o ridículo daquele tipo de representação.
A poesia de Cesário Verde (1855-1886), contra o que se fizera no lirismo português até então, integra assuntos do quotidiano, palavras fora do vocabulário convencionado como poético. Neste caso, porém, esses universos «prosaicos» não são sentidos como forçados, conseguindo o poeta aproveitá-los como matéria literária. É uma característica da poesia do período realista.
O poema de Cesário Verde que estudaremos é «Contrariedades». Lê-o e, no final, preenche as linhas vagas da tabela.
frenético = agitado | bizarro = esquisito | gume = lado afiado de um instrumento cortante | lívido = pálido | mortificar = enfraquecer; afligir | lidar = trabalhar | botica = farmácia | folhetim = secção de um jornal (sobretudo no século XIX) destinada a várias matérias mais ou menos literárias | inédito = não publicado | sol--e-dó = música instrumental popular; filarmónica de pouca categoria | assinante = o que tem assinatura de um jornal ou revista | adulação = lisonja, bajulação | literato = o que é do meio intelectual; escritor | alexandrino = verso de doze sílabas métricas (dodecassílabo, portanto) | tísico = tuberculoso | finar-se = definhar; morrer
Características do poema
Estrofes / Palavras
Experiência pessoal concreta (uma «contrariedade», que resulta de os jornais e os editores não ________)
estrofes dos vv. 16-20, 21-24, 25-28, [v. 29], 33-36, 37-40, 41-44, 45-48, 57-60, 61-64
Preocupação social (observação da engomadeira, cuja infelicidade constitui para o sujeito poético a outra «contrariedade»)
estrofes dos vv. 9-12, __-__, __-__, 53-56, __-__.
Observação da cidade (para além da própria vizinha)
estrofe dos vv. __-__
Narratividade (conta-se um episódio, que se desenrola no tempo)
[cfr. pretéritos perfeitos («____», «sentei-me», «rasguei»), a alternarem com presentes e com futuro próximo («vou findar»); advérbios com valor temporal («hoje», «agora»)]
Léxico «pouco poético»:
estrangeirismos e palavras recentes
«réclame», «____», «____»
palavras de campos lexicais específicos, técnicos
«maços de ____», «botica», «método»
palavras de registos quase orais
«____», «____», «coitadinha!»
diminutivos pejorativos
«_____»
nomes de pessoas conhecidas
«Taine», «____»
Consultando o verbete de «contrariedade» (Grande Dicionário da Língua Portuguesa, Porto, Porto Editora, 2010), refere as aceções a que corresponderiam as duas contrariedades a que parece aludir o título do poema:
A recusa dos textos pelo jornal pode corresponder à aceção ___ (é um ___); quanto à observação da engomadeira parece poder caber-lhe a aceção ___ (é a causa de ___) ou mesmo a ___ (seria a própria preocupação sentida por causa daquela visão).
Escolhe a melhor alínea:
1. O poema desenvolve-se em torno de duas figuras — o poeta e a engomadeira que ele observa — cujas condições se aproximam
a. por sofrerem ambos da mesma doença.
b. por serem ambos vítimas da injustiça social.
c. por trabalharem ambos com vigor e alegria.

1.2 A situação do sujeito poético é configurada a partir da apresentação
a. do seu estado anímico e de sintomas físicos.
b. de sintomas físicos e de comentários críticos.
c. do seu estado anímico, de sintomas físicos e de comentários críticos.

1.3 As referências a «Taine» (v.25) e a «Zaccone» (v. 40) realçam
a. a cultura do sujeito poético.
b. a construção do poema de acordo com os princípios impressionistas.
c. a originalidade da obra do poeta face aos autores aplaudidos na época.

1.4 O diminutivo com que o sujeito poético termina o poema transmite
a. a sua simpatia solidária face à engomadeira.
b. o seu desprezo em relação aos trabalhadores do povo.
c. a avaliação irónica que faz da pequenez da engomadeira.
[os itens anteriores nesta página foram tirados de Expressões. 11.º ano, Porto, Porto Editora]
Verifica a métrica, para perceber se o poema está mesmo em alexandrinos. Experimenta escandir o terceiro e o quarto versos da estrofe (da primeira à décima-segunda) que corresponda ao número do mês do teu aniversário.
estrofe n.º ___ [= mês do teu aniversário (se for janeiro, 1.ª estrofe; se for fevereiro, 2.ª estrofe; etc.)]
terceiro dessa estrofe:
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
quarto verso dessa estrofe:
. . . . . . . . . . . . . . . .
Grupo I, parte C, do exame nscional de 2018 (2.ª fase)
7. Cesário Verde adota um olhar subjetivo e crítico sobre a cidade. Escreva uma breve exposição sobre a representação da cidade na poesia de Cesário Verde. A sua exposição deve incluir:
uma introdução ao tema;
um desenvolvimento no qual refira uma característica da cidade enquanto espaço físico e uma característica da cidade enquanto espaço humano, fundamentando as ideias apresentadas em, pelo menos, um exemplo significativo de cada uma das características;
uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.
[tirado dos Critérios de classificação]
Na resposta, deve ser referida uma característica da cidade enquanto espaço físico e uma característica da cidade enquanto espaço humano. Os tópicos a seguir apresentados constituem apenas exemplos, podendo ser abordados outros igualmente relevantes.
Representação da cidade enquanto espaço físico:
é símbolo de aprisionamento/de morte, evidente, por exemplo, na referência a prédios sepulcrais/a ruas delimitadas por prédios que provocam uma sensação de clausura (em «O Sentimento dum Ocidental»);
— é marcado por contrastes entre espaços de riqueza/bem-estar e espaços de pobreza, por exemplo, a casa apalaçada ou os hóteis da moda vs. o casebre ou os bairros degradados (em «Num Bairro Moderno» e em «O Sentimento dum Ocidental»).
Representação da cidade enquanto espaço humano:
é palco de contrastes sociais, através da representação de tipos citadinos com características que se opõem, por exemplo, as burguesinhas do Catolicismo e as elegantes vs. as costureiras, as floristas, as varinas ou o velho professor de latim (em «O Sentimento dum Ocidental»)/os rudes calceteiros vs. a furtiva «atrizita» (em «Cristalizações»);
é um espaço de decadência moral e social, patente, por exemplo, na referência ao ratoneiro/aos bêbedos/às «imorais» (em «O Sentimento dum Ocidental»).
Escreve uma introdução deste item 7. Evita colares-te demasiado à redação dos cenários de correção, até porque o que estes veiculam seria assunto do desenvolvimento.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
[exemplo de introdução:]
Cesário Verde introduz o realismo na poesia portuguesa, que até então pouco se ocupara de espaços que não fossem os da natureza. Ao poeta de «O Sentimento dum Ocidental» já vai interessar tudo o que enquadra o quotidiano — e o seu dia a dia decorre em contexto urbano. Cesário é um poeta de Lisboa, que parece estar sempre a calcorrear. Mesmo quando trata do campo, percebemos que o faz em contraponto com a vivência citadina.
Poemas de Último a sair
Roberto Leal
A vida é como um rio que desagua para o mar, que é a poesia.

Pelas mãos de minha mãezinha
Andei nos tempos então;
Hoje, como está velhinha,
É ela que anda p’la minha
E faz a minha obrigação.

Endoscopia da alma
O meu peito é feito de luz e brilho
E ontem encontrei um sinal nas costas.
Ninguém sabia se era maligno,
Começou tudo a fazer apostas.

A minha alma estava doente
E as minhas costas, não.
Ai que feliz de mim
E qualquer coisa que rime com ão.

Luciana Abreu
Havia uma velha na rua a correr
Com uma lata no cu a bater.
Quanto mais a velha corria,
Mais a lata no cu lhe batia.

Feijoada de ternura
Estava eu a apanhar sol,
Estavas tu no sol a apanhar.
Veio chuva e veio o sol
Estavas tua na chuva a apanhar

Se eu soubesse o que sei hoje,
Talvez tivesse vindo mais cedo.
Assim, não vim mais cedo,
E fiquei a fazer a feijoada de ternura.

Bruno Nogueira
Gosto da minha mãe.

Ganso daltónico
Ai, um ganso daltónico,
Ai, um ganso pateta,
Porque és daltónico,
Meu ganso pateta?

Se Albufeira é assim um bocado nhnhrhhihn,
Matei uma criança cheia de sarampo
E enterrei-a ao lado do primo Joel.

Este bife está mal passado, sr. Antunes,
E o robalo não está fresco, seu ganso daltónico.

Neste episódio de Último a sair, os poemas escritos pelas personagens (sim, são personagens: os atores estão a representar uma personagem que foi criada para fingir corresponder a eles mesmos mas que é obviamente fictícia) parodiam a má poesia. Porém, algumas das características escolhidas para construir esta caricatura da poesia são comuns a características encontráveis quer na boa poesia realista quer no modernismo.
Num comentário breve, aproxima certas características de poemas (ou de algum dos poemas) de Último a sair da escrita de Álvaro de Campos. A caneta.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
 [exemplo de resposta:]
É sobretudo no poema de Bruno Nogueira que vemos características que nos recordam o estilo de Álvaro de Campos. Interjeições («Ai»), apóstrofes surpreendentes («seu ganso daltónico», «meu ganso pateta»), a sequência onomatopaica «nhnhrhhihn» a funcionar como adjetivo assemelham-se a recursos estilísticos encontráveis nas odes futuristas-sensacionistas.
A inclusão de trechos de diálogos soltos («Este bife está mal passado, sr. Antunes») e a inserção de topónimos («Albufeira») e antropónimos («Joel», «Antunes») servem para explicitar episódios do quotidiano que não se afastam muito dos incidentes, narrativos, que vemos no Campos intimista-abúlico (cfr. «Aniversário», «Datilografia», «Ao volante do Chevrolet pela estrada de Sintra»).
A menção realista de alimentos (o robalo pouco fresco, o bife mal passado) é um pormenor que nos pode remeter para «Dobrada à moda do Porto» — a que talvez aluda a «Feijoada de ternura», de Luciana Abreu.
Certa escatologia no dístico «Matei uma criança cheia de sarampo / E enterrei-a ao lado primo Joel» é aproximável de frases prosaicas e inesperadas que pontuam poemas de Campos — a mesma crueza e aproveitamento de léxico não poético surge aliás em «Endoscopia da alma», de Leal, ou na velha descrita por Luciana.


Aula 34-35 (4 [3.ª, 5.ª], 5 [4.ª], 6/nov [9.ª]) Correções de questionário de compreensão («Muda de vida») — ver Apresentação — e de texto sobre «Matarruano sonhador».


[Exemplo de comentário comparativo de «matarruano sonhador» e Caeiro]


Ainda antes de nos centrarmos nos aspetos discursivos ou ideológicos, podemos dizer que as alegadas simplicidade e pouca instrução de Alberto Caeiro têm réplica no perfil de Horácio Lopes da Silva, que, ao primeiro relance, nos surge como ingénuo, de estrato popular, embora — o que já extravasa do retrato do pastor — marcadamente boçal e com laivos de idiotia.


A recusa do pensamento é característica comum, mas esse traço é voluntário em Caeiro, para quem o sentir imediato é que é pensar, e somos nós que o inferimos no caso do filósofo matarruano (que até considera ter «inúmeros pensamentos — chego a ter dois ou três pensamentos por mês»). A aproximação aos elementos da natureza (que ao «guardador de rebanhos» servem como exemplos cuja espontaneidade deve ser imitada, e a Horácio, como fontes de embevecimento) também é semelhante.


A importância dada aos sentidos por parte de Caeiro reveste-se no matarruano sonhador de matizes sensuais ausentes no poeta bucólico; diríamos aliás que as sensações visuais são determinantes em ambos, só que no sketch são associadas a um objetivo diferente — «observar as moças» —, que seria incoerente em Caeiro: o epicurismo aconselha à fruição do que nos seja dado (cfr. «carpe diem») mas supõe uma lhaneza incompatível com a excitação gulosa de Lopes da Silva.


Vamos ler textos de Fernando Pessoa subscritos por ele mesmo (ou seja, ortónimos) e que, no manual, estão incluídos numa secção que exemplifica o tema ‘nostalgia da infância’. Já víramos esta característica em «Chuva Oblíqua» — poema intersecionista de Fernando Pessoa — e em alguns poemas de Álvaro de Campos («Aniversário», «Na casa defronte de mim e dos meus sonhos»).

Na p. 45, lê «A criança que fui mora na estrada».

Transcreve os referentes (os antecedentes) das seguintes anáforas (todas elas pronomes):

«a» (v. 2) = ________

«ali» (v. 2) = _________

«[l]o» (v. 5) = _________

«o» (v. 8) = _________

«o» (v. 11) = _________

Responde:

Qual é a função sintática desempenhada por «Quem fui» (v. 4)? ________

E de «Quem errou a vinda» (vv. 5/6)? ________

E de «errada» (v. 6)? ________

E de «me» (v. 13)? ________

«De» (v. 8) é traduzível por uma outra preposição. Qual? _______

«Pobre velha música [Realejo]» declamado por Vítor de Sousa:


Na p. 48, lê «Realejo» e, logo depois, «Quando as crianças brincam».

Comenta a expressividade do último verso de «Realejo» (enquadrando-o também no resto do quarteto).

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Os primeiros versos dos dois poemas («Pobre velha música!» e «Quando as crianças brincam») remetem para circunstâncias que estimulam a nostalgia do poeta. Comenta, lembrando outros casos idênticos na poesia de Pessoa ou de Campos.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

[Sem consultar o manual]

No tepecê da aula 29-30, pedia-lhes que lessem um de dois contos — «Sempre é uma companhia», de Manuel da Fonseca, ou «George», de Maria Judite de Carvalho, e, em tepecê posterior (31-32), reforcei o pedido e sugeri que lessem também o outro conto.

Se não leste nenhum dos contos, toma nota de que é preciso ir trabalhando regular e pontualmente (e, nas mesmas linhas, responde antes a este item, ainda sobre os textos estivemos a ver: «Globalmente, caracteriza quanto à forma os três poemas de Pessoa ortónimo, por contraste com o que já conhecemos da forma típica dos textos dos heterónimos»).

Se leste um dos contos do tepecê, completa {espera por slide}: Li o conto {escolhe consoante o teu caso} «George» / «Sempre é uma companhia». Proponho para esse conto o título alternativo «_______», que considero pertinente porque o enredo ...

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .


TPC — Se não o fizeste ainda, lê os contos que pedi que lessem. E vai também concluindo leituras do Projeto de leitura.






Aula 36-36R (4 [9.ª], 5 [5.ª], 6/nov [4.ª, 3.ª]) Eis o grupo I (parte A) da prova da 2.ª fase do exame nacional de 2018. O texto, que não copio, desta parte A era a ode «Prefiro rosas, meu amor, à pátria», de Ricardo Reis, que vimos há poucas aulas e está na p. 73 do manual:

1. Compare a atitude do sujeito poético com a dos outros «humanos» (verso 13), tendo em conta a oposição simbólica entre «rosas» e «magnólias», por um lado, e «pátria», «glória» e «virtude», por outro lado (versos 1 a 3).

2. Interprete o sentido da segunda estrofe, à luz da filosofia de vida de Ricardo Reis.

3. Explicite, com base no conteúdo dos versos 7 a 18, dois aspetos que evidenciem o modo como o sujeito poético perceciona a passagem do tempo.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Aspeto, Modalidade

Preguiçosamente, socorro-me destas perguntas da Nova Gramática didática de português (Carnaxide, Santillana, 2011, p. 233).

Identifica o valor aspetual (perfetivo, imperfetivo, iterativo, habitual, genérico).

Frase Aspeto
Ele acabou de redigir a ata da reunião da Associação de Estudantes.
A Tânia anda a ler muita literatura alemã.
Vou ao cinema todos os sábados.
Nem todas as bandas de rock são famosas.
Ela andava tão feliz!
O Rafael gritou quando ouviu um estrondo.
O exercício faz bem à saúde.
Chegas sistematicamente atrasado!

Refere o tipo de modalidade (epistémica, deôntica, apreciativa) expresso em cada um dos enunciados que se seguem; escreve ainsa o valor modal (certeza, probabilidade; obrigação, permissão).

Enunciado
Modalidade
Valor modal
Provavelmente, a Matilde não chega a horas.


Que vestido maravilhoso!


Termina essa tarefa!


Podes terminar o trabalho na próxima aula.


Podes ter escrito isso, mas eu não vi a tua mensagem.


Eles devem chegar amanhã


Felizmente tenho férias para a semana.


Podes ir para o teu quarto.



Algumas destas afirmações sobre a modalidade são falsas. Identifica-as e procede à sua correção.

A — A modalidade deôntica está relacionada com o domínio da obrigação e da permissão.

B — A modalidade apreciativa está diretamente ligada à incerteza.

C — A modalidade nunca pode estar associada ao uso de adjetivos.


Hiperónimos, Hipónimos, Holónimos, Merónimos

Depois de vermos «Super de origem» (série Lopes da Silva), completa, consoante o caso, com o nome em falta (entre aspas) ou com um dos seguintes termos: hiperónimo, hipónimo, holónimo, merónimo, co-hipónimo, co-merónimo.

«Costureirinha Maravilha», «Super de Origem», «Clark Kent» são ______, porque têm um hiperónimo comum, «Super-herói(s)».

«Aileron», «Aventais», «Subwoofers», «Jantes» podem ter como seu ______ «acessório(s) de automóvel».

«Tuning» será hipónimo de «______»

Talvez um pouco forçadamente, «Barbinha» pode ser considerado ______ de «adepto de tuning».

«Carro» é ______ de «jante».

«_____» — tirado ao adepto de tuning — é hipónimo de «chapéu».

«fatiota», relativamente a «touca» ou «emblema SO», é holónimo, sendo estes últimos, portanto, ______.

«tesoura», «dedal» serão ______ de «utensílio de costura».



De novo me socorro da Nova Gramática didática de português (Carnaxide, Santillana, 2011), pp. 218-219, para umas últimas revisões acerca de holonímia, meronímia, hiperonímia, hiponímia:

Encontra diferentes hipónimos para os hiperónimos apresentados.

hiperónimo
hipónimos
flor




grau de parentesco




peixe




cor





No quadro que se segue, encontras vários hipónimos que pertencem a um mesmo hiperónimo. Elimina, barrando-o, o intruso de cada grupo e descobre o hiperónimo correspondente.

hipónimos hiperónimo
gato, golfinho, andorinha, Varandas, baleia, tubarão
avião, teatro, autocarro, bicicleta, automóvel
Terra, Vénus, Zeus, Jorge Jesus, Hades
enciclopédia, dicionário, romance, prontuário, gramática
médico, jornalista, pai, professor, pedreiro
morango, dobrada, banana, laranja, pêssego
banco, televisão, leitor de CD, micro-ondas, frigorífico

Refere possíveis merónimos do holónimo «livro».

______________

Descobre um holónimo para cada conjunto de palavras apresentado.

Raiz, caule, folha, ramo, fruto — _____

Telhas, tijolos, paredes, janelas, portas — _____

Palco, plateia, cadeiras, balcão, cortina — _____

Capa, contracapa, lombada, folhas, introdução — _____

Guelras, barbatanas, escamas, espinhas, boca — _____

Teclado, rato, monitor, leitor de CD, cabo de alimentação — _____

Cabeça, pé, braço, perna, costas — _____


Põe ao lado das expressões sublinhadas uma destas siglas:

Adj. Rel. = oração subordinada adjetiva relativa

Subst. Compl. = oração subordinada substantiva completiva

Subst. Rel. = oração subordinada substantiva relativa

Nunca me fui embora

(de Pedro Silva Martins; interpretação de Lena d’Água)

Eu já nem quero outra coisa

Além de ficar bem onde estou

A casa onde nasci

O bairro onde cresci

O tempo que eu vivi

A vida que eu escolhi

Não trocava o que eu tenho

Por quem eu não sou



Sinto que já perdi muita coisa

Mas, para perder, eu tive de encontrar

O muito que eu errei

O tanto (que) eu passei

Tudo que eu larguei

E a todos que abracei

Foi uma aventura e tanto

E eu aqui estou



Há sempre um dia novo

À espera de quem se põe a jeito

E faz acontecer um pouco

E se dá também

E nem supõe que é capaz

Há sempre um dia novo

À espera de alguém



E falta ainda tanta coisa

Ainda tenho tanto para contar

Um amor para ser

Um dia para tentar

Um amor para ter

E mais para cantar

E a vida não pense que me vai escapar



Há sempre um dia novo

À espera de quem se põe a jeito

E faz acontecer um pouco

E se dá também

E nem supõe que é capaz



Há sempre um dia novo

À espera de alguém

TPC — Em Gaveta de Nuvens, lê a ficha corrigida sobre ‘Coesão lexical’ (ficha 34 do Caderno de atividades, pp. 61-62), que trata destas matérias (hipónimos, hiperónimos; merónimos, holónimos; antónimos; sinónimos).






Aula 37-38 (7 [9.ª], 8/nov [5.ª, 4.ª, 3.ª]) Correção de respostas vindas da aula anterior.

[Exemplos de respostas:]

[1.] A antítese (ou paradoxo, mesmo) «Fui-o outrora agora» sublinha que a experiência de felicidade não foi vivida verdadeiramente, é uma construção do presente.

Se acaso foi feliz, o poeta não teria disso consciência (logo não o foi). Agora, sabe que aquele que pode ter sido feliz também não é ele (corte característico em Pessoa), mas parece querer infligir a si mesmo — «com que ânsia tão raiva» (v. 9) — o castigo de se sentir saudoso do que está apenas a idealizar.

[2.] Muitas vezes, em Pessoa e em Campos, a memória da infância é suscitada por estímulo surgido repentinamente no quotidiano, assim interrompido por essa deslocação no tempo, que depois vai alternando com o presente. Vimo-lo em «Chuva Oblíqua» (teatro), «Un Soir à Lima» (música na telefonia), «Aniversário» (o fazer anos). Nos poemas lidos agora são a música de um realejo ouvida e a visão de crianças a brincar que servem ao poeta de propulsores da «nostalgia da infância».

[3.] Nestes três textos há regularidade formal em termos de versificação, uma característica de grande parte da poesia ortónima.

Um dos poemas é um soneto, em esperados decassílabos e cumprindo um esquema rimático convencional, embora não o mais clássico.

Nos dois outros poemas usam-se quadras, cujas rimas e metro são também regulares, aproximando-se aliás da poesia popular (a redondilha menor, sobretudo; a rima só cruzada uma vez em cada estrofe).


«Autopsicografia» (p. 34), de Fernando Pessoa, e responde:

1. Na l.ª quadra é apresentada uma tese. Identifica-a e explica-a, considerando: a dor fingida pelo poeta (no poema)/a dor sentida pelo poeta (na vida real); o paradoxo presente nos vv. 3-4.

«________» é a tese apresentada no poema. Significa que o poeta finge uma dor que não coincide com a dor sentida na ______. A dor escrita é uma invenção, uma transfiguração, criada pela ______.

2. A 2.ª quadra refere-se à sensação/sentimento que o poema provoca nos leitores. Explicita o que sentem os leitores, considerando o jogo: «as duas (dores) que ele (o poeta) teve» / «a dor lida» / «a (dor) que eles não têm».

Os leitores sentem uma dor que não é a que o poeta sentiu, nem a que ele _______, mas que é a sua não-dor.

3. Experimenta interpretar as metáforas contidas na última estrofe, na qual se estabelece a dicotomia «razão»/«coração» (intelecto/emoção). Relaciona essa dicotomia com a tese apresentada na 1.ª estrofe.

A última estrofe apresenta, metaforicamente, a relação entre _______ e ______. O coração é um comboio de corda, regulado pelas ______. A razão é uma realidade à parte, mas estimulada (entretida) pelo ______.

4. Interpreta agora o título do poema, considerando os três constituintes da palavra: auto + psico + grafia.

Tendo em conta o significado de cada um dos elementos que compõem o título, «autopsicografia» remete para ______.

5. Analisa a estrutura formal do poema.

O poema é constituído por três ______, de versos _____ (também designados versos de «_____ maior»), com o esquema rimático ______ (portanto, em rima _____).

6. Expõe a teoria do «fingimento poético» apresentada neste poema.

De acordo com o poema, a criação poética assenta no ______, na medida em que um poema não diz o que o poeta ______, mas aquilo que imagina a partir do que anteriormente sentiu. O poeta é um fingidor, porque escreve uma ______ fingida, fruto da razão e da imaginação, e não a emoção sentida pelo coração, que apenas chega ao poema transfigurada, na tal emoção ______ poeticamente, imaginada. Quanto ao ______, apenas sente a emoção que o poema lhe suscita, que será diferente da do próprio poema. A poesia, a arte, é a intelectualização da ______.


«Isto» (p. 36), também do ortónimo, e responde, usando as frases já começadas:

1. Na l.ª estrofe, o poeta opõe a «imaginação» (razão) ao «coração» (emoção). Qual deles utiliza?

Ao escrever, o poeta usa _____.

2. Na 2.ª estrofe, compara todas as suas emoções (sonhos, vivências, ausências, perdas) a um «terraço». Como interpretas essa comparação?

As emoções são semelhantes a ______.

3. Nesse terraço de emoções, o poeta procura «outra coisa» — a emoção estética. Qual o verso que a refere?

«_______».

4. Para encontrar essa emoção estética, como escreve o poeta? Sobre que escreve? (Interpreta os quatro primeiros versos da última estrofe.)

O poeta escreve distanciado daquilo que sentiu anteriormente («_____»), sem _____ («livre do meu enleio»).

5. Mostra a ironia presente neste poema.

O último verso é irónico, ______.

6. Analisa a estrutura formal do poema.

O poema apresenta grande regularidade formal: são três estrofes de cinco versos (isto é, três ___), de ___ sílabas métricas, com o esquema rimático _____ (portanto, de rima ____ e ____).

7. Estabelece a relação entre os poemas «Isto» e «Autopsicografia».

Os poemas «Autopsicografia» e «Isto» têm como tema comum o _____. Neles, o poeta expõe o seu conceito de poesia enquanto intelectualização da ______.


[Ficou de uma aula o passada:]

Atribui às frases, de Último a sair — passo do «milagre» vivido por Bruno Nogueira —, um valor aspetual (genérico, imperfetivo, perfetivo, habitual, iterativo, [incoativo]).

Frase
valor aspetual
É um iogurte de coco e de ananás muita bom.

Você está andando, Bruno.

Ainda ontem estava numa cadeira de rodas e hoje eu te vejo aqui de pé.

Começo a ouvir barulho.
incoativo
Veio uma luz lá do meio.

Ela [Nossa Senhora] conhece-me.

Os três pastorinhos já lerparam.

Você é a nova Irmã Lúcia!


Jeffrey Archer é, até certo ponto, o tipo de escritor que Pedro Mexia classificava como «besta célere» (< best-seller). De qualquer modo, tem méritos evidentes de contador de histórias. O seu livro mais recente intitula-se precisamente Contador de histórias. O primeiro conto deste livro tem a particularidade de ter só cem palavras.

Vejamos como o apresenta e, depois, o conto propriamente dito (Jeffrey Archer, Contador de Histórias, trad. de Fernanda Oliveira, Lisboa, Bertrand, 2019, pp. 13 e 17):

Um desafio

Há muitos anos, um editor da Reader’s Digest em Nova Iorque convidou-me para escrever uma história de cem palavras que tivesse princípio, meio e fim. Como se já não fosse desafio suficiente, insistiu em que não podiam ser 99 ou 101 palavras.

E, não contente com isso, pediu-me para apresentar a obra acabada no prazo de vinte e quatro horas.

O meu primeiro esforço consistiu em 118 palavras, o segundo em 106 e o terceiro em 98. Pergunto-me se conseguirão descobrir quais as duas palavras que tive de voltar a incluir.

O resultado foi «Único», que encontrarão na página seguinte.

Os leitores poderão ter interesse em saber que o que acabei de escrever também tem 100 palavras.

Único

Paris, 14 de março de 1921

O colecionador voltou a acender o charuto, pegou na lupa e ana­lisou o selo triangular de 1874 do Cabo da Boa Esperança.

— Eu avisei-o de que havia dois selos — disse o negociante. — Ou seja, o seu não é único.

— Quanto?

— Dez mil francos.

O colecionador passou um cheque antes de dar uma baforada no charuto, mas este já estava apagado. Pegou num fósforo, riscou-o e lançou fogo ao selo.

O negociante olhou incrédulo, ao mesmo tempo que o selo se desfazia em fumo.

O colecionador sorriu.

— Estava enganado, amigo — disse. — O meu é único.

Cria conto em cem palavras (evita o estilo ‘anedota’; não apostes em muito diálogo; título também conta para contabilidade das palavras):

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .


TPC — Se não o fizeste ainda, lê os contos que pedi que lessem. Sugiro agora também «Famílias desavindas», nas pp. 163-165, de Mário de Carvalho.






Aula 39-40 (11 [3.ª, 5.ª], 12 [4.ª], 13/nov [9.ª]) Correções do «Conto em cem palavras» (cfr. Apresentação).


Começa por ler, nas pp. 34-35, os excertos ensaísticos aí intitulados «Da emoção ao poema» e «O fingimento artístico», para fixarmos essa «matéria» (o fingimento poético).


Depois, relanceia também a p. 33 (sobre o Pessoa ortónimo) e, particularmente, o terceiro parágrafo que se ocupa da fragmentação do «eu».


Lê o poema que ponho a seguir, «Apócrifo pessoano». Trata-se de texto de Poesia Reunida 1990-2000 (Lisboa, Dom Quixote, 2000), de Fernando Pinto do Amaral:


O eu sentir quando penso

e pensar enquanto sinto

origina um labirinto

onde me perco e convenço

de que tudo é indistinto,



de que o mundo se organiza

desorganizadamente

nos recônditos da mente

como uma ideia imprecisa

que quando se pensa, sente



e quando se sente, pensa,

numa confusão total,

num processo irracional

em que se esfuma a diferença

entre o que é ou não real.



Dos meandros disso tudo

nasce apenas um desejo:

distinguir o que não vejo

e é talvez o conteúdo

deste infinito bocejo



a caminho não sei de onde,

à espera não sei de quê.

Quem me ouve? Quem me vê?

A vida não me responde

e afinal ninguém me lê.

O poema de Fernando Pinto do Amaral (nascido em 1960) é um pastiche de Pessoa (ortónimo). Nessa imitação, mais decisivos até do que a métrica (redondilha maior) e que o esquema estrófico (quintilhas) — realmente bastante usuais em Fernando Pessoa ele próprio — são a temática e a linguagem. Há, no entanto, dois ou três versos em que a ironia parece suplantar a imitação. Copia-os:

________________________

________________________

________________________

Antes de ouvirmos os três quartetos em rima cruzada que constituem «Tudo que faço ou medito», de Fernando Pessoa, tenta copiar o poema — cujos versos ponho em desordem (à exceção do primeiro) — na sequência devida.



Tudo que faço ou medito

E eu sou um mar de sargaço —

Querendo, quero o infinito.

Fragmentos de um mar de além...

Não o sei e sei-o bem.

Ao olhar para o que faço!

Vontades ou pensamentos?

Fazendo, nada é verdade.

Que nojo de mim me fica

Minha alma é lúcida e rica,

Um mar onde boiam lentos

Fica sempre na metade.



Tudo que faço ou medito

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .



. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .



. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Fernando Pessoa, Poesias, Lisboa, Ática, 1942

Como se diz no último parágrafo da p. 70 do manual, «Tabacaria» é um dos mais importantes poemas de Álvaro de Campos. Vamos ouvi-lo em trechos lidos por vários declamadores (de cada um ouviremos apenas uma parte, de modo a ouvir o conjunto todo mas por diferentes cinco leitores, quase todos atores).

A ordem dos declamadores segue, ascendente e aproximadamente, a sua idade (que o respeitinho é muito bonito; note-se que já morreram João Villaret, Mário Viegas e Antônio Abujamra). O vencedor será convidado a assistir ao içar da bandeira no dia da escola (exceto se já tiver falecido). Aproveito para anunciar que não levarei a turma que me calhar nesse bloco — é o 12.º 4.ª, em princípio — a esse ritual ridículo.

Declamador
Verso ou expressão destacável
Pontuação
João Grosso


Mário Viegas


Sinde Filipe


Antônio Abujamra


João Villaret








[versos finais do longo «Tabacaria»:]

[...]

Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?),

E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.

Semiergo-me enérgico, convencido, humano,

E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.



Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los

E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.

Sigo o fumo como uma rota própria,

E gozo, num momento sensitivo e competente,

A libertação de todas as especulações

E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.



Depois deito-me para trás na cadeira

E continuo fumando.

Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.



(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira

Talvez fosse feliz.)

Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.



O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).

Ah, conheço-o: é o Esteves sem metafísica.

(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)

Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.

Acenou-me adeus gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo

Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.

Fernando Pessoa, Poesias de Álvaro de Campos, Lisboa, Ática, 1944 (imp. 1993)

Assinala as afirmações Verdadeiras e Falsas:

a. O poema desenvolve as tensões querer/fazer e alma/corpo humanos.

b. Ao longo da composição, o poeta reconhece a incompletude dos seus atos.

c. Os sonhos do sujeito poético têm uma natu­reza ilimitada.

d. O resultado das suas ações provoca no poeta um sentimento de grande satisfação.

e. O texto termina com um paradoxo que destaca a complexidade psicológica do eu lírico.

[itens cedidos simpaticamente por Expressões 12, Porto, Porto Editora, 2012]

O poema «Tabacaria» tem muitos elementos narrativos. Se estivesse em linhas a toda a largura da página, passaria facilmente por texto de prosa.

Escreve um conto / prosa que prossiga o final do poema (já entendido como texto de prosa) ou que simplesmente aproveite o contexto de que nos fomos apercebendo ao longo de «Tabacaria».

Sistema de pessoas (1.ª, 2.ª, 3.ª)  e tempos não tem de ser o mesmo.

Haverá título (que não será «Tabacaria»).

A caneta.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .


TPC — Já lhes pedi que lessem os três contos que estão na unidade 2 do manual, os de Maria Judite de Carvalho — «George» (pp. 150-155) —, Manuel da Fonseca — «Sempre é uma companhia» (pp. 136-142) — e Mário de Carvalho — «Famílias desavindas» (pp. 163-165). Ao longo desta ou inícios da próxima semana, queria que escrevessem, a computador, um conto (sugiro, como mínimo, 1000 palavras; também não aconselho textos muito maiores — fixemos, mas como máximo, o dobro disto). || O objetivo final é o envio dos textos ao concurso Correntesd’Escritas, talvez o mais importante em Portugal para autores jovens (e cujo prémio são interessantes mil euros). Independentemente do concurso, a tarefa é para ser feita por todos e é um dos trabalhos mais importantes deste período (sendo equivalente a vários tepecês, porque ainda haverá uma correção minha da primeira versão que me enviem).|| Evitem, por mais leve que seja, qualquer aproveitamento de escritos alheios. Entrega será feita por mail (em Word; e, por favor, não em PDF). Para já, não usem formatações complicadas nem ocupem demasiado papel (sugiro Times 12, Arial 11 ou semelhante, a um espaço de entrelinha ou pouco mais). Travessões fazem-se com Alt 0151. Não esqueçam título. Escrevam o vosso nome (depois, para efeito de concurso, é que usaremos pseudónimo).






Aula 41-41R (12 [5.ª], 13/nov [4.ª, 3.ª, 9.ª]) [Tópicos sugeridos nos Critérios de classificação, para os itens 1-3 do Grupo I da prova de 2018, 1.ª fase, sobre a ode de Ricardo Reis «Prefiro rosas, meu amor, à pátria»:]

1. Para comparar a atitude do sujeito poético com a dos outros «humanos», devem ser abordados os tópicos seguintes, ou outros igualmente relevantes:

— o sujeito poético opta pela adoção de uma atitude contemplativa/pela fruição do belo/natural/efémero («rosas» e «magnólias»), recusando os valores da «pátria», da «glória» e da «virtude»;

— os outros «humanos» preferem a «pátria», a «glória» e a «virtude», que representam o esforço/o sofrimento/a entrega a causas (pessoais e sociais)/a constante busca de superação.

2. Para interpretar o sentido da segunda estrofe, à luz da filosofia de vida de Ricardo Reis, devem ser abordados dois dos tópicos seguintes, ou outros igualmente relevantes:

— recusa das emoções fortes/busca da tranquilidade/ataraxia («Logo que a vida me não canse», v. 4);

— indiferença perante a passagem do tempo («deixo / Que a vida por mim passe», vv. 4-5);

— passividade/atitude contemplativa/ausência de ação («Logo que eu fique o mesmo», v. 6).

3. Para explicitar o modo como o sujeito poético perceciona a passagem do tempo, com base no conteúdo dos versos 7 a 18, devem ser abordados dois dos tópicos seguintes, ou outros igualmente relevantes:

— passagem irreversível do tempo/tempo perspetivado como duração, patente na referência à repetição cíclica das estações do ano;

— circularidade do tempo cósmico, o que é testemunhado na natureza («Se a aurora raia sempre» — v. 9; «Se cada ano com a primavera / Aparecem as folhas / E com o outono cessam?» — vv. 10-12);

— preferência pelo momento presente (carpe diem), através da valorização da «hora fugitiva» (v. 18);

— consciência da fugacidade da vida («E a confiança mole / Na hora fugitiva» — vv. 17-18).

[Descritores de desempenho de Conteúdo, para item 1:]



Na p. 58 do manual tens uma pequena parte da longa «Ode marítima», uma das odes futuristas-sensacionistas de Álvaro de Campos. Lê esse excerto, faz também, na p. 53, uma leitura rápida do «Poema trigésimo nono» («O mistério das cousas, onde está ele?») de Alberto Caeiro — e relanceia, se for caso disso, os outros textos de Caeiro que já lemos —, para completares, depois, o comentário que já iniciei.

(Além do conhecimento acerca da filosofia de Caeiro quanto aos sentidos, aconselho a leitura sobretudo da décima final do trecho da «Ode marítima» na p. 58.)

Também na «Ode marítima», de Álvaro de Campos, há sensações, e são elas que conduzem o sujeito poético. Mas o «sensacionismo» de Campos não tem muito que ver com o de Alberto Caeiro.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

[Solução minha: Caeiro apreende o mundo pelos sentidos e essa «compreensão» basta-lhe. Ao contrário, neste e em outros textos sensacionistas de Álvaro de Campos os sentidos despertam no «eu» poético a vontade de interpretar a realidade ou mesmo de fugir dessa realidade, em sonho (ou em pesadelo), sempre com um excesso — ânsia, vertigem — que contrasta com a paz de Caeiro.]

Tendo visto a segunda parte de documentário sobre Fernando Pessoa (para a série ‘Grandes Portugueses’), assinala, à esquerda de cada período, se a afirmação é V(erdadeira) ou F(alsa).

No segundo número da revista Orpheu, saíram «Chuva oblíqua» (Pessoa) e «Ode marítima» (Caeiro).

Paulismo, Intersecionismo, Sensacionalismo foram correntes literárias criadas por Pessoa.

Os heterónimos aparecem em 1914, quando Pessoa tinha vinte e seis anos.

Ricardo Reis era médico e monárquico.

Segundo Clara Ferreira Alves, Ricardo Reis decide exilar-se no Brasil após a instauração da República.

«Para ser grande, sê inteiro» é um verso de uma das odes de Reis.

Álvaro de Campos era licenciado em Multimédia pela Escola Superior de Comunicação.

Álvaro de Campos é o heterónimo que se considera ter evoluído por várias fases literárias.

Alberto Caeiro era um homem do campo, nunca tendo saído de Portugal.

Caeiro seria o homem de uma «certa mediania dourada de que falavam os clássicos».

Bernardo Silva, ajudante de guarda-livros, é considerado um semi-heterónimo.

Fernando Pessoa era admirado pelo público, mas pouco reconhecido entre os intelectuais do seu tempo.

Para Clara Ferreira Alves, Pessoa seria mesmo um anónimo empregado de escritório.

Mário de Sá-Carneiro suicidou-se em Paris.

Ofélia Queiroz trabalhou num escritório em que também trabalhava Pessoa.

Pessoa dedicou-se com bastante êxito a negócios de comissões e de tabaco.

Escreveu para a Coca-Cola o slogan «primeiro estranha-se, depois emprenha-se».

Em 1930, fixou-se na sua residência final (a Campo de Ourique).

Aleister Crowley era um mágico inglês, decerto charlatão.

Pessoa terá colaborado na encenação de suposto suicídio de Crowley, na Boca do Inferno.

A revista presença foi grande divulgadora da poesia de Fernando Pessoa.

Para recordarmos Fernão Lopes, vamos aproveitar um texto na p. 365, parte do capítulo 115 da Crónica de D. João I.

O fragmento corresponde ao relato de uma fase inicial do cerco de Lisboa. No decurso da crise desencadeada após a morte do rei D. Fernando, os representantes da burguesia e do povo tinham escolhido o mestre de Avis como sucessor, incumbindo-o de matar o conde de Andeiro, aliado da regente. Leonor Telles pede então auxílio ao genro, D. João de Castela, que cercou a cidade de Lisboa. O povo revela sentimento patriótico («ouvindo repicar [...] avivavam-se os corações deles»), coragem («mostrando fouteza»), lealdade ao mestre («nom minguava avondança de trigosos executores»).

«Traduz» o texto de Fernão Lopes para português atual, procurando que fique com a nossa sintaxe e léxico  contemporâneos (mas sem omitir, nem trocar, informações do texto original). Repara como fiz para o primeiro período.

[«Tradução» do texto em português do século XXI:]

Além daqueles que, em cada lugar, eram designados para a defesa, também o resto da população da cidade, ouvindo repicar os sinos da Sé e das outras igrejas, ficava com o sentimento patriótico mais vivo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

[Solução minha:

Além daqueles que, em cada lugar, eram designados para a defesa, também o resto da população da cidade, ouvindo repicar os sinos da Sé e das outras igrejas, ficava com o sentimento patriótico mais vivo. Os mesteirais, abandonando os seus trabalhos, acorriam rapidamente, com armas, aonde se dizia que os castelhanos iam surgir.

Ver-se-iam ali os muros cheios de gente, com muitas trombetas, gritos, apupos, esgrimindo espadas, lanças e outras armas, revelando coragem para enfrentar os inimigos.

Não acreditavam na citação de que «Ajuda mais o reino a Igreja com as suas orações do que os cavaleiros com as suas armas»; aliás, os próprios clérigos e frades, especialmente os da Trindade, compareciam nas muralhas, equipados com o melhor armamento de que conseguissem dispor. Uns vigiavam as torres que lhes competiam, encarregando-se outros de fazer a ronda dos lanços da muralha que estavam a seu cargo, e havia ainda quem exercesse a vigilância ao longo de toda ela.

Apesar de haver já estes procedimentos, muitas vezes o Mestre — responsável supremo pela defesa e governo da cidade e que quase não tinha tempo para dormir —, de noite, iluminado por tochas, percorria as muralhas com todos os que sempre o acompanhavam. Ninguém que estivesse designado para a vigia se eximia a cumprir essas tarefas (ao contrário de certos alunos da ESJGF) nem esquecia o que lhe tivesse sido indicado; ao contrário, todos faziam com prontidão o que lhes era ordenado, e por isso não escasseavam executores das excelentes medidas do Diretor, ainda que dois mesteirais — de nomes Adolpho e Guylherme — não chegassem tão prestes e rijamente à muralha como os outros (decerto por causa do trânsito, pois que a Lisboa de 1384 padecia de muitos engarrafamentos, de carroças e carros de bois, pois os semáforos estavam quase sempre inoperacionais, dado que entom a eletricidade minguava bué).]


TPC — Não marco tepecê porque está a decorrer o prazo para irem acabando leituras —as do projeto de leitura; e, ainda mais urgente, a dos três contos que estão no manual («Sempre é uma companhia»; «George»; «Famílias desavindas») — e para escreverem um original conto que vencerá o conceituado Correntes d’Escritas. (Em Gaveta de Nuvens assinalei a azul um link para o conto vencedor há uns anos, de Luísa, do 12.º 3.ª de então, para se ter ideia do estilo de textos que podem entusiasmar o júri deste concurso. Será escusado lembrar que devemos apostar sempre em modelos originais e que o estilo mais original e apropriado em 2013 já não seria visto do mesmo modo em 2020.)






Aula 42-43 (14 [9.ª], 15/nov [3.ª, 4.ª, 5.ª]) Na tabela reuni erros que me têm aparecido nas redações destas últimas três semanas. Em vez de estar a explicá-los em slide — repetidamente e com pouco efeito! —, resolvi juntá-los, na esperança de que sejam mais advertidos assim. Se voltarem a aparecer em redações vossas, ficarei mal impressionado.

Erros recentes (mas alguns recorrentes há muito)





No passo que vimos de «Diz que é uma espécie de magazine», os Clã alteraram a letra da canção «Problema de expressão» de maneira a que incluísse erros relativamente comuns (que se pretendia ridicularizar). Completa a coluna onde pus a forma correta.




As crónicas gastronómicas de Miguel Esteves Cardoso — que saem na Fugas, o suplemento do Público aos sábados (consultá-las por aqui: http://lifestyle.publico.pt/gastronomia/na-ponta-da-lingua/4 ou ver alguns dos endereços que pus em baixo) — são, em sentido lato e decerto pouco filosófico, bons momentos de epicurismo, com o escritor a embevecer-se com, aparentemente, pouco (um pitéu, algum requinte de culinária, uns simples pratos tradicionais). Relanceia o exemplar que te tenha calhado e vê como estes textos ficam entre a apreciação crítica e o artigo de opinião (estes géneros estão explicados nas pp. 26-27 do anexo do livro).









Escreve um texto no mesmo género dos de MEC, um pouco mais pequeno, de idêntico teor gastronómico, culinário. Como sucede nestas crónicas de Miguel Esteves Cardoso, o foco pode ser: um restaurante; um prato; uma refeição (mesmo sem ser em restaurante); um dado alimento ou ingrediente.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .


TPC — A partir do início da próxima semana, espero começar a receber, por mail, os contos. Sugiro que as primeiras versões me cheguem todas ainda durante essa semana. || Porei em Gaveta de Nuvens reproduções dasfichas do Caderno de atividades, já resolvidas, relativas aos géneros Apreciação crítica e Artigo de opinião (pp. 86-91). Relanceia-as.






#