Aulas (1.º período, 2.ª parte: 21-43)
Aula 21-22 (14 [3.ª, 5.ª], 15 [4.ª] 16/out [9.ª]) Começa
por relancear o
texto expositivo «Alberto Caeiro, o poeta ‘bucólico’» (p. 49).
Depois, lê o nono poema de
«O Guardador de Rebanhos», de Alberto
Caeiro, que ponho a seguir, e completa a tabela.
IX
Sou um guardador de rebanhos.
O
rebanho é os meus pensamentosE os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto,
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz.
Alberto Caeiro, «O Guardador de
Rebanhos», Poemas de Alberto Caeiro, Lisboa, Ática, 1946 (10.ª ed.:
1993)
Trechos | Vv. | Figuras | Funcionalidade do recurso estilístico |
Sou um guardador de rebanhos. | 1 | _____ | O sujeito poético aproxima-se da natureza. A afirma-ção é a primeira premissa do silogismo constituído pelos três primeiros versos, cuja conclusão será «o sujeito poético é um guardador de ____». |
Penso com os olhos e com os ouvidos / E com as mãos e os pés, / E com o nariz e a boca. | 4-6 | Enumeração | Com este inventário de órgãos sensoriais reforça-se o que se estipulara no v. 3 (a ___ do sentir físico). |
Polissíndeto | A articulação dos termos através da ___ «e» ajuda a representar o eu lírico como ingénuo, simples, infantil, ao mesmo tempo que acentua o citado predomínio das ___. | ||
_____ | Hierarquizam-se as sensações de acordo com o grau de conhecimento que permitem apreender: as impressões visuais são a primeira fonte de saber, seguindo-se as auditivas, as táteis, as olfativas e, por fim, as gustativas. | ||
E com as mãos e os pés / E com o nariz e a boca. | 5-6 | _____ / Paralelismo | Através da arrumação paralelística, consegue-se estilizar, «poetizar», o segmento, que pretendia também afirmar a simplicidade (caeiriana) do eu. |
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la / E comer um fruto é saber-lhe o sentido. | 7-8 | Metáfora / _____ | Exemplifica-se o que se teorizara antes (o poeta só pensa através das sensações — no caso, visão, olfato, gosto). No v. 7, a ação sensorial está à direita (pensar = visão e olfato); no verso 8, a ordem é a contrária (gosto = pensar). |
Me sinto triste de gozá-lo tanto, | 10 | _____ | O quase paradoxo marca talvez a aversão do eu à perceção mental do gozo. |
E fecho os olhos quentes, | 12 | Sinestesia | Um pouco forçadamente, talvez se possa considerar haver aqui uma associação do ___ («quente») à visão («olhos»), que, de novo, tenderia a valorizar o domínio das ___. |
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade, | 13 | _____ | Sugere-se a importância do sentir (do «corpo»), que seria a única via de acesso à «realidade». |
Sei a verdade e sou feliz. | 14 | Paralelismo / Bipartição do verso | Na sequência da metáfora anterior, confirma-se a supremacia do ___ sobre o pensar, assume-se a sensação como a autêntica forma de ___ e única fonte de felicidade. |
Lê
agora, na p. 52, o «Poema
segundo» do mesmo conjunto de poemas de Alberto Caeiro (reunidos em «O
Guardador de Rebanhos»). Sintetiza em frases com menos de trinta letras as
lições que o sujeito quer inculcar em cada uma das três primeiras estrofes:
estrofe dos vv. 1-12:
___________.
sextilha de 13-18: ____________.
quintilha de 19-23: ___________.
Quanto ao dístico com que o poema se
conclui (vv. 24-25), resolve o item 6 do manual («constit[ui] um silogismo
inacabado. Completa-o»):
Amar é a eterna inocência;
A única inocência é não pensar;
Logo,
_______________.
A filosofia de Caeiro — que se diz guardador de rebanhos — tem alguma
coisa que ver com Paterson — condutor de autocarros — e os seus poemas. Desenvolve
esta ideia.
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[O protagonista de Paterson contenta-se, como Caeiro, com a
observação do que o cerca, sem pretender «complicar» essa realidade que
apreende. Dir-se-á que se satisfaz com pouco, revela bonomia, uma paz quase
infantil (não por acaso, os seus poemas não são mais sofisticados do que aquele
que lhe lê uma miúda de uns dez anos). O lema do poeta que Paterson mais
admira, William Carlos Williams, era «no ideas but in things», que quase coincide
com a defesa, caeiriana, de que o mundo não se fez para pensarmos nele.]
TPC — Vai tratando (terminando-a) da leitura
do livro escolhido para o PL.
Aula 23-23R (14 [9.ª], 15 [5.ª],
16/out [4.ª, 5,ª]) Correção de trabalho com cantiga de amigo (da aula 18-18R).
Verifica
quais são os valores aspetuais mais nítidos em cada frase de «E tudo
o convento levou» (série Lopes da Silva), preenchendo a segunda coluna com uma
destas palavras: genérico, imperfetivo, perfetivo, habitual, iterativo.
Na coluna da direita,
identifica o responsável por esse matiz: verbo auxiliar (AUX); o significado do verbo principal (V); o tempo em que o verbo está usado (T); alguma expressão temporal presente na frase.
Frase
|
Aspeto
|
Através
de...
|
A competição é inevitável
|
genérico
|
|
As carmelitas descalças estão a comercializar
doçaria conventual
|
Aux («estar a»)
|
|
As freiras vicentinas andam a vender rendas de
bilro
|
||
As carmelitas sabem perfeitamente que os doces
conventuais são o nosso negócio
|
situação estativa
|
|
Deus é
grande [mas parece ser pequeno para o amor destas religiosas]
|
V («ser»)
|
|
Tudo estava
bem [até que as carmelitas quiseram mais]
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imperfetivo
|
|
Lá vem ela
|
T (presente)
|
|
Nós sempre dominámos o mundo dos bordados
|
imperfetivo
|
|
Às vezes, dá-me vontade de rir
|
«às vezes», T (presente)
|
|
Já recordei todos os trocadilhos com freiras
|
T (perfeito), «já»
|
|
O Maior costuma observar o vosso Bingo
|
Aux («costumar»)
|
|
O Maior vê sempre os vossos cartões
|
habitual
|
|
Quem ama o Senhor são as vicentinas
|
situação estativa
|
|
As carmelitas têm ido a Santiago todos os meses
|
iterativo
|
|
As vicentinas tropeçaram nas escadas
|
T (perfeito)
|
Nestes dois passos, mais
do que o aspeto interessam os valores temporais: anterioridade, simultaneidade, posterioridade.
Frase
|
Localização temporal
|
Através
de...
|
Vai dizer à tua abadessa [que quem
ama o Senhor são as vicentinas]
|
posterioridade
|
|
Na procissão de maio vamos rezar menos uma
novena por elas
|
«Na procissão de maio»,
Aux («ir»)
|
Tirado
do Caderno de atividades (e ajudado
com léxico que dou):
Recorda
o estudo que fizeste da poesia trovadoresca. Elabora uma
exposição escrita, de 130 a 170
palavras, subordinada ao tema:
A saudade é um tema recorrente nas cantigas de amigo.
O
texto deve respeitar os mecanismos de coesão e coerência, devendo ser
organizado em introdução, desenvolvimento e conclusão.
Algum léxico
queixas
de amor não correspondido ou da simples ausência
afastamento
voluntário ou involuntário
guerra
(«fossado»)
confidente
natureza
mar,
árvores, cervos
mãe,
amigas, irmãs
quotidiano
{Completa a minha resposta:}
Na produção poética
galaico-portuguesa, destacam-se, pela sua originalidade, as cantigas de amigo, aliás
provavelmente autóctones (ao contrário das cantigas de amor), tratando-se de um
género em que a saudade é tema recorrente.
A donzela, o sujeito
poético que expressa os seus sentimentos, manifesta a saudade do amigo ausente .
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As romarias, a ida à
fonte, podem ser o contexto motivador desses lamentos, de um amor não
correspondido ou de nostalgia do amado, mas sem o tom hiperbólico que vemos,
por exemplo, nas cantigas de amor.
Depois de vermos o trecho de Último a sair (em que as ações de Bruno
ficam nos antípodas do que seria o código do amor cortês na lírica medieval),
completa a tabela.
Cantigas de amor
|
Último a sair, episódio Bruno-Sónia
|
O sujeito poético é um trovador, que se dirige à sua «senhor», que não _____ e é um ser
sobretudo idealizado, incorpóreo.
|
Bruno Nogueira é quem inicia o diálogo, mas
tanto o homem (Bruno) como a mulher (Sónia Balacó) ______.
|
Ambiente é palaciano,
o «eu» (trovador) e a dama são _____ (origem das cantigas de amor é provençal
— lembre-se que a 1.ª dinastia portuguesa tinha ascendentes franceses —, ao
contrário das cantigas de amigo, provavelmente autóctones).
|
Contexto imita o de um reality show, supondo-se
que as personagens em causa se comportam como jovens _____ e modelo-atriz.
|
Amor é mais aspiração
do que experiência sentimental; tudo está sujeito a convenções; _____
respeita a senhor[a] a quem presta vassalagem amorosa, à maneira
cavaleiresca.
|
______ não se coíbe de fazer propostas bastantes
explícitas, mais físicas do que espirituais, e trata a sua colega sem
qualquer reserva ou delicadeza.
|
Pretende-se prolongar
o estado de tensão, sem chegar ao fim do _____.
|
Bruno não resiste a seduzir Sónia sob os lençóis,
mesmo quando se supunha ficarem apenas a _____.
|
_____ da senhor[a] não poderia ser posta em
causa, não havendo quaisquer alusões impróprias, sem se sair nunca da esfera
espiritual; a «mesura» implicava
que não se poderia suspeitar da identificação da amada.
|
Bruno não se preocupa em preservar a imagem de
Sónia, o seu estratagema passa mesmo por aproveitar o ______ do público, o
que implicava expor ao máximo a sua relação com a amada.
|
O sujeito poético, o trovador, superlativa a senhor[a], que elogia
com devoção quase ______.
|
Sem grande sentido do charme, Bruno é várias
vezes desagradável com Sónia, que deprecia mais do que ______.
|
Há distância
entre trovador e a senhor[a], que lhe é ______.
|
Haveria _____ máxima entre amante e amada, se
dependesse apenas de Bruno.
|
Fidelidade é outra _____ imposta ao
trovador.
|
Bruno, assim que Sónia se lhe esquiva, vai _____
Luciana e Débora.
|
Fica aqui um programa-aula
de História da Língua Portuguesa que fiz há muitos anos, que inclui (entre 7.20
e 15.50) um depoimento de Elsa Gonçalves sobre os cancioneiros (Ajuda,
Biblioteca Nacional, Vaticana) e os pergaminhos Vindel e Sharrer.
Escreve a função sintática ao
lado dos segmentos que fui sublinhando, da letra de «A Paixão (segundo Nicolau
da Viola)» (Rui Veloso, Mingos &
Samurais, 1990).
«A
Paixão (segundo Nicolau da Viola)»
(Carlos Tê / Rui
Veloso-Carlos Tê)
Tu eras aquela que eu mais queria
Para
me dar algum conforto e companhiaEra só contigo que eu sonhava andar
Para todo o lado e até quem sabe talvez casar
Ai o que eu passei só por te amar
A saliva que eu gastei para te mudar
Mas esse teu mundo era mais forte do que eu
E nem com a força da música ele se moveu
Mesmo sabendo que não gostavas
Empenhei o meu anel de rubi
P’ra te levar ao concerto que havia no Rivoli
E era só a ti que eu mais queria
Ao meu lado no concerto nesse dia
Juntos no escuro de mão dada a ouvir
Aquela música maluca sempre a subir
Mas tu não ficaste nem meia hora
Não fizeste um esforço p’ra gostar e foste embora
Contigo aprendi uma grande lição
Não se ama alguém que não ouve a mesma canção
Mesmo sabendo que não gostavas
Empenhei o meu anel de rubi
P’ra te levar ao concerto que havia no Rivoli
Foi nesse dia que percebi
Nada mais por nós havia a fazer
A minha paixão por ti era um lume
Que não tinha mais lenha por onde arder
Mesmo sabendo que não gostavas
Empenhei o meu anel de rubi
P’ra te levar ao concerto que havia no Rivoli
TPC — Lê asolução que porei em Gaveta de Nuvens
para a ficha 3 do Caderno de atividades, sobre Álvaro de Campos.
Aula 24-25 (17 [9.ª], 18/out [5.ª,
4.ª, 3.ª]) Correção da recriação de «Dobrada à moda do Porto», de Campos, e
audição de declamação.
Começa
por ler, na p. 71, «Ricardo Reis, o poeta “clássico”».
Para
perceberes melhor os conceitos de epicurismo
e estoicismo, lê também o texto
expositivo enquadrado na p. 74 («Epicurismo e estoicismo — contra o medo da
morte, as filosofias da aceitação»).
Lê agora a ode de Ricardo Reis no
cimo da p. 72. {Completa, sabendo já que
te vou pedir a leitura em voz alta desta resposta, muito especificamente a ti,
que nem sempre escreves estes trechos com o cuidado devido:}
Os primeiros quatro versos
constituem uma crítica àqueles que . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . .
Nos restantes quatro
versos (5-8), fica justificada aquela crítica. O sujeito poético lembra que. .
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Portanto, a maneira
inteligente de vivermos é . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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Eis outra ode de Reis cuja tese é idêntica
à do poema anterior («Uns, com os olhos postos no passado»). De cada terceto se
pode deduzir um conselho, uma máxima de vida. Escreve esses conselhos que o
sujeito poético parece estipular:
Cada dia sem gozo não foi teu:
Foi
só durares nele. Quanto vivas Sem que o gozes, não vives.
Não pesa que ames, bebas ou sorrias:
Basta
o reflexo do sol ido na água De um charco, se te é grato.
Feliz o a quem, por ter em coisas mínimas
Seu
prazer posto, nenhum dia nega A natural ventura!
vv. 1-3: ___________________.
vv.
4-6: ___________________.vv. 7-9: ___________________.
Antes de vermos mais um trecho de Clube dos Poetas Mortos, de Peter Weir, atentemos
no poema de Walt Whitman (1819-1892), «O Captain! my Captain!», que o
protagonista, John Keating, citava logo na sua apresentação aos alunos.
Logo perceberemos como Álvaro de Campos e os futuristas
foram influenciados pelo poeta americano — já para não falar dos poetas da
geração beat, como Allen Ginsberg,
que conhecemos de Howl (1956).
Ainda antes de falar aos seus
alunos em Walt Whitman, Keating aludira a um verso do poeta romano Horácio
(65 a.C.-8 a.C.), onde se lê, em latim, carpe
diem (que podemos traduzir por ‘goza o dia’, ‘colhe o dia’, ‘desfruta do
presente’). A ode completa é esta (destaquei a negro o passo que interessa
mais):
os deuses deram, Leucónoe, nem ensaies cálculos babilónicos.
Como é melhor suportar o que quer que o futuro reserve,
quer Júpiter muitos invernos nos tenha concedido, quer um último,
este que agora o tirreno mar quebranta ante os
rochedos que se lhe opõem.
Sê
sensata, decanta o vinho, e faz de uma longa esperança um breve momento. Enquanto falamos, já invejoso terá fugido o tempo:
colhe cada dia, confiando o menos possível no amanhã.
[Horácio, ode 11 do Livro
I, Odes, tradução de Pedro Braga
Falcão, Lisboa, Cotovia, 2008, p. 69]
O sentido horaciano de «colhe o dia» (carpe diem) é talvez mais conformista,
mais passivo, do que aquele que sairá da interpretação comum do filme. Note-se,
no último verso, o ‘confiando o menos possível no amanhã’. O sentido que lhe
daria Ricardo Reis, e à filosofia epicurista, seria, naturalmente, o antigo, o
clássico.
O filme citara antes o poema inglês — de
Robert Herrick (1591-1674) — «To the Virgins, to Make Much of Time», em que se
defende, a partir do exemplo da efemeridade das rosas, que devemos aproveitar a
juventude, porque a vida é breve. Também neste passo se tratava de uma ideia
comum ao epicurismo-estoicismo de
Ricardo Reis.
Lê este poema do patrono da nossa escola, José
Gomes Ferreira (1900-1985):
Vive em cada minuto
a
tua eternidade — sem luto
nem saudade.
Vive-a pleno e forte
num frenesim
de arremesso.
Para que a tua morte
seja sempre um fim
e nunca um começo.
José Gomes Ferreira, Poeta Militante, I, 3.ª ed., Lisboa, Moraes Editores, 1977
Num comentário, compara-o com a ode de
Reis, na p. 72, «Tão cedo passa tudo quanto passa!», procurando distinguir e/ou
aproximar a «filosofia» de cada um dos poemas.
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TPC — Lê em Gaveta de Nuvens soluções das fichas 2 e 4 do Caderno de atividades, sobre Alberto Caeiro e Ricardo Reis. Estes
trabalhos são para ser feitos com mais estoicismo (neste caso, alguma
abnegação) do que epicurismo (sei lá como colhem o dia).
Aula 26-27 (21 [3.ª, 5.ª], 22 [4.ª], 23/out [9.ª]) Lê
este excerto de uma crónica de Miguel Esteves Cardoso:
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto em alguém,
Essas coisas todas —
Essas e o que falta nelas eternamente —;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada —
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, a vida...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimo, íssimo, íssimo,
Cansaço...
E sentir-lhe um paladar,
E se a terra fosse uma cousa para trincar,
Seria mais feliz um momento…
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural…
Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se.
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva…
O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica…
E que se assim é, é porque é assim.
Vou fazer 55 anos e só
esta semana provei arroz doce quente, acabado de fazer. Avisaram-me que fazia
virar a tripa, mas que valia a pena. E fez, mas valeu.
Faltam-me a marmelada
quente e os doces de ginja e tomate recém-fervidos e arrefecidos só o bastante
para não arrancar o céu da boca. [...]
Adiar prazeres é uma boa
estratégia. Convém que sejam prazeres que não requeiram energia física. Tenho
autores guardados, como Joseph Roth. Ou cidades, como Barcelona. De resto, fui
ganancioso e esbanjei, na estupidez e cobardia do
carpe diem, o pouco conhecimento que
tinha na imensidão das coisas que conheci. Antes de aprender a dar-lhes valor,
à parte serem diferentes umas das outras. Só se vai uma vez a Paris pela
primeira vez. Desperdicei-a aos treze anos. A pressa é uma paixão destrutiva.
[...]
Fiz bem com o arroz-doce quente.
As alegrias também se poupam e adiam. Devem guardar-se. Faz mal quem se
antecipa tanto que lhe escapa a felicidade de saber o que lhe está a acontecer.
Antes de ser tarde.
Miguel Esteves Cardoso, «O
arroz-doce quente», Público, 18 de
julho de 2010 [transcrito de Expressões. 12.º
ano, Porto, Porto Editora, 2012, de que adapto também duas perguntas]
Explica por que motivo considera o autor
que «[a]diar prazeres é uma boa estratégia».
.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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. . . . . . . . . . . . . . .
Ouçamos agora uma boa declamação, de Luís
Lima Barreto [no blogue, ponho as de Sinde Filipe e de Paulo Autran, porque não
está na net a de Luís Lima Barreto], do poema de Ricardo Reis cujo
primeiro verso é «Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio» (p. 75).
A opção pelo adiamento de prazeres defendida no poema de Reis
prende-se com os mesmas razões que moviam o cronista de «O arroz-doce quente»?
Enquanto em «O arroz-doce
quente» se defende . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . , no poema de Ricardo Reis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . .
Para resolveres a pergunta 1 do manual (p. 75), completa o que
já vai muito resolvido, indicando as estrofes que correspondem aos três
momentos:
1.ª parte
|
estrofes ___ e ___
|
Desejo epicurista de usufruir o momento.
|
2.ª parte
|
estrofes ___ a ___
|
Renúncia voluntária ao prazer e ao
arrebatamento.
|
3.ª parte
|
estrofes ___ e ___
|
Justificação da renúncia.
|
Também seria possível
dividir o poema em quatro partes, cujo assunto se resumiria nas etiquetas a
seguir (que não estão por ordem). Põe a seu lado as estrofes que lhes
correspondem:
A ausência de perturbação face à morte.
|
estrofes ___ e ___
|
A inutilidade dos compromissos.
|
estrofes ___ e ___
|
A efemeridade da vida.
|
estrofes ___ e ___
|
A busca da tranquilidade.
|
estrofes ___ e ___
|
Circundando-a,
seleciona nos pares a negro a palavra pertinente:
No
início do poema, o sujeito lírico, situado num espaço bucólico/urbano, apela, através da perífrase/apóstrofe presente no primeiro
verso, à presença de Lídia, a quem exorta/desencoraja a observar o rio e a sua corrente como antíteses/metáforas da vida e da sua
transitoriedade. A constatação da brevidade da vida é aceite de modo sereno/perturbado e conduz ao desejo de
fruir os momentos e assumir compromissos, mesmo físicos/psicológicos, como a hipótese (marcada
pelo recurso aos parênteses) de enlaçar as mãos.
Resolvendo agora o ponto 3 (já na p. 76),
completa esta resposta:
O poema é vincadamente
neoclássico, de influência horaciana, e esse cariz manifesta-se sobretudo nas
característcas a seguir enunciadas:
papel do Destino (Fado) — é o destino que rege o curso do tempo
que o rio simboliza e no termo do qual está a ______;
referências mitológicas — deuses,
«barqueiro sombrio»
que recebe o ______ (Caronte);
presença do epicurismo-estoico — se a vida passa e não
se pode evitar a morte, é preciso, por um lado, aproveitar o ________
(epicurismo), e, por outro, vivê-lo com serena e altiva aceitação do destino (_______);
recurso à
ode, na
tradição de ______ (até o nome «Lídia» foi buscado nas Odes do
poeta romano).
Lê o poema de Sophia de Mello Breyner Andresen
na p. 76. Tem algumas semelhanças óbvias com odes de Ricardo Reis — a que alude até no título — e, particularmente, com
«Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio» (p. 75).
Descartando as semelhanças formais
(quartetos com um/dois versos mais curtos; vocativo «Lídia», uso da 1.ª pessoa
do plural), ocupa-te apenas com o contraste em termos de ideologia.
Embora ambos os textos
reconheçam a fugacidade da vida, o poema de Sophia, ao contrário do de Ricardo
Reis, . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Se houver tempo, completa a análise do
poema de Ricardo
Reis na p. 73, preenchendo as lacunas com as seguintes palavras:
compromisso —
egoisticamente — paralelismos — natural — quietismo — desvalorizar — apóstrofe
— sofrimento — renovação — interrogação — indiferença — distante — vida —
confidente — classicizante — flores — epicurista — imperturbável — preocupações
— fluir
O poeta revela-se
inclinado à ______, ao apagamento, ao ______, à ausência de _______ com
o que quer que seja, à rejeição do não _______. Ele exercita-se na arte de ser «aquele a quem já nada importa».
«As outras coisas que os humanos / Acrescentam à vida» (vv. 13-14) opõem-se aqui
ao que é natural, representado pelas _____ de gosto clássico — as rosas (que o
poeta prefere — v. 1) e as magnólias (que o poeta ama — v. 2) —, pelo passar da
______ sem deixar marcas nem comprometer (notar os ______ de construção ao
gosto clássico — «Logo que a vida» / «Que a vida»
/ «Logo que»,
vv. 4 a 6), pelo raiar da aurora (v. 9), pelo aparecer das flores, cada ano,
com a primavera (símbolo da _______ — vv. 10-11) e pelo seu desaparecer com o
outono (símbolo da negatividade e do ________ do tempo — v. 12).
Essas outras coisas não naturais nada «aumentam na alma» do poeta (notar a _______ retórica do v. 15) em
termos positivos. Elas são o sentido de pátria (notar o grafismo em minúscula
para ________ a importância da «pátria» — v. 1 —, com tudo o que «pátria» significa a nível coletivo e individual), a busca da glória e
da virtude (v. 3 — que não deixam de ser mais preocupações), a ambição do poder
e do fazer prevalecer ______ os próprios caprichos («Que um perca e outro vença» — v. 8).
Tudo isto, que só traz ao
poeta «o desejo de indif’rença» (v. 16 — notar a grafia
________ do termo) «e a confiança mole / Na hora
fugitiva»
(vv. 17-18), nada lhe acrescenta. Ele só deseja manter-se sereno e _______,
esperando que a passagem do tempo (a «hora
fugitiva») se
processe sem _______ («mole» — v. 17).
O destinatário do poema —
o «meu amor» (v. 1) — assume aqui o papel de _______, e
exprime a ideia de solidão e intimismo. O poeta dirige-se-lhe (notar a _______
do v. 1, encontrando-se o vocativo intercalado na frase, ao gosto clássico).
Apesar de referir esse
interlocutor, Reis mostra aqui aspirar a um ideal contempla tivo (marca _______)
e ser nada inclinado à comunicação direta autêntica. Ele dirige-se ao seu amor
mas não institui com ele quaisquer laços, antes se mostra ________. O que ele
pretende instituir é uma filosofia de vida que lhe permita atravessar a
existência sem ________.
Lino Moreira da Silva, Do Texto à
Leitura (Metodologia da Abordagem Textual) Com a Aplicação à Obra de Fernando
Pessoa, Porto, Porto Editora, 1989 (adaptado)
[Tarefa retirada do manual Expressões. 12.º ano, Porto, Porto
Editora, 2012]
TPC — Lê as páginas informativas sobre ‘conto’ (pp. 129-131 de
manual). A ideia é irmos entrando na técnica de redação de contos, para, mais
tarde, escreverem contos suscetíveis de serem enviados ao Concurso literário Correntes d’escritas (talvez o mais
importante em Portugal).
Aula 28-28R (21 [9.ª], 22 [5.ª], 23/out [4.ª, 3.ª]) Lê
o poema «O que há em mim é sobretudo cansaço», de Álvaro de Campos.
Segue-se uma sua análise, que deves completar apenas com transcrições do texto.
O que há em mim é sobretudo cansaço —
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto em alguém,
Essas coisas todas —
Essas e o que falta nelas eternamente —;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada —
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, a vida...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimo, íssimo, íssimo,
Cansaço...
Fernando Pessoa, Poesia dos Outros Eus, Lisboa, Assírio & Alvim, 2010.
Percebe-se pela quintilha
inicial que o cansaço que domina o sujeito poético não tem uma origem definida
nem um motivo concreto (assim se reconhece no segundo e terceiros versos,
bipartidos: «. . . . . . . . . . . . . . . . . . .»). No final da estrofe,
explicita-se mesmo o caráter, quase caprichoso, deste cansaço permanente e,
decerto, essencialmente psíquico: «. . . . . . . . . . . . . . . . . . .» (vv.
4-5).
Na segunda estrofe, o
poeta começa uma diferenciação relativamente aos outros, que prosseguirá até ao
fim do poema. Nos três versos que iniciam a oitava, apresentam-se as sensações,
as paixões, os amores que mobilizam os outros, resumido em «. . . . . . . . . .
. . . . . . . . .» (vv. 9-10), súmula claramente depreciativa. Nos três versos
que fecham a estrofe, a epífora («. . . . . . . . . . . . . . . . . . . ») assinala
a reação do poeta ao que costuma embevecer os que não são como ele.
Na terceira estrofe, três
versos anafóricos servem para representar a atitude com que o poeta se vai
contrastar (. . . . . . . . . . . . . . . . . . .). Em nenhum destes tipos de
idealismo o poeta se reconhece, por razões que enuncia em paradoxos: «. . . . .
. . . . . . . . . . . . . .».
A
última estrofe analisa as consequências, como logo anuncia a pergunta que a
abre («. . .
. . . . . . . . . . . . . . . .»).
Como já acontecera antes, começa-se pelos «. . . . . . . . . . . . . . .
. . . .» (que ficam com «. . .
. . . . . . . . . . . . . . . .», «.
. . . . . . . . . . . . . . . . . .»,
«. . . . . . . . . . . . . . . . . . .» — notem-se o quiasmo, o paralelismo, a antítese, todos tão
pessoanos).
Os
cinco últimos versos são muito expressivos. O verso que introduz esta parte
sobre o poeta fecha a anáfora que vinha dos três versos anteriores (com a
preposição «. . . . .») e inicia a enumeração dos adjetivos caracterizadores do
cansaço do poeta («.
. . . . . . . . . .», «. . . .
. . . . . . . », «. . . . . . .
.»), não sem pelo meio se inserir uma
expressão interjetiva («. . . . . . . . . . . . »). Depois, partindo do
superlativo neologístico «. . . . . .
. .» («supremo» já é um superlativo relativo de superioridade, corresponde a ‘o
mais alto’), o poeta utiliza isoladamente o sufixo «. . . . . . . », indicador do grau, amplificando-o
através da repetição, que sugere a sua ligação ao substantivo «. . . . . . . .
.». É um processo — modernista
— de desconstrução e reconstrução das palavras.
O que se segue é o grupo I-A do exame
nacional de 2011 (1.ª fase). Escolhi-o por ter saído um texto de Campos
(nas provas recentes não tem aparecido este heterónimo).
Grupo
I — A
Leia o poema. Se necessário, consulte o glossário apresentado
a seguir ao texto.
Na casa defronte de mim e dos meus sonhos,
Que felicidade há sempre!
Moram ali pessoas que desconheço, que já vi mas
não vi.
São felizes, porque não são eu.
As crianças, que brincam às sacadas altas,
Vivem entre vasos de flores,
Sem dúvida, eternamente.
As vozes, que sobem do interior do doméstico,
Cantam sempre, sem dúvida.
Sim, devem cantar.
Quando há festa cá fora, há festa lá dentro.
Assim tem que ser onde tudo se ajusta -
O homem à Natureza, porque a cidade é Natureza.
Que grande felicidade não ser eu!
Mas os outros não sentirão assim também?
Quais outros? Não há outros.
O que os outros sentem é uma casa com a janela
fechada,
Ou, quando se abre,
É para as crianças brincarem na varanda de grades,
Entre os vasos de flores que nunca vi quais eram.
Os outros nunca sentem.
Quem sente somos nós,
Sim, todos nós,
Até eu, que neste momento já não estou sentindo
nada.
Nada? Não sei...
Um nada que dói...
Álvaro de Campos, Poesia, edição de Teresa Rita
Lopes, Lisboa, Assírio & Alvim, 2002
GLOSSÁRIO | sacadas (verso 5) — varandas pequenas.
Apresente, de forma clara e bem
estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.
1.
As sensações do sujeito poético são determinantes para a construção de uma
certa ideia de quotidiano feliz. Identifique duas sensações representadas nas
quatro primeiras estrofes, citando elementos do texto para fundamentar a sua
resposta.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
2.
Caracterize o tempo da infância tal como é apresentado na terceira estrofe do
poema.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
3.
Explique a relação que o sujeito poético estabelece com os «outros» nas seis
primeiras estrofes do poema, fundamentando a sua resposta em referências
textuais pertinentes.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
4.
Relacione o conteúdo da última estrofe com as reflexões apresentadas nas duas
estrofes anteriores.
.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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. . . . . . . . . . .
Os sketches «Carjaquim» (série Zé Carlos) e «O meu filho é uma joia de
moço» (Barbosa) servir-nos-ão para revermos os processos irregulares de formação
de palavras (cfr. p. 7 do anexo colado à capa). À esquerda, a
palavra que interessa; ao centro, a etimologia; à direita, porás o processo: extensão semântica, empréstimo, sigla, acrónimo, amálgama, truncação, onomatopeia.
palavra
|
étimo
|
processo de
formação
|
inglês carjacking
|
car + hijacking
|
|
carjacking
|
inglês carjacking
|
|
carjaquim
|
carjacking + Jaquim (<
Joaquim)
|
|
badalhoca (‘mulher suja’)
|
badalhoca (‘bola de
excremento e terra pendente entre as pernas das ovelhas e cabras’)
|
|
droga
|
francês drogue
|
|
mota [ou
moto]
|
motorizada ou motocicleta
|
|
joia (‘adorno de matéria preciosa’)
|
francês joie (‘alegria’)
|
|
joia (‘pessoa muito estimável’)
|
joia (‘adorno de matéria
preciosa’)
|
|
grego diabetes (‘diabetes’)
|
grego diabetes (‘sifão’)
|
|
Cajó
|
Cá (< Carlos) + Jó
(< Jorge)
|
duas _____
|
Zé
|
José
|
|
FPE [pronunciado «fê-pê-é»]
|
Fernando por esticão
|
|
FPE [pronunciado «fpé»]
|
Fernando por esticão
|
Completa agora com o aspeto. Podes ver na p. 67, mas
já deves saber usar estes termos: genérico;
perfetivo, imperfetivo; habitual; iterativo.
Frase
|
Aspeto
|
«Carjacking» é uma palavra estrangeira
|
|
alguns bandidos começaram a praticar uma variante
|
imperfetivo, [incoativo ou ingressivo]
|
a nossa reportagem acabou por voltar (porque estava frio)
|
perfetivo, [cessativo ou conclusivo]
|
aquilo que faço
é uma espécie de carjacking
|
|
foi uma
experiência muito traumática
|
|
a malta pergunta-me
constantemente: «tu não ...»
|
|
andas
metido
nos diabetes
|
|
morreu atropelado por uma mota
|
|
estou a conversar com este gafanhoto gigante chamado Zé António
|
Podendo socorrer-te dos valores
modais (modalidade)
apontados na p. 69, preenche a coluna à direita (de qualquer modo, os termos a
usar serão:
epistémica
(valor de certeza);
epistémica
(valor de probabilidade);
deôntica
(valor de obrigação);
deôntica
(valor de permissão);
apreciativa.
Frase de Último a sair, passo de traição de
Débora
|
Modalidade
(valor de ...)
|
Pões-me creme? [Débora para Bruno]
|
deôntica (valor de obrigação)
|
Podes pôr-me creme, faz favor. [Débora para
Bruno]
|
|
Posso. [Bruno para Débora]
|
|
Então não posso. [Bruno para Débora]
|
|
As tuas mãos são uma coisa, Bruno! [Débora para Bruno]
|
|
São super-fortes! [Débora para Bruno]
|
|
Eu até me estou a sentir mal. [Bruno para
Débora]
|
|
O Unas é que devia estar a fazer isto... [Bruno]
|
|
Não te preocupes. [Débora para Bruno]
|
|
O quintal ainda não é aí. [Débora para Bruno]
|
|
E o vizinho não tem de saber de nada. [Débora para Bruno]
|
|
Se calhar, posso
espalhar por mais sítios? [Bruno para Débora]
|
|
Claro. [Débora para Bruno]
|
|
É isso. [Débora para Bruno]
|
|
Está ótimo! [Débora para Bruno]
|
|
Tens uma melga aqui. [Unas para Débora]
|
|
Posso matá-la? [Unas para
Débora]
|
|
Granda melga! Bem! [Bruno para Unas]
|
|
[...] quando podes ter o original [Bruno para Débora]
|
|
Se calhar, até quero o original.
[Débora para Bruno]
|
|
Tipo duas melgas que voavam mais ou menos assim. [Bruno]
|
|
Unas, isso é aquela conversa que não interessa a
ninguém. [Débora]
|
TPC
— Vê a solução da ficha 16 do Caderno deatividades (sobre ‘Processos irregulares de formação de palavras’) que
porei em Gaveta de Nuvens.
Aula 29-30 (24 [9.ª], 25/out [5.ª,
4.ª, 3.ª]) Valeria a pena relermos o testemunho prestado por Pessoa na carta a
Adolfo Casais Monteiro, já em janeiro de 1935, acerca do dia 8 de março de 1914,
o «dia triunfal» da criação dos heterónimos. Releiamos as ll. 29-50 desse texto
nas pp. 25-26 do manual.
Percebemos que, depois de manuscritos
«trinta e tantos poemas a fio» de O
Guardador de Rebanhos, de Alberto
Caeiro, se deu «a reação de Fernando Pessoa contra a sua inexistência como
Alberto Caeiro», tendo sido escrito então o longo «Chuva Oblíqua», poema
ortónimo. Depois, o poeta tratou de descobrir discípulos de Caeiro:
primeiro, escreveu em nome de Ricardo
Reis e, logo a seguir, surgiu-lhe «impetuosamente» Álvaro de Campos, escrevendo à máquina a «Ode triunfal».
Já conhecemos vários destes poemas, mas não
«Chuva Oblíqua», cuja parte final temos na p. 46. Este poema costuma ser dado como
exemplo do intersecionismo (cfr. p. 47, «O intersecionismo»), mas
também revela uma característica considerada típica de Fernando Pessoa ortónimo
(e de Campos aliás), a nostalgia da
infância.
Depois de, na p. 46, leres «Chuva
Oblíqua» (parte VI), assinala na tabela os versos que se reportam à infância —
com Q(uintal) —, os que se reportam ao presente do sujeito poético — com
T(eatro) — e os que misturam estes dois planos — com QT.
Sétima que constitui a 1.ª estrofe
|
vv. 1-2
|
T
|
vv. 3-7
|
||
Quarteto que constitui a 2.ª estrofe
|
vv. 8-9
|
|
vv. 10-11
|
||
Quintilha que constitui a
3.ª estrofe
|
vv. 12-16
|
|
Oitava que constitui a 4.ª estrofe
|
vv. 17-18
|
|
vv. 19-20
|
||
vv. 21-23
|
||
v. 24
|
||
Terceto que constitui a 5.ª estrofe
|
vv. 25-26
|
|
v. 27
|
||
Quintilha que constitui a 6.ª estrofe
|
vv. 28-32
|
|
Sextilha que constitui a 7.ª estrofe
|
v. 33
|
|
v. 34-38
|
Pensa em 3.1 (p. 47).
Itens de exame recentes em torno de aspeto ou
modalidade (todos do grupo
II, é claro):
[2019, 1.ª fase]
7. Indique a modalidade e o valor modal expressos
em «temos de ser capazes de reconhecer, imaginativamente, os erros e as
incongruências» (linhas 15 e 16).
_____________
[2019, 2.ª fase]
7. Indique o valor aspetual veiculado por cada uma
das expressões seguintes: a) «Quando eu era pequeno tinha a Gija» (linhas 20 e
21); b) «Desapareceu da minha vida de repente» (linhas 22 e 23).
____________
[2018, 1.ª fase]
5. As formas
verbais presentes em «A intraduzibilidade de um termo é normal.» (linha 1) e em
«Assim, o termo ganhou uma extensão invulgar» (linha 20) têm, respetivamente,
um valor aspetual
(A)
genérico e perfetivo.
(B) iterativo e
perfetivo.
(C) genérico e
imperfetivo.
(D) iterativo e
imperfetivo.
[2018,
2.ª fase]
4. No excerto
compreendido entre «Considera negativamente» (linha 22) e «de abuso» (linha 23)
[«Considera negativamente a violência em todas as suas formas. A nossa
sociedade eliminou as formas mais brutais de abuso.»], as formas verbais têm,
respetivamente, um valor aspetual
(A)
genérico e iterativo.
(B) perfetivo e
iterativo.
(C) imperfetivo e
genérico.
(D) genérico e
perfetivo.
5. As frases «E
não restam dúvidas de que, em boa medida, as suas observações têm fundamento.»
(linha 18) e «Talvez sejamos hipócritas» (linha 32) exprimem a modalidade
epistémica
(A)
com valor de probabilidade, no primeiro caso, e com valor de certeza, no
segundo caso.
(B) com valor de
probabilidade, em ambos os casos.
(C) com valor de
certeza, em ambos os casos.
(D) com valor de
certeza, no primeiro caso, e com valor de probabilidade, no segundo caso.
Lê o poema XXI de «O Guardador de Rebanhos»,
de Alberto
Caeiro. Depois, responde aos quatro itens seguintes, que poderiam
ser os de um grupo I de exame nacional.
XXI
Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe um paladar,
E se a terra fosse uma cousa para trincar,
Seria mais feliz um momento…
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural…
Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se.
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva…
O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica…
E que se assim é, é porque é assim.
Fernando Pessoa, Poesia dos Outros Eus, edição de Richard Zenith, Lisboa, Assírio
& Alvim, 2007.
1. Para o sujeito poético, a sensação é tudo,
valorizando a perceção das coisas tais como são. Transcreve do poema expressões
que provem que os sentidos estão em atividade.
Para
o sujeito poético, é vital sentir, afirmando mesmo que seria mais feliz “se . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ” (v. 3). Neste poema, é
evidente a valorização das sensações, como se pode constatar através das
expressões . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Sendo Caeiro um poeta do
“olhar”, verifica-se que dá especial realce às . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . .
2. O sujeito poético olha o mundo com
naturalidade e simplicidade. Explica a influência desta atitude no modo de
sentir a vida.
O
sujeito poético aceita as coisas tais como elas são, valorizando a diferença
________________ (“montanhas e planícies”, “rochedos e ervas”, vv. 12-13) e os
momentos bons e maus da vida (. . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .). Assim,
considera que os aspetos menos agradáveis da Natureza e da vida são uma
realidade que é necessário sentir e viver.
3. Com o verso “Sentir como quem olha” (v.
16), sintetizam-se algumas características da poesia de Alberto Caeiro.
Refere-as.
Partindo
do verso “Sentir como quem olha” (v. 16), podem apontar-se algumas
características da poesia de Alberto Caeiro, nomeadamente: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . .
4. Relaciona o último verso com a mensagem
global do poema.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . .
TPC — Continuando a tentar perceber a técnica
de escrita de narrativas curtas, lê um destes contos: «Sempre é uma companhia»
(pp. 136-142) ou «George» (150-155).
Aula 31-32 (28 [3.ª,
5.ª], 29 [4.ª], 30/out [9.ª]) Exemplo de resposta ao item 4 sobre «Se eu pudesse trincar a terra
toda», de Alberto Caeiro («Relaciona o último verso com a mensagem
global do poema»).
Os itens que se seguem tratam de crónica de Luís
Filipe Borges, «Muda de vida», do filme Clube
dos Poetas Mortos e de conteúdos dados ou revistos há pouco tempo. Não
recorras ao manual nem a outras fontes. Circunda a melhor alínea de cada item.
O rapaz choroso que é referido no primeiro
parágrafo era conduzido por um
a) professor e
advogado.
b) encenador
profissional.
c) economista e
professor.
d) economista e
advogado.
O «miúdo de quinze anos» (cfr. primeiro
parágrafo) é
a) um rapaz
conhecido do autor.
b) o próprio
narrador, mais novo.
c) o destinatário
do texto.
d) o protagonista
desta crónica.
O uso do presente do Indicativo nos primeiros
parágrafos («Estamos»; «chora»; «vai»; etc.) resulta de
a) simultaneidade
entre ato de enunciação e o que se relata (o enunciado).
b) esse tempo
verbal poder adequar-se à expressão do futuro.
c) intenção de se
exprimir aspeto imperfetivo da ação.
d) vontade de se
dar um facto passado como se fosse presenciado na atualidade.
«Não é o que está a pensar, chiça» (1.º parágrafo,
ll. 4-5) previne
a) inferência de
que o aluno era «graxista».
b) conjetura de que
o professor tivesse batido no aluno.
c) que os leitores
pensem que o aluno tinha reprovado.
d) possibilidade de
se julgar estar em causa um ato pedófilo.
Na terceira linha do segundo parágrafo, «prof» é
um exemplo de
a) sigla.
b) acrónimo.
c) truncação.
d) amálgama.
«Oh Captain, my Captain» (terceiro parágrafo) é
uma citação
a) inventada no
filme Clube dos Poetas Mortos.
b) de verso de Walt
Whitman.
c) de fala de peça
de Shakespeare.
d) de trecho de
Álvaro de Campos.
Em «o considero meu mestre» (fim do
2.º período do quarto parágrafo), os constituintes sublinhados são,
respetivamente,
a) sujeito,
complemento direto.
b) complemento
indireto, complemento direto.
c) complemento
direto, predicativo do complemento direto.
d) complemento
oblíquo, complemento direto.
«Ontem o professor telefonou-me»
(1.º período do quinto parágrafo), em termos de tempo e de aspeto, indica
a) simultaneidade e
aspeto perfetivo.
b) posterioridade e
aspeto iterativo.
c) anterioridade e
aspeto perfetivo.
d) anterioridade e
aspeto imperfetivo.
«Continuo a tratá-lo
assim» (2.º período do quinto parágrafo) implica
a) simultaneidade e
aspeto imperfetivo.
b) anterioridade e
aspeto imperfetivo.
c) simultaneidade e
aspeto perfettivo.
d) posterioridade e
aspeto habitual.
Ainda no começo do quinto parágrafo, o 2.º período
— «Continuo a tratá-lo assim, artigo definido em destaque, embora ele mo
desaconselhe» — significa que o professor
a) lhe pedia para o
tratar sem artigo.
b) lhe pedira para
usar tratamento mais informal.
c) lhe pedira que o
tratasse por tu.
d) preferia o uso
de «stor» ao uso, mais académico, de «professor».
«artigo definido em destaque» (5.º parágrafo)
traduz que, para o narrador, aquele professor
a) não se confunde
com os outros.
b) é o mais
definido.
c) é o mais
indefinido.
d) é um entre
vários.
Na
l. 9 da segunda coluna (portanto, no quinto parágrafo), na oração subordinada
adjetiva relativa restritiva «que publica de quando em vez», «que» desempenha a
função sintática de
a) sujeito.
b) modificador restritivo do nome.
c) complemento direto.
d) complemento oblíquo.
«apercebo-me de que o tempo é maleável» (no final
do quinto parágrafo) alude à circunstância de
a) o narrador
facilmente se transportar para o passado.
b) o protagonista
ser capaz de desenvolver diversíssimas actividades.
c) se ter esbatido a diferença etária entre as
duas personagens.
d) a personagem estar disposta a mudar
radicalmente vida.
Em «Previsível o
professor nunca foi, graças a Deus» (último período do sexto, e penúltimo,
parágrafo), «previsível» desempenha a função sintática de
a) modificador de
frase.
b) predicativo do
sujeito.
c) complemento direto.
d) predicativo do
complemento direto.
No
sétimo, e último, parágrafo, em «E, quando desligo o telefone, sou outra vez o
miúdo de 15 anos [...]», a vírgula após a conjunção «e»
a) está incorreta.
b) está correta, porque isola-se depois uma
oração subordinada temporal.
c) está correta, porque fazemos realmente uma
pausa a seguir à conjunção.
d) está incorreta, porque não estabelecemos
qualquer pausa entre as duas conjunções («e» e «quando»).
«quando
desligo o telefone» desempenha a função sintática de
a) oração.
b) modificador de frase.
c) modificador de grupo verbal.
d) complemento oblíquo.
Neste
mesmo sétimo parágrafo, o narrador revela
a) saudade dos tempos de adolescente.
b) indecisão quanto à melhor forma de ajudar um
amigo.
c) tristeza quanto ao que o destino trouxera ao
ex-professor.
d) angústia por ter estragado uma amizade de
tantos anos.
Os
anseios do professor de Economia, bem como os dos alunos de Clube dos Poetas Mortos, obedecem a uma
perspectiva
a) epicurista (à Reis; ou à Caeiro).
b) estoica (à Reis).
c) inconformista.
d) futurista.
O
título «Muda de vida», relativamente a «Carpe Diem», pode funcionar como
a) tradução livre.
b) decalque irónico.
c) tradução literal.
d) metáfora.
«Esta
aposta pode correr mal» — frase que invento — exemplifica a modalidade
a) apreciativa.
b) epistémica (valor de probabilidade).
c) deôntica (valor de permissão).
d) deôntica (valor de obrigação).
Que
livro, ou livros, já leste, ou estás a ler, para efeitos do pomposa e
irritantemente chamado «Projeto de leitura»?
.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . .
Faz
uma espécie de ponto da situação, explicitando onde te encontras em termos de
leitura (já li; estou a meio; li um dos contos que integram a obra; etc.).
.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . .
Salvo erro, já há dois anos vimos
«Matarruano sonhador» (Lopes da Silva). Está agora atento ao sketch, para poderes coligir as
características do «filósofo matarruano» Horácio Lopes da Silva que se
aproximem da filosofia de Alberto Caeiro (bem como aquelas que
sejam divergentes das do «Guardador de rebanhos»).
. . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
TPC — Não deixes de ler o conto pedido em
tepecê recente. Logo que possas, lê também o outro.
Aula 33-33R (29 [9.ª], 30 [5.ª], 31/out [4.ª, 3.ª]) O que se
pretendia parodiar em «Diálogo sobre o arrependimento» (série Barbosa) era um
certo estilo de declamação, enfática, pouco natural. Como o texto versava temas
fora do que se convencionou ser da esfera literária — marquises, grampos de
fixação, etc. —, exacerbava-se o ridículo daquele tipo de representação.
A poesia de Cesário
Verde (1855-1886), contra o que se fizera no lirismo português até
então, integra assuntos do quotidiano, palavras fora do vocabulário
convencionado como poético. Neste caso, porém, esses universos «prosaicos» não
são sentidos como forçados, conseguindo o poeta aproveitá-los como matéria
literária. É uma característica da poesia
do período realista.
O poema de
Cesário Verde que estudaremos é «Contrariedades». Lê-o e, no final, preenche as
linhas vagas da tabela.
frenético
= agitado | bizarro = esquisito | gume = lado afiado de um instrumento
cortante | lívido = pálido | mortificar = enfraquecer; afligir | lidar = trabalhar | botica = farmácia | folhetim
= secção de um jornal (sobretudo no século XIX) destinada a várias matérias
mais ou menos literárias | inédito =
não publicado | sol--e-dó = música
instrumental popular; filarmónica de pouca categoria | assinante = o que tem assinatura de um jornal ou revista | adulação = lisonja, bajulação | literato = o que é do meio intelectual;
escritor | alexandrino = verso de
doze sílabas métricas (dodecassílabo, portanto) | tísico = tuberculoso | finar-se
= definhar; morrer
Características do poema
|
Estrofes / Palavras
|
Experiência pessoal
concreta (uma «contrariedade», que resulta de os jornais e os editores não
________)
|
estrofes dos vv.
16-20, 21-24, 25-28, [v. 29], 33-36, 37-40, 41-44, 45-48, 57-60, 61-64
|
Preocupação social
(observação da engomadeira, cuja infelicidade constitui para o sujeito
poético a outra «contrariedade»)
|
estrofes dos vv.
9-12, __-__, __-__, 53-56, __-__.
|
Observação da cidade
(para além da própria vizinha)
|
estrofe dos vv.
__-__
|
Narratividade
(conta-se um episódio, que se desenrola no tempo)
|
[cfr. pretéritos perfeitos («____»,
«sentei-me», «rasguei»), a alternarem com presentes e com futuro próximo
(«vou findar»); advérbios com valor temporal («hoje», «agora»)]
|
Léxico «pouco poético»:
|
|
estrangeirismos e
palavras recentes
|
«réclame», «____»,
«____»
|
palavras de campos
lexicais específicos, técnicos
|
«maços de ____», «botica»,
«método»
|
palavras de registos
quase orais
|
«____», «____»,
«coitadinha!»
|
diminutivos
pejorativos
|
«_____»
|
nomes de pessoas
conhecidas
|
«Taine», «____»
|
Consultando o
verbete de «contrariedade» (Grande
Dicionário da Língua Portuguesa, Porto, Porto Editora, 2010), refere as
aceções a que corresponderiam as duas contrariedades a que parece aludir o
título do poema:
A recusa dos textos pelo jornal pode corresponder à aceção ___ (é um ___);
quanto à observação da engomadeira parece poder caber-lhe a aceção ___ (é a
causa de ___) ou mesmo a ___ (seria a própria
preocupação sentida por causa daquela visão).
Escolhe a
melhor alínea:
1. O poema desenvolve-se
em torno de duas figuras — o poeta e a engomadeira que ele observa — cujas
condições se aproximam
a. por sofrerem ambos da mesma doença.
b. por serem ambos vítimas da injustiça social.
c. por trabalharem ambos com vigor e alegria.
1.2 A situação do
sujeito poético é configurada a partir da apresentação
a. do seu estado anímico e de sintomas físicos.
b. de sintomas físicos e de comentários
críticos.
c. do seu estado anímico, de sintomas físicos e
de comentários críticos.
1.3 As referências a
«Taine» (v.25) e a «Zaccone» (v. 40) realçam
a. a cultura do sujeito poético.
b. a construção do poema de acordo com os
princípios impressionistas.
c. a originalidade da obra do poeta face aos
autores aplaudidos na época.
1.4 O diminutivo com que
o sujeito poético termina o poema transmite
a. a sua simpatia solidária face à engomadeira.
b. o seu desprezo em relação aos trabalhadores
do povo.
c. a avaliação irónica que faz da pequenez da
engomadeira.
[os itens anteriores nesta página
foram tirados de Expressões. 11.º ano,
Porto, Porto Editora]
Verifica a métrica,
para perceber se o poema está mesmo em alexandrinos. Experimenta escandir
o terceiro e o quarto versos da estrofe (da primeira à décima-segunda) que
corresponda ao número do mês do teu aniversário.
estrofe n.º ___ [= mês do teu aniversário (se for janeiro, 1.ª estrofe;
se for fevereiro, 2.ª estrofe; etc.)]
terceiro dessa estrofe:
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . .
quarto verso dessa
estrofe:
. . . . . . . . . . . . . . . .
Grupo I, parte C, do exame nscional de 2018 (2.ª fase)
7. Cesário Verde adota um olhar subjetivo e
crítico sobre a cidade. Escreva uma breve exposição sobre a representação da
cidade na poesia de Cesário Verde. A sua exposição deve incluir:
• uma introdução
ao tema;
• um desenvolvimento no qual refira uma característica da
cidade enquanto espaço físico e uma característica da cidade enquanto espaço
humano, fundamentando as ideias apresentadas em, pelo menos, um exemplo
significativo de cada uma das características;
• uma conclusão
adequada ao desenvolvimento do tema.
[tirado dos Critérios de classificação]
Na resposta, deve ser
referida uma característica da cidade enquanto espaço físico e uma
característica da cidade enquanto espaço humano. Os tópicos a seguir
apresentados constituem apenas exemplos, podendo ser abordados outros
igualmente relevantes.
Representação da cidade
enquanto espaço físico:
— é
símbolo
de aprisionamento/de morte, evidente, por exemplo, na referência
a prédios sepulcrais/a ruas delimitadas por prédios
que provocam uma sensação de clausura (em «O Sentimento dum
Ocidental»);
— é marcado por
contrastes entre espaços de riqueza/bem-estar e espaços de pobreza, por
exemplo, a casa apalaçada ou os hóteis da moda vs. o casebre ou os bairros
degradados (em «Num Bairro Moderno» e em «O Sentimento dum Ocidental»).
Representação da cidade
enquanto espaço humano:
— é
palco de contrastes sociais, através da representação
de tipos citadinos com características que se opõem,
por exemplo, as burguesinhas do Catolicismo e as elegantes vs. as costureiras,
as floristas, as varinas ou o velho professor de latim (em «O Sentimento dum
Ocidental»)/os rudes calceteiros vs. a furtiva «atrizita» (em
«Cristalizações»);
— é
um espaço de decadência moral e social,
patente, por exemplo, na referência ao ratoneiro/aos bêbedos/às
«imorais»
(em «O Sentimento dum Ocidental»).
Escreve uma introdução deste item
7. Evita colares-te demasiado à redação dos cenários de correção, até porque o
que estes veiculam seria assunto do desenvolvimento.
.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
[exemplo de introdução:]
Cesário Verde
introduz o realismo na poesia portuguesa, que até então pouco se ocupara de
espaços que não fossem os da natureza. Ao poeta de «O Sentimento dum Ocidental»
já vai interessar tudo o que enquadra o quotidiano — e o seu dia a dia decorre
em contexto urbano. Cesário é um poeta de Lisboa, que parece estar sempre a
calcorrear. Mesmo quando trata do campo, percebemos que o faz em contraponto
com a vivência citadina.
Poemas de Último a sair
Roberto
Leal
A vida é como um rio que
desagua para o mar, que é a poesia.
Pelas mãos de minha mãezinha
Andei nos tempos então;
Hoje, como está velhinha,
É ela que anda p’la minha
E faz a minha obrigação.
Endoscopia da alma
O meu peito é feito de
luz e brilho
E ontem encontrei um sinal nas costas.
Ninguém sabia se era maligno,
Começou tudo a fazer apostas.
A minha alma estava doente
E as minhas costas, não.
Ai que feliz de mim
E qualquer coisa que rime com ão.
Luciana
Abreu
Havia uma velha na rua a
correr
Com uma lata no cu a bater.
Quanto mais a velha corria,
Mais a lata no cu lhe batia.
Feijoada de ternura
Estava eu a apanhar sol,
Estavas tu no sol a apanhar.
Veio chuva e veio o sol
Estavas tua na chuva a apanhar
Se eu soubesse o que sei hoje,
Talvez tivesse vindo mais cedo.
Assim, não vim mais cedo,
E fiquei a fazer a feijoada de ternura.
Bruno
Nogueira
Gosto da minha mãe.
Ganso daltónico
Ai, um ganso daltónico,
Ai,
um ganso pateta,
Porque
és daltónico,
Meu
ganso pateta?
Se
Albufeira é assim um bocado nhnhrhhihn,
Matei
uma criança cheia de sarampo
E
enterrei-a ao lado do primo Joel.
Este
bife está mal passado, sr. Antunes,
E
o robalo não está fresco, seu ganso daltónico.
Neste episódio de Último a sair, os poemas escritos pelas personagens (sim, são
personagens: os atores estão a representar uma personagem que foi criada para
fingir corresponder a eles mesmos mas que é obviamente fictícia) parodiam a má
poesia. Porém, algumas das características escolhidas para construir esta
caricatura da poesia são comuns a características encontráveis quer na boa
poesia realista quer no modernismo.
Num comentário
breve, aproxima certas características de poemas (ou de algum dos poemas) de Último
a sair da escrita de Álvaro de Campos.
A caneta.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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. . . . . . . . .
[exemplo de
resposta:]
É sobretudo no
poema de Bruno Nogueira que vemos características que nos recordam o estilo de
Álvaro de Campos. Interjeições («Ai»), apóstrofes surpreendentes («seu ganso
daltónico», «meu ganso pateta»), a sequência onomatopaica «nhnhrhhihn» a
funcionar como adjetivo assemelham-se a recursos estilísticos encontráveis nas
odes futuristas-sensacionistas.
A inclusão de
trechos de diálogos soltos («Este bife está mal passado, sr. Antunes») e a
inserção de topónimos («Albufeira») e antropónimos («Joel», «Antunes») servem
para explicitar episódios do quotidiano que não se afastam muito dos
incidentes, narrativos, que vemos no Campos intimista-abúlico (cfr. «Aniversário»,
«Datilografia», «Ao volante do Chevrolet pela estrada de Sintra»).
A menção
realista de alimentos (o robalo pouco fresco, o bife mal passado) é um pormenor
que nos pode remeter para «Dobrada à moda do Porto» — a que talvez aluda a
«Feijoada de ternura», de Luciana Abreu.
Certa
escatologia no dístico «Matei uma criança cheia de sarampo / E enterrei-a ao
lado primo Joel» é aproximável de frases prosaicas e inesperadas que pontuam
poemas de Campos — a mesma crueza e aproveitamento de léxico não poético surge
aliás em «Endoscopia da alma», de Leal, ou na velha descrita por Luciana.
Aula 34-35 (4 [3.ª, 5.ª], 5
[4.ª], 6/nov [9.ª]) Correções
de questionário de compreensão («Muda de vida») — ver Apresentação — e
de texto sobre «Matarruano sonhador».
B — A modalidade apreciativa está diretamente ligada à incerteza.
C — A modalidade nunca pode estar associada ao uso de adjetivos.
______________
Raiz, caule, folha, ramo, fruto — _____
Telhas, tijolos, paredes, janelas, portas — _____
Palco, plateia, cadeiras, balcão, cortina — _____
Capa, contracapa, lombada, folhas, introdução — _____
Guelras, barbatanas, escamas, espinhas, boca — _____
Teclado, rato, monitor, leitor de CD, cabo de alimentação — _____
Cabeça, pé, braço, perna, costas — _____
[Exemplo de comentário
comparativo de «matarruano sonhador» e Caeiro]
Ainda antes de nos centrarmos
nos aspetos discursivos ou ideológicos, podemos dizer que as alegadas
simplicidade e pouca instrução de Alberto Caeiro têm réplica no perfil de
Horácio Lopes da Silva, que, ao primeiro relance, nos surge como ingénuo, de
estrato popular, embora — o que já extravasa do retrato do pastor — marcadamente
boçal e com laivos de idiotia.
A recusa do pensamento é
característica comum, mas esse traço é voluntário em Caeiro, para quem o sentir
imediato é que é pensar, e somos nós que o inferimos no caso do filósofo
matarruano (que até considera ter «inúmeros pensamentos — chego a ter dois ou
três pensamentos por mês»). A aproximação aos elementos da natureza (que ao
«guardador de rebanhos» servem como exemplos cuja espontaneidade deve ser
imitada, e a Horácio, como fontes de embevecimento) também é semelhante.
A importância dada aos
sentidos por parte de Caeiro reveste-se no matarruano sonhador de matizes
sensuais ausentes no poeta bucólico; diríamos aliás que as sensações visuais
são determinantes em ambos, só que no sketch são associadas a um
objetivo diferente — «observar as moças» —, que seria incoerente em Caeiro: o
epicurismo aconselha à fruição do que nos seja dado (cfr. «carpe diem»)
mas supõe uma lhaneza incompatível com a excitação gulosa de Lopes da Silva.
Vamos ler textos de Fernando Pessoa subscritos por ele
mesmo (ou seja, ortónimos) e que, no manual, estão incluídos numa secção
que exemplifica o tema ‘nostalgia da infância’. Já víramos esta
característica em «Chuva Oblíqua» — poema intersecionista de Fernando Pessoa —
e em alguns poemas de Álvaro de Campos («Aniversário», «Na casa defronte de mim
e dos meus sonhos»).
Na p. 45, lê «A criança que fui mora na
estrada».
Transcreve os referentes (os antecedentes) das
seguintes anáforas (todas elas pronomes):
«a» (v. 2) = ________
«ali» (v. 2) = _________
«[l]o» (v. 5) = _________
«o» (v. 8) = _________
«o» (v. 11) = _________
Responde:
Qual é a função sintática
desempenhada por «Quem fui» (v. 4)? ________
E de «Quem errou a vinda» (vv. 5/6)? ________
E de «errada» (v. 6)? ________
E de «me» (v. 13)? ________
«De» (v. 8) é traduzível por uma outra preposição.
Qual? _______
«Pobre velha música [Realejo]» declamado por Vítor de Sousa:
Na p. 48, lê «Realejo» e, logo depois,
«Quando as crianças brincam».
Comenta a expressividade
do último verso de «Realejo» (enquadrando-o também no resto do quarteto).
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Os primeiros versos dos
dois poemas («Pobre velha música!» e «Quando as crianças brincam») remetem para
circunstâncias que estimulam a nostalgia do poeta. Comenta, lembrando outros
casos idênticos na poesia de Pessoa ou de Campos.
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[Sem consultar o manual]
No tepecê da aula 29-30, pedia-lhes que
lessem um de dois contos — «Sempre é uma companhia», de Manuel da Fonseca, ou
«George», de Maria Judite de Carvalho, e, em tepecê posterior (31-32), reforcei
o pedido e sugeri que lessem também o outro conto.
Se não leste nenhum dos
contos, toma nota de que é preciso ir trabalhando regular e pontualmente (e,
nas mesmas linhas, responde antes a este item, ainda sobre os textos estivemos
a ver: «Globalmente, caracteriza quanto à forma os três poemas de Pessoa
ortónimo, por contraste com o que já conhecemos da forma típica dos textos dos
heterónimos»).
Se leste um dos contos do
tepecê, completa {espera por slide}: Li o conto {escolhe
consoante o teu caso} «George» / «Sempre é uma companhia». Proponho para
esse conto o título alternativo «_______», que considero pertinente porque o
enredo ...
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TPC
— Se não o fizeste ainda,
lê os contos que pedi que lessem. E vai também concluindo leituras do Projeto
de leitura.
Aula 36-36R (4 [9.ª], 5 [5.ª], 6/nov [4.ª, 3.ª]) Eis o grupo I (parte A)
da prova da 2.ª fase do exame nacional de 2018. O texto, que não copio, desta
parte A era a ode «Prefiro rosas, meu amor, à pátria», de Ricardo Reis, que vimos há poucas
aulas e está na p. 73 do manual:
1.
Compare a atitude do sujeito poético com a dos outros «humanos» (verso 13),
tendo em conta a oposição simbólica entre «rosas» e «magnólias», por um lado, e
«pátria», «glória» e «virtude», por outro lado (versos 1 a 3).
2.
Interprete o sentido da segunda estrofe, à luz da filosofia de vida de Ricardo
Reis.
3.
Explicite, com base no conteúdo dos versos 7 a 18, dois aspetos que evidenciem
o modo como o sujeito poético perceciona a passagem do tempo.
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Aspeto, Modalidade
Preguiçosamente, socorro-me destas
perguntas da Nova Gramática didática de
português (Carnaxide, Santillana, 2011, p. 233).
Identifica o valor aspetual (perfetivo, imperfetivo, iterativo, habitual, genérico).
Frase | Aspeto |
Ele acabou de redigir a ata da reunião da Associação de Estudantes. | |
A Tânia anda a ler muita literatura alemã. | |
Vou ao cinema todos os sábados. | |
Nem todas as bandas de rock são famosas. | |
Ela andava tão feliz! | |
O Rafael gritou quando ouviu um estrondo. | |
O exercício faz bem à saúde. | |
Chegas sistematicamente atrasado! |
Refere o tipo de modalidade (epistémica, deôntica, apreciativa) expresso em cada um dos
enunciados que se seguem; escreve ainsa o valor modal (certeza, probabilidade; obrigação, permissão).
Enunciado
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Modalidade
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Valor modal
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Provavelmente, a Matilde não chega a horas.
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Que vestido maravilhoso!
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Termina essa tarefa!
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Podes terminar o trabalho na próxima aula.
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Podes ter escrito isso, mas eu não vi a tua
mensagem.
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Eles devem chegar amanhã
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Felizmente tenho férias para a semana.
|
||
Podes ir para o teu quarto.
|
Algumas destas afirmações sobre a
modalidade são falsas. Identifica-as e procede à sua correção.
A — A modalidade deôntica
está relacionada com o domínio da obrigação e da permissão.
B — A modalidade apreciativa está diretamente ligada à incerteza.
C — A modalidade nunca pode estar associada ao uso de adjetivos.
Hiperónimos,
Hipónimos, Holónimos, Merónimos
Depois de vermos «Super de origem» (série
Lopes da Silva), completa, consoante o caso, com o nome em falta (entre aspas)
ou com um dos seguintes termos: hiperónimo,
hipónimo, holónimo, merónimo, co-hipónimo, co-merónimo.
«Costureirinha Maravilha»,
«Super de Origem», «Clark Kent» são ______, porque têm um hiperónimo comum,
«Super-herói(s)».
«Aileron», «Aventais»,
«Subwoofers», «Jantes» podem ter como seu ______ «acessório(s) de automóvel».
«Tuning» será hipónimo de
«______»
Talvez um pouco
forçadamente, «Barbinha» pode ser considerado ______ de «adepto de tuning».
«Carro» é ______ de
«jante».
«_____» — tirado ao adepto
de tuning — é hipónimo de «chapéu».
«fatiota», relativamente a
«touca» ou «emblema SO», é holónimo, sendo estes últimos, portanto, ______.
«tesoura», «dedal» serão
______ de «utensílio de costura».
De novo me socorro da Nova Gramática didática de português (Carnaxide, Santillana, 2011),
pp. 218-219, para umas últimas revisões acerca de holonímia, meronímia,
hiperonímia,
hiponímia:
Encontra
diferentes hipónimos para os hiperónimos apresentados.
hiperónimo |
hipónimos
|
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flor | |||||
grau de parentesco | |||||
peixe | |||||
cor |
No quadro que se segue,
encontras vários hipónimos que pertencem
a um mesmo hiperónimo. Elimina, barrando-o, o intruso de cada grupo e descobre
o hiperónimo correspondente.
hipónimos | hiperónimo |
gato, golfinho, andorinha, Varandas, baleia, tubarão | |
avião, teatro, autocarro, bicicleta, automóvel | |
Terra, Vénus, Zeus, Jorge Jesus, Hades | |
enciclopédia, dicionário, romance, prontuário, gramática | |
médico, jornalista, pai, professor, pedreiro | |
morango, dobrada, banana, laranja, pêssego | |
banco, televisão, leitor de CD, micro-ondas, frigorífico |
Refere possíveis merónimos do holónimo
«livro».
______________
Descobre um holónimo para cada conjunto de
palavras apresentado.
Raiz, caule, folha, ramo, fruto — _____
Telhas, tijolos, paredes, janelas, portas — _____
Palco, plateia, cadeiras, balcão, cortina — _____
Capa, contracapa, lombada, folhas, introdução — _____
Guelras, barbatanas, escamas, espinhas, boca — _____
Teclado, rato, monitor, leitor de CD, cabo de alimentação — _____
Cabeça, pé, braço, perna, costas — _____
Põe ao lado das expressões
sublinhadas uma destas siglas:
Adj. Rel. = oração subordinada adjetiva
relativa
Subst. Compl. = oração
subordinada substantiva completiva
Subst. Rel. = oração
subordinada substantiva relativa
Nunca me fui embora
(de Pedro Silva
Martins; interpretação de Lena d’Água)
Eu
já nem quero outra coisa
Além de ficar bem onde
estou
A casa onde nasci
O bairro onde cresci
O tempo que eu vivi
A vida que eu escolhi
Não trocava o que eu
tenho
Por quem eu não sou
Sinto que já perdi
muita coisa
Mas, para perder, eu
tive de encontrar
O muito que eu errei
O tanto (que) eu
passei
Tudo que eu larguei
E a todos que abracei
Foi uma aventura e tanto
E eu aqui estou
Há sempre um dia novo
À espera de quem se
põe a jeito
E faz acontecer um pouco
E se dá também
E nem supõe que é
capaz
Há sempre um dia novo
À espera de alguém
E falta ainda tanta
coisa
Ainda tenho tanto para
contar
Um amor para ser
Um dia para tentar
Um amor para ter
E mais para cantar
E a vida não pense que
me vai escapar
Há sempre um dia novo
À espera de quem se põe
a jeito
E faz acontecer um pouco
E se dá também
E nem supõe que é capaz
Há sempre um dia novo
À espera de alguém
TPC — Em Gaveta
de Nuvens, lê a ficha corrigida sobre ‘Coesão lexical’ (ficha 34 do Caderno de atividades, pp. 61-62), que
trata destas matérias (hipónimos, hiperónimos; merónimos, holónimos; antónimos;
sinónimos).
Aula 37-38 (7 [9.ª], 8/nov [5.ª, 4.ª, 3.ª]) Correção
de respostas vindas da aula anterior.
[Exemplos de respostas:]
[1.] A antítese (ou paradoxo, mesmo) «Fui-o outrora
agora» sublinha que a experiência de felicidade não foi vivida verdadeiramente,
é uma construção do presente.
Se
acaso foi feliz, o poeta não teria disso consciência (logo não o foi). Agora,
sabe que aquele que pode ter sido feliz também não é ele (corte característico
em Pessoa), mas parece querer infligir a si mesmo — «com que ânsia tão raiva»
(v. 9) — o castigo de se sentir saudoso do que está apenas a idealizar.
[2.] Muitas vezes, em Pessoa e em Campos,
a memória da infância é suscitada por estímulo surgido repentinamente no
quotidiano, assim interrompido por essa deslocação no tempo, que depois vai
alternando com o presente. Vimo-lo em «Chuva Oblíqua» (teatro), «Un Soir à
Lima» (música na telefonia), «Aniversário» (o fazer anos). Nos poemas lidos
agora são a música de um realejo ouvida e a visão de crianças a brincar que
servem ao poeta de propulsores da «nostalgia da infância».
[3.] Nestes três textos há regularidade formal em termos
de versificação, uma característica de grande parte da poesia ortónima.
Um
dos poemas é um soneto, em esperados decassílabos e cumprindo um esquema
rimático convencional, embora não o mais clássico.
Nos
dois outros poemas usam-se quadras, cujas rimas e metro são também regulares,
aproximando-se aliás da poesia popular (a redondilha menor, sobretudo; a rima
só cruzada uma vez em cada estrofe).
Lê «Autopsicografia»
(p. 34), de Fernando Pessoa, e responde:
1. Na l.ª quadra é
apresentada uma tese.
Identifica-a e explica-a, considerando: a dor fingida pelo poeta (no poema)/a
dor sentida pelo poeta (na vida real); o paradoxo presente nos vv. 3-4.
«________» é a tese apresentada no poema.
Significa que o poeta finge uma dor que não coincide com a dor sentida na ______.
A dor escrita é uma invenção, uma transfiguração, criada pela ______.
2. A 2.ª quadra refere-se à
sensação/sentimento que o poema provoca nos leitores. Explicita o que sentem os
leitores, considerando o jogo: «as duas (dores)
que ele (o poeta) teve» / «a
dor lida» / «a (dor) que eles não
têm».
Os leitores sentem uma dor que não é a que o
poeta sentiu, nem a que ele _______, mas que é a sua não-dor.
3. Experimenta interpretar as metáforas
contidas na última estrofe, na qual se estabelece a dicotomia
«razão»/«coração» (intelecto/emoção).
Relaciona essa dicotomia com a tese apresentada na 1.ª estrofe.
A última estrofe apresenta, metaforicamente, a
relação entre _______ e ______. O coração é um comboio de corda, regulado pelas
______. A razão é uma realidade à parte, mas estimulada (entretida) pelo ______.
4. Interpreta agora o título do poema,
considerando os três constituintes da palavra: auto + psico + grafia.
Tendo em conta o significado de cada um dos
elementos que compõem o título, «autopsicografia» remete para ______.
5. Analisa a estrutura formal do poema.
O poema é constituído por três ______, de versos
_____ (também designados versos de «_____ maior»), com o esquema rimático ______
(portanto, em rima _____).
6. Expõe a teoria do
«fingimento poético» apresentada
neste poema.
De acordo com o poema, a criação poética assenta no ______, na medida em que um poema
não diz o que o poeta ______, mas aquilo que imagina a partir do que
anteriormente sentiu. O poeta é um fingidor, porque escreve uma ______ fingida,
fruto da razão e da imaginação, e não a emoção sentida pelo coração, que apenas
chega ao poema transfigurada, na tal emoção ______ poeticamente, imaginada.
Quanto ao ______, apenas sente a emoção que o poema lhe suscita, que será
diferente da do próprio poema. A poesia, a arte, é a intelectualização da ______.
Lê «Isto» (p. 36), também
do ortónimo, e responde, usando as
frases já começadas:
1. Na l.ª estrofe, o poeta opõe a
«imaginação» (razão) ao «coração» (emoção). Qual deles utiliza?
Ao escrever, o poeta usa _____.
2. Na 2.ª estrofe, compara todas as suas
emoções (sonhos, vivências, ausências, perdas) a um
«terraço». Como interpretas
essa comparação?
As emoções são semelhantes a ______.
3. Nesse terraço de emoções, o poeta procura
«outra coisa» — a emoção estética. Qual o verso que a refere?
«_______».
4. Para encontrar essa emoção estética, como
escreve o poeta? Sobre que escreve? (Interpreta os quatro primeiros versos da
última estrofe.)
O poeta escreve distanciado daquilo que sentiu
anteriormente («_____»), sem _____ («livre do meu enleio»).
5. Mostra a ironia presente neste poema.
O último verso é irónico, ______.
6. Analisa a estrutura formal do poema.
O poema apresenta grande regularidade formal:
são três estrofes de cinco versos (isto é, três ___), de ___ sílabas métricas,
com o esquema rimático _____ (portanto, de rima ____ e ____).
7. Estabelece a relação entre os poemas
«Isto» e
«Autopsicografia».
Os poemas «Autopsicografia» e «Isto» têm como
tema comum o _____. Neles, o poeta expõe o seu conceito de poesia enquanto
intelectualização da ______.
[Ficou de
uma aula o passada:]
Atribui às frases, de Último a sair — passo do «milagre»
vivido por Bruno Nogueira —, um valor aspetual (genérico, imperfetivo, perfetivo, habitual, iterativo, [incoativo]).
Frase
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valor
aspetual
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É um iogurte de coco e de ananás muita bom.
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Você está andando, Bruno.
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Ainda ontem estava numa
cadeira de rodas e hoje eu te vejo aqui de pé.
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Começo a ouvir barulho.
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incoativo
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Veio uma luz lá do meio.
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Ela [Nossa Senhora] conhece-me.
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Os três pastorinhos já lerparam.
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Você é a nova Irmã Lúcia!
|
Jeffrey Archer é, até certo ponto, o tipo de escritor que Pedro Mexia
classificava como «besta célere» (< best-seller). De qualquer modo,
tem méritos evidentes de contador de histórias. O seu livro mais recente
intitula-se precisamente Contador de histórias. O primeiro conto deste
livro tem a particularidade de ter só cem palavras.
Vejamos como o apresenta e, depois, o conto
propriamente dito (Jeffrey Archer, Contador
de Histórias, trad. de Fernanda Oliveira, Lisboa, Bertrand, 2019, pp. 13 e
17):
Um desafio
Há muitos anos, um editor
da Reader’s Digest em Nova Iorque
convidou-me para escrever uma história de cem palavras que tivesse princípio,
meio e fim. Como se já não fosse desafio suficiente, insistiu em que não podiam
ser 99 ou 101 palavras.
E, não contente com isso,
pediu-me para apresentar a obra acabada no prazo de vinte e quatro horas.
O meu primeiro esforço
consistiu em 118 palavras, o segundo em 106 e o terceiro em 98. Pergunto-me se
conseguirão descobrir quais as duas palavras que tive de voltar a incluir.
O resultado foi «Único»,
que encontrarão na página seguinte.
Os leitores poderão ter interesse em saber que o que acabei de
escrever também tem 100 palavras.
Único
Paris, 14 de março de 1921
O colecionador voltou a
acender o charuto, pegou na lupa e analisou o selo triangular de 1874 do Cabo
da Boa Esperança.
— Eu avisei-o de que havia
dois selos — disse o negociante. — Ou seja, o seu não é único.
— Quanto?
— Dez mil francos.
O colecionador passou um
cheque antes de dar uma baforada no charuto, mas este já estava apagado. Pegou
num fósforo, riscou-o e lançou fogo ao selo.
O negociante olhou
incrédulo, ao mesmo tempo que o selo se desfazia em fumo.
O colecionador sorriu.
— Estava enganado, amigo —
disse. — O meu é único.
Cria conto em cem palavras
(evita o estilo ‘anedota’; não apostes em muito diálogo; título também conta
para contabilidade das palavras):
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TPC — Se não o fizeste ainda, lê os contos que
pedi que lessem. Sugiro agora também «Famílias desavindas», nas pp. 163-165, de
Mário de Carvalho.
Aula 39-40 (11 [3.ª, 5.ª],
12 [4.ª], 13/nov [9.ª]) Correções
do «Conto em cem palavras» (cfr. Apresentação).
e pensar enquanto sinto
origina um labirinto
onde me perco e convenço
de que tudo é indistinto,
de que o mundo se organiza
desorganizadamente
nos recônditos da mente
como uma ideia imprecisa
que quando se pensa, sente
e quando se sente, pensa,
numa confusão total,
num processo irracional
em que se esfuma a diferença
entre o que é ou não real.
Dos meandros disso tudo
nasce apenas um desejo:
distinguir o que não vejo
e é talvez o conteúdo
deste infinito bocejo
a caminho não sei de onde,
à espera não sei de quê.
Quem me ouve? Quem me vê?
A vida não me responde
e afinal ninguém me lê.
Tudo que faço ou medito
E eu sou um mar de sargaço —
Querendo, quero o infinito.
Fragmentos de um mar de além...
Não o sei e sei-o bem.
Ao olhar para o que faço!
Vontades ou pensamentos?
Fazendo, nada é verdade.
Que nojo de mim me fica
Minha alma é lúcida e rica,
Um mar onde boiam lentos
Fica sempre na metade.
Tudo que faço ou medito
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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Começa
por ler, nas pp. 34-35, os excertos ensaísticos aí intitulados «Da emoção ao
poema» e «O fingimento artístico», para fixarmos essa «matéria» (o
fingimento poético).
Depois, relanceia também a p. 33 (sobre o Pessoa ortónimo) e, particularmente,
o terceiro parágrafo que se ocupa da fragmentação
do «eu».
Lê o poema que ponho a seguir, «Apócrifo
pessoano». Trata-se de texto de Poesia
Reunida 1990-2000 (Lisboa, Dom Quixote, 2000), de Fernando Pinto do Amaral:
O eu sentir quando penso
e pensar enquanto sinto
origina um labirinto
onde me perco e convenço
de que tudo é indistinto,
de que o mundo se organiza
desorganizadamente
nos recônditos da mente
como uma ideia imprecisa
que quando se pensa, sente
e quando se sente, pensa,
numa confusão total,
num processo irracional
em que se esfuma a diferença
entre o que é ou não real.
Dos meandros disso tudo
nasce apenas um desejo:
distinguir o que não vejo
e é talvez o conteúdo
deste infinito bocejo
a caminho não sei de onde,
à espera não sei de quê.
Quem me ouve? Quem me vê?
A vida não me responde
e afinal ninguém me lê.
O poema de Fernando Pinto do Amaral
(nascido em 1960) é um pastiche de Pessoa (ortónimo). Nessa imitação, mais
decisivos até do que a métrica (redondilha maior) e que o esquema estrófico
(quintilhas) — realmente bastante usuais em Fernando Pessoa ele próprio — são a
temática e a linguagem. Há, no entanto, dois ou três versos em que a ironia parece
suplantar a imitação. Copia-os:
________________________
________________________
________________________
Antes de ouvirmos os três quartetos em rima
cruzada que constituem «Tudo que faço ou medito», de Fernando Pessoa, tenta copiar o poema — cujos versos ponho em
desordem (à exceção do primeiro) — na sequência devida.
Tudo que faço ou medito
E eu sou um mar de sargaço —
Querendo, quero o infinito.
Fragmentos de um mar de além...
Não o sei e sei-o bem.
Ao olhar para o que faço!
Vontades ou pensamentos?
Fazendo, nada é verdade.
Que nojo de mim me fica
Minha alma é lúcida e rica,
Um mar onde boiam lentos
Fica sempre na metade.
Tudo que faço ou medito
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Fernando Pessoa, Poesias, Lisboa, Ática, 1942
Como se diz no último
parágrafo da p. 70 do manual, «Tabacaria» é um dos mais importantes
poemas de Álvaro de Campos.
Vamos ouvi-lo em trechos lidos por vários declamadores (de cada um ouviremos
apenas uma parte, de modo a ouvir o conjunto todo mas por diferentes cinco
leitores, quase todos atores).
A ordem dos declamadores segue, ascendente e aproximadamente,
a sua idade (que o respeitinho é muito bonito; note-se que já morreram João
Villaret, Mário Viegas e Antônio Abujamra). O vencedor será convidado a
assistir ao içar da bandeira no dia da escola (exceto se já tiver falecido).
Aproveito para anunciar que não levarei a turma que me calhar nesse bloco — é o
12.º 4.ª, em princípio — a esse ritual ridículo.
Declamador
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Verso ou expressão destacável
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Pontuação
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João Grosso
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Mário Viegas
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Sinde Filipe
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Antônio Abujamra
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João Villaret
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[versos
finais do longo «Tabacaria»:]
[...]
Mas um homem entrou na
Tabacaria (para comprar tabaco?),
E a
realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me
enérgico, convencido, humano,
E vou
tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.
Acendo um
cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio
no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo
como uma rota própria,
E gozo, num
momento sensitivo e competente,
A
libertação de todas as especulações
E a
consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.
Depois
deito-me para trás na cadeira
E continuo
fumando.
Enquanto o
Destino mo conceder, continuarei fumando.
(Se eu
casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez
fosse feliz.)
Visto isto,
levanto-me da cadeira. Vou à janela.
O homem
saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah,
conheço-o: é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da
Tabacaria chegou à porta.)
Como por um
instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me
adeus gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e
o universo
Reconstruiu-se-me
sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.
Fernando Pessoa, Poesias de Álvaro de Campos, Lisboa,
Ática, 1944 (imp. 1993)
Assinala as afirmações Verdadeiras
e Falsas:
a. O poema desenvolve as
tensões querer/fazer e alma/corpo humanos.
b. Ao longo da composição, o
poeta reconhece a incompletude dos seus atos.
c. Os sonhos do sujeito
poético têm uma natureza ilimitada.
d. O resultado das suas
ações provoca no poeta um sentimento de grande satisfação.
e. O texto termina com um
paradoxo que destaca a complexidade psicológica do eu lírico.
[itens cedidos
simpaticamente por Expressões 12,
Porto, Porto Editora, 2012]
O poema «Tabacaria» tem
muitos elementos narrativos. Se estivesse em linhas a toda a largura da página,
passaria facilmente por texto de prosa.
Escreve um conto / prosa que prossiga o
final do poema (já entendido como texto de prosa) ou que simplesmente aproveite
o contexto de que nos fomos apercebendo ao longo de «Tabacaria».
Sistema de pessoas (1.ª, 2.ª, 3.ª) e tempos não tem de ser o mesmo.
Haverá título (que não será «Tabacaria»).
A
caneta.
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TPC — Já lhes pedi que lessem os três contos que estão na unidade
2 do manual, os de Maria Judite de Carvalho — «George» (pp. 150-155) —, Manuel
da Fonseca — «Sempre é uma companhia» (pp. 136-142) — e Mário de Carvalho —
«Famílias desavindas» (pp. 163-165). Ao longo desta ou inícios da próxima
semana, queria que escrevessem, a computador, um conto (sugiro, como mínimo,
1000 palavras; também não aconselho textos muito maiores — fixemos, mas como
máximo, o dobro disto). || O objetivo final é o envio dos textos ao concurso Correntesd’Escritas, talvez o mais importante em Portugal para autores jovens (e
cujo prémio são interessantes mil euros). Independentemente do concurso, a
tarefa é para ser feita por todos e é um dos trabalhos mais importantes deste
período (sendo equivalente a vários tepecês, porque ainda haverá uma correção
minha da primeira versão que me enviem).|| Evitem, por mais leve que seja,
qualquer aproveitamento de escritos alheios. Entrega será feita por mail (em
Word; e, por favor, não em PDF). Para já, não usem formatações complicadas nem
ocupem demasiado papel (sugiro Times 12, Arial 11 ou semelhante, a um espaço de
entrelinha ou pouco mais). Travessões fazem-se com Alt 0151. Não esqueçam
título. Escrevam o vosso nome (depois, para efeito de concurso, é que usaremos
pseudónimo).
Aula 41-41R (12 [5.ª], 13/nov [4.ª, 3.ª, 9.ª]) [Tópicos sugeridos nos Critérios
de classificação, para os itens 1-3
do Grupo I da prova de 2018, 1.ª fase, sobre a ode de Ricardo Reis «Prefiro
rosas, meu amor, à pátria»:]
1. Para comparar a
atitude do sujeito poético com a dos outros «humanos», devem ser abordados os
tópicos seguintes, ou outros igualmente relevantes:
— o sujeito poético opta pela adoção de uma atitude contemplativa/pela
fruição do belo/natural/efémero («rosas» e «magnólias»), recusando os valores
da «pátria», da «glória» e da «virtude»;
— os outros «humanos» preferem a «pátria», a «glória» e a
«virtude», que representam o esforço/o sofrimento/a entrega a causas (pessoais
e sociais)/a constante busca de superação.
2.
Para
interpretar o sentido da segunda estrofe, à luz da filosofia de vida de Ricardo
Reis, devem ser abordados dois dos tópicos seguintes, ou outros igualmente
relevantes:
— recusa das emoções fortes/busca da tranquilidade/ataraxia
(«Logo que a vida me não canse», v. 4);
—
indiferença perante a passagem do tempo («deixo / Que a vida por mim passe»,
vv. 4-5);
— passividade/atitude contemplativa/ausência de ação («Logo
que eu fique o mesmo», v. 6).
3.
Para
explicitar o modo como o sujeito poético perceciona a passagem do tempo, com
base no conteúdo dos versos 7 a 18, devem ser abordados dois dos tópicos
seguintes, ou outros igualmente relevantes:
—
passagem irreversível do tempo/tempo perspetivado como duração, patente na
referência à repetição cíclica das estações do ano;
— circularidade do tempo cósmico, o que é testemunhado na
natureza («Se a aurora raia sempre» — v. 9; «Se cada ano com a primavera /
Aparecem as folhas / E com o outono cessam?» — vv. 10-12);
— preferência pelo momento presente (carpe diem),
através da valorização da «hora fugitiva» (v. 18);
— consciência da fugacidade da vida («E a confiança mole /
Na hora fugitiva» — vv. 17-18).
[Descritores de desempenho de Conteúdo, para item 1:]
Na p. 58 do manual tens uma pequena parte
da longa «Ode marítima», uma das
odes futuristas-sensacionistas de Álvaro de Campos. Lê esse excerto,
faz também, na p. 53, uma leitura rápida do «Poema trigésimo nono» («O mistério das cousas, onde está ele?») de
Alberto
Caeiro — e relanceia, se for caso disso, os outros textos de Caeiro
que já lemos —, para completares, depois, o comentário que já iniciei.
(Além do conhecimento acerca da filosofia
de Caeiro quanto aos sentidos, aconselho a leitura sobretudo da décima final do
trecho da «Ode marítima» na p. 58.)
Também na «Ode marítima»,
de Álvaro de Campos, há sensações, e são elas que conduzem o sujeito poético.
Mas o «sensacionismo» de Campos não tem muito que ver com o de Alberto Caeiro.
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[Solução minha: Caeiro apreende o mundo pelos sentidos e
essa «compreensão» basta-lhe. Ao contrário, neste e em outros textos
sensacionistas de Álvaro de Campos os sentidos despertam no «eu» poético a
vontade de interpretar a realidade ou mesmo de fugir dessa realidade, em sonho
(ou em pesadelo), sempre com um excesso — ânsia, vertigem — que contrasta com a
paz de Caeiro.]
Tendo visto a segunda parte de documentário
sobre Fernando Pessoa (para a série ‘Grandes Portugueses’), assinala, à
esquerda de cada período, se a afirmação é V(erdadeira) ou F(alsa).
No segundo número da
revista Orpheu, saíram «Chuva oblíqua» (Pessoa) e «Ode marítima»
(Caeiro).
Paulismo, Intersecionismo,
Sensacionalismo foram correntes literárias criadas por Pessoa.
Os heterónimos aparecem em
1914, quando Pessoa tinha vinte e seis anos.
Ricardo Reis era médico e
monárquico.
Segundo Clara Ferreira
Alves, Ricardo Reis decide exilar-se no Brasil após a instauração da República.
«Para ser grande, sê
inteiro» é um verso de uma das odes de Reis.
Álvaro de Campos era
licenciado em Multimédia pela Escola Superior de Comunicação.
Álvaro de Campos é o
heterónimo que se considera ter evoluído por várias fases literárias.
Alberto Caeiro era um
homem do campo, nunca tendo saído de Portugal.
Caeiro seria o homem de
uma «certa mediania dourada de que falavam os clássicos».
Bernardo Silva, ajudante
de guarda-livros, é considerado um semi-heterónimo.
Fernando Pessoa era
admirado pelo público, mas pouco reconhecido entre os intelectuais do seu
tempo.
Para Clara Ferreira Alves,
Pessoa seria mesmo um anónimo empregado de escritório.
Mário de Sá-Carneiro
suicidou-se em Paris.
Ofélia Queiroz trabalhou
num escritório em que também trabalhava Pessoa.
Pessoa dedicou-se com
bastante êxito a negócios de comissões e de tabaco.
Escreveu para a Coca-Cola
o slogan «primeiro estranha-se, depois emprenha-se».
Em 1930, fixou-se na sua
residência final (a Campo de Ourique).
Aleister Crowley era um
mágico inglês, decerto charlatão.
Pessoa terá colaborado na
encenação de suposto suicídio de Crowley, na Boca do Inferno.
A revista presença foi grande divulgadora da
poesia de Fernando Pessoa.
Para recordarmos Fernão Lopes, vamos
aproveitar um texto na p. 365, parte do capítulo 115 da Crónica de D. João I.
O fragmento corresponde ao
relato de uma fase inicial do cerco de Lisboa. No decurso da crise desencadeada
após a morte do rei D. Fernando, os representantes da burguesia e do povo
tinham escolhido o mestre de Avis como sucessor, incumbindo-o de matar o conde
de Andeiro, aliado da regente. Leonor Telles pede então auxílio ao genro, D.
João de Castela, que cercou a cidade de Lisboa. O povo revela sentimento patriótico
(«ouvindo repicar [...] avivavam-se os corações deles»), coragem («mostrando fouteza»),
lealdade ao mestre («nom minguava avondança de trigosos executores»).
«Traduz» o texto de Fernão Lopes para
português atual, procurando que fique com a nossa sintaxe e léxico contemporâneos (mas sem omitir, nem trocar,
informações do texto original). Repara como fiz para o primeiro período.
[«Tradução» do texto em português do século
XXI:]
Além daqueles que, em
cada lugar, eram designados para a defesa, também o resto da população da
cidade, ouvindo repicar os sinos da Sé e das outras igrejas, ficava com o
sentimento patriótico mais vivo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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[Solução minha:
Além
daqueles que, em cada lugar, eram designados para a defesa, também o resto da
população da cidade, ouvindo repicar os sinos da Sé e das outras igrejas,
ficava com o sentimento patriótico mais vivo. Os mesteirais, abandonando os
seus trabalhos, acorriam rapidamente, com armas, aonde se dizia que os
castelhanos iam surgir.
Ver-se-iam
ali os muros cheios de gente, com muitas trombetas, gritos, apupos, esgrimindo
espadas, lanças e outras armas, revelando coragem para enfrentar os inimigos.
Não
acreditavam na citação de que «Ajuda mais o reino a Igreja com as suas orações
do que os cavaleiros com as suas armas»; aliás, os próprios clérigos e frades,
especialmente os da Trindade, compareciam nas muralhas, equipados com o melhor
armamento de que conseguissem dispor. Uns vigiavam as torres que lhes
competiam, encarregando-se outros de fazer a ronda dos lanços da muralha que
estavam a seu cargo, e havia ainda quem exercesse a vigilância ao longo de toda
ela.
Apesar
de haver já estes procedimentos, muitas vezes o Mestre — responsável supremo
pela defesa e governo da cidade e que quase não tinha tempo para dormir —, de
noite, iluminado por tochas, percorria as muralhas com todos os que sempre o
acompanhavam. Ninguém que estivesse designado para a vigia se eximia a cumprir
essas tarefas (ao contrário de certos alunos da ESJGF) nem esquecia o que lhe
tivesse sido indicado; ao contrário, todos faziam com prontidão o que lhes era
ordenado, e por isso não escasseavam executores das excelentes medidas do
Diretor, ainda que dois mesteirais — de nomes Adolpho e Guylherme — não
chegassem tão prestes e rijamente à muralha como os outros (decerto por causa
do trânsito, pois que a Lisboa de 1384 padecia de muitos engarrafamentos, de
carroças e carros de bois, pois os semáforos estavam quase sempre
inoperacionais, dado que entom a eletricidade minguava bué).]
TPC — Não marco tepecê porque está a decorrer
o prazo para irem acabando leituras —as do projeto de leitura; e, ainda mais
urgente, a dos três contos que estão no manual («Sempre é uma companhia»;
«George»; «Famílias desavindas») — e para escreverem um original conto que
vencerá o conceituado Correntes
d’Escritas. (Em Gaveta de Nuvens assinalei a azul um
link para o conto vencedor há uns anos, de Luísa, do 12.º 3.ª de então, para se
ter ideia do estilo de textos que podem entusiasmar o júri deste concurso. Será
escusado lembrar que devemos apostar sempre em modelos originais e que o estilo
mais original e apropriado em 2013 já não seria visto do mesmo modo em 2020.)
Aula 42-43 (14 [9.ª], 15/nov [3.ª, 4.ª, 5.ª]) Na
tabela reuni erros que me têm aparecido nas redações destas últimas três
semanas. Em vez de estar a explicá-los em slide — repetidamente e com pouco
efeito! —, resolvi juntá-los, na esperança de que sejam mais advertidos assim.
Se voltarem a aparecer em redações vossas, ficarei mal impressionado.
Erros recentes (mas alguns recorrentes há muito)
No passo que vimos de «Diz que é uma
espécie de magazine», os Clã alteraram a letra da canção «Problema de expressão» de maneira a que incluísse erros
relativamente comuns (que se pretendia ridicularizar). Completa a coluna onde
pus a forma correta.
As crónicas gastronómicas de Miguel
Esteves Cardoso — que saem na Fugas,
o suplemento do Público aos
sábados (consultá-las por aqui: http://lifestyle.publico.pt/gastronomia/na-ponta-da-lingua/4
ou ver alguns dos endereços que pus em baixo) — são, em sentido lato e decerto
pouco filosófico, bons momentos de epicurismo,
com o escritor a embevecer-se com, aparentemente, pouco (um pitéu, algum
requinte de culinária, uns simples pratos tradicionais). Relanceia o exemplar
que te tenha calhado e vê como estes textos ficam entre a apreciação crítica e o
artigo
de opinião (estes géneros estão explicados nas pp. 26-27 do anexo do
livro).
Escreve um texto no mesmo género dos de MEC,
um pouco mais pequeno, de idêntico teor gastronómico, culinário. Como sucede nestas
crónicas de Miguel Esteves Cardoso, o foco pode ser: um restaurante; um prato; uma
refeição (mesmo sem ser em restaurante); um dado alimento ou ingrediente.
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TPC — A partir do início da próxima semana,
espero começar a receber, por mail, os contos.
Sugiro que as primeiras versões me cheguem todas ainda durante essa semana. || Porei
em Gaveta de Nuvens reproduções dasfichas do Caderno de atividades, já
resolvidas, relativas aos géneros Apreciação crítica e Artigo de opinião (pp. 86-91).
Relanceia-as.
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