Aula 113-114
Aula 113-114 (23 [4.ª], 27 [3.ª, 5.ª], 28/mai [1.ª])
Correções dos textos a imitar Eça.
Resolve, num comentário
conjunto (num único texto), os itens 1.1 e 1.2 de «Criticar/Analisar» (p. 330
do manual).
«Na minha rua» (Anaquim, As vidas dos outros)
Na minha rua há restos
de vidas
Restos de
famílias de mães desaparecidas
E outras há
que deram vida às vidas que por ali param
Vindas de
passagem e de passagem lá ficaram
Na minha rua há restos
de cartazes
Restos de
eleições, de “Sim ao aborto” e outras frases
Que eu não
votei mas fiz pressão p’ra que outro alguém votasse
E a minha
consciência passa a vida num impasse
Na minha
rua há restos de mim por todo o lado
Espalhados
pelo tempo e pelo espaço
Na minha
rua há pedaços de mim por toda a parte
Rasgados e
atirados pelo ar
Na minha
rua há restos de namoros
De beijos e
abraços de zangas e desaforos
E eu não
tive ninguém que se dignasse a odiar-me
No meu mau
feitio de preguiça, humor e charme
Na minha rua há restos de noites,
Restos de
garrafas, bebedeiras e açoites
Gemidos
disfarçados p’la euforia dos turistas
À porta de
boîtes tão baratas como ariscas
É tão bom saber que há vida assim
Ai faz tão
bem ter histórias p’ra contar
Eu quero
ir, poder então fugir
É bom p’ra
mim, é bom para quem tão bem me quer
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Circunda a(s) alínea(s) que
descreve(m) a tua situação relativamente à leitura de Os Maias ou A Ilustre Casa de
Ramires. Antes, nesta linha que acabámos de abandonar, começa por
circundar o título do livro de Eça que leste, estás a ler ou tencionas ler.
a) Li o livro na
totalidade.
b) Li quase todo livro,
faltando-me uns míseros três capítulos (ou por aí).
c) Li cerca de metade da
obra.
d) Li cerca de um terço da
obra.
e) Li os dois ou três
primeiros capítulos.
f) Na verdade, ainda não
li mais do que o primeiro capítulo (mas esse li-o todo).
g) Ainda não completei o
primeiro capítulo mas já li as páginas iniciais do livro.
h) Li a capa, o
anterrosto, o frontispício (ah!, e a lombada).
i) Li o livro o ano
passado, já que estava no 11.º ano.
j) Li o livro o ano
passado (na verdade, não o cheguei a ler todo, mas, pelo menos, estudei‑o e
ouvi falar sobre ele, já que estava no 11.º ano).
k) Li resumos mas quase
nada do livro propriamente dito.
l) Li todo o livro, mas
nas férias de verão, pelo que já tudo se me varreu do meu cérebro tão cheio de
solicitações.
m) Vi o filme realizado
por João Botelho (que é bem secante!).
n) Li todo o livro, mas
fi-lo há dez anos pelo que já não me lembro do enredo.
o) Não li, mas tenciono
ler nas férias, na véspera do exame de Física e Química.
p) Não li e não tenciono
ler, por ser difícil compatibilizar os meus afazeres próximos — treino
intensivo para uma competição de curling
— com a leitura do grande romance do magistral Eça.
q) Não li, não tenciono
ler e tenho ódio a quem leu.
LEITURAS
EM VOZ ALTA
Malèna
(Giuseppe Tornatore) |
Os Maias
(Eça de Queirós) |
A Ilustre Casa de Ramires
(Eça de Queirós) |
|
Tempo —
tempo da história vs. tempo do
discurso |
|
O tempo da diegese (isto é, o tempo da história, o tempo das
acontecimentos narrados) está bem ______. O narrador-protagonista refere que
se lembra bem da data por que vai começar, o dia em que estreou uma
bicicleta, na Primavera de 1940, aos doze anos e meio. E é um acontecimento
histórico que permite situar o exato começo da ação: nessa mesma data, o Duce (Mussolini) anunciava a entrada
da Itália na guerra (a Segunda Grande Guerra). Com efeito, em Malena o contexto histórico tem uma função enquadradora importante. O tempo da história corresponde aos
anos que dura a guerra, cuja evolução vai aliás influenciar os acontecimentos
que nos são «narrados». O fim do filme coincide com o recomeço da vida
normal, uma vez terminada a guerra. Esses cinco anos encerram a paixão de que
trata o filme. (Além das incidências da guerra, também as fitas de cinema que
o adolescente revê em sonhos constituem uma moldura contextualizadora.)
Sabemos que o tempo do discurso
vai até mais longe, já que o narrador compara aquele seu amor com todos os
outros que depois teve, pelo que percebemos que o tempo da enunciação é o de um adulto com vida longa, que virá até
próximo do nosso ______. |
Nos Maias, quando o cap. I começa, estamos
em 1875 e, durante umas páginas, descreve-se-nos o Ramalhete. Ainda durante o
cap. I e até ao IV, vamos ter uma ______ que nos dá a história da família
entre 1820 a 1875 (juventude, exílio e casamento de Afonso; infância de Pedro
em Inglaterra, regresso a Benfica, suicídio de Pedro; infância e educação de
Carlos — um dia de abril em Santa Olávia ocupa quase todo o capítulo III —,
estudos em Coimbra; viagem pela Europa). Os capítulos IV a XVII são o miolo
da narrativa, incluindo a ação da _____ principal, 1875-1876. No início do
capítulo XVIII, vários anos são-nos dados em sumário, de umas três páginas (Carlos e Ega a viajarem, em1877, e
o regresso de Ega a Lisboa); e, depois de uma elipse que nos coloca em 1886-1887, temos algumas horas apenas de
Carlos regressado a Lisboa dadas em todo o resto do capítulo. Em suma, o discurso não cumpre a ordem temporal da história (dada a analepse nos três primeiros capítulos) e também
não é proporcional, em termos de duração
(há resumos, elipses, resumos-elipses
— «Mas esse ano passou, outros anos passaram» (início do cap. III); «E esse
ano passou. [...] Outros anos passaram» (cap. XVIII) — decerto muitos
momentos de pausa, em que o tempo
da história é «menor» do que o do discurso, como sucede na ______ inicial do
Ramalhete), embora também haja isocronias
(as várias cenas dialogadas). O tempo
da história corresponde a cerca de setenta anos (o tempo do discurso, se quisermos, ao total de páginas de cada
edição). |
Na Ilustre Casa de Ramires, se não
considerarmos o tempo da novela ______ encaixada, tudo se passa quase segundo
a ordem da diegese (se também
descartarmos, ainda no capítulo I, a analepse
em que se nos dá, em relativo resumo,
o passado de Gonçalo e da família). Quanto à relação discurso/história em
termos de duração, temos de
assinalar, no início do cap. XII, uma elipse
de quatro anos («Quatro anos passaram ligeiros e leves sobre a velha Torre,
como voos de ave»), que antecede o ______ que constitui todo esse último
capítulo. Entretanto, a novela histórica e todas as alusões aos ascendentes
de Gonçalo implicam recuos diversos, pontuais, sobretudo ao século XII. |
Classifica
as orações sublinhadas:
«Fazes-me falta»
(João Pedro Pais)
Se te fizesse Subordinada ________condicional
Tudo aquilo que me apetece
As vezes que eu pudesse,
Ias rir-te de mim. __________
Mesmo que desse Subordinada adverbial________
Para ser tudo o que parece,
Um homem não esmorece Subordinante
(e Coordenada)
E luta até ao fim. Coordenada
_________
Eu
não me esqueço, Coordenada
És aquilo que conheço, ___________________
Tenho a vida que mereço. Coordenada
assindética
Se te perco, fico tenso Subordinada adverbial _______ ; Subordinante
Porque és tudo para
mim. Subordinada causal
O teu olhar é tão intenso,
Ainda temos algum tempo,
Semeio flores no teu jardim.
Quando tu me pedes,
eu dou, Subordinada adverbial
_______
Onde tu me levas eu vou, Subordinada
__________
Tudo o que me fazes é bom,
Só eu sei que fazes falta aqui.
Subordinada substantiva ________
Se tu disseres,
Quantas vezes me quiseres,
És deusa feita mulher,
Vou dizer-te sempre que sim.
Se me mostrares
Tudo aquilo que escondeste, Subordinada
adjetiva ________
O que não deste e prometeste,
Vou cuidar de ti.
Quando tu me pedes, eu dou,
Onde tu me levas eu vou,
Tudo o que me fazes é bom,
Só eu sei que tu fazes falta aqui.
Enquanto pudermos dar, Subordinada adverbial _________
Termos vontade e querer,
Mesmo que saibamos estar,
Já só nos resta fazer.
Podemos ter ideais,
Deixar ser e pertencer,
A isto tu pedes mais,
Eu quero ouvir-te querer,
Eu quero ouvir-te querer.
Quando tu me pedes, eu dou, __________
Onde tu me levas eu vou,
Tudo o que me fazes é bom,
Só eu sei que fazes falta aqui.
TPC — (i) termina leitura de Os
Maias ou A Ilustre Casa de Ramires; (ii) entrega tarefa sobre a
referida obra de Eça (até ao fim de semana de 25-26 de maio); (iii) revê
gramática (funções sintáticas; orações; outros assuntos mais pequenos).
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