Thursday, September 07, 2023

Aula 113-114

Aula 113-114 (23 [4.ª], 27 [3.ª, 5.ª], 28/mai [1.ª]) Correções dos textos a imitar Eça.

Resolve, num comentário conjunto (num único texto), os itens 1.1 e 1.2 de «Criticar/Analisar» (p. 330 do manual).

«Na minha rua» (Anaquim, As vidas dos outros)

Na minha rua há restos de vidas
Restos de famílias de mães desaparecidas
E outras há que deram vida às vidas que por ali param
Vindas de passagem e de passagem lá ficaram

Na minha rua há restos de cartazes
Restos de eleições, de “Sim ao aborto” e outras frases
Que eu não votei mas fiz pressão p’ra que outro alguém votasse
E a minha consciência passa a vida num impasse

Na minha rua há restos de mim por todo o lado
Espalhados pelo tempo e pelo espaço
Na minha rua há pedaços de mim por toda a parte
Rasgados e atirados pelo ar

Na minha rua há restos de namoros
De beijos e abraços de zangas e desaforos
E eu não tive ninguém que se dignasse a odiar-me
No meu mau feitio de preguiça, humor e charme

Na minha rua há restos de noites,

Restos de garrafas, bebedeiras e açoites
Gemidos disfarçados p’la euforia dos turistas
À porta de boîtes tão baratas como ariscas

É tão bom saber que há vida assim

Ai faz tão bem ter histórias p’ra contar
Eu quero ir, poder então fugir
É bom p’ra mim, é bom para quem tão bem me quer

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Circunda a(s) alínea(s) que descreve(m) a tua situação relativamente à leitura de Os Maias ou A Ilustre Casa de Ramires. Antes, nesta linha que acabámos de abandonar, começa por circundar o título do livro de Eça que leste, estás a ler ou tencionas ler.

a) Li o livro na totalidade.

b) Li quase todo livro, faltando-me uns míseros três capítulos (ou por aí).

c) Li cerca de metade da obra.

d) Li cerca de um terço da obra.

e) Li os dois ou três primeiros capítulos.

f) Na verdade, ainda não li mais do que o primeiro capítulo (mas esse li-o todo).

g) Ainda não completei o primeiro capítulo mas já li as páginas iniciais do livro.

h) Li a capa, o anterrosto, o frontispício (ah!, e a lombada).

i) Li o livro o ano passado, já que estava no 11.º ano.

j) Li o livro o ano passado (na verdade, não o cheguei a ler todo, mas, pelo menos, estudei‑o e ouvi falar sobre ele, já que estava no 11.º ano).

k) Li resumos mas quase nada do livro propriamente dito.

l) Li todo o livro, mas nas férias de verão, pelo que já tudo se me varreu do meu cérebro tão cheio de solicitações.

m) Vi o filme realizado por João Botelho (que é bem secante!).

n) Li todo o livro, mas fi-lo há dez anos pelo que já não me lembro do enredo.

o) Não li, mas tenciono ler nas férias, na véspera do exame de Física e Química.

p) Não li e não tenciono ler, por ser difícil compatibilizar os meus afazeres próximos — treino intensivo para uma competição de curling — com a leitura do grande romance do magistral Eça.

q) Não li, não tenciono ler e tenho ódio a quem leu.

LEITURAS EM VOZ ALTA

Malèna (Giuseppe Tornatore)

Os Maias (Eça de Queirós)

A Ilustre Casa de Ramires (Eça de Queirós)

Tempo — tempo da história vs. tempo do discurso

O tempo da diegese (isto é, o tempo da história, o tempo das acontecimentos narrados) está bem ______. O narrador-protagonista refere que se lembra bem da data por que vai começar, o dia em que estreou uma bicicleta, na Primavera de 1940, aos doze anos e meio. E é um acontecimento histórico que permite situar o exato começo da ação: nessa mesma data, o Duce (Mussolini) anunciava a entrada da Itália na guerra (a Segunda Grande Guerra). Com efeito, em Malena o contexto histórico tem uma função enquadradora importante. O tempo da história corresponde aos anos que dura a guerra, cuja evolução vai aliás influenciar os acontecimentos que nos são «narrados». O fim do filme coincide com o recomeço da vida normal, uma vez terminada a guerra. Esses cinco anos encerram a paixão de que trata o filme. (Além das incidências da guerra, também as fitas de cinema que o adolescente revê em sonhos constituem uma moldura contextualizadora.) Sabemos que o tempo do discurso vai até mais longe, já que o narrador compara aquele seu amor com todos os outros que depois teve, pelo que percebemos que o tempo da enunciação é o de um adulto com vida longa, que virá até próximo do nosso ______.

Nos Maias, quando o cap. I começa, estamos em 1875 e, durante umas páginas, descreve-se-nos o Ramalhete. Ainda durante o cap. I e até ao IV, vamos ter uma ______ que nos dá a história da família entre 1820 a 1875 (juventude, exílio e casamento de Afonso; infância de Pedro em Inglaterra, regresso a Benfica, suicídio de Pedro; infância e educação de Carlos — um dia de abril em Santa Olávia ocupa quase todo o capítulo III —, estudos em Coimbra; viagem pela Europa). Os capítulos IV a XVII são o miolo da narrativa, incluindo a ação da _____ principal, 1875-1876. No início do capítulo XVIII, vários anos são-nos dados em sumário, de umas três páginas (Carlos e Ega a viajarem, em1877, e o regresso de Ega a Lisboa); e, depois de uma elipse que nos coloca em 1886-1887, temos algumas horas apenas de Carlos regressado a Lisboa dadas em todo o resto do capítulo. Em suma, o discurso não cumpre a ordem temporal da história (dada a analepse nos três primeiros capítulos) e também não é proporcional, em termos de duração (há resumos, elipses, resumos-elipses — «Mas esse ano passou, outros anos passaram» (início do cap. III); «E esse ano passou. [...] Outros anos passaram» (cap. XVIII) — decerto muitos momentos de pausa, em que o tempo da história é «menor» do que o do discurso, como sucede na ______ inicial do Ramalhete), embora também haja isocronias (as várias cenas dialogadas). O tempo da história corresponde a cerca de setenta anos (o tempo do discurso, se quisermos, ao total de páginas de cada edição).

Na Ilustre Casa de Ramires, se não considerarmos o tempo da novela ______ encaixada, tudo se passa quase segundo a ordem da diegese (se também descartarmos, ainda no capítulo I, a analepse em que se nos dá, em relativo resumo, o passado de Gonçalo e da família). Quanto à relação discurso/história em termos de duração, temos de assinalar, no início do cap. XII, uma elipse de quatro anos («Quatro anos passaram ligeiros e leves sobre a velha Torre, como voos de ave»), que antecede o ______ que constitui todo esse último capítulo. Entretanto, a novela histórica e todas as alusões aos ascendentes de Gonçalo implicam recuos diversos, pontuais, sobretudo ao século XII.

Classifica as orações sublinhadas:

«Fazes-me falta» (João Pedro Pais)

Se te fizesse    Subordinada ________condicional
Tudo aquilo que me apetece
As vezes que eu pudesse,
Ias rir-te de mim.    __________

 

Mesmo que desse    Subordinada adverbial________
Para ser tudo o que parece
,
Um homem não esmorece    Subordinante (e Coordenada)
E luta até ao fim.    Coordenada _________

 

Eu não me esqueço,    Coordenada
És aquilo que conheço,    ___________________
Tenho a vida que mereço.    Coordenada assindética
Se te perco, fico tenso   Subordinada adverbial _______  ;  Subordinante

Porque és tudo para mim.    Subordinada                       causal

 

O teu olhar é tão intenso,
Ainda temos algum tempo,
Semeio flores no teu jardim.

 

Quando tu me pedes, eu dou,    Subordinada adverbial _______
Onde tu me levas eu vou,    Subordinada __________
Tudo o que me fazes é bom,
Só eu sei que fazes falta aqui.    Subordinada substantiva ________

 

Se tu disseres,
Quantas vezes me quiseres,
És deusa feita mulher,
Vou dizer-te sempre que sim.

 

Se me mostrares
Tudo aquilo que escondeste,    Subordinada adjetiva ________
O que não deste e prometeste,
Vou cuidar de ti.

 

Quando tu me pedes, eu dou,
Onde tu me levas eu vou,
Tudo o que me fazes é bom,
Só eu sei que tu fazes falta aqui.

 

Enquanto pudermos dar,    Subordinada adverbial _________
Termos vontade e querer,
Mesmo que saibamos estar,
Já só nos resta fazer.

 

Podemos ter ideais,
Deixar ser e pertencer,
A isto tu pedes mais,
Eu quero ouvir-te querer,
Eu quero ouvir-te querer.

 

Quando tu me pedes, eu dou,    __________
Onde tu me levas eu vou,
Tudo o que me fazes é bom,
Só eu sei que fazes falta aqui.

TPC — (i) termina leitura de Os Maias ou A Ilustre Casa de Ramires; (ii) entrega tarefa sobre a referida obra de Eça (até ao fim de semana de 25-26 de maio); (iii) revê gramática (funções sintáticas; orações; outros assuntos mais pequenos).

 

 

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