Monday, August 29, 2016

Aulas (1.º período, 1.ª parte: 1-34)



Aula 1-2 (15 [8.ª, 7.ª, 1.ª], 16/set [5.ª]) Sobre o programa, estilo de trabalho, etc. (ver Apresentação).
Vai lendo «Heróis de papel e tinta» (p. 13) e circundando a melhor alínea de cada item. Pedia-te que não consultasses outras páginas do livro para além daquela onde está o texto.

No primeiro período, «último outono» (l. 1) significa
a) ‘presente outono’.
b) ‘outono recém-passado’.
c) ‘outono final’.
d) ‘outono chegado no final do pelotão’.

No segundo período do primeiro parágrafo, «soprei» (3), «esvoaçava» (4), «desafiando» (5) têm valor aspetual, respetivamente, 
a) imperfetivo, pontual, imperfetivo.
b) perfetivo, imperfetivo, iterativo.
c) imperfetivo, perfetivo, perfetivo.
d) pontual, imperfetivo, imperfetivo.

«os grandes protagonistas fazem as grandes histórias» (8) pretende assinalar que
a) os grandes autores são quem escreve as grandes histórias.
b) o que é mais relevante numa narrativa são as personagens.
c) as histórias é que fazem que os heróis perdurem na memória de todos.
d) uma grande narrativa exige heróis marcantes.

Na reprodução no manual, suprimiu-se o final do segundo parágrafo, o que fica marcado com «[...]» (10). Na parte omitida estaria, provavelmente,
a) alusão a Miguel Cervantes, autor de Dom Quixote de La Mancha.
b) exemplo da prevalência de peripécias da novela relativamente às características de Dom Quixote.
c) demonstração da importância do perfil das personagens Quixote e Sancho.
d) menção de outros livros cujo enredo se tornou mais inesquecível do que o protagonista.

No terceiro parágrafo (11-20), defende-se que os super-heróis
a) podem ser exatamente como todas as pessoas são.
b) se distinguirão por qualidades raras nos homens normais, não deixando de ter algumas fraquezas comuns.
c) deverão possuir apenas virtudes (coragem, anti-benfiquismo, lhaneza).
d) procurarão sempre ter os «collants» impecáveis.

A vírgula após «medos» (17) é
a) um erro, porque se segue uma oração subordinada adjetiva relativa explicativa.
b) aceitável, porque a oração relativa que se lhe segue pode ser restritiva ou explicativa.
c) aceitável, porque a oração subordinada que se segue é explicativa.
d) um erro, porque se segue uma oração subordinada adjetiva relativa restritiva.

O referente do pronome anafórico «o» (l. 17) é
a) «o Super-Homem» (18).
b) «um herói» (14).
c) «leitor» (18).
d) «o carisma» (13).

Relativamente a «Clark Kent» (22), as palavras «óculos» (25) e «collants» (19) podem considerar-se
a) holónimos.
b) hiperónimos.
c) hipónimos.
d) merónimos.

No penúltimo período do quarto parágrafo, «desenfastia da ação» (27-28) é substituível por
a) «impede o fastio que seria pisarmos cocós de cão pastosos».
b) «altera o curso da narrativa».
c) «reforça os momentos nucleares da intriga».
d) «evita o cansaço de um enredo uniforme».

O primeiro período do último parágrafo (31-32) permite depreender que o narrador teria cerca de
a) vinte anos.
b) trinta anos.
c) quarenta e dois anos.
d) cinquenta e cinco anos.

O advérbio «outrora» (32) refere o tempo
a) em que o narrador era adolescente.
b) da antiguidade clássica.
c) de hoje, em que permanece a admiração pelos super-heróis.
d) correspondente ao último outono.

Diana (34) é
a) a princesa Diana, tragicamente morta.
b) Diana Chaves.
c) a deusa da caca.
d) a deusa da caça.

Em «amar os protagonistas dos livros é um direito do leitor» (35-36) a função sintática de sujeito é desempenhada por
a) «amar os protagonistas dos livros».
b) «leitor».
c) «os protagonistas dos livros».
d) «direito do leitor».

Na metáfora «passaporte para o sonho» (36), «passaporte» corresponde à expressão, mais denotativa,
a) ‘password’.
b) ‘forma de aceder a’.
c) ‘cartão do cidadão’.
d) ‘modo de identificar’.

Em «neste mundo demasiado real» (36-37), «real»
a) tem conotação meliorativa.
b) tem conotação pejorativa.
c) é denotativo.
d) é hiperbólico.

O texto que leste é
a) uma pequena memória, inscrevendo-se no modo lírico e recorrendo sobretudo ao tipo textual instrucional.
b) uma crónica, recorrendo a tipos textuais narrativo, expositivo e argumentativo.
c) um artigo de crítica literária, inscrevendo-se no modo épico e no tipo preditivo expositivo.
d) um texto jornalístico, inscrevendo-se no modo narrativo e no tipo textual conversacional.

Resolve o exercício de correspondência que é o item 5 da p. 14:
a = ___ | b = ___ | c = ___ | d = ___ | e = ___
Faz depois também a pergunta 6 (pp. 14-15):
6.1. ___ | 6.2. ___ | 6.3.     ___ | 6.4. ___ | 6.5 ___


Os dois quartetos de Fernando Pessoa no final da p. 23 («Esta espécie de loucura») têm forma quase tradicional (rima cruzada e heptassílabos típicos das quadras populares), mas são também complexos no exercício de auto-caracterização (a dicotomia pensar/sentir; a impossibilidade da felicidade; o desconhecimento de si próprio). Com o mesmo formato de quadra popular escreve uma estrofe (ou duas) sobre ti próprio, para figurar na lapela da folha de caderneta que preencherás também.
TPC — Escreve o texto que te é pedido em 2 (e 2.1), na p. 12: «2. Reflete sobre a pergunta colocada no decorrer do diálogo: ‘Qual é o seu herói?’. || 2.1. Apresenta a tua resposta à questão. Fundamenta as tuas afirmações com argumentos pertinentes, ilustrados com exemplos significativos». Imponho eu este constrangimento suplementar: não uses nunca formas do verbo «Ser». E não é permitido escolher como herói os pais (mãe ou pai, e, aliás, quaisquer familiares), o professor de Português (e, aliás, quaisquer professores da ESJGF), Cristiano Ronaldo, Messi, Adel Taarabt, cotovelo de Slimani ou Bernardina (ex-Casa dos Segredos).

Aula 3-4 (16 [8.ª, 1.ª], 20/set [7.ª, 5.ª]) Correção dos questionários de compreensão (ver Apresentação).

No final da p. 336 e na p. 337 estão sintetizados os Valores temporais, aspetuais, modais. Para as categorias tempo, aspeto, modo (modalidade) concorrem a flexão, os verbos auxiliares, informação lexical, advérbios e grupos preposicionais:
valores temporais: anterioridade («passado»), simultaneidade («presente»), posterioridade («futuro»);
valores aspetuais: perfetivo/imperfetivo; durativo/pontual, habitual, iterativo (além do «não-aspeto» genérico e das situações estativas);
valores modais: de apreciação (modalidade apreciativa), de permissão/obrigação (modalidade deôntica), de probabilidade-certeza (modalidade epistémica)
Nas quadrículas, destaquei as expressões que conferem alguns dos valores citados. Preencherás a lacuna com o valor que esteja em causa, como fiz na primeira frase.



Em folha solta, escreve uma resposta ao ponto 1./1.1. da p. 16 («Pós-leitura»). Pretendo que, escolhida a estrofe do soneto, sejas bastante miúdo na explicação dos poucos versos em causa. Inclui algumas citações do próprio texto. Copio a referida pergunta da p. 16, para o caso de ainda não teres o manual:
1. Lê com atenção o poema de Ary dos Santos que se segue, intitulado «Retrato do Herói».
Herói é quem num muro branco inscreve
O fogo da palavra que o liberta:
Sangue do homem novo que diz povo
e morre devagar    de morte certa.

Homem é quem anónimo por leve
lhe ser o nome próprio traz aberta
a alma à fome    fechado o corpo ao breve
instante em que a denúncia fica alerta.

Herói é quem morrendo perfilado
Não é santo    nem mártir    nem soldado
Mas apenas    por último    indefeso.

Homem é quem tombando apavorado
dá o sangue ao futuro e    fica ileso
pois lutando apagado    morre aceso.
SANTOS, José Carlos Ary, 1994. Obra Poética, Avante (7.ª ed.)
1.1. Seleciona a estrofe do poema que, na tua opinião, apresenta a definição mais expressiva de «herói». Fundamenta a tua escolha.
TPC — Em folha solta, a caneta, escreve o texto pedido no item 3./3.1 da p. 16. Recopio-o, para o caso de ainda não teres acesso ao livro. No final do teu texto, indica o número de palavras.
3. Relê as frases finais da crónica de João de Mancelos:
«Daniel Pennac afirmou que amar os protagonistas dos livros é um direito do leitor. E constitui, acrescento, o nosso passaporte para o sonho neste mundo demasiado real» (ll. 36-38).
3.1 Redige um texto, devidamente estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas palavras, em que apresentes uma reflexão sobre a perspetiva apresentada na citação.
Fundamenta o teu ponto de vista, recorrendo, no mínimo, a dois argumentos, e ilustra cada um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.



Aula 5 (20 [8.ª], 21 [7.ª], 22 [1.ª], 23/set [5.ª]) [Foi pedida a resolução destes exercícios, intercalados com as respetivas correções (ver Apresentação).]


Aspeto, Modalidade
Preguiçosamente, socorro-me destas perguntas da Nova Gramática didática de português (Carnaxide, Santillana, 2011, p. 233).
Identifica o valor aspetual (perfetivo, imperfetivo, iterativo, genérico).

Frase
Aspeto
Ele acabou de redigir a ata da reunião da Associação de Estudantes.

A Tânia anda a ler muita literatura alemã.

Vou ao cinema todos os sábados.

Nem todas as bandas de rock são famosas.

Ela andava tão feliz!

O Rafael gritou quando ouviu um estrondo.

O exercício faz bem à saúde.

Chegas sistematicamente atrasado!


Refere o tipo de modalidade (epistémica, deôntica, apreciativa) expresso em cada um dos enunciados que se seguem.

Enunciado
Modalidade
Provavelmente, a Matilde não chega a horas.

Que vestido maravilhoso!

Termina essa tarefa!

Podes terminar o trabalho na próxima aula.

Podes ter escrito isso, mas eu não vi a tua mensagem.

Eles devem chegar amanhã

Felizmente tenho férias para a semana.

Podes ir para o teu quarto.


Algumas destas afirmações sobre a modalidade são falsas. Identifica-as e procede à sua correção.
A — A modalidade deôntica está relacionada com o domínio da obrigação e da permissão.
B — A modalidade apreciativa está diretamente ligada à incerteza.
C — A modalidade nunca pode estar associada ao uso de adjetivos.

Hiperónimos, Hipónimos, Holónimos, Merónimos
Depois de vermos «Super de origem» (série Lopes da Silva), completa, consoante o caso, com o nome em falta (entre aspas) ou com um dos seguintes termos: hiperónimo, hipónimo, holónimo, merónimo, co-hipónimo, co-merónimo.
«Costureirinha Maravilha», «Super de Origem», «Clark Kent» são _____, porque têm um hiperónimo comum, «Super-herói(s)».
«Aileron», «Aventais», «Subwoofers», «Jantes» podem ter como seu _____ «acessório(s) de automóvel».
«Tuning» será hipónimo de «_______»
Talvez um pouco forçadamente, «Barbinha» pode ser considerado ______ de «adepto de tuning».
«Carro» é _______ de «jante».
«____» — tirado ao adepto de tuning — é hipónimo de «chapéu».
«fatiota», relativamente a «touca» ou «emblema SO», é holónimo, sendo estes últimos, portanto, _______.
«tesoura», «dedal» serão ______ de «utensílio de costura».

De novo me socorro da Nova Gramática didática de português (Carnaxide, Santillana, 2011), pp. 218-219, para umas últimas revisões acerca de holonímia, meronímia, hiperonímia, hiponímia:
Encontra diferentes hipónimos para os hiperónimos apresentados.

hiperónimo
hipónimos
flor





grau de parentesco





peixe





cor






No quadro que se segue, encontras vários hipónimos que pertencem a um mesmo hiperónimo. Elimina, barrando-o, o intruso de cada grupo e descobre o hiperónimo correspondente.

hipónimos
hiperónimo
gato, golfinho, andorinha, gildias, baleia

avião, teatro, autocarro, bicicleta, automóvel

Terra, Vénus, Zeus, Jorge Jesus, Hades

enciclopédia, dicionário, romance, prontuário, gramática

médico, jornalista, pai, professor, pedreiro

morango, tarantini, banana, laranja, pêssego

banco, televisão, leitor de CD, micro-ondas, frigorífico


Refere possíveis merónimos do holónimo «livro».
__________________
Descobre um holónimo para cada conjunto de palavras apresentado.
Raiz, caule, folha, ramo, fruto — _________
Telhas, tijolos, paredes, janelas, portas — _________
Palco, plateia, cadeiras, balcão, cortina — _________
Capa, contracapa, lombada, folhas, introdução — _________
Guelras, barbatanas, escamas, espinhas, boca — _________
Teclado, rato, monitor, leitor de CD, cabo de alimentação — _________
Cabeça, pé, braço, perna, costas — ________
TPC — Em Gaveta de Nuvens, aqui, lê a carta de Fernando Pessoa a Adolfo Casais Monteiro sobre a génese dos heterónimos, escrita pelo poeta no último ano de vida, 1935. No manual, nas pp. 69-71, há uma versão bastante cortada desta carta, mas preferia que relanceasses também a versão completa. (Se não o fizeste o ano passado, aproveita para ler o que está aqui acerca de ‘tempo, aspeto, modalidade’, a reprodução de quatro páginas de uma boa gramática.)

Aula 6-7 (21 [1.ª, 5.ª], 22/set [8.ª, 7.ª]) Correção de redações e código de correção (ver Apresentação).

Na metade inferior da p. 22, lê o trecho de Miguel Torga sobre Pessoa («Fernando Pessoa»).
É um ensaio com bastante linguagem figurada. Troca as expressões que ponho a seguir por correspondentes mais denotativos. Além de procurares que o teu segmento tenha o exato sentido da expressão original (conotativa), deves verificar se, uma vez inserido no texto, o segmento ficaria viável em termos de sintaxe.

é um caso à parte, que o presente aceita já como grandeza sem par, e o futuro há de avolumar ainda
é um caso à parte,
Rosa dos ventos com antenas em todas as direções,

a sua pena é uma agulha de sismógrafo, sensível e científica
a sua
Entrou a disciplina no Parnaso

através de uma poesia que se recusa a ensinar
através de uma poesia
que diz para dentro,
que
que se abstém o mais que pode dos ruídos da rima
que
e do hipnotismo da eloquência
e
é uma presença que baliza uma época
é

Ao ouvires a entrevista de Artur Carvalho a Inês Pedrosa, vai resolvendo 1.1. da p. 24:
1.1.1     a. | b. | c.
1.1.2.    a. | b. | c.
1.1.3.    a. | b. | c.
1.1.4.    a. | b. | c.
1.1.5.    a. | b. | c.
E, depois, 1.2:
a. __
b. __
c. __
d. __
Os versos de Pessoa citados pelo entrevistador são os dísticos inicial e final deste poema de 23 de maio de 1932:
A morte é a curva da estrada,
Morrer é só não ser visto.
Se escuto, eu te oiço a passada
Existir como eu existo.

A terra é feita de céu.
A mentira não tem ninho.
Nunca ninguém se perdeu.
Tudo é verdade e caminho.
Fernando Pessoa, Poemas de Fernando Pessoa. 1931-1933, ed. Ivo Castro, Lisboa, INCM, 2004

Quanto à ode de Ricardo Reis («Para ser grande, sê inteiro: nada»), é o texto A da p. 109:
Para ser grande, sê inteiro: nada
                Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
                No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
                Brilha, porque alta vive.
Fernando Pessoa, Poemas de Ricardo Reis, ed. Luiz Fagundes Duarte, Lisboa, INCM, 1994

A frase quase proverbial também citada por Inês Pedrosa («Tudo vale a pena se a alma não é pequena») está no início da segunda sextilha de «Mar Português» (poema que terás estudado no 9.º ano e que pertence a Mensagem). No manual do 12.º ano: p. 218.

Mar Português
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
Fernando Pessoa, Mensagem, 10.ª ed., Lisboa, Ática, 1972

[Depois de mostrados no ecrã exemplos de poesia visual. ] Alguns poetas modernistas e futuristas foram atraídos pela poesia visual, caligramática ou não. Por aproximação à representação de um referente ou por alusão menos direta, escreve tu um texto em que os efeitos visuais tenham alguma relevância.
TPC — Em Gaveta de Nuvens, aqui, relanceia a matéria sobre ‘hiperónimos e hipónimos; holónimos e merónimos’ (na secção 6.3.2, pp. 208-209, das folhas de gramática reproduzidas sob o título ‘Conotação, denotação; polissemia; homonímia; relações semânticas entre palavras’).

Aula 8-9 (23 [8.ª, 1.ª], 27/set [7.ª, 5.ª]) Debruça-te sobre o poema na p. 44 — «Ela canta, pobre ceifeira», de Fernando Pessoa. Completa as lacunas nas respostas que se seguem.

[Sobre as três primeiras estrofes (1-3), em que o poeta se detém na ceifeira]
Como caracteriza o poeta o canto da ceifeira?
O canto da ceifeira brota de uma voz simultaneamente alegre e ____, é suave e musical como um ______.
Que recursos estilísticos melhor contribuem para essa caracterização?
A expressão «a sua voz, cheia / de alegre e anónima viuvez» (vv. 3-4) contém uma dupla ______ e um paradoxo expressivos; igualmente significante é a metáfora «_____» (v. 5).
A «pobre ceifeira» canta, «julgando-se feliz» (1-2). Explica o efeito semântico da anteposição do adjetivo «pobre» ao nome «ceifeira».
O adjetivo «pobre», anteposto ao substantivo «ceifeira», expressa a apreciação {escolhe} subjetiva/objetiva que o sujeito poético faz da mulher — ‘pobre’, porque não sabe. Se o mesmo adjetivo estivesse colocado depois do substantivo, indicaria a condição social da ceifeira (e teria então o seu valor {escolhe} conotativo/denotativo).
O que sente o poeta ao ouvir o canto?
Ao ouvir o canto, o poeta sente-se, paradoxalmente, _____ e _____.

[Sobre as três estrofes finais (4-6), em que o poeta se passa a analisar a si próprio]
«Ah, canta, canta sem razão! / O que em mim sente ‘stá pensando»» (vv. 13/14). Mostra como estes versos exprimem a antítese ceifeira/poeta (sentir/pensar).
A ceifeira canta «sem razão», isto é, sem pensar. Pelo contrário, o sujeito poético, que sente tristeza e alegria ao ouvir o canto, pensa no que sente, não consegue sentir sem ______. Nele, a sensação converte-se em ______, intelectualiza-se.
Explicita a ambição paradoxal que o poeta expressa no final do poema.
O poeta gostaria de ser a ceifeira com a sua «alegre inconsciência», o que é o mesmo que dizer que gostaria de sentir sem pensar, mas gostaria, simultaneamente, de ser ele mesmo, de ter a consciência de ser ________. O que o poeta deseja, afinal, é unir o sentir ao ______.
«A ciência / pesa tanto e a vida é tão breve!» (vv. 20-21). Que sentimentos o poeta exprime com esta afirmação?
É com tristeza e desolação que o poeta afirma a consciência que tem do peso da ciência, do pensamento, que impede que a vida, que é tão breve, seja vivida inconsciente e ______.
Identifica o desejo que o poeta expressa no final do poema (vv. 19-24).
No final do poema, o poeta exprime o desejo de se deixar invadir e conduzir pelas sensações despertadas pela ______ — o céu, o campo — e pelo canto da ceifeira. Este desejo de sentir equivale ao desejo de não ______.

Na p. 45, resolve a pergunta 1:
a. = ___
b. = ___
c. = ___
d. = ___
e. = ___
f. = ___
E a pergunta 2:
a. = ___
b. = ___
c. = ___
d. = ___
e. = ___
f. = ___
g. = ___
Veremos um sketch com ceifeiras (série Barbosa) que nos mostra um «mundo ao contrário» do de Pessoa. A genuinidade das ceifeiras é aqui procurada por um jornalista que, se não lhes inveja a inocência, pelo menos acredita na sua espontaneidade, que pretende aproveitar numa reportagem «etnográfica». Esta presunção de superioridade — o jornalista crê ser mais racional do que a boa gente do campo, que julga submissa — vai ser beliscada pela progressiva revelação das alegadas simples mulheres rústicas.
Passa ao poema, também do Pessoa ortónimo, «Gato que brincas na rua» (na metade inferior da p. 42). [Porei no quadro o que pretendo faças com ele.]
Estabelece a relação entre os dois textos («Gato que brincas na rua» e «Ela canta, pobre ceifeira»), no que diz respeito ao desejo impossível expresso em ambos — compatibilizar o sentir e o pensar. Inclui umas duas ou três citações de «Gato que brincas na rua». Usa setenta a cem palavras. A caneta.
TPC — Em folha solta, em cem a cento e vinte palavras, redige o texto pedido em «Escrita», 1, p. 43 («Redige um texto, de cem a cento e vinte palavras, no qual compares o poema “Gato que brincas na rua” com o texto abaixo, de Vasco Graça Moura [«um gato de lisboa»] [...]»).

Aula 10 (27 [8.ª], 28 [7.ª], 29 [1.ª], 30/set [5.ª]) Correção (cópia) de comparação «Gato que brincas na rua» e «Ela canta, pobre ceifeira».

Critérios de avaliação em Português.
Abre o manual na p. 346, na parte final da secção sobre coesão e coerência, mas centrando-te nesta última (a coesão textual já a estudámos o ano passado).

Coesão e Coerência textuais
Coesão textual
coesão gramatical
coesão frásica:
ordenação das palavras e funções sintáticas; concordância; regências.
coesão interfrásica:
mecanismos de coordenação ou subordinação; conectores; pontuação.
coesão temporo-aspetual:
correlação de modos e tempos verbais; advérbios e expressões preposicionais com valor temporal; articuladores indicadores de ordenação; datas e outras marcas temporais.
coesão referencial:
recurso a anáforas, catáforas, elipses; deíticos.
coesão lexical:
uso de repetições; sinonímia; antonímia; hiperonímia, hiponímia; holonímia, meronímia.

Coerência textual
coerência lógico-conceptual
observa três princípios:
princípio da não contradição:
não deve haver a afirmação de uma ideia e, em simultâneo, o seu oposto.
princípio da não tautologia ou nãoredundância:
as ideias não devem ser repetidas.
princípio da relevância:
as ideias devem estar relacionadas com a temática do texto.
coerência pragmático-funcional
versa a relação texto-situação.

A violação dos princípios em que assenta a coerência textual terá como consequência a incompreensão ou a surpresa pela falta de sentido do que se lê. No entanto, podem as infrações à coerência textual serem propositadas, ou para se inovar em termos literários ou para se obterem efeitos humorísticos. Correntes literárias como a surrealista (mas também os autores modernistas, como Pessoa) aproveitaram frequentemente o inesperado dessas quebras da lógica do texto.
Recurso constante dos Gato Fedorento são as beliscaduras na coerência. Preenche as quadrículas com os títulos dos sketches (em geral, da série Barbosa):
Deputado dirige-se à assembleia / Homem que repete frases do Sandokan / Qual papel? /Homem que começa todas as respostas com a palavra ‘não’ / Estenógrafo fadista / Super-irritante

TPC — Em Gaveta de Nuvens, lê as reproduções de páginas de uma gramática sobre ‘Coerência [e coesão textual]’.

Aula 11-12 (28 [1.ª/5.ª], 29/set [8.ª, 7.ª]) Correção de escritos que se devolviam (dissertação; ver Apresentação).
Em «Quase anónima sorris» (p. 44) há uma falha de coesão frásica (justificada pela intenção de fazer rima e pelo estatuto, entre o da imitação de quadra popular e o da brincadeira assumida, que tem este quarteto). Reescreve o último verso já corrigido:
v. 3      Porque é que, pr’a ser feliz,
v. 4      ______________
O que faz que o pronome («__») tenha de ficar anteposto ao verbo (o infinitivo «saber») é o facto de a frase ser ________.
Vejamos algumas circunstâncias que obrigam à alteração da ordem mais normal no português europeu (a da {escolhe} próclise / mesóclise / ênclise): estar a frase na negativa, ficar o pronome numa subordinada completiva, tratar-se da variante sul-americana do português, ter a frase certos advérbios. Completa a coluna da direita:

Stora, por favor, dê-mo.
negativa >
Stora, por favor, não ___.
Comprei-o.
subordinação completiva >
Já te disse que ___.
Minas revela-se linda.
variante brasileira >
Minas ___ linda, né.
Registo-o.
presença de certos advérbios >
Talvez ___.

Dístico
Ó meu menino que brincas
o dia todo na rua
e ainda pensas que a Vida
é só a vida que é tua,
fica lá no teu engano.

Não perguntes, não te apresses.
Sobra tempo pra saberes
coisas que antes não soubesses.
Sebastião da Gama, Itinerário Paralelo, Mem Martins, Arrábida, 2004

Responde ou completa a resposta já esboçada.
Estabelece analogias entre «Dístico», de Sebastião da Gama, e «Gato que brincas na rua» (p. 42), de Fernando Pessoa.
O tema de «Dístico», de Sebastião da Gama, é quase o mesmo do do poema de Pessoa «Gato que brincas na rua» — também aqui o sujeito poético se dirige a . . . . . . . . . . . .  —, mas a perspetiva é diferente: . . . . . . . . . . . . . .
Qual é o vocativo da quintilha? Faltará alguma vírgula?
. . . . . .
Explica o título «Dístico» (sabendo que não se trata de uma estrofe de dois versos, um dos significados da palavra).

. . . . .
Cria um título, também de uma só palavra, para «Gato que brincas na rua» (não, não pode ser «Gato»; nem «Brincadeira», nem «Rua», nem «Que»).
. . . . .
TPC — Escreve o comentário pedido no item 2 da p. 46 (o 2.º parágrafo serão as ll. 11-17).

Aula 13-14 (30/set [8.ª, 1.ª], 4/out [7.ª, 5.ª]) Nas pp. 69-71, vai relendo o excerto da carta de Pessoa a Adolfo Casais Monteiro cuja versão integral te pedira lesses num destes tepecês. (O questionário, ainda assim, tratará apenas das partes da carta que vêm no manual.) Circunda em cada item a melhor alínea.


Os protótipos textuais mais presentes neste excerto de carta são
a) descritivo, expositivo, instrucional.
b) conversacional, argumentativo, instrucional.
c) descritivo, narrativo, injuntivo.
d) expositivo, argumentativo, narrativo.

Como acontece habitualmente em textos do género epistolar, a seguir à data («Lisboa, 13 de janeiro de 1935») surge um
a) sujeito (correspondente ao sujeito poético).
b) sujeito (equivalente a Adolfo Casais Monteiro).
c) vocativo (correspondente ao remetente).
d) vocativo (correspondente ao correspondente de Pessoa).

Pessoa considera que a propensão para a criação heteronímica
a) não radica em características mentais.
b) se deve a uma tendência para a despersonalização e o fingimento.
c) foi exclusivamente casual.
d) foi consequência de trauma após pisadela de cocó de cão.

O Chevalier de Pas foi
a) o primeiro heterónimo de Pessoa, escrevendo poemas de índole pagã.
b) o futuro Ricardo Reis.
c) um ortónimo.
d) uma primeira experiência de quase heterónimo, aos seis anos.

O heterónimo que Pessoa considera ser mestre de todos os outros (e até do ortónimo) é
a) Álvaro de Campos.
b) Chevalier de Pas.
c) Ricardo Reis.
d) Alberto Caeiro.

Pessoa considera que os poemas de Álvaro de Campos
a) são um alarme para a vizinhança.
b) não são um alarme para a vizinhança.
c) foram escritos por 1912.
d) são histéricos.

O poeta bucólico que Pessoa resolvera criar para fazer partida a Mário de Sá-Carneiro foi
a) Álvaro de Campos.
b) Bernardo Soares.
c) Alberto Caeiro.
d) Ricardo Reis.

O heterónimo Ricardo Reis foi criado por Pessoa em
a) 1914.
b) 1935.
c) 1910.
d) 1887.

O surgimento de Álvaro de Campos é-nos descrito como momento
a) calmo.
b) vertiginoso.
c) demorado.
d) planeado.

À época da enunciação — a da escrita da carta —, ainda estavam vivos
a) Caeiro, Campos, Reis.
b) Campos e Reis.
c) Reis e Caeiro.
d) Caeiro e Campos.

Os dois heterónimos de Pessoa que aprenderam latim foram
a) Alberto Caeiro e Ricardo Reis.
b) Ricardo Reis e Álvaro de Campos.
c) Alberto Caeiro e Bernardo Soares.
d) Álvaro de Campos e Alberto Caeiro.

As formações de Caeiro, Campos e Reis, eram, respetivamente,
a) CEF de pastor; pintura; línguas clássicas.
b) ensino secundário; engenharia naval; medicina dentária.
c) instrução primária; engenharia; medicina.
d) estilismo; datilografia; genealogia.

A «Ode triunfal», de Álvaro de Campos, foi escrita
a) num avião a jato.
b) em 1914.
c) em Tavira.
d) no Brasil.

O «Opiário»
a) foi escrito em latim.
b) foi inspirado por viagem ao Oriente.
c) é um poema de férias.
d) foi inspirado por ida ao Parque das Nações.

Agora, lê também a tábua bibliográfica, na p. 68, escrita por Pessoa uns sete anos antes.

Para Pessoa, Álvaro de Campos, «sensacionista», foi influenciado
a) por Alberto Caeiro, sobretudo, e por Walt Whitman.
b) por Walt Whitman, sobretudo, e por Alberto Caeiro.
c) por Ricardo Reis.
d) pelo lado intelectual e pagão de Reis.

Segundo o que se depreende da «Tábua bibliográfica», Álvaro de Campos seria
a) o heterónimo mais diferente do ortónimo.
b) quem subscreveu textos mais polémicos e vanguardistas.
c) o mais irritadiço dos heterónimos.
d) o menos emotivo dos heterónimos.

(Se tiveres sido dos mais rápidos, nas pp. 112-113, relanceia «Eu, Álvaro de Campos».)
Resolve o ponto 1 da p. 114: a. __ | b. __ | c. __ | d. __ | e. __.

Opiário
Ao senhor Mário de Sá-Carneiro
É antes do ópio que a minh’alma é doente.
Sentir a vida convalesce e estiola
E eu vou buscar ao ópio que consola
Um Oriente ao oriente do Oriente.

Esta vida de bordo há-de matar-me.
São dias só de febre na cabeça
E, por mais que procure até que adoeça,
Já não encontro a mola p’ra adaptar-me.

Em paradoxo e incompetência astral
Eu vivo a vincos de ouro a minha vida,
Onda onde o pundonor é uma descida
E os próprios gozos gânglios do meu mal.

É por um mecanismo de desastres,
Uma engrenagem com volantes falsos,
Que passo entre visões de cadafalsos
Num jardim onde há flores no ar, sem hastes.

Vou cambaleando através do lavor
Duma vida-interior de renda e laca.
Tenho a impressão de ter em casa a faca
Com que foi degolado o Precursor.

Ando expiando um crime numa mala,
Que um avô meu cometeu por requinte.
Tenho os nervos na forca, vinte a vinte,
E caí no ópio como numa vala.

Ao toque adormecido da morfina
Perco-me em transparências latejantes
E numa noite cheia de brilhantes
Ergue-se a lua como a minha Sina.

Eu, que fui sempre um mau estudante, agora
Não faço mais que ver o navio ir
Pelo canal de Suez a conduzir
A minha vida, cânfora na aurora.

Perdi os dias que já aproveitara.
Trabalhei para ter só o cansaço
Que é hoje em mim uma espécie de braço
Que ao meu pescoço me sufoca e ampara.

E fui criança como toda a gente.
Nasci numa província portuguesa
E tenho conhecido gente inglesa
Que diz que eu sei inglês perfeitamente.

Gostava de ter poemas e novelas
Publicados por Plon e no Mércure,
Mas é impossível que esta vida dure,
Se nesta viagem nem houve procelas!

A vida a bordo é uma coisa triste,
Embora a gente se divirta às vezes.
Falo com alemães, suecos e ingleses
E a minha mágoa de viver persiste.

[...]

Eu fingi que estudei engenharia.
Vivi na Escócia. Visitei a Irlanda.
Meu coração é uma avozinha que anda
Pedindo esmola às portas da Alegria.

Não chegues a Port-Said, navio de ferro!
Volta à direita, nem eu sei para onde.
Passo os dias no smoking-room com o conde —
Um escroc francês, conde de fim de enterro.

Volto à Europa descontente, e em sortes
De vir a ser um poeta sonambólico.
Eu sou monárquico mas não católico
E gostava de ser as coisas fortes.

Gostava de ter crenças e dinheiro,
Ser vária gente insípida que vi.
Hoje, afinal, não sou senão, aqui,
Num navio qualquer um passageiro.

[...]
[excertos de:] Álvaro de Campos, «Opiário», Fernando Pessoa, Poesia dos outros eus, edição de Richard Zenith, Lisboa, Assírio & Alvim, 2007.
Resolve o ponto 3. da p. 115 (com os conectores apropriados, preenche as lacunas de «O estatuto especial de Álvaro de Campos»): 1 = ___ | 2 = ___ | 3 = ___ 4 = ___ | 5 = ___ | 6 = ___ 7 = ___ | 8 = ___ | 9 = ___ | 10 = ___ | 11 = ___ | 12 = ___

Cria a biografia de um (ou dois) heterónimo(s) teu(s). Dessa nota biográfica, na 3.ª pessoa (e sem intromissões de 1.ª), constará nome, data de nascimento, naturalidade, formação, aspetos da vida social, referências à obra escrita, tudo isto num texto corrido, narrativo, ao estilo do que vemos na p. 71 (ll. 58-80). 
TPC — Lê «Um Campos diferente» (p. 124). Depois, lê também o texto de Campos «Tenho uma grande constipação». Em folha que me possas entregar, responde ao ponto 7 da p. 123. Não esqueças a parte dos dois argumentos e escreve acabadamente (e não, não quero «Constipação» nem «Um lenço cheio de ranho»).

Aula 15 (4 [8.ª], 6 [1.ª], 7 [5.ª], 12/out [7.ª]) Correção do tepecê de comparação entre «Gato que brincas na rua», de Pessoa, e «um gato de lisboa», de Vasco Graça Moura:

Entre «Gato que brincas na rua» e «um gato de lisboa», observam-se logo semelhanças de ordem formal. Ambos se socorrem de quadras, de redondilha maior e rima cruzada. No mesmo primeiro olhar, se vê porém que o poema de Graça Moura tem mais duas estrofes e título. Vale a pena atentar neste título. Através do artigo indefinido e do topónimo fixa-se a figura do gato como integrante de um cenário, muito mais detalhado do que o da abstrata rua do seu ascendente. No caso desse gato inspirador — linhagem reconhecida em «nunca leste o pessoa» —, não temos mais elementos contextuais do que a rua, porque o que interessa é o sujeito poético, de quem o animal é apenas contraponto; o outro é uma figura da cidade, do bairro, que aliás parece substituir o «eu» como foco principal. Dir-se-á que, sendo o gato, tal como o do poema de Pessoa, o destinatário gramatical, são mais importantes «velhotas», «gaivotas», «pregão», «lotas», enfim, «lisboa».

Na coluna à direita, escreve o nome do princípio infringido (não tautologia; não contradição; relevância) — todos de ordem lógico-conceptual — ou assinala, se for esta a afetada, coerência pragmático-funcional. Se a coerência textual não estiver prejudicada, nada escrevas. (Para o caso de ser necessário, vê o esquema em baixo.)

Trecho (que infringe...
princípio de... ou área)
Na última quadra o poeta conclui o poema.

O maneta foi à manicura para tratar das suas dez belas unhas de gel.

Sob o sol da meia-noite, o cego lia um jornal sem letras.

O poema é constituído por quadras. A esse tipo de estrofes chamamos quartetos.

Os três mosqueteiros eram quatro.

Não choveu, porque houve seca.

Segundo Pennac, com efeito, «os leitores têm o direito de amar os protagonistas dos livros». [Pouco depois do enunciado da pergunta respetiva.]
Não tautologia
[A meio de um comentário a um texto, opiniões próprias sobre o mesmo assunto ou paralelos com a vida corrente.]

Exmo. senhor Diretor de Finanças. | O requerente vem informar que está chateado com a situação criada pelo art.º 3, do decreto 45678, de 31 de março. Ainda falou com a sua querida Belinha ontem sobre o mesmo assunto.

Ganhámos, mas é preciso é levantar a cabeça e continuar a trabalhar.


Coerência textual
coerência lógico-conceptual
observa três princípios:
princípio da não-contradição:
não deve haver a afirmação de uma ideia e, em simultâneo, o seu oposto.
princípio da não-tautologia ou não-redundância:
as ideias não devem ser repetidas.
princípio da relevância:
as ideias devem estar relacionadas com a temática do texto.
coerência pragmático-funcional
versa a relação texto-situação.

Os dois itens seguintes — sobre pontuação — copiei-os de Desafios. Português. 11.º ano. Caderno de Atividades (de Alexandre Dias Pinto, Carlota Miranda, Patrícia Nunes; Carnaxide, Santillana, 2011), alterando apenas alguns nomes próprios.

Associa cada frase de A à única hipótese da coluna B que permite obter uma afirmação correta.
A
a) Na frase «O Irondino, o Sancho e o Gualter foram a Braga.», usa-se a vírgula para...
b) Na frase «O Mário nunca, nunca chega a horas.», usa-se a vírgula para...
c) Na frase «Camões, príncipe dos poetas, viveu no século XVI.», usa-se a vírgula para...
d) Na frase «O Gustavo anda a ler Fernando Pessoa e eu, um romance de Saramago.», usa-se a vírgula para...
e) Na frase «Tu, Jorge, vais ao Porto esta semana.», usa-se a vírgula para...
f) Na frase «Ele era, dizia-se, um bom jardineiro.», usa-se a vírgula para...
g) Na frase «Se fores a Londres, visita o Museu Britânico.», usa-se a vírgula para...
h) Na frase «Os alunos, que faltaram à aula, ficaram a estudar para o teste.», usa-se a vírgula para...
B
1. isolar as orações subordinadas relativas explicativas.
2. isolar o modificador apositivo.
3. separar elementos com a mesma função sintática.
4. indicar a supressão de uma palavra, geralmente o verbo.
5. separar a oração subordinada adverbial que ocorre antes da oração principal.
6. isolar o vocativo.
7. separar uma oração intercalada.
8. separar os elementos repetidos.

Assinala e corrige os erros de pontuação presentes nas frases seguintes e explica a razão das incorreções.
a) O Saul comprou, uma casa junto ao mar.
b) — Ó Mateus que horas são?
c) — Quem é aquela senhora.
d) A Agostinha disse. Vou para a escola.
e) Se voltas a ter esse tipo de comportamento.
f) Socorro. Estou preso aqui dentro.
g) O Hélio o Alberto e o Zuzarte compraram tostas queijo e fiambre.

Aproveito uns exercícios sobre Coesão textual tirados da Nova Gramática didática de português (Carnaxide, Santillana, 2011), pp. 306-307, em que introduzi pouquíssimas reformulações:

1. Lê o texto e repara nas formas que dizem respeito aos «dinossauros». Em baixo, completa os itens, referindo qual é a relação entre aquelas formas e dinossauros, determinando ainda se o seu uso corresponde a um mecanismo de coesão lexical ou de coesão referencial.
Os Dinossauros
Em tempos, já houve a «mania dos dinossauros».
Então, toda a gente adorava esses monstros e não parava de dizer «— Que seres fantásticos!», que os peluches desses répteis eram «queridos», «fofinhos» e mais uma série de inutilidades.
Pergunto-me: o que é que se achou de tão espetacular nesses bichos? Eles são feios até dizer basta e, ainda por cima, estão extintos. Em vez de se adorar tais criaturas, porque não se olha para espécies em vias de extinção? Pensemos no Tamagochi, no Marega e em tantas outras coisas pelas quais muitas pessoas perderam a cabeça. Agora, estão esquecidos nos armários ou mesmo «extintos de brincadeiras». Os dinossauros foram pelo mesmo caminho...
Enfim, foram febres da nossa sociedade que já passaram e que deram muitos lucros, que é o que parece interessar!

a) «monstros» — substituição por um hiperónimo; mecanismo de coesão lexical;
b) «seres» — substituição por um ____; mecanismo de coesão lexical;
c) «répteis» — substituição por um hiperónimo; mecanismo de coesão ____;
d) «bichos» — substituição por um ____; mecanismo de coesão ____;
e) «eles» — pronominalização (uso de uma ____); mecanismo de coesão referencial;
f) Ø [estão extintos] — recurso a uma elipse; mecanismo de coesão ____;
g) «criaturas» — substituição por um hiperónimo; mecanismo de coesão ____;
h) «dinossauros» — repetição; mecanismo de coesão ____.

2. Os pronomes destacados nas frases seguintes asseguram a sua coesão referencial. Diz a que se refere cada um dos pronomes.
a) O Jaime conhecia muito bem o Eleutério. Ele conhecia-o tão bem que lhe ofereceu um presente invulgar.
b) O rapaz viu a carrinha que estava estacionada à beira da estrada.
c) O Marcelino viu o Henrique no cinema e este disse-lhe que já tinha visto aquele filme.
d) O teu computador e o meu deviam ser substituídos.
e) Quaisquer que sejam as dúvidas, esclarecê-las-ei!
f) Gosto muito de ler Eça de Queirós. Tenho vários livros dele.

3. Assegura a coesão interfrásica dos enunciados seguintes, ligando as orações com os conectores adequados.
a) Fui cedo para a bilheteira. Consegui bilhete.
b) Eram oito horas. Ele chegou a casa.
c) Ele estava maldisposto. Comera uma salada russa.
d) Comi um bolo. Bebi um sumo.
e) Consegui marcar os bilhetes para o concerto na Casa da Música. Não arranjei lugares para Guimarães.

4. Seleciona do quadro abaixo os marcadores discursivos adequados para completar os enunciados que se seguem.
efetivamente | depois | antigamente | agora | primeiro | ou seja
a) ____ tomei o pequeno-almoço, _____ escovei os dentes.
b) ____ pensava que tudo era fácil, mas, _____, penso que é mais complicado.
c) Adoro citrinos, _____, laranjas, limões, limas. _____, são os meus frutos preferidos.

5. Conjuga os verbos entre parênteses por forma a assegurar a coesão temporo-aspetual.
a) Ontem não saí de casa. ____ (ficar) o dia inteiro a descansar e a trabalhar, porque ____ (ter) uma semana complicada. ____ (dormir), ____ (ver) televisão, ____ (ler) um pouco e ____ (estudar) bastante, exceto a porcaria do Português.
b) Um dia, ____ (visitar) a Islândia para ____ (assistir) a uma aurora boreal. É claro que ____ (haver) muito mais para ver.

E, de novo, uma tarefa sobre coerência textual (da Nova Gramática didática de português, Carnaxide, Santillana, 2011, p. 306):
Restabelece a coerência nos enunciados apresentados.
a) Deite a gelatina numa cama, de modo a ficar com cerca de 1 cm de descanso. Prepare a gelatina de morango de acordo com as instruções da perfumaria, mas utilizando apenas 1 dl de sopa a ferver e 2 dl de água fria.
b) Primeiro, entrei em casa da Etelvina; depois, cheguei lá.
c) Têm duas hipóteses: ou calam-se ou calam-se!
d) O dueto a solo foi fantástico!
e) D. Afonso Henriques foi o primeiro rei do Condado Portucalense.
f) Venci, vi e cheguei.

TPC — Em Gaveta de Nuvens, aqui, relanceia páginas de gramática sobre ‘pontuação’.

Aula 16-17 (6 [8.ª, 7.ª], 7 [1.ª], 11/out [5.ª]) Correção do questionário de compreensão de textos em torno da génese dos heterónimos. (Ver Apresentação.)

Lê «A arte futurista» (p. 116) e completa a síntese que fui esboçando:
Em «A arte futurista» — saído no número único da revista Portugal Futurista, 1917 —, defende-se que já não convém aos tempos modernos uma arte que se limite a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ao contrário, uma nova corrente, o futurismo, é que pode adequar-se às vivências industriais de hoje, porque . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. Por exemplo, a poesia futurista  . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Na p. 122, vê o texto enquadrado, «Do sentir ao dizer: a linguagem na “Ode triunfal”». Destaquei o segundo parágrafo e fui pondo entre parênteses citações que abonassem os aspetos referidos pelo ensaísta. Completa essa minha ampliação do texto com os exemplos em falta:
Ao sentido de modernidade que deseja transmitir, e a que recorre para sentir tudo de todas as maneiras conferindo poeticidade a temáticas não usuais, como motores, fábricas, energia [...] —, faz o poeta corresponder um nível de expressão carregado de nomes concretos e abstratos («Inconsciente», «Matéria»), isolados ou em conjuntos («aparelhos de todas as espécies, férreos, brutos, mínimos, / Instrumentos de precisão, aparelhos de triturar, de cavar, / Engenhos, brocas, máquinas rotativas»), fonemas substantivados (««r-r-r-r-r-r-r eterno»»), topónimos («________»), antropónimos («_________»), estrangeirismos («________»), maiúsculas desusadas («________»), adjetivação expressiva («excesso contemporâneo»), simples e múltipla («grandes ruídos modernos»; «flora estupenda, negra, artificial e insaciável»), polissíndetos («________»), metáforas («_________»), apóstrofes («________»), anáforas («________»), personificações («_______»), sinestesias («________»), perífrases («anúncios elétricos que vêm e estão e desaparecem», por ‘anúncios luminosos’), iterações (retoma de «ó» de apóstrofes), gradações («_________»), comparações («_________»), neologismos («________»), grande variedade de formas verbais (por todo o texto), advérbios expressivos («_________»), gerúndios expressivos («________»), musicalidade e ritmo (por todo o texto), aliterações («_________»), interjeições («_________», «______»), rimas internas («________», onomatopeias («_________»), etc...
Na p. 121, responde ao item 4 (de correspondência):
a. = ___; b. = ___; c = ___; d = ___: e = ___.
TPC — Logo que possas, lê «Campos: “A ilha mais lúcida do arquipélago pessoano”» (p. 137); «O percurso poético do engenheiro-poeta» (p. 138); «O modernismo» (pp. 32-33).

Aula 18-19 (7 [8.ª], 11 [7.ª], 12/out [1.ª, 5.ª]) Na p. 125, lê o poema «O que há em mim é sobretudo cansaço», de Álvaro de Campos. Segue-se uma sua análise, que deves completar apenas com transcrições do texto.



Resolve 1 (1.1 a 1.6), nas pp. 125-126:
1.1: __; 1.2 __; 1.3 __; 1.4 __; 1.5 __; 1.6 __.

Lê o ponto 1 de Escrita na p. 122 (definição de «ode» e, especialmente, «ode» à Campos), para, depois, resolveres o ponto 2 (redação de ode a uma realidade qualquer, à maneira futurista). Há vantagens em teres o livro aberto nas páginas da «Ode triunfal» (119-122).
TPC — Em papel que me possas entregar, escreve uma resposta limpa, não copiada da de manuais ou de colegas, à pergunta 1.1 da p. 126 («Estabelece pontos de contacto entre as estrofes de Régio e o poema «O que há em mim é sobretudo cansaço»).

Aula 20 (11 [8.ª], 13 [1.ª], 14 [5.ª], 19/out [7.ª]) Correção do tepecê sobre «Pensar de mais» (cfr. Apresentação).


Critérios para distinguir funções sintáticas
funções ao nível da frase
O sujeito concorda com o verbo. Se experimentarmos alterar o número ou pessoa do sujeito, isso refletir-se-á no verbo que é núcleo do predicado:
Caiu a cadeira. Caíram as cadeiras (Para se confirmar que «a cadeira» não é aqui o complemento direto: *Caiu-a.)

O predicado pode ser identificado se se acrescentar «e» + grupo nominal + «também» (ou «também não») à oração:
O Egas partiu para o Dubai. O Egas partiu para o Dubai e o Ivo também (também partiu para o Dubai).

O vocativo distingue-se do sujeito porque fica isolado por vírgulas e não é com ele que o verbo concorda. Antepor-lhe um «ó» pode confirmar que se trata de vocativo.
Tu, Teresa, não percebes nada disto! Tu, ó Teresa, não percebes nada disto!

Para distinguir o modificador de frase do modificador do grupo verbal, pode ver-se que as construções que ponho à direita (a interrogar ou a negar) são possíveis com o modificador do grupo verbal mas não com o advérbio que incide sobre toda a frase.
Evidentemente, a Uber tem razão. evidentemente que a Uber tem razão?
Talvez Portugal ganhe. *Não talvez Portugal ganhe.
Com um modificador de grupo verbal o resultado seria gramatical:
Ele come alarvemente. É alarvemente que ele come?

funções internas ao grupo verbal
O complemento direto é substituível pelo pronome «o» («a», «os», «as»):
Dei mil doces ao diabético. Dei-os ao diabético.

O complemento indireto, introduzido pela preposição «a», é substituível por «lhe»:
Ofereci uma sopa de nabiças ao arrumador. Ofereci-lhe uma sopa de nabiças.

O complemento oblíquo, e mesmo quando usa a preposição «a» (uma das várias que o podem acompanhar), nunca é substituível por «lhe»:
Assistiu ao jogo contra as Ilhas Faroé. *Assistiu-lhe.

Para identificarmos um modificador do grupo verbal, podemos fazer a pergunta «O que fez [sujeito] + [modificador]?» e tudo soará gramatical:
Marcelo fez um discurso na segunda-feira.
Que fez Marcelo na segunda-feira? Fez um discurso.
Se se tratar de um complemento oblíquo, o resultado já será agramatical:
Dona Dolores foi à Madeira.
*Que fez Dona Dolores à Madeira? Foi.

O complemento agente da passiva começa com a preposição «por», precedida por verbo na passiva, e podemos adotá-lo como sujeito da mesma frase na voz ativa:
A casa foi comprada por Monica Bellucci. Monica Bellucci comprou a casa.
As joias de Kim foram roubadas pelos ladrões. Os ladrões roubaram as joias de Kim.

O predicativo do sujeito é uma função sintática associada a verbos copulativos (como «ser», «estar», «parecer», «ficar», «permanecer», «continuar», mas também «tornar-se», «revelar-se», «manter-se», etc.). Atribui uma qualidade ao sujeito ou localiza-o no tempo ou no espaço.
Os taxistas andam revoltados.
A Violeta está em casa.

O predicativo do complemento direto é uma função sintática associada a verbos transitivos-predicativos (como «achar», «considerar», «eleger», «nomear», «designar» e poucos mais), os que selecionam um complemento direto e, ao mesmo tempo, lhe atribuem uma qualidade/característica.
A ONU elegeu Guterres secretário-geral. (Para confirmar que «Guterres» é o complemento direto e «secretário-geral», o predicativo do complemento direto: A ONU elegeu-o secretário-geral.)
Eles deixaram a porta aberta. ( Eles deixaram-na aberta.)
Cfr., porém, «Comprei o bolo podre», que pode ter duas interpretações: uma em que todo o segmento «o bolo podre» é o complemento direto (‘Comprei-o’); e outra em que «o bolo» é o complemento direto e «podre» é o predicativo do complemento direto (‘Comprei-o podre’).

funções internas ao grupo nominal
O complemento do nome, quando tem a forma de grupo preposicional, é selecionado pelo nome (ou seja, é obrigatório, mesmo se, em alguns casos, possa ficar apenas implícito). Os nomes que selecionam complemento são muitas vezes derivados de verbos.
A absolvição do réu desagradou-me. (Seria aceitável «A absolvição desagradou-me» num contexto em que a referência ao absolvido ficasse implícita.)
A necessidade de estudar gramática é uma balela. (*A necessidade é uma balela.)
Quando tem a forma de grupo adjetival, o complemento do nome constitui uma unidade com o nome, ficando tão intimamente ligado a ele, que, na sua ausência, aquele parece ter já outro sentido. (Reconheça-se que estes casos não são fáceis de distinguir de certos modificadores restritivos do nome.)
A previsão meteorológica falhou.
Os conhecimentos informáticos são úteis.

O modificador restritivo do nome restringe a realidade que refere, mas não é selecionado pelo nome (não é «obrigatório»).
Comprei o casaco azul.
Cão que ladra não morde.

O modificador apositivo do nome, sempre isolado por vírgulas, travessões ou parênteses, não restringe a realidade a que se refere nem é selecionado pelo nome (a sua falta não prejudicaria o sentido da frase).
O filme de que te falei, Birdman, está a acabar.
O Renato Alexandre, que é amigo do seu amigo, conhece o Busto.

função interna ao grupo adjetival
O complemento do adjetivo é selecionado por um adjetivo (embora seja, frequentemente, opcional).
Ela ficou radiante com os presentes. (Ela ficou radiante.)
Isso é passível de pena máxima. (*Isso é passível.)

Os itens seguintes — sobre funções sintáticas — são retirados da Nova Gramática didática de português (Carnaxide, Santillana, 2011), com quase nenhumas adaptações:

Seleciona, em cada conjunto de frases apresentadas nas alíneas abaixo, aquela cujo constituinte destacado não desempenha a função sintática indicada.
Complemento direto
A Marlene vendeu o barco na semana passada.
Os velejadores perderam a regata.
O nadador-salvador atirou a boia ao náufrago.
As focas comem peixe.
Complemento oblíquo
Não te aconselho a fugir.
Ele bateu ao irmão.
Gosto de passear.
Duvido disso.
Complemento agente da passiva
O Brasil foi descoberto por Pedro Álvares Cabral.
O Porfírio anseia pelo teu regresso.
O barco foi desviado da rota pelo vento.
Os papéis foram organizados pela secretária.
Predicativo do complemento direto
A Luana continua na mesma empresa.
Os padrinhos estimavam-no como filho.
O juiz considerou-o inocente.
Os vizinhos tinham-no por caloteiro.

Atenta nas frases que se seguem e, depois, classifica as afirmações abaixo como verdadeiras (V) ou falsas (F), e corrige as falsas.
1. Vestiste a tua camisola lilás.
2. D. Maria I, a Piedosa, foi a primeira rainha reinante de Portugal.
3. A minha mãe, que está de férias, vai para o Algarve amanhã.
4. A ideia da Ana Alice é interessante.
5. O meu irmão mais novo magoou-se.
6. Não te esqueças de trazer leite, Rolando.
A — Na frase 1, o constituinte destacado desempenha a função sintática de modificador restritivo do nome.
B — Na frase 2, o constituinte destacado é um complemento do nome.
C — Na frase 3, o constituinte destacado é um modificador restritivo do nome.
D — Na frase 4, o constituinte destacado desempenha a função sintática de complemento do nome.
E — Na frase 5, o constituinte destacado é um modificador explicativo do nome.
F — Na frase 6, o constituinte destacado desempenha a função sintática de vocativo.

Os dois itens seguintes — sobre funções sintáticas — retirei-os de Desafios. Português. 11.º ano. Caderno de Atividades (de Alexandre Dias Pinto, Carlota Miranda, Patrícia Nunes; Carnaxide, Santillana, 2011), alterando apenas alguns nomes próprios.

Identifica a função sintática desempenhada pelo constituinte destacado nas frases:
a) O Alão e a Iva chegaram agora.
b) O filme era muito emocionante.
c) Ofereceram-me um livro muito interessante.
d) O juiz declarou-o culpado.
e) O texto foi entregue pela minha aluna.
f) A venda das camisolas foi um sucesso.
g) O Marciano, que é um excelente dançarino, venceu o concurso.
h) Prometemos que regressaríamos daí a dois anos.
i) É fantástico que venhas connosco.

Associa cada afirmação de A à hipótese de B que a completa.
a) O sujeito da frase «Fala-se na entrada no mercado de carros mais ecológicos.» classifica-se como...
b) Na frase «Naquela noite, chegámos cansadíssimos a casa.», o constituinte destacado desempenha a função sintática de...
c) Na frase «A casa parecia muito sossegada.», o constituinte destacado desempenha a função sintática de...
d) Na frase «Ele encaixou a peça no puzzle.», o constituinte destacado desempenha a função sintática de...
e) Na frase «Eles deram-nos informações muito úteis.», o constituinte destacado desempenha a função sintática de...
f) O sujeito da frase «Há quadros muito interessantes neste museu.» classifica-se como...
g) Na frase «Eles entraram na casa amarela.», o constituinte destacado desempenha a função sintática de...
h) Na frase «A Fátima, a melhor aluna da turma, teve uma nota excelente.», o constituinte destacado desempenha a função sintática de...
1. predicativo do sujeito.
2. modificador restritivo do nome.
3. sujeito nulo indeterminado.
4. sujeito nulo expletivo.
5. complemento oblíquo.
6. modificador do grupo verbal.
7. complemento indireto.
8. modificador apositivo do nome.
9. predicado.
TPC — Em Gaveta de Nuvens, vai consultando «Funções sintáticas», reprodução de páginas da Nova gramática didática de português, Carnaxide, Santillana, 2011.

Aula 21-22 (13 [8.ª, 7.ª], 14 [1.ª], 18/out [5.ª]) O poema em baixo — que ouvimos já (http://ensina.rtp.pt/artigo/cartas-de-amor-de-alvaro-de-campos/) — está datado de 21-10-1935, pouco mais de um mês antes de Pessoa morrer, sendo assinado por Álvaro de Campos. Não tem algumas das características que já víramos no Campos futurista e sensacionista das odes.
Não modernizei a grafia (Pessoa escrevia segundo a escrita comum antes da primeira reforma ortográfica, em 1911). Atualiza tu a grafia, emendando o texto a lápis.
Há uma estrofe que traduz bem a reflexão que o Pessoa ortónimo fazia em «Ela canta, pobre ceifeira» e em «Gato que brincas na rua». É a ____ estrofe.

Todas as cartas de amor são
Ridiculas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridiculas.

Tambem escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridiculas.

As cartas de amor, se ha amor,
Têm de ser
Ridiculas.

Mas, afinal,
Só as creaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridiculas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridiculas.

A verdade é que hoje
As minhas memorias
D’essas cartas de amor
É que são
Ridiculas.

(Todas as palavras exdruxulas,
Como os sentimentos exdruxulos,
São naturalmente
Ridiculas.)
Fernando Pessoa, Poemas de Álvaro de Campos, edição de Cleonice Berardinelli, Lisboa, INCM, 1990

Passa agora a «Aniversário», também de Álvaro de Campos, nas pp. 127-128. Transcreve algum verso em que se perceba ainda o problema existencial que vimos em «Gato que brincas na rua», «Ela canta, pobre ceifeira» — do ortónimo — e, há pouco, em «Todas as cartas de amor são ridículas», de Campos.
______________
Entre as características de Campos (em parte, já elencadas a propósito da «Ode triunfal»), vê o que esteja abonado em «Aniversário». Para isso, transcreverás trechos de «Aniversário» que ilustrem cada um destes itens:
comparações inesperadas: . . . . .
metáforas inesperadas: . . . . .
exclamações: . . . . .
anáforas: . . . . .
apóstrofes: . . . . .
paradoxos: . . . . .
repetições: . . . . .
versos longos e livres: muitos das primeiras estrofes, sobretudo.
articulados com alguns bastante curtos: os da última estrofe, por exemplo.
fuga para a recordação e/ou sonho: . . . . .
poetização do prosaico, comum e quotidiano: . . . . .
fragmentação do eu: . . . . .
angústia existencial: [todo o texto, decerto]
O texto constrói-se a partir da memória de um tempo passado. Caracteriza esse passado, considerando as duas primeiras estrofes.
O passado era o tempo da _____
Justifica o uso do pretérito imperfeito do indicativo nessas mesmas estrofes.
__________.
Relaciona o quinto verso da terceira estrofe com a estrofe anterior.       
Na infância, o sujeito poético era feliz, mas _______. Só no presente, em que já perdeu essa felicidade inocente da infância é que sabe que ______.
Explica o valor aspetual do pretérito perfeito usado nesta terceira estrofe.
________.
Mostra como, na estrofe 6, a memória do passado se sobrepõe ao presente.
A expressão «Vejo tudo outra vez» inicia a presentificação do passado que, assim, substitui o _____.
Mostra como, à euforia dessa presentificação, se segue a disforia da tomada de consciência.
À euforia do passado tornado presente segue-se, na estrofe seguinte, a disforia da tomada de consciência de que é impossível recuperar ______
Responde ao ponto 11 da p. 130:
a. ___; b. ___; c. ___; d. ___; e. ___.
TPC«Aniversário» (p. 127) e a estrofe parentética correspondente aos vv. 68-76 de «Ode triunfal» (p. 119) têm em comum a nostalgia da infância. Este tema, caro a Álvaro de Campos, é também frequente no Pessoa ortónimo. Para já, gostava que relanceasses — em Gaveta de Nuvens«Un soir à Lima», um longo poema do ortónimo (aliás, na verdade, um poema não assinado), que, tanto quanto se pode identificar sujeito poético e autor (e não deve), se diria autobiográfico.

Aula 23-24 (14 [8.ª], 18 [7.ª] 19/out [1.ª, 5.ª]) Correção/Audição de «Cântico Negro».

Lê «Aniversário» (p. 127), de José Manuel dos Santos (p. 127), cronista do Expresso. Depois, num comentário teu, com até cento e cinquenta palavras, aproveita a ideia na transcrição em baixo, sintetizando a crónica «Aniversário» e esboçando alguma comparação com o poema homónimo de Álvaro de Campos (pp. 127-128).
Apesar do que se afirma no último período do texto («Lembro e faço meu o poema “Aniversário” de Pessoa/Campos»), a perspetiva de José Manuel dos Santos relativamente à passagem dos aniversários não é exatamente idêntica à da do sujeito poético do conhecido poema de Campos.
José António Mendonça, «Intertextualidade com Pessoa — uma miríade de outros», Ensaios entre desporto e literatura, Barreiro, Editorial Fabril, 2007, p. 4321.
Tendo visto a primeira parte de documentário sobre Fernando Pessoa feito para a série ‘Grandes Portugueses’, assinala, à esquerda de cada período (a esquerda é para este lado: ), se a afirmação é V(erdadeira) ou F(alsa).
Pessoa viveu parte da infância e da adolescência em território da actual África do Sul (à época, colónia inglesa).
Fernando Pessoa admirava Cesário Verde.
O poema «Tabacaria» é do heterónimo Ricardo Reis.
«Sou tudo» é o primeiro verso de «Tabacaria».
Fernando Pessoa nasceu no dia de Santo António, em Lisboa, em 1898.
Pessoa nasceu em frente ao teatro de São Carlos, que seu pai, crítico musical do Diário de Notícias, frequentava.
«Eis-me aqui em Portugal» é o primeiro verso de uma quadra que, ainda criança, dedicou à mãe.
«Deus quer, o homem sonha, a obra morre» é o primeiro verso de «O Infante», poema de Mensagem.
Enquanto adolescente, Pessoa viveu com a madrasta, o pai e os cinco meios-irmãos.
A língua em que mais escrevia até cerca dos vinte anos era o francês.
Em Lisboa, durante dois anos, Fernando Pessoa foi aluno da Faculdade de Direito.
Pessoa teve uma tipografia, comprada com herança da avó Dionísia, mas esse negócio não teve grande sucesso.
O emprego de Pessoa implicava um rígido horário fixo, como o de um funcionário público.
No local do emprego, Fernando Pessoa nunca escrevia textos seus.
O poeta americano Walt Whitman influenciou Fernando Pessoa.
Pessoa deixou mais de trinta e sete mil papéis com escritos seus.
Em Lisboa, Pessoa viveu em cerca de dez casas diferentes.
Sendo embora Lisboa o seu habitat preferencial, Pessoa viajava frequentemente.
A estreia de Pessoa no meio literário aconteceu em 1912, com a publicação de artigos na Águia.
A revista Orpheu teve como colaboradores, entre outros, Mário de Sá-Carneiro e Almada Negreiros.
Como se refere na p. 124 do manual (‘Oralidade’), o poema «Dobrada à moda do Porto», de Álvaro de Campos [no vídeo em cima, com declamações por Jacinto Ramos, o poema é dito a partir dos vinte e oito minutos e vinte], tem bastantes marcas de narratividade. Diz-se aí que a situação relatada é sobretudo pretexto para o «eu» refletir sobre si mesmo.
O que te peço é que reescrevas o poema, verso a verso, criando outra situação (a tal parte mais narrativa, que deixará de ter a ver com um restaurante), mantendo entretanto tudo o que sublinhei (em geral, os fragmentos mais líricos ou mais introspetivos).
Além das partes sublinhadas, conserva, é claro, o número de versos, e procura não alterar muito a pontuação do original.
Dobrada à moda do Porto
Um dia, num restaurante, fora do espaço e do tempo,
Serviram-me o amor como dobrada fria.
Disse delicadamente ao missionário da cozinha
Que a preferia quente,
Que a dobrada (e era à moda do Porto) nunca se come fria.

Impacientaram-se comigo.
Nunca se pode ter razão, nem num restaurante.
Não comi, não pedi outra coisa, paguei a conta,
E vim passear para toda a rua.

Quem sabe o que isto quer dizer?
Eu não sei, e foi comigo...

(Sei muito bem que na infância de toda a gente houve um jardim,
Particular ou público, ou do vizinho.
Sei muito bem que brincarmos era o dono dele.
E que a tristeza é de hoje).

Sei isso muitas vezes,
Mas, se eu pedi amor, porque é que me trouxeram
Dobrada à moda do Porto fria?
Não é prato que se possa comer frio,
Mas trouxeram-mo frio.
Não me queixei, mas estava frio,
Nunca se pode comer frio, mas veio frio.
Fernando Pessoa, Poemas de Álvaro de Campos, edição de Cleonice Berardinelli, Lisboa, INCM, 1990 (com modernização da grafia).
TPC — Resolve o ponto 1.1 da p. 130.

Aula 25 (18 [8.ª], 20 [1.ª], 21 [5.ª], 26/out [7.ª]) Uso exercícios tirados de um manual, Nova Gramática didática de português (Carnaxide, Santillana, 2011), tendo-me permitido alterar algumas frases aqui e ali.
Atenta nas frases seguintes e identifica o tipo de sujeito nelas presente, selecionando a opção correta.
Sujeito simples [s]; Sujeito composto [c]; Sujeito nulo expletivo [sne]; Sujeito nulo subentendido [sns]; Sujeito nulo indeterminado [sni]
Dizem que o filme A Missão é fantástico.
Os alunos e os professores participaram numa visita de estudo a Tóquio.
Trovejou intensamente esta noite.
O Papa Francisco acabou de ler um livro excelente.
Vamos de férias assim que o inverno começar!
Eles pensam que ganharão a eleição para a Associação de Estudantes facilmente.
Nunca telefonas a avisar que chegas tarde!
O Cristiano e quem tu sabes vêm à festa.
Pensa-se que será um ano difícil...
Não nevava assim em Lisboa há semanas!
Parece que ele já não vem.
Vive-se bem na Sibéria.

Em cada grupo de frases que se segue, existe uma cujo sujeito é diferente dos restantes. Risca com merecida agressividade as frases intrusas e identifica o tipo de sujeito predominante de cada grupo.
a) Diz-se que este ano Rita Pereira vai ganhar o Óscar.
Vou às compras.
Conversa-se muito, mas acerta-se pouco.
Comenta-se que foste de férias.
Sujeito — ________
b) Choveu a semana inteira.
Este ano nevou imenso no Algarve.
Ouvi dizer que vai ficar mau tempo.
Ontem trovejou.
Sujeito — ________
c) Ele foi passear.
Vou ao centro comercial ver as novidades da nova estação.
Comprei um livro de manga.
Fazemos hoje um bolo?
Sujeito — ________

Identifica os elementos que fazem parte do predicado de cada uma das frases seguintes e completa o quadro.
a) Os jogadores obedecem ao árbitro.
b) O avião está atrasado.
c) A Marisa ofereceu um livro à mãe.
d) Eles tomaram o Calisto por parvo.
e) O médico pratica natação.
f) Os alunos parecem apreensivos...
g) O ilusionista fez um truque fantástico!
h) A juíza considerou o réu culpado.
i) Acho que deves fugir.
j) Começou o espetáculo!

Sujeito
Predicado
Núcleo
Complemento
Predicativo do sujeito
Predicativo do complemento direto
Direto
Indireto
a) Os jogadores





b) O avião





c) A Marisa





d) Eles





e) O médico





f) Os alunos





g) O ilusionista





h) A juíza





i) (Subentendido)





j) o espetáculo






Classifica os verbos das frases abaixo numa das categorias que se seguem: transitivo direto (td); transitivo indireto (ti); transitivo direto e indireto (tdi); intransitivo (i)
Cheguei!
Telefonei à Jamila.
O quadro caiu.
Resolvi a questão.
Ele jantou.
A Judite vendeu a carrinha na semana passada.
Entreguei os apontamentos ao Camilo.
Ele jantou peixe.
Nós obedecemos às regras!
A empresa reabriu em agosto.
Esta bicicleta pertence à Isilda.
O meu primo Rogério emprestou-te o carro?

Uso exercícios tirados de um manual, Nova Gramática didática de português (Carnaxide, Santillana, 2011), tendo-me permitido alterar algumas frases aqui e ali.

Identifica a função sintática dos constituintes destacados nas frases seguintes.
A minha mãe ofereceu-lhe um perfume. — ___
O ator foi entrevistado pelo jornalista. — ___
O Lauro gosta de futebol. — ____
Nomearam-no capitão de equipa. — ____
Os amigos do capitão leram o diário de bordo. — ____
Eles continuam zangados um com o outro. — ____
Os meus pais viajaram ontem. —____
A Eulália leu o livro que a amiga lhe deu. — ____
Os amigos achavam-na extremamente competente. — ____
O Quim foi ao Brasil. — ____
Já assinou os documentos, senhor diretor? — ____

Em cada par de frases (retiradas da obra Aliás voltas sempre, Ali às voltas sempre, de Ana Goês), assinala aquela em que existe um constituinte com a função de vocativo.
Anda, Luzia, quero vê-la... / Andaluzia, quero vê-la...
Vinde, táxi, depressa! / Vim de táxi, depressa...
Não é Regina! / Não erre, Gina!
Glória, adeus! / Glória a Deus!

No espaço à direita da letra da canção, escreve a função sintática dos constituintes que sublinhei:
«Nos desenhos animados (Nunca acaba mal)»
Eu quero a sorte de um cartoon
Nas manhãs da RTP1
És o meu Tom Sawyer
E o meu Huckleberry Finn
E vens de mascarilha e espadachim
Lá em cima, há planetas sem fim 

Tu és o meu super-herói    
Sem tirar o chapéu de cowboy
Com o teu galeão e uma garrafa de rum
Eu era tua e de mais nenhum
Um por todos e todos por um

Nos desenhos animados
Eu já conheço o fim
O bem abre caminho
A golpe de espadachim
E o príncipe encantado
Volta sempre para mim

Eu sou a Jane e tu, Tarzan
A Julieta do meu D’Artagnan
Se o teu cavalo falasse
Tinha tanto para contar
Ao fantasma debaixo dos meus lençóis
Dos tesouros que escondemos dos espanhóis

Nos desenhos animados
Eu já conheço o fim
O bem abre caminho
A golpe de espadachim
E o príncipe encantado
Volta sempre para mim

Quando chegar o final
Já podemos mudar de canal
Nos desenhos animados
É raro chover
E nunca, quase nunca acaba mal.
TPC — Em Gaveta de Nuvens, lê as páginas sobre ‘Predicativo do sujeito e Predicativo docomplemento direto’ — tiradas de Enciclopédia do Estudante, 13 (Língua Portuguesa I), Carnaxide, Santillana, 2008, pp. 166-167.

Aula 26-27 (20 [8.ª, 7.ª], 21 [1.ª], 25/out [5.ª]) Correção de comentário sobre dois «Aniversário» (e «Cântico Negro» contrastado com poema de Campos).

Em ambos os textos os aniversários na infância são vistos como ocasião feliz, a que comparecem os familiares. É uma memória de quando ainda estavam todos vivos, contraposta aos aniversários de hoje, que implicam recordar as ausências e já sugerem sentimentos diferentes. Para o cronista, constituem motivo de saudade benfazeja; para o poeta, nostalgia incómoda, «raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira».
A partir daqui, as perspetivas de Santos e de Campos não coincidem, como notou José António Mendonça. Enquanto o sujeito poético de «Aniversário» inveja esse tempo em que era feliz, lamentando porventura não ter percebido que o era, na crónica homónima publicada no Expresso, se se teme a velhice, não se enjeita a passagem dos anos («o tempo que me fez») e revive-se a felicidade havida («lembro esses mortos como se fossem vivos»). [138 palavras]
Em «Cântico negro» e no poema «O que há em mim é sobretudo cansaço», evidencia-se, em primeiro lugar, um cansaço — essencialmente psíquico — de ambos os sujeitos poéticos («Eu olho-os com olhos lassos»; «Tudo isso faz um cansaço»), que se justifica pela diferenciação relativamente aos «outros», ora considerados idealistas («A subtileza das sensações inúteis, / As paixões violentas por coisa nenhuma, / Os amores intensos por o suposto em alguém»), ora julgados pela excessiva confiança com que garantem a superioridade da sua conduta («com olhos doces, / Estendendo-me os braços, e seguros / De que seria bom que eu os ouvisse»).
Os eus líricos não se identificam, deste modo, com os valores, atitudes ou desejos expressos pela maioria, revelando uma atitude distinta em relação à vida, simultaneamente realista e ambiciosa («Porque eu amo infinitamente o finito, / Porque eu desejo impossivelmente o possível»). Destacam-se igualmente, pela sua individualidade e singularidade («Só vou por onde / Me levam meus próprios passos...»), uma vez que apresentam, apesar da dificuldade inerente, posturas próprias, que derivam de uma especial intelectualidade e particular emoção, não sendo partilhadas pela «gente comum» («Se ao que busco saber nenhum de vós responde»).
Por conseguinte, verifica-se a recusa do convite «Vem por aqui», bem como a rejeição de uma vida «vivida ou sonhada», evidenciando a atitude crítica dos sujeitos poéticos face à sociedade. Os eus dos textos privilegiam a intuição («Não sei por onde vou, / Não sei para onde vou / — Sei que não vou por aí!») e escolhem não seguir os «outros» («A minha glória é esta: / Criar desumanidade! / Não acompanhar ninguém»). Pretendem, ao invés de seguirem as normas sociais, viver a sua vida livremente, instintivamente, sem se submeterem à vontade ou às ordens de alguém: «A minha vida é um vendaval que se soltou. / É uma onda que se alevantou. / É um átomo a mais que se animou...»; «Porque quero tudo, ou pouco mais, se puder ser, / Ou até se não puder ser...». [Stefanie — 12.º 8.ª]
No exame nacional, o grupo I vale metade da pontuação da prova (100 pontos). Inclui cinco (três + dois) itens (20 pontos cada) sobre dois textos de autores do programa do secundário.
O que se segue é o grupo I-A do exame nacional de 2011 (1.ª fase). Escolhi-o por ter saído então um texto de Campos (nas provas mais recentes não têm aparecido textos deste heterónimo). Nessa altura, a estrutura das provas era ligeiramente diferente (por isso houve quatro itens sobre o poema; hoje, teríamos apenas três; ou dois, se se tratasse do segundo texto). De resto, as perguntas são semelhantíssimas às que poderiam sair agora.
Grupo I
A
Leia o poema. Se necessário, consulte o glossário apresentado a seguir ao texto.
1              Na casa defronte de mim e dos meus sonhos,
                Que felicidade há sempre!

                Moram ali pessoas que desconheço, que já vi mas não vi.
                São felizes, porque não são eu.

5              As crianças, que brincam às sacadas altas,
                Vivem entre vasos de flores,
                Sem dúvida, eternamente.

                As vozes, que sobem do interior do doméstico,
                Cantam sempre, sem dúvida.
10            Sim, devem cantar.

                Quando há festa cá fora, há festa lá dentro.
                Assim tem que ser onde tudo se ajusta -
                O homem à Natureza, porque a cidade é Natureza.

                Que grande felicidade não ser eu!

15            Mas os outros não sentirão assim também?
                Quais outros? Não há outros.
                O que os outros sentem é uma casa com a janela fechada,
                Ou, quando se abre,
                É para as crianças brincarem na varanda de grades,
20           Entre os vasos de flores que nunca vi quais eram.

                Os outros nunca sentem.
                Quem sente somos nós,
                Sim, todos nós,
                Até eu, que neste momento já não estou sentindo nada.

25           Nada? Não sei...
                Um nada que dói...

Álvaro de Campos, Poesia, edição de Teresa Rita Lopes, Lisboa, Assírio & Alvim, 2002
GLOSSÁRIO | sacadas (verso 5) — varandas pequenas.
Apresente, de forma clara e bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.
1. As sensações do sujeito poético são determinantes para a construção de uma certa ideia de quotidiano feliz.
Identifique duas sensações representadas nas quatro primeiras estrofes, citando elementos do texto para fundamentar a sua resposta.
2. Caracterize o tempo da infância tal como é apresentado na terceira estrofe do poema.
3. Explique a relação que o sujeito poético estabelece com os «outros» nas seis primeiras estrofes do poema, fundamentando a sua resposta em referências textuais pertinentes.
4. Relacione o conteúdo da última estrofe com as reflexões apresentadas nas duas estrofes anteriores.
Para o mesmo poema de Álvaro de Campos, num manual com modelos de exame, encontramos também estes itens de grupo I:
1. Indique as relações de sentido que se estabelecem entre os versos da primeira estrofe.
. . . . . . . .
2. Explique a importância da referência às crianças, confrontando os espaços de vivência.
. . . . . . . .
3. Mostre em que medida o sujeito poético se afasta propositadamente da felicidade.
. . . . . . . .
4. Comente o efeito expressivo do paradoxo do verso final «Um nada que dói...».
. . . . . . . .
TPC — Lê «Tabacaria» (pp. 133-135), de Álvaro de Campos. Depois, resolve o ponto 1/1.1 da p. 133. Procura não ultrapassar as cem palavras.

Aula 28-29 (21 [8.ª], 25 [7.ª] 26/out [1.ª, 5.ª]) Com exemplares de Mensagem (da coleção iagora; cfr. p. 22), preenchimento de grelha acerca do paratexto e da estrutura da obra.
Paratexto e estrutura de Mensagem
Faz a referência bibliográfica (autor, título, cidade da editora, editora, ano da edição).
A primeira fonte destes elementos deve ser o frontispício (página [3], neste caso). Quando haja dados de que não possamos certificar-nos pela folha de rosto (o referido frontispício), recorreremos ao colofão (na última folha), à ficha técnica, à capa, etc.:
. . . . . . .
Este livro não numera a edição. Se o fizesse, esse elemento poderia constar logo após o título. E poríamos a seguir à data da edição e entre parênteses o ano da 1.ª edição, 1934.

Verifica estas partes do livro (matéria que se integra no estudo do paratexto):
Capa: tem um _____ (poema visual) que usa versos de Pessoa e desenha a efígie do poeta.
Contracapa: reproduz o poema «_____», o primeiro texto de Mensagem; em baixo, vêm os logótipos dos _____.
Lombada: tem só o _____ da obra.
Colofão (ou, à latina, colofon): em vez do tradicional «Acabou de imprimir-se a […]», contém uma espécie de ____.
O anterrosto repete o desenho caligramático da capa. No entanto, há na p. __ o que poderia ser o verdadeiro anterrosto, já que a página tem apenas o título, como é característico das páginas três. Terá sido lapso (e a ordem das pp. 5 e 3 ter saído mal, sendo a p. 1 uma mera folha de guarda)?
No miolo do livro há, no cabeçalho, o título corrente, nas páginas ímpares, e nome do autor, nas ___. Nesse espaço, dito dos «títulos correntes», vem «Índice» na parte do livro que lhe corresponde.
Na p. [7], temos a epígrafe: «_______» (‘Bendito Deus Nosso Senhor que nos deu o Sinal’).
Preenche as quadrículas vagas da tábua seguinte, sobre a estrutura de Mensagem:

Primeira parte / Brasão
Os Campos
O dos Castelos


Ulisses
Viriato
O Conde D. Henrique
D. Tareja
D. Afonso Henriques
D. Dinis
D. João o Primeiro
D. Filipa de Lencastre
As Quinas

D. Fernando, Infante de Portugal
D. Pedro, Regente de Portugal
D. João, Infante de Portugal
D. Sebastião, Rei de Portugal
A Coroa
Nun’Álvares Pereira

[A Cabeça do Grifo:] O Infante D. Henrique
[Uma Asa do Grifo:] D. João o Segundo
[A Outra Asa do Grifo:] Afonso de Albuquerque
Segunda parte / Mar Português
O Infante

Padrão
O Mostrengo
Epitáfio de Bartolomeu Dias
Os Colombos
Ocidente
Fernão de Magalhães
Ascensão de Vasco da Gama

A Última Nau
Prece

Os Símbolos

O Quinto Império
O Desejado
As Ilhas Afortunadas


O Bandarra
António Vieira
«Screvo meu livro à beira-mágoa»
Os Tempos
Noite
Tormenta
Calma
Antemanhã


De que tratam as três partes de Mensagem?
A 1.ª parte, «Brasão», trata da fase de ______ de Portugal e seu crescimento. A 2.ª parte, «Mar Português», versa a ______ de Portugal, os Descobrimentos. A 3.ª parte, «O Encoberto», trata da estagnação da pátria e, profeticamente, do seu ressurgimento.
«Brasão» tem _____ {numeral, mas por extenso} poemas, repartidos por cinco partes, que aproveitam classificações heráldicas (campos; castelos, quinas; coroa; timbre). A primeira destas sub-partes funciona como introdução às dezassete _____, abordadas em cada poema, que representam características do povo português. A epígrafe de «Brasão» é «_____», um oxímoro (‘Guerra sem guerra’).
A parte «Mar Português» é constituída por ____ poemas e não tem outra repartição. A epígrafe desta parte, «______» (‘Posse do mar’), alude à saga dos descobrimentos. Desta parte já referimos em aula um dos poemas, precisamente o homónimo da secção, «______», a propósito da frase tornada proverbial «Tudo vale a pena, se a alma não é pequena».
A parte «O Encoberto» implica a visão esotérica de Pessoa, uma síntese de história, mito e profecia. Esta parte situa-se depois do desastre de ______. Está aliás toda centrada na figura do rei ______, o encoberto. Logo pelos títulos se vê que a organização, agora, decorre mais do simbolismo, não se adotando tanto o formato ‘galeria de personagens’. A epígrafe é «_______» (‘Paz nos céus’), que corresponderá ao estado ideal conseguido com o profetizado Quinto Império.
Pelo índice, repara nas datas predominantes da elaboração dos poemas. Os poemas da primeira parte são quase todos posteriores a _____, ou deste exato ano. Os textos de «Mar Português» são maioritariamente de ____-____, a época do sidonismo. Finalmente, o ano mais representado na terceira parte é 1934 (precisamente, o ano da publicação de Mensagem, penúltimo da vida de Pessoa, quando o Estado Novo se implantava).

Vejamos a estrutura formal, em termos de versificação, de Mensagem.
Que tipo de estrofe predomina? {circunda os quatro tipos que consideres mais presentes, após folheares o livro sem grandes demoras} Dísticos, tercetos, quartetos ou quadras, quintilhas, sextilhas, sétimas, oitavas, nonas ou novenas, décimas, centésimas.
Os versos {escolhe} são brancos / têm rima / são amarelos.
O metro (o número de sílabas métricas) predominante deve ser o {escolhe} o monossílabo, dissílabo, trissílabo, tetrassílabo, pentassílabo (ou redondilha menor), hexassílabo, heptassílabo (ou redondilha maior), octossílabo, eneassílabo, decassílabo, hendecassílabo, dodecassílabo (alexandrino).
Outras curiosidades:
O único poema que não tem título é o terceiro aviso, que está na p. ____. É o único texto em que o assunto parece ser o próprio poeta.
O último verso de Mensagem é «____», seguindo-se-lhe a fórmula de despedida latina, «_____» (‘Saúde [Força, Felicidade], Irmãos’).
Regressando à tabela na outra folha, põe um visto ao lado dos poemas que estejam no nosso manual (pp. 204-225).
#
Toda a página 200 aborda a origem do título Mensagem (nas perspetivas de Fernando Pessoa, António Apolinário Lourenço e Robert Bréchon). Numa síntese com menos de cem palavras, dá-nos uma súmula da questão.
TPC (i) — E eu vou buscar ao ópio que consola
Um Oriente ao oriente do Oriente.
Álvaro de Campos, «Opiário», in Poesias, Ed. Ática
À dolorosa luz das grandes lâmpadas elétricas da fábrica
Tenho febre e escrevo.
Álvaro de Campos, «Ode Triunfal», in Poesias Heterónimos, Col. Mundo das Letras, Porto Editora
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimo, íssimo, íssimo,
Cansaço...
Álvaro de Campos, «O que há em mim é sobretudo cansaço», in op. cit.
Elabora uma nota de apresentação da obra de Álvaro de Campos (heterónimo de Fernando Pessoa), com cerca de 100 palavras, que pudesse figurar na contracapa de uma antologia de poesia deste autor, tendo como base a informação fundamental dos excertos transcritos em cima. (Na página seguinte, reproduzem-se quatro contracapas de edições de Mensagem, que servirão para teres ideia do género de nota de que se trata.)




(ii) — No manual, lê as pp. 200-201 e 203 e relanceia também o quadro nas pp. 202-203.

Aula 30 (25 [8.ª], 27 [1.ª], 28/out [5.ª], 2/nov [7.ª]) Para revermos a acentuação gráfica, ficam aqui uns exercícios tirados de Caderno de Atividades. 11.º ano. Projetos Desafios (Alexandre Dias Pinto, Carlota Miranda, Patrícia Nunes; Carnaxide, Santillana, 2011), pp. 38-39, a que fiz apenas pequenas adaptações:


Principais regras de acentuação gráfica

Têm acento gráfico...
Exemplos
1
Todas as esdrúxulas
último, monótono, América, melódico, influência.
2
Graves terminadas em <-l>, <-r>, <-n> e <-x>.
amável, difícil, túnel, açúcar, âmbar, abdómen, hífen, tórax.
3
Graves terminadas em <-i>, <-u>, vogal e ditongo nasais, seguidos ou não da letra <-s>
táxi, ténis, amáveis, bónus, ónus, órfã, órfãos, bênção.
4
Graves e agudas cuja vogal tónica seja um ou um precedida de outra vogal com a qual não forma ditongo.
atribuído, substituído, saúdo, país, caído, baú.
5
Agudas terminadas em <-a>, <-e>, <-o> ou ditongo aberto, seguidos ou não de <-s>.
má, guaraná, ananás, boné, avó, lençóis, papéis.
6
Agudas terminadas em <-em> e <-ens>, que tenham mais de uma sílaba.
também, alguém, ninguém, contém, parabéns, vinténs.
7
Palavras em que um acento grave assinala a crase (contração) da preposição «a» com artigos «a» e «as» ou com demonstrativos «aquele», «aquilo».
à, às, àquela, àquele, àquelas, àqueles, àquilo, àqueloutro

Entre as palavras que se seguem encontram-se algumas às quais faltam os acentos. Reescreve-as corretamente, colocando o acento no lugar certo, quando necessário.
ideia — ___; anil — ___; rubi — ____; excecional —____; assombro — ____; pacato — ____; tratado — ____; camara — ____; arco-iris — ____; estavel — ____; movel — ____; sofrivel — ____; elegancia — ____; pure — ____; peru — ____; capacitado — ____; mantem — ____; democratico — ____; po-lo — ____; saido — ____; saindo — ____; rainha — ____.

Indica a circunstância que leva a que se acentuem as palavras seguintes, usando os números (1 a 7) que identificavam no quadro cada regra.
respeitável — ___; influência — ___; porém — ___; saía — ___; boné — ___; húmus — ___; âmbar — ___; maracujá — ___; caracóis — ___; crítico — ___; às — ___.

De novo uns exercícios que roubo à sempre afável Nova Gramática didática de português (Carnaxide, Santillana, 2011), p. 146:

Como se falou em «rubi» e em «anéis», aproveitamos a letra de «A Paixão (segundo Nicolau da Viola)» (Rui Veloso, Mingos & Samurais, 1990).



 
Escreve a função sintática ao lado dos segmentos que fui sublinhando.

«A Paixão (segundo Nicolau da Viola)»
(Carlos Tê / Rui Veloso-Carlos Tê)
Tu eras aquela que eu mais queria
Para me dar algum conforto e companhia
Era só contigo que eu sonhava andar
Para todo o lado e até quem sabe talvez casar

Ai o que eu passei só por te amar
A saliva que eu gastei para te mudar
Mas esse teu mundo era mais forte do que eu
E nem com a força da música ele se moveu

Mesmo sabendo que não gostavas
Empenhei o meu anel de rubi
P'ra te levar ao concerto que havia no Rivoli

E era só a ti, que eu mais queria
Ao meu lado no concerto nesse dia
Juntos no escuro de mão dada a ouvir
Aquela música maluca sempre a subir
Mas tu não ficaste nem meia hora
Não fizeste um esforço p'ra gostar e foste embora

Contigo aprendi uma grande lição
Não se ama alguém que não ouve a mesma canção

Mesmo sabendo que não gostavas
Empenhei o meu anel de rubi
P'ra te levar ao concerto que havia no Rivoli

Foi nesse dia que percebi
Nada mais por nós havia a fazer
A minha paixão por ti era um lume
Que não tinha mais lenha por onde arder

Mesmo sabendo que não gostavas
Empenhei o meu anel de rubi
P'ra te levar ao concerto que havia no Rivoli
TPC — Lê o que está em Gaveta de Nuvens sobre regras de acentuação.

Aula 31-32 (27 [8.ª, 7.ª], 28/out [1.ª], 2/nov [5.ª]) A terminação mos da 1.ª pessoa do plural (andamos, andámos, andaremos, andámos, andávamos, andarmos, andaríamos) não é nenhum pronome, é um sufixo que nos dá informação sobre pessoa/número (dantes, chamávamos-lhe desinência pessoal) que integra a palavra. Não há, é claro, nenhum hífen a separá-lo do verbo.
Basta flexionarmos a forma verbal nas outras pessoas para termos a certeza de que é uma palavra única:
quando eu fizer
quando tu fizeres
quando ele fizer
quando nós _______
quando eles fizerem
É verdade que também há expressões com o pronome -mos (contração de me + os), que deverá ficar separado do verbo por um hífen. Exemplo: «Tens os lápis? Dá-______.»
Podes experimentar substituir pela 3.ª pessoa do complemento indireto (lhe): Dá-_____.
Podes substituir por um nome a parte do complemento direto: Dá-me os lápis.

É mais comum o pronome -nos. (E nota que não há nenhum sufixo nos, portanto nos depois de verbo será decerto -nos.) Este pronome nos pode ser complemento indireto ou direto: «Dá-nos o lápis.» / «Deixa-nos sozinhos»
É substituível por lhe ou por o: Dá-lhe o lápis. / Deixa-o sozinho.
Há ainda um outro pronome -nos, que resulta de -os estar a seguir a uma nasal e precisar de uma consoante de ligação:
«Comam os kínderes» pronominaliza-se assim: [*Comam-os] > ______
As formas do Pretérito Imperfeito do Conjuntivo terminam em asse, esse, isse (repara que são palavras graves, como se vê de o a e o e serem tónicos): andasse, comesse, partisse:
Para verificar que é uma forma verbal simples, flexiona-se:
se eu _________
se tu andasses
se ele ___________
se nós andássemos
se eles andassem
A diferença relativamente às formas (indeterminadas) com um pronome -se é notável pelo som (a ou e finais — mesmo seguidos de hífen — são átonos):
anda-se || _____________ || parte-se
Outro erro frequente relaciona-se com pronomes que estão em ênclise (portanto, depois dos verbos) depois de formas que terminavam em -r, -s, -z. Repara que a terminação do verbo cai (-r, -z, -s > Ø), passando o pronome a ter um l inicial (o, os, a, as > lo, los, la, las). 
Pronominalizemos o complemento direto:
Vou comer as castanhas. > Vou ______.
Tu bebes o leite com deleite. > Tu ______ com deleite.
Amália vai amar aquela mala. > Amália vai _______.
Fez o merdelim do tepecê. > _______.
Nota que, frequentemente, é preciso pôr acento gráfico na vogal antes do hífen.

Problemas mais sofisticados vêm da mesóclise (que se usa apenas com o Futuro e com o Condicional).
Pronominalizemos os complementos diretos:
Entornarei o vinho sobre o linho impecável da mesa. || _____ sobre o linho impecável da mesa.
Devoraria com gula trinta javalis meigos se tivesse dentes capazes. || _____ com gula se tivesse dentes capazes.
Amarão todas as moças bonitas do mundo. || _____.
Pontapearemos os dinossauros com charme. || _____ com charme.
Traríamos o passaporte dos duendes. || ____.
Diria o sermão. || ____.
Diluiria o diluente. || ____.
Corrijamos estas formas incorretas:
* Comerá-se bem neste talho. || _____ bem neste talho.
* Zangarias-te comigo. || ____ comigo.
* Veremos-vos no inferno. || ____ no inferno.
Complete-se, tendo em conta o que fica dentro dos parênteses:
Se eu _____ («Olhar» no Imperfeito do Conjuntivo) para cima, veria um céu toldado.
_____ («Olhar» na 3.ª pessoa do Presente do Indicativo e pronome de indeterminação) e vê-se só hipocrisia e penicos de prata.
Se _____ («Comer» na 1.ª pessoa do plural do Imperfeito do Conjuntivo) dicionários, não ficávamos com mais vocabulário.
Vês estas belas osgas? _____ (Imperativo de «Levar» + complemento direto pronominalizado) ao dentista.
Levamos as aulas muito a sério. _____ («Levar» na 1.ª pessoa do plural do Presente do Conjuntivo + complemento direto pronominalizado) mais a brincar.
Como alguém já disse, Álvaro de Campos é o «duplo extrovertido de Pessoa». As seguintes características encontram-se quer em poemas de Campos quer em muitos textos ortónimos:
Atitude de autoanálise
Tédio existencial
Inadaptação à vida
Evocação nostálgica da infância
Associação da inconsciência à felicidade
Oposição sonho-realidade
Dor de pensar
Na coluna à direita dos versos de «Tabacaria» (pp. 133-135), escreve a característica que cada um deles pode ilustrar (vá lá, não escrevas abreviadamente, escreve por extenso):

Versos de «Tabacaria»
Motivos Campos & Ortónimo
«Não sou nada. / Nunca serei nada. / Não posso querer ser nada.» (vv. 1-3)
Tédio existencial
«Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates. / Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria» (vv. 46-47)

«Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou? / Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!» (vv. 33-34)

«Fiz de mim o que não soube, / E o que podia fazer de mim não o fiz» (vv. 59-60)

«Falhei em tudo. / Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada» (vv. 25-26)

«Come chocolates, pequena» (v. 44)

«À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo» (v. 4)

«Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.» (v. 14)

«Não, não creio em mim» (v. 40)

«Se eu casasse com a filha da minha lavadeira / Talvez fosse feliz» (vv. 92-93)

«Estou hoje dividido entre a lealdade que devo / À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora, / E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro» (vv. 22-24)

«Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folhas de estanho, / Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida» (vv. 50-51)

«Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida» (v. 51)

«Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes» (v. 49)

«Na tabacaria» (p. 136) é um trecho de A máquina de fazer espanhóis, de Valter Hugo Mãe. Aí se alude a Pessoa e ao poema que acabámos de ver (e te pedira lesses em casa). Num comentário-síntese, explica como neste excerto de um romance se usou o poema de Álvaro de Campos. No teu texto terão de surgir estas sete expressões (sublinha-‑as depois; podem ficar no plural): sujeito poético, poeta, autor, escritor, narrador, personagem, protagonista.
TPC — Lê «Camões e Pessoa: cantores do Império» (p. 197); «Pessoa e o novo sonho português» (p. 199); «A organização simbólica de Mensagem» (p. 203).

Aula 33-34 (28/out [8.ª], 2 [1.ª], 3 [7.ª], 4/nov [5.ª]) Na p. 204 do manual, lê o poema «O dos castelos», o primeiro de Mensagem.
Resolve a pergunta 1.1 da mesma p. 204, acrescentando à resposta que se segue os topónimos (nomes de lugares) ou gentílicos (designações de povos) em falta.
1.1       A ______ é descrita no poema como se de uma figura feminina se tratasse. Assim, na descrição do continente europeu, corpo cujos braços são a ________ e a ________, sobressai a cabeça «cujo rosto é _______». Nessa cabeça, os cabelos são «românticos», sonhadores, toldam o rosto, adensando o mistério que envolve a figura. Os olhos são «________», marca da herança clássica e civilizacional que este atributo conota, e o olhar que deles se desprende é «esfíngico», indagador do desconhecido, e «fatal», pois a procura desse desconhecido é motivada pelo destino.
Responde à pergunta 1.2 (e lê a resposta que dou à pergunta 1.3).
1.2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .  . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .  . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .  . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
1.3 Portugal é o rosto da Europa que contempla o desconhecido. Ora, esse desconhecido é o Ocidente, o mar a desvendar para tornar possível o paradoxo de construir o «futuro do passado». É a Portugal que cabe, pois, a missão predestinada de construção do futuro.
Como se fez em 1.1, resolve a pergunta 2, acrescentando os nomes de lugares.
2. «O dos castelos» é _____, definido no poema como o rosto da _____, o olhar e guia da ____, ____ cujo brasão ostenta os castelos, referenciais do passado, mas cuja missão é a construção do futuro. Lembremos que este é o primeiro poema da primeira parte de Mensagem, que remete para a fundação da nacionalidade inscrita no brasão.
Vê agora, no terço inferior da p. 204, «Pós-leitura», que inclui duas estrofes do canto III dos Lusíadas, pouco depois do começo do discurso de Vasco da Gama ao Rei de Melinde. Responde à pergunta 1.1, completando o que já está lançado.
«Reino Lusitano» = ‘Portugal’ || «Phebo» = ‘Apolo, deus do Sol, da música e da poesia’, ‘Sol’ || «o torpe Mauritano» = ‘os torpes mouros’ || «deitando-o de si fora» = ‘expulsando-o do país’ || «ditosa» = ‘afortunada, feliz’ || «torne» = ‘regresse’ || «foi Lusitânia» = ‘chamou-se Lusitânia’ || «dirivado de Luso ou Lysa» = ‘[nome] derivado de Luso ou Lisa’ || «antão» = ‘então’
1.1 Tal como no poema «O dos castelos», de Mensagem, a estrofe 20 do Canto III de Os Lusíadas
. . . . . . .
A tinta, escreve um comentário ao poema de Pessoa. Usa algumas citações do próprio texto. Faz que surjam as expressões — que sublinharás — «sujeito poético», «ortónimo/a», «estrofe», «quarteto», «quadra», «verso», «dicotomia sentir/pensar».
Cansa sentir quando se pensa.
No ar da noite a madrugar
Há uma solidão imensa
Que tem por corpo o frio do ar.

Neste momento insone e triste
Em que não sei quem hei de ser,
Pesa-me o informe real que existe
Na noite antes de amanhecer.

Tudo isto me parece tudo.
Mas noite, frio, negror sem fim,
Mundo mudo, silêncio mudo —
Ah, nada é isto, nada é assim!
Fernando Pessoa, Poemas de Fernando Pessoa. 1931-1933, edição de Ivo Castro, Lisboa, INCM, 2004
insone = ‘que tem insónias, que não dorme’ || o informe real = ‘o real sem forma’ || negror = ‘escuridão’
TPCVai revendo assuntos de gramática que temos estudado; vai consultando também páginas do manual em torno do Pessoa que temos dado. (Na turma 5.ª, o tepecê inclui ainda a redação do comentário sobre «Cansa sentir quando se pensa».)

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