Aulas (1.º período, 1.ª parte: 1-34)
Aula 1-2 (15 [8.ª, 7.ª, 1.ª], 16/set [5.ª]) Sobre
o programa, estilo de trabalho, etc. (ver Apresentação).
Vai
lendo «Heróis de papel e tinta» (p. 13) e circundando a melhor alínea de cada
item. Pedia-te que não consultasses outras páginas do livro para além daquela
onde está o texto.
No
primeiro período, «último outono» (l. 1) significa
a) ‘presente outono’.
b) ‘outono recém-passado’.
c) ‘outono final’.
d) ‘outono chegado no final do pelotão’.
No
segundo período do primeiro parágrafo, «soprei» (3), «esvoaçava» (4),
«desafiando» (5) têm valor aspetual, respetivamente,
a) imperfetivo, pontual, imperfetivo.
b) perfetivo, imperfetivo, iterativo.
c) imperfetivo, perfetivo, perfetivo.
d) pontual, imperfetivo, imperfetivo.
«os
grandes protagonistas fazem as grandes histórias» (8) pretende assinalar que
a) os grandes autores são quem escreve as
grandes histórias.
b) o que é mais relevante numa narrativa são as
personagens.
c) as histórias é que fazem que os heróis
perdurem na memória de todos.
d) uma grande narrativa exige heróis marcantes.
Na
reprodução no manual, suprimiu-se o final do segundo parágrafo, o que fica
marcado com «[...]» (10). Na parte omitida estaria, provavelmente,
a) alusão a Miguel Cervantes, autor de Dom Quixote de La Mancha.
b) exemplo da prevalência de peripécias da
novela relativamente às características de Dom Quixote.
c) demonstração da importância do perfil das
personagens Quixote e Sancho.
d) menção de outros livros cujo enredo se tornou
mais inesquecível do que o protagonista.
No
terceiro parágrafo (11-20), defende-se que os super-heróis
a) podem ser exatamente como todas as pessoas
são.
b) se distinguirão por qualidades raras nos
homens normais, não deixando de ter algumas fraquezas comuns.
c) deverão possuir apenas virtudes (coragem,
anti-benfiquismo, lhaneza).
d) procurarão sempre ter os «collants»
impecáveis.
A
vírgula após «medos» (17) é
a) um erro, porque se segue uma oração
subordinada adjetiva relativa explicativa.
b) aceitável, porque a oração relativa que se
lhe segue pode ser restritiva ou explicativa.
c) aceitável, porque a oração subordinada que se
segue é explicativa.
d) um erro, porque se segue uma oração
subordinada adjetiva relativa restritiva.
O
referente do pronome anafórico «o» (l. 17) é
a) «o Super-Homem» (18).
b) «um herói» (14).
c) «leitor» (18).
d) «o carisma» (13).
Relativamente
a «Clark Kent» (22), as palavras «óculos» (25) e «collants» (19) podem considerar-se
a) holónimos.
b) hiperónimos.
c) hipónimos.
d) merónimos.
No
penúltimo período do quarto parágrafo, «desenfastia da ação» (27-28) é
substituível por
a) «impede o fastio que seria pisarmos cocós de
cão pastosos».
b) «altera o curso da narrativa».
c) «reforça os momentos nucleares da intriga».
d) «evita o cansaço de um enredo uniforme».
O
primeiro período do último parágrafo (31-32) permite depreender que o narrador
teria cerca de
a) vinte anos.
b) trinta anos.
c) quarenta e dois anos.
d) cinquenta e cinco anos.
O
advérbio «outrora» (32) refere o tempo
a) em que o narrador era adolescente.
b) da antiguidade clássica.
c) de hoje, em que permanece a admiração pelos
super-heróis.
d) correspondente ao último outono.
Diana
(34) é
a) a princesa Diana, tragicamente morta.
b) Diana Chaves.
c) a deusa da caca.
d) a deusa da caça.
Em
«amar os protagonistas dos livros é um direito do leitor» (35-36) a função
sintática de sujeito é desempenhada por
a) «amar os protagonistas dos livros».
b) «leitor».
c) «os protagonistas dos livros».
d) «direito do leitor».
Na
metáfora «passaporte para o sonho» (36), «passaporte» corresponde à expressão,
mais denotativa,
a) ‘password’.
b) ‘forma de aceder a’.
c) ‘cartão do cidadão’.
d) ‘modo de identificar’.
Em
«neste mundo demasiado real» (36-37), «real»
a) tem conotação meliorativa.
b) tem conotação pejorativa.
c) é denotativo.
d)
é hiperbólico.
O
texto que leste é
a) uma pequena memória, inscrevendo-se no modo
lírico e recorrendo sobretudo ao tipo textual instrucional.
b) uma crónica, recorrendo a tipos textuais
narrativo, expositivo e argumentativo.
c) um artigo de crítica literária,
inscrevendo-se no modo épico e no tipo preditivo expositivo.
d) um texto jornalístico, inscrevendo-se no modo
narrativo e no tipo textual conversacional.
Resolve o
exercício de correspondência que é o item 5 da p. 14:
a
= ___ | b = ___ | c = ___ | d = ___ | e = ___
Faz depois
também a pergunta 6 (pp. 14-15):
6.1.
___ | 6.2. ___ | 6.3. ___ | 6.4. ___ |
6.5 ___
Os dois quartetos de Fernando Pessoa no final da p.
23 («Esta espécie de loucura») têm forma quase tradicional (rima cruzada e
heptassílabos típicos das quadras populares), mas são também complexos no
exercício de auto-caracterização (a dicotomia pensar/sentir; a impossibilidade
da felicidade; o desconhecimento de si próprio). Com o mesmo formato
de quadra popular escreve uma estrofe (ou duas) sobre ti próprio, para figurar
na lapela da folha de caderneta que preencherás também.
TPC — Escreve o texto que te é pedido em 2
(e 2.1), na p. 12: «2.
Reflete sobre a pergunta colocada no decorrer do diálogo: ‘Qual é o seu herói?’.
|| 2.1. Apresenta a tua resposta à questão. Fundamenta as tuas afirmações com
argumentos pertinentes, ilustrados com exemplos significativos». Imponho eu este constrangimento
suplementar: não uses nunca formas do verbo «Ser». E não é permitido escolher
como herói os pais (mãe ou pai, e, aliás, quaisquer familiares), o professor de
Português (e, aliás, quaisquer professores da ESJGF), Cristiano Ronaldo, Messi,
Adel Taarabt, cotovelo de Slimani ou Bernardina (ex-Casa dos Segredos).
Aula 3-4 (16 [8.ª, 1.ª], 20/set [7.ª, 5.ª]) Correção
dos questionários de compreensão (ver Apresentação).
No
final da p. 336 e na p. 337 estão sintetizados os Valores temporais, aspetuais,
modais. Para as categorias tempo,
aspeto, modo (modalidade) concorrem a flexão, os verbos auxiliares,
informação lexical, advérbios e grupos preposicionais:
valores
temporais:
anterioridade («passado»), simultaneidade («presente»), posterioridade
(«futuro»);
valores
aspetuais:
perfetivo/imperfetivo; durativo/pontual, habitual, iterativo (além do
«não-aspeto» genérico e das situações estativas);
valores
modais:
de apreciação (modalidade apreciativa), de permissão/obrigação (modalidade
deôntica), de probabilidade-certeza (modalidade epistémica)
Nas
quadrículas, destaquei as expressões que conferem alguns dos valores citados.
Preencherás a lacuna com o valor que esteja em causa, como fiz na primeira
frase.
Em
folha solta, escreve uma resposta ao ponto 1./1.1. da p. 16 («Pós-leitura»).
Pretendo que, escolhida a estrofe do soneto, sejas bastante miúdo na explicação
dos poucos versos em causa. Inclui algumas citações do próprio texto. Copio a
referida pergunta da p. 16, para o caso de ainda não teres o manual:
1.
Lê com atenção o poema de Ary dos Santos que se segue, intitulado «Retrato do
Herói».
Herói é quem num muro branco inscreve
O fogo da palavra que o liberta:
Sangue do homem novo que diz povo
e morre devagar de morte certa.
Homem é quem anónimo por leve
lhe ser o nome próprio traz aberta
a alma à fome
fechado o corpo ao breve
instante em que a denúncia fica alerta.
Herói é quem morrendo perfilado
Não é santo
nem mártir nem soldado
Mas apenas
por último indefeso.
Homem é quem tombando apavorado
dá o sangue ao futuro e fica ileso
pois lutando apagado morre aceso.
SANTOS, José Carlos Ary,
1994. Obra Poética, Avante (7.ª ed.)
1.1.
Seleciona a estrofe do poema que, na tua opinião, apresenta a definição mais
expressiva de «herói». Fundamenta a tua escolha.
TPC — Em folha
solta, a caneta, escreve o texto pedido no item 3./3.1 da p. 16. Recopio-o,
para o caso de ainda não teres acesso ao livro. No final do teu texto, indica o
número de palavras.
3. Relê as frases finais da crónica de João de
Mancelos:
«Daniel Pennac afirmou
que amar os protagonistas dos livros é um direito do leitor. E constitui,
acrescento, o nosso passaporte para o sonho neste mundo demasiado real» (ll.
36-38).
3.1 Redige um texto, devidamente estruturado, com um
mínimo de duzentas e um máximo de trezentas palavras, em que apresentes uma
reflexão sobre a perspetiva apresentada na citação.
Fundamenta o teu ponto de vista, recorrendo, no
mínimo, a dois argumentos, e ilustra cada um deles com, pelo menos, um exemplo
significativo.
Aula 5 (20 [8.ª], 21 [7.ª], 22 [1.ª], 23/set
[5.ª]) [Foi pedida a resolução destes exercícios, intercalados com as
respetivas correções (ver Apresentação).]
Aspeto,
Modalidade
Preguiçosamente,
socorro-me destas perguntas da Nova
Gramática didática de português (Carnaxide, Santillana, 2011, p. 233).
Identifica
o valor aspetual (perfetivo, imperfetivo, iterativo, genérico).
Frase
|
Aspeto
|
Ele
acabou de redigir a ata da reunião da Associação de Estudantes.
|
|
A
Tânia anda a ler muita literatura alemã.
|
|
Vou
ao cinema todos os sábados.
|
|
Nem
todas as bandas de rock são famosas.
|
|
Ela
andava tão feliz!
|
|
O
Rafael gritou quando ouviu um estrondo.
|
|
O
exercício faz bem à saúde.
|
|
Chegas
sistematicamente atrasado!
|
Refere o tipo de
modalidade (epistémica, deôntica, apreciativa) expresso em cada um dos enunciados que se seguem.
Enunciado
|
Modalidade
|
Provavelmente,
a Matilde não chega a horas.
|
|
Que
vestido maravilhoso!
|
|
Termina
essa tarefa!
|
|
Podes
terminar o trabalho na próxima aula.
|
|
Podes
ter escrito isso, mas eu não vi a tua mensagem.
|
|
Eles
devem chegar amanhã
|
|
Felizmente
tenho férias para a semana.
|
|
Podes
ir para o teu quarto.
|
Algumas
destas afirmações sobre a modalidade são falsas. Identifica-as e procede à sua
correção.
A — A modalidade deôntica
está relacionada com o domínio da obrigação e da permissão.
B — A modalidade apreciativa está diretamente
ligada à incerteza.
C — A modalidade nunca pode estar associada ao
uso de adjetivos.
Hiperónimos,
Hipónimos, Holónimos, Merónimos
Depois
de vermos «Super de origem» (série Lopes da Silva), completa, consoante o caso,
com o nome em falta (entre aspas) ou com um dos seguintes termos: hiperónimo, hipónimo, holónimo, merónimo, co-hipónimo, co-merónimo.
«Costureirinha Maravilha», «Super de Origem»,
«Clark Kent» são _____, porque têm um hiperónimo comum, «Super-herói(s)».
«Aileron», «Aventais», «Subwoofers», «Jantes»
podem ter como seu _____ «acessório(s) de automóvel».
«Tuning» será hipónimo de «_______»
Talvez um pouco forçadamente, «Barbinha» pode
ser considerado ______ de «adepto de tuning».
«Carro» é _______ de «jante».
«____» — tirado ao adepto de tuning — é hipónimo de «chapéu».
«fatiota», relativamente a «touca» ou «emblema
SO», é holónimo, sendo estes últimos, portanto, _______.
«tesoura», «dedal» serão ______ de «utensílio de
costura».
De
novo me socorro da Nova Gramática
didática de português (Carnaxide, Santillana, 2011), pp. 218-219, para umas
últimas revisões acerca de holonímia, meronímia, hiperonímia,
hiponímia:
Encontra
diferentes hipónimos para os hiperónimos apresentados.
hiperónimo
|
hipónimos
|
||||
flor
|
|||||
grau de parentesco
|
|||||
peixe
|
|||||
cor
|
No
quadro que se segue, encontras vários hipónimos que pertencem a um mesmo
hiperónimo. Elimina, barrando-o, o intruso de cada grupo e descobre o
hiperónimo correspondente.
hipónimos
|
hiperónimo
|
gato,
golfinho, andorinha, gildias, baleia
|
|
avião,
teatro, autocarro, bicicleta, automóvel
|
|
Terra,
Vénus, Zeus, Jorge Jesus, Hades
|
|
enciclopédia, dicionário, romance, prontuário, gramática
|
|
médico,
jornalista, pai, professor, pedreiro
|
|
morango,
tarantini, banana, laranja, pêssego
|
|
banco,
televisão, leitor de CD, micro-ondas, frigorífico
|
Refere possíveis
merónimos do holónimo «livro».
__________________
Descobre um
holónimo para cada conjunto de palavras apresentado.
Raiz,
caule, folha, ramo, fruto — _________
Telhas,
tijolos, paredes, janelas, portas — _________
Palco,
plateia, cadeiras, balcão, cortina — _________
Capa,
contracapa, lombada, folhas, introdução — _________
Guelras,
barbatanas, escamas, espinhas, boca — _________
Teclado,
rato, monitor, leitor de CD, cabo de alimentação — _________
Cabeça,
pé, braço, perna, costas — ________
TPC — Em Gaveta
de Nuvens, aqui, lê a carta de Fernando Pessoa a Adolfo Casais Monteiro sobre a
génese dos heterónimos, escrita pelo poeta no último ano de vida, 1935. No
manual, nas pp. 69-71, há uma versão bastante cortada desta carta, mas preferia
que relanceasses também a versão completa. (Se não o fizeste o ano passado,
aproveita para ler o que está aqui acerca de ‘tempo, aspeto, modalidade’,
a reprodução de quatro páginas de uma boa gramática.)
Aula 6-7 (21 [1.ª, 5.ª], 22/set [8.ª, 7.ª]) Correção
de redações e código de correção (ver
Apresentação).
Na
metade inferior da p. 22, lê o trecho de Miguel Torga sobre Pessoa («Fernando
Pessoa»).
É
um ensaio com bastante linguagem figurada. Troca as expressões que ponho a
seguir por correspondentes mais denotativos. Além de procurares que o teu
segmento tenha o exato sentido da expressão original (conotativa), deves
verificar se, uma vez inserido no texto, o segmento ficaria viável em termos de
sintaxe.
é um caso à parte, que o presente aceita
já como grandeza sem par, e o futuro há de avolumar ainda
|
é
um caso à parte,
|
Rosa
dos ventos com antenas em todas as direções,
|
|
a sua pena é uma agulha de
sismógrafo, sensível e científica
|
a
sua
|
Entrou
a disciplina no Parnaso
|
|
através de uma poesia que se recusa a ensinar
|
através
de uma poesia
|
que diz para dentro,
|
que
|
que se abstém o mais que
pode dos ruídos da rima
|
que
|
e do hipnotismo da
eloquência
|
e
|
é uma presença que baliza
uma época
|
é
|
Ao ouvires a entrevista de Artur Carvalho a Inês Pedrosa, vai resolvendo 1.1. da p. 24:
1.1.1
a. | b. | c.
1.1.2. a. | b. | c.
1.1.3. a. | b. | c.
1.1.4.
a. | b. | c.
1.1.5.
a. | b. | c.
E, depois, 1.2:
a.
__
b.
__
c.
__
d.
__
Os versos de Pessoa
citados pelo entrevistador são os dísticos inicial e final deste poema de 23 de
maio de 1932:
A morte é a curva da estrada,
Morrer é só não ser visto.
Se escuto, eu te oiço a passada
Existir como eu existo.
A terra é feita de céu.
A mentira não tem ninho.
Nunca ninguém se perdeu.
Tudo é verdade e caminho.
Fernando Pessoa, Poemas de Fernando Pessoa. 1931-1933, ed. Ivo Castro, Lisboa, INCM,
2004
Quanto à ode de Ricardo Reis («Para ser grande, sê inteiro:
nada»), é o texto A da p. 109:
Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu
exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No
mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha,
porque alta vive.
Fernando Pessoa, Poemas de Ricardo Reis, ed. Luiz Fagundes Duarte, Lisboa, INCM, 1994
A
frase quase proverbial também citada por Inês Pedrosa («Tudo vale a pena se a
alma não é pequena») está no início da segunda sextilha de «Mar Português»
(poema que terás estudado no 9.º ano e que pertence a Mensagem). No manual do 12.º ano: p. 218.
Mar Português
Ó
mar salgado, quanto do teu sal
São
lágrimas de Portugal!
Por
te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos
filhos em vão rezaram!
Quantas
noivas ficaram por casar
Para
que fosses nosso, ó mar!
Valeu
a pena? Tudo vale a pena
Se
a alma não é pequena.
Quem
quer passar além do Bojador
Tem
que passar além da dor.
Deus
ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas
nele é que espelhou o céu.
Fernando Pessoa, Mensagem, 10.ª ed., Lisboa, Ática, 1972
[Depois de mostrados no ecrã exemplos de poesia
visual. ] Alguns poetas modernistas e
futuristas foram atraídos pela poesia visual, caligramática ou não. Por
aproximação à representação de um referente ou por alusão menos direta, escreve
tu um texto em que os efeitos visuais tenham alguma relevância.
TPC — Em Gaveta
de Nuvens, aqui, relanceia a matéria sobre ‘hiperónimos e hipónimos;
holónimos e merónimos’ (na secção 6.3.2, pp. 208-209, das folhas de gramática
reproduzidas sob o título ‘Conotação, denotação; polissemia; homonímia;
relações semânticas entre palavras’).
Aula 8-9 (23 [8.ª, 1.ª], 27/set [7.ª, 5.ª]) Debruça-te
sobre o poema na p. 44 — «Ela canta, pobre ceifeira», de Fernando Pessoa.
Completa as lacunas nas respostas que se seguem.
[Sobre
as três primeiras estrofes (1-3), em
que o poeta se detém na ceifeira]
Como caracteriza o poeta o canto da
ceifeira?
O canto da ceifeira
brota de uma voz simultaneamente alegre e ____, é suave e musical como um ______.
Que recursos estilísticos melhor
contribuem para essa caracterização?
A
expressão «a sua voz, cheia / de
alegre e anónima viuvez» (vv. 3-4) contém uma dupla ______ e um paradoxo
expressivos; igualmente significante é a metáfora «_____» (v. 5).
A «pobre ceifeira» canta, «julgando-se
feliz» (1-2). Explica o efeito semântico da anteposição do adjetivo «pobre» ao
nome «ceifeira».
O adjetivo «pobre», anteposto ao
substantivo «ceifeira», expressa
a apreciação {escolhe} subjetiva/objetiva
que o sujeito poético faz da mulher — ‘pobre’, porque não sabe. Se o mesmo adjetivo
estivesse colocado depois do substantivo, indicaria a condição social da ceifeira
(e teria então o seu valor {escolhe}
conotativo/denotativo).
O que sente o poeta ao ouvir o canto?
Ao ouvir o canto, o
poeta sente-se, paradoxalmente, _____ e _____.
[Sobre as três estrofes finais (4-6), em que o
poeta se passa a analisar a si próprio]
«Ah,
canta, canta sem razão! / O que em mim sente ‘stá pensando»» (vv. 13/14).
Mostra como estes versos exprimem a antítese ceifeira/poeta (sentir/pensar).
A ceifeira canta «sem
razão», isto é, sem pensar. Pelo contrário, o sujeito poético, que sente
tristeza e alegria ao ouvir o canto, pensa no que sente, não consegue sentir
sem ______. Nele, a sensação converte-se em ______, intelectualiza-se.
Explicita
a ambição paradoxal que o poeta expressa no final do poema.
O
poeta gostaria de ser a ceifeira com a sua «alegre inconsciência», o que é o mesmo que dizer que
gostaria de sentir sem pensar, mas gostaria, simultaneamente, de ser ele mesmo,
de ter a consciência de ser ________. O que o poeta deseja, afinal, é unir o
sentir ao ______.
«A
ciência / pesa tanto e a vida é tão breve!» (vv. 20-21). Que sentimentos o
poeta exprime com esta afirmação?
É com tristeza e desolação que o poeta
afirma a consciência que tem do peso da ciência, do pensamento, que impede que
a vida, que é tão breve, seja vivida inconsciente e ______.
Identifica
o desejo que o poeta expressa no final do poema (vv. 19-24).
No final do poema, o
poeta exprime o desejo de se deixar invadir e conduzir pelas sensações
despertadas pela ______ — o céu, o campo — e pelo canto da ceifeira. Este
desejo de sentir equivale ao desejo de não ______.
Na
p. 45, resolve a pergunta 1:
a. = ___
b. = ___
c. = ___
d. = ___
e. = ___
f. = ___
E
a pergunta 2:
a. = ___
b. = ___
c. = ___
d. = ___
e. = ___
f. = ___
g. = ___
Veremos um sketch com ceifeiras (série Barbosa) que nos mostra um «mundo ao
contrário» do de Pessoa. A genuinidade das ceifeiras é aqui procurada por um
jornalista que, se não lhes inveja a inocência, pelo menos acredita na sua
espontaneidade, que pretende aproveitar numa reportagem «etnográfica». Esta
presunção de superioridade — o jornalista crê ser mais racional do que a boa
gente do campo, que julga submissa — vai ser beliscada pela progressiva
revelação das alegadas simples mulheres rústicas.
Passa ao poema, também do Pessoa
ortónimo, «Gato que brincas na rua» (na metade inferior da p. 42). [Porei no
quadro o que pretendo faças com ele.]
Estabelece a relação entre os dois textos («Gato que brincas na rua» e
«Ela canta, pobre ceifeira»), no que diz respeito ao desejo impossível expresso
em ambos — compatibilizar o sentir e o pensar. Inclui umas duas ou três
citações de «Gato que brincas na rua». Usa setenta a cem palavras. A caneta.
TPC — Em folha solta, em cem a cento e vinte
palavras, redige o texto pedido em «Escrita», 1, p. 43 («Redige um texto, de
cem a cento e vinte palavras, no qual compares o poema “Gato que brincas na
rua” com o texto abaixo, de Vasco Graça Moura [«um gato de lisboa»] [...]»).
Aula 10 (27 [8.ª], 28 [7.ª], 29 [1.ª], 30/set
[5.ª]) Correção (cópia) de comparação «Gato que brincas na rua» e «Ela canta,
pobre ceifeira».
Critérios
de avaliação em Português.
Abre
o manual na p. 346, na parte final da secção sobre coesão e coerência,
mas centrando-te nesta última (a coesão textual já a estudámos o ano passado).
Coesão e Coerência textuais
Coesão textual
coesão gramatical
coesão frásica:
ordenação
das palavras e funções sintáticas; concordância; regências.
coesão interfrásica:
mecanismos
de coordenação ou subordinação; conectores; pontuação.
coesão temporo-aspetual:
correlação
de modos e tempos verbais; advérbios e expressões preposicionais com valor
temporal; articuladores indicadores de ordenação; datas e outras marcas
temporais.
coesão referencial:
recurso a
anáforas, catáforas, elipses; deíticos.
coesão lexical:
uso de
repetições; sinonímia; antonímia; hiperonímia, hiponímia; holonímia, meronímia.
Coerência textual
coerência lógico-conceptual
observa
três princípios:
princípio da não contradição:
não deve
haver a afirmação de uma ideia e, em simultâneo, o seu oposto.
princípio da não tautologia ou nãoredundância:
as ideias
não devem ser repetidas.
princípio da relevância:
as ideias
devem estar relacionadas com a temática do texto.
coerência pragmático-funcional
versa a
relação texto-situação.
A
violação dos princípios em que assenta a coerência textual terá como
consequência a incompreensão ou a surpresa pela falta de sentido do que se lê.
No entanto, podem as infrações à coerência textual serem propositadas, ou para
se inovar em termos literários ou para se obterem efeitos humorísticos.
Correntes literárias como a surrealista (mas também os autores modernistas,
como Pessoa) aproveitaram frequentemente o inesperado dessas quebras da lógica
do texto.
Recurso
constante dos Gato Fedorento são as beliscaduras na coerência. Preenche as
quadrículas com os títulos dos sketches
(em geral, da série Barbosa):
Deputado
dirige-se à assembleia / Homem que repete frases do Sandokan / Qual papel? /Homem
que começa todas as respostas com a palavra ‘não’ / Estenógrafo fadista /
Super-irritante
TPC — Em Gaveta de Nuvens, lê as reproduções de
páginas de uma gramática sobre ‘Coerência [e coesão textual]’.
Aula 11-12 (28 [1.ª/5.ª], 29/set [8.ª, 7.ª])
Correção de escritos que se devolviam (dissertação; ver Apresentação).
Em
«Quase anónima sorris» (p. 44) há uma falha de coesão frásica (justificada pela
intenção de fazer rima e pelo estatuto, entre o da imitação de quadra popular e
o da brincadeira assumida, que tem este quarteto). Reescreve o último verso já
corrigido:
v. 3 Porque é que, pr’a ser feliz,
v. 4 ______________
O
que faz que o pronome («__») tenha de ficar anteposto ao verbo (o infinitivo
«saber») é o facto de a frase ser ________.
Vejamos
algumas circunstâncias que obrigam à alteração da ordem mais normal no
português europeu (a da {escolhe}
próclise / mesóclise / ênclise): estar a frase na negativa, ficar o pronome numa subordinada
completiva, tratar-se da variante
sul-americana do português, ter a frase certos advérbios. Completa a coluna da direita:
Stora, por favor, dê-mo.
|
negativa >
|
Stora, por favor, não ___.
|
Comprei-o.
|
subordinação
completiva
>
|
Já te disse que ___.
|
Minas revela-se linda.
|
variante
brasileira
>
|
Minas ___ linda, né.
|
Registo-o.
|
presença
de certos advérbios >
|
Talvez ___.
|
Dístico
Ó meu menino que brincas
o dia todo na rua
e ainda pensas que a Vida
é só a vida que é tua,
fica lá no teu engano.
Não perguntes, não te apresses.
Sobra tempo pra saberes
coisas que antes não soubesses.
Sebastião
da Gama, Itinerário Paralelo, Mem Martins,
Arrábida, 2004
Responde
ou completa a resposta já esboçada.
Estabelece
analogias entre «Dístico», de Sebastião da Gama, e «Gato que brincas na rua»
(p. 42), de Fernando Pessoa.
O tema de «Dístico», de Sebastião da Gama, é
quase o mesmo do do poema de Pessoa «Gato que brincas na rua» — também aqui o
sujeito poético se dirige a . . . . . . . . . . . . —, mas a perspetiva é diferente: . . . . . . .
. . . . . . .
Qual
é o vocativo da quintilha? Faltará alguma vírgula?
. . . . . .
Explica
o título «Dístico» (sabendo que não se trata de uma estrofe de dois versos, um
dos significados da palavra).
. . . . .
Cria
um título, também de uma só palavra, para «Gato que brincas na rua» (não, não
pode ser «Gato»; nem «Brincadeira», nem «Rua», nem «Que»).
. . . . .
TPC — Escreve o comentário pedido no item 2
da p. 46 (o 2.º parágrafo serão as ll. 11-17).
Aula 13-14 (30/set [8.ª, 1.ª], 4/out [7.ª, 5.ª]) Nas
pp. 69-71, vai relendo o excerto da carta de Pessoa a Adolfo Casais Monteiro
cuja versão integral te pedira lesses num destes tepecês. (O questionário,
ainda assim, tratará apenas das partes da carta que vêm no manual.) Circunda em
cada item a melhor alínea.
Os
protótipos textuais mais presentes neste excerto de carta são
a) descritivo, expositivo, instrucional.
b) conversacional, argumentativo, instrucional.
c) descritivo, narrativo, injuntivo.
d) expositivo, argumentativo, narrativo.
Como
acontece habitualmente em textos do género epistolar, a seguir à data («Lisboa,
13 de janeiro de 1935») surge um
a) sujeito (correspondente ao sujeito poético).
b) sujeito (equivalente a Adolfo Casais
Monteiro).
c) vocativo (correspondente ao remetente).
d) vocativo (correspondente ao correspondente de
Pessoa).
Pessoa
considera que a propensão para a criação heteronímica
a) não radica em características mentais.
b) se deve a uma tendência para a
despersonalização e o fingimento.
c) foi exclusivamente casual.
d) foi consequência de trauma após pisadela de
cocó de cão.
O
Chevalier de Pas foi
a) o primeiro heterónimo de Pessoa, escrevendo
poemas de índole pagã.
b) o futuro Ricardo Reis.
c) um ortónimo.
d) uma primeira experiência de quase heterónimo,
aos seis anos.
O
heterónimo que Pessoa considera ser mestre de todos os outros (e até do
ortónimo) é
a) Álvaro de Campos.
b) Chevalier de Pas.
c) Ricardo
Reis.
d) Alberto Caeiro.
Pessoa
considera que os poemas de Álvaro de Campos
a) são um alarme para a vizinhança.
b) não são um alarme para a vizinhança.
c) foram escritos por 1912.
d) são histéricos.
O
poeta bucólico que Pessoa resolvera criar para fazer partida a Mário de
Sá-Carneiro foi
a) Álvaro de Campos.
b) Bernardo Soares.
c) Alberto Caeiro.
d) Ricardo
Reis.
O
heterónimo Ricardo Reis foi criado por Pessoa
em
a) 1914.
b) 1935.
c) 1910.
d) 1887.
O
surgimento de Álvaro de Campos é-nos descrito como momento
a) calmo.
b) vertiginoso.
c) demorado.
d) planeado.
À
época da enunciação — a da escrita da carta —, ainda estavam vivos
a) Caeiro, Campos, Reis.
b) Campos e Reis.
c) Reis e Caeiro.
d) Caeiro e Campos.
Os
dois heterónimos de Pessoa que aprenderam latim foram
a) Alberto Caeiro e Ricardo
Reis.
b) Ricardo Reis
e Álvaro de Campos.
c) Alberto Caeiro e Bernardo Soares.
d) Álvaro de Campos e Alberto Caeiro.
As
formações de Caeiro, Campos e Reis, eram, respetivamente,
a) CEF de pastor; pintura; línguas clássicas.
b) ensino secundário; engenharia naval; medicina
dentária.
c) instrução primária; engenharia; medicina.
d) estilismo; datilografia; genealogia.
A
«Ode triunfal», de Álvaro de Campos, foi escrita
a) num avião a jato.
b) em 1914.
c) em Tavira.
d) no Brasil.
O
«Opiário»
a) foi escrito em latim.
b) foi inspirado por viagem ao Oriente.
c) é um poema de férias.
d) foi inspirado por ida ao Parque das Nações.
Agora,
lê também a tábua bibliográfica, na p. 68, escrita por Pessoa uns sete anos
antes.
Para
Pessoa, Álvaro de Campos, «sensacionista», foi influenciado
a) por Alberto Caeiro, sobretudo, e por Walt Whitman.
b) por Walt Whitman, sobretudo, e por Alberto
Caeiro.
c) por Ricardo Reis.
d) pelo lado intelectual e pagão de Reis.
Segundo
o que se depreende da «Tábua bibliográfica», Álvaro de Campos seria
a) o heterónimo mais diferente do ortónimo.
b) quem subscreveu textos mais polémicos e
vanguardistas.
c) o mais irritadiço dos heterónimos.
d) o menos emotivo dos heterónimos.
(Se
tiveres sido dos mais rápidos, nas pp. 112-113, relanceia «Eu, Álvaro de
Campos».)
Resolve
o ponto 1 da p. 114: a.
__ | b. __ | c. __ | d. __ | e. __.
Opiário
Ao senhor Mário de
Sá-Carneiro
É antes do ópio que a minh’alma é doente.
Sentir a vida convalesce e estiola
E eu vou buscar ao ópio que consola
Um Oriente ao oriente do Oriente.
Esta vida de bordo há-de matar-me.
São dias só de febre na cabeça
E, por mais que procure até que adoeça,
Já não encontro a mola p’ra adaptar-me.
Em paradoxo e incompetência astral
Eu vivo a vincos de ouro a minha vida,
Onda onde o pundonor é uma descida
E os próprios gozos gânglios do meu mal.
É por um mecanismo de desastres,
Uma engrenagem com volantes falsos,
Que passo entre visões de cadafalsos
Num jardim onde há flores no ar, sem hastes.
Vou cambaleando através do lavor
Duma vida-interior de renda e laca.
Tenho a impressão de ter em casa a faca
Com que foi degolado o Precursor.
Ando expiando um crime numa mala,
Que um avô meu cometeu por requinte.
Tenho os nervos na forca, vinte a vinte,
E caí no ópio como numa vala.
Ao toque adormecido da morfina
Perco-me em transparências latejantes
E numa noite cheia de brilhantes
Ergue-se a lua como a minha Sina.
Eu, que fui sempre um mau estudante, agora
Não faço mais que ver o navio ir
Pelo canal de Suez a conduzir
A minha vida, cânfora na aurora.
Perdi os dias que já aproveitara.
Trabalhei para ter só o cansaço
Que é hoje em mim uma espécie de braço
Que ao meu pescoço me sufoca e ampara.
E fui criança como toda a gente.
Nasci numa província portuguesa
E tenho conhecido gente inglesa
Que diz que eu sei inglês perfeitamente.
Gostava de ter poemas e novelas
Publicados por Plon e no Mércure,
Mas é impossível que esta vida dure,
Se nesta viagem nem houve procelas!
A vida a bordo é uma coisa triste,
Embora a gente se divirta às vezes.
Falo com alemães, suecos e ingleses
E a minha mágoa de viver persiste.
[...]
Eu fingi que estudei engenharia.
Vivi na Escócia. Visitei a Irlanda.
Meu coração é uma avozinha que anda
Pedindo esmola às portas da Alegria.
Não chegues a Port-Said, navio de ferro!
Volta à direita, nem eu sei para onde.
Passo os dias no smoking-room com o conde —
Um escroc
francês, conde de fim de enterro.
Volto à Europa descontente, e em sortes
De vir a ser um poeta sonambólico.
Eu sou monárquico mas não católico
E gostava de ser as coisas fortes.
Gostava de ter crenças e dinheiro,
Ser vária gente insípida que vi.
Hoje, afinal, não sou senão, aqui,
Num navio qualquer um passageiro.
[...]
[excertos de:] Álvaro de Campos, «Opiário», Fernando Pessoa, Poesia
dos outros eus, edição de Richard Zenith, Lisboa, Assírio & Alvim,
2007.
Resolve
o ponto 3. da p. 115 (com os conectores apropriados, preenche as lacunas de «O
estatuto especial de Álvaro de Campos»): 1 = ___ | 2 = ___ | 3 = ___ 4 = ___ | 5 = ___ |
6 = ___ 7 = ___ | 8 = ___ | 9 = ___ | 10 = ___ | 11 = ___ | 12 = ___
Cria a biografia de um (ou dois) heterónimo(s)
teu(s). Dessa nota biográfica, na 3.ª pessoa (e sem intromissões de 1.ª),
constará nome, data de nascimento, naturalidade, formação, aspetos da vida
social, referências à obra escrita, tudo isto num texto corrido, narrativo, ao
estilo do que vemos na p. 71 (ll. 58-80).
TPC — Lê «Um Campos diferente» (p. 124).
Depois, lê também o texto de Campos «Tenho uma grande constipação». Em folha
que me possas entregar, responde ao ponto 7 da p. 123. Não esqueças a parte dos
dois argumentos e escreve acabadamente (e não, não quero «Constipação» nem «Um
lenço cheio de ranho»).
Aula 15 (4 [8.ª], 6 [1.ª], 7 [5.ª], 12/out [7.ª])
Correção do tepecê de comparação entre «Gato que brincas na rua», de Pessoa, e «um
gato de lisboa», de Vasco Graça Moura:
Entre «Gato que brincas na rua» e «um gato de
lisboa», observam-se logo semelhanças de ordem formal. Ambos se socorrem de
quadras, de redondilha maior e rima cruzada. No mesmo primeiro olhar, se vê
porém que o poema de Graça Moura tem mais duas estrofes e título. Vale a pena
atentar neste título. Através do artigo indefinido e do topónimo fixa-se a
figura do gato como integrante de um cenário, muito mais detalhado do que o da
abstrata rua do seu ascendente. No caso desse gato inspirador — linhagem
reconhecida em «nunca leste o pessoa» —, não temos mais elementos contextuais
do que a rua, porque o que interessa é o sujeito poético, de quem o animal é
apenas contraponto; o outro é uma figura da cidade, do bairro, que aliás parece
substituir o «eu» como foco principal. Dir-se-á que, sendo o gato, tal como o
do poema de Pessoa, o destinatário gramatical, são mais importantes «velhotas»,
«gaivotas», «pregão», «lotas», enfim, «lisboa».
Na
coluna à direita, escreve o nome do princípio infringido (não tautologia; não contradição;
relevância) — todos de ordem
lógico-conceptual — ou assinala, se for esta a afetada, coerência pragmático-funcional. Se a coerência textual não
estiver prejudicada, nada escrevas. (Para o caso de ser necessário, vê o
esquema em baixo.)
Trecho
(que infringe...
|
princípio
de... ou área)
|
Na última quadra o poeta conclui o poema.
|
|
O maneta foi à manicura para tratar das suas
dez belas unhas de gel.
|
|
Sob o sol da meia-noite, o cego lia um jornal
sem letras.
|
|
O poema é constituído por quadras. A esse tipo
de estrofes chamamos quartetos.
|
|
Os três mosqueteiros eram quatro.
|
|
Não choveu, porque houve seca.
|
|
Segundo Pennac, com efeito, «os leitores têm o
direito de amar os protagonistas dos livros». [Pouco depois do enunciado da pergunta respetiva.]
|
Não tautologia
|
[A meio
de um comentário a um texto, opiniões próprias sobre o mesmo assunto ou
paralelos com a vida corrente.]
|
|
Exmo. senhor Diretor de Finanças. | O
requerente vem informar que está chateado com a situação criada pelo art.º 3,
do decreto 45678, de 31 de março. Ainda falou com a sua querida Belinha ontem
sobre o mesmo assunto.
|
|
Ganhámos, mas é preciso é levantar a cabeça e
continuar a trabalhar.
|
Coerência textual
coerência lógico-conceptual
observa
três princípios:
princípio da não-contradição:
não deve
haver a afirmação de uma ideia e, em simultâneo, o seu oposto.
princípio da não-tautologia ou não-redundância:
as ideias
não devem ser repetidas.
princípio da relevância:
as ideias
devem estar relacionadas com a temática do texto.
coerência pragmático-funcional
versa a
relação texto-situação.
Os
dois itens seguintes — sobre pontuação — copiei-os de Desafios. Português. 11.º ano. Caderno de
Atividades (de Alexandre Dias Pinto, Carlota Miranda, Patrícia Nunes;
Carnaxide, Santillana, 2011), alterando apenas alguns nomes próprios.
Associa
cada frase de A à única hipótese da
coluna B que permite obter uma
afirmação correta.
A
a) Na frase «O Irondino, o Sancho e o Gualter
foram a Braga.», usa-se a vírgula para...
b) Na frase «O Mário nunca, nunca chega a
horas.», usa-se a vírgula para...
c) Na frase «Camões, príncipe dos poetas, viveu
no século XVI.», usa-se a vírgula para...
d) Na frase «O Gustavo anda a ler Fernando
Pessoa e eu, um romance de Saramago.», usa-se a vírgula para...
e) Na frase «Tu, Jorge, vais ao Porto esta
semana.», usa-se a vírgula para...
f) Na frase «Ele era, dizia-se, um bom
jardineiro.», usa-se a vírgula para...
g) Na frase «Se fores a Londres, visita o Museu
Britânico.», usa-se a vírgula para...
h) Na frase «Os alunos, que faltaram à aula,
ficaram a estudar para o teste.», usa-se a vírgula para...
B
1. isolar as orações
subordinadas relativas explicativas.
2. isolar o modificador
apositivo.
3. separar elementos com
a mesma função sintática.
4. indicar a supressão
de uma palavra, geralmente o verbo.
5. separar a oração
subordinada adverbial que ocorre antes da oração principal.
6. isolar o vocativo.
7. separar uma oração
intercalada.
8. separar os elementos repetidos.
Assinala
e corrige os erros de pontuação presentes nas frases seguintes e explica a
razão das incorreções.
a) O Saul comprou, uma casa junto ao mar.
b) — Ó Mateus que horas são?
c) — Quem é aquela senhora.
d) A Agostinha disse. Vou para a escola.
e) Se voltas a ter esse tipo de comportamento.
f) Socorro. Estou preso aqui dentro.
g) O Hélio o Alberto e o Zuzarte compraram
tostas queijo e fiambre.
Aproveito
uns exercícios sobre Coesão textual tirados da Nova Gramática didática de português (Carnaxide,
Santillana, 2011), pp. 306-307, em que introduzi pouquíssimas reformulações:
1.
Lê o texto e repara nas formas que dizem respeito aos «dinossauros». Em baixo,
completa os itens, referindo qual é a relação entre aquelas formas e
dinossauros, determinando ainda se o seu uso corresponde a um mecanismo de coesão
lexical ou de coesão referencial.
Os
Dinossauros
Em tempos, já houve a «mania dos dinossauros».
Então, toda a gente adorava esses monstros e não parava de dizer
«— Que seres fantásticos!»,
que os peluches desses répteis
eram «queridos», «fofinhos» e mais uma série de inutilidades.
Pergunto-me: o que é que se achou de tão
espetacular nesses bichos? Eles são feios até dizer basta
e, ainda por cima, estão extintos. Em vez de se adorar tais criaturas, porque não se olha
para espécies em vias de extinção? Pensemos no Tamagochi, no Marega e em tantas
outras coisas pelas quais muitas pessoas perderam a cabeça. Agora, estão
esquecidos nos armários ou mesmo «extintos de brincadeiras». Os dinossauros foram pelo mesmo
caminho...
Enfim, foram febres da nossa sociedade que já
passaram e que deram muitos lucros, que é o que parece interessar!
a) «monstros» — substituição por um hiperónimo;
mecanismo de coesão lexical;
b) «seres» — substituição por um ____; mecanismo
de coesão lexical;
c) «répteis» — substituição por um hiperónimo;
mecanismo de coesão ____;
d) «bichos» — substituição por um ____;
mecanismo de coesão ____;
e) «eles» — pronominalização (uso de uma ____);
mecanismo de coesão referencial;
f) Ø [estão extintos] — recurso a uma elipse;
mecanismo de coesão ____;
g) «criaturas» — substituição por um hiperónimo;
mecanismo de coesão ____;
h) «dinossauros» — repetição; mecanismo de
coesão ____.
2.
Os pronomes destacados nas frases seguintes asseguram a sua coesão
referencial. Diz a que se refere cada um dos pronomes.
a) O Jaime conhecia muito bem o Eleutério. Ele conhecia-o tão bem que lhe ofereceu um presente
invulgar.
b) O rapaz viu a carrinha que estava estacionada à
beira da estrada.
c) O Marcelino viu o Henrique no cinema e este disse-lhe que já tinha
visto aquele filme.
d) O teu computador e o meu deviam ser
substituídos.
e) Quaisquer que sejam as dúvidas, esclarecê-las-ei!
f) Gosto muito de ler Eça de Queirós. Tenho
vários livros dele.
3.
Assegura a coesão interfrásica dos enunciados seguintes, ligando as
orações com os conectores adequados.
a) Fui cedo para a bilheteira. Consegui bilhete.
b) Eram oito horas. Ele chegou a casa.
c) Ele estava maldisposto. Comera uma salada
russa.
d) Comi um bolo. Bebi um sumo.
e) Consegui marcar os bilhetes para o concerto
na Casa da Música. Não arranjei lugares para Guimarães.
4.
Seleciona do quadro abaixo os marcadores discursivos adequados para completar
os enunciados que se seguem.
efetivamente | depois | antigamente | agora | primeiro | ou seja
a) ____ tomei o pequeno-almoço, _____ escovei os
dentes.
b) ____ pensava que tudo era fácil, mas, _____,
penso que é mais complicado.
c) Adoro citrinos, _____, laranjas, limões,
limas. _____, são os meus frutos preferidos.
5.
Conjuga os verbos entre parênteses por forma a assegurar a coesão temporo-aspetual.
a) Ontem não saí de casa. ____ (ficar) o dia inteiro a descansar e a
trabalhar, porque ____ (ter) uma semana
complicada. ____ (dormir), ____ (ver) televisão, ____ (ler) um pouco e ____ (estudar) bastante, exceto a porcaria do
Português.
b) Um dia, ____ (visitar) a Islândia para ____ (assistir)
a uma aurora boreal. É claro que ____ (haver)
muito mais para ver.
E,
de novo, uma tarefa sobre coerência textual (da Nova Gramática didática de português, Carnaxide,
Santillana, 2011, p. 306):
Restabelece
a coerência
nos enunciados apresentados.
a) Deite a gelatina numa cama, de modo a ficar
com cerca de 1 cm de descanso. Prepare a gelatina de morango
de acordo com as instruções da perfumaria, mas utilizando apenas 1 dl de sopa a
ferver e 2 dl de água fria.
b) Primeiro, entrei em casa da Etelvina; depois,
cheguei lá.
c) Têm duas hipóteses: ou
calam-se ou calam-se!
d) O dueto a solo foi
fantástico!
e) D. Afonso Henriques foi
o primeiro rei do Condado Portucalense.
f) Venci, vi e cheguei.
TPC — Em Gaveta
de Nuvens, aqui, relanceia páginas de gramática sobre ‘pontuação’.
Aula 16-17
(6 [8.ª, 7.ª], 7 [1.ª],
11/out [5.ª]) Correção do questionário de compreensão de textos em torno da
génese dos heterónimos. (Ver Apresentação.)
Lê
«A arte futurista» (p. 116) e completa a síntese que fui esboçando:
Em «A arte futurista» — saído no número único da
revista Portugal Futurista, 1917 —,
defende-se que já não convém aos tempos modernos uma arte que se limite a . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ao contrário, uma
nova corrente, o futurismo, é que pode adequar-se às vivências industriais de
hoje, porque . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..
Por exemplo, a poesia futurista . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Na p. 122, vê o texto enquadrado, «Do
sentir ao dizer: a linguagem na “Ode triunfal”». Destaquei o segundo parágrafo
e fui pondo entre parênteses citações que abonassem os aspetos referidos pelo
ensaísta. Completa essa minha ampliação do texto com os exemplos em falta:
Ao sentido de modernidade que deseja transmitir,
e a que recorre para sentir tudo de todas as maneiras — conferindo poeticidade a temáticas não
usuais, como motores, fábricas, energia [...] —, faz o poeta corresponder um
nível de expressão carregado de nomes concretos e abstratos («Inconsciente»,
«Matéria»), isolados ou em conjuntos («aparelhos de todas as espécies, férreos,
brutos, mínimos, / Instrumentos de precisão, aparelhos de triturar, de cavar, /
Engenhos, brocas, máquinas rotativas»), fonemas substantivados (««r-r-r-r-r-r-r
eterno»»),
topónimos («________»), antropónimos («_________»), estrangeirismos («________»),
maiúsculas desusadas («________»), adjetivação expressiva («excesso
contemporâneo»), simples e múltipla («grandes ruídos modernos»; «flora
estupenda, negra, artificial e insaciável»), polissíndetos («________»),
metáforas («_________»), apóstrofes («________»), anáforas («________»),
personificações («_______»), sinestesias («________»), perífrases («anúncios elétricos que vêm e estão e
desaparecem», por ‘anúncios luminosos’), iterações (retoma de «ó» de
apóstrofes), gradações («_________»), comparações («_________»), neologismos
(«________»), grande variedade de formas verbais (por todo o texto), advérbios
expressivos («_________»), gerúndios expressivos («________»), musicalidade e
ritmo (por todo o texto), aliterações («_________»), interjeições («_________»,
«______»), rimas internas («________», onomatopeias («_________»), etc...
Na
p. 121, responde ao item 4 (de correspondência):
a. = ___; b. = ___; c = ___; d = ___: e = ___.
TPC — Logo que possas, lê «Campos: “A ilha
mais lúcida do arquipélago pessoano”» (p. 137); «O percurso poético do
engenheiro-poeta» (p. 138); «O modernismo» (pp. 32-33).
Aula 18-19
(7 [8.ª], 11 [7.ª], 12/out
[1.ª, 5.ª]) Na p. 125, lê o poema «O
que há em mim é sobretudo cansaço», de Álvaro de Campos. Segue-se uma sua
análise, que deves completar apenas com transcrições do texto.
Resolve 1 (1.1 a 1.6), nas pp. 125-126:
1.1: __; 1.2 __; 1.3 __; 1.4 __; 1.5 __; 1.6 __.
Lê o ponto 1 de
Escrita na p. 122 (definição de «ode» e, especialmente, «ode» à Campos), para,
depois, resolveres o ponto 2 (redação de ode a uma realidade qualquer, à
maneira futurista). Há vantagens em teres o livro aberto nas páginas da «Ode
triunfal» (119-122).
TPC — Em papel que me possas entregar,
escreve uma resposta limpa, não copiada da de manuais ou de colegas, à pergunta
1.1 da p. 126 («Estabelece pontos de contacto entre as estrofes de Régio e o
poema «O que há em mim é sobretudo cansaço»).
Aula 20 (11 [8.ª], 13 [1.ª], 14 [5.ª], 19/out
[7.ª]) Correção do tepecê sobre «Pensar de mais» (cfr. Apresentação).
Critérios
para distinguir funções sintáticas
funções
ao nível da frase
O sujeito
concorda com o verbo. Se experimentarmos alterar o número ou pessoa do sujeito,
isso refletir-se-á no verbo que é núcleo do predicado:
Caiu a cadeira.
→ Caíram as cadeiras (Para se confirmar que «a cadeira» não é aqui o complemento direto: → *Caiu-a.)
O
predicado
pode ser identificado se se acrescentar «e» + grupo nominal + «também» (ou «também não») à oração:
O Egas partiu para o Dubai. → O
Egas partiu para o Dubai e o Ivo também (também partiu para o Dubai).
O vocativo
distingue-se do sujeito porque fica isolado por vírgulas e não é com ele que o
verbo concorda. Antepor-lhe um «ó» pode confirmar que se trata de vocativo.
Tu,
Teresa, não percebes nada disto! → Tu, ó Teresa, não percebes nada disto!
Para
distinguir o modificador de frase do modificador do grupo verbal, pode
ver-se que as construções que ponho à direita (a interrogar ou a negar) são
possíveis com o modificador do grupo verbal mas não com o advérbio que incide
sobre toda a frase.
Evidentemente, a Uber tem razão. → *É evidentemente
que a Uber tem razão?
Talvez Portugal ganhe. → *Não talvez Portugal ganhe.
Com um modificador
de grupo verbal o resultado seria gramatical:
Ele come alarvemente. → É alarvemente
que ele come?
funções
internas ao grupo verbal
O
complemento
direto é substituível pelo pronome «o» («a», «os», «as»):
Dei mil doces ao diabético. → Dei-os ao
diabético.
O
complemento
indireto, introduzido pela preposição «a», é substituível por «lhe»:
Ofereci uma sopa de nabiças ao arrumador.
→
Ofereci-lhe uma sopa de nabiças.
O
complemento
oblíquo, e mesmo quando usa a preposição «a» (uma das várias que o
podem acompanhar), nunca é substituível por «lhe»:
Assistiu
ao jogo contra as Ilhas Faroé. → *Assistiu-lhe.
Para
identificarmos um modificador do grupo verbal, podemos
fazer a pergunta «O que fez [sujeito] + [modificador]?» e tudo soará
gramatical:
Marcelo
fez um discurso na segunda-feira.
Que fez Marcelo na segunda-feira? Fez um
discurso.
Se se tratar de um complemento oblíquo, o resultado já será agramatical:
Dona Dolores foi à Madeira.
*Que
fez Dona Dolores à Madeira? Foi.
O
complemento
agente da passiva começa com a preposição «por», precedida por verbo
na passiva, e podemos adotá-lo como sujeito da mesma frase na voz ativa:
A casa foi comprada por Monica Bellucci. → Monica Bellucci
comprou a casa.
As
joias de Kim foram roubadas pelos ladrões. → Os ladrões
roubaram as joias de Kim.
O
predicativo
do sujeito é uma função sintática associada a verbos copulativos
(como «ser», «estar», «parecer», «ficar», «permanecer», «continuar», mas também
«tornar-se», «revelar-se», «manter-se», etc.). Atribui uma qualidade ao sujeito
ou localiza-o no tempo ou no espaço.
Os taxistas andam revoltados.
A Violeta está em casa.
O
predicativo
do complemento direto é
uma função sintática associada a verbos transitivos-predicativos (como «achar»,
«considerar», «eleger», «nomear», «designar» e poucos mais), os que selecionam
um complemento direto e, ao mesmo tempo, lhe atribuem uma
qualidade/característica.
A ONU elegeu Guterres secretário-geral.
(Para confirmar que «Guterres» é o complemento direto e «secretário-geral», o
predicativo do complemento direto: → A ONU elegeu-o secretário-geral.)
Eles deixaram a porta aberta. (→ Eles deixaram-na aberta.)
Cfr., porém, «Comprei o bolo
podre», que pode ter duas interpretações: uma em que todo o segmento «o bolo
podre» é o complemento direto (‘Comprei-o’); e outra em que «o bolo» é o
complemento direto e «podre» é o predicativo do complemento direto (‘Comprei-o podre’).
funções
internas ao grupo nominal
O
complemento
do nome, quando tem a forma de grupo preposicional, é selecionado
pelo nome (ou seja, é obrigatório, mesmo se, em alguns casos, possa ficar
apenas implícito). Os nomes que selecionam complemento são muitas vezes
derivados de verbos.
A
absolvição do réu desagradou-me. (Seria aceitável «A absolvição
desagradou-me» num contexto em que a referência ao absolvido ficasse
implícita.)
A
necessidade de estudar gramática é uma balela. (*A necessidade é uma
balela.)
Quando tem a forma de grupo adjetival, o complemento do nome constitui uma
unidade com o nome, ficando tão intimamente ligado a ele, que, na sua ausência,
aquele parece ter já outro sentido. (Reconheça-se que estes casos não são
fáceis de distinguir de certos modificadores restritivos do nome.)
A previsão meteorológica falhou.
Os conhecimentos informáticos são úteis.
O
modificador
restritivo do nome restringe a realidade que refere, mas não é
selecionado pelo nome (não é «obrigatório»).
Comprei o casaco azul.
Cão que ladra não morde.
O
modificador
apositivo do nome, sempre isolado por vírgulas, travessões ou
parênteses, não restringe a realidade a que se refere nem é selecionado pelo
nome (a sua falta não prejudicaria o sentido da frase).
O
filme de que te falei, Birdman,
está a acabar.
O
Renato Alexandre, que é amigo do seu amigo, conhece o Busto.
função
interna ao grupo adjetival
O
complemento
do adjetivo é selecionado por um adjetivo (embora seja,
frequentemente, opcional).
Ela ficou radiante com os presentes. (Ela
ficou radiante.)
Isso é passível de pena máxima. (*Isso é
passível.)
Os
itens seguintes — sobre funções sintáticas — são retirados
da Nova Gramática didática de português
(Carnaxide, Santillana, 2011), com
quase nenhumas adaptações:
Seleciona,
em cada conjunto de frases apresentadas nas alíneas abaixo, aquela cujo
constituinte destacado não desempenha a função sintática indicada.
Complemento
direto
A Marlene vendeu o barco na semana passada.
Os velejadores perderam a regata.
O nadador-salvador atirou a boia ao náufrago.
As focas comem peixe.
Complemento
oblíquo
Não te aconselho a fugir.
Ele bateu ao
irmão.
Gosto de
passear.
Duvido disso.
Complemento
agente da passiva
O Brasil foi descoberto por Pedro Álvares Cabral.
O Porfírio anseia pelo teu regresso.
O barco foi desviado da rota pelo vento.
Os papéis foram organizados pela secretária.
Predicativo
do complemento direto
A Luana continua na mesma empresa.
Os padrinhos estimavam-no como filho.
O juiz considerou-o inocente.
Os vizinhos tinham-no por caloteiro.
Atenta
nas frases que se seguem e, depois, classifica as afirmações abaixo como
verdadeiras (V) ou falsas (F), e corrige as falsas.
1. Vestiste a tua camisola lilás.
2. D. Maria I, a Piedosa, foi a primeira rainha reinante de
Portugal.
3. A minha mãe, que está de férias, vai para o Algarve
amanhã.
4. A ideia da Ana Alice é interessante.
5. O meu irmão mais novo magoou-se.
6. Não te esqueças de trazer leite, Rolando.
A — Na frase 1, o
constituinte destacado desempenha a função sintática de modificador restritivo
do nome.
B — Na frase 2,
o constituinte destacado é um complemento do nome.
C — Na frase 3,
o constituinte destacado é um modificador restritivo do nome.
D — Na frase 4,
o constituinte destacado desempenha a função sintática de complemento do nome.
E — Na frase 5,
o constituinte destacado é um modificador explicativo do nome.
F — Na frase 6, o constituinte destacado
desempenha a função sintática de vocativo.
Os
dois itens seguintes — sobre funções sintáticas — retirei-os de Desafios. Português. 11.º ano. Caderno de
Atividades (de Alexandre Dias Pinto, Carlota Miranda, Patrícia Nunes;
Carnaxide, Santillana, 2011), alterando apenas alguns nomes próprios.
Identifica
a função sintática desempenhada pelo constituinte destacado nas frases:
a)
O Alão e a Iva chegaram agora.
b) O filme era
muito emocionante.
c) Ofereceram-me um livro muito interessante.
d) O juiz declarou-o culpado.
e) O texto foi entregue pela minha aluna.
f) A venda das camisolas foi um sucesso.
g) O Marciano,
que é um excelente dançarino, venceu o concurso.
h) Prometemos
que regressaríamos daí a dois anos.
i) É fantástico
que venhas connosco.
Associa cada
afirmação de A à hipótese de B que a completa.
a)
O sujeito da frase «Fala-se na entrada no mercado de carros mais ecológicos.»
classifica-se como...
b)
Na frase «Naquela
noite,
chegámos cansadíssimos a casa.», o constituinte destacado desempenha a função
sintática de...
c)
Na frase «A casa parecia muito sossegada.»,
o
constituinte destacado desempenha a função sintática de...
d)
Na frase «Ele encaixou a peça no puzzle.»,
o constituinte destacado desempenha a função sintática de...
e)
Na frase «Eles deram-nos informações muito
úteis.», o constituinte destacado desempenha a função sintática de...
f)
O sujeito da frase «Há quadros muito interessantes neste museu.» classifica-se
como...
g)
Na frase «Eles entraram na casa amarela.»,
o constituinte destacado desempenha a função sintática de...
h) Na frase «A Fátima, a melhor aluna da turma, teve uma nota
excelente.», o constituinte destacado desempenha a função sintática de...
1. predicativo do sujeito.
2. modificador restritivo do nome.
3. sujeito nulo indeterminado.
4. sujeito nulo expletivo.
5. complemento oblíquo.
6. modificador do grupo verbal.
7. complemento indireto.
8.
modificador apositivo do nome.
9.
predicado.
TPC — Em Gaveta
de Nuvens, vai consultando «Funções sintáticas», reprodução de páginas da Nova gramática didática de português,
Carnaxide, Santillana, 2011.
Aula 21-22 (13 [8.ª, 7.ª], 14 [1.ª], 18/out [5.ª])
O poema em baixo — que ouvimos já (http://ensina.rtp.pt/artigo/cartas-de-amor-de-alvaro-de-campos/)
— está datado de 21-10-1935, pouco mais de um mês antes de Pessoa morrer, sendo
assinado por Álvaro de Campos. Não tem algumas das características que já
víramos no Campos futurista e sensacionista das odes.
Não modernizei a grafia (Pessoa escrevia segundo
a escrita comum antes da primeira reforma ortográfica, em 1911). Atualiza tu a
grafia, emendando o texto a lápis.
Há uma estrofe que traduz bem a reflexão que o
Pessoa ortónimo fazia em «Ela canta, pobre ceifeira» e em «Gato que brincas na
rua». É a ____ estrofe.
Todas as cartas de amor são
Ridiculas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridiculas.
Tambem
escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridiculas.
As cartas de amor, se ha
amor,
Têm de ser
Ridiculas.
Mas, afinal,
Só as creaturas que
nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridiculas.
Quem me dera no tempo em
que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridiculas.
A verdade é que hoje
As minhas memorias
D’essas cartas de amor
É que são
Ridiculas.
(Todas as palavras
exdruxulas,
Como os sentimentos
exdruxulos,
São naturalmente
Ridiculas.)
Fernando Pessoa, Poemas de Álvaro de Campos, edição de Cleonice Berardinelli,
Lisboa, INCM, 1990
Passa agora a «Aniversário», também de
Álvaro de Campos, nas pp. 127-128. Transcreve algum verso em que se perceba
ainda o problema existencial que vimos em «Gato que brincas na rua», «Ela
canta, pobre ceifeira» — do ortónimo — e, há pouco, em «Todas as cartas de amor
são ridículas», de Campos.
______________
Entre as características de Campos (em
parte, já elencadas a propósito da «Ode triunfal»), vê o que esteja abonado em
«Aniversário». Para isso, transcreverás trechos de «Aniversário» que ilustrem
cada um destes itens:
comparações inesperadas:
. . . . .
metáforas inesperadas: .
. . . .
exclamações: . . . . .
anáforas: . . . . .
apóstrofes: . . . . .
paradoxos: . . . . .
repetições: . . . . .
versos longos e livres: muitos das primeiras estrofes, sobretudo.
articulados com alguns
bastante curtos: os da última estrofe,
por exemplo.
fuga para a recordação
e/ou sonho: . . . . .
poetização do prosaico,
comum e quotidiano: . . . . .
fragmentação do eu: . .
. . .
angústia existencial: [todo o texto, decerto]
O texto constrói-se a partir da memória
de um tempo passado. Caracteriza esse passado, considerando as duas primeiras
estrofes.
O passado era o tempo da
_____
Justifica o uso do pretérito imperfeito
do indicativo nessas mesmas estrofes.
__________.
Relaciona o quinto verso da terceira
estrofe com a estrofe anterior.
Na infância, o sujeito
poético era feliz, mas _______. Só no presente, em que já perdeu essa
felicidade inocente da infância é que sabe que ______.
Explica o valor aspetual do pretérito
perfeito usado nesta terceira estrofe.
________.
Mostra como, na estrofe 6, a memória do
passado se sobrepõe ao presente.
A expressão «Vejo tudo outra vez» inicia a
presentificação do passado que, assim, substitui o _____.
Mostra como, à
euforia dessa presentificação, se segue a disforia da tomada de consciência.
À euforia do passado
tornado presente segue-se, na estrofe seguinte, a disforia da tomada de
consciência de que é impossível recuperar ______
Responde ao ponto 11 da p. 130:
a. ___; b. ___; c. ___;
d. ___; e. ___.
TPC — «Aniversário» (p.
127) e a estrofe parentética correspondente aos vv. 68-76 de «Ode triunfal» (p.
119) têm
em comum a nostalgia da infância. Este tema, caro a Álvaro de Campos, é também
frequente no Pessoa ortónimo. Para já, gostava que relanceasses — em Gaveta de Nuvens — «Un soir à Lima», um
longo poema do ortónimo (aliás, na verdade, um poema não assinado), que, tanto
quanto se pode identificar sujeito poético e autor (e não deve), se diria
autobiográfico.
Aula 23-24 (14 [8.ª], 18 [7.ª] 19/out [1.ª, 5.ª])
Correção/Audição de «Cântico Negro».
Lê
«Aniversário» (p. 127), de José Manuel dos Santos (p. 127), cronista do Expresso. Depois, num comentário teu,
com até cento e cinquenta palavras, aproveita a ideia na transcrição em baixo,
sintetizando a crónica «Aniversário» e esboçando alguma comparação com o poema
homónimo de Álvaro de Campos (pp. 127-128).
Apesar do que se afirma no último período do
texto («Lembro e faço meu o poema “Aniversário” de Pessoa/Campos»), a
perspetiva de José Manuel dos Santos relativamente à passagem dos aniversários
não é exatamente idêntica à da do sujeito poético do conhecido poema de Campos.
José António Mendonça, «Intertextualidade com Pessoa — uma miríade de
outros», Ensaios entre desporto e
literatura, Barreiro, Editorial Fabril, 2007, p. 4321.
Tendo
visto a primeira parte de documentário sobre Fernando Pessoa feito para a série
‘Grandes Portugueses’, assinala, à esquerda de cada período (a esquerda é para
este lado: ←), se a
afirmação é V(erdadeira) ou F(alsa).
Pessoa viveu parte da infância e da adolescência
em território da actual África do Sul (à época, colónia inglesa).
Fernando Pessoa admirava Cesário Verde.
O poema «Tabacaria» é do heterónimo Ricardo Reis.
«Sou tudo» é o primeiro verso de «Tabacaria».
Fernando Pessoa nasceu no dia de Santo António,
em Lisboa, em 1898.
Pessoa nasceu em frente ao teatro de São Carlos,
que seu pai, crítico musical do Diário de
Notícias, frequentava.
«Eis-me aqui em Portugal» é o primeiro verso de
uma quadra que, ainda criança, dedicou à mãe.
«Deus quer, o homem sonha, a obra morre» é o
primeiro verso de «O Infante», poema de Mensagem.
Enquanto adolescente, Pessoa viveu com a
madrasta, o pai e os cinco meios-irmãos.
A língua em que mais escrevia até cerca dos
vinte anos era o francês.
Em Lisboa, durante dois anos, Fernando Pessoa
foi aluno da Faculdade de Direito.
Pessoa teve uma tipografia, comprada com herança
da avó Dionísia, mas esse negócio não teve grande sucesso.
O emprego de Pessoa implicava um rígido horário
fixo, como o de um funcionário público.
No local do emprego, Fernando Pessoa nunca
escrevia textos seus.
O poeta americano Walt Whitman influenciou
Fernando Pessoa.
Pessoa deixou mais de trinta e sete mil papéis
com escritos seus.
Em Lisboa, Pessoa viveu em cerca de dez
casas diferentes.
Sendo embora Lisboa o seu habitat preferencial,
Pessoa viajava frequentemente.
A estreia de Pessoa no meio literário aconteceu
em 1912, com a publicação de artigos na
Águia.
A revista Orpheu
teve como colaboradores, entre outros, Mário de Sá-Carneiro e Almada Negreiros.
Como se refere na p. 124 do manual
(‘Oralidade’), o poema «Dobrada à moda do Porto», de Álvaro de Campos [no vídeo em cima, com declamações por Jacinto Ramos, o poema é dito a partir dos vinte e oito minutos e vinte], tem
bastantes marcas de narratividade. Diz-se aí que a situação relatada é
sobretudo pretexto para o «eu» refletir sobre si mesmo.
O que te peço é que reescrevas o poema,
verso a verso, criando outra situação (a tal parte mais narrativa, que deixará
de ter a ver com um restaurante), mantendo entretanto tudo o que sublinhei (em
geral, os fragmentos mais líricos ou mais introspetivos).
Além das partes sublinhadas, conserva, é
claro, o número de versos, e procura não alterar muito a pontuação do original.
Dobrada à moda do Porto
Um dia, num restaurante, fora do espaço e do tempo,
Serviram-me o amor como dobrada fria.
Disse delicadamente ao missionário da cozinha
Que a preferia quente,
Que a dobrada (e era à moda do Porto) nunca se
come fria.
Impacientaram-se comigo.
Nunca se pode ter razão, nem num restaurante.
Não comi, não pedi outra coisa, paguei a conta,
E vim passear para toda a rua.
Quem sabe o que isto quer dizer?
Eu não sei, e foi comigo...
(Sei muito bem que na infância de toda a gente
houve um jardim,
Particular ou público, ou do vizinho.
Sei muito bem que brincarmos era o dono dele.
E que a tristeza é de hoje).
Sei isso muitas vezes,
Mas, se eu pedi amor, porque é que me trouxeram
Dobrada à moda do Porto fria?
Não é prato que se possa comer frio,
Mas trouxeram-mo frio.
Não me queixei, mas estava frio,
Nunca se pode comer frio, mas veio frio.
Fernando
Pessoa, Poemas de Álvaro de Campos, edição de
Cleonice Berardinelli, Lisboa, INCM, 1990 (com modernização da grafia).
TPC — Resolve o ponto 1.1 da p. 130.
Aula 25 (18 [8.ª], 20 [1.ª], 21 [5.ª], 26/out
[7.ª]) Uso exercícios tirados de um manual, Nova
Gramática didática de português (Carnaxide, Santillana, 2011), tendo-me
permitido alterar algumas frases aqui e ali.
Atenta
nas frases seguintes e identifica o tipo de sujeito nelas presente,
selecionando a opção correta.
Sujeito
simples
[s]; Sujeito composto [c]; Sujeito nulo expletivo [sne]; Sujeito nulo subentendido [sns];
Sujeito nulo indeterminado [sni]
Dizem que o filme
A Missão é fantástico.
Os alunos e os professores participaram numa
visita de estudo a Tóquio.
Trovejou intensamente esta noite.
O Papa Francisco acabou de ler um livro
excelente.
Vamos de férias assim que o inverno começar!
Eles pensam que ganharão a eleição para a
Associação de Estudantes facilmente.
Nunca telefonas a avisar que chegas tarde!
O Cristiano e quem tu sabes vêm à festa.
Pensa-se que será um ano difícil...
Não nevava assim em Lisboa há semanas!
Parece que ele já não vem.
Vive-se bem na Sibéria.
Em
cada grupo de frases que se segue, existe uma cujo sujeito é diferente dos
restantes. Risca com merecida agressividade as frases intrusas e identifica o
tipo de sujeito predominante de cada grupo.
a) Diz-se que este ano Rita Pereira vai ganhar o
Óscar.
Vou às compras.
Conversa-se muito, mas acerta-se pouco.
Comenta-se que foste de férias.
Sujeito — ________
b)
Choveu a semana inteira.
Este
ano nevou imenso no Algarve.
Ouvi
dizer que vai ficar mau tempo.
Ontem
trovejou.
Sujeito — ________
c) Ele foi passear.
Vou
ao centro comercial ver as novidades da nova estação.
Comprei
um livro de manga.
Fazemos
hoje um bolo?
Sujeito — ________
Identifica
os elementos que fazem parte do predicado de cada uma das frases seguintes e
completa o quadro.
a) Os jogadores obedecem ao árbitro.
b) O avião está atrasado.
c) A Marisa ofereceu um livro à mãe.
d) Eles tomaram o Calisto por parvo.
e) O médico pratica natação.
f) Os alunos parecem apreensivos...
g) O ilusionista fez um truque fantástico!
h) A juíza considerou o réu culpado.
i) Acho que deves fugir.
j) Começou o espetáculo!
Sujeito
|
Predicado
|
||||
Núcleo
|
Complemento
|
Predicativo do sujeito
|
Predicativo do complemento direto
|
||
Direto
|
Indireto
|
||||
a)
Os jogadores
|
|||||
b)
O avião
|
|||||
c)
A Marisa
|
|||||
d)
Eles
|
|||||
e)
O médico
|
|||||
f)
Os alunos
|
|||||
g)
O ilusionista
|
|||||
h)
A juíza
|
|||||
i)
(Subentendido)
|
|||||
j)
o espetáculo
|
Classifica
os verbos das frases abaixo numa das categorias que se seguem: transitivo direto (td);
transitivo indireto (ti); transitivo direto e indireto (tdi);
intransitivo (i)
Cheguei!
Telefonei
à Jamila.
O
quadro caiu.
Resolvi
a questão.
Ele
jantou.
A
Judite vendeu a carrinha na semana passada.
Entreguei
os apontamentos ao Camilo.
Ele
jantou peixe.
Nós
obedecemos às regras!
A
empresa reabriu em agosto.
Esta
bicicleta pertence à Isilda.
O
meu primo Rogério emprestou-te o carro?
Uso
exercícios tirados de um manual, Nova
Gramática didática de português (Carnaxide, Santillana, 2011), tendo-me
permitido alterar algumas frases aqui e ali.
Identifica a
função sintática dos constituintes destacados nas frases seguintes.
A
minha mãe ofereceu-lhe um perfume. — ___
O
ator foi entrevistado pelo jornalista. — ___
O
Lauro gosta de futebol. — ____
Nomearam-no
capitão
de equipa. — ____
Os
amigos do capitão leram o
diário de bordo. — ____
Eles
continuam zangados um com o outro. — ____
Os
meus pais viajaram ontem. —____
A
Eulália leu o livro que a amiga lhe deu. — ____
Os
amigos achavam-na extremamente competente. — ____
O
Quim foi ao Brasil. — ____
Já
assinou os documentos, senhor diretor? — ____
Em
cada par de frases (retiradas da obra Aliás
voltas sempre, Ali às voltas sempre,
de Ana Goês), assinala aquela em que existe um constituinte com a função de
vocativo.
Anda,
Luzia, quero vê-la... / Andaluzia, quero vê-la...
Vinde,
táxi, depressa! / Vim de táxi, depressa...
Não
é Regina! / Não erre, Gina!
Glória,
adeus! / Glória a Deus!
No
espaço à direita da letra da canção, escreve a função sintática dos
constituintes que sublinhei:
«Nos desenhos animados
(Nunca acaba mal)»
Eu quero a sorte de
um cartoon
Nas manhãs da RTP1
És o meu Tom Sawyer
E o meu Huckleberry
Finn
E vens de
mascarilha e espadachim
Lá em cima, há planetas
sem fim
Tu és o meu super-herói
Sem tirar o chapéu de
cowboy
Com o teu galeão e uma
garrafa de rum
Eu era tua e de
mais nenhum
Um por todos e todos
por um
Nos desenhos animados
Eu já conheço o fim
O bem abre caminho
A golpe de espadachim
E o príncipe encantado
Volta sempre para
mim
Eu sou a Jane e tu, Tarzan
A Julieta do meu
D’Artagnan
Se o teu cavalo
falasse
Tinha tanto para
contar
Ao fantasma debaixo
dos meus lençóis
Dos tesouros que
escondemos dos espanhóis
Nos desenhos animados
Eu já conheço o fim
O bem abre caminho
A golpe de espadachim
E o príncipe encantado
Volta sempre para mim
Quando chegar o final
Já podemos mudar de
canal
Nos desenhos animados
É raro chover
E nunca, quase nunca
acaba mal.
TPC — Em Gaveta
de Nuvens, lê as páginas sobre ‘Predicativo do sujeito e Predicativo docomplemento direto’ — tiradas de Enciclopédia
do Estudante, 13 (Língua Portuguesa I), Carnaxide, Santillana, 2008, pp.
166-167.
Aula 26-27 (20 [8.ª, 7.ª], 21 [1.ª], 25/out [5.ª]) Correção de comentário sobre dois «Aniversário»
(e «Cântico Negro» contrastado com poema de Campos).
Em ambos os textos os aniversários na infância
são vistos como ocasião feliz, a que comparecem os familiares. É uma memória de
quando ainda estavam todos vivos, contraposta aos aniversários de hoje, que implicam
recordar as ausências e já sugerem sentimentos diferentes. Para o cronista,
constituem motivo de saudade benfazeja; para o poeta, nostalgia incómoda,
«raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira».
A partir daqui, as perspetivas de Santos e de
Campos não coincidem, como notou José António Mendonça. Enquanto o sujeito
poético de «Aniversário» inveja esse tempo em que era feliz, lamentando
porventura não ter percebido que o era, na crónica homónima publicada no Expresso, se se teme a velhice, não se
enjeita a passagem dos anos («o tempo que me fez») e revive-se a felicidade
havida («lembro esses mortos como se fossem vivos»). [138 palavras]
Em «Cântico negro» e no poema «O que há em mim é
sobretudo cansaço», evidencia-se, em primeiro lugar, um cansaço —
essencialmente psíquico — de ambos os sujeitos poéticos («Eu olho-os com olhos
lassos»; «Tudo isso faz um cansaço»), que se justifica pela diferenciação
relativamente aos «outros», ora considerados idealistas («A subtileza das sensações
inúteis, / As paixões violentas por coisa nenhuma, / Os amores intensos por o
suposto em alguém»), ora julgados pela excessiva confiança com que garantem a
superioridade da sua conduta («com olhos doces, / Estendendo-me os braços, e
seguros / De que seria bom que eu os ouvisse»).
Os eus líricos não se identificam, deste modo,
com os valores, atitudes ou desejos expressos pela maioria, revelando uma
atitude distinta em relação à vida, simultaneamente realista e ambiciosa
(«Porque eu amo infinitamente o finito, / Porque eu desejo impossivelmente o
possível»). Destacam-se igualmente, pela sua individualidade e singularidade
(«Só vou por onde / Me levam meus próprios passos...»), uma vez que apresentam,
apesar da dificuldade inerente, posturas próprias, que derivam de uma especial
intelectualidade e particular emoção, não sendo partilhadas pela «gente comum»
(«Se ao que busco saber nenhum de vós responde»).
Por conseguinte, verifica-se a recusa do convite
«Vem por aqui», bem como a rejeição de uma vida «vivida ou sonhada»,
evidenciando a atitude crítica dos sujeitos poéticos face à sociedade. Os eus
dos textos privilegiam a intuição («Não sei por onde vou, / Não sei para onde
vou / — Sei que não vou por aí!») e escolhem não seguir os «outros» («A minha
glória é esta: / Criar desumanidade! / Não acompanhar ninguém»). Pretendem, ao
invés de seguirem as normas sociais, viver a sua vida livremente,
instintivamente, sem se submeterem à vontade ou às ordens de alguém: «A minha
vida é um vendaval que se soltou. / É uma onda que se alevantou. / É um átomo a
mais que se animou...»; «Porque quero tudo, ou pouco mais, se puder ser, / Ou
até se não puder ser...». [Stefanie — 12.º 8.ª]
No
exame nacional, o grupo I vale metade da pontuação da prova (100 pontos).
Inclui cinco (três + dois) itens (20 pontos cada) sobre dois textos de autores
do programa do secundário.
O
que se segue é o grupo I-A do exame nacional de 2011 (1.ª fase). Escolhi-o por
ter saído então um texto de Campos (nas provas mais recentes não têm aparecido
textos deste heterónimo). Nessa altura, a estrutura das provas era ligeiramente
diferente (por isso houve quatro itens sobre o poema; hoje, teríamos apenas
três; ou dois, se se tratasse do segundo texto). De resto, as perguntas são
semelhantíssimas às que poderiam sair agora.
Grupo I
A
Leia
o poema. Se necessário, consulte o glossário apresentado a seguir ao texto.
1 Na casa defronte de mim e dos meus sonhos,
Que felicidade há sempre!
Moram ali pessoas que
desconheço, que já vi mas não vi.
São felizes, porque não são eu.
5 As crianças, que brincam às sacadas altas,
Vivem entre vasos de flores,
Sem dúvida, eternamente.
As vozes, que sobem do interior
do doméstico,
Cantam sempre, sem dúvida.
10 Sim, devem cantar.
Quando há festa cá fora, há
festa lá dentro.
Assim tem que ser onde tudo se
ajusta -
O homem à Natureza, porque a
cidade é Natureza.
Que grande felicidade não ser
eu!
15 Mas os outros não sentirão assim também?
Quais outros? Não há outros.
O que os outros sentem é uma
casa com a janela fechada,
Ou, quando se abre,
É para as crianças brincarem na
varanda de grades,
20 Entre os vasos de flores que nunca vi quais eram.
Os outros nunca sentem.
Quem sente somos nós,
Sim, todos nós,
Até eu, que neste momento já não
estou sentindo nada.
25 Nada? Não sei...
Um nada que dói...
Álvaro de Campos, Poesia, edição de Teresa Rita
Lopes, Lisboa, Assírio & Alvim, 2002
GLOSSÁRIO | sacadas
(verso 5) — varandas pequenas.
Apresente,
de forma clara e bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.
1. As sensações do sujeito
poético são determinantes para a construção de uma certa ideia de quotidiano
feliz.
Identifique duas sensações representadas nas
quatro primeiras estrofes, citando elementos do texto para fundamentar a sua
resposta.
2. Caracterize o tempo da
infância tal como é apresentado na terceira estrofe do poema.
3. Explique a relação que
o sujeito poético estabelece com os «outros» nas seis primeiras estrofes do
poema, fundamentando a sua resposta em referências textuais pertinentes.
4. Relacione o conteúdo da
última estrofe com as reflexões apresentadas nas duas estrofes anteriores.
Para
o mesmo poema de Álvaro de Campos, num manual com modelos de exame, encontramos
também estes itens de grupo I:
1. Indique as relações de
sentido que se estabelecem entre os versos da primeira estrofe.
. . . . . . . .
2. Explique a importância
da referência às crianças, confrontando os espaços de vivência.
. . . . . . . .
3. Mostre em que medida o
sujeito poético se afasta propositadamente da felicidade.
. . . . . . . .
4. Comente o efeito
expressivo do paradoxo do verso final «Um
nada que dói...».
. . . . . . . .
TPC — Lê «Tabacaria» (pp. 133-135), de Álvaro
de Campos. Depois, resolve o ponto 1/1.1 da p. 133. Procura não ultrapassar as
cem palavras.
Aula 28-29 (21 [8.ª], 25 [7.ª] 26/out [1.ª, 5.ª]) Com
exemplares de Mensagem (da coleção
iagora; cfr. p. 22), preenchimento de grelha acerca do paratexto e da estrutura
da obra.
Paratexto
e estrutura de Mensagem
Faz
a referência bibliográfica (autor, título, cidade da editora, editora, ano
da edição).
A primeira fonte destes elementos deve ser o
frontispício (página [3], neste caso). Quando haja dados de que não possamos
certificar-nos pela folha de rosto (o referido frontispício), recorreremos ao
colofão (na última folha), à ficha técnica, à capa, etc.:
. . . . . . .
Este livro não numera a edição. Se o fizesse,
esse elemento poderia constar logo após o título. E poríamos a seguir à data da
edição e entre parênteses o ano da 1.ª edição, 1934.
Verifica
estas partes do livro (matéria que
se integra no estudo do paratexto):
Capa: tem um _____ (poema
visual) que usa versos de Pessoa e desenha a efígie do poeta.
Contracapa: reproduz o poema «_____»,
o primeiro texto de Mensagem; em
baixo, vêm os logótipos dos _____.
Lombada: tem só o _____ da
obra.
Colofão (ou, à latina, colofon): em vez do tradicional «Acabou
de imprimir-se a […]», contém uma espécie de ____.
O anterrosto
repete o desenho caligramático da capa. No entanto, há na p. __ o que poderia
ser o verdadeiro anterrosto, já que a página tem apenas o título, como é
característico das páginas três. Terá sido lapso (e a ordem das pp. 5 e 3 ter
saído mal, sendo a p. 1 uma mera folha de guarda)?
No miolo do livro há, no cabeçalho, o título corrente, nas páginas ímpares, e nome do autor,
nas ___. Nesse espaço, dito dos «títulos correntes», vem «Índice» na parte do
livro que lhe corresponde.
Na p. [7], temos a epígrafe: «_______» (‘Bendito Deus Nosso Senhor que nos deu
o Sinal’).
Preenche
as quadrículas vagas da tábua seguinte, sobre a estrutura de Mensagem:
Primeira parte / Brasão
|
Os Campos
|
O dos Castelos
|
|
Ulisses
|
|||
Viriato
|
|||
O Conde D. Henrique
|
|||
D. Tareja
|
|||
D. Afonso Henriques
|
|||
D. Dinis
|
|||
D. João o Primeiro
|
D. Filipa de Lencastre
|
||
As Quinas
|
|||
D. Fernando, Infante de Portugal
|
|||
D. Pedro, Regente de Portugal
|
|||
D. João, Infante de Portugal
|
|||
D. Sebastião, Rei de Portugal
|
|||
A Coroa
|
Nun’Álvares Pereira
|
||
[A Cabeça do Grifo:] O Infante D. Henrique
|
|||
[Uma Asa do Grifo:] D. João o Segundo
|
|||
[A Outra Asa do Grifo:] Afonso de Albuquerque
|
|||
Segunda parte / Mar Português
|
O Infante
|
||
Padrão
|
|||
O Mostrengo
|
|||
Epitáfio de Bartolomeu Dias
|
|||
Os Colombos
|
|||
Ocidente
|
|||
Fernão de Magalhães
|
|||
Ascensão de Vasco da Gama
|
|||
A Última Nau
|
|||
Prece
|
|||
Os Símbolos
|
|||
O Quinto Império
|
|||
O Desejado
|
|||
As Ilhas Afortunadas
|
|||
O Bandarra
|
|||
António Vieira
|
|||
«Screvo meu livro à beira-mágoa»
|
|||
Os Tempos
|
Noite
|
||
Tormenta
|
|||
Calma
|
|||
Antemanhã
|
|||
De
que tratam as três partes de Mensagem?
A 1.ª parte, «Brasão», trata da fase de ______
de Portugal e seu crescimento. A 2.ª parte, «Mar Português», versa a ______ de
Portugal, os Descobrimentos. A 3.ª parte, «O Encoberto», trata da estagnação da
pátria e, profeticamente, do seu ressurgimento.
«Brasão» tem _____ {numeral, mas por extenso} poemas,
repartidos por cinco partes, que aproveitam classificações heráldicas (campos;
castelos, quinas; coroa; timbre). A primeira destas sub-partes funciona como
introdução às dezassete _____, abordadas em cada poema, que representam
características do povo português. A epígrafe de «Brasão» é «_____», um oxímoro
(‘Guerra sem guerra’).
A parte
«Mar Português»
é constituída por ____ poemas e não tem outra repartição. A epígrafe desta parte,
«______» (‘Posse do mar’), alude à saga dos descobrimentos. Desta parte já
referimos em aula um dos poemas, precisamente o homónimo da secção, «______», a
propósito da frase tornada proverbial «Tudo vale a pena, se a alma não é
pequena».
A parte «O
Encoberto»
implica a visão esotérica de Pessoa, uma síntese de história, mito e profecia.
Esta parte situa-se depois do desastre de ______. Está aliás toda centrada na
figura do rei ______, o encoberto. Logo pelos títulos se vê que a organização,
agora, decorre mais do simbolismo, não se adotando tanto o formato ‘galeria de
personagens’. A epígrafe é «_______» (‘Paz nos céus’), que corresponderá ao
estado ideal conseguido com o profetizado Quinto Império.
Pelo índice, repara nas datas predominantes da elaboração dos poemas. Os poemas da primeira
parte são quase todos posteriores a _____, ou deste exato ano. Os textos de
«Mar Português» são maioritariamente de ____-____, a época do sidonismo.
Finalmente, o ano mais representado na terceira parte é 1934 (precisamente, o
ano da publicação de Mensagem,
penúltimo da vida de Pessoa, quando o Estado Novo se implantava).
Vejamos
a estrutura formal, em termos de versificação, de Mensagem.
Que tipo de estrofe
predomina? {circunda os quatro tipos que
consideres mais presentes, após folheares o livro sem grandes demoras} Dísticos,
tercetos, quartetos ou quadras, quintilhas, sextilhas, sétimas, oitavas, nonas
ou novenas, décimas, centésimas.
Os versos {escolhe}
são brancos / têm rima / são amarelos.
O metro
(o número de sílabas métricas) predominante deve ser o {escolhe} o monossílabo, dissílabo, trissílabo, tetrassílabo,
pentassílabo (ou redondilha menor), hexassílabo, heptassílabo (ou redondilha
maior), octossílabo, eneassílabo, decassílabo, hendecassílabo, dodecassílabo
(alexandrino).
Outras
curiosidades:
O único poema que não tem título é o terceiro
aviso, que está na p. ____. É o único texto em que o assunto parece ser o
próprio poeta.
O último verso de Mensagem é «____», seguindo-se-lhe a fórmula de despedida latina,
«_____» (‘Saúde [Força, Felicidade], Irmãos’).
Regressando
à tabela na outra folha, põe um visto ao lado dos poemas que estejam no nosso manual
(pp. 204-225).
#
Toda
a página 200 aborda a origem do título Mensagem
(nas perspetivas de Fernando Pessoa, António Apolinário Lourenço e Robert
Bréchon). Numa síntese com menos de cem palavras, dá-nos uma súmula da questão.
TPC (i) — E eu vou buscar ao ópio que consola
Um
Oriente ao oriente do Oriente.
Álvaro de Campos, «Opiário», in Poesias, Ed. Ática
À
dolorosa luz das grandes lâmpadas elétricas da fábrica
Tenho
febre e escrevo.
Álvaro de Campos, «Ode Triunfal», in Poesias Heterónimos, Col. Mundo das Letras,
Porto Editora
E,
ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um
supremíssimo cansaço,
Íssimo,
íssimo, íssimo,
Cansaço...
Álvaro de Campos, «O que há em mim é
sobretudo cansaço», in op.
cit.
Elabora
uma nota de apresentação da obra de Álvaro de Campos (heterónimo de Fernando
Pessoa), com cerca de 100 palavras, que pudesse figurar na contracapa de uma
antologia de poesia deste autor, tendo como base a informação fundamental dos
excertos transcritos em cima. (Na página seguinte, reproduzem-se quatro
contracapas de edições de Mensagem,
que servirão para teres ideia do género de nota de que se trata.)
(ii)
— No manual, lê as pp. 200-201 e 203 e relanceia também o quadro nas pp.
202-203.
Aula 30 (25 [8.ª], 27 [1.ª], 28/out [5.ª], 2/nov
[7.ª]) Para revermos a acentuação gráfica, ficam aqui uns exercícios tirados de
Caderno de Atividades. 11.º ano. Projetos
Desafios (Alexandre Dias Pinto, Carlota Miranda, Patrícia Nunes; Carnaxide,
Santillana, 2011), pp. 38-39, a que fiz apenas pequenas adaptações:
Principais
regras de acentuação gráfica
Têm acento gráfico...
|
Exemplos
|
|
1
|
Todas as esdrúxulas
|
último,
monótono, América, melódico, influência.
|
2
|
Graves terminadas em <-l>, <-r>,
<-n> e <-x>.-x>-n>-r>-l>
|
amável,
difícil, túnel, açúcar, âmbar, abdómen, hífen, tórax.
|
3
|
Graves terminadas em <-i>, <-u>, vogal e
ditongo nasais, seguidos ou não da letra <-s>-s>-u>-i>
|
táxi, ténis, amáveis, bónus,
ónus, órfã, órfãos, bênção.
|
4
|
Graves e agudas cuja vogal tónica seja
um ou um precedida de outra vogal com a qual não forma
ditongo.
|
atribuído,
substituído, saúdo, país, caído, baú.
|
5
|
Agudas terminadas em <-a>, <-e>,
<-o> ou ditongo aberto, seguidos ou não de <-s>.-s>-o>-e>-a>
|
má, guaraná, ananás, boné, avó,
lençóis, papéis.
|
6
|
Agudas terminadas em <-em> e <-ens>, que
tenham mais de uma sílaba.-ens>-em>
|
também, alguém, ninguém, contém,
parabéns, vinténs.
|
7
|
Palavras em que um acento grave assinala a
crase (contração) da preposição «a» com artigos «a» e «as» ou com
demonstrativos «aquele», «aquilo».
|
à, às, àquela, àquele, àquelas, àqueles,
àquilo, àqueloutro
|
Entre
as palavras que se seguem encontram-se algumas às quais faltam os acentos.
Reescreve-as corretamente, colocando o acento no lugar certo, quando
necessário.
ideia — ___; anil — ___; rubi — ____; excecional
—____; assombro — ____; pacato — ____; tratado — ____; camara — ____; arco-iris
— ____; estavel — ____; movel — ____; sofrivel — ____; elegancia
— ____;
pure — ____; peru — ____; capacitado — ____; mantem — ____; democratico
— ____; po-lo — ____; saido — ____; saindo — ____; rainha — ____.
Indica
a circunstância que leva a que se acentuem as palavras seguintes, usando os números
(1 a 7) que identificavam no quadro cada regra.
respeitável
— ___; influência — ___; porém — ___; saía — ___; boné — ___; húmus — ___;
âmbar — ___; maracujá — ___; caracóis — ___; crítico — ___; às — ___.
De
novo uns exercícios que roubo à sempre afável Nova Gramática didática de português (Carnaxide, Santillana, 2011),
p. 146:
Como
se falou em «rubi» e em «anéis», aproveitamos a letra de «A Paixão (segundo
Nicolau da Viola)» (Rui Veloso, Mingos
& Samurais, 1990).
Escreve
a função
sintática ao lado dos segmentos que fui sublinhando.
«A Paixão
(segundo Nicolau da Viola)»
(Carlos Tê / Rui Veloso-Carlos Tê)
Tu
eras aquela que eu mais queria
Para
me dar algum conforto e companhia
Era
só contigo que eu sonhava andar
Para
todo o lado e até quem sabe talvez casar
Ai
o que eu passei só por te amar
A
saliva que eu gastei para te mudar
Mas
esse teu mundo era mais forte do que eu
E
nem com a força da música ele se moveu
Mesmo
sabendo que não gostavas
Empenhei
o meu anel de rubi
P'ra
te levar ao concerto que havia no Rivoli
E
era só a ti, que eu mais queria
Ao
meu lado no concerto nesse dia
Juntos
no escuro de mão dada a ouvir
Aquela
música maluca sempre a subir
Mas
tu não ficaste nem meia hora
Não fizeste um esforço p'ra gostar e foste embora
Contigo
aprendi uma grande lição
Não se ama alguém que não ouve a mesma canção
Mesmo
sabendo que não gostavas
Empenhei
o meu anel de rubi
P'ra
te levar ao concerto que havia no Rivoli
Foi
nesse dia que percebi
Nada
mais por nós havia a fazer
A
minha paixão por ti era um lume
Que
não tinha mais lenha por onde arder
Mesmo
sabendo que não gostavas
Empenhei
o meu anel de rubi
P'ra
te levar ao concerto que havia no Rivoli
TPC — Lê o que está em Gaveta de Nuvens sobre regras de acentuação.
Aula 31-32 (27 [8.ª, 7.ª], 28/out [1.ª], 2/nov
[5.ª]) A terminação mos da 1.ª pessoa
do plural (andamos, andámos, andaremos, andámos, andávamos, andarmos, andaríamos) não é nenhum pronome, é um sufixo que nos dá informação sobre
pessoa/número (dantes, chamávamos-lhe desinência
pessoal) que integra a palavra. Não há, é claro, nenhum hífen a separá-lo
do verbo.
Basta
flexionarmos a forma verbal nas outras pessoas para termos a certeza de que é
uma palavra única:
quando eu fizer
quando tu fizeres
quando ele fizer
quando nós _______
quando eles fizerem
É
verdade que também há expressões com o pronome -mos (contração de me + os), que deverá ficar separado do verbo
por um hífen. Exemplo: «Tens os lápis? Dá-______.»
Podes
experimentar substituir pela 3.ª pessoa do complemento indireto (lhe): Dá-_____.
Podes
substituir por um nome a parte do complemento direto: Dá-me os lápis.
É
mais comum o pronome -nos. (E nota
que não há nenhum sufixo nos,
portanto nos depois de verbo será
decerto -nos.) Este pronome nos pode ser complemento indireto ou
direto: «Dá-nos o lápis.» / «Deixa-nos sozinhos»
É
substituível por lhe ou por o: Dá-lhe
o lápis. / Deixa-o sozinho.
Há
ainda um outro pronome -nos, que
resulta de -os estar a seguir a uma
nasal e precisar de uma consoante de ligação:
«Comam os kínderes» pronominaliza-se assim:
[*Comam-os] > ______
As
formas do Pretérito Imperfeito do Conjuntivo terminam em asse, esse, isse (repara que são palavras graves, como
se vê de o a e o e serem tónicos): andasse,
comesse, partisse:
Para
verificar que é uma forma verbal simples, flexiona-se:
se eu _________
se tu andasses
se ele ___________
se nós andássemos
se eles andassem
A
diferença relativamente às formas (indeterminadas) com um pronome -se é notável pelo som (a ou e
finais — mesmo seguidos de hífen — são átonos):
anda-se || _____________ || parte-se
Outro
erro frequente relaciona-se com pronomes que estão em ênclise (portanto, depois dos verbos) depois de formas que
terminavam em -r, -s, -z.
Repara que a terminação do verbo cai (-r,
-z, -s > Ø), passando o pronome a ter um l inicial (o, os, a,
as > lo, los, la, las).
Pronominalizemos
o complemento direto:
Vou comer as castanhas. > Vou ______.
Tu bebes o leite com deleite. > Tu ______ com
deleite.
Amália vai amar aquela mala. > Amália vai
_______.
Fez o merdelim do tepecê. > _______.
Nota
que, frequentemente, é preciso pôr acento gráfico na vogal antes do hífen.
Problemas
mais sofisticados vêm da mesóclise
(que se usa apenas com o Futuro e com o Condicional).
Pronominalizemos
os complementos diretos:
Entornarei o vinho sobre o linho impecável da
mesa. || _____ sobre o linho impecável da mesa.
Devoraria com gula trinta javalis meigos se
tivesse dentes capazes. || _____ com gula se tivesse dentes capazes.
Amarão todas as moças bonitas do mundo. || _____.
Pontapearemos os dinossauros com charme. || _____
com charme.
Traríamos o passaporte dos duendes. || ____.
Diria o sermão. || ____.
Diluiria o diluente. || ____.
Corrijamos
estas formas incorretas:
* Comerá-se bem neste talho. || _____ bem neste
talho.
* Zangarias-te comigo. || ____ comigo.
* Veremos-vos no inferno. || ____ no inferno.
Complete-se,
tendo em conta o que fica dentro dos parênteses:
Se eu _____ («Olhar» no Imperfeito do
Conjuntivo) para cima, veria um céu toldado.
_____ («Olhar» na 3.ª pessoa do Presente do
Indicativo e pronome de indeterminação) e vê-se só hipocrisia e penicos de
prata.
Se _____ («Comer» na 1.ª pessoa do plural do
Imperfeito do Conjuntivo) dicionários, não ficávamos com mais vocabulário.
Vês estas belas osgas? _____ (Imperativo de
«Levar» + complemento direto pronominalizado) ao dentista.
Levamos as aulas muito a sério. _____ («Levar» na
1.ª pessoa do plural do Presente do Conjuntivo + complemento direto
pronominalizado) mais a brincar.
Como
alguém já disse, Álvaro de Campos é o «duplo extrovertido de Pessoa». As
seguintes características encontram-se quer em poemas de Campos quer em muitos
textos ortónimos:
Atitude de autoanálise
Tédio existencial
Inadaptação à vida
Evocação nostálgica da
infância
Associação da
inconsciência à felicidade
Oposição sonho-realidade
Dor de pensar
Na
coluna à direita dos versos de «Tabacaria» (pp. 133-135), escreve a
característica que cada um deles pode ilustrar (vá lá, não escrevas
abreviadamente, escreve por extenso):
Versos de
«Tabacaria»
|
Motivos
Campos & Ortónimo
|
«Não sou nada. / Nunca serei nada. / Não posso
querer ser nada.» (vv. 1-3)
|
Tédio existencial
|
«Olha que não há mais metafísica no mundo
senão chocolates. / Olha que as religiões todas não ensinam mais que a
confeitaria» (vv. 46-47)
|
|
«Que sei eu do que serei, eu que não sei o que
sou? / Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!» (vv. 33-34)
|
|
«Fiz de mim o que não soube, / E o que podia
fazer de mim não o fiz» (vv. 59-60)
|
|
«Falhei em tudo. / Como não fiz propósito
nenhum, talvez tudo fosse nada» (vv. 25-26)
|
|
«Come chocolates, pequena» (v. 44)
|
|
«À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do
mundo» (v. 4)
|
|
«Estou hoje vencido, como se soubesse a
verdade.» (v. 14)
|
|
«Não, não creio em mim» (v. 40)
|
|
«Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
/ Talvez fosse feliz» (vv. 92-93)
|
|
«Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
/ À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora, / E à sensação
de que tudo é sonho, como coisa real por dentro» (vv. 22-24)
|
|
«Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata,
que é de folhas de estanho, / Deito tudo para o chão, como tenho deitado a
vida» (vv. 50-51)
|
|
«Deito tudo para o chão, como tenho deitado a
vida» (v. 51)
|
|
«Pudesse eu comer chocolates com a mesma
verdade com que comes» (v. 49)
|
«Na
tabacaria» (p. 136) é um trecho de A
máquina de fazer espanhóis, de Valter Hugo Mãe. Aí se alude a Pessoa e ao
poema que acabámos de ver (e te pedira lesses em casa). Num comentário-síntese,
explica como neste excerto de um romance se usou o poema de Álvaro de Campos. No
teu texto terão de surgir estas sete expressões (sublinha-‑as depois; podem
ficar no plural): sujeito poético, poeta, autor, escritor, narrador, personagem, protagonista.
TPC — Lê «Camões e Pessoa: cantores do
Império» (p. 197); «Pessoa e o novo sonho português» (p. 199); «A organização
simbólica de Mensagem» (p. 203).
Aula 33-34
(28/out [8.ª], 2 [1.ª],
3 [7.ª], 4/nov [5.ª]) Na p. 204 do manual, lê o poema «O dos castelos», o
primeiro de Mensagem.
Resolve
a pergunta 1.1 da mesma p. 204, acrescentando à resposta que se segue os
topónimos (nomes de lugares) ou gentílicos (designações de povos) em falta.
1.1 A ______ é
descrita no poema como se de uma figura feminina se tratasse. Assim, na
descrição do continente europeu, corpo cujos braços são a ________ e a ________,
sobressai a cabeça «cujo rosto é _______». Nessa cabeça, os cabelos são
«românticos», sonhadores, toldam o rosto, adensando o mistério que envolve a
figura. Os olhos são «________», marca da herança clássica e civilizacional que
este atributo conota, e o olhar que deles se desprende é «esfíngico», indagador
do desconhecido, e «fatal», pois a procura desse desconhecido é motivada pelo
destino.
Responde à pergunta 1.2 (e lê a resposta
que dou à pergunta 1.3).
1.2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
1.3 Portugal é o rosto da Europa que contempla o desconhecido.
Ora, esse desconhecido é o Ocidente, o mar a desvendar para tornar possível o
paradoxo de construir o «futuro do passado». É a Portugal que cabe, pois, a
missão predestinada de construção do futuro.
Como se fez em 1.1,
resolve a pergunta 2, acrescentando os nomes de lugares.
2. «O dos castelos» é _____, definido no poema como o rosto
da _____, o olhar e guia da ____, ____ cujo brasão ostenta os castelos, referenciais do passado, mas cuja
missão é a construção do futuro. Lembremos que este é o primeiro poema da
primeira parte de Mensagem, que
remete para a fundação da nacionalidade inscrita no brasão.
Vê agora, no
terço inferior da p. 204, «Pós-leitura», que inclui duas estrofes do canto III
dos Lusíadas, pouco depois do começo
do discurso de Vasco da Gama ao Rei de Melinde. Responde à pergunta 1.1,
completando o que já está lançado.
«Reino
Lusitano» = ‘Portugal’ || «Phebo» = ‘Apolo, deus do Sol, da música e da
poesia’, ‘Sol’ || «o torpe Mauritano» = ‘os torpes mouros’ || «deitando-o de si
fora» = ‘expulsando-o do país’ || «ditosa» = ‘afortunada, feliz’ || «torne» =
‘regresse’ || «foi Lusitânia» = ‘chamou-se Lusitânia’ || «dirivado de Luso ou
Lysa» = ‘[nome] derivado de Luso ou Lisa’ || «antão» = ‘então’
1.1 Tal
como no poema «O dos castelos», de Mensagem,
a estrofe 20 do Canto III de Os Lusíadas
.
. . . . . .
A
tinta, escreve um comentário ao poema de Pessoa. Usa algumas citações do
próprio texto. Faz que surjam as expressões — que sublinharás — «sujeito
poético», «ortónimo/a», «estrofe», «quarteto», «quadra», «verso», «dicotomia
sentir/pensar».
Cansa sentir quando se pensa.
No ar da noite a madrugar
Há uma solidão imensa
Que tem por corpo o frio do ar.
Neste momento insone e triste
Em que não sei quem hei de ser,
Pesa-me o informe real que existe
Na noite antes de amanhecer.
Tudo isto me parece tudo.
Mas noite, frio, negror sem fim,
Mundo mudo, silêncio mudo —
Ah, nada é isto, nada é assim!
Fernando Pessoa, Poemas de Fernando Pessoa. 1931-1933, edição de Ivo Castro, Lisboa,
INCM, 2004
insone = ‘que tem insónias, que não dorme’ || o informe real = ‘o real sem forma’ || negror = ‘escuridão’
TPC — Vai revendo assuntos de gramática que temos estudado; vai consultando
também páginas do manual em torno do Pessoa que temos dado. (Na turma 5.ª, o tepecê inclui ainda a redação do comentário sobre «Cansa sentir quando se pensa».)
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