Quatro
Miguel D.
Miguel D.
(18) Pontos fortes Boa escrita.
Apesar de a parte do resumo poder parecer extensa, na verdade, como está bem
redigida, e associada a breves alusões às categorias narratológicas, não
resulta mal. Também há outra razão para o resumo nos não aborrecer: o proporcional
enquadramento na experiência pessoal, antes e depois da referência à obra. A
leitura em voz alta, de um texto que não era nada fácil, há de ter sido
bastante preparada. A entoação é sempre correta, a velocidade adequada (há talvez,
aqui e ali, exagerada velocidade ao nível de palavras, com pouca definição de
sílabas, mas não ao nível frásico; e saiu mal «bisbilhotar»). O slide é já uma
informação enquadradora (e olhos menos míopes do que os meus conseguem ver, encostado à lombada do livro, um símile de Poirot). Prazo mais recomendado foi cumprido. Aspetos melhoráveis Notei uma única
agramaticalidade («e não *lhe havia escapatória»). E é discutível a expressão
«de forma clichê» («clichê» como adjetivo?; melhor: «de forma que nos parece um
clichê»). Hesito ainda em «para que apontaria o dedo» [apontasse].
Lena
Lena (14,8)
Pontos fortes Leitura em voz alta sem
incorreções (o que, dada a extensão do texto, já é bastante meritório), embora
acabe por sobrevir certa monotonia, que momentos em que se tentou maior
expressividade (com entoações típicas dos narradores de histórias) não
conseguiram esbater completamente, porque o resumo se torna demasiado
imbricado. Slide criativo. Aspetos
melhoráveis Abordagem foi sobretudo narrativa, de resumo (conviria ter
entretecido isto com com considerações subjetivas, com alguma apreciação do
livro, etc.). Em vários momentos, o tempo verbal usado poderia respeitar maior
distância (é um relato de história passada). Exemplos: em ver de «a discussão
deveu-se», era melhor «a discussão devera-se»; por «um deles confiou», «um
deles confiara» (como se estava a narrar no perfeito, nestas ações ainda
anteriores, passadas dentro do passado, fica mais elegante o
mais-que-perfeito). Trocaria ainda «o desenlace passa-se a descobrir» por «o
desenlace inclui/implica descobrir».
Núria
Núria (17,3)
Pontos fortes Abordagem que cruza a
experiência pessoal e a alusão à obra, de modo que se torna apelativo. Leitura
em voz alta bastante expressiva (com teatralidade que tem vantagens, embora também
implica maiores dificuldades — por o registo ser difícil de manter). Aspetos melhoráveis Na redação, algumas
regências: «aos quais nos propôs a leitura» («cuja leitura nos propôs»);
«aquela rua que tão bem conheço e que, numa provável antiga adega,» («aquela
rua que tão bem conheço e em que,
numa provável [presumível] antiga adega,»), («a figura ridícula de que só imaginamos nos desenhos
animados» («a figura ridícula que só imaginamos nos desenhos animados»).
Alexandre C.
Alexandre
C. (17,8) Pontos fortes Bom texto,
conseguindo-se associar estilo confessional (leituras anteriores), breve resumo
da obra escolhida e sua análise (ancorada numa comparação Poirot/Hastings vs. Holmes/Watson). Leitura em voz alta
sem erros, embora com certo «lisboetismo» (tendência para comer vogais ou
sílabas inteiras). Boas pronúncias francesas. Slide funcional. Aspetos melhoráveis Uso excessivo de
«seu(s)/sua(s)» e de «este/a» (quase sempre, salvo erro, justificar-se-ia a simples
elipse). Duas fragilidades de sintaxe: «aparentando ter sido por causas
naturais» («aparentando a morte ter
sido por causas naturais»); «como muitas vezes Agatha Christie o refere» (preferível sem anáfora: «como
muitas vezes Agatha Christie refere»).
Francisco Hipólito
Fran Hipólito
(15,4) Pontos fortes Equilíbrio
entre crítica do livro, aproximação memorialística, relato do enredo. Leitura
em voz alta clara e em velocidade adequada (embora um tanto altissonante e com
uma ou outra raras hesitações). Slide simples mas esteticamente agradável. Aspetos melhoráveis «Entreter» é verbo
derivado de «ter», o que faz que seja «entretive, entretiveste, entreteve» (e
não «entreteu»). Em «A. C. é exímia a criar intriga», não sei se não terá
havido confusão advinda da polissemia de «intriga» — «intriga», neste caso, corresponderia
a ‘enredo’, ‘história’, ‘ação’, mas parece estar a ser usada,
involuntariamente, no sentido de ‘coscuvilhice, etc.’. Também tenho dúvidas
quanto a «o cruzeiro onde estive» (prefiro: «o cruzeiro em que estive», já que
não sei se «cruzeiro» pode ser assumido como lugar— é mais tempo-lugar). Na
leitura em voz alta, teria de haver pausa em «No início [,] em que as
personagens são apresentadas,».
Inês B.
Inês B. (15,7)
Pontos fortes Leitura em voz alta,
calma, clara, com entoação pertinente e quase sem falhas (apenas uma hesitação
em «optei por», cerca de 0.18). Slide original. Aspetos melhoráveis Por seis segundos não se atingiu o tempo mínimo
(talvez pudesse esse tempo em falta, e mais algum, servir para abordagem analítica,
crítica, já menos focada no resumo — devo dizer, porém, que, nos momentos em
que escapou ao resumo, conseguiu a Inês ter ideias acertadas). Algumas falhas
na coesão (frásica, referencial e lexical): «uma história muito simples em que
todos os seus acontecimentos se
passam numa tarde» («uma história simples cujas ações se concentram numa
tarde»); «o desprezo que demonstravam
perante os habitantes da vila» («o desprezo que mostravam pelos habitantes
da vila»); «esta obra retrata uma história» («esta obra narra uma história«);«como
já havia referenciado» («como já havia referido»); e há uns dois «estes» que
podiam dar lugar a simples elipses.
Inês M.
Inês M. (18)
Pontos fortes Boa escrita (que aliás,
por a complexificar, tornou a leitura em voz alta muito exigente), com adequada
alternância entre a voz da autora e o resumo do livro. (Ainda assim, um erro de
léxico — «era capaz de me absorver do
resto do mundo» deveria ser «era capaz de me abstrair do resto do mundo» — e uma regência discutível — «sem
dúvida de que o caminho» talvez
devesse ser «sem dúvida que o caminho».) Aspetos
melhoráveis Leitura em voz alta, ainda que sem erros de pronúncia ou
hesitações (apenas uma, a dois segundos do fim), poderia estar melhor: há uma
tentativa de encontrar entoações adequadas a um estilo coloquial que nem sempre
foi bem sucedida (alguns alongamentos e ênfase parecem artificiais). Provavelmente,
a melhor solução passaria por se assumir um estilo neutro, quase isento de
expressividade — uma apreciação crítica implica um grau leve de presença do
locutor (nas partes nitidamente confessionais, não por acaso, as entoações já resultaram
bem).
Marta
Marta (18)
Pontos fortes Escrita, em estilo
levemente irónico, transmitindo bem a experiência, as experiências, de leitora
sem se deixar de aludir a livros em causa. (Engraçado o argumento de, sendo a
leitura para trabalho de uma disciplina, se tornar mais prazerosa, por não haver
o remorso de se estar a desperdiçar tempo. Fica desfeito o mito de, para criar
o gosto por leitura, se dever evitar conotá-la com tarefas escolares.) Aspetos melhoráveis Leitura em voz
alta, ainda que reveladora de muita capacidade — e talvez por isso mesmo —, foi
por vezes demasiado rápida na metade final. É preciso ter em conta que quem
ouve precisa de certo tempo para ir acompanhando o que o texto diz. Cerca de
2.40, interrogação saiu pouco natural. Na redação, há estes pontos emendáveis: «decidi
ir dormir numa parte em que não devia
ter escolhido para parar» («decidi ir dormir numa parte que não devia ter
escolhido para parar» ou «decidi ir dormir numa parte em que não devia ter parado»);
«angustiada com o que poderá acontecer» («angustiada com o que poderia
acontecer» — depende de verbo no perfeito: logo o que, em discurso não
reportado, ficaria no futuro passa agora a condicional); «vai de encontro» («vai
ao encontro» ou «encontra»; ou era mesmo ‘choca com’? se sim, estava bem); «na
descrição da história» («no resumo da história», «nas alusões à intriga»). Na
segunda parte há alguns cortes (pausas) na gravação, o desvirtua ligeiramente o
conjunto.
Rita S.
Rita S.
(17,7) Pontos fortes Boa escrita (sobretudo
no primeiro minuto, o mais pessoal, mas também no restante). Leitura em voz
alta sem erros, diria até quase demasiado eficiente (explico-me: como há muita
facilidade na leitura, Rita tende a ser rápida, monotonamente rápida, acabando
por faltar fôlego, nem tanto a quem lê, mas a quem ouve — a leitura, de tão
ritmada, de tão perfeita, torna o texto demasiado linear). Slide elegante. Aspetos melhoráveis Texto (que aliás
ultrapassa ligeiramente o máximo recomendado) torna-se demasiado imbricado, à
medida que se tenta fazer o resumo das obras (uma abordagem mais leve
resultaria melhor). Reparos de sintaxe: «já teria lido» («já tinha lido» é que
parece ter de ser); «houvessem pessoas» («houvesse pessoas» — o sujeito não é
«pessoas»: com o verbo «haver», temos sempre sujeito nulo expletivo, logo
singular); «apercebi-me que» («apercebi-me de que»); «percebi que foi um erro»
(melhor: «percebi que fora um erro»).
Mar
Mar (16) Pontos fortes Boa ligação entre a abordagem
autobiográfica e a de apreciação crítica. Leitura em voz alta muito clara e,
quase sempre, na velocidade ideal. Aspetos
melhoráveis Texto segue-se com bem mas merecia ser mais burilado, mais trabalhado
(evitar algumas repetições; sofisticar um pouco o discurso, ainda que mantendo
o conseguido estilo coloquial; evitar o presente narrativo, preferindo perfeito
e mais-que-perfeito; rebuscar mais o léxico). Alguns segmentos emendáveis: «do
Sherlock» («de Sherlock»; «da Agatha» («de Agatha»); repete-se demasiado «o
livro» (há que usar anáforas ou algum outro mecanismo de coesão referencial ou
lexical); «pedi à minha mãe para que me emprestasse o livro» («pedi à minha mãe
que me emprestasse o livro» ou « pedi à minha mãe para me emprestar o livro»).
Catarina
Catarina
(18,5) Pontos fortes Muito boa escrita
(capaz de servir uma apreciação severa do livro, sem que o texto nos pareça
pretensioso). Muito boa leitura em voz alta (se excetuarmos o que digo em
baixo). Bom slide. Aspetos melhoráveis
Quase todas as pronúncias francesas: «monsieur» lê-se «m[e]ssieur»; «femme»,
«f[á]mme»; «suspense», «susp[ã]se» (também «S[i]menon» está indevidamente lido
à inglesa) — a minha representação não se socorre dos carateres fonéticos, mas
tenta imitar os sons segundo as grafias portugueses correntes. Pronúncia de «arqui-inimigo»
deve ser «[α]rqui-inimigo» (e não com [a] aberto). Tempo máximo foi
ultrapassado em um minuto.
Daniel
Daniel (17,5)
Pontos fortes Boa compreensão do
livro de que se tratava, boa perceção das idiossincrasias do estilo de Rubem
Fonseca. Escrita e leitura em voz alta quase sem erros. Slide pertinente. Aspetos melhoráveis Na segunda parte da
gravação, a leitura em voz alta parece-me pouco coloquial, demasiado «gritada»
(menos calma, menos natural, do que até aí). Pronúncia de «Mandrake» deve ser com
«a» aberto, à portuguesa: «Mandr[á]ke». Em vez de «tem um vício por se
relacionar», poria «tem o vício de se relacionar»; logo a seguir, «realçando
assim» deveria ficar «realçando-se assim». Cerca de 2.00, não percebo bem uma
frase (problema técnico? de pronúncia? de sintaxe?).
Beatriz
Beatriz (16,4)
Pontos fortes Leitura em voz alta
(um pouco prejudicada por a captação de som não ser extraordinária). Texto conjugando
bem apreciação do livro e considerações pessoais. Aspetos melhoráveis Redação poderia ter sido mais revista, mais elaborada.
Dou exemplos de passos em que era fácil requintar o discurso: «é um livro
falado na 1.ª pessoa» («é um livro narrado na 1.ª pessoa» ou «é um livro cujo
narrador é homodiegético»); «não é mais um livro que tem o objetivo de nos pôr a chorar» («não é mais um livro que tenha o objetivo de nos pôr a chorar»);
a certa altura, repete-se bastante «[este] livro» (haveria que usar os
mecanismos de coesão referencial ou lexical)»; «condições tão baixas de vida» («condições
de vida tão baixas»); «decidi fugir ao que me foi pedido» («decidi fugir ao que me fora pedido»). Não se percebe uma palavra em 0.40 («e não é [?] a
todos os que leram sobre este tema»); também parece haver problemas de sintaxe
cerca de 1.10-1.15, mas não consigo ouvir tudo bem.
Joana
Joana (16)
Pontos fortes Leitura em voz alta, calma
e quase sempre com boas entoações (emendaria, porém, a pronúncia de
«amabilidade» — que deveria ser menos soletrada, já que, sobretudo em Lisboa,
não dizemos as vogais todas —, uma hesitação — em «frontal» — e «Sir», que saiu
quase «Shir», talvez por assimilação a «Sherlock»). Aspetos
melhoráveis Escrita está bastante elaborada, mas, aqui e ali, com
vocabulário que a Joana não domina na íntegra. Alterações que faria: «este
livro com Sherlock Holmes foi a minha primeira experiência com palavras
escritas» passaria a «este livro foi a minha primeira experiência com Sherlock
Holmes através de palavras escritas»; «detalhista» é palavra possível,
ainda que não dicionarizada, mas eu defenderia um simples «detalhado»,
«pormenorizado», «descritivo».
Raquel
Raquel (15)
Pontos fortes Estruturação do texto,
sua planificação, preocupação em descrever com detalhe o objeto de que se
ocupará (o que, porém, também constituiu uma desvantagem, já que impossibilitou
um estilo mais pessoal, menos formal). Slide agradável. Aspetos melhoráveis Leitura em voz alta pareceu, por vezes, pouco
ensaiada, pouco repetida (pronúncias hesitantes das seguintes palavras: «incluídos»,
«naval», «intérprete» (é esdrúxula!), «homicídio» — as pausas-cortes na
gravação também desvirtuam um tanto a tarefa de leitura. Na escrita,
corrigiria: «bastantes acessíveis» («bastante»); nesta frase começa-se por um
sujeito singular («esta obra») mas prossegue-se com verbo no plural, «são
bastante acessíveis» (percebo que se estivesse a a pensar em «contos», mas, na
verdade, esse sujeito não chega a aparecer); «foi um dos únicos» («foi um dos
poucos»); «que aí se aproximava» («que se aproximava» — o deítico só se
justifica dentro da narrativa); «colega de estudo» («colega de estudos»).
Tomás
Tomás (13)
Pontos fortes O próprio livro
escolhido. Informalidade e um estilo de quem conversa que acabam por despertar
quem ouve (no entanto, essa espontaneidade tem também as suas desvantagens,
notando-se falhas na expressão oral — vê-se que não houve efetivamente
suficiente preparação, independentemente de se ter apostado porventura numa
abordagem mais coloquial). Aspetos
melhoráveis Demasiado resumo (em prejuízo de considerações pessoais e de
apreciação da obra). Problemas de redação: «político e prisioneiro a quem lhe foi dada permissão» (era: «político
e prisioneiro a quem foi dada permissão»); «quando vai a visitar a sua mãe» («quando vai visitar a sua mãe»); «o tinham
cego» («o tinham cegado» — com o verbo «ter» é sempre a forma regular do
particípio passado); «na cidade de Irkutsk onde o governador» («na cidade de
Irkutsk cujo governador»). Captação do som.
Sara
Sara (17,5)
Pontos fortes Todo o início do
texto, dando conta das hesitações quanto à obra a ler e da opção tomada. Equilíbrio
entre parte introdutória (mais pessoal), o miolo do texto (resumo do próprio
livro) e a conclusão (apreciativa). Leitura em voz alta sempre certa, embora
prejudicada por o som da gravação não ter ficado impecável. Aspetos melhoráveis Duas fragilidades
de sintaxe: «dá conta que um dos cadáveres» («dá conta de que um dos cadáveres»);
«foi o primeiro livro de ... e recomendo» («foi o primeiro livro de ... e
recomendo-o»).
Maria Inês
Maria
Inês ([não é fácil atribuir uma classificação, porque o formato, dados os onze
minutos e trinta, é bastante diferente do que eu já interiorizara]) Pontos fortes Relação
com obras lidas (e associação entre ambos os livros). Escrita, com vários bons
achados: «estava tão cega daquele livro»; «começa-se por começar, mas eu começo
pelo fim»; «faz que corramos, mas atentos, pelas páginas fora»; até o começo
por frase da contracapa; etc. (No entanto, noto que há segmentos muito
inspirados em recensões na net, o que me desilude e me deixa na incerteza quanto
ao que devo mesmo elogiar.) Slide agradável. Aspetos melhoráveis Desleixo relativamente ao que se combinara
(prazo — gravação chegou-me já depois do conselho de turma, pelo que nem a pude
ter em conta para efeitos de avaliação; tempo — mais do dobro do tempo máximo estipulado;
e até, ainda que mais perdoável, a presença de música de fundo). Algumas falhas
de revisão da redação (conselho para o futuro: investir na releitura, na microscopia,
em prejuízo da prolixidade): «Que me fizeram pegar nele e começar *o a lê-lo»
(se bem oiço); «descreve os acontecimentos» («narra os acontecimentos»); «a
escrita é feita como se fosse o correr do pensamento» («a escrita simula o correr/o
curso do pensamento»; «o texto está escrito de maneira a imitar o curso...»);
«os diálogos são apenas intermediários [se
ouvi bem] por pontos ou vírgulas» («os diálogos são apenas intermediados
por pontos ou vírgulas»»); «imaginarmos uma história [?]» (cerca de 1.50, não
consigo perceber); «é aqui onde ocorre boa parte da história» («é aqui que ocorre
boa parte da história»); «as casas estão desabitadas, ocupadas por outros
habitantes» («as casas estão abandonadas ou ocupadas por outros habitantes»); «analogia
àquilo que» («analogia com aquilo que»); «chamar efetivamente de homens» («chamar
efetivamente homens»). A leitura em voz alta, sendo o texto tão longo, não poderia
ter saído impecável (mesmo assim, até se evidencia a capacidade de Maria Inês,
mas, é claro, deveria ter havido mais ensaios — o que era exequível se o tempo máximo
tivesse sido observado).
Gonçalo V.
Gonçalo
V. (12,5) Pontos fortes Leitura
clara, embora com demasiada «pontuação» (nem todos os sinais de pontuação
significam pausas na transposição oral: boa parte da pontuação é mera convenção
sintática sem implicações na oralidade). Aspetos
melhoráveis Incumprimento de regras que combináramos (gravação não vinha no
formato estipulado — e até eu fui capaz de fazer as conversões necessárias... —,
tempo ficou ligeiramente aquém do mínimo estipulado, pedira que se trasse de obra
lida agora e não em anos anteriores). Correções à redação: «um dos livros que
mais me marcou» (é: «um dos livros que mais me marcaram»); «todas as pessoas
desta sociedade ficam cegas» (em princípio, deveríamos assumir o distanciamento
do discurso reportado: «todas as pessoas daquela sociedade ficavam cegas»); «penso
que, com esta personagem, o autor cria-a para» (penso que o autor cria esta
personagem para»); «acontecimentos que se vão realizando» («acontecimentos que
se vão sucedendo»); «manicómio, que, aos poucos, se vai tornando cada vez mais
insuportável de se viver» (manicómio, onde a vida, aos poucos, se vai tornado
mais insuportável»). Algumas repetições que uma boa revisão evitaria: perto do
final, em poucos segundos e sem que pareça propositado, dois «jamais
esquecerei» e dois «aos poucos».
Miguel B.
Miguel B.
(12,5) Pontos fortes Slide
(conseguindo associar capa e o próprio autor da apreciação —aparecendo este a
produzir gesto simbólico, a representação de uma pistola, que, simbolicamente,
consegue também voltar a cruzar os dois planos, o do policial e o da sua apreciação).
Alguns momentos com bons achados de linguagem criativa («um livro inteligente,
com personagens inteligentes»; «a história vai aquecendo e os detetives vão
ficando queimados»; «sem um bode para pôr na panela» — um bode expiatório, portanto —; etc.). Aspetos melhoráveis Tudo foi feito decerto
apressadamente. Quantas vezes se experimentou a leitura em voz alta? Na
verdade, a leitura em voz alta parece quase «à primeira», chega a parecer a de
quem está a reconhecer o que vai ler e ainda não ensaiou. Também a escrita está
pouco elaborada, pouco revista («para o ajudarem com o seu problema» (era:
«para o ajudarem no seu problema» ou «para o ajudarem a resolver o seu
problema»); «que foram contratados por ..., que os contratou» (óbvia falta de
revisão); «falado na internet». Além disso, teria sido preferível fugir ao
simples resumo da intriga (note-se: a intriga é o enredo — ao longo da gravação,
intriga surge com outro sentido: «a intriga não desaparece até à última
página»; «continuou a aumentar a intriga»), adotando uma abordagem mais pessoal
ou apreciativa. Tempo mínimo não chegou a ser todo aproveitado.
João
João (13)
Pontos fortes Gostei sobretudo do
primeiro minuto, mais memorialístico. Está bem escrito, embora essa redação não
tivesse sido muito pensada em termos de leitura em voz alta (há frases
compridas, porco naturais na expressão oral). Fica também a noção de que o
livros, e outros da mesma autora, foram efetivamente lidos. Aspetos melhoráveis Leitura em voz alta
decerto poderia ter sido mais ensaiada. A redação da parte de resumo-síntese do
livro é menos elegante do que a do minuto inicial (talvez fosse de a reduzir e
ampliar os momentos mais pessoais ou de apreciação crítica). Notei haver
demasiados «seus» e «suas». Em geral, era mais pertinente o Mais-que-perfeito
do que o Perfeito: «quando eram mais novos, fugiu» (era melhor: «fugira»);
«sempre foi» («sempre fora»). Não está bem também «Poirot lembra-me de um
pinguim» («lembra um pinguim»). Em «No dia seguinte, esta aparece» (creio que a
anáfora está demasiado longe do referente: talvez se tivesse de usar mesmo o
nome). Solução do slide foi pouco imaginativa. Futuramente, prazo deve ser mais
tido em conta.
Alexandre F.
Alexandre
F. (11,5) Pontos fortes Relação com
o livro lido (percebemos que a apreciação é genuína, que as considerações
acerca da obra são espontâneas). Consegue-se, aqui e ali, um esboço de
justificação teórica para o sucesso ou para as dificuldades postas pelo livro (livro
sobre livro; o excesso de itálico; as revelações diferentes das do cinema). O
próprio livro escolhido, saindo já das leituras mais breves que eram exigidas. Aspetos melhoráveis Houve pouco ensaio
(da leitura em voz alta), pouca elaboração (da escrita). Poderia dizer-se que assim
o texto fica mais natural, «mais real», mas, num trabalho destes, pretende-se formalidade
na redação e uma leitura em voz alta mais perfeita (mesmo que seja no sentido
de imitar a coloquialidade — são aqueles improvisos que dão muito trabalho a
preparar...). Uso nem sempre aceitável de «este» (e outros problemas de
sintaxe). Slide podia ser mais criativo.
Gonçalo C.
Gonçalo
C. (13,5) Pontos fortes Não era
fácil fazer uma apreciação do livro, que implica conhecer vários dados da
história mais ou menos recente do Chile. Creio que estas crónicas serão aliás
difíceis (e talvez devesse eu ter aconselhado outro livro). Mesmo assim, o Gonçalo
conseguiu encontrar o tema agregador e explicá-lo aceitavelmente. Slide
criativo e informativo. Aspetos melhoráveis A leitura tentou
ser muito pausada, o que foi boa solução, mas talvez, aqui e ali, exagerada. Há
algumas imperfeições de escrita: em vez de «Este livro trata-se», seria
«Trata-se de...»; Cerca de 1.20, a redação tem sintaxe um pouco embrulhada. A
pronúncia de «Allende» é «A[lh]end[é]». Prazo, no futuro, deve ser mais
cumprido.
Rodrigo
Rodrigo (14) Pontos fortes
Leitura em voz alta clara e pausada (por vezes, esse rtimo pausado confunde-se
com uma leitura demasiado pontuada, quase se percebendo as vírgulas do original,
e aí o que era mérito passa a demérito). Redação é interessante, com alguma
tentativa de analisar narratologicamente, embora haja relativamente pouco texto
(cfr. lentidão e tempo da gravação) e certo recurso a bordões («recomendo vivamente»;
«leitura íntima»; «livro carismático»). Aspetos
melhoráveis Incumprimentos de indicações (prazo; tempo mínimo — três
minutos; falta de capa do livro inteiramente visível no slide). «Estreou» foi
pronunciado «[Ex]treou» Redação: «a maioria dos detalhes que nos era
proporcionada» («eram proporcionados»); «proveniessem» («proviessem»).
Gonçalo N.
Alexandre A.
Gonçalo N. (9) Pontos fortes Leitura
em voz alta bastante aceitável Aspetos
melhoráveis Tudo foi feito com pouco investimento. Depois de tantos meses
de espera, a gravação vem com menos de metade do tempo mínimo estipulado, com
uma imagem que nada tem de subjetivo e com um texto que plagia trechos tirados da
net.
Manel
Manel (12,5) Pontos fortes Leitura
em voz alta está muito audível, embora me pareça pouco espontânea (e também surgem
hesitações, que mostram não ter havido ensaios suficientes). Redação revela bom
vocabulário (para ser franco, fiquei com dúvidas sobre se não houve, sobretudo na
parte que se debruça sobre Rex Stout e sobre Nero Wolfe, algum aproveitamento
de textos prévios, da net ou outros). Imagem. Aspetos melhoráveis Não se terem decerto lido as instruções do
trabalho (ver aqui). Estipulavam estas um tempo máximo de cinco minutos, que foi
ultrapassado em dois minutos. Também aí se referia a necessidade de fugir ao
simples resumo — o que aliás ficava exemplificado no modelo que eu próprio tentei
—, mas essa acaba por ser a abordagem predominante do texto do Manel. Este
género de texto, com o relato de todas as peripécias, implicou uma escrita nem
sempre elegante e um tanto monótona. Só nos últimos segundos se chega à
apreciação propriamente dita (muito leve, de resto, em contraste com o que
ouvíramos até então). Até por o prazo ter sido tão ultrapassado, teria sido
exequível, e vantajoso, ouvir gravações de outros colegas e ler alguns dos meus
comentários.
Alexandre A.
Alexandre A. (Podes fazer melhor)
Pontos fortes Ter-se cumprido a
entrega deste trabalho, ainda que muito tarde. Deve dizer-se que o autor tem
noção do desleixo em que algumas vezes incorre (vá lá, bastantes vezes) e
percebe-se que há nisto tudo mais desarrumação, falta de tempo, do que má
vontade. Noção de que a obra foi mesmo lida. Aspetos melhoráveis Como diz o Alexandre no início da gravação, foi
só após «uma longa ponderação» que se decidiu a escolher a obra a ler (na
verdade, foi tão longa essa ponderação que este trabalho só me chega agora no
final do ano), o que me leva ao conselho: ponderar um pouco menos e
despachar-se mais a entregar as tarefas (e despachar-se também para chegar às
aulas a horas, já agora). Pronúncia de «Poirot», à inglesa, é um belo candidato
ao Prémio ‘António José Seguro’, destinado a más pronúncias francesas (mas
Catarina é capaz de obter o primeiro lugar). Pronúncia de «Mary», à bielorussa,
é por sua vez, um convincente candidato a um prémio para más pronúncias inglesas. «Também
conhecida como ‘Rainha do crime’, ..., entre outros» (entre outros epítetos /
nomes). Na parte final da gravação há alguns problemas de sintaxe. Redação
demasiado genérica (há pouco sobre o livro em causa). Leitura em voz alta devia
ter sido mais ensaiada. Tempo mínimo não foi cumprido.
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