Sunday, September 16, 2012

Nove


Afonso



Afonso (17,3) Pontos fortes Segue-se uma abordagem (introdução biobibliográfica sobre a autora e, depois, sobretudo apreciação crítica ao livro) que preveni ser difícil; no entanto, graças à capacidade de escrita do autor, as dificuldades desse formato são ultrapassadas. Tentou-se (e, a espaços, conseguiu-se bem; outras vezes, razovelmente) uma leitura coloquial, de quem finge ir conversando. Chega a parecer que a construção do texto já obedeceu a esse propósito (certos modificadores apositivos, por exemplo). Cumpriu-se o prazo mais recomendado. Aspetos melhoráveis O referido estilo coloquial pode confundir-se com improviso na leitura (algumas pausas preenchidas, os «aaa», podem ser interpretados das duas maneiras). Por vezes, parece-me que Afonso está a tentar perceber o que exatamente escreveu (o que, conhecendo-lhe a caligrafia, não seria surpreendente). Em segmentos mais valorativos, alguns adjetivos, e advérbios, parecem um «passe-partout» (como «incontornável» nas críticas em programas de crítica de livros): «fenomenal», soberba»; «[enriquece] bastante». Música em fundo é infração, embora irrelevante, ao que se indicara.


Rui



Rui (13) Pontos fortes O primeiro minuto, mais pessoal, com reflexão sobre as vantagens (por vezes, desvantagens, quanto a mim) de já se conhecer visualmente, por filme, a ambiência com que nos vamos deparar num livro. O final do texto, de novo «confessional», retoma essa linha, num estilo sincero que aplaudo. O Rui tem leitura em voz alta agradável, embora me pareça seja até capaz de melhor (duas más pronúncias: «conde[n]sas», por «condessas»; «chegou [á] duas possibilidades», por «a»). Cumpriu-se o prazo mais recomendado. Aspetos melhoráveis Houve incumprimentos do que eu estipulara: (i) no fundo, acabou por não haver leitura de nova obra, mas apenas releitura de outra já lida (surpreende-me que seja assim tão difícil «entrar» num policial de Simenon); (ii) duração foi inferior aos três minutos mínimos; (iii) houve mais do que uma imagem fixa (e ambas não especialmente criativas). Na redação, não sei se resultam bem num texto oral certas anáforas, embora veja mérito nessas tentativas de pronominalização («a dita», «sobre esta mesma»; e o pronome em «o é» creio que não retoma um referente claro). Problema de coesão frásica no final: «a incompatibilidade com o tempo de estudo das outras disciplinas não me permitiram [...]» (teria de ser singular, que o sujeito é «a incompatibilidade [...]»); e uma má regência em «[o que acontece] em todas as obras» (era «com todas as obras»).


Filipe




Filipe (13,3) Pontos fortes Ter-se lido um policial que é talvez menos exclusivamente narrativo que os policiais que a maioria prefere. Atenção prestada a elementos paratextuais (título, capa — «os mestres da literatura policial» é emblema da coleção Vampiro), sugerindo certo suspense na própria história da experiência de leitura (há uma aprpoximação ao livro a pouco e pouco). Prazo mais recomendado foi cumprido (é de justiça que se diga que aqueles que, como Filipe, foram pontuais já não puderam aproveitar advertências que fiz sobre o que pretendia, embora, na verdade, nas minhas instruções escritas, já estivessem elas bastante implícitas ou explícitas). Aspetos melhoráveis Não foi cumprida a extensão que pedira (faltaria um minuto ainda). O texto merecia mais revisão: «não é algo que domino» (melhor: «domine»); «é baseado numa idosa onde ao longo do livro» («que»); «a quem toda a gente despejou as culpas» («em quem»); o final tem também pequenas falhas de coesão. Pronúncia de «M[ai]gret» (não é /a/, será /ε/ ou /e/ consoante as regiões francófonas).


Francisco




Francisco (14,7) Pontos fortes Forma de encarar a experiência de leitura dos livros, franca, interessante, de quem gosta de ler (e não apenas resolver trabalhos destes). Leitura em voz alta em estilo (entre calmo e coloquial) que resulta. Slide está pensado informativa e esteticamente. Prazo recomendado foi cumprido. Aspetos melhoráveis Coesão textual (frásica, sobretudo): «a qual os seus» (deve ser: «cujos»); «bastantes interessantes» (o advérbio não tem plural, claro); «muitas poucas vezes» (o mesmo problema: «muito», porque é advérbio); «em que durante uns tempos andava» («com que durante uns tempos andei»); «um livro onde a história» (talvez melhor: «um livro cuja história»); «e não um que já conhecia a história» («e não um de que já conhecesse a história»); «policiais sobre Sherlock Holmes» («policiais com/de ...», «policiais cujo protagonista é...»); «após pôr em causa todas estas hipóteses» («após descartar [ponderar] todas estas hipóteses»); «eram ignoradas ou, pelo menos, era o que pareciam»(«parecia»); «na parte de trás do livro» («na contracapa»); «que andará a fazer isto» («que andaria a fazer aquilo»).


Sara




Sara (16,5) Pontos fortes Quer o texto escrito quer a respetiva leitura em voz alta são quase irrepreensíveis, não apresentam falhas (há uma ou duas hesitações na leitura em voz alta e a falha de coesão frásica que aponto em baixo). Prazo recomendado foi cumprido. Aspetos melhoráveis Talvez predomine demasiado o formato de resumo (e tenha-se em conta que o tempo aproveitado ficou aquém do limite mínimo, portanto haveria espaço para acrescentar outro tipo de abordagem). Em vez de «Entre a lista de suspeitos constavam», «Na lista de suspeitos constavam» ou «Entre os suspeitos constavam».

 

Bárbara




Bárbara (15,5) Pontos fortes Boa leitura em voz alta. Boa conclusão do texto. Aspetos melhoráveis Há alguns aproveitamentos, aqui e ali, de sinopses da net. Não foi cumprida a regra de se usar só um slide. Algumas falhas de coesão frásica: «disse-nos para que começássemos» (melhor: «disse-nos que»); «antecipadamente a ler» («antes de ler»); «crimes que lhe são introduzidos» [má tradução nética?] («crimes que lhe são apresentados»); «que muitos de nós não prestamos atenção» («a que muitos de nós não prestam atenção»); «nos depararmos um pouco com a descrição» («termos de nos confrontar com descrições»?; «ficarmos um pouco desiludidos com tantas descrições»?); e vale a pena desconfiar do «deste modo» e do «este»(enquanto anáfora).

 

João



João (14,5) Pontos fortes Leitura em voz alta é calma e muito razoável. Final, mais pessoal e criativo, é interessante, embora aí a leitura tivesse sido mais fraca. Aspetos melhoráveis Há relativamente pouco texto sobre a obra lida (são três minutos mas com bastantes generalidades acerca do autor e em ritmo lento). Algumas falhas de coesão: «o seu irmão contém» (era: «possui»); «alguns filmes que já assisti» («alguns filmes a que já assisti»); «apanhar um criminoso que ninguém conseguiria apanhar» («conseguisse»); «sendo encaradas» (no contexto em que está tem de ser «que são encaradas»).

 

Maria



Maria (13) Pontos fortes Leitura em voz alta razoável, facilmente audível (exceto: «de elevada [?] social»). Síntese e clareza. Aspetos melhoráveis Tempo mínimo não foi cumprido. Mesmo assim, gastou-se tempo demasiado nas referências biográficas (wikipédicas), em prejuízode perspetiva mais pessoal. Slide podia não ter só a capa. Creio que há problemas na frase apositiva «em que algumas delas utilizava o pseudónimo de [...]». Também «Ganhou bastante sucesso» seria «Teve bastante sucesso»; e «E tem uma vontade de descobrir» seria «E faz-nos vontade de descobrir».

 

Pedro M.



Pedro M. (12) Pontos fortes Perceber-se que o Pedro leu efetivamente a obra, ou as obras; e o enquadramento dentro da trilogia, no último meio minuto, com comparação em termos de preferência pessoal. Aspetos melhoráveis Não se cumpriu o que estipulara acerca do slide: tinha de ser uma única imagem. Há erros de sintaxe, ligados geralmente a pronomes relativos: «cujo o seu nome» (é «cujo nome»); «violência contra as mulheres, em que nos seus livros deve-se ao facto de» («violência contra as mulheres, que, nos livros de Larsson, costuma dever-se a...»); «foi um jornalista em que se destacou» («foi um jornalista que se destacou»); «foi morto a tiros, em que na mesma noite» («foi morto a tiros na mesma noite em que»). Também apresntam problemas de coesão, frásica e interfrásica, «pelo um grupo» («por um grupo»); e «Steve Larsson nascido em... e a sua morte deu-se em...» («nasceu»).

 

Zanatti



Zanatti (13) Pontos fortes Slide visualmente apelativo, mostrandos livros integrados no ambiente do leitor, fugindo bem à mera capa. O último meio minuto, por ser mais reflexivo, menos centrado no resumo e com expressão pessoal. Aspetos melhoráveis Teria preferido abordagem menos centrada no resumo, mais apreciativa, mais pessoal, como no tal meio minuto final. A redação ressente-se desse estilo sobretudo narrativo: há repetições, coesão (referencial, frásica, lexical) está pouco aprimorada. Por exemplo: «fazia passá-las por» (terá de ser: «fazia-as passar por» ou «fazia que passassem por»); «prefiro ler do que jogar» («prefiro ler a jogar»); «pode-se caracterizá-lo em diversas maneiras» («pode-se caracterizá-lo de diversas maneiras»); «o seu título denomina-se» («o seu título é» ou «a obra denomina-se»); «a saga teve um sucesso estrondoso em todos os países em que foi lançado [lançada]»; «violência em mulheres» («violência sobre mulheres»). Zanatti é capaz de melhores leituras em voz alta, embora esta fosse aceitável.

 


Márcia



Márcia (16,5) Pontos fortes Abordagem inicial, situando, com certa ironia até, a decisão sobre a obra a ler; e, do mesmo modo, a conclusão (na parte do meio, mais de relato, a redação não está tão boa). Slide bem pensado, com obra principal a cores e as que representam as leituras anteriores a preto e branco. Aspetos melhoráveis Apesar da boa leitura, certa tendência da Márcia para ser demasiado rápida nos finais de frase, comendo as últimas sílabas (no casos-limite, o recetor tem de se concentrar para perceber tudo...). Sintaxe errada cerca de 1.40 («Tom descobre que a vida fabulosa que este herdeiro leva.» e, um pouco antes e um pouco depois, também não está famoso o texto); e em «que este se revelou mais tarde ser» («que este revelou mais tarde ser» ou «que se revelou mais tarde»); «o que lhe espera» («o que o espera»).

 

Daniel




Daniel (14,3) Pontos fortes Formato dialogado da apreciação do livro permite maior atenção de quem ouve (e texto está, em geral, bem escrito, mesmo se, a certa altura, o resumo parece alongar-se). Leitura bastante aceitável, embora com «pontuação» a mais (e algumas hesitações no terço final). Slide esteticamente conseguido (os matizes de cor, e de forma, que vai ganhando e perdendo durante a narração funcionam bem, mostram engenho e gosto da parte do autor, mas são leve infração à regra da imagem única). Aspetos melhoráveis Algumas falhas de redação: «teve o azar de Poirot estar de férias no Egito e pôde investigar o crime» (poder ou ter podido); «que se tinha empregue em cometê-los» («que se tinha empenhado»? «empregado»? terá de ser o particípio passado regular porque o verbo é «ter»). Uma pronúncia: «Hercule», palavra francesa, deve ter a tónica na penúltima sílaba (ora Daniel pronunciou-a como esdrúxula, pelo menos da primeira vez).

 

Carlota




Carlota (14,5) Pontos fortes Leitura em voz alta, sem arriscar muito, é, geralmente, correta. Houve preocupação em tentar aproximação metódica à obra (embora, admito eu, talvez se ganhasse com menor arrumação, mais «caos», por assim dizer). Slide usa ideia simples, criativa e que resulta. Aspetos melhoráveis Podia ser maior o peso da apreciação pessoal relativamente aos trechos mais «wikipédicos» ou de resumo. Notei apenas esta falha de redaçção: «O leitor é deparado com» («O leitor é confrontado com»). Cerca de 2.20, hesitação marcada na leitura em voz alta, tal como acontece a três ou quatro segundos do fim.

 

Miguel



Miguel (12) Pontos fortes Leitura em voz alta sem erros, num ritmo calmo que favorece a compreensão (de quem consiga ouvir o som...). Aspetos melhoráveis Péssimo som (tenho a ideia de que o Miguel é versado em informática, mas os seus filmes têm sempre problemas técnicos insanáveis...). Slide não é do livro em português (será de filme? creio que sim, já que vê o ator Jeremy Irons). Abordagem é demasiado wikipédica, perdendo-se muito tempo com dados biográficos. Não se sente uma perspetiva pessoal acerca da obra: livro foi mesmo lido?

 

Gonçalo



Gonçalo (14) Pontos fortes Boa leitura em voz alta, apesar de algumas hesitações na segunda parte da gravação. Aspetos melhoráveis Alguns problemas de sintaxe: creio que não está bem o segmento «os porquês e a forma que o levam a ser assassinado»; «terem matado» era melhor que «terem morto»; também:«é graças aos seus métodos fora do normal que faz que tanta gente...» (teria de ser «é graças aos seus métodos fora do normal que tanta gente...» ou «são os seus métodos fora do normal que fazem que tanta gente...»); «a ação dos livros de Holmes é maioritariamente em Londres» («a ação dos livros de Holmes decorre/passa-se maioritariamente em Londres»).

 

Nuno



Nuno (13,8) Pontos fortes Menção ao percurso de receção dos livros (ao que nos acontece enquanto leitores: à experiência de leitura). Na leitura em voz alta, houve tentativa de expressividade-coloquialidade, que, porém, nem sempre foi bem sucedida. Aspetos melhoráveis Demasiado tempo em torno de dados biográficos. Falhas na redação: «Mirambolantes» é uma assimilação (do som nasal que vem só na penúltima sílaba), mas a palavra certa é «mirabolantes». Cerca dos vinte e tal segundos parece haver troca: raramente se ouve falar de Doyle (de Sherlock, até se ouve). Coesão: «casos aos quais é pedido auxílio a SH» («casos relativamente aos quais é preciso pedir auxílio a SH»); «um inicial» («um início»; «um momento inicial»); «Watson, que não sei até que ponto» («Watson, de tal modo que...» ou «Watson, pelo que...»); «descobrir o que é que se vai acontecer» («descobrir o que vai acontecer»).

 

Tomás



Tomás (13) Pontos fortes Há uma aproximação à obra que aposta, no essencial, em experiência de leitura própria e consegue transmitir gosto sentido e atrair leitores (apesar de um ou outro raros momentos talvez wikipédicos). Aspetos melhoráveis Quer texto quer leitura em voz alta abusam de estilo fragmentário, sincopado, aparentemente pouco estruturado ou ensaiado. Algumas agramaticalidades: «sejam pelos miúdos» (seja); «perpetuado às ditas classes baixas» (nas ditas). Entretanto, «é satisfatório assistir» será mais «sabe bem assistir», «é agradável assistir», «saisfaz-nos assistir».

 

Scheltinga



Scheltinga (12,5) Pontos fortes Tentativa de contemplar análise narratológica (mas era caso para ver se as tipificações dos narradores estão acertadas; não o pude fazer ainda). Perceção com que ficamos de que leu mesmo a obra. Aspetos melhoráveis Leitura em voz alta pouco ensaiada; texto, por vezes, ainda apenas esboçado. Pronúncia correta do nome do escritor angolano será «P[ê]p[ê]t[é]la» (à margem: «Pepetela» significa em quimbundo «Pestana», o verdadeiro apelido civil do escritor). Redação em «e que não fazem qualquer sentido o que ele está a fazer» («e que não percebem...»). Também: «um livro interessante que vocês de todos deviam ler» (sem «de»).

 

Tiago



Tiago (11) Pontos fortes Há certa estruturação lógica do texto (embora essas fases do formato adotado acabem por impedir a abordagem mais pessoal que eu recomendara). Não encontro erros grandes de escrita ou de leitura em voz alta (embora tudo me pareça pouco ensaiado). Aspetos melhoráveis Não se chegou ao tempo mínimo pedido. Boa parte do tempo usado é sobre generalidades acerca de escritor e detetive (mais ou menos «wikipédicas»). Não se percebe «um escritor prolífico [?] trabalhos...». Má regência em «que muitas pessoas não têm capacidade» («para que...», «de que...»); «histórias acerca do detetive» («com o detetive», «cujo protagonista é o detetive»). Slide, como aliás os dos dois colegas antes, podia ser mais criativo.

 

Ana




Ana ([prefiro não dar nota]) Grande parte deste texto é reprodução de apreciação, ou de apreciações, encontrável, ou encontráveis, na net, com uma ou outra troca de palavras. (Infelizmente, há mais casos em gravações de outros alunos: nota-se a situação em alguns dos trechos de biografia dos escritores, por vezes demasiado wikipédicos, em simples resumos da narrativa ou quando se repetem generalidades acerca dos detetives. Tentei indiciar essas situações, com a elegância que me foi possível, nos meus comentários. Nesta gravação, a reprodução indevida é ainda mais evidente.)

 

Rodrigo



Rodrigo (13,8) Pontos fortes Texto pessoal e sincero (por exemplo, a dúvida sobre o lavagante na capa, recuperada no final, é bem aproveitada). Tentativa de fazer alguma análise narratológica. Boas pronúncias francesas. Aspetos melhoráveis Leitura em voz alta bastante aquém do que o Rodrigo é capaz (constipado, creio). Também a escrita podia estar mais burilada. Falha de redação repetida: «e que o personagem principal» («cujo personagem principal»); «uma palavra mais ou menos complicada que se percebe o seu significado» («cujo significado se percebe»). Tempo mínimo não foi cumprido.

 

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