Nove
Afonso
Afonso (17,3) Pontos fortes Segue-se uma abordagem (introdução biobibliográfica sobre a autora e, depois, sobretudo apreciação crítica ao livro) que preveni ser difícil; no entanto, graças à capacidade de escrita do autor, as dificuldades desse formato são ultrapassadas. Tentou-se (e, a espaços, conseguiu-se bem; outras vezes, razovelmente) uma leitura coloquial, de quem finge ir conversando. Chega a parecer que a construção do texto já obedeceu a esse propósito (certos modificadores apositivos, por exemplo). Cumpriu-se o prazo mais recomendado. Aspetos melhoráveis O referido estilo coloquial pode confundir-se com improviso na leitura (algumas pausas preenchidas, os «aaa», podem ser interpretados das duas maneiras). Por vezes, parece-me que Afonso está a tentar perceber o que exatamente escreveu (o que, conhecendo-lhe a caligrafia, não seria surpreendente). Em segmentos mais valorativos, alguns adjetivos, e advérbios, parecem um «passe-partout» (como «incontornável» nas críticas em programas de crítica de livros): «fenomenal», soberba»; «[enriquece] bastante». Música em fundo é infração, embora irrelevante, ao que se indicara.
Rui
Rui (13) Pontos fortes O primeiro minuto, mais pessoal,
com reflexão sobre as vantagens (por vezes, desvantagens, quanto a mim) de já se
conhecer visualmente, por filme, a ambiência com que nos vamos deparar num
livro. O final do texto, de novo «confessional», retoma essa linha, num estilo
sincero que aplaudo. O Rui tem leitura em voz alta agradável, embora me pareça
seja até capaz de melhor (duas más pronúncias: «conde[n]sas», por «condessas»; «chegou
[á] duas possibilidades», por «a»). Cumpriu-se o prazo mais recomendado. Aspetos melhoráveis Houve incumprimentos
do que eu estipulara: (i) no fundo, acabou por não haver leitura de nova obra,
mas apenas releitura de outra já lida (surpreende-me que seja assim tão difícil
«entrar» num policial de Simenon); (ii) duração foi inferior aos três minutos
mínimos; (iii) houve mais do que uma imagem fixa (e ambas não especialmente
criativas). Na redação, não sei se resultam bem num texto oral certas anáforas,
embora veja mérito nessas tentativas de pronominalização («a dita», «sobre esta
mesma»; e o pronome em «o é» creio que não retoma um referente claro). Problema
de coesão frásica no final: «a incompatibilidade com o tempo de estudo das
outras disciplinas não me permitiram
[...]» (teria de ser singular, que o sujeito é «a incompatibilidade [...]»); e uma má regência em «[o que acontece] em todas as obras» (era «com todas as obras»).
Filipe
Filipe (13,3) Pontos fortes
Ter-se lido um policial que é talvez menos exclusivamente narrativo que os policiais
que a maioria prefere. Atenção prestada a elementos paratextuais (título, capa
— «os mestres da literatura policial» é emblema da coleção Vampiro), sugerindo
certo suspense na própria história da experiência de leitura (há uma
aprpoximação ao livro a pouco e pouco). Prazo mais recomendado foi cumprido (é
de justiça que se diga que aqueles que, como Filipe, foram pontuais já não
puderam aproveitar advertências que fiz sobre o que pretendia, embora, na
verdade, nas minhas instruções escritas, já estivessem elas bastante implícitas
ou explícitas). Aspetos melhoráveis
Não foi cumprida a extensão que pedira (faltaria um minuto ainda). O texto
merecia mais revisão: «não é algo que domino»
(melhor: «domine»); «é baseado numa idosa onde
ao longo do livro» («que»); «a quem
toda a gente despejou as culpas» («em quem»); o final tem também pequenas
falhas de coesão. Pronúncia de «M[ai]gret» (não é /a/, será /ε/ ou /e/
consoante as regiões francófonas).
Francisco
Francisco
(14,7) Pontos fortes Forma de
encarar a experiência de leitura dos livros, franca, interessante, de quem
gosta de ler (e não apenas resolver trabalhos destes). Leitura em voz alta em
estilo (entre calmo e coloquial) que resulta. Slide está pensado informativa e esteticamente.
Prazo recomendado foi cumprido. Aspetos
melhoráveis Coesão textual (frásica, sobretudo): «a qual os seus» (deve
ser: «cujos»); «bastantes interessantes» (o advérbio não tem plural, claro);
«muitas poucas vezes» (o mesmo problema: «muito», porque é advérbio); «em que
durante uns tempos andava» («com que durante uns tempos andei»); «um livro onde
a história» (talvez melhor: «um livro cuja história»); «e não um que já
conhecia a história» («e não um de que já conhecesse a história»); «policiais
sobre Sherlock Holmes» («policiais com/de ...», «policiais cujo protagonista
é...»); «após pôr em causa todas estas hipóteses» («após descartar [ponderar]
todas estas hipóteses»); «eram ignoradas ou, pelo menos, era o que
pareciam»(«parecia»); «na parte de trás do livro» («na contracapa»); «que
andará a fazer isto» («que andaria a fazer aquilo»).
Sara
Sara
(16,5) Pontos fortes Quer o texto
escrito quer a respetiva leitura em voz alta são quase irrepreensíveis, não
apresentam falhas (há uma ou duas hesitações na leitura em voz alta e a falha
de coesão frásica que aponto em baixo). Prazo recomendado foi cumprido. Aspetos melhoráveis Talvez predomine
demasiado o formato de resumo (e tenha-se em conta que o tempo aproveitado
ficou aquém do limite mínimo, portanto haveria espaço para acrescentar outro
tipo de abordagem). Em vez de «Entre a lista de suspeitos constavam», «Na lista
de suspeitos constavam» ou «Entre os suspeitos constavam».
Bárbara
Bárbara
(15,5) Pontos fortes Boa leitura em
voz alta. Boa conclusão do texto. Aspetos
melhoráveis Há alguns aproveitamentos, aqui e ali, de sinopses da net. Não
foi cumprida a regra de se usar só um slide. Algumas falhas de coesão frásica: «disse-nos
para que começássemos» (melhor: «disse-nos que»); «antecipadamente a ler»
(«antes de ler»); «crimes que lhe são introduzidos» [má tradução nética?]
(«crimes que lhe são apresentados»); «que muitos de nós não prestamos atenção»
(«a que muitos de nós não prestam atenção»); «nos depararmos um pouco
com a descrição» («termos de nos confrontar com descrições»?; «ficarmos um
pouco desiludidos com tantas descrições»?); e vale a pena desconfiar do «deste
modo» e do «este»(enquanto anáfora).
João
João (14,5)
Pontos fortes Leitura em voz alta é
calma e muito razoável. Final, mais pessoal e criativo, é interessante, embora
aí a leitura tivesse sido mais fraca. Aspetos
melhoráveis Há relativamente pouco texto sobre a obra lida (são três
minutos mas com bastantes generalidades acerca do autor e em ritmo lento).
Algumas falhas de coesão: «o seu irmão contém» (era: «possui»); «alguns filmes
que já assisti» («alguns filmes a que já assisti»); «apanhar um criminoso que
ninguém conseguiria apanhar»
(«conseguisse»); «sendo encaradas» (no contexto em que está tem de ser «que são
encaradas»).
Maria
Maria (13)
Pontos fortes Leitura em voz alta
razoável, facilmente audível (exceto: «de elevada [?] social»). Síntese e clareza.
Aspetos melhoráveis Tempo mínimo não
foi cumprido. Mesmo assim, gastou-se tempo demasiado nas referências
biográficas (wikipédicas), em prejuízode perspetiva mais pessoal. Slide podia não
ter só a capa. Creio que há problemas na frase apositiva «em que algumas delas
utilizava o pseudónimo de [...]». Também «Ganhou bastante sucesso» seria «Teve
bastante sucesso»; e «E tem uma vontade de descobrir» seria «E faz-nos vontade
de descobrir».
Pedro M.
Pedro M.
(12) Pontos fortes Perceber-se que o
Pedro leu efetivamente a obra, ou as obras; e o enquadramento dentro da
trilogia, no último meio minuto, com comparação em termos de preferência
pessoal. Aspetos melhoráveis Não se
cumpriu o que estipulara acerca do slide: tinha de ser uma única imagem. Há
erros de sintaxe, ligados geralmente a pronomes relativos: «cujo o seu nome» (é
«cujo nome»); «violência contra as mulheres, em que nos seus livros deve-se ao
facto de» («violência contra as mulheres, que, nos livros de Larsson, costuma
dever-se a...»); «foi um jornalista em que se destacou» («foi um jornalista que
se destacou»); «foi morto a tiros, em que na mesma noite» («foi morto a tiros
na mesma noite em que»). Também apresntam problemas de coesão, frásica e
interfrásica, «pelo um grupo» («por um grupo»); e «Steve Larsson nascido em...
e a sua morte deu-se em...» («nasceu»).
Zanatti
Zanatti (13)
Pontos fortes Slide visualmente
apelativo, mostrandos livros integrados no ambiente do leitor, fugindo bem à mera capa.
O último meio minuto, por ser mais reflexivo, menos centrado no resumo e com
expressão pessoal. Aspetos melhoráveis
Teria preferido abordagem menos centrada no resumo, mais apreciativa, mais
pessoal, como no tal meio minuto final. A redação ressente-se desse estilo
sobretudo narrativo: há repetições, coesão (referencial, frásica, lexical) está
pouco aprimorada. Por exemplo: «fazia passá-las por» (terá de ser: «fazia-as
passar por» ou «fazia que passassem por»); «prefiro ler do que jogar» («prefiro
ler a jogar»); «pode-se caracterizá-lo em diversas maneiras» («pode-se
caracterizá-lo de diversas maneiras»); «o seu título denomina-se» («o seu
título é» ou «a obra denomina-se»); «a saga teve um sucesso estrondoso em todos
os países em que foi lançado [lançada]»;
«violência em mulheres» («violência sobre mulheres»). Zanatti é capaz de
melhores leituras em voz alta, embora esta fosse aceitável.
Márcia
Márcia
(16,5) Pontos fortes Abordagem inicial,
situando, com certa ironia até, a decisão sobre a obra a ler; e, do mesmo modo,
a conclusão (na parte do meio, mais de relato, a redação não está tão boa). Slide
bem pensado, com obra principal a cores e as que representam as leituras
anteriores a preto e branco. Aspetos
melhoráveis Apesar da boa leitura, certa tendência da Márcia para ser
demasiado rápida nos finais de frase, comendo as últimas sílabas (no
casos-limite, o recetor tem de se concentrar para perceber tudo...). Sintaxe
errada cerca de 1.40 («Tom descobre que
a vida fabulosa que este herdeiro leva.» e, um pouco antes e um pouco depois,
também não está famoso o texto); e em «que este se revelou mais tarde ser»
(«que este revelou mais tarde ser» ou «que se revelou mais tarde»); «o que lhe espera»
(«o que o espera»).
Daniel
Daniel (14,3)
Pontos fortes Formato dialogado da
apreciação do livro permite maior atenção de quem ouve (e texto está, em geral,
bem escrito, mesmo se, a certa altura, o resumo parece alongar-se). Leitura
bastante aceitável, embora com «pontuação» a mais (e algumas hesitações no
terço final). Slide esteticamente conseguido (os matizes de cor, e de forma,
que vai ganhando e perdendo durante a narração funcionam bem, mostram engenho e
gosto da parte do autor, mas são leve infração à regra da imagem única). Aspetos melhoráveis Algumas falhas de
redação: «teve o azar de Poirot estar de férias no Egito e pôde investigar o crime» (poder
ou ter podido); «que se tinha
empregue em cometê-los» («que se tinha empenhado»? «empregado»? terá de ser o
particípio passado regular porque o verbo é «ter»). Uma pronúncia: «Hercule»,
palavra francesa, deve ter a tónica na penúltima sílaba (ora Daniel
pronunciou-a como esdrúxula, pelo menos da primeira vez).
Carlota
Carlota
(14,5) Pontos fortes Leitura em voz
alta, sem arriscar muito, é, geralmente, correta. Houve preocupação em tentar
aproximação metódica à obra (embora, admito eu, talvez se ganhasse com menor
arrumação, mais «caos», por assim dizer). Slide usa ideia simples, criativa e
que resulta. Aspetos melhoráveis
Podia ser maior o peso da apreciação pessoal relativamente aos trechos mais
«wikipédicos» ou de resumo. Notei apenas esta falha de redaçção: «O leitor é
deparado com» («O leitor é confrontado com»). Cerca de 2.20, hesitação marcada na
leitura em voz alta, tal como acontece a três ou quatro segundos do fim.
Miguel
Miguel
(12) Pontos fortes Leitura em voz
alta sem erros, num ritmo calmo que favorece a compreensão (de quem consiga
ouvir o som...). Aspetos melhoráveis
Péssimo som (tenho a ideia de que o Miguel é versado em informática, mas os
seus filmes têm sempre problemas técnicos insanáveis...). Slide não é do livro
em português (será de filme? creio que sim, já que vê o ator Jeremy Irons).
Abordagem é demasiado wikipédica, perdendo-se muito tempo com dados
biográficos. Não se sente uma perspetiva pessoal acerca da obra: livro foi
mesmo lido?
Gonçalo
Gonçalo (14)
Pontos fortes Boa leitura em voz
alta, apesar de algumas hesitações na segunda parte da gravação. Aspetos melhoráveis Alguns problemas de
sintaxe: creio que não está bem o segmento «os porquês e a forma que o levam a
ser assassinado»; «terem matado» era melhor que «terem morto»; também:«é graças
aos seus métodos fora do normal que faz que tanta gente...» (teria de ser «é
graças aos seus métodos fora do normal que tanta gente...» ou «são os seus
métodos fora do normal que fazem que tanta gente...»); «a ação dos livros de
Holmes é maioritariamente em Londres» («a ação dos livros de Holmes
decorre/passa-se maioritariamente em Londres»).
Nuno
Nuno
(13,8) Pontos fortes Menção ao
percurso de receção dos livros (ao que nos acontece enquanto leitores: à experiência
de leitura). Na leitura em voz alta, houve tentativa de
expressividade-coloquialidade, que, porém, nem sempre foi bem sucedida. Aspetos melhoráveis Demasiado tempo em
torno de dados biográficos. Falhas na redação: «Mirambolantes» é uma assimilação (do som nasal que vem só na penúltima
sílaba), mas a palavra certa é «mirabolantes». Cerca dos vinte e tal segundos
parece haver troca: raramente se ouve falar de Doyle (de Sherlock, até se ouve).
Coesão: «casos aos quais é pedido auxílio a SH» («casos relativamente aos quais
é preciso pedir auxílio a SH»); «um inicial» («um início»; «um momento
inicial»); «Watson, que não sei até que ponto» («Watson, de tal modo que...» ou
«Watson, pelo que...»); «descobrir o que é que se vai acontecer» («descobrir o que vai acontecer»).
Tomás
Tomás (13)
Pontos fortes Há uma aproximação à
obra que aposta, no essencial, em experiência de leitura própria e consegue
transmitir gosto sentido e atrair leitores (apesar de um ou outro raros
momentos talvez wikipédicos). Aspetos
melhoráveis Quer texto quer leitura em voz alta abusam de estilo
fragmentário, sincopado, aparentemente pouco estruturado ou ensaiado. Algumas
agramaticalidades: «sejam pelos miúdos» (seja); «perpetuado às ditas classes
baixas» (nas ditas). Entretanto, «é satisfatório assistir» será mais «sabe bem
assistir», «é agradável assistir», «saisfaz-nos assistir».
Scheltinga
Scheltinga
(12,5) Pontos fortes Tentativa de
contemplar análise narratológica (mas era caso para ver se as tipificações dos
narradores estão acertadas; não o pude fazer ainda). Perceção com que ficamos
de que leu mesmo a obra. Aspetos
melhoráveis Leitura em voz alta pouco ensaiada; texto, por vezes, ainda
apenas esboçado. Pronúncia correta do nome do escritor angolano será
«P[ê]p[ê]t[é]la» (à margem: «Pepetela» significa em quimbundo «Pestana», o
verdadeiro apelido civil do escritor). Redação em «e que não fazem qualquer
sentido o que ele está a fazer» («e que não percebem...»). Também: «um livro
interessante que vocês de todos deviam ler» (sem «de»).
Tiago
Tiago (11)
Pontos fortes Há certa estruturação
lógica do texto (embora essas fases do formato adotado acabem por impedir a
abordagem mais pessoal que eu recomendara). Não encontro erros grandes de
escrita ou de leitura em voz alta (embora tudo me pareça pouco ensaiado). Aspetos melhoráveis Não se chegou ao
tempo mínimo pedido. Boa parte do tempo usado é sobre generalidades acerca de
escritor e detetive (mais ou menos «wikipédicas»). Não se percebe «um escritor
prolífico [?] trabalhos...». Má regência em «que muitas pessoas não têm
capacidade» («para que...», «de que...»); «histórias acerca do detetive» («com
o detetive», «cujo protagonista é o detetive»). Slide, como aliás os dos dois
colegas antes, podia ser mais criativo.
Ana
Ana ([prefiro não dar nota]) Grande
parte deste texto é reprodução de apreciação, ou de apreciações, encontrável,
ou encontráveis, na net, com uma ou outra troca de palavras. (Infelizmente, há
mais casos em gravações de outros alunos: nota-se a situação em alguns dos trechos
de biografia dos escritores, por vezes demasiado wikipédicos, em simples
resumos da narrativa ou quando se repetem generalidades acerca dos detetives.
Tentei indiciar essas situações, com a elegância que me foi possível, nos meus
comentários. Nesta gravação, a reprodução indevida é ainda mais evidente.)
Rodrigo
Rodrigo (13,8)
Pontos fortes Texto pessoal e
sincero (por exemplo, a dúvida sobre o lavagante na capa, recuperada no final,
é bem aproveitada). Tentativa de fazer alguma análise narratológica. Boas
pronúncias francesas. Aspetos
melhoráveis Leitura em voz alta bastante aquém do que o Rodrigo é capaz
(constipado, creio). Também a escrita podia estar mais burilada. Falha de
redação repetida: «e que o personagem principal» («cujo personagem principal»);
«uma palavra mais ou menos complicada que se percebe o seu significado» («cujo
significado se percebe»). Tempo mínimo não foi cumprido.
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