Thursday, September 09, 2021

Aula 16-17

Aula 16-17 (12 [1.ª], 13/out [3.ª]) Correção de poema sobre «Quedas de água». Explicação sobre Valores aspetuais (cfr. Apresentação).

Verifica quais são os valores aspetuais mais nítidos em cada frase de «E tudo o convento levou» (série Lopes da Silva), preenchendo a segunda coluna com uma destas palavras: genérico, imperfetivo, perfetivo, habitual, iterativo. Na coluna da direita, identifica o responsável por esse matiz aspetual: o verbo auxiliar (AUX); o significado do verbo principal (V); o tempo em que o verbo está usado (T); alguma expressão temporal presente na frase.

Frase

Aspeto

Através de...

A competição é inevitável

genérico

 

As carmelitas descalças estão a comercializar doçaria conventual

 

Aux («estar a»)

As freiras vicentinas andam a vender rendas de bilro

 

 

As carmelitas sabem perfeitamente que os doces conventuais são o nosso negócio

situação estativa

Deus é grande [mas parece ser pequeno para o amor destas religiosas]

 

V («ser»)

Tudo estava bem [até que as carmelitas quiseram mais]

imperfetivo

 

Lá vem ela

 

T (presente)

Nós sempre dominámos o mundo dos bordados

imperfetivo

 

Às vezes, dá-me vontade de rir

 

«às vezes», T (presente)

Já recordei todos os trocadilhos com freiras

 

T (perfeito), «já»

O Maior costuma observar o vosso Bingo

 

Aux («costumar»)

O Maior vê sempre os vossos cartões

habitual

 

Quem ama o Senhor são as vicentinas

situação estativa

As carmelitas têm ido a Santiago todos os meses

iterativo

 

As vicentinas tropeçaram nas escadas

 

T (perfeito)

Nestes dois passos a seguir, mais do que o aspeto interessam os valores temporais: anterioridade, simultaneidade, posterioridade.

Frase

Localização temporal

Através de...

Vai dizer à tua abadessa [que quem ama o Senhor são as vicentinas]

posterioridade

 

Na procissão de maio vamos rezar menos uma novena por elas

 

«Na procissão de maio», Aux («ir»)

«Lisbon Revisited (1923)» — na p. 68 do manual — foi publicado, na revista Contemporânea, em 1923. Três anos mais tarde, no mesmo periódico e também assinado por Álvaro de Campos, saiu o poema em baixo, com título idêntico mas datado, entre parênteses, de 1926.

Compara o tom e o tema dos dois textos. Inclui pelo menos uma citação de cada um dos poemas. (Aproveita para procurar explicar também o uso do inglês no título.)

Lisbon Revisited (1926)

 

Nada me prende a nada.

Quero cinquenta coisas ao mesmo tempo.

Anseio com uma angústia de fome de carne

O que não sei que seja —

Definidamente pelo indefinido…

Durmo irrequieto, e vivo num sonhar irrequieto

De quem dorme irrequieto, metade a sonhar.

 

Fecharam-me todas as portas abstratas e necessárias.

Correram cortinas de todas as hipóteses que eu poderia ver da rua.

Não há na travessa achada o número de porta que me deram.

 

Acordei para a mesma vida para que tinha adormecido.

Até os meus exércitos sonhados sofreram derrota.

Até os meus sonhos se sentiram falsos ao serem sonhados.

Até a vida só desejada me farta — até essa vida…

 

Compreendo a intervalos desconexos;

Escrevo por lapsos de cansaço;

E um tédio que é até do tédio arroja-me à praia.

 

Não sei que destino ou futuro compete à minha angústia sem leme;

Não sei que ilhas do Sul impossível aguardam-me náufrago;

Ou que palmares de literatura me darão ao menos um verso.

Não, não sei isto, nem outra cousa, nem cousa nenhuma…

E, no fundo do meu espírito, onde sonho o que sonhei,

Nos campos últimos da alma, onde memoro sem causa

(E o passado é uma névoa natural de lágrimas falsas),

Nas estradas e atalhos das florestas longínquas

Onde supus o meu ser,

Fogem desmantelados, últimos restos

Da ilusão final,

Os meus exércitos sonhados, derrotados sem ter sido,

As minhas coortes por existir, esfaceladas em Deus.

 

Outra vez te revejo,

Cidade da minha infância pavorosamente perdida…

Cidade triste e alegre, outra vez sonho aqui…

Eu? Mas sou eu o mesmo que aqui vivi, e aqui voltei,

E aqui tornei a voltar, e a voltar,

E aqui de novo tornei a voltar?

Ou somos todos os Eu que estive aqui ou estiveram,

Uma série de contas-entes ligadas por um fio-memória,

Uma série de sonhos de mim de alguém de fora de mim?

 

Outra vez te revejo,

Com o coração mais longínquo, a alma menos minha.

 

Outra vez te revejo — Lisboa e Tejo e tudo —,

Transeunte inútil de ti e de mim,

Estrangeiro aqui como em toda a parte,

Casual na vida como na alma,

Fantasma a errar em salas de recordações,

Ao ruído dos ratos e das tábuas que rangem

No castelo maldito de ter que viver…

 

Outra vez te revejo,

Sombra que passa através de sombras, e brilha

Um momento a uma luz fúnebre desconhecida,

E entra na noite como um rastro de barco se perde

Na água que deixa de se ouvir…

 

Outra vez te revejo,

Mas, ai, a mim não me revejo!

Partiu-se o espelho mágico em que me revia idêntico,

E em cada fragmento fatídico vejo só um bocado de mim —

Um bocado de ti e de mim!…

Álvaro de Campos

(Fernando Pessoa, Poesia dos Outros Eus, edição de Richard Zenith, Lisboa, Assírio & Alvim, 2007)

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Indica a função sintática do que esteja sublinhado:

Velha infância

(Tribalistas)

Você é assim,

Um sonho p’ra mim,

E, quando eu não te vejo, __________

Eu penso em você

Desde o amanhecer

Até quando eu me deito.

 

Eu gosto de você __________

E gosto de ficar com você.

Meu riso é tão feliz contigo,

O meu melhor amigo

É o meu amor.

 

E a gente canta

E a gente dança

E a gente não se cansa

De ser criança,

A gente brinca      _________

Na nossa velha infância.

 

Seus olhos, meu clarão,

Me guiam dentro da escuridão,

Seus pés me abrem o caminho,       ________

Eu sigo e nunca me sinto só.

 

Você é assim,       _______

Um sonho p’ra mim,

Quero te encher de beijos.

Eu penso em você

Desde o amanhecer

Até quando eu me deito.

 

Eu gosto de você

E gosto de ficar com você.

Meu riso é tão feliz contigo,              ________

O meu melhor amigo

É o meu amor.

 

E a gente canta,                  _________

A gente dança,

A gente não se cansa

De ser criança.

A gente brinca

Na nossa velha infância.

 

Seus olhos, meu clarão,

Me guiam dentro da escuridão,       ________

Seus pés me abrem o caminho,

Eu sigo e nunca me sinto .            ________

 

Você é assim,

Um sonho p’ra mim.

Você é assim,       ________

Você é assim,

Um sonho p’ra mim.

Você é assim.

TPCAvança na leitura do livro (do Projeto de leitura) ou pede-me ajuda.

 

 

#