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Filipe
Ornatos
Violeta, «Um dia mau», #, #
Esta música ocupou
uma grande parte da minha vida, nomeadamente durante a infância. Fazia parte da
banda sonora da série «Uma Aventura», baseada nos livros de Ana Maria Magalhães
e Isabel Alçada, série com bastantes episódios, sempre com aventuras e casos
diferentes uns dos outros, e de que eu era um telespectador bastante assíduo. Lembro-me
também que estes episódios passavam em canal aberto, logo pela manhã, e eu
acordava bem cedo, tomava o pequeno-almoço e ia a correr para o maple para me
antecipar ao episódio que se avizinhava. Adorava a música, pois, quando ela
começava a tocar, era sinal de que se aproximava uma cena de ação e eu ficava
muito curioso e empolgado para ver o que iria acontecer.
O título «Um dia mau» aparece
frequentemente ao longo da música e enquadra-se com vários momentos na nossa
vida. Muitas vezes, ao longo do dia, acontecem coisas que não deveriam
acontecer, fazemos tudo da maneira errada e nada nos sai bem. Chegamos mesmo a
pensar: «Porque é que me levantei hoje da cama?». Ainda assim, há dias maus em
diversos momentos da nossa vida, também devido a desgostos, arrependimentos ou
até mesmo devido à solidão, como é enunciado na própria letra («o travo amargo
da solidão»). Esta música fala essencialmente acerca da dor resultante da
solidão e da preocupação de uma pessoa com o bem-estar e felicidade de outra.
Podemos comprovar isso através da expressão do verso já indicado, «O travo amargo
da solidão», mas também na quadra «Mas
para quê gastar o meu tempo/A ver se aperto a tua mão/Eu tenho andado a pensar
em nós/Já que os teus pés não descolam do chão». Esta música retrata também a
vida de uma pessoa, marcada pela dor e sofrimento («A tua vida foi marcada pela
dor de não saber aonde dói»), referindo-se também o apoio de outra pessoa, não
deixando que esta, «marcada pela dor de não saber aonde dói», desista («Mas vê
bem/ Não houve à luz do dia/ Quem não tenha provado/ O travo amargo da
melancolia») e tentando que a pessoa magoada pelas «rasteiras» da vida admita
ser ajudada: «E então rapaz então porquê a raiva / Se a culpa não é minha».
O texto relata uma relação acabada, descrevendo-se, na 1.ª pessoa, a entrega total a alguém que se ama. O sujeito poético queria muito estar com a amada, ter o seu apoio (“Tu eras aquela / que eu mais queria / P’ra me dar algum conforto e companhia”), até talvez assumir um compromisso mais sério (“Era só contigo que eu, sonhava andar / P’ra todo o lado e até quem sabe / Talvez casar”) mas, apesar de todos os sacrifícios e esforços para manter a relação e para que ela resultasse (“Ai o que eu passei / Só por te amar”), tudo foi em vão, pois era o único a lutar para que tudo desse certo. Ao longo da canção, percebe-se que ambos não tinham as mesmas convicções nem gostos, que não eram compatíveis, não estavam em sintonia (“Contigo aprendi uma grande lição / não se ama alguém que não ouve a mesma canção”). No fundo, o autor da música expressa o seu desgosto, quando se apercebe de que a pessoa que tanto amava e que com quem queria estar não fizera nenhum esforço para estar com ele em algo em que ele investira pelos dois (“Mesmo sabendo que não gostavas / empenhei o meu anel de rubi / p’ra te levar ao concerto / que havia no Rivoli”). Percebe também que, por mais que a amasse, não podia fazer mais por alguém que não lutava, como ele, por manter a relação, não havendo mais solução, nem nada a fazer (“A minha paixão por ti era um lume / que não tinha mais lenha por onde arder”).
Sara
«A Paixão (segundo Nicolau da Viola)» (Carlos
Tê / Carlos Tê e Rui Veloso), Rui Veloso, Mingos
& Os Samurais, 1990
Esta música faz-me lembrar um dia muito
especial, o dia 22 de Junho de 2011, que não só foi o dia do Exame Nacional de
Matemática do 9.º ano como também o dia (neste caso, a noite) do Baile de Finalistas,
onde esteve a maioria dos alunos que se despedia da Escola Delfim Santos. Portanto,
esse evento é a última recordação que tenho de uma escola onde fiz grandes
amigos. Esta música foi uma das muitas tocadas e divertimo-nos muito a ouvi-la.
O texto relata uma relação acabada, descrevendo-se, na 1.ª pessoa, a entrega total a alguém que se ama. O sujeito poético queria muito estar com a amada, ter o seu apoio (“Tu eras aquela / que eu mais queria / P’ra me dar algum conforto e companhia”), até talvez assumir um compromisso mais sério (“Era só contigo que eu, sonhava andar / P’ra todo o lado e até quem sabe / Talvez casar”) mas, apesar de todos os sacrifícios e esforços para manter a relação e para que ela resultasse (“Ai o que eu passei / Só por te amar”), tudo foi em vão, pois era o único a lutar para que tudo desse certo. Ao longo da canção, percebe-se que ambos não tinham as mesmas convicções nem gostos, que não eram compatíveis, não estavam em sintonia (“Contigo aprendi uma grande lição / não se ama alguém que não ouve a mesma canção”). No fundo, o autor da música expressa o seu desgosto, quando se apercebe de que a pessoa que tanto amava e que com quem queria estar não fizera nenhum esforço para estar com ele em algo em que ele investira pelos dois (“Mesmo sabendo que não gostavas / empenhei o meu anel de rubi / p’ra te levar ao concerto / que havia no Rivoli”). Percebe também que, por mais que a amasse, não podia fazer mais por alguém que não lutava, como ele, por manter a relação, não havendo mais solução, nem nada a fazer (“A minha paixão por ti era um lume / que não tinha mais lenha por onde arder”).
Afonso
«Os
Discos do Sérgio Godinho» (B Fachada), B Fachada, Há Festa na Moradia,
2010
A música que eu escolhi é, por um lado, uma
homenagem de B Fachada ao lendário cantautor português Sérgio Godinho, com
quem, aliás, regravou esta música num dueto para as sessões Nokia OnLive fazendo referência ao
estilo de Sérgio Godinho nas suas canções icónicas como Às Vezes o Amor, Cuidado com
as Imitações ou Liberdade (“Dominavas
o glossário daquele verso irregular”), ao mesmo tempo atribuindo à sua própria
música influências da de Godinho (“Eu também sei escrever para te cantar
assim/com o verso, enfim, quebrado, quase falado”) e, por outro, um lamento da
personagem retratada, interpretada por B Fachada, acerca de uma relação de
verão – a estação do ano que constitui o tema principal de Há Festa Na Moradia, de onde é retirada esta faixa – em que a principal
coincidência entre as personagens seria o gosto pela Música (“pedi-te a viola (…)
/dei corda à unha, dei corda à composição/mesmo sabendo que não gostavas da
canção”) e acaba por falhar (“senti-te a falta quando seguiste caminho/a cama
fria o meu caminho a ver a solidão ficar”), fazendo com que a personagem de
Fachada se desligasse da Música porque essa só o lembrava daquilo que não
resultou (“No quarto a viola de fininho/vai guardando cada letra que recuso
cantar”). A personagem de Fachada revolta-se com como tudo acabara de uma
maneira mais benéfica para a outra personagem do que para si, independentemente
das melhores intenções terem vindo da sua parte (“a liberdade está a passar por
aqui/e agora é hora de eu ta dar a ti (…) /a liberdade já passou por aqui/mas
estava mal ensinada, quis salvar-te só a ti”). Finalmente, a personagem de
Fachada chega à conclusão de que, por muito pelo que se passe, as coisas de que
se gosta muito – neste caso, para si, a Música – são praticamente intocáveis e
a tentação de voltar a pegar na sua viola para se reunir com a Música não foi
contida (“pediu-me a viola para lhe passar a bola”) quando a personagem se
sentiu infeliz (“a vida crua de rua estava a levar-me ao fim”) e acaba por se
render à Música uma outra vez e até usá-la para descarregar as frustrações do
que aconteceu (“canções hão de sair mesmo sem te trazer de volta”). Assim, é
fácil concluir que a música apresenta também um significado simbólico
relativamente à Música em si – como fator de união entre pessoas – e também à
relação dela com a vida humana e os sentimentos que a envolvem – mais ou menos
como uma metáfora que muitos pintores usam para descrever a Arte.
A memória que tenho desta música vem do
verão de 2011, quando não tinha nada para fazer nas férias e, por isso, ouvia
muitas músicas e cheguei a esta. Depois de a ouvir pela primeira vez, voltei
atrás e repeti-a, e comecei, de certa forma, a relacionar-me com a letra, no
que toca a manter os gostos (não necessariamente da Música, mas de tudo o resto
também) que nós mesmo temos quando
passamos por situações diferentes – neste caso, a troca de ciclo e o panorama
de ir a conhecer pessoas novas (que agora, em grande parte, são meus amigos),
que nem sempre são situações com que seja fácil de lidar no que toca a ser fiel
a quem nós somos e ao que defendemos ou do que gostamos.
Gonçalo
«À minha maneira», Xutos & Pontapés, 88, 1987
A canção «À minha maneira», dos
Xutos, é bastante especial para mim, porque me identifico com o
título (que aliás, posteriormente, vem também no refrão da música). "À
minha maneira" é uma das formas pelas quais eu tento guiar a minha curta
vida: prefiro fazer as coisas com calma e como eu gosto. Não tomo decisões
baseadas no que os outros pensam, tomo-as sempre com base no que acho mais
benéfico.
Quanto à música em si, a letra não é
muito variada, apresenta sempre o mesmo fraseado. Ao contrário de muitas, ou de
quase todas as músicas, esta não tem uma história por detrás de si.
Já conhecia esta música antes, mas
confesso que, quando comecei a prestar-lhe maior atenção, foi aquando da
apresentação do Cristiano Ronaldo no Real Madrid (devem pensar que sou
taradinho por futebol...). Recordo-me de estar a ver essa transmissão e de,
quando o Cristiano entra no relvado, começar a tocar esta música. Fiquei
espantado, pois, devido à grande rivalidade existente entre Portugal e Espanha,
não era muito normal se tocado um "clássico" português. Quando a
apresentação terminou, fui de imediato pesquisar esta música e foi assim que
comecei a gostar realmente dela.
Ana
«Com
os meus olhos» (Mercado Negro/Liliana Silva), Conversas de Quintal, 2010
Esta
música tem uma mensagem bastante importante. É uma mistura de reggae com fado,
que mostra que dois estilos de música completamente diferentes conseguem fazer
uma junção perfeita com pessoas de sociedades, culturas e países diferentes, conseguindo
criar uma enorme harmonia entre si à base do respeito e do amor através da
música.
Na
letra há uma ligação da mensagem que se pretende enviar para o público, a
mensagem do reggae - do pensamento positivo, do amor, a dádiva da vida, o
respeito pelo próximo e pelos animais, a paz e a relação do ser humano com a
Natureza com a do fado, através do tema do amor, resultando numa mensagem
positiva em termo do amor.
Quem
já esteve apaixonado, independentemente da idade, consegue perceber bastante
facilmente o poema da canção, principalmente pela forma como nos sentimos
ligados a essa pessoa (“O que sinto por ti está a tornar-se coisa
séria/Quero estar preso a ti como as raízes à terra”), pela forma que como
sentimos felizes e concretizados (“Esse sorriso que desfez o meu sofrimento/E
satisfez o meu coração/Me ofuscou, me agarrou, me apanhou na emboscada/E meus
olhos deitados em ti ficaram”).
Não
existem memórias que esta música me desperte, mas, num futuro breve, irei
assistir com bastante entusiasmo e com uma expectativa bastante alta a um
concerto desta banda. Certamente, é um dos momentos que mais anseio para o
próximo Verão.
Rui
«O Regresso» (Leite Creme na
Patilha), Leite Creme na Patilha, 2012
A escolha desta canção foge um pouco ao
estilo das músicas dos meus colegas, talvez devido ao facto de eu raramente
ouvir música portuguesa e não conhecer muitas músicas na nossa língua. A música
é cantada por um grupo de adolescentes, pouco mais velhos que eu. Os “Leite
Creme na Patilha” são um grupo que usa músicas conhecidas e famosas e as
parodia. Esta música acaba por ser a primeira original do grupo.
A minha escolha é, portanto, uma música
que é bastante recente e acaba por não ter um sentido sentimental ou criar
qualquer emoção, senão a comédia. É uma música que não me diz muito, mas,
quando a ouvi pela primeira, há poucas semanas atrás, adorei-a e fiquei “preso”
ao computador a ouvir o tema vezes sem conta, o que talvez, se devesse ao som
instrumental, que é do meu agrado. Não é uma música inteiramente portuguesa,
daí o meu receio na escolha, algumas palavras usadas são de marcas registadas
de outros países, como é o exemplo de “facebook”, “WC” ou “hello kitty” e de
“chantilly” vinda da língua francesa. Há também algum desvio do nível corrente
língua portuguesa, usando-se palavras populares, como “bué”, “memo”, “paleta”
ou “gajas”.
A música faz alusão aos “vícios” da nossa
sociedade, (o “facebook”, por exemplo) e faz troça das pessoas que publicamente
são conhecidas como pessoas muito populares ou “duras” mas que têm os seus
pontos fracos (“tenho “bué” gajas e como bolachas Tuc, tenho “bué” amigos mas
só no “facebook”; “tenho um unicórnio escondido no WC” ;“sabes bem que nas
fotos que eu, levo uma ventoinha para dar um efeito chique.” e “Tive de
escolher quando estive lá nos retiros se sou dos lobisomens ou da equipa dos
vampiros”). O ultimo exemplo faz alusão à saga de filmes “twilight”.
A canção é, por todas estas razões, uma
música que realmente me chama a atenção, além de que é de uma banda que já
acompanhava.
Bárbara
«Para Ti Maria» (Tim / Xutos &
Pontapés), Xutos & Pontapés, 88,
1988
Esta música
é bastante importante na minha vida, faz-me lembrar a minha infância! Cada vez
que eu e o meu irmão andávamos de carro com o meu pai, ouvíamo-la sempre aos
altos berros, sem qualquer tipo de excepção. Isto acontecia até em casa e chego
mesmo a achar que a vizinhança nos queria descartar do prédio por causa do
barulho, que, na minha opinião, é a chamada “boa música”.
“Para Ti
Maria” faz-me também recordar o fantástico momento que passei no Estádio do
Restelo a assistir ao concerto dos autores desta mesma canção, Xutos & Pontapés
(que, a meu ver, é a melhor e a mais histórica banda portuguesa). Este dia
passou-se maravilhosamente, com os meus pais e com os seus grandes amigos.
Todos nos divertimos imenso, saltámos, rimos e tudo mais o que havia para
fazer. A música tocava e a euforia de uma multidão despertava-se, parecíamos
todos devorados pela melodia das músicas. Foi uma experiência e uma sensação
incríveis que espero voltar a viver.
A letra
desta música fala principalmente de amor e do que o próprio amor implica. Pelo
que percebi, a mensagem que se pretende transmitir é que existia uma mulher
amada, Maria, que morava em Bragança, longe do sujeito poético (“De Bragança a
Lisboa são nove horas de distância”). Apesar disto, a distância existente entre
os dois não enfraqueceu o sentimento do sujeito, muito pelo contrário,
fortaleceu-o. A saudade era cada vez intensa e a vontade de estar com ela era
cada vez maior (“queria ter um avião” ou “rebentei com três radares, só para te
ter mais perto”), nada os iria separar. No entanto, há uma certa referência de
azar ou má sorte, mas nada que não se ultrapasse (“num comboio azarado nem
máquina tinha ainda” ou “dei comigo agarrado ao ponteiro mais pequeno”).
Daniel
“Foi feitiço” (João Pedro Pais / André Sardet), André Sardet, Acústico, 2006.
“Foi feitiço” (João Pedro Pais / André Sardet), André Sardet, Acústico, 2006.
Em relação à letra penso que está bem
escrita, que tem ritmo, as palavras soam bem. Penso que a canção retrata o amor
de uma forma em que não se menciona a palavra propriamente dita, como acontece
em muitas outras canções. O título, “foi feitiço”, aparece várias vezes ao
longo da canção, mostrando que o feitiço foi o gostar tanto de alguém muito
importante na vida. Uma pessoa que o guiasse tanto de dia como de noite,
sempre.
Esta música tem um grande significado
para mim porque foi por causa dela que tive a coragem para ir falar com uma
pessoa muito especial na minha vida. Deu-me a força de que precisava, o
empurrão de que necessitava. Como tudo começou? Estava eu sentado num jantar de
aniversário na Ericeira, num bar bastante simpático, e estávamos todos em volta
de uma mesa; já todos nos conhecíamos há vários anos, excepto uma pessoa, uma
rapariga que tinha mais ou menos a minha idade. Da primeira vez que olhei para
ela, percebi que era aquela rapariga que gostava de conhecer.
Acabámos de jantar e um amigo meu
disse-me:
- Vai falar com ela.
- Não, fico aqui – respondi eu.
Mas, na verdade, eu queria mesmo
conhecê-la. Porém, faltava aquele empurrão, alguém que dissesse “vai falar com
ela”. Passado um tempo, começa a tocar a música “foi feitiço”, do André Sardet,
eu fico a ouvi-la e digo para comigo “é agora, vais falar com ela”. E assim
foi, eu lá fui e ainda bem. Não só somos amigos, como somos algo mais.
Francisco
«Ele e Ela» (Valete), Valete, ?, ?
Após pensar em várias músicas, acabei por
chegar à conclusão de que música iria escolher. A primeira vez que ouvi esta
música foi há cerca de dois anos. O meu primo fez-me ouvi-la e lançou-me o
desafio de decifrar o significado do “ele” e do “ela” da letra. Passei vários
dias a adivinhar o significado desses pronomes pessoais. Decidi passar a música
para o iPod para poder ouvi-la sem ser no computador, já que tinha uma vontade
enorme de descobrir o significado. Passou bastante tempo até eu decidir pedir o
significado ao meu primo e desistir. Ele disse que não me iria dizer e que tinha
de ser eu a decifrar, que o desafio da música era exatamente esse, tentar
perceber o significado, e que, se ele me dissesse, perderia a piada toda.
Fiquei um pouco frustrado por não ter obtido uma resposta mas sabia que ele
tinha razão, por isso voltei a passar vários dias à tarefa. Nunca me fartei de
a ouvir; pelo contrário, a vontade de saber o significado era tanta, que não me
importava de a ouvir várias vezes de seguida. Finalmente, acabei por descobrir
o significado do pronome pessoal “ele”, quando, por sorte, uma cena de um filme
era semelhante a uma parte da letra da música. No entanto, ainda me faltava
saber o significado do “ela”. Não conseguia descobrir, e o meu primo acabou por
me dizer o significado do “ela”, mas só porque eu tinha descoberto o
significado do pronome “ele”.
Como já referi no parágrafo anterior, a
música fala sobre algo que o ouvinte é que tem de descobrir, substituindo os
nomes pelos pronomes correspondentes, utilizando assim o “ele” e o “ela”. Às
primeiras vezes que ouvimos, pode não fazer muito sentido mas, quando
descobrimos o significado, percebe-se perfeitamente a letra. Na minha opinião,
a letra está trabalhada o suficiente para se poder decifrar os dois pronomes,
apesar de eu só ter decifrado apenas um. Começando pelo “ele”, há várias frases
que nos fazem perceber o seu significado. A frase que me ajudou a descobrir o
significado foi esta: “por ele manos encostam revolveres na tua cara”. O filme
ajudou-me a entender, mas, se pensarmos bem, não há muitas razões para nos ser
apontada uma arma à cara. Outras frases mais simples que nos ajudam a perceber
o significado do pronome pessoal são frases como: “é ele que determina a forma
como tu sorris”; “por ele as fêmeas alargam vaginas à beira da estrada/ quando
ele acaba os teus dias são melodramas”; “é ele que traz falsos amigos e amigos
separa”; “porque tens ele as tuas damas furam te preservativos”. Estas são as
frases que nos dão maior pista para decifrar o significado do pronome pessoal
“ele”.
Passando agora ao “ela”. Este pronome é
mais complicado de decifrar mas no entanto não é impossível. Estes são os
versos que nos ajudam mais a perceber o seu significado: “Ela é o sonho de
todos os jovens desde a pré-adolescência” (como é óbvio não é o sonho de todos
mas de uma grande maioria); “retira coerência, fraciona a tua arrogância/ e com
ela apagas da memória todos os amigos de infância”; “por ela valores morais são
deixados à distância”; “a tua vida é de todos, agora partilhas privacidade/ com
ela, verás como os paparazzi circulam/ e verás também como os invejosos atuam”;
“ gente que não te curtia aproximasse de ti só por causa dela”.
João
«A Paixão (segundo Nicolau da Viola)»
(Carlos Tê / Carlos Tê e Rui Veloso), Rui Veloso, Mingos & Os Samurais, 1990
Quando me
foi anunciado que iríamos ter que realizar este trabalho para a disciplina de
Português, veio-me subitamente à cabeça a música de Rui Veloso. É uma música
que me faz lembrar os bons e velhos tempos que passava em família, com a
presença mais activa do meu pai. Este punha a música a tocar e cantávamos todos
juntos, felizes e contentes. Faz-me também recordar os tempos em que era mais
pequeno, em que tudo era descomplicado e só necessitávamos de momentos alegres,
cheios de sorrisos e amor.
A primeira
vez que ouvi esta bonita canção, por volta dos meus sete anos (aproximadamente,
2002), ficou-me de imediato na cabeça! Eram dias e dias, horas e horas a ouvir
a mesma música. Apesar de, na altura, não perceber lá muito bem o significado
da letra (apenas sabia que era relacionado com amor, mas nem percepção desse
sentimento tinha), sempre me soou bem e era uma música, na minha opinião,
atractiva para cantar. Fazia-me feliz, simplesmente.
A letra da
música faz alusão ao amor, um amor que não é recíproco, um amor que não tem
futuro. Há também uma grande descrição do que é sentido pela pessoa em questão
(“Tu eras aquela que eu mais queria”, ou até
mesmo “empenhei o meu anel de rubi”). O sujeito poético mostra o seu afecto
através de um objecto com bastante valor, tentando transmitir de forma
indirecta que faria qualquer coisa para a ter. Tendo chegado à conclusão
de que era um amor impossível, retrata esta ilusão de a conseguir conquistar
com diversos versos, entre os quais “não se ama
alguém que não ouve a mesmo canção” e “nada
mais por nós havia a fazer, a minha paixão por ti, era um lume não tinha mais
lenha por onde arder”.
Márcia
«Foi
Feitiço» (João Pedro Pais / André Sardet), André Sardet, Acústico, 2006.
Com algum esforço e pesquisa, consegui
lembrar-me da canção ideal para este trabalho, devido à sensação que desperta
em mim e à clareza com a qual a entendo - não que a sua mensagem esteja de
algum modo “codificada”, tendo em conta que é um assunto familiar a todos.
Sempre que oiço esta música, lembro-me de um significado e de um conceito de
amor no qual gosto de acreditar, um significado que fora de algum modo
esquecido e sobre que esta música fala («Eu não
sei o que me aconteceu / Foi feitiço, / O que é que me deu? / Pra gostar tanto assim de alguém»), no amor enquanto
felicidade e realização e não enquanto dor e sofrimento. Faz-me isto lembrar um
trabalho que fizemos hoje na aula de português,
no qual consultei o livro A
Sabedoria e o Humor de Oscar Wilde, onde se falava do amor e que tinha
alguns aforismos acerca deste, todos que referindo-se a este sentimento como
uma tragédia, o oposto do que o autor da canção em análise transmite.
Em certos versos, como «Eu gostava de olhar para ti / E dizer-te que és uma luz / Que me acende a
noite, / Me guia de dia / E seduz» e «Eu gostava de ser como tu /Não ter
asas e poder voar / Ter o céu como fundo / Ir ao fim do mundo e voltar», o
sujeito poético refere-se à pessoa que ama com admiração, demonstrando um
enorme carinho pela mesma. A música é, de certa forma, leve, sem apresentar grandes
ideias para além do facto de se dizer que quando se ama se está sobre o efeito
de um “feitiço” que nos prende e nos seduz, tornando-nos incapazes de pensar
conscientemente na totalidade, tornando-nos de alguma maneira seres irracionais
devido a sermos incapazes de controlar este sentimento. Ao amar, o autor não
consegue explicar o que lhe aconteceu e como é capaz de se sentir de tal forma,
pois é algo que o deixa sem palavras ou justificações e que não resultou da sua
deliberação e ação. Mais tarde na canção, o sujeito também fala acerca da
espontaneidade que caracteriza o amor (que como já referi, não o podemos
controlar) e das ínfimas sensações que este nos causa («O primeiro impulso /
É sempre o mais justo / É mais verdadeiro»). Refere-se ainda o medo e a insegurança que se sente por vezes ao amar e ao
temer a perda daquela pessoa e daquele amor, e a “obsessão” que se cria em
redor desse mesmo sentimento («E o primeiro susto / Dá voltas e voltas /
Na volta redonda / De um beijo
profundo»).
Catarina V.
«É sexta-feira (Emprego bom já)» (Boss
AC), Boss AC, AC para os amigos, 2012
Depois de algum tempo a pensar numa
música atual, aconteceu que num dia de manhã, enquanto estava no carro em
direção à escola, liguei o rádio e, curiosamente, estava a dar esta música.
Comecei a conversar com o meu pai, acerca do conteúdo e sobre o quanto a letra
se baseia nos dias de hoje. Mas, mesmo assim, ainda andei dias em dúvida, mas
acabei por me concentrar na música acima referida e penso que foi uma boa
escolha, pois, tal como me aconselharam, tem decerto muito para relatar,
principalmente porque mostra os maus tempos que estamos a passar, neste Pequeno
Grande País.
Boss Ac, o autor da música, na minha opinião, tenta passar uma mensagem àqueles
que a ouvem, deixando-lhes também a letra no ouvido e a banda sonora,
lembrando-me, curiosamente, das aulas deste ano. Aquelas em que alguém perguntava
‘’que dia de semana é hoje?’’ e em que respondíamos ‘’é sexta feira’’ e
ríamo-nos, dizendo ‘’yeah’’ (refrão).
Decerto que o cantor tenta mostrar de uma
maneira menos comprometedora, de maneira mais fácil, o que se passa realmente
em Portugal, referindo os estudantes que hoje passam dificuldades, depois de
tantos anos de estudo, na tentativa de arranjar emprego (”tantos anos a estudar
para acabar desempregado’’).
Com ‘’De boca em boca nas redes sociais,
ouvem-se verdades que não vêm nos jornais’’ o autor pretende demonstrar que,
hoje em dia, lê-se informações acerca do que nos rodeia (aproveito para dizer,
que neste caso, pouco é falado dos problemas económicos e sociais nas maiores
redes sociais) e, de uma maneira, ou de outra, todos sabemos alguma coisa que
seja, acerca da crise em que estamos a viver.
Esta música pode significar também
esperança, de tantos jovens e até adultos que só querem arranjar emprego para
melhorar as suas vidas, para deixarem de ser dependentes dos pais que os ajudam
até estes definirem a vida deles (‘’ Os cotas já me querem ver pelas
costas’’).
Admito que, nesta altura, depois de tanto
a ouvir pelas rádios, dias e dias, a música se torne repetitiva, mas não deixo
de lhe dar o valor e reconhecer originalidade, porque até hoje poucos foram os
cantores capazes de escrever aquilo que este conseguiu ter ‘’coragem’’ para o
publicar, admitindo a nossa situação sem tabus.
Rita
“Dia Mau”, Ornatos Violeta, O Monstro Precisa de Amigos, 1999
Esta música não me traz à memória nenhum
momento em particular, mas identifico-me com a letra. Acho que tem muita amargura,
dor e rancor escondidos por entre cada verso, como o que sentimos num dia mau.
Fala de sentimentos não correspondidos (“Não havendo amor de volta/Nada impede
a fonte de secar”), e disso eu sei bem. A música também sugere vingança (“Dizes
que eu dou só por gostar/Pois vou dar-te a provar/O trago amargo da solidão”).
O título é bastante sugestivo: “Dia Mau”. Escolhi também esta música pois os
dias maus são, maioritariamente, os constituintes da minha vida. Mas, como a letra
diz mais à frente, “é só mais um dia mau”, há que não dar importância às
pequenas coisas que nos arruínam o dia. O rancor, a dor e a amargura são
especialmente visíveis na primeira parte da canção (“E quem sou eu para te
ensinar agora/A ver o lado claro de um dia mau”).
Catarina S.
«Anda Comigo
ver os Aviões» (Os Azeitonas), Os Azeitonas, Salão
América, 2011
É uma música
e letra interessante. Ao ouvi-la um dia de manhã a caminho da escola, fez-me
viajar por esse mundo fora, que muito deverá ter por descobrir. Não me recordo
concretamente do dia, da hora ou se fazia frio ou calor. Simplesmente gostei.
A letra
reflete o sonho de viver a vida intensamente e de realizar os sonhos que
imagino e desenvolvo ao longo dos dias. Servem para que, em mim, se crie uma
vontade de fazer algo na minha vida. Encontro em mim aquela sensação de que
posso mudar o mundo, e foi nesse mesmo dia que decidi que os sonhos deverão ser
realizados com toda a vontade e acreditar sempre em algo que nos faça viver,
mudar e conquistar.
Foi aliás
nesse mesmo dia, que tive uma grande mudança na minha vida. Estava eu com os meus
amigos a passear pelo colombo quando sou abordada por uns representantes de uma
empresa de talentos de modelos de passerelle e de fotografia. Nessa abordagem
convidaram-me para ir fazer uma audição. Foi fantástico, fiquei super contente:
era o realizar de um grande sonho.
Tempos mais
tarde fui a essa audição e lá fui convida para fazer um workshop que durou sete
fins-de- semana em que aprendi imensas coisas sobre a moda, a maquilhagem, a
imagem, a roupa e tudo o que se liga com a moda. Já fiz o meu book fotográfico
que foi num dia fantástico e de grande experiência. A partir daqui é lutar e
esperar que tenha sorte e sucesso. Está a ser o realizar de um sonho.
Scheltinga
«Liberdade
para dentro da cabeça», Natiruts, ?, ?
Era
25 de Junho de 2011, não sei exactamente a que horas, mas a noite começava a
tomar conta do dia e, como era verão, já devia ser por volta das dez da noite.
Mas o importante não é isso, o importante era o que sentia no momento em que a
música tocava. Se tinha fome, deixei de ter; se tinha sede, deixei de ter; se
tinha vontade de ir à casa-de-banho, dormir ou simplesmente deitar-me, toda a
vontade desaparecia; naquele momento só a música interessava e, como a letra
dizia na minha cabeça, só liberdade. Os Natiruts tocavam e todo o público do
Sumol Summer Fest cantava: “Liberdade p’ra dentro da cabeça, Liberdade p’ra
dentro da cabeça”. Foi um concerto de que espero nunca esquecer e um festival
que sempre recordarei.
A
letra foca-se, talvez, em duas pessoas e diz-nos que uma a delas foge (“Quando
você for embora / Não precisa me dizer”). Quem fica tenta contrariar toda a sua
tristeza através da “liberdade e da paz”. Recorda os momentos passados com o
seu amor. Porém, no fundo, apenas quer trazer, tanto a si próprio como à sua
amada, “Liberdade p’ra dentro da cabeça”.
Pedro
«Não sou o
único» (Xutos & Pontapés), Xutos & Pontapés, Circo de
feras, 1987
A minha
opinião sobre os Xutos & Pontapés nunca foi a melhor até ao dia 27/05/10,
em que fui ver o concerto (que é o vídeo que apresentei). Antes deste concerto
tinha uma ideia completamente diferente da que tenho agora: antes achava o tipo
de música que eles faziam, bastante básico (o que, por acaso, mantenho). Porém
as letras das músicas, a meu ver, são muito sentidas, são letras que têm algum
significado para a banda.
A letra foi
escrita pelo guitarrista e, quando este diz “Não,
não sou o único / Não, sou o único a olhar o céu”, penso que o que ele quer
dizer é que ele não é a única pessoa a sonhar. E eu apoio-o porque eu também
sonho, também tenho desejos que quero concretizar no futuro e que espero que
estes se realizem. Escolhi esta música porque de todas as músicas desta banda esta
é a que me cativa mais. “A ouvir os conselhos dos outros” é algo que eu acho
que todos fazem: eu, por exemplo, gosto de ouvir conselhos, servem como avisos,
uns podem ser maus (“E sempre a cair nos buracos”) ou podem ser conselhos bons,
que nos ajudarão a melhorar as nossas acções.
Concordo com a frase que identifiquei em cima (“E sempre a cair nos
buracos”), porque, como se diz sempre, “errar é humano” ou “aprende-se com os
erros”. No meu caso, já cometi centenas de erros e alguns não me arrependo de
os ter cometido, pois fizeram com que, no futuro, não os vá cometer novamente. Identifico-me
com a frase “A viver as emoções” pois eu gosto muito de viver tudo o que faço,
ou seja, gosto de viver a vida!
Miguel
“Circo de Feras” (Xutos & Pontapés), Xutos & Pontapés, Circo de Feras, 1987
Esta música traz-me lembranças de dia 27
de Maio de 2009, no Rock in Rio. Entre aquela multidão toda, estava a tentar
encontrar uma pessoa que já não via há anos, até que, quando olho para ela, a
música começou a tocar e, por coincidência, esta era a “nossa música”… Sorrimos
um para o outro. E lembro-me perfeitamente que ela estava aleijada do pé e não
conseguia estar a apoiá-lo, mas ainda teve força de gritar para mim “QUERO-TE
TANTO!”, o que é uma das memórias que nunca me vão sair da cabeça.
Quanto à letra em si, acho que quem
escreveu esta canção queria desesperadamente alguém que tinha perdido, talvez
por uma mera estupidez. Quando se diz “a vida vai torta, jamais se endireita/nunca
dei um passo que fosse o correcto”, nota-se que, ao longo da vida, nunca se fez
nada bem feito e o sujeito poético arrepende-se disso. Até pelo nome da música
(“circo de feras”) se percebe que vai ser difícil recuperar a pessoa que o
poeta quer. Percebe-se também que ele deseja incondicionalmente a amada quando
diz “quero-te tanto”.
Manel
«El-rei D. Sebastião» (José Cid), Quarteto
1111, 1967
A música “El-rei D. Sebastião”, do grupo
Quarteto 1111, constitui para mim, um ávido amante da História, principalmente
a da nossa nação, um grande lembrete do que a minha infância foi.
Lembro-me de me deliciar com esta música
e, depois de tantas imaginárias aventuras, pedir ao meu pai que me comprasse
mais um livro ou me contasse uma lenda associada à nossa grande História.
A que me fazia especular mais era a
lenda de um rei muito novo chamado Sebastião que, sem olhar a meios, esbanjando
dinheiros do reino, com um ideal ainda das cruzadas, há muito um fogo extinto,
se lançou à conquista de Alcacér Quibir. Intriga-me a falta de interesse das
pessoas na História, pois não têm noção que, sem olhar para o passado, não
podemos perspectivar o futuro.
O sujeito poético usa a terceira pessoa
do singular, conta a história de um rei que, na sua morte aparentemente
inglória em outras terras (no Norte de África), virou lenda. Essa trágica
notícia, que significava a perda da independência, passou de boca em boca pelas
aldeias de Portugal, e incrustou-se nas suas tradições. A notícia especificava
que el-rei não estava morto (“As bruxas e adivinhos, das altas serras beirãs
juravam que nas manhãs, de cerrado nevoeiro, vinha D. Sebastião”). D. Sebastião
iria salvar a nação portuguesa do jugo Espanhol, aparecendo numa manhã de
nevoeiro, um sinal, que, na minha opinião, foi compreendido como um factor para
acrescentar mistério a toda a lenda.
A sequência seguinte da música (“Pastores
e Trovadores, das regiões litorais, afirmaram terem visto, perdido entre os
Pinhais”) mostra que a tradição estava viva e que o povo português ainda tinha
esperança que o rei viesse. O resto da música ilustra o alimento que a lenda
teve, ao longo dos tempos, mostrando falcatruas e outras acções por parte do
elementos do povo, que pretendiam aproveitar o acontecimento.
Esta canção torna compreensível ao mundo
atual a lenda, que remonta ao século XVI.
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