Thursday, September 16, 2021

Aulas (2.º período: 62-81)

Aula 62-63 (11 [1.ª], 12/jan [3.ª]) Lê «Fernando Pessoa: o ciclo das estações» (p. 89), crónica (ou artigo de opinião, como lhe chama o manual) de José Manuel dos Santos. Completa (segundo o que se lê no texto):

os vários Pessoas

meteorologia

característica que permite a analogia

________

inverno

«inverno interior»; «gelo invariável da ____»; «vento tão mortal e tão alto [...]»; «febre ____»

Ortónimo — Mensagem

_____

«________ no inverno da História»

 

Alberto Caeiro

 

_____

«fatalismo feliz, em que nascemos naturais como as flores»; «torna a ____, a ____ e a verdade uma e a mesma coisa»

________

verão

«ardor alucinado, doloroso, sexual, fazendo dos ___ um verão explodido»

Ricardo Reis

_____

«numa serena _____, [...] contempla a vida na luz dourada e triste que antecede o ___»

Bernardo Soares / LdoD

_____

«todas as estações se perturbam e ______»

Responde à pergunta 3, fazendo corresponder estes onze trechos às sete classificações mais em baixo (que, portanto, podem estar abonadas mais do que uma vez):

1. «é o silêncio do sol» (l. 29)

2. «um vento tão mortal e tão alto que nos assombra como um ritual cumprido sob um céu vazio.» (ll. 10-11)

3. «como em certos dias dos Açores, todas as estações se perturbam e confundem em Bernardo Soares e no seu Livro do Desassossego» (ll. 24-25)

4. «O inverno é o remorso do verão» (l. 1)

5. «em todas as estações por onde passa o comboio que nos leva, [...], e em cuja carruagem da frente o destino joga um jogo fatal com cartas que têm o nosso rosto». (ll. 30-32)

6. «Quando leio Pessoa ele-mesmo» (l. 8)

7. «tornando desconhecido o que conheço e inesperado o que espero». (ll. 4-5)

8. «na sua febre fria» (ll. 13-14)

9. «para olhar o que se esconde e escutar o que emudece» (ll. 28)

10. «O frio (...) é nos olhos que cintila.» (ll. 26-27)

11. «numa serena ansiedade saciada» (ll. 17-18)

aliteração — _______

comparação — _______

metáfora — _______

metonímia — _______

antítese — _______

paradoxo — _______

sinestesia _______

Lê «Eu nunca fiz se não sonhar» (pp. 80-82), do Livro do Desassossego. Como se dizia na crónica de José Manuel dos Santos, no Livro todas as estações (isto é, todos os Pessoas) surgem, de certo modo, misturadas, como acontece em certos dias nos Açores.

Tenta localizar no texto de Bernardo Soares passos que pudessem caracterizar o ortónimo ou os heterónimos. Completa:

Ortónimo (sonho/realidade)

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Ortónimo (dor de pensar)

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Ortónimo (fingimento poético)

«Ter de estar aqui escrevendo isto, por me ser preciso à alma fazê-lo, e mesmo isto, não poder sonhá-lo apenas, exprimi-lo sem palavras, sem consciência mesmo, por uma construção de mim próprio em música e esbatimento [...]»

Ortónimo (fragmentação do eu)

«alinho na minha imaginação [...] figuras que habitam, e são constantes e vivas, na minha vida interior. Tenho um mundo de amigos dentro de mim, com vidas próprias, reais, definidas e imperfeitas» //  . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Ortónimo (decifração do enigma do ser)

«Nunca tive outra preocupação verdadeira senão a minha vida interior. As maiores dores da minha vida esbatem-se quando, abrindo a janela para dentro de mim, pude esquecer-me na visão do seu movimento»

Álvaro de Campos ou

Ortónimo

(tédio, nostalgia)

«Ah, não há saudades mais dolorosas do que as das coisas que nunca foram! O que eu sinto quando penso no passado que tive no tempo real, quando choro sobre o cadáver da vida da minha infância ida...» //  . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Álvaro de Campos futurista

«[...] outros têm uma vida boémia, pitoresca, humilde. Há outros que são caixeiros-viajantes. (Poder sonhar-me caixeiro-viajante foi sempre uma das minhas grandes ambições [...])»

Alberto Caeiro

«As flores do jardim da pequena casa de campo [...] // As hortas, os pomares, o pinhal, da quinta [...] //  . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Ricardo Reis

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Finalmente, ouçamos num depoimento de Cleonice Berardinelli (inserido num bom documentário da Globo acerca de Fernando Pessoa) como a professora brasileira tipifica cada um dos heterónimos (ver só os minuto 52 a 54):



Escreve uma apreciação crítica da publicidade de «A Nossa Aposta». O teu comentário deve preocupar-se com a análise do cartaz enquanto veículo publicitário, mas, ao mesmo tempo, revelar conhecimentos pessoanos. Não explicites demasiado um juízo valorativo. Um texto deste género deixa, em parte, que o leitor infira a opinião do crítico.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

[Solução minha:]

Trata-se de anúncio comercial, cujo objetivo é publicitar as apostas de uma dada casa de jogos, a Nossa Aposta (nossaaposta.pt).

Para efeitos de atrair o leitor, aposta-se no reconhecimento dos elementos icónicos, três figuras que assumimos serem os heterónimos de Pessoa — seria mais transparente se fossem quatro retratos, que conotaríamos de imediato com Fernando Pessoa ele-mesmo, com Campos, Reis e Caeiro. O que ajuda à identificação das três caras é o vocativo na pergunta «Fernando, em quem apostas?», que, porém, só descodificamos se for lida em conjunto com o reconhecimento das três faces. É-nos sugerido sermos nós a inferir que aquele «Fernando» é Pessoa, o que, na psicologia destas coisas, funciona como um primeiro reforço ao potencial cliente.

Se a pergunta visa chamar a atenção, a resposta corresponde ao slogan, «A Nossa Aposta é na Odd Triunfal», que associa o nome da marca a ‘odd’, situando-a assim no seu contexto de casa de jogos, e a ‘triunfo’, o que transmite uma imagem positiva. Os criadores do anúncio partem do princípio de que o público que é alvo desta publicidade conhece a «Ode triunfal», de Álvaro de Campos, o que despertaria simpatia (pelo trocadilho) e contribuiria para a memorização da frase. Esta assunção, contudo, parece-nos demasiado otimista: serão assim tantos os que descobrirão no slogan uma alusão ao poema do heterónimo futurista-sensacionista?

      O filme que começaremos a ver hoje — Howl (Uivo), 2010, de Rob Epstein e Jeffrey Friedman — trata de um caso verídico, o julgamento a que foi sujeito Allen Ginsberg por causa do longo poema Howl (Uivo), de 1956.

     Ginsberg integrou a chamada «Beat Generation», que — cinquenta anos depois de Fernando Pessoa (aliás Álvaro de Campos e Alberto Caeiro) — se inspirou também em Walt Whitman.

Trechos em Uivo

Recursos estilísticos

«a sopa de massinhas do tempo»

metáfora

«que provaram as pássaras de um milhão de catraias»

hipérbole (e metáfora/perífrase)

«para verificar se eu tenho uma visão ou se tu tinhas uma visão ou se ele tinha uma visão para descobrir a Eternidade»

polissíndeto

«Denver tem saudades dos seus heróis»

metonímia

«o cabelo da alma iluminou-se»

 

«[Moloch] cujos olhos são mil janelas cegas»

«ficaram apenas com a sua insanidade e as suas mãos e um júri anulado»

 

«cujo amor é pedra e petróleo sem fim»

 

«a quem foi dado um vazio concreto de insulina, Metrazol, eletricidade, hidroterapia, psicoterapia, terapia ocupacional, pingue-pongue e amnésia»

 

«cujas fábricas sonham e morrem no nevoeiro»

 

Ó legiões magras, corram lá para fora

 

Ó choque misericordioso de estradas ornado, a guerra eterna chegou

Ó vitória, esquece as tuas ceroulas

Estou contigo em Rockland, onde irás cindir os céus... / Estou contigo em Rockland, onde os vinte... / Estou contigo em Rockland, onde achamos e beijamos... / Estou contigo em Rockland, onde acordamos eletrificados...

 

A máquina de escrever é sagrada. / O poema é sagrado. / A voz é sagrada. / As orelhas são sagradas. / O êxtase é sagrado.

 

vieram lançar bombas angélicas

 

Walt Whitman, Leaves of Grass (Folhas de erva), 1897

Álvaro de Campos (primeiros textos em 1914)

Dadaístas (ca. 1916, Tristan Tzara, etc.)

Geração Beat

Allen Ginsberg, Howl (Uivo), 1956

Jack Kerouac, On the road (Pela estrada fora), 1957

William S. Burroughs, Naked lunch (Almoço nu), 1959

Carl Salomon

Neal Cassady

TPC — Durante as férias, pus em Gaveta de Nuvens informação sobre duas tarefas (esta e esta) a fazer nos próximos tempos; no final da aula de hoje haverá chamada para ambos os trabalhos via Classroom.



Aula 64R-64 (12 [1.ª], 13/jan [3.ª]) Esta matéria, ‘Texto e textualidade — Coesão e coerência’, está nas pp. 18-19 e 21 do anexo do manual. Embora seja um dos poucos conteúdos específicos do 12.º ano (consta no programa mesmo sem ser a título de revisão), no ano passado já falámos dele. Este sumário, semelhante a outro que terão algures, resume o assunto:

Coesão e Coerência textuais

Coesão textual

coesão gramatical

coesão frásica:

ordenação das palavras e funções sintáticas; concordância; regências.

coesão interfrásica:

mecanismos de coordenação ou subordinação; conectores; pontuação.

coesão temporo-aspetual:

correlação de modos e tempos verbais; advérbios e expressões preposicionais com valor temporal; articuladores indicadores de ordenação; datas e outras marcas temporais.

coesão referencial:

recurso a anáforas, catáforas, elipses; deíticos.

coesão lexical:

uso de repetições; sinonímia; antonímia; hiperonímia, hiponímia; holonímia, meronímia.

Coerência textual

coerência lógico-conceptual observa três princípios:

princípio da não contradição:

não deve haver a afirmação de uma ideia e, em simultâneo, o seu oposto.

princípio da não tautologia ou não redundância:

as ideias não devem ser repetidas.

princípio da relevância:

as ideias devem estar relacionadas com a temática do texto.

coerência pragmático-funcional versa a relação texto-situação.

Do Caderno do Aluno do manual Plural. 12.º ano (Lisboa, Lisboa editora, s.d.; [não é o nosso]):

As frases que seguem apresentam incorreções, não são coesas. Lê-as e estabelece com as afirmações 1-9 as correspondências que explicam o erro gramatical que lhes retira coesão. Transforma as frases em frases coesas.

A. Os jovens gostam de ler livros nas férias de aventuras.

B. Os Lusíadas é o nome da epopeia que escreveu Camões.

C. Se ele escrevesse outras epopeias também a leríamos.

D. Quem escreveu Os Lusíadas é Luís de Camões.

E. A obra de Luís de Camões e de Fernando Pessoa existe na biblioteca.

F. A Mensagem de Fernando Pessoa é um livro que eu gosto.

G. Fernando Pessoa respondeu para Mário de Sá-Carneiro numa breve carta.

H. A Mensagem é uma obra-prima, mas é um grande livro.

I. Ele sempre utilizou.

J. Devido aos seus problemas, a Ana esteve sempre sobre observação.

 

1. O conector utilizado estabelece uma relação não adequada entre as duas frases.

2. O sujeito deve preceder o verbo.

3. O verbo gostar rege a preposição «de».

4. O verbo da frase não rege a preposição utilizada.

5. Os elementos da frase não estão corretamente ordenados.

6. O tempo verbal utilizado não deve ser o presente.

7. Uso incorreto da preposição.

8. Falta o complemento direto, uma vez que o verbo é transitivo.

9. Não há concordância entre o pronome e o nome.

10. Não há concordância entre o sujeito e o predicado

A maioria das frases transcritas em baixo apresenta problemas de sintaxe (haverá também frases incoerentes). Tenta perceber o erro gramatical que impede a sua coesão (ou, em um ou dois casos, falta de coerência) e transforma-as em frases corretas.

Tratam-se, de uma maneira geral, de apartamentos lindíssimos.

Ainda existe muitas pessoas que precisam de casa.

No futuro haverão muitas casas tão boas como essas.

Fazem dez anos que mudei para a casa onde vivo.

Em Portugal precisam-se muito de casas novas.

A casa é muito boa, porém gostei bastante dela.

Em todas as casas há excelentes roupeiros, por conseguinte o Filipe não comprou nenhuma.

Eu perguntei a ele se queria ser meu namorado.

Além dos processos morfológicos de formação de palavras (que revimos há pouco), no domínio da formação de palavras temos de contar com os «processos irregulares de formação de palavras», a que voltamos agora:

Os exercícios seguintes são tirados de Nova Gramática didática do português:

1. Os exemplos listados abaixo ilustram um processo irregular de formação de palavras. Identifique-o. ________

rato (‘animal’) > rato (‘dispositivo informático’)

leitor (‘aquele que lê’) > leitor (‘professor universitário’)

portal (‘porta grande’) > portal (‘página da Internet’)

salvar (‘livrar de perigo’) > salvar (‘guardar’)

2. Distribua as palavras que se seguem pelo quadro abaixo.

soirée | restaurante | menu | jeep | bife | lambreta | diesel | airoso | flamenco | maestro | recuerdo | futebol | confetti | piloto | dobermann | stock | alzheimer | tapa | tablier | muesli

Empréstimos

Galicismos

 

Anglicismos

 

Italianismos

 

Espanholismos

 

Germanismos

 

3. Descubra, na sopa de letras, seis palavras formadas por amálgama. Encontrá-las-á na horizontal e na vertical.



4. A lista de palavras apresentada é composta por acrónimos e siglas. Classifique-as e especifique o seu significado. [Não especifiques por escrito; pensa só.]

a) PALOP — ______ || b) CD — _____ || c) PSP — _____ || d) BD —_____ || e) OTAN — ______ || f) OMS — ______ || g) ONU — _____ || h) TAP — _____ || i) UE — _______ ||j) PME — ______

5. Recorra ao processo de truncação para formar palavras.

a) motociclo > _________

b) fotografia > _________

c) exposição > _________

d) zoológico > _________

e) quilograma > __________

f) metropolitano > _________

g) hipermercado > ________

h) discoteca > ________

6. Proponha uma onomatopeia para cada caso apresentado.

a) avalancha — ___________

b) mergulho — ____________

c) vidro partido — ___________

d) chuva — ___________

e) batida na porta — _____________

f) vento — _____________

g) trovão — _____________

h) queda — _____________

A violação dos princípios em que assenta a coerência textual terá como consequência a incompreensão ou a surpresa pela falta de sentido do que se lê. No entanto, podem as infrações à coerência textual serem propositadas, ou para se inovar em termos literários ou para se obterem efeitos humorísticos. Correntes literárias como a surrealista (mas também os autores modernistas, como Pessoa) aproveitaram frequentemente o inesperado dessas quebras da lógica do texto.

Recurso constante dos Gato Fedorento são as beliscaduras na coerência. Preenche as quadrículas com os títulos dos sketches (em geral, da série Barbosa):

Deputado dirige-se à assembleia / Homem que repete frases do Sandokan / Qual papel? / O médico hipocondríaco / Conversas com empregados de mesa / Indivíduo na bagageira / Estenógrafo fadista / Super-irritante / Velha que faz apartes longuíssimos

Classificação do «problema»

Sketch

Explicação da infração

Coerência afetada por não se cumprir princípio da relevância

 

Parte do discurso não concorre para o foco temático do relato.

 

O longo comentário intercalado não se integra no diálogo inicial (e as ovações finais parecem ir contra o resto do contexto)

Coerência afetada por não se cumprir princípio da não contradição

 

Quando supúnhamos estar perante um programa de televisão, abre-se um cenário novo, incompatível com o anterior.

 

Indiferença perante situação estranhíssima vai contra o que é expectável no mundo real.

Coerência afetada por não se cumprir princípio da não tautologia (ou não redundância)

«Deputado dirige-se à Assembleia»

Não há informação nova ao longo do discurso.

 

O protagonista assume não renovar as informações, limitando-se a repetir.

 

Além do incumprimento do princípio de não tautologia, há também falhas de coesão lexical e referencial (substituição da palavra repetida).

Coerência afetada por inadequação pragmático-funcional

 

 

Registo infantil (passos e berlindes) não é apropriado a uma consulta médica (há também contradição: médico quer ser doente).

 

Registo linguístico (com oscilações entre o jargão do direito e a linguagem corrente) e confusão de modos e tipos textuais tornam a situação inverosímil.

Eis a parte B do grupo I da prova nacional de 2019 (época especial):

PARTE B

Leia o texto. Se necessário, consulte as notas.

                              Como quando do mar tempestuoso

               o marinheiro, lasso1 e trabalhado,

               d’ um naufrágio cruel já salvo a nado,

               só ouvir falar nele o faz medroso;

 

5                            e jura que em que2 veja bonançoso

               o violento mar, e sossegado

               não entre nele mais, mas vai, forçado

               pelo muito interesse cobiçoso;

 

                              assi, Senhora, eu, que da tormenta

10           de vossa vista fujo, por3 salvar-me,

               jurando de não mais em outra ver-me;

 

                              minh’ alma, que de vós nunca se ausenta,

               dá-me por preço4 ver-vos, faz tornar-me

               donde fugi tão perto de perder-me.

Luís de Camões, Rimas, edição de A. J. da Costa Pimpão, Coimbra, Almedina, 1994, p. 138.

NOTAS

1lasso – cansado; fatigado.

2em que – ainda que.

3por – para.

4dá-me por preço – impõe-me; dá-me por destino.

4. Explicite a comparação que é desenvolvida ao longo do poema.

5. Interprete a antítese «salvar-me» (verso 10) / «perder-me» (verso 14), no contexto da relação amorosa que o sujeito poético estabelece com a «Senhora».

6. Relativamente ao soneto transcrito, apresente:

a) o esquema rimático;

b) a classificação das rimas.

 

 

Aula 65-66 (14/jan [1.ª, 3.ª]) Correção de apreciação crítica feita na penúltima aula e de tabela sobre figuras de estilo em Uivo (cfr. Apresentação).

Fernando Pessoa, Mensagem

Paratexto e estrutura

Faz a referência bibliográfica (autor, título, cidade da editora, editora, ano da edição).

A primeira fonte destes elementos deve ser o frontispício (página [3], neste caso). Quando haja dados de que não possamos certificar-nos pela folha de rosto (o referido frontispício), recorreremos ao colofão (na última folha), à ficha técnica, à capa, etc.: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Este livro não numera a edição. Se o fizesse, esse elemento poderia constar logo após o título. E poríamos a seguir à data da edição e entre parênteses o ano da 1.ª edição, 1934.

Verifica estas partes do livro (matéria que se integra no estudo do paratexto):

Capa: tem um ________ (poema visual) que usa versos de Pessoa e desenha a efígie do poeta.

Contracapa: reproduz o poema «__________», o primeiro texto de Mensagem; em baixo, vêm os logótipos dos ___________.

Lombada: tem só o ______ da obra.

Colofão (ou, à latina, colofon): em vez do tradicional «Acabou de imprimir-se a […]», contém uma espécie de _______.

O anterrosto repete o desenho caligramático da capa. No entanto, há na p. ____ o que poderia ser o verdadeiro anterrosto, já que a página tem apenas o título, como é característico das páginas três. Terá sido lapso (e a ordem das pp. 5 e 3 ter saído mal, sendo a p. 1 uma mera folha de guarda)?

No miolo do livro há, no cabeçalho, o título corrente, nas páginas ímpares, e nome do autor, nas ________. Nesse espaço, dito dos «títulos correntes», vem «Índice» na parte do livro que lhe corresponde.

Na p. [7], temos a epígrafe: «_________» (‘Bendito Deus Nosso Senhor que nos deu o Sinal’).

Preenche as quadrículas vagas da tábua seguinte, sobre a estrutura de Mensagem:

Primeira parte / Brasão

Os Campos

O dos Castelos

 

 

Ulisses

Viriato

O Conde D. Henrique

D. Tareja

D. Afonso Henriques

D. Dinis

D. João o Primeiro

D. Filipa de Lencastre

As Quinas

 

D. Fernando, Infante de Portugal

D. Pedro, Regente de Portugal

D. João, Infante de Portugal

D. Sebastião, Rei de Portugal

A Coroa

Nun’Álvares Pereira

 

[A Cabeça do Grifo:] O Infante D. Henrique

[Uma Asa do Grifo:] D. João o Segundo

[A Outra Asa do Grifo:] Afonso de Albuquerque

Segunda parte / Mar Português

O Infante

 

Padrão

O Mostrengo

Epitáfio de Bartolomeu Dias

Os Colombos

Ocidente

Fernão de Magalhães

Ascensão de Vasco da Gama

 

A Última Nau

Prece

 

Os Símbolos

 

O Quinto Império

O Desejado

As Ilhas Afortunadas

 

 

O Bandarra

António Vieira

«Screvo meu livro à beira-mágoa»

Os Tempos

Noite

Tormenta

Calma

Antemanhã

 

De que tratam as três partes de Mensagem?

A 1.ª parte, «Brasão», trata da fase de _______ de Portugal e seu crescimento. A 2.ª parte, «Mar Português», versa a ________ de Portugal, os Descobrimentos. A 3.ª parte, «O Encoberto», trata da estagnação da pátria e, profeticamente, do seu ressurgimento.

«Brasão» tem _______ {numeral, mas por extenso} poemas, repartidos por cinco partes, que aproveitam classificações heráldicas (campos; castelos, quinas; coroa; timbre). A primeira destas sub-partes funciona como introdução às dezassete _________, abordadas em cada poema, que representam características do povo português. A epígrafe de «Brasão» é «_________», um oxímoro (‘Guerra sem guerra’).

A parte «Mar Português» é constituída por ____ poemas e não tem outra repartição. A epígrafe desta parte, «_______» (‘Posse do mar’), alude à saga dos descobrimentos. Desta parte já referimos em aula um dos poemas, precisamente o homónimo da secção, «__________», a propósito da frase tornada proverbial «Tudo vale a pena, se a alma não é pequena».

A parte «O Encoberto» implica a visão esotérica de Pessoa, uma síntese de história, mito e profecia. Esta parte situa-se depois do desastre de ________. Está aliás toda centrada na figura do rei _____, o encoberto. Logo pelos títulos se vê que a organização, agora, decorre mais do simbolismo, não se adotando tanto o formato ‘galeria de personagens’. A epígrafe é «________» (‘Paz nos céus’), que corresponderá ao estado ideal conseguido com o profetizado Quinto Império.

Pelo índice, repara nas datas predominantes da elaboração dos poemas. Os poemas da primeira parte são quase todos posteriores a ____, ou deste exato ano. Os textos de «Mar Português» são maioritariamente de __-__, a época do sidonismo. Finalmente, o ano mais representado na terceira parte é 1934 (precisamente, o ano da publicação de Mensagem, penúltimo da vida de Pessoa, quando o Estado Novo se implantava).

Vejamos a estrutura formal, em termos de versificação, de Mensagem.

Que tipo de estrofe predomina? {circunda os quatro tipos que consideres mais presentes, após folheares o livro sem grandes demoras} Dísticos, tercetos, quartetos ou quadras, quintilhas, sextilhas, sétimas, oitavas, nonas ou novenas, décimas, centésimas.

Os versos {escolhe} são brancos / têm rima / são amarelos.

O metro (o número de sílabas métricas) predominante deve ser o {escolhe} monossílabo, dissílabo, trissílabo, tetrassílabo, pentassílabo (ou redondilha menor), hexassílabo, heptassílabo (ou redondilha maior), octossílabo, eneassílabo, decassílabo, hendecassílabo, dodecassílabo (alexandrino).

O único poema que não tem título é o terceiro aviso, que está na p. ____. É o único texto em que o assunto parece ser o próprio poeta.

O último verso de Mensagem é «_______», seguindo-se-lhe a fórmula de despedida latina, «______» (‘Saúde [Força, Felicidade], Irmãos’).

Regressando à tabela na outra folha, põe um visto ao lado dos poemas que estejam no nosso manual (pp. 102-112 e 122).

Cria um caligrama, cujo tema será da tua lavra. Não te preocupes apenas com o desenho dos versos (que não têm de ser rimados), tenta que o texto seja também inteligente.

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Ginsberg a ler Howl (Uivo), em 1959 (só áudio):

TPC — No manual, lê as pp. 98-100 e relanceia também o quadro na p. 101.

 

 

Aula 67-68 (18 [1.ª], 19/jan [3.ª]) Na p. 102 do manual, lê o «O dos castelos», o primeiro poema de Mensagem.

Resolve a pergunta 1 da mesma p. 102, acrescentando à resposta que se segue os topónimos (nomes de lugares) ou gentílicos (designações de povos) em falta.

1. A _____ é descrita no poema como se de uma figura feminina se tratasse. Assim, na descrição do continente europeu, corpo cujos braços são a ______ e a _____, sobressai a cabeça «cujo rosto é _______». Nessa cabeça, os cabelos são «românticos», sonhadores, toldam o rosto, adensando o mistério que envolve a figura. Os olhos são «______», marca da herança clássica e civilizacional que este atributo conota, e o olhar que deles se desprende é «esfíngico», indagador do desconhecido, e «fatal», pois a procura desse desconhecido é motivada pelo destino.

Responde à pergunta 2 (e lê a resposta que dou à pergunta 3).

2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

3. Portugal é o rosto da Europa que contempla o desconhecido. Ora, esse desconhecido é o Ocidente, o mar a desvendar para tornar possível o paradoxo de construir o «futuro do passado». É a Portugal que cabe, pois, a missão predestinada de construção do futuro.

Como se fez em 1, resolve a pergunta 4, acrescentando os nomes de lugares.

4. «O dos castelos» é _______, definido no poema como o rosto da _______, o olhar e guia da ________, ________ cujo brasão ostenta os castelos, referenciais do passado, mas cuja missão é a construção do futuro. Lembremos que este é o primeiro poema da primeira parte de Mensagem, que remete para a fundação da nacionalidade inscrita no brasão.

Passa à p. 215. Ana Luísa Amaral escreveu «Europa», que tem com «O dos Castelos» óbvia relação de intertextualidade.

O quadro no item 4, na p. 216, assinala algumas expressões em que o poema alude ao texto de Pessoa, desdizendo-o, de certo modo. Completa:

O desenho de Agim Sulaj — à direita do poema de Ana Luísa Amaral — concorda mais com o poema «Europa» do que o «O dos Castelos»’.

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Vê estes grupos III — de provas de exames relativamente recentes (nos dois últimos anos, porém, em vez de texto de opinião tem-se pedido uma apreciação crítica):

GRUPO III (2019, 1.ª fase)

Se algumas pessoas consideram que o acesso rápido e livre à informação é uma mais-valia na sociedade atual, outras defendem que esta facilidade pode ter um impacto negativo, tanto em termos pessoais como sociais.

Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cinquenta palavras, defenda uma perspetiva pessoal sobre a problemática apresentada.

No seu texto:

— explicite, de forma clara e pertinente, o seu ponto de vista, fundamentando-o em dois argumentos, cada um deles ilustrado com um exemplo significativo;

— utilize um discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito).

GRUPO III (2019, 2.ª fase)

Tradicionalmente, a casa era o espaço de domínio feminino; por seu lado, o homem movia-se predominantemente num espaço exterior, fora de casa.

Será que, na atualidade, esta visão do mundo está já ultrapassada?

Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cinquenta palavras, defenda uma perspetiva pessoal sobre a questão apresentada.

No seu texto: [... {= ao anterior} ...]

GRUPO III (2018, 1.ª fase)

«Há palavras que nos beijam / Como se tivessem boca.»

Alexandre O’Neill, Poesias Completas, 4.ª ed., Lisboa, Assírio & Alvim, 2005, p. 64.

«São como um cristal, / as palavras. / Algumas, um punhal, / um incêndio.»

Eugénio de Andrade, Antologia Breve, 6.ª ed., Porto, Fundação Eugénio de Andrade, 1994, p. 35.

Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cinquenta palavras, defenda uma perspetiva pessoal sobre o poder das palavras nas relações humanas.

No seu texto: [... {= ao anterior} ...]

GRUPO III (2018, 2.ª fase)

Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cinquenta palavras, defenda uma perspetiva pessoal sobre o impacto do progresso técnico na qualidade de vida do ser humano, no futuro.

No seu texto: [... {= ao anterior} ...]

Escolhe um destes Grupos III e escreve os dois parágrafos do miolo do que seria a resposta (ambos com argumento + exemplo, é claro). Descartamos a introdução e a conclusão. Cada parágrafo deverá ter cerca de 80-100 palavras. Indica como título o ano e fase da prova.

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TPC — Vê a ficha do Caderno de atividades sobre Coerência textual (que porei, já resolvida, em Gaveta de Nuvens).

 

 

Aula 69R-69 (19 [1.ª], 20/jan [3.ª]) A parte B do exame nacional de há quatro anos (2018, 1.ª fase) tinha como texto a analisar a cena X do ato II de Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett.

Como sabes, o ato II passa-se já no palácio que fora do primeiro marido de Madalena, João de Portugal. A deslocação para esta casa (tornada necessária porque Manuel incendiara o palácio onde viviam, também em Almada, contribuíra para aumentar as angústias de Madalena, que já não eram poucas). Esta cena X acontece depois de Manuel, Maria e Telmo saírem para Lisboa (iam visitar uma parenta e Manuel ia tratar da sua posição perante o poder) e antes da entrada de João de Portugal (identificado só como Romeiro). (A cena IX fora um pequeno aparte de Jorge — só com este em palco — e a cena XI incluirá o criado Miranda, que virá anunciar a chegada de um romeiro.)

Vê só entre o minuto 4 e o minuto 10:

[Responde à pergunta 5; copiarás depois um modelo de resposta ao item 6.]

Grupo I, Parte B

Leia o texto.

Madalena (falando ao bastidor) — Vai, ouves, Miranda? Vai e deixa-te lá estar até veres chegar o bergantim; e quando desembarcarem, vem-me dizer para eu ficar descansada. (Vem para a cena.) Não há vento e o dia está lindo. Ao menos não tenho sustos com a viagem. Mas a volta... quem sabe? o tempo muda tão depressa...

Jorge — Não, hoje não tem perigo.

Madalena — Hoje... hoje! Pois hoje é o dia da minha vida que mais tenho receado... que ainda temo que não acabe sem muito grande desgraça... É um dia fatal para mim: faz hoje anos que... que casei a primeira vez; faz anos que se perdeu el-rei D. Sebastião; faz anos também que... vi pela primeira vez a Manuel de Sousa.

Jorge — Pois contais essa entre as infelicidades de vossa vida?

Madalena — Conto. Este amor — que hoje está santificado e bendito no Céu, porque Manuel de Sousa é meu marido — começou com um crime, porque eu amei-o assim que o vi... e quando o vi — hoje, hoje... foi em tal dia como hoje! — D. João de Portugal ainda era vivo. O pecado estava-me no coração; a boca não o disse... os olhos não sei o que fizeram; mas dentro da alma eu já não tinha outra imagem senão a do amante... já não guardava a meu marido, a meu bom... a meu generoso marido... senão a grosseira fidelidade que uma mulher bem nascida quase que mais deve a si do que a seu esposo. — Permitiu Deus... quem sabe se para me tentar?... que naquela funesta batalha de Alcácer, entre tantos, ficasse também D. João...

Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa, edição de Maria João Brilhante, Lisboa, Comunicação, 1982.

5. Explique em que medida a afirmação «o tempo muda tão depressa...» (linhas 5 e 6), proferida por Madalena, pode constituir um presságio de tragédia.

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6. Ao longo do excerto, Madalena repete oito vezes a palavra «hoje». Justifique os sentimentos manifestados por Madalena na sua última fala e relacione-os com a repetição dessa palavra.

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Na coluna à direita, escreve o nome do princípio infringido (não tautologia; não contradição; relevância) — todos de ordem lógico-conceptual — ou assinala, se for esta a afetada, coerência pragmático-funcional. Se a coerência textual não estiver prejudicada, nada escrevas. (Para o caso de ser necessário, vê o esquema em baixo.)

Trecho (que infringe...

princípio de... ou área)

Na última quadra o poeta conclui o poema.

 

O maneta foi à manicura para tratar das suas dez belas unhas de gel.

 

Sob o sol da meia-noite, o cego lia um jornal sem letras.

 

O poema é constituído por quadras. A esse tipo de estrofes chamamos quartetos.

 

Os três mosqueteiros eram quatro.

 

Não choveu, porque houve seca.

 

Segundo Pennac, com efeito, «os leitores têm o direito de amar os protagonistas dos livros». [Pouco depois do enunciado da pergunta respetiva.]

Não tautologia

[A meio de um comentário a um texto, opiniões próprias sobre o mesmo assunto ou paralelos com a vida corrente.]

 

Exmo. senhor Diretor de Finanças. | O requerente vem informar que está chateado com a situação criada pelo art.º 3, do decreto 45678, de 31 de março. Ainda falou com a sua querida Belinha ontem sobre o mesmo assunto.

 

Ganhámos, mas é preciso é levantar a cabeça e continuar a trabalhar.

 

Coerência textual

coerência lógico-conceptual observa três princípios:

princípio da não-contradição:

não deve haver a afirmação de uma ideia e, em simultâneo, o seu oposto.

princípio da não-tautologia ou não-redundância:

as ideias não devem ser repetidas.

princípio da relevância:

as ideias devem estar relacionadas com a temática do texto.

coerência pragmático-funcional versa a relação texto-situação.

Aproveito uns exercícios sobre Coesão textual tirados da Nova Gramática didática de português (Carnaxide, Santillana, 2011), pp. 306-307, em que introduzi pouquíssimas reformulações:

1. Lê o texto e repara nas formas que dizem respeito aos «dinossauros». Em baixo, completa os itens, referindo qual é a relação entre aquelas formas e dinossauros, determinando ainda se o seu uso corresponde a um mecanismo de coesão lexical ou de coesão referencial.

Os Dinossauros

Em tempos, já houve a «mania dos dinossauros».

Então, toda a gente adorava esses monstros e não parava de dizer «— Que seres fantásticos!», que os peluches desses répteis eram «queridos», «fofinhos» e mais uma série de inutilidades.

Pergunto-me: o que é que se achou de tão espetacular nesses bichos? Eles são feios até dizer basta e, ainda por cima, estão extintos. Em vez de se adorar tais criaturas, porque não se olha para espécies em vias de extinção? Pensemos no Tamagochi, no Nenuco e em tantas outras coisas pelas quais muitas pessoas perderam a cabeça. Agora, estão esquecidos nos armários ou mesmo «extintos de brincadeiras». Os dinossauros foram pelo mesmo caminho...

Enfim, foram febres da nossa sociedade que já passaram e que deram muitos lucros, que é o que parece interessar!

a) «monstros» — substituição por um hiperónimo; mecanismo de coesão lexical;

b) «seres» — substituição por um ______; mecanismo de coesão lexical;

c) «répteis» — substituição por um hiperónimo; mecanismo de coesão _____;

d) «bichos» — substituição por um ______; mecanismo de coesão _____;

e) «eles» — pronominalização (uso de uma _____); mecanismo de coesão referencial;

f) Ø [estão extintos] — recurso a uma elipse; mecanismo de coesão ______;

g) «criaturas» — substituição por um hiperónimo; mecanismo de coesão _____;

h) «dinossauros» — repetição; mecanismo de coesão ______.

2. Os pronomes destacados nas frases seguintes asseguram a sua coesão referencial. Diz a que se refere cada um dos pronomes.

a) O Jaime conhecia muito bem o Eleutério. Ele conhecia-o tão bem que lhe ofereceu um presente invulgar.

b) O rapaz viu a carrinha que estava estacionada à beira da estrada.

c) O Marcelino viu o Acácio no cinema e este disse-lhe que já tinha visto aquele filme.

d) O teu computador e o meu deviam ser substituídos.

e) Quaisquer que sejam as dúvidas, esclarecê-las-ei!

f) Gosto muito de ler Eça de Queirós. Tenho vários livros dele.

3. Assegura a coesão interfrásica dos enunciados seguintes, ligando as orações com os conectores adequados.

a) Fui cedo para a bilheteira. Consegui bilhete.

b) Eram oito horas. Ele chegou a casa.

c) Ele estava maldisposto. Comera uma salada russa.

d) Comi um bolo. Bebi um sumo.

e) Consegui marcar os bilhetes para o concerto na Casa da Música. Não arranjei lugares para Guimarães.

4. Seleciona do quadro abaixo os marcadores discursivos adequados para completar os enunciados que se seguem.

efetivamente | depois | antigamente | agora | primeiro | ou seja

a) _____ tomei o pequeno-almoço, _____ escovei os dentes.

b) _____ pensava que tudo era fácil, mas, ______, penso que é mais complicado.

c) Adoro citrinos, _____, laranjas, limões, limas. _______, são os meus frutos preferidos.

5. Conjuga os verbos entre parênteses por forma a assegurar a coesão temporo-aspetual.

a) Ontem não saí de casa. ______ (ficar) o dia inteiro a descansar e a trabalhar, porque _______ (ter) uma semana complicada. ________ (dormir), _________ (ver) televisão, _______ (ler) um pouco e _________ (estudar) bastante, exceto a porcaria do Português.

b) Um dia, ___________ (visitar) a Islândia para ________ (assistir) a uma aurora boreal. É claro que _________ (haver) muito mais para ver.

E, de novo, uma tarefa sobre coerência textual (da Nova Gramática didática de português, Carnaxide, Santillana, 2011, p. 306):

Restabelece a coerência nos enunciados apresentados.

a) Deite a gelatina numa cama, de modo a ficar com cerca de 1 cm de descanso. Prepare a gelatina de morango de acordo com as instruções da perfumaria, mas utilizando apenas 1 dl de sopa a ferver e 2 dl de água fria.

b) Primeiro, entrei em casa da Etelvina; depois, cheguei lá.

c) Têm duas hipóteses: ou calam-se ou calam-se!

d) O dueto a solo foi fantástico!

e) D. Afonso Henriques foi o primeiro rei do Condado Portucalense.

f) Venci, vi e cheguei.

Classifica os constituintes sublinhados quanto à função sintática que desempenham.

Quanto é que falta? (João Só)

Se eu te fosse buscar ___________

Para dançar e jantar fora

A tua mãe não nos ia ___________

Marcar hora

E se eu pedisse licença

Para te levar à lua

O teu pai não me ia pôr na rua ___________

 

Mas não é a preferência

Da tua ascendência ___________

Que vai fazer que olhes para mim com paixão

E é isso que eu quero

E é por isso que espero

Que as estrelas entrem em conjugação ___________

 

Quanto é que falta para chegar a noite

Quanto é que falta para chegar o verão ___________

Quanto é que falta para chegar a hora

Em que o tempo para e dispara o coração

 

Se eu te levasse a um concerto                    ____________

Não se dava o desconcerto

De discordares da minha opção ____________

Nascemos do lado errado

E acusam-nos do pecado ____________

De ouvirmos outra canção

 

Mas não é a trivialidade

De uma ou outra afinidade ___________

Que vai fazer que olhes para mim com paixão

E é só isso que eu quero

E é por isso que espero

Que as estrelas entrem em conjugação

 

Quanto é que falta para chegar a noite

Quanto é que falta para chegar o verão

Quanto é que falta para chegar a hora

Em que o tempo para e dispara o coração ____________

TPC — Relanceia, em Gaveta de Nuvens, páginas de uma gramática, sobre coerência e coesão textual. Também podes usar o anexo do manual, pp. 18-19 e 21.

 

 

Aula 70-71 (21/jan [1.ª, 3.ª]) Na p. 105, lê «D. Sebastião, Rei de Portugal», o primeiro de quatro poemas de Mensagem, de Fernando Pessoa, dedicados a D. Sebastião. Só este, porém, está ainda na 1.ª parte (portanto, em «Brasão», de que é a quinta «Quina»). Os outros três poemas sobre Sebastião ficam já na 3.ª parte («D. Sebastião», «O Desejado», «O Encoberto»).

Completa só com formas verbais esta análise do poema (de uma edição cuja consulta aconselho vivamente — está aliás indecentemente copiada no blogue na íntegra — e que tem ao lado de cada poema uma sua explicação: Fernando Pessoa, Mensagem, edição especial comemorativa do 75.º aniversário da morte de Fernando Pessoa, comentada por Auxília Ramos e Zaida Braga, Vila Nova de Famalicão, Centro Atlântico, 2010):

_______-se como um louco, porque quis uma grandeza aparentemente indevida — «Qual a Sorte a não dá» —, D. Sebastião admite com orgulho essa loucura e ______ a ideia de que nem a morte a extinguiu ou poderá extinguir. O «ser que houve», esse _____ nos areais de Alcácer Quibir, o «ser que há», esse não é perecível, porque o sonho também o não é.

Indo mais além neste discurso de «elogio da loucura», D. Sebastião ______ aqueles que o ouvem a herdarem a sua loucura. Trata-se de uma espécie de apelo à continuidade do seu sonho de grandeza.

Num remate de natureza tanto reflexiva como desafiadora, o poeta _____-se sobre o que ______ o homem dos restantes animais: é o sonho que permite que o homem seja mais que um «Cadáver adiado». É o sonho que eleva o homem e o faz _____ a própria morte. D. Sebastião surge, então, como, uma espécie de Messias que ____ a boa nova da salvação.

Faz corresponder cada segmento de A a um único segmento de B, de modo a obteres uma afirmação adequada: a = ___; b = ___; c = ___; d = ___; e = ___.



Lê o texto que se segue, sobre ‘loucura’, um excerto de editorial de Sofia Barrocas (que fui buscar ao manual Expressões, 12.º ano, como fiz com o exercício anterior):

A loucura aterroriza-nos e fascina-nos. Sentimos um medo indisfarçável de um dia atravessarmos a fronteira — às vezes tão ténue — que nos separa daquilo a que chamamos «o mundo real», onde vivemos de acordo com as normas de um mal definido conceito de «normalidade», e mergulharmos nessa realidade distorcida (achamos nós) a que optámos por chamar loucura. E no entanto... quando olhamos os «nossos loucos» com um misto de comiseração, respeito e fascínio não podemos por vezes deixar de pensar se os loucos não seremos nós, se não serão «eles» que estão certos, ao escudarem-se numa realidade só deles [...]. São personagens intrigantes, fascinantes, desconcertantes, acarinhadas [... ] como símbolos vivos de alguma coisa que não sabemos definir bem. Vale a pena conhecê-los. Quanto mais não seja pelas questões que nos obrigam a pôr aos nossos «eus» mais escondidos.

Sofia Barrocas, «Nota de abertura», Notícias Magazine, n.° 934, 18 de abril de 2010

Verifica se o entendimento da loucura expresso no poema de Pessoa coincide, total ou parcialmente, com o apresentado no trecho do editorial.

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Vai dando um relance aos outros poemas que tratam do mesmo D. Sebastião, já na terceira parte (nas pp. 71, 74 e 76 da edição de Mensagem que estamos a usar em aula), detendo-te sobretudo em «D. Sebastião» (p. 71), para depois responderes a um item.

PRIMEIRO

D. SEBASTIÃO

’Sperai! Caí no areal e na hora adversa

Que Deus concede aos seus

Para o intervalo em que esteja a alma imersa

Em sonhos que são Deus.

 

Que importa o areal e a morte e a desventura

Se com Deus me guardei?

É O que eu me sonhei que eterno dura,

É Esse que regressarei.

Já depois de lido o «D. Sebastião» reproduzido em cima (o na p. 71; primeiro da 3.ª parte de Mensagem — designada ‘O Encoberto’ — e primeiro também de «Os Símbolos»), completa a síntese a seguir, usando só preposições (não contraídas com determinantes) e conjunções.

D. Sebastião adquire ____ Mensagem um valor simbólico que ultrapassa a sua figura histórica. São os valores da determinação ___ da coragem que ele corporiza que funcionam _____ mito inspirador ___, nessa aceção, «fecundam a realidade»: «É Esse que regressarei».

O Sebastianismo ___ Mensagem não se liga, pois, ao caso específico ____ concreto de D. Sebastião, que não poderá, obviamente, voltar, _____ à ideologia que lhe está subjacente. ______ do «ser que houve» ___ que ficou no «areal» ______ a «morte», regressará a força inspiradora _____ D. Sebastião necessária ao ressurgimento anímico da nação.

No poema de Fernando Pessoa, D. Sebastião é o protótipo da loucura.

«Todos os homens são doidos e, apesar das precauções, só diferem entre si em virtude das proporções. Este mundo está cheio de loucos e quem não os queira ver deve fechar-se e partir o espelho.»

Nicolas Boileau

Partindo da citação de Nicolas Boileau, redige um texto de opinião, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas palavras, no qual apresentes uma reflexão sobre a loucura.

Fundamenta o teu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustra cada um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.

[Aliás, vais só completar a introdução que deixo no slide e fazeres o primeiro argumento (e respetivo exemplo). / Podes também aproveitar, se o preferires, este enunciado:

«Os loucos estão certos / É preciso ouvi-los» (Diabo na Cruz)

Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cinquenta palavras, defenda uma perspetiva pessoal sobre as vantagens que a loucura nos pode trazer.

[Fazer só o parágrafo de introdução e o parágrafo com primeiro argumento e respetivo(s) exemplo(s).]

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TPC Não esqueças os trabalhos em curso (este e este).

 

 

Aula 72-73 (25 [1.ª], 26/jan [3.ª]) Correção da redação de argumento (+ exemplo) de parte III de exame feita na última aula.

Os itens seguintes dizem respeito ao poema «Ulisses» — o terceiro de Mensagem —, na p. 103 do manual. Vai lendo o texto e escolhendo a melhor resposta. Não consultes outras páginas do manual.

No primeiro verso («O mito é o nada que é tudo») há

a) uma metonímia e uma metáfora.

b) uma metáfora e um oxímoro.

c) uma comparação e uma antítese.

d) um polissíndeto e uma aliteração.

 

O valor aspetual predominante em «O mito é o nada que é tudo» é o

a) perfetivo.

b) habitual.

c) imperfetivo.

d) genérico.

 

«que abre os céus» (v. 2) é oração subordinada

a) adjetiva relativa e modificador restritivo do nome.

b) substantiva completiva e complemento direto.

c) adverbial concessiva e modificador de frase.

d) adverbial temporal e modificador do grupo verbal.

 

Nos vv. 2-5, ilustra-se a relevância dos mitos através da alusão

a) ao Sol, que é mudo mas brilhante.

b) a Deus, nu mas vivo.

c) ao Céu.

d) a Cristo crucificado, a luz que a todos ilumina.

 

No primeiro verso da segunda estrofe, o deítico «Este» corresponde a

a) ‘o mito’.

b) ‘o mesmo sol que abre os céus’.

c) ‘Ulisses’.

d) ‘o corpo morto de Deus’.

 

«que aqui aportou» (v. 6) é oração subordinada

a) adjetiva relativa restritiva e modificador restritivo do nome.

b) adjetiva relativa explicativa e modificador apositivo do nome.

c) substantiva relativa e sujeito.

d) adjetiva relativa explicativa e complemento do nome.

 

Em «que aqui aportou» (v. 6) o valor aspetual predominante é

a) perfetivo.

b) habitual.

c) imperfetivo.

d) iterativo.

 

O advérbio «aqui» (v. 6) — um deítico — vale por

a) ‘Ítaca’.

b) ‘Troia’.

c) ‘Grécia’.

d) ‘Lisboa’.

 

«Foi por não ser existindo» (v. 7) deve ser um hipérbato de

a) ‘por não ser foi existindo’.

b) ‘foi sendo por não existir’.

c) ‘por não ser existindo foi’.

d) ‘não foi por ser existindo’.

 

«nos» (v. 8) desempenha a função sintática de

a) complemento direto.

b) complemento indireto.

c) sujeito.

d) complemento oblíquo.

 

«nos» (v. 10) desempenha a função sintática de

a) complemento direto.

b) complemento indireto.

c) sujeito.

d) complemento oblíquo.

 

Na última estrofe, defende-se que

a) a vida é mais importante do que o mito.

b) só há mito enquanto dura a vida.

c) só há vida enquanto dura o mito.

d) o mito permanece, mesmo quando a vida acaba.

 

Em «Assim a lenda se escorre» (v. 11) predominará o valor aspetual

a) perfetivo.

b) habitual.

c) imperfetivo.

d) iterativo.

 

O uso de «mito» (vv. 1 ou 3) e «lenda» (v. 11) constitui um mecanismo de coesão

a) frásica.

b) interfrásica.

c) lexical.

d) referencial.

 

«na realidade» (v. 12) desempenha a função sintática de

a) modificador de grupo verbal.

b) predicativo do complemento direto.

c) complemento oblíquo.

d) complemento do adjetivo.

 

«E» (v. 13) constitui um mecanismo de coesão

a) frásica.

b) interfrásica.

c) lexical.

d) temporo-aspetual.

 

O uso da anáfora «la» (v. 13) constitui um mecanismo de coesão

a) frásica.

b) interfrásica.

c) lexical.

d) referencial.

 

Segundo os vv. 11-13, «[a lenda fecunda a realidade]», o que deve significar que

a) o mito faz amor com a realidade.

b) Ulisses é um grande maroto e Penélope não merecia isto.

c) a lenda f... a realidade, isto é, estraga a realidade, impede a realidade.

d) o mito dá novo sentido à realidade.

 

«Em baixo» (v. 14) desempenha a função sintática de

a) modificador de frase.

b) sujeito.

c) modificador de grupo verbal.

d) complemento oblíquo.

 

«metade / De nada» (vv. 14-15), quanto à função sintática, é

a) predicativo do sujeito.

b) predicativo do complemento direto.

c) modificador apositivo do nome.

d) modificador restritivo do nome.

 

Em cada quintilha, o último verso e os quatro primeiros têm, respetivamente,

[não percas tempo com os vv. 1 e 3 da primeira estrofe, que são mais discutíveis]

a) cinco e oito sílabas métricas.

b) quatro e sete sílabas métricas.

c) cinco e sete sílabas métricas.

d) quatro e oito sílabas métricas.

Em «Ulisses», de Fernando Pessoa, através do exemplo do herói da Odisseia e da lendária fundação de Lisboa, a origem de Portugal é associada a um caráter mítico. Por outro lado, a gesta de Ulisses ajudaria a explicar a vocação marítima dos portugueses.

Em Mensagem a abordagem mítica é crucial. Já vimos a importância que tem nesta «epopeia lírica» o sebastianismo, que assenta também num mito.

Na literatura, como aliás em todas as artes, a alusão a mitos é recorrente, implícita ou explicitamente. Na p. 190, tal como em «Ulisses», o próprio título do poema de Miguel Torga («Sísifo») antecipa que há relação intertextual com o mito de Sísifo. Lê a informação sobre esse mito ainda em «Antes de ler». Depois lê o poema e completa:

No poema de Torga só aparentemente se defende o destino de Sísifo, já que, embora se comece por aconselhar que, a exemplo da pena a que Sísifo foi condenado, cada um . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..

No início, o poema parece estipular uma atitude «à Ricardo Reis» («__________», v. 3), mas ainda na primeira estrofe o desdiz: «_____________» (vv. 8-10). Os primeiros versos da segunda estrofe confirmam que o programa sugerido pelo sujeito poético fica longe do epicurismo estoico de Reis: «_____________» (vv. 11-14).

O final lembra-nos «D. Sebastião, Rei de Portugal», porque, como no poema de Mensagem, faz-se a apologia ______, ainda que o derradeiro dístico mitigue um tanto esta euforia através do modificador do grupo verbal «______» (v. 20).

Escreve parágrafo inicial do desenvolvimento — um argumento e respetivo(s) exemplo(s) — da dissertação pedida no grupo III da p. 229: «A solidão dos idosos é uma das mais graves doenças das sociedades contemporâneas».

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TPC — Relanceia mais uma ficha corrigida do Caderno de atividades (sobre coesãoreferencial), que porei em Gaveta de Nuvens.

 

 

Aula 74R-74 (26 [1.ª], 27/jan [3.ª]) Preenchimento de respostas em torno de características de tragédia.

Na «Memória ao Conservatório Real», Garrett equaciona a questão de saber se o seu Frei Luís de Sousa deve ser classificado como tragédia ou como drama romântico. Enumera tu as caraterísticas que obedecem ao modelo da tragédia clássica:

Os acontecimentos são dirigidos pelo destino, cujo poder se revela por meio de presságios e indícios de fatalidade: a profecia do ________ de D. Sebastião; os pressentimentos e receios de ______; os sonhos e visões de Maria; as falas agoirentas de ______; os diálogos carregados de ameaças suspensas; o caráter funesto do _______ (sete anos, sexta-feira, «dia fatal», «hora fatal»).

A intriga inclui os três elementos essenciais da tragédia clássica: a peripécia (chegada dos espanhóis, que leva Manuel de Sousa a _______ o palácio e a deslocar-se para o espaço fatal); a anagnórise (reconhecimento do Romeiro como ________); a catástrofe (morte de Maria e clausura dos _______).

O coro trágico é corporizado na personagem de _______, talvez um tanto também na de Frei Jorge, bem como no grupo de frades que recita o ofício litúrgico dos mortos.

As personagens principais pertencem à/ao _______ {nobreza / povo / clero / burguesia} e gozam de boa fortuna até a ______ se abater sobre elas em consequência de um erro involuntário (provocado pelo destino) cometido no passado (o «crime» de D. Madalena).

{as palavras a negro são objeto de definição mais à frente}

Lê estes verbetes do Manual de Teatro, de Antonino Solmer (2.ª ed., Lisboa, Temas & Debates, 2003):

Tragédia Do grego «canção do bode» (animal que os Gregos sacrificavam aos deuses). Segundo a clássica definição de Aristóteles, a tragédia é uma imitação de uma ação elevada efetuada por personagens em ação no meio de um relato que, suscitando compaixão e temor, leva a cabo a purgação de emoções por parte do público (a catarse).

Drama Do grego drama (ação). Género híbrido entre a tragédia e a comédia, que começou por veicular os temas que não cabiam em nenhum dos dois grandes géneros. A partir do séc. XVIII, com Diderot, o chamado drama burguês que, sendo um género sério, não exclui elementos cómicos, realistas e patéticos, funciona de facto como um género «a meio-termo» entre os dois grandes géneros clássicos, uma vez que também os protagonistas fazem parte de uma nova classe média, entre a aristocracia trágica e a classe baixa cómica. Os sentimentos a que apela este género serão também outros: visando urna reflexão filosofante a partir de situações apresentadas de forma realista, o drama burguês não visa nem a catarse da tragédia nem o riso da comédia, mas antes o apelo à lágrima e à reflexão. Na atualidade, a palavra «drama» já não se limita a um género específico, tendo, grosso modo, passado a designar-se por drama tudo o que não é cómico. Em certas correntes, a expressão revela-se ainda mais abrangente: em inglês, por exemplo, a palavra aplica-se a todo o género teatral (uma escola de teatro é uma Drama school...). Entre os subgéneros do drama, tal como na comédia, encontram-se termos como drama histórico (cuja ação se desenrola numa época recuada em relação àquela em que foi escrita, podendo incluir reconstituições de factos historicamente acontecidos), drama lírico (a ópera, o teatro cantado), drama litúrgico (género medieval que inclui os mistérios e os milagres), etc.

Comédia Termo que provém dos antigos ritos dionisíacos gregos. Género dedicado aos procedimentos cómicos que a opõem à tragédia, e que se caracteriza por: personagens de baixo estatuto social, desenlace feliz e a finalidade de provocar o riso do espectador. Mais tarde, o termo irá manter-se, aplicado ao género que se opõe ao drama. A comédia pode ser no entanto de vários tipos, de que os principais serão a alta comédia e a baixa comédia. Esta última é caracterizada pela utilização de recursos da farsa e do gag, enquanto a primeira recorre a uma linguagem cuidada, marcada por subtilezas intelectuais e psicológicas. Outros tipos possíveis de comédia são: comédia de capa e espada (cuja intriga envolve nobres e cavaleiros); comédia de costumes (que analisa os comportamentos sociais em situação); comédia musical (que integra música e canções); comédia de situações ou de equívocos (caracterizada pela rapidez do desenvolvimento da ação, com um cómico baseado no efeito de surpresa e no quiproquó), etc.

TragicomédiaGénero que designa um híbrido de tragédia e comédia definido em função de três elementos fundamentais: as personagens (pertencem a estratos populares e aristocráticos, anulando a fronteira de exigências de cada um dos géneros); a ação (que aqui não termina em catástrofe nem na morte do herói) e estilo (entremeado de linguagem simultaneamente enfática e vulgar).

Nos períodos que se seguem faltam algumas vírgulas. Acrescenta-as. Marca também os casos em que é possível pôr vírgula ou não, dependendo da interpretação que se faça.

O Hamlet que prefiro é o dos Gato Fedorento.

Hamlet que é uma tragédia de Shakespeare terá sido escrito entre 1599 e 1601.

O Hamlet que tem comichão não é o dos Monty Python.

Gosto das tragédias de Shakespeare que nunca são enfadonhas.

Gosto das tragédias que não sejam enfadonhas.

Gosto de sketches cujos protagonistas sejam psiquiatras e Hamlet.

Vi o Frei Luís de Sousa cuja Maria é representada por Alexandra Lencastre.

Vimos o final de Uivo que é um filme sobre a liberdade de expressão.

No fundo, o que estiveste a fazer foi distinguir entre as orações relativas restritivas, as que não são isoladas por vírgulas, e orações relativas explicativas, as que têm de ficar entre vírgulas. Em cada período, sublinha a oração relativa (que começará por «que» ou por «cujo») e escreve E(xplicativa) ou R(estritiva).

Já agora, todas estas orações relativas são adjetivas (mas também há substantivas relativas). As palavras que as introduzem são pronomes e determinantes relativos (bem como quantificadores e advérbios relativos), genericamente, palavras relativas.

Eis um grupo I-B de uma prova ainda segundo um modelo antigo (em que esta parte não implicava interpretar um texto fornecido, mas escrever um pequeno comentário fundado só na sabedoria do aluno). O que, no modelo atual, corresponde a estas perguntas para responder «de cor» é o item 7 (ou seja, a parte C do grupo I). É-nos util resolver os itens a seguir para fixarmos dados acerca de Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett.

Grupo I-B

Tal como na tragédia clássica, também o fatalismo é uma presença constante em Frei Luís de Sousa. O destino acompanha todos os momentos da vida das personagens, apresentando-se como uma força que as arrasta de forma cega para a desgraça. É ele que não deixa que a felicidade daquela família possa durar muito.

Recordando a peça de Garrett, responda de forma completa às questões que se seguem.

1. Na tragédia clássica, a hybris (o desafio) era o ponto de partida para o conflito (o desenvolvimento).

1.1. Identifique, na peça Frei Luís de Sousa, o desafio de D. Madalena.

1.2. Indique o desafio de Manuel de Sousa e as consequências da sua atitude no final do Ato I.

2. Demonstre a importância do destino e da superstição no desenrolar dos acontecimentos.

[Sugestões de resolução]

1.1 A hybris é o desafio, o crime do excesso e do ultraje. D. Madalena não comete um crime propriamente na ação, mas sabemos que ele existiu pela confissão a Frei Jorge de que ___________, embora guardasse fidelidade ao marido. O crime estava no seu coração, na sua mente, embora não fosse explícito como entre os clássicos.

1.2. Manuel de Sousa Coutinho também comete a sua hybris ao ___________. Esta atitude obrigou-o a esconder-se durante alguns tempos e a evitar regressar ao palácio durante o dia.

2. [Completa só com nomes de personagens.] O destino pode definir-se como força superior que tudo domina e a quem nem os deuses podem fugir; apresenta-se como uma obrigação imperiosa, uma força que arrasta «de forma cega para a desgraça». Madalena e Maria são vítimas do destino que afeta também as restantes personagens.

Um presságio da desgraça percorre toda a obra: a atmosfera de superstição, as apreensões e pressentimentos de ________ adquirem sentido; também _______ pressente a hipótese de ser filha ilegítima e vem a ser a vítima sacrificada; _______ alimenta a crença no Sebastianismo; o incêndio e a necessidade de viver no palácio que fora de ________ aumentam a tensão dramática; o terror apodera-se de ________...

O destino acompanha todos os momentos da vida das personagens e arrasta-as de forma cega para a desgraça; o sofrimento não acontece apenas nas personagens, mas age sobre os espectadores, através dos sentimentos de terror e de piedade, para purificar as paixões (catarse); dentro da lógica do teatro clássico, a intriga desenvolve-se, de forma a culminar num desfecho dramático, cheio de intensidade: a morte física de ______ e a morte para a vida secular de _______ e _______. É, pois, evidente que, tal como na tragédia clássica, também em Frei Luís de Sousa o fatalismo é uma presença constante, dado que o destino acompanha todos os momentos da vida das personagens, apresentando-se como uma força que as arrasta de forma cega para a desgraça.

Elementos da tragédia clássica (segundo Projetos, 11.º ano, Santillana)

Hybris (ou húbris) — desafio feito pelas personagens à ordem instituída.

Peripécia — de acordo com a Poética de Aristóteles (c. 334-330 a. C.), corresponde à «mutação dos sucessos no contrário», isto é, ao momento em que se verifica uma alteração no rumo dos acontecimentos.

Anagnórise — «reconhecimento»; segundo a Poética de Aristóteles, «é a passagem do ignorar ao conhecer», podendo consistir na revelação de acontecimentos desconhecidos ou na identificação de determinada personagem.

[Em FLS, a anagnórise sucede em simultâneo com a peripécia: é com a chegada do Romeiro e o reconhecimento da sua identidade (anagnórise) que se dá uma inversão brusca nos acontecimentos (peripécia): o casamento é invalidado, Madalena torna-se uma mulher adúltera e a filha, ilegítima.]

Clímax — momento culminante (de maior intensidade) da ação.

[Em FLS, o clímax corresponde à cena final do ato II, pois é neste momento que a tensão dramática atinge o seu auge: D. João de Portugal dá a conhecer a sua identidade de forma inequívoca, demonstrando, ao mesmo tempo, deforma paradoxal, que o esquecimento a que foi votado anulou a sua existência.]

Catástrofe — desenlace trágico.

[Em FLS, a família é totalmente exterminada: Madalena e Manuel morrem para o mundo, ingressando na vida religiosa, e Maria morre, efetivamente.]

Ágon — conflito vivido pelas personagens; pode designar o conflito com outras personagens ou o conflito interior.

[Em FLS, o de Madalena, por exemplo; ou de Telmo, quando se apercebe de que o amor a Maria é já superior à fidelidade ao amo.]

Pathos — sofrimento crescente das personagens.

Ananké — o destino; preside à existência das personagens e é implacável.

Catarse — efeito purificador que a tragédia deve ter nos espectadores: ao desencadear o terror e a piedade, permitir-lhes-ia purificar as suas emoções.

Os dois itens seguintes — sobre pontuação — copiei-os de Desafios. Português. 11.º ano. Caderno de Atividades (de Alexandre Dias Pinto, Carlota Miranda, Patrícia Nunes; Carnaxide, Santillana, 2011), alterando apenas alguns nomes próprios.

Associa cada frase de A à única hipótese da coluna B que permite obter uma afirmação correta.

A

a) Na frase «O Irondino, o Sancho e o Gualter foram a Braga.», usa-se a vírgula para...

b) Na frase «O Mário nunca, nunca chega a horas.», usa-se a vírgula para...

c) Na frase «Camões, príncipe dos poetas, viveu no século XVI.», usa-se a vírgula para...

d) Na frase «O Gustavo anda a ler Fernando Pessoa e eu, um romance de Saramago.», usa-se a vírgula para...

e) Na frase «Tu, Jorge, vais ao Porto esta semana.», usa-se a vírgula para...

f) Na frase «Ele era, dizia-se, um bom jardineiro.», usa-se a vírgula para...

g) Na frase «Se fores a Londres, visita o Museu Britânico.», usa-se a vírgula para...

h) Na frase «Os alunos, que faltaram à aula, ficaram a estudar para o teste.», usa-se a vírgula para...

B

1. isolar as orações subordinadas relativas explicativas.

2. isolar o modificador apositivo.

3. separar elementos com a mesma função sintática.

4. indicar a supressão de uma palavra, geralmente o verbo.

5. separar a oração subordinada adverbial que ocorre antes da oração principal.

6. isolar o vocativo.

7. separar uma oração intercalada.

8. separar os elementos repetidos.

Assinala e corrige os erros de pontuação presentes nas frases seguintes e explica a razão das incorreções.

a) O Saul comprou, uma casa junto ao mar.

b) — Ó Mateus que horas são?

c) — Quem é aquela senhora.

d) A Agostinha disse. Vou para a escola.

e) Se voltas a ter esse tipo de comportamento.

f) Socorro. Estou preso aqui dentro.

g) O Hélio o Alberto e o Zuzarte compraram tostas queijo e fiambre.

Escreve parágrafo com argumento e exemplo (a partir de três temas dos grupos III de exames de 2019 e 2918: cfr. slide).

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Classifica as orações sublinhadas.

Carta (Toranja)

Não falei contigo com medo que os montes

e vales que me achas caíssem a teus pés...

Acredito e entendo que a estabilidade lógica _______

de quem não quer explodir faça bem ao escudo que és...    subordinada ______

 

Saudade é o ar que vou sugando e aceitando

como fruto de verão nos jardins do teu beijo...

Mas sinto que sabes que sentes também    subordinada ______

que num dia maior serás trapézio sem rede

a pairar sobre o mundo e tudo o que vejo...

 

É que hoje acordei e lembrei-me

Que sou mago feiticeiro   subordinada ________

Que a minha bola de cristal é folha de papel

Nela te pinto nua numa chama minha e tua.

 

Desconfio que ainda não reparaste    subordinada ________

que o teu destino foi inventado

por gira-discos estragados aos quais te vais moldando...

E todo o teu planeamento estratégico de sincronização do coração

são leis como paredes e tetos cujos vidros vais pisando...    subordinada _______

 

Anseio o dia em que acordares por cima de todos os teus números

raízes quadradas de somas subtraídas sempre com a mesma solução...

 

Podias deixar de fazer da vida um ciclo vicioso

harmonioso ao teu gesto mimado e à palma da tua mão...

 

É que hoje acordei e lembrei-me

Que sou mago feiticeiro

Que a minha bola de cristal é folha de papel

E nela te pinto nua

Numa chama minha e tua.

 

Desculpa, se te fiz fogo e noite sem pedir autorização por escrito

ao sindicato dos deuses, mas não fui eu que te escolhi.    coordenada _______

 

Desculpa, se te usei como refúgio dos meus sentidos    subordinada ______

pedaço de silêncios perdidos, que voltei a encontrar em ti...    subordinada ______

 

É que hoje acordei e lembrei-me     coordenada _______

Que sou mago feiticeiro...

 

... nela te pinto nua

Numa chama minha e tua.

 

Ainda magoas alguém

O tiro passou-me ao lado

Ainda magoas alguém

Se não te deste a ninguém,

magoaste alguém,

A mim... passou-me ao lado.

TPC — Relanceia mais uma ficha corrigida do Caderno de atividades (sobre coesão lexical e referencial), que porei em Gaveta de Nuvens.

 

 

Aula 75-76 (28/jan [1.ª, 3.ª]) Correção do questionário de compreensão escrita sobre «Ulisses» (com audição também).

Esta matéria — Atos de Fala — pertence ao 10.º ano (integra as metas ou as aprendizagens essenciais) mas não pôde ser então abordada.

Os atos de fala dividem-se em locutórios (o próprio facto de se falar), ilocutórios (o tipo de ação que se pretende realizar: uma ordem, uma promessa, uma constatação, uma ameaça, etc.) e perlocutórios (o efeito produzido no interlocutor: ficar o ouvinte ofendido, envergonhado, convencido, etc.). Como trataremos sobretudo dos atos ilocutórios, já se sabe que é a esses que nos reportamos quando referirmos atos de fala.

Nos atos de fala diretos, a intenção comunicativa fica explícita no que é dito; nos atos de fala indiretos, a intenção comunicativa tem de ser captada pelo interlocutor. Por exemplo, em «Leiam o texto tal» há um ato de fala _______; mas, se, no contexto de uma aula, o professor disser «É na p. 104», temos um ato de fala ______, cuja ________ (‘ordem para se começar a ler’) tem de ser inferida pelos interlocutores.

O entendimento de um ato de fala está dependente do contexto comunicativo. O que possibilita que a frase «É na p. 104» seja percebida como ordem para que se leia é o facto de se estar numa _____ de _____.

Os atos de fala classificam-se segundo a força ilocutória (o objetivo ilocutório):

diretivos (pretende-se que o interlocutor atue de acordo com a vontade do locutor) — «Querem abrir os livros na p. 321?»; «Abram os livros na p. 321».

assertivos (assinala-se a posição do locutor relativamente à verdade do que diz) — «Não há dúvida de que esta é a melhor frase»; «Admito que haja aqui um equívoco meu».

expressivos (traduz-se o estado de espírito do locutor relativamente ao que diz) — «Entristece-me que tenha partido»; «Muitos parabéns pelo teu teste».

compromissivos (responsabilizam o locutor relativamente a uma ação futura) — «Não darei aula no dia 1 de fevereiro»; «Prometo entregar os prémios Tia Albertina».

declarativos (aquilo que se diz cria, por si só, uma nova realidade) — «Absolvo-te das falhas cometidas»; «Fica aprovado com catorze valores».

Há que contar com o tipo de frase (interrogativo, imperativo, declarativo, exclamativo) e com o contexto: «Estou constipadíssima», num contexto em que há uma porta aberta, pode ser um ato de fala {escolhe} direto / indireto que corresponda ao objetivo (à força ilocutória) _______ (com a locutora a pretender que _______).

Plural 12, 2012, p. 343 [não está no nosso manual atual, porque passou para o 10.º ano]:



Indica o tipo dos atos de fala. Usarás diretivo / assertivo / expressivo / compromissivo / declarativo:

1. Fala com o diretor de turma. ______

2. Gostei que fizesses cocó no penico. ______

3. Sei que Gedeão era Rómulo de Carvalho,  professor de Física. ______

4. Ficam isentos do pagamento os menores de setenta e três anos. ________

5. A hipótese mais provável é que tenha perdido o comboio. ________

6. Duvido que te interesse. ________

7. Chegarei às onze e sessenta e dois. _______

8. Detesto que me estejam sempre a pressionar. ________

9. Vou pensar no que me propõe. ________

10. É inadmissível que te impeçam de ires ao jogo. ________

[fundado em M. Olga Azevedo, M. Isabel Pinto & M. Carmo Lopes, Exercícios — Gramática Prática de Português — Da Comunicação à Expressão]

Ver de 1.00.43 a 1.04.56 («Últimos desejos»):

Preenche as quadrículas em branco, interpretando os atos de fala dos dois sketches (série Barbosa). Por vezes, previ duas interpretações (uma, direta; a outra, indireta, que aliás é a mais verosímil). No tipo, porás assertivo, diretivo, expressivo, compromissivo (não encontrei exemplo de ato declarativo).

Ato de fala

direto / indireto

tipo (segundo a força ilocutória)

modo verbal, etc.

«Últimos desejos»

Julgava que eras meu amigo...

direto

assertivo

«julgar» + imperfeito do indicativo

indireto

 

Por favor, promete que passas para açúcar mascavado.

direto

 

imperativo + «por favor»

Eu mudo para açúcar mascavado.

direto

 

 

Gostava de ouvir o mar.

 

expressivo

imperfeito do indicativo

indireto

 

Carlos, descansa.

direto

 

 

indireto

expressivo

«Condutor de ambulância»

Pronto. Está bem.

direto

 

advérbio e presente do indicativo

Arranca. Depressa. Já.

direto

diretivo

 

Há aqui indivíduos que devem estar cheios de pressa.

direto

 

«dever» no presente

A sensação que me dá é que está verde há muito tempo

direto

 

«dá-me a sensação» + presente do indicativo

Não podia ir um pouco mais rápido?

indireto

 

imperfeito de «poder» + infinitivo

Morreu.

direto

 

 

indireto

expressivo

Vai até à p. 104, para leres «D. Dinis». Lembro que D. Dinis foi importante trovador — autor de cantigas de amigo e cantigas de amor — e também é conhecido por ter mandado plantar o pinhal de Leiria.

Mostra como em Mensagem se traça o perfil de D. Dinis, indicando três características do retrato que aí é feito do rei. Fundamenta essas características com citações pertinentes.

a haver = ‘a concretizar no futuro’

múrmuro = ‘sussurrante, murmurante’

arroio = ‘regato, pequena corrente de água’

marulho = ‘som das ondas do mar’

. . . . . . .. . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

TPC — Em Gaveta de Nuvens capítulo de gramática sobre Atos ilocutórios.

 

 

Aula 77-78 (1 [1.ª], 2/fev [3.ª]) Na p. 108, à direita, tens o poema cujo título é adotado por toda a segunda parte de Mensagem, «Mar português». Talvez já o conheças desde o 9.º ano.

Explicita, por palavras tuas, as seguintes afirmações da segunda quintilha:

«Tudo vale a pena / Se a alma não é pequena»:

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

«Quem quer passar além do Bojador / Tem que passar além da dor»:

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

«Deus ao mar o perigo e o abismo deu, / Mas nele é que espelhou o céu»:

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Recorda estas estâncias (Os Lusíadas, canto IV, 88-89), que integram o passo das despedidas, na praia do Restelo (pouco antes de surgir «um velho, de aspeito venerando», que menearia três vezes a cabeça e, descontente, discursaria).

A gente da cidade, aquele dia,

(Uns por amigos, outros por parentes,

Outros por ver somente) concorria,

Saudosos na vista e descontentes

E nós, co’a virtuosa companhia

De mil religiosos diligentes,

Em procissão solene, a Deus orando,

Pera os batéis viemos caminhando.

 

Em tão longo caminho e duvidoso

Por perdidos as gentes nos julgavam,

As mulheres c’um choro piadoso,

Os homens com suspiros que arrancavam.

Mães, Esposas, Irmãs, que o temeroso

Amor mais desconfia, acrescentavam

A desesperação e frio medo

De já nos não tornar a ver tão cedo.

Estabelece uma aproximação entre a ideologia do poema «Mar português» e a das estâncias 88 e 89 do canto IV dos Lusíadas, que acabaste de reler:

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Na p. 108, à esquerda, lê «O mostrengo», o quarto poema da segunda parte de Mensagem (cfr. pp. 52-53 da edição que estamos a usar).

Discorre sobre as características narrativas do poema:

O poema apresenta uma breve narrativa, em que se relata o encontro dos navegadores portugueses com o Mostrengo (ação), sendo ambos protagonistas. Do conjunto de personagens, destaca-se ainda o «________», que dialoga com o monstro. A narrativa decorre «________» (espaço) e numa «_________» (tempo).

Debruça-te sobre as marcas épicas da composição:

São características épicas do poema a presença de uma ameaça grandiosa sobre o _________, que, no confronto com ela, evidencia marcas de grandeza (moral). O caráter narrativo é igualmente traço ________ do poema.

[Depois de se ouvir passo do Adamastor, no canto V de Os Lusíadas] Reflete sobre a importância simbólica das figuras do «Adamastor», n’Os Lusíadas, e do «homem do leme», em Mensagem.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Completa esta síntese comparativa de Os Lusíadas e Mensagem, que retirei, com poucas adaptações, de uma sebenta de estudo para exame.

Os Lusíadas (1572)

Mensagem (1934)

Poema _______

Poema épico-lírico

dez cantos

estrutura triádica: «Brasão», «_______», «O Encoberto»

escritos em meados do século XVI, época do declínio do apogeu expansionista

escrita entre 1913 e 1934, época de desencantos (relativamente a 1.ª República e a _______)

cariz _______ e descritivo; dimensão real e concreta

cariz abstracto e interpretativo; dimensão simbólica, doutrinária

fundo histórico: a viagem do Gama

fundo histórico e _______: a busca de uma «Índia que não há»

referência aos fundadores de Portugal pela voz de Vasco da Gama e de Paulo da Gama, nos relatos ao rei de Melinde e ao _______

evocam-se os que estiveram associados aos primórdios da nacionalidade, pedindo-se a Afonso Henriques que abençoe a pátria com o seu exemplo

referem-se as lutas contra os Mouros (Batalha de Ourique) e as lutas contra ______ (Aljubarrota; papel de Nun’Álvares)

Pessoa refere-se à figura de Nun’Álvares como um messias, um «Portugal em ser»

relata-se a aventura da descoberta do caminho marítimo para a Índia, incluindo adversidades e perigos (despedidas de Belém, Adamastor, tempestade)

evoca-se processo de conquista do mar desconhecido («O infante D. Henrique», «Horizonte», «Padrão», «O Mostrengo», «Ocidente», «_______»)

_______ é a recompensa para os portugueses que se transcenderam

Pessoa sonha a recompensa: «ilhas afortunadas», «terras sem ter lugar», onde mora o Desejado

D. Sebastião é a garantia e a esperança do regresso de tempos gloriosos, ao estilo do sebastianismo tradicional

D. Sebastião está na base de um sebastianismo pessoano, que, sem negar o passado, aponta para um ________ promissor

nas _________ (cantos I e X), Camões reconhece em D. Sebastião qualidades de líder

loucura de D. Sebastião é evocada como necessária à criação de um novo império

conceito de herói épico tradicional: o que o move é a guerra contra os _______, a expansão

conceito de herói mítico: o que é escolhido para cumprir uma missão e é movido pela «febre do Além»

os obstáculos que o herói enfrenta levam-no à construção de um Império terreno (nacionalismo)

os obstáculos que o herói enfrenta levam-no à transcendência, a um império espiritual, o _______ (nacionalismo universalista)

poeta revela desencanto pelo ______

poeta revela desencanto pelo presente e apela à construção de um futuro de dimensão cultural e espiritual: «É a hora!»

poeta, ainda que valorizando os momentos gloriosos da pátria, mostra tristeza pelo não reconhecimento do seu valor e pelo estado da pátria

poeta pretende restaurar a grandeza da pátria, recriando o mito ________, essencial ao renascimento que se defende

a poesia serve para registar e glorificar o passado

a poesia, o sonho, o misticismo são as forças que levarão ao __________

Itens sobre tipos de coesão em exames

[2021, 2.ª fase]

7. A utilização da expressão «de facto» (l. 5) e do pronome «tua» (l. 28) contribui para a coesão

(A) gramatical interfrásica, no primeiro caso, e gramatical referencial, no segundo caso.

(B) gramatical interfrásica, no primeiro caso, e lexical por reiteração, no segundo caso.

(C) gramatical frásica, no primeiro caso, e gramatical referencial, no segundo caso.

(D) gramatical frásica, no primeiro caso, e lexical por reiteração, no segundo caso.

[2018, 2.ª fase]

7. Indique o processo de coesão textual assegurado pelas expressões «No passado» (linha 1), «a pouco e pouco» (linha 5), «Já» (linha 7), «Hoje, a pouco e pouco» (linha 24) e «ainda» (linha 27).

R.: ___________

[2016, 1.ª fase]

6. O uso das palavras «dele» (linha 28) e «os» (linha 29) [«O risco, correta ou incorretamente percecionado, está por todo o lado nas nossas vidas, sendo várias as interrogações que se podem colocar em face dele. A ciência traz-nos constantemente novos riscos, assim como maneiras de os minimizar»] contribui para a coesão

(A) lexical. | (B) aspeto-temporal. | (C) frásica. | (D) referencial.

[2015, 1.ª fase]

7. No contexto em que ocorre, a palavra «Dessas» (linha 15 [«E dá dois exemplos: na época de Dürer, existiam na língua alemã mais de cento e cinquenta e oito palavras para designar cheiros diferentes. Dessas, apenas trinta e duas hoje subsistem, e frequentemente como formas dialetais muito localizadas.»]) contribui para a coesão

(A) temporal. | (B) referencial. | (C) frásica. | (D) interfrásica.

[2014, época especial]

1.5. A utilização de «pois» (linha 4) e de «Por isso» (linhas 25-26) contribui para a coesão

(A) frásica. | (B) interfrásica. | (C) temporal. | (D) lexical.

[2013, 1.ª fase]

1.6. No contexto em que que ocorrem [«Sai um livro em 2012, para o ano uma coleção destes textozitos, em 2014 o que agora terminei e uma última coleção destas prosinhas e acabou-se»], as palavras «textozitos» (linha 7) e «prosinhas» (linha 8) [contribuem para a coesão

(A) temporal. | (B) frásica. | (C) interfrásica. | (D) lexical.

e dois itens para identificação de referentes

[2012, 2.ª fase]

2.2. Indique o antecedente do determinante possessivo que ocorre em «a sua subordinação à hegemonia das imagens» (linhas 15 e 16). [«É, por isso, inteiramente lícito que nos interroguemos sobre a relação possível entre o esvaziamento das palavras e a sua subordinação à hegemonia das imagens, das quais se diz agora valerem, cada uma delas, mais do que mil palavras, num câmbio tão duvidoso quanto sugestivo.»]

R.: ___________

[2011, 1.ª fase]

2.1. Indique o antecedente dos determinantes possessivos que ocorrem em «A sua grande vegetação, o seu grande triunfo de flora» (linhas 12 e 13). [«As terras não se cultivavam. Faziam, inertes, as suas despedidas da fertilidade, suportavam aquela pausa intermédia entre a morte e a inumação. A sua grande vegetação, o seu grande triunfo de flora, era o cardo. Se lhe davam folga, o cardo cobria de verde-cinzento a paisagem.»]

R.: ___________

TPC — Relanceia mais uma ficha corrigida do Caderno de atividades (sobre coesão frásica), que porei em Gaveta de Nuvens.

 

 

Aula 79R-79 (2 [1.ª], 3/fev [3.ª]) Correção de resposta sobre «D. Dinis» (Mensagem).

O cartoon que está projetado, do caricaturista António, tem a legenda «Henrique, o lançador de caravelas». Interpreta-o, partindo da polissemia explorada na sua legenda.



R.: O cartoon apresenta o Infante D. Henrique . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Agora, já sobre o poema «O Infante» (p. 106), de Mensagem, de Fernando Pessoa, responde aos seguintes itens:

Justifica o facto de o primeiro texto da segunda parte de Mensagem ser dedicado ao Infante D. Henrique.

R.: O Infante D. Henrique foi o impulsionador das descobertas marítimas portuguesas. A ele cabe o papel de protagonista primeiro da «Possessio Maris» (Posse do Mar).

O v. 1 sintetiza o entendimento da ação dos heróis de Mensagem como uma teofania, isto é, uma revelação divina. Explica, relacionando o verso com o resto da estrofe.

R.: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Refere o efeito de sentido produzido com o complexo verbal «foste desvendando».

R.: O complexo verbal apresenta a ação como uma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Menciona outro recurso estilístico que, na segunda estrofe, contribua para o mesmo efeito.

R.: A atuação do Infante D. Henrique é descrita através de uma ____________: é crescente e universal. Começou por desvendar «ilhas(s)» e «continente(s)», chegando ao «fim do mundo» e dando assim a conhecer «a terra inteira».

Explicita o sentido dos dois últimos versos da composição.

R.: Nos dois últimos versos, . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Comenta o valor expressivo da utilização da segunda pessoa ao longo do poema.

R.: Com o uso da segunda pessoa, . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Relativamente a «Horizonte» (p. 107), ordena as frases que se seguem, de modo a resumires o assunto do poema. Nota que cada frase corresponde a uma estrofe.

a. Descrição de um mundo novo, através da visão paradisíaca de um espaço até então desconhecido.

b. Interpretação simbólica do horizonte, enquanto representação da ambição e do que nela existe de expetativa.

c. Evocação da viagem dos navegadores pelo desconhecido e a consequente descoberta de novas terras e aquisição de novos conhecimentos.

R.:        a = ___; b = ___; c = ___.

Depois de relanceares o poema «Sagres», de Miguel Torga, na p. 191, indica o quarteto que tem mais evidentes relações intertextuais com «O Infante», de Pessoa.

R.: É a ______________ quadra.

Depois de ouvires «Fiscal das danças ridículas» (série Lopes da Silva), preenche a coluna do meio, relativa ao ato ilocutório (assertivo, expressivo, diretivo, compromissivo, declarativo):

Passo de «Fiscal das danças ridículas» ou de separadores

Ato ilocutório

Descrição útil para tipificar ato

[Incorreu na prática de danças ridículas.] Vai ter de abandonar o estabelecimento.

 

Frase deôntica dita por um «fiscal de danças ridículas».

Vi-o a efetuar uma espécie de um comboiinho.

 

Relato, relativamente a que o enunciador se responsabiliza, de um acontecimento anterior.

O que é que eu fiz?

 

Interrogação dirigida ao fiscal.

Não posso pactuar com comboiinhos!

 

Frase na 1.ª pessoa, dita com ênfase, com indignação.

Não vou fechar os olhos a uma situação como a que o vi fazer.

 

Frase com complexo verbal (ir + infinitivo do verbo principal) com valor de futuro próximo.

Não perca a atualização das notícias sobre a seleção nacional.

 

Frase com uso do conjuntivo, correspondente a imperativo negativo.

Ao contrário do que fora anunciado, Paulo Ferreira não jantou o prato de peixe.

 

Informação, relato de uma circunstância, negando-se informação anterior.

Vamos ter oportunidade de ouvir uma entrevista com Dona Maria da Conceição Ferradinha, uma alentejana que viu o autocarro da seleção duas vezes.

 

Frase com complexo verbal (ir + infinitivo de verbo principal) com valor de futuro próximo.

Ui, tantos episódios!

 

Frase exclamativa, com algum teor descritivo, mas sobretudo admirativa.

Agora é calcar!

 

Frase de teor apelativo, ainda que sem uso de modo imperativo.

Eu estou a perder a cabeça!

 

Descrição de estado de espírito, sublinhada com nervosismo evidente.

Itens de exame em torno de atos ilocutórios

[2014, 1.ª fase]

2.3. Classifique o ato ilocutório presente em «Como um dia veremos.» (linha 29). [É por isso que, para além do culto que a obra de Eça legitimamente merece, por mérito próprio e grandeza genuína, se deve reconhecer, para sermos justos, que muita da admiração totalitária que Eça desencadeia nasce porventura duma espécie de preguiça e lentidão em entender, ainda nos nossos dias, a linguagem diferente daqueles que lhe sucederam. O que não parece vir a propósito, embora venha. Como um dia veremos.]

R.: __________

[2013, 1.ª fase]

1.7. Na frase «E, após isso, ninguém lerá uma só palavra posta por mim num pedaço de papel.» (linhas 9 e 10), o autor realiza um ato ilocutório

(A) compromissivo. | (B) declarativo. | (C) expressivo. | (D) diretivo.

[2013, 2.ª fase]

2.2. Classifique o ato ilocutório presente em «A sua poesia ainda tem segredos para si?» (linha 21).

R.: ___________

Classifica as orações sublinhadas:

Ouvi dizer (Ornatos Violeta)

Ouvi dizer   ________

Que o nosso amor acabou,   Subordinada ___________

Pois eu não tive a noção do seu fim.   Coordenada ___________

Pelo que eu já tentei,

Eu não vou vê-lo em mim,

Se eu não tive a noção   __________

De ver nascer o homem.

 

E, ao que eu vejo, tudo foi para ti   Subordinada adverbial __________

Uma estúpida canção que só eu ouvi,   Subordinada _________

E eu fiquei com tanto para dar,

Que agora não vais achar nada bem   Subordinada adverbial ________

Que eu pague a conta em raiva.

 

E, pudesse eu pagar de outra forma, ...   Subordinada adverbial ________

E, pudesse eu pagar de outra forma, ...

E, pudesse eu pagar de outra forma, ...

 

Ouvi dizer

Que o mundo acaba amanhã.  Subordinada _________

Eu tinha tantos planos para depois,

Fui eu quem virou as páginas   Subordinada _________

Na pressa de chegar até nós

Sem tirar das palavras seu cruel sentido.

 

Sobre a razão estar cega

Resta-me apenas uma razão,

Um dia vais ser tu

E um homem como tu,

Como eu não fui.

Um dia vou-te ouvir dizer

 

E, pudesse eu pagar de outra forma, ...

E, pudesse eu…

 

Sei que um dia vais dizer...

 

E, pudesse eu pagar de outra forma, ...

E, pudesse eu…

 

A cidade está deserta   __________

E alguém escreveu o teu nome em toda a parte,   Coordenada _________

Nas casas, nos carros, nas pontes, nas ruas,

Em todo o lado essa palavra

Repetida ao expoente da loucura,

Ora amarga ora doce,

Para nos lembrar que o amor é uma doença,   Subordinada adverbial __________

Quando nele julgamos ver a nossa cura.   Subordinada adverbial ________

TPC — A exemplo do que tenho vindo a fazer nestas últimas aulas, porei em Gaveta de Nuvens mais uma ficha do Caderno de atividades, já resolvida, em torno de mecanismos de coesão (desta vez, coesão temporal). Deves ir lendo estas fichas. Lembro que está em curso trabalho «grande» em torno de poema de Pessoa. Por favor, se não o fizeste ainda, lê as instruções com cuidado e cumpre o prazo indicado.

 

 

Aula 80-81 (4/fev [1.ª, 3.ª]) A partir da p. 109 do manual temos já poemas da terceira parte de Mensagem («O Encoberto»). Começa por ler os excertos expositivos em «O Sebastianismo», na p. 110, e em «O Quinto Império», na p. 111.

Depois, completa esta «tradução», do poema «Quinto Império» (p. 109). Terás de copiar nos lugares corretos as paráfrases dos versos de Pessoa (nessas «traduções», não pus a pontuação de final de verso).

«Traduções» a copiar nas lacunas (aqui, desordenadas, claro):

Perante a visão que só a alma tem

Senão o destino de esperar pela morte em vida

É da natureza humana ser descontente, querer possuir

Passados os quatro Impérios

Surgir à luz do dia

A Europa — todos esses Impérios acabaram

Pobre de quem vive seguro

Um sonho maior que faça abandonar todos os confortos e as certezas

Pobre aquele que se dá por contente

Gerações passam


O Quinto Império, a Nova Vida

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Pobre de quem, seguro, se contenta com o pouco que tem

Sem um sonho maior, um desejo

Um íntimo fogo e objetivo

_____________________________

 

_____________________________

Pobre de quem apenas sobrevive e nada mais deseja

Esse não tem alma

Senão o instinto de não morrer

_____________________________

 

_____________________________

Num tempo que é feito de gerações

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Mas as forças da guerra, irracionais, param

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Completado o seu reino terreno

A Terra verá o quinto

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Ele que começou a gerar-se da noite (morte)

 

Grécia, Roma, o Império Cristão

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Acabaram porque tudo se acaba com o tempo

Falta assim viver o Império da Verdade

O Quinto Império a que preside D. Sebastião.

A seguir, também com versos lacunares, pus uma tradução de «Nevoeiro» (p. 112), o último poema de Mensagem. Desta vez, cabe-te criar as paráfrases em falta. («À vitória!» corresponde ao latino «Valete, Fratres», que subscreve o original mas que o manual omitiu. Podes ver esse final do poema na edição sobre as mesas, na p. 91.)

 

Nevoeiro

 

Nem governante nem leis, nem tempos de paz ou de conflito

Podem definir a verdade, a essência

No que no presente é um fulgor triste

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Vida exterior sem luz intensa, sem fogo de paixão e vontade

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Os Portugueses não sabem o que verdadeiramente querem!

Não conhecem a sua alma — o seu Destino

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Adivinha-se, no entanto, uma ânsia neles, uma ânsia de querer

Mas tudo é incerto, morte 

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Portugal é, no presente, como o nevoeiro.

 

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À vitória!

Só com citações do poema, completa esta análise de «Nevoeiro».

O poema inicia-se com uma imagem negativa de Portugal, que estará a «_________». Portugal surge personificado, marcado pela falta de identidade nacional (acentuada pelos quatro conetores copulativos em «_______») e por um estado de indefinição. A simbologia do título («________») ajuda nesta caracterização depreciativa. Também boa parte do léxico da primeira estrofe remete para a opacidade, embora em contraste com a hipótese de uma luz («_____», «_____», «_____»).

Entretanto, surge o parêntese «__________», a assinalar a passagem para um clima menos cético. A oposição de caráter paradoxal «__________» relaciona-se com a linha ideológica que estrutura Mensagem: a simultaneidade da decadência de Portugal e a esperança do seu renascer. Dois pares de anáforas («___________», «___________»; «______», «______») intensificam a indefinição que envolve Portugal.

O apelo final («_______») e a saudação em latim («______»), pelo tom exortativo que encerram revelam a crença na mudança de um Portugal que, no último verso da segunda estrofe, ainda surge mergulhado em «________».

No sketch «Gajos que tentam adivinhar» (série Meireles) [não o consigo reproduzir aqui no blogue] há uma personagem que completa frases que o interlocutor começara. As expressões que o indivíduo impaciente vai tentando adivinhar têm a mesma função sintática que as expressões certas. Classifica cada uma das alíneas, usando uma destas funções sintáticas:

predicado / complemento oblíquo / predicativo do sujeito / predicativo do complemento direto / modificador do grupo verbal

Falar-te-ei ...

| sobre o André | sobre o primeiro-ministro | sobre o último disco da Shakira | sobre o almanaque Borda d'Água | sobre o Meireles

___________

 

É ...

| simpático | amarelo | muito aberto a novas experiências | muito amigo do Rodolfo | acintoso

_____________

 

Entra ...

| em salas de cinema | em contradições | em autoestradas | em discussões

_____________

 

Faz-me sentir ...

| sportinguista | roxo | apertado naquelas calças justas | mal

_____________

 

O que é que tu / eu ...

| estou a fazer aqui | comi ao pequeno-almoço | quero de presente de anos | achas

_____________

 

Que achas ...

| a propósito da Magda | a propósito do alargamento da União Europeia | a propósito da falta de consistência da defesa da seleção | a propósito da maneira de ser do Meireles

_____________

 

Estas estâncias dos Lusíadas — canto X, 144-146 — são já posteriores à Ilha dos Amores. Relatam o regresso a Lisboa (144) e incluem depois uma reflexão do poeta.

144

Assi foram cortando o mar sereno,

Com vento sempre manso e nunca irado,

Até que houveram vista do terreno

Em que naceram, sempre desejado.

Entraram pela foz do Tejo ameno,

E a sua Pátria e Rei temido e amado

O prémio e glória dão por que mandou,

E com títulos novos se ilustrou.

145

Nô mais, Musa, nô mais, que a Lira tenho

Destemperada e a voz enrouquecida,

E não do canto, mas de ver que venho

Cantar a gente surda e endurecida.

O favor com que mais se acende o engenho

Não no dá a pátria, não, que está metida

No gosto da cobiça e na rudeza

D’ũa austera, apagada e vil tristeza.

146

E não sei por que influxo de destino

Não tem um ledo orgulho e geral gosto,

Que os ânimos levanta de contino

A ter pera trabalhos ledo o rosto.

Por isso vós, ó Rei, que por divino

Conselho estais no régio sólio posto,

Olhai que sois (e vede as outras gentes)

Senhor só de vassalos excelentes.

Nô mais = não mais, basta | destemperada = desafinada | Conselho = determinação | sólio = trono

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

TPC Relanceia ficha corrigidasobre Coesão interfrásica (pô-la-ei no blogue).

 

 

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