Wednesday, September 08, 2021

Aula 62-63

Aula 62-63 (11 [1.ª], 12/jan [3.ª]) Lê «Fernando Pessoa: o ciclo das estações» (p. 89), crónica (ou artigo de opinião, como lhe chama o manual) de José Manuel dos Santos. Completa (segundo o que se lê no texto):

os vários Pessoas

meteorologia

característica que permite a analogia

________

inverno

«inverno interior»; «gelo invariável da ____»; «vento tão mortal e tão alto [...]»; «febre ____»

Ortónimo — Mensagem

_____

«________ no inverno da História»

 

Alberto Caeiro

 

_____

«fatalismo feliz, em que nascemos naturais como as flores»; «torna a ____, a ____ e a verdade uma e a mesma coisa»

________

verão

«ardor alucinado, doloroso, sexual, fazendo dos ___ um verão explodido»

Ricardo Reis

_____

«numa serena _____, [...] contempla a vida na luz dourada e triste que antecede o ___»

Bernardo Soares / LdoD

_____

«todas as estações se perturbam e ______»

Responde à pergunta 3, fazendo corresponder estes onze trechos às sete classificações mais em baixo (que, portanto, podem estar abonadas mais do que uma vez):

1. «é o silêncio do sol» (l. 29)

2. «um vento tão mortal e tão alto que nos assombra como um ritual cumprido sob um céu vazio.» (ll. 10-11)

3. «como em certos dias dos Açores, todas as estações se perturbam e confundem em Bernardo Soares e no seu Livro do Desassossego» (ll. 24-25)

4. «O inverno é o remorso do verão» (l. 1)

5. «em todas as estações por onde passa o comboio que nos leva, [...], e em cuja carruagem da frente o destino joga um jogo fatal com cartas que têm o nosso rosto». (ll. 30-32)

6. «Quando leio Pessoa ele-mesmo» (l. 8)

7. «tornando desconhecido o que conheço e inesperado o que espero». (ll. 4-5)

8. «na sua febre fria» (ll. 13-14)

9. «para olhar o que se esconde e escutar o que emudece» (ll. 28)

10. «O frio (...) é nos olhos que cintila.» (ll. 26-27)

11. «numa serena ansiedade saciada» (ll. 17-18)

aliteração — _______

comparação — _______

metáfora — _______

metonímia — _______

antítese — _______

paradoxo — _______

sinestesia _______

Lê «Eu nunca fiz se não sonhar» (pp. 80-82), do Livro do Desassossego. Como se dizia na crónica de José Manuel dos Santos, no Livro todas as estações (isto é, todos os Pessoas) surgem, de certo modo, misturadas, como acontece em certos dias nos Açores.

Tenta localizar no texto de Bernardo Soares passos que pudessem caracterizar o ortónimo ou os heterónimos. Completa:

Ortónimo (sonho/realidade)

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Ortónimo (dor de pensar)

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Ortónimo (fingimento poético)

«Ter de estar aqui escrevendo isto, por me ser preciso à alma fazê-lo, e mesmo isto, não poder sonhá-lo apenas, exprimi-lo sem palavras, sem consciência mesmo, por uma construção de mim próprio em música e esbatimento [...]»

Ortónimo (fragmentação do eu)

«alinho na minha imaginação [...] figuras que habitam, e são constantes e vivas, na minha vida interior. Tenho um mundo de amigos dentro de mim, com vidas próprias, reais, definidas e imperfeitas» //  . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Ortónimo (decifração do enigma do ser)

«Nunca tive outra preocupação verdadeira senão a minha vida interior. As maiores dores da minha vida esbatem-se quando, abrindo a janela para dentro de mim, pude esquecer-me na visão do seu movimento»

Álvaro de Campos ou

Ortónimo

(tédio, nostalgia)

«Ah, não há saudades mais dolorosas do que as das coisas que nunca foram! O que eu sinto quando penso no passado que tive no tempo real, quando choro sobre o cadáver da vida da minha infância ida...» //  . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Álvaro de Campos futurista

«[...] outros têm uma vida boémia, pitoresca, humilde. Há outros que são caixeiros-viajantes. (Poder sonhar-me caixeiro-viajante foi sempre uma das minhas grandes ambições [...])»

Alberto Caeiro

«As flores do jardim da pequena casa de campo [...] // As hortas, os pomares, o pinhal, da quinta [...] //  . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Ricardo Reis

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Finalmente, ouçamos num depoimento de Cleonice Berardinelli (inserido num bom documentário da Globo acerca de Fernando Pessoa) como a professora brasileira tipifica cada um dos heterónimos (ver só os minuto 52 a 54):



Escreve uma apreciação crítica da publicidade de «A Nossa Aposta». O teu comentário deve preocupar-se com a análise do cartaz enquanto veículo publicitário, mas, ao mesmo tempo, revelar conhecimentos pessoanos. Não explicites demasiado um juízo valorativo. Um texto deste género deixa, em parte, que o leitor infira a opinião do crítico.

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[Solução minha:]

Trata-se de anúncio comercial, cujo objetivo é publicitar as apostas de uma dada casa de jogos, a Nossa Aposta (nossaaposta.pt).

Para efeitos de atrair o leitor, aposta-se no reconhecimento dos elementos icónicos, três figuras que assumimos serem os heterónimos de Pessoa — seria mais transparente se fossem quatro retratos, que conotaríamos de imediato com Fernando Pessoa ele-mesmo, com Campos, Reis e Caeiro. O que ajuda à identificação das três caras é o vocativo na pergunta «Fernando, em quem apostas?», que, porém, só descodificamos se for lida em conjunto com o reconhecimento das três faces. É-nos sugerido sermos nós a inferir que aquele «Fernando» é Pessoa, o que, na psicologia destas coisas, funciona como um primeiro reforço ao potencial cliente.

Se a pergunta visa chamar a atenção, a resposta corresponde ao slogan, «A Nossa Aposta é na Odd Triunfal», que associa o nome da marca a ‘odd’, situando-a assim no seu contexto de casa de jogos, e a ‘triunfo’, o que transmite uma imagem positiva. Os criadores do anúncio partem do princípio de que o público que é alvo desta publicidade conhece a «Ode triunfal», de Álvaro de Campos, o que despertaria simpatia (pelo trocadilho) e contribuiria para a memorização da frase. Esta assunção, contudo, parece-nos demasiado otimista: serão assim tantos os que descobrirão no slogan uma alusão ao poema do heterónimo futurista-sensacionista?

      O filme que começaremos a ver hoje — Howl (Uivo), 2010, de Rob Epstein e Jeffrey Friedman — trata de um caso verídico, o julgamento a que foi sujeito Allen Ginsberg por causa do longo poema Howl (Uivo), de 1956.

     Ginsberg integrou a chamada «Beat Generation», que — cinquenta anos depois de Fernando Pessoa (aliás Álvaro de Campos e Alberto Caeiro) — se inspirou também em Walt Whitman.

Trechos em Uivo

Recursos estilísticos

«a sopa de massinhas do tempo»

metáfora

«que provaram as pássaras de um milhão de catraias»

hipérbole (e metáfora/perífrase)

«para verificar se eu tenho uma visão ou se tu tinhas uma visão ou se ele tinha uma visão para descobrir a Eternidade»

polissíndeto

«Denver tem saudades dos seus heróis»

metonímia

«o cabelo da alma iluminou-se»

 

«[Moloch] cujos olhos são mil janelas cegas»

«ficaram apenas com a sua insanidade e as suas mãos e um júri anulado»

 

«cujo amor é pedra e petróleo sem fim»

 

«a quem foi dado um vazio concreto de insulina, Metrazol, eletricidade, hidroterapia, psicoterapia, terapia ocupacional, pingue-pongue e amnésia»

 

«cujas fábricas sonham e morrem no nevoeiro»

 

Ó legiões magras, corram lá para fora

 

Ó choque misericordioso de estradas ornado, a guerra eterna chegou

Ó vitória, esquece as tuas ceroulas

Estou contigo em Rockland, onde irás cindir os céus... / Estou contigo em Rockland, onde os vinte... / Estou contigo em Rockland, onde achamos e beijamos... / Estou contigo em Rockland, onde acordamos eletrificados...

 

A máquina de escrever é sagrada. / O poema é sagrado. / A voz é sagrada. / As orelhas são sagradas. / O êxtase é sagrado.

 

vieram lançar bombas angélicas

 

Walt Whitman, Leaves of Grass (Folhas de erva), 1897

Álvaro de Campos (primeiros textos em 1914)

Dadaístas (ca. 1916, Tristan Tzara, etc.)

Geração Beat

Allen Ginsberg, Howl (Uivo), 1956

Jack Kerouac, On the road (Pela estrada fora), 1957

William S. Burroughs, Naked lunch (Almoço nu), 1959

Carl Salomon

Neal Cassady

TPC — Durante as férias, pus em Gaveta de Nuvens informação sobre duas tarefas (esta e esta) a fazer nos próximos tempos; no final da aula de hoje haverá chamada para ambos os trabalhos via Classroom.



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