Thursday, September 09, 2021

Aula 28R-28

Aula 28R-28 (27 [1.ª], 28/out [3.ª])

Lírica de Camões [exame de 2016, 1.ª fase] // Grupo I — B

Leia o soneto.

Oh! como se me alonga, de ano em ano,

a peregrinação cansada minha!

Como se encurta, e como ao fim caminha

este meu breve e vão discurso humano!

 

Vai-se gastando a idade e cresce o dano;

perde-se-me um remédio, que inda tinha;

se por experiência se adivinha,

qualquer grande esperança é grande engano.

 

Corro após este bem que não se alcança;

no meio do caminho me falece,

mil vezes caio, e perco a confiança.

 

Quando ele foge, eu tardo; e, na tardança,

se os olhos ergo a ver se inda parece,

da vista se me perde e da esperança.

Luís de Camões, Rimas

4. Nas duas quadras, o sujeito poético reflete sobre os efeitos da passagem do tempo na sua vida. Refira quatro dos aspetos que integram essa reflexão.

[ dois dos Tópicos nos Critérios de classificação:

De acordo com as duas quadras, o sujeito poético:

– entende a vida como uma experiência longa e cada vez mais penosa;

– toma consciência da aproximação do termo da sua vida;

– ... {sugeriam-se mais três outros tópicos possíveis} ]

 

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

5. Relacione o sentido do verso «qualquer grande esperança é grande engano» com o conteúdo dos dois tercetos.

[acrescenta à resposta que já pus as duas palavras em falta]

O verso «qualquer grande esperança é grande engano» (v. 8) sugere que, para o sujeito poético, toda a esperança acaba por se revelar _____. Esta ideia concretiza-se nos dois tercetos. O bem desejado é representado como um objetivo que se persegue, num caminho em que o sujeito cai e se levanta, até que o próprio bem desejado se perde de vista e o desânimo _____.

À direita, indica a função sintática dos segmentos sublinhados de

A cantiga é uma arma

(José Mário Branco)

 

A cantiga é uma arma        _____________

e eu não sabia,

tudo depende da bala         ___________

e da pontaria,

tudo depende da raiva

e da alegria;

a cantiga é uma arma

de pontaria.          __________

 

Há quem cante por interesse,

quem cante por cantar, ________

há quem faça profissão

de combater a cantar

e há quem cante de pantufas

para não perder o lugar.    modificador do grupo verbal

 

O faduncho choradinho

de tabernas e salões

semeia só desalento,          _________

misticismo e ilusões,

canto mole em letra dura

nunca fez revoluções.        ________

 

A cantiga é uma arma· (contra quem?)

contra a burguesia,

tudo depende da bala

e da pontaria,

tudo depende da raiva       ________

e da alegria;

a cantiga é uma arma

de pontaria.

 

Se tu cantas a reboque,      _______

não vale a pena cantar;

se vais à frente demais,

bem te podes engasgar;     ______

a cantiga só é arma

quando a luta acompanhar.             _______

 

Uma arma eficiente,          _______

fabricada com cuidado,     _______

deve ter um mecanismo

bem perfeito e oleado

e o canto com uma arma

deve ser bem fabricado.

Tendo visto a primeira parte de documentário sobre Fernando Pessoa feito para a série ‘Grandes Portugueses’, assinala, à esquerda de cada período (a esquerda é para este lado: ), se a afirmação é V(erdadeira) ou F(alsa).

Pessoa viveu parte da infância e da adolescência em território da atual África do Sul (à época, colónia inglesa).

Fernando Pessoa admirava Cesário Verde.

O poema «Tabacaria» é do heterónimo Ricardo Reis.

«Sou tudo» é o primeiro verso de «Tabacaria».

Fernando Pessoa nasceu no dia de Santo António, em Lisboa, em 1898.

Pessoa nasceu em frente ao teatro de São Carlos, que seu pai, crítico musical do Diário de Notícias, frequentava.

«Eis-me aqui em Portugal» é o primeiro verso de uma quadra que, ainda criança, dedicou à mãe.

«Deus quer, o homem sonha, a obra morre» é o primeiro verso de «O Infante», poema de Mensagem.

Enquanto adolescente, Pessoa viveu com a madrasta, o pai e os cinco meios-irmãos.

A língua em que mais escrevia até cerca dos vinte anos era o francês.

Em Lisboa, durante dois anos, Fernando Pessoa foi aluno da Faculdade de Direito.

Pessoa teve uma tipografia, comprada com herança da avó Dionísia, mas esse negócio não teve grande sucesso.

O emprego de Pessoa implicava um rígido horário fixo, como o de um funcionário público.

No local do emprego, Fernando Pessoa nunca escrevia textos seus.

O poeta americano Walt Whitman influenciou Fernando Pessoa.

Pessoa deixou mais de trinta e sete mil papéis com escritos seus.

Em Lisboa, Pessoa viveu em cerca de dez casas diferentes.

Sendo embora Lisboa o seu habitat preferencial, Pessoa viajava frequentemente.

A estreia de Pessoa no meio literário aconteceu em 1912, com a publicação de artigos na Águia.

A revista Orpheu teve como colaboradores, entre outros, Mário de Sá-Carneiro e Almada Negreiros.

Escreve a função sintática ao lado dos segmentos que fui sublinhando, da letra de «A Paixão (segundo Nicolau da Viola)» (Rui Veloso, Mingos & Samurais, 1990).

A Paixão (segundo Nicolau da Viola)

(Carlos Tê / Rui Veloso-Carlos Tê)

Tu eras aquela que eu mais queria  _________

Para me dar algum conforto e companhia     ________

Era só contigo que eu sonhava andar

Para todo o lado e até quem sabe talvez casar

 

Ai o que eu passei só por te amar

A saliva que eu gastei para te mudar

Mas esse teu mundo era mais forte do que eu             ________

E nem com a força da música ele se moveu

 

Mesmo sabendo que não gostavas

Empenhei o meu anel de rubi

P’ra te levar ao concerto que havia no Rivoli ________

 

E era só a ti que eu mais queria

Ao meu lado no concerto nesse dia _________   _________

Juntos no escuro de mão dada a ouvir

Aquela música maluca sempre a subir

Mas tu não ficaste nem meia hora

Não fizeste um esforço p’ra gostar e foste embora

 

Contigo aprendi uma grande lição

Não se ama alguém que não ouve a mesma canção     _________

 

Mesmo sabendo que não gostavas  _________

Empenhei o meu anel de rubi

P’ra te levar ao concerto que havia no Rivoli _________

 

Foi nesse dia que percebi

Nada mais por nós havia a fazer

A minha paixão por ti era um lume

Que não tinha mais lenha por onde arder      ________

 

Mesmo sabendo que não gostavas

Empenhei o meu anel de rubi

P’ra te levar ao concerto que havia no Rivoli _________

 

 

 

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