Aula 18R-18
Aula 18R-18 (13 [1.ª], 14/out [3.ª]) Estamos a estudar um dos poucos conteúdos de gramática que
são específicos do 12.º ano, os valores
temporais, aspetuais, modais. (O programa gramatical do 12.º ano é
sobretudo de revisões.)
Resolve
o exercício da p. 66 do manual sobre Aspeto
(ou valores aspetuais), completando o que já fui respondendo (e, se
necessário, olhando a p. 67):
1.1 com
valor perfetivo: «Vim aqui para não
esperar ninguém»; em parte, também «vou-me embora brusco»;
com
valor imperfetivo: «__________»,
«Trago um grande cansaço de ser tanta coisa»; também, embora menos
indiscutivelmente, «Chegam os retardatários do princípio» e «Começam chegando
os primitivos da espera».
1.2 [Destaca
a parte da frase relevante para efeitos de valor aspetual. (Como as soluções pretendidas
pelo manual não são corretas ou indiscutíveis, alterei uma das colunas e não
sigo a exata solução proposta.)]
1 |
Habitual |
Costumo vir |
E |
2 |
Iterativo (e Habitual) |
Aos domingos, vai |
D |
3 |
Imperfetivo |
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4 |
Perfetivo |
[mas não é famoso o exemplo] |
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5 |
Genérico |
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1.3
Genérico:
Ser tanta coisa é um grande cansaço.
Habitual: ____________.
Perfetivo:
____________.
Iterativo: ____________.
Passa
agora ao exercício sobre Modalidades
(ou valores modais), na p. 70 (se necessário, consultando a p. 69):
2.
a.
A vida ali deve ser feliz — modalidade ______
b.
Talvez à criança espreitando pelos vidros da janela — modalidade ______
c. Talvez à rapariga que olhou, ouvindo o motor, pela
janela da cozinha — modalidade epistémica
d.
Aquele é que é feliz — modalidade _______
e.
Deves fazer este estúpido exercício com todo o cuidado — modalidade ______
3.
a. Devo ser qualquer coisa do príncipe de todo o
coração da rapariga (verbo auxiliar modal «dever»)
b. Provavelmente
sou / Talvez seja / … (advérbio)
c. Serei
/ Seria (tempo/modo verbal)
Para efeitos desta matéria, é útil rever o verbo
— a sua conjugação, a sua flexão —, recordando as suas subclasses.
O verbo pode ser...
principal |
intransitivo |
não seleciona complementos |
|
transitivo
|
direto |
seleciona complemento
direto |
|
indireto |
seleciona complemento
indireto (ou complemento oblíquo) |
||
direto e indireto |
seleciona dois complementos |
||
predicativo |
seleciona complemento
direto e predicativo do complemento direto |
||
copulativo |
associa-se a um nome predicativo
do sujeito (ser, estar, parecer, ficar, continuar, permanecer, tornar-se,
etc.) |
||
auxiliar |
dos tempos compostos |
ter, haver |
|
da passiva |
ser |
||
temporal |
ir, haver de |
||
aspetual |
estar, continuar,
começar, acabar, ir, vir, ficar |
||
modal |
ter de, poder, dever |
Sobre os valores modais (ou modalidade)
tens a explicação na p. 69 e na p. 17 do anexo do manual). As três modalidades
são: epistémica (valores de probabilidade,
certeza); deôntica (permissão, obrigação);
apreciativa. Na tabela, preenche a
coluna da direita com a modalidade que esteja em causa.
«O
desensofador» (série Lopes da Silva) |
modalidade |
Ui! |
|
Não lhe vou mentir: está
muito complicado... |
|
Vai ser preciso
desmontar: tenho de tirar a almofada. |
|
Tenho de fazer a verificação do forro a nível do
extravio de acepipes. |
|
Não pode recolocar agora? |
|
Não posso voltar cá. |
|
Tenho um serviço num
dentista que deve ser demorado. |
|
Que horror: parece impossível!
|
|
Parece incrível como há
gente assim em pleno século XXI... |
|
E posso colocar eu a almofada? |
|
Por mim, pode. |
|
Pode só virar o fecho éclair
ao contrário... |
|
Pode meter mal a almofada... |
|
A única coisa que pode acontecer é desfigurar o sofá para
sempre. |
|
Posso oferecer-lhe uma cerveja? |
|
Devemos ter cuidado com chaves e naperons — o
mundo tornou-se complicado para os sofás. |
|
Sobre
o aspeto, tens a p. 67 do
manual e a p. 16 do anexo. e a Indica o valor
aspetual predominante em cada uma destas frases de Último a sair:
Ela estava a fazer jogo, esteve a fazer jogo desde
o início. |
|
Há muitas melgas nesta
casa. |
|
Já acabou o Fenistil. |
|
A melga entrou lá dentro. |
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A melga vinha [a voar]. |
|
Procurei bué. Estive ali um quarto de hora à procura da melga. |
|
Tu és meu amigo, Rui. |
|
* Costumo sair do quarto dos homens e visitar
o das mulheres. |
|
* Tens procurado as melgas todas as noites. |
|
*
inventados para efeitos do exercício
Atribui às frases, de Último a sair — passo do «milagre» vivido por Bruno Nogueira —, um valor
aspetual (genérico, imperfetivo, perfetivo,
habitual, iterativo, [incoativo, cessativo]).
Frase |
valor aspetual |
É um iogurte de coco e de ananás muita bom. |
|
Você está andando, Bruno. |
|
Ainda ontem estava numa cadeira de
rodas e hoje eu te vejo aqui de pé. |
|
Começo a ouvir barulho. |
incoativo [tem-se
descartado] |
Veio uma luz lá do meio. |
|
Ela [Nossa Senhora] conhece-me. |
|
Os três pastorinhos já lerparam. |
|
Você é a nova Irmã Lúcia! |
|
O poema «Dobrada à moda do
Porto», de Álvaro de Campos, tem bastantes marcas de narratividade.
A situação relatada é sobretudo pretexto para o «eu» refletir sobre si mesmo. É
este poema um novo exemplo do Campos intimista, agora talvez em clave mais irónica
que desiludida.
O que te peço é que reescrevas
o poema, verso a verso, criando outra situação (a tal parte mais narrativa, que
deixará de ter a ver com um restaurante), mantendo entretanto tudo o que
sublinhei (em geral, os fragmentos mais líricos ou mais introspetivos).
Além das partes sublinhadas,
conserva, é claro, o número de versos, e procura não alterar muito a pontuação
do original. Quanto ao título, deve ser trocado por outro, é claro.
Dobrada à moda do Porto
Um dia, num restaurante, fora do
espaço e do tempo,
Serviram-me o amor como
dobrada fria.
Disse delicadamente ao
missionário da cozinha
Que a preferia quente,
Que a dobrada (e era à moda
do Porto) nunca se come fria.
Impacientaram-se comigo.
Nunca se pode ter razão, nem num restaurante.
Não comi, não pedi outra
coisa, paguei a conta,
E vim passear para toda a
rua.
Quem sabe o que isto quer
dizer?
Eu não sei, e foi comigo...
(Sei muito bem que na
infância de toda a gente houve um jardim,
Particular ou público, ou
do vizinho.
Sei muito bem que
brincarmos era o dono dele.
E que a tristeza é de hoje).
Sei isso muitas vezes,
Mas, se eu pedi amor,
porque é que me trouxeram
Dobrada à moda do Porto
fria?
Não é prato que se possa
comer frio,
Mas trouxeram-mo frio.
Não me queixei, mas estava
frio,
Nunca se pode comer frio,
mas veio frio.
Fernando
Pessoa, Poemas de Álvaro de Campos, edição de Cleonice Berardinelli,
Lisboa, INCM, 1990 (com modernização da grafia).
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TPC — Sobre valor aspetual e valor modal,
além da leres as páginas do manual e respetivo anexo final que já fui referindo,
podes tentar resolver as fichas 31 e 32 (pp. 55-57) do Caderno de atividades. Porei em Gaveta
de Nuvens as fichas já respondidas, pelo que, mesmo que não queiras
resolvê-las tu próprio, podes sempre verificar as soluções.
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