Aula 105-106
Aula 105-106 (3 [1.ª], 4 [5.ª, 2.ª, 4.ª], 5/mai [3.ª]) Correção de redação
segundo matriz sintática (ver Apresentação).
Sem
abrir o livro, lerás a «A débil», a que retirei a última palavra de quase todos
os versos. Deixei a primeira e a última quadra completas. Por elas ficas a saber
que em cada estrofe há rima interpolada
e emparelhada, num esquema a-b-b-a. Quanto à métrica, por esses oito
versos se vê que se trata de decassílabos.
Tentarás colocar nos espaços estas palavras
deles retirados.
suspirando
/ suspeites / monarca / bordado / turbulento / respeito / loura / miserável / brando
/ imaculada / entanto / sossego / ostentação / pisada / quieta / corruptora /
sinto / matinais / cabeça / pedestal / fina / peito / braço / saudável / envidraçada
/ espessa / natural / tanto / casares / nação / pretos / embaraçada / poeta
A Débil
Eu, que sou feio, sólido, leal,
A ti, que és bela, frágil, assustada,
Quero estimar-te sempre, recatada
Numa existência honesta, de cristal.
Sentado à mesa dum café devasso,
Ao avistar-te, há pouco, fraca e __________,
Nesta Babel tão velha e ____________,
Tive tenções de oferecer-te o ___________.
E, quando socorreste um _____________,
Eu, que bebia cálices de absinto,
Mandei ir a garrafa, porque ____________
Que me tornas prestante, bom, __________.
«Ela aí vem!» disse eu para os demais;
E pus-me a olhar, vexado e ____________,
O teu corpo que pulsa, alegre e __________,
Na frescura dos linhos ____________.
Via-te pela porta _____________;
E invejava, — talvez que
não o ___________! —
Esse vestido simples, sem enfeites,
Nessa cintura tenra, ____________.
Ia passando, a quatro, o patriarca.
Triste eu saí. Doía-me a _____________.
Uma turba ruidosa, negra, _____________,
Voltava das exéquias dum _____________.
Adorável! Tu, muito _____________,
Seguias a pensar no teu _____________;
Avultava, num largo arborizado,
Uma estátua de rei num _____________.
Sorriam, nos seus trens, os titulares;
E ao claro sol, guardava-te, no __________,
A tua boa mãe, que te ama ____________,
Que não te morrerá sem te ____________!
Soberbo dia! Impunha-me _____________
A limpidez do teu semblante grego;
E uma família, um ninho de ____________,
Desejava beijar sobre o teu ____________.
Com elegância e sem ______________,
Atravessavas branca, esbelta e ___________,
Uma chusma de padres de batina,
E de altos funcionários da ____________.
«Mas se a atropela o povo ____________!
Se fosse, por acaso, ali ____________!»
De repente, paraste _____________
Ao pé dum numeroso ajuntamento.
E eu, que urdia estes fáceis esbocetos,
Julguei ver, com a vista de ___________,
Uma pombinha tímida e ____________
Num bando ameaçador de corvos __________.
E foi, então, que eu, homem varonil,
Quis dedicar-te a minha pobre vida,
A ti, que és ténue, dócil, recolhida,
Eu, que sou hábil, prático, viril.
Cesário Verde, O Livro de Cesário Verde
Vai respondendo
às seguintes perguntas na p. 329 (ou completando as respostas).
Educação literária
1. «Eu» | «feio» | «_______» | «______» || «Ela» | «______»| «frágil»
| «_______». Os adjetivos usados em cada um dos casos, apesar de antitéticos,
sugerem que se podem complementar, na perspetiva de que os opostos se atraem e
completam. O «eu», consciente da sua degradação, diz-se capaz de lhe ser leal,
adotando os valores por ela representados (recato, honestidade).
2. O sujeito poético está «[s] ______» (v. 5), «[n]______» (v. 7)
e bebe «_______» (v. 10).
3. Os três recursos são a tripla adjetivação, em «_____, _____,
_____» (v. 2); a hipálage, em «______» (v. 4); e a _____ em «[existência] de
cristal» (v. 4). Pretende-se caracterizar o tipo de vida associado à figura feminina:
uma existência pura, transparente, imaculada, perfeita, como o cristal.
4. A figura feminina, na sua brancura e luminosidade, é
«recatada», enquanto a turba é «ruidosa, ______, ______». Os traços sombrios e ameaçadores
da multidão contrastam, vivamente, com a naturalidade e a brandura da jovem que
passa..
Gramática
1. a) ________. ([sugestão: vê se na 3.ª pessoa seria lhe ou o/a])
b) _______. ([sugestões: é trocável
por o/a? Qual é a expressão que faz
que o verbo esteja no singular (ou no plural)?])
c) _______.
[Pergunta que surgirá em slide]
Discorre sobre a perspetiva que o sujeito poético tem
acerca da «débil» e como essa visão vai evoluindo, com o «eu» a alterar a sua atitude para com aquela
mulher.
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[Resposta
possível]
A dita débil, no início do
texto, além de admirada pela beleza, juventude, naturalidade (vv. 2, 15, 19,
20, 25, 34, 37, 38), é vista como frágil (vv. 2, 6), de tal modo que o sujeito
poético manifesta vontade de a proteger
da agitação da cidade. Com ela imagina «uma família, um ninho de sossego» (v.
35). E, perante a ameaça de «um numeroso ajuntamento», o eu, com a sua «vista
de poeta», transfigura a rapariga, «tímida e quieta», numa «pombinha branca» cercada
por «um bando ameaçador de corvos pretos» (vv. 46-48). No entanto, o retrato da
«débil» é complexo, ambivalente: também surge como figura capaz de atravessar a
multidão «com elegância e sem ostentação» (v. 37), impondo a sua presença.
Na última estrofe, o sujeito lírico assume mesmo a decisão de dedicar
à rapariga a sua «pobre vida» e por ela está disposto a modificar-se. Aquele que
no início se se definia como «feio», aparentemente com falta de saúde (v. 12),
triste e com dores de cabeça (v. 22) diz-se agora «hábil, prático, viril» (v.
52), pronto a corresponder ao poder do exemplo da jovem, que, afinal, seria «débil»
apenas no título do poema.
TPC — Escreve comentário
sobre Amor de Perdição e filme, cujas instruções estão aqui.
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