Aula 1-2
Aula 1-2 (15 [5.ª], 18 [3.ª], 19/set [4.ª, 1.ª]) Começámos por explicar os elementos que escolhera para representar cada os escritor no slide inicial da apresentação. Houve também referência à recente polémica da estátua de Camilo no largo da Cadeira da Relação no Porto. Viu-se esta reportagem («vox populi»).
Os parágrafos que se seguem tratam dos
autores de que este ano mais falaremos: o Padre António Vieira, Almeida
Garrett, Camilo Castelo Branco, Eça de Queirós, Antero de Quental, Cesário
Verde.
Deves assinalar a
veracidade (V) ou falsidade (F) das frases. Algumas escondem subtis
impossibilidades, anacronias; mas também é preciso ter em conta que, muitas
vezes, os escritores são efetivamente excêntricos.
António Vieira
(1608-1697)
O Padre António Vieira
atravessou o Atlântico sete vezes, tendo morrido na Baía.
Nas suas atividades
evangelizadoras dos índios, no Brasil, os jesuítas — a Companhia de Jesus, a
que pertencia o Padre Vieira — usavam a variante sul-americana do português.
Para assistir aos sermões
do Padre António Vieira, ia-se de madrugada à igreja, a fim de reservar o
lugar. Havia até quem acampasse à frente da igreja, nos dias anteriores.
Um dos mais famosos
sermões de Vieira, o «Sermão de Santo António [aos Peixes]», foi proferido no
Oceanário de Lisboa, em frente às carpas e aos atuns.
Almeida Garrett
(1799-1854)
Careca, Garrett usava uma
peruca, mas tinha o cuidado especial de que o seu cabelo parecesse natural e,
por isso, ia trocando de cabeleira periodicamente, simulando o crescimento
natural do cabelo.
Garrett usava um espartilho,
para parecer ter a cintura muito fina, e um sutiã, para parecer ter um peito
bem proporcionado.
Aos vinte e tal anos,
Garrett namorou uma rapariga de onze.
Garrett tinha pernas — ou
parte das pernas — postiças, mas movia-se com assinalável elegância.
Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett, é uma peça que,
fantasiando-os, se inspirou em factos da vida do escritor cujo nome Garrett pôs
no título, Manuel de Sousa Coutinho (1555-1632).
A primeira representação
de Frei Luís de Sousa foi feita no
Jardim Zoológico de Lisboa, perto da zona dos elefantes.
Camilo Castelo Branco
(1825-1890)
Quando, por crime de adultério, esteve preso na
cadeia da Relação do Porto, Camilo saía, por exemplo, para ir jantar fora ou
para levar a consertar os sapatos da amante.
Para poder usufruir da herança do filho, Camilo
teve de fingir não ser ele seu descendente.
Eça de Queirós
(1845-1900)
Eça de Queirós, aclamado
em Vila do Conde como natural desta cidade, nasceu na Póvoa de Varzim.
Ramalho Ortigão
(1836-1915) — coautor, com Eça, do Mistério
da Estrada de Sintra — foi professor do amigo, quando este tinha cerca de
dez anos.
Na Relíquia, romance de Eça de Queirós, o protagonista tem o azar de
fazer uma troca na prenda que queria oferecer à sua tia beata (cuja fortuna
queria herdar): em vez de uma relíquia da Terra Santa embalou a camisa de
dormir da mulher com quem estivera.
Em Os Maias há pelo menos quinze refeições completas, algumas narradas
em três páginas mas outras em vinte e seis.
Dois dos romances de Eça
aproveitam situações de incesto. Em A
Tragédia da Rua das Flores, o incesto envolve mãe e filho; em Os Maias, o incesto é entre irmãos.
Antero de Quental
(1842-1891)
Antero só ingeria alimentos uma vez por dia.
No relatório científico sobre as doenças de Antero
(«Nosografia de Antero», por Sousa Martins), diz-se que sofria de efodiofobia
(‘medo de preparar ou expedir malas de viagem’), doença que teria contribuído
para o seu suicídio.
Antero suicidou-se com dois tiros na cabeça (entre
o primeiro tiro e o segundo mediou cerca de um minuto).
Cesário Verde
(1855-1886)
Em casa dos pais de
Cesário Verde, aos serões, saboreavam-se doçarias de cocó.
Na loja de ferragens,
negócio da família, Cesário Verde, vestido de azul, tinha à venda camisolas de
algodão e chinelas de tranças. Chegou a vender calda de tomate.
Cesário Verde, já muito
doente, esteve, a conselho do médico-santo Sousa Martins, a aproveitar os ares
do campo em Caneças e, depois, no Lumiar, onde aliás morreria.
A propósito de dialetos:
[Com as folhas de
caderneta:] No retângulo ao canto superior direito, cria definição telegráfica,
em acróstico, com o teu nome (aquele por que serão chamados em aula), com verbo
+ advérbio (cfr. exemplo com Camilo):
Cegar angustiadamente
Amar sempre
Morar longe (da cidade)
Injuriar desbragadamente (nas polémicas)
Ler compulsivamente
Ostracizar repetidamente
No retângulo ao centro,
cria uma ou duas quadras...
em heptassílabos (redondilha maior);
rima cruzada (A-B-C-B);
que aluda ao próprio autor (espécie de autorretrato).
TPC
— Em Gaveta de Nuvens lê ‘Preceitos para o trabalho ao longo do ano’.
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