Aulas (2.º período: 102-125)
Aula
102-103 (8 [1.ª], 9/mar [3.ª]) Correção do item
sobre travessão no poema de Ana Luísa Amaral (e ouvindo «As pequenas gavetas do amor»).
Para encontrarmos um motivo que oponha a
poesia de Ana Luísa Amaral às de Miguel Torga e Eugénio
de Andrade, talvez pudéssemos centrarmo-nos no que mais influencia
cada uma das três escritas. Ana Luísa
Amaral aproveita mais a poesia de outros escritores — os seus poemas têm
muitas vezes marcas de intertextualidade evidentes —, o que é associável ao facto
de ser professora de literatura e ter investigado poetisas como Emily Dickinson
e Sylvia Plath (mas também Pessoa é, por vezes, objeto de trabalho intertextual).
Os poemas de Ana Luísa Amaral são de amor e do quotidiano.
Miguel Torga e Eugénio de Andrade estão
mais isolados, são mais independentes ou menos cosmopolitas. No caso de Miguel
Torga, a escolher um inspirador constante da sua poesia, talvez
devêssemos apontar a terra, a natureza, um certo Portugal.
De Torga já conhecemos «Sísifo» (p. 190) e
«Sagres» (191). Lê agora «Orfeu Rebelde»
(p. 187).
Explica o título, associando-o à «teoria»
que o sujeito poético faz acerca da sua poesia.
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Ao assistirmos ao início do documentário Miguel Torga, o meu Portugal, vai
verificando as citações de Miguel Torga postas em caixas na p. 193 (item 4). Ordena-as
segundo a ordem que têm no filme:
1.ª = G; 2.ª
= ___; 3.ª = ___; 4.ª = ___; 5.ª = ___; 6.ª = ___.
Diz qual é a estúpida citação que está a mais
na lista: ___.
Quanto ao item 3 (na p. 192, mas com as
alterações que introduzi), assinala com V ou F:
I — Eduardo Lourenço
afirma que
A. Miguel Torga analisou Portugal sem conhecer
Frederico Varandas.
B. Miguel Torga fez o retrato de Portugal.
C. Miguel Torga retratou um Portugal integrado
na Europa.
D. Nos portugueses, Miguel Torga admirava a
assiduidade e a pontualidade.
E. Aquilino Ribeiro e Miguel Torga são os
grandes retratistas de Portugal.
II — António Barreto
afirma que
F. Miguel Torga mostrou a Natureza de uma
região do país.
G. O sofrimento é uma dominante na obra de
Miguel Torga, mas não na sua poesia.
H. A pobreza, a inveja, o desconhecimento de
si mesmos, o lerem mal os enunciados das tarefas são alguns dos defeitos dos
portugueses revelados por Miguel Torga.
I. Miguel Torga desejava que os portugueses
fossem capazes de olhar a realidade e não vivessem a pensar só nos testes de
Matemática.
III — José Manuel
Mendes afirma que
J. Miguel
Torga considera Portugal o reino das sombras.
Lê «Regresso» (p. 186), bem como o texto
crítico «A terra-mãe acolhe o poeta». Escreve um comentário acerca de «Regresso». Inclui
citações do poema e também do texto crítico em baixo na mesma página.
[Copiámos
esta solução:]
Estas três
quadras evidenciam o caráter telúrico da poesia de Torga salientado no estudo
de Clarice Zamonaro Cortez. Segundo o sujeito poético, o regresso ao espaço das
origens (e, por isso, à infância) é até celebrado pela natureza.
Personificações como «os rijos carvalhos me acenaram», «cantava cada fonte à
sua porta», «o céu abriu-se num sorriso», «deitei-me ao colo dos penedos»
acentuam que os sentimentos de intimidade de alegria pelo reencontro são
mútuos.
Afinal, como
salienta Clarice Cortez, o pseudónimo do poeta corresponde ao nome de «arbusto
duro e torcido das serranias transmontanas». É natural que seja nesta
específica terra-mãe, agreste e de penedios, que o eu encontre o seu «velho
paraíso».
TPC — Lê as fichas corrigidas sobre Complemento do nome e Complemento do adjetivo.
Aula 104R-104 (9 [1.ª], 10/mar [3.ª]) Vai resolvendo estes Itens de provas de exame com figuras de estilo
[2016,
2.ª fase]
7. No último parágrafo [«Falo do tempo e de pedras,
e, contudo, é em homens que penso. Porque são eles a verdadeira matéria do
tempo, a pedra de cima e a pedra de baixo, a gota de água que é sangue e é
também suor. Porque são eles a paciente coragem, e a longa espera, e o esforço
sem limites, a dor aceite e recusada — duzentos anos, se assim tiver de ser.»],
são utilizados vários recursos estilísticos, entre os quais
(A) a sinestesia e a anáfora. | (B)
a ironia e a
sinestesia. | (C) a anáfora e a hipérbole. | (D)
a hipérbole e
a ironia.
[2015, 1.ª fase]
6. Na expressão «paisagens olfativas» (linha 27), o
autor utiliza
(A) uma metonímia. | (B) um eufemismo. | (C) um
paradoxo. | (D) uma sinestesia.
[2015, 2.ª fase]
6. No contexto em que ocorre, a expressão «grosso volume
do romance de Eça de Queirós» (linha 4 [«Hesitei nesta escolha: pensei que seria
como ler o resumo em lugar de regressar — como tantas vezes já regressei — ao
grosso volume do romance de Eça de Queirós.»]) constitui um exemplo de
(A) perífrase. | (B) hipálage. | (C) eufemismo. |
(D) paradoxo.
[2014, 1.ª fase]
1.5. Na expressão «deflagração extraordinária» (linha 18) [«Não viveu, porém,
e infelizmente, a deflagração extraordinária operada no seio das certezas e dos
objetos, decomposição dos seres visíveis e invisíveis que viria a produzir as
grandes experiências literárias do século XX.»], a autora recorre a
(A) uma antítese. | (B) um oxímoro. | (C) uma
metáfora. | (D) um eufemismo
[2013, época especial]
1.7. Na expressão «Oh, nossa deslumbrante desgraça mudadora»
(linha 14; [As casas de papel são modos de pensar na tangibilidade do texto, na
manualidade de que ele dependeu para ser lido. São modos de pensar nos autores.
Cada autor como um lugar e um abrigo. Um lugar. Ler um livro é estar num autor.
Preciso de pensar nos objetos para acreditar nos lugares. Oh, nossa deslumbrante
desgraça mudadora, não consigo sentir-me bonito dentro de um Kindle, de um iPad
ou de um Kobo. Penso em mim melhor numa coisa entre capas. A ilustração sem
pilhas. As letras sem pilhas. Eternas e sem mudanças. De confiança.]), o autor
recorre à
(A) hipálage. | (B) metáfora. | (C) metonímia. |
(D) ironia
[2016, 1.ª fase, item do grupo I]
1. Explique o sentido quer das antíteses quer das interrogações
retóricas presentes no início do monólogo de Matilde (linhas de 1 a 14)
[«Ensina-se-lhes que sejam valentes, para um dia virem a ser julgados por
covardes! Ensina-se-lhes que sejam justos, para viverem num mundo em que reina
a injustiça! Ensina-se-lhes que sejam leais, para que a lealdade, um dia, os
leve à forca! (Levanta-se) Não seria mais humano, mais honesto, ensiná-los,
de pequeninos, a viverem em paz com a hipocrisia do mundo? (Pausa) Quem é mais feliz: o que luta por uma vida digna e
acaba na forca, ou o que vive em paz com a sua inconsciência e acaba respeitado
por todos?»].
[2016, época especial, item do grupo I]
4. Explique o sentido da metáfora «São o pão
quotidiano dos grandes» (linhas 12 e 13 [«São o pão quotidiano dos grandes; e
assim como o pão se come com tudo, assim com tudo e em tudo são comidos os
miseráveis pequenos»]), tendo em conta o conteúdo do excerto.
[2016, época especial, item do grupo I]
5. Relacione o recurso à
interrogação retórica presente na linha 16 [«Qui devorant plebem
meam, ut cibum panis. Parece-vos bem isto, peixes?»] com a intenção crítica do pregador
presente nas linhas que se lhe seguem.
Cenário
de resposta do item 1 do exame de 2016, 1.ª fase
As antíteses expressam a
oposição entre os valores ensinados aos filhos (valentia, justiça, lealdade) e
a realidade político-social, na qual vinga quem é cobarde, injusto e desleal.
Deste modo, Matilde põe em evidência a hipocrisia instalada na sociedade, que
aparenta defender determinados valores, mas promove quem não os pratica.
Na sequência da reflexão anterior, Matilde interroga-se ironicamente sobre a necessidade
de se ensinar a viver em conformidade com a hipocrisia a fim de alcançar a paz
e a felicidade, ainda que tal signifique uma vida pautada pela alienação, pelo
conformismo e pela indignidade.
Cenário de
resposta do item 4 do exame de 2016, época especial
A metáfora «São o pão quotidiano dos grandes» (linhas 12 e 13) associa
os «pequenos», os socialmente frágeis, ao pão. Assim, tal como o pão acompanha
sempre os outros alimentos, também o povo é alimento constante para os
poderosos.
Através da metáfora, o orador sublinha, por um
lado, a insaciável ganância dos poderosos e, por outro, a vulnerabilidade dos
pequenos, submetidos a uma exploração sem tréguas.
Cenário
de resposta do item 5 do exame de 2016, época especial
Com o recurso à interrogação retórica, o orador conduz
o auditório à tomada de consciência de que a exploração dos «pequenos» por
parte dos poderosos é um comportamento condenável.
Assumida esta condenação por parte do auditório,
Vieira acusa-o de ter, também ele, um comportamento em tudo semelhante ao anteriormente
apontado.
Freitaslobice |
Figura(s) de estilo |
Courtois: um pássaro
gigante que apareceu a voar. |
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Penteia a bola e acaricia-a. |
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Jogada construída e
inventada pelo caldeirão do feiticeiro Hazard. |
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Dois
braços e quatro pernas — mas haverá quem jure ter visto quatro pernas e
quatro braços. |
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Olhos de matador, dentes
de coelho. |
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Há a
velocidade da luz, há a velocidade do som e há velocidade de Robben. |
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Valbuena, o Astérix de
cabelo curto. |
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Neste momento, na
Austrália, estão todos os cangurus aos saltos. |
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À medida que arrancava,
ia ultrapassando a população russa. |
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Não tem nenhuma hipótese
de ganhar um concurso de beleza. |
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É um poema de futebol em
velocidade. |
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A forma de perder tem de
ser igual à de ganhar e vice versa. |
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Enquanto estiveres a ver o filme Língua — vidas em português, vai preenchendo os espaços que estão
sublinhados {para consulta aqui no blogue: a versão do filme que uso em cima
não está montada como o filme que vimos em aula; se bem percebo, as cenas estão
justapostas em ordem diferente}:
País,
Cidade Personagem / Ocupação |
Variedade
geográfica, social, situacional |
Características
(que exemplificam algum tipo de variação) |
Índia, Goa (Panjim) Rosário / padeiro |
Português ainda sobrevive, mas num contexto em
que outras _____ predominam |
Interferências do inglês («Eu prefer»). |
Portugal, Lisboa Belarmindo / guarda- |
Variante ______ do português; dialeto de _____ {Lisboa / Beira / Alentejo} |
«tem que» (por «tem de»). |
Brasil, Rio de Janeiro Márcio / vendedor de rua |
Variante _______ do português, num socioleto
_____ {popular / culto}, em contexto
relativamente _____ {formal / informal}.
|
Sintaxe: próclise («____ chama»); «nessa manhã» (por ‘____ manhã’);
Léxico: «bala» (‘guloseima’). Fonética: palatalização de t:
«tris[txi]» («triste»); ditongação em «ma[i]s» («mas»). Tratamento: você + ____ pessoa. |
Moçambique, Maputo Mia [Couto] / escritor |
Variante _____ {africana / europeia} do português |
Léxico: «normar»
(‘regulamentar’). |
Índia, Goa (Panjim) Rosário |
Rosário, além de português, fala hindi, inglês,
«arabic». |
Dificuldades no conjuntivo: «talvez faleceu»
(‘talvez _____’). |
Portugal, Lisboa Zulmira e Paulo / reformados |
Dialeto: _______; socioleto: ______. |
Ligeiras hesitações: «niveles» (‘níveis’);
«li[v]erdade» (‘liberdade’). |
Portugal, Lisboa, Belarmindo |
|
|
Moçambique, Maputo Izdine / radialista |
Como se trata de programa de rádio, o meio
______ {oral / escrito} é um tanto
falso: o discurso está preparado e o registo só aparentemente é _______ {formal / informal}. |
Fonética: vocalismo menos
reduzido: «Beir[á]». |
Moçambique, Beira Dinho / estudante |
Variante _______ do português, por parte de
adolescente que terá outra língua materna (talvez uma língua do grupo bantu). |
Sintaxe: «ele» como complemento
direto: «conheço ele» (‘conheço-o’); ênclise nas subordinadas: «quando
desligou-se energia». Léxico: «já»
(por ‘logo’). |
Brasil, Rio de Janeiro Rejane / vendedora de imobiliário |
O registo não pode ser muito _____, já que se
fala com clientes. |
Sintaxe: próclise: «___ perdoe»
(‘perdoe-me’). |
Brasil, Rio de Janeiro Rogério [e Márcio] / pregador |
Socioleto: português popular (com infrações
várias à norma culta brasileira). |
Sintaxe: marcas do plural
simplificadas («essas bala»; «elas pesa»); «mim» como sujeito («para mim
organizar»). Léxico: «tem» (‘há’);
«açougue» (‘talho’). Fonética: epêntese
(«corrup[i]ta»); cr por cl («cic[r]one»); -r omitido («ri» por «____»); vocalismo átono pouco reduzido
(«porqu[ê]» por «porque»). |
Moçambique, Beira Dinho [e Deolinda] |
|
Léxico: «a caminho de mais
velha»; «dar uma mão direita». |
Moçambique, Inhaca Mia Couto |
Tratando-se de escritor inventivo, é difícil
distinguir o que é «neologístico» e o que é devido à variante ______. |
Léxico: «normar»
(‘regulamentar’); «os mais velhos»; «outras» (‘diferentes’). |
Brasil, Rio (Barra da Tijuca) Rejane |
|
Fonética: r final omitido («m[á]» por «_____»); palatalização de t e d («gen[txi]», «ver[dxi]»); ditongações («l[uis]» por «____»). |
Moçambique, Beira, Dinho |
|
Sintaxe: possessivo sem artigo
(«______ duas irmãs»). |
Moçambique, Inhaca, Mia Couto |
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|
Portugal, Lisboa Uliengue e Sofia / estudantes |
Nascidos em Angola e Moçambique. |
Fonética: vocalismo átono menos
reduzido. Sintaxe: ênclise («Todos
os vizinhos _________») em casos de próclise no português europeu. |
Portugal, Lisboa José Saramago / escritor |
Variante _______ do português. Dialeto de ____. |
|
Índia, Goa (Loutolim) Mário e Emiliano / proprietários |
|
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Portugal, Lisboa José Saramago |
Registo formal, mas não demasiado «purista». |
«tinha que» (por «tinha de»). |
Escreve um texto narrativo
(narrativo-descritivo-conversacional) que siga o mesmo tipo de «montagem» do
filme que estivemos a ver. Irás acompanhando, alternadamente, as vidas de
alguns (4 a seis?) falantes de português, criados por ti mas verosímeis (podes,
é claro, inspirar-te em vidas reais), de diversos contextos sociais,
geográficos, ....
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TPC — Estuda o capítulo de gramática sobre ‘Variação e normalização linguística’, que destacarei a verde em Gaveta de Nuvens.
(A p. 6 do anexo do manual também pode interessar.)
Aula 105-106 (11/mar [1.ª, 3.ª]) Correção do trabalho devolvido (feito na aula anterior: redação com narração, em alternância, de «vidas em português»).
Iremos hoje ler poemas de Eugénio
de Andrade, talvez um poeta mais virado para si próprio e para o
amor do que Miguel Torga e Ana Luísa Amaral.
Depois de leres «Adeus», p. 201, mostra como o poema se pode esquematizar em dois
momentos, «antigamente» e «hoje». Comprova ainda que os valores das formas
verbais, em termos de aspeto e de tempo, acompanham esses dois estados de alma
do «eu» e do «tu» do texto. (Escreve a tinta.)
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O trecho do documentário que vamos ver — Eugénio de Andrade. O poeta — inclui uma
declamação, pelo autor, de «As palavras
interditas» (v. p. 205 do manual).
Também ouviremos poemas à mãe (cfr. com o que temos na p. 203 e «Casa
na chuva», p. 204»). {Aqui só consigo reproduzir os primeiros minutos do
documentário}
O último poema de Ariel, de Sylvia Plath, tem o título «Words».
Copio a tradução de Maria Fernanda Borges (Lisboa, Relógio d’Água, 1996):
Palavras
Machados,
Após cada pancada sua a
madeira range,
E os ecos!
São ecos que viajam
Do centro para fora como
cavalos.
A seiva
Brota como lágrimas, como a
Água a esforçar-se
Por recompor o seu espelho
Sobre a rocha
Que pinga e se transforma,
Uma caveira branca
Comida pelas ervas
daninhas.
Anos mais tarde
Encontro-as no caminho —
Palavras secas e
indomáveis,
Infatigável som de cascos no
chão.
Enquanto
Do fundo do charco estrelas
fixas
Governam uma vida.
Embora o tópico seja semelhante
— «palavras interditas» (Andrade) vs.
«palavras» (Plath) —, o foco último de cada um dos poemas talvez não seja o
mesmo:
[Copiámos esta solução:] embora o
contexto exterior pareça dececionar o sujeito lírico de «As palavras
interditas» e remeta, talvez, para situações de guerra ou de falta de liberdade
(«um horizonte de cidades bombardeadas», «hospitais», «[navios] sem nenhum
destino», «este ar que se respira»), percebe-se que — e apesar de dificuldades
postas à comunicação («As palavras que te envio são interditas») — subsiste um
espaço íntimo a que o «eu» se acolhe («Amo-te...»); entretanto, a preocupação
no poema de Sylvia Plath tem mais que ver com as próprias palavras, que já não
são vistas apenas como utensílios da comunicação mas como elementos atuantes,
governando vidas («ecos que viajam», «Anos mais tarde / Encontro-as no
caminho»).
Classifica quanto à função sintática o que
está sublinhado. (Quando os constituintes sublinhados são também uma oração,
dou a sua classificação entre parênteses.)
Sei lá
(Bárbara Tinoco)
Eu sei lá em que dia da semana vamos.
Sei lá qual é a estação do ano. | __________
(subordinada substantiva relativa)
Sei lá — talvez nem sequer queira saber
—, | __________ (sub. subst. completiva
infinitiva)
Eu sei lá porque dizem que estou louca.
| __________ (sub. substantiva completiva)
Sei lá... Já não sou quem fui, sou
outra. | __________ (sub. substantiva relativa)
Sei lá... Pergunta-me amanhã,
Talvez eu saiba responder. | __________
(sub. subst. completiva infinitiva)
E eu juro, eu prometo e eu faço, e eu rezo,
Mas, no fim, o que sobra de mim? |
__________
E tu dizes coisas belas, histórias de
telenovelas,
Mas, no fim, tiras mais um pouco de mim.
Então, força, leva mais um bocado,
Que eu não vou a nenhum lado, | ___________
Leva todo o bom que há em mim,
Que eu não fujo, eu
prometo, eu perdoo e eu esqueço,
Mas, no fim, o que sobra de mim?
Mas tu sabes lá as guerras que eu
tenho! | ___________
Tu sabes lá das canções que eu componho!
Tu sabes lá — talvez
nem sequer queiras saber —,
Mas tu sabes lá da maneira que eu te
amo! | __________
Tu sabes lá... Digo a todos que é
engano. | _________
Tu sabes lá... Pergunto-te amanhã,
| ____________
Mas não vais saber responder.
E eu juro, eu prometo e eu faço, e eu rezo,
Mas, no fim, o que sobra de mim?
E tu dizes coisas belas, histórias de
telenovelas,
Mas, no fim, tiras mais um pouco de mim.
Então, força, leva mais um bocado,
Que eu não vou a nenhum lado.
Leva todo o bom que há em mim, | ____________
(sub. adj. rel. restrit.)
Que eu não fujo, eu
prometo, eu perdoo e eu esqueço,
Mas, no fim, o que sobra de mim? |
___________
Sim, eu juro...
Sim, eu juro...
TPC — Aproveita para ler os textos ensaísticos
e as sínteses (estas estão nas pp. 194, 207, 225) no manual acerca dos três poetas
que temos vindo a analisar (Miguel Torga, Eugénio de Andrade, Ana Luísa
Amaral).
Aula 107-108 (16/mar [1.ª, 3.ª]) Correção do trabalho sobre «Adeus». [solução possível:]
No seu diálogo com um tu a que corresponde
o vocativo «meu amor», o sujeito poético mostra-se desiludido, o que se traduz
sinteticamente em «já gastámos as palavras». Assim, no presente o eu já
desistiu («Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada»), o que fica
realçado por, ao longo do poema, estes momentos de disforia alternarem com
recordações de um passado em que «todas as coisas eram possíveis».
Conotando a anterioridade mas também a
duração de um tempo que parecia glorioso, as alusões ao passado assentam em
formas verbais do imperfeito («Antigamente tínhamos», «dava», «tinha»,
«dizias», «acreditava», «era um aquário», «eram peixes verdes», «todas as
coisas estremeciam»). Nos trechos do «hoje», marcado pelo ceticismo, predominam
verbos no Presente do Indicativo (que remete para a inconsequência, para o
despojamento — «não temos», «já não se passa absolutamente nada», «são apenas
[...] uns olhos como todos os outros»; «não encontro nada») e no Pretérito
Perfeito (que assinada a perda, a irreversibilidade associável ao aspeto
perfetivo; «já gastámos», «já te disse: as palavras estão gastas»).
Vai lendo «Esta coisa
obscura que é ser português» (pp. 237-238), uma apreciação crítica de Clara
Ferreira Alves a O ano da morte de
Ricardo Reis, de José Saramago, e circunda a melhor alínea de cada item.
(Em raros casos, o conhecimento da obra de Saramago pode facilitar a resposta,
mas, no essencial, só estará em causa a leitura deste texto de recensão.)
O
ano da morte de Ricardo Reis
é um livro cheio «de autores e atores acotovelando-se com o autor» (ll. 3-4),
porque
a) os vários heterónimos de Pessoa são
também personagens.
b) a intertextualidade com outras obras é
nele decisiva.
c) Alberto Caeiro e Ricardo Reis são os
protagonistas.
d) Fernando Pessoa e Ricardo Reis são os
heróis do livro.
Quanto a O ano da morte de Ricardo Reis, a cronista (ll. 4-5)
a) hesita em considerá-lo o romance
português mais importante a seguir a Os
Maias.
b) não tem dúvidas de que se trata do
romance português mais importante a seguir a Os Maias.
c) não sabe de que trata o livro, o que a
faz considerá-lo o romance mais importante depois de Os Maias.
d) não consegue dizer, de repente, se é o
melhor romance português depois de Os
Maias.
«um que escreve e um que é pelo outro
descrito» (ll. 6-7) correspondem, respetivamente, a
a) Ricardo Reis e Fernando Pessoa.
b) Ricardo Reis e José Saramago.
c) Fernando Pessoa e Ricardo Reis.
d) José Saramago e Ricardo Reis.
«Quando o livro começa» (l. 8) é
a) modificador de frase.
b) modificador do grupo verbal.
c) predicado.
d) complemento oblíquo.
Quando Ricardo Reis regressa (ll. 10-11),
a) Pessoa morrera há pouco.
b) Pessoa ainda é vivo, embora acabe por
morrer no final desse ano.
c) Saramago ainda não não nascera.
d) Saramago já morrera.
Os pronomes pessoais na l. 13 desempenham
as funções de
a) complemento direto, complemento
indireto.
b) complemento indireto, complemento
direto.
c) complemento direto, complemento direto.
d) complemento indireto, complemento
indireto.
«onde se perfilam estátuas de gigantes»
(ll. 15-16) é uma oração subordinada
a) substantiva relativa.
b) substantiva completiva.
c) adjetiva relativa explicativa.
d) adjetiva relativa restritiva.
O «brônzeo Pessoa ainda não acolhia
turistas e criancinhas ao Chiado» (l. 19) significa que
a) ainda não havia tantos turistas em
Lisboa como hoje.
b) ainda não fora construída a escultura de
Pessoa na Brasileira do Chiado.
c) Pessoa ainda não era famoso, pelo que a
estátua na Brasileira ainda era pouco conhecida.
d) Pessoa, sempre bronzeado pelo sol, pouco
ia ao Chiado por esses dias.
«ainda não acolhia» (l. 19) tem os valores
(aspetual e temporal)
a) imperfetivo; de simultaneidade.
b) perfetivo; de anterioridade.
c) imperfetivo; de anterioridade.
d) perfetivo; de posterioridade.
Pessoa «aparece e desaparece num quarto do
Hotel Bragança» (l. 21) quer dizer que
a) Reis (Pessoa) nem sempre está no seu
quarto.
b) Fernando Pessoa, por vezes, visita
Ricardo Reis.
c) Pessoa vivia nesse quarto de hotel,
saindo, por vezes, para visitar Reis.
d) os vários heterónimos de Pessoa iam
visitando Reis.
Em «prefigurando a guerra que há de vir»
(ll. 30-31) o valor temporal é de
a) anterioridade.
b) futuro.
c) simultaneidade.
d) posterioridade.
O referente do pronome pessoal na l. 34 é
a) o imperador Salazar.
b) Portugal.
c) o Estado Novo.
d) Adolfo Coelho.
«[o] homem neutro, que observa o espetáculo
do mundo» (l. 35) é
a) um moço chamado Adolfo.
b) Hitler.
c) Salazar.
d) Ricardo Reis.
No final do 4.º parágrafo (l. 36), percebemos que
a) o livro talvez se devesse intitular O ano da morte de Fernando Pessoa.
b) o ano da morte a que se reporta o livro é o da
morte de Fernando Pessoa.
c) a história se passa sobretudo em outro ano que
não o da morte de Fernando Pessoa.
d) Ricardo Reis morreu em 1935.
As formas verbais nas linhas 37-38 («desliza»,
«acoita-se», «desobriga») têm valores temporal e aspetual de
a) anterioridade, perfetivo.
b) simultaneidade, imperfetivo.
c) simultaneidade, genérico.
d) posterioridade, habitual.
Em «Não perca a festa no Jockey Clube para fazer
bem aos ribatejanos inundados» (ll. 39-40), «para fazer bem aos ribatejanos
inundados» desempenha a função sintática de
a) modificador do grupo verbal.
b) modificador de frase.
c) complemento oblíquo.
d) complemento do adjetivo.
Em «O narrador espera que não morram de fome
antes» (ll. 40-41), a oração subordinada é
a) substantiva relativa.
b) substantiva completiva.
c) adjetiva relativa restritiva.
d) adjetiva relativa explicativa.
«o de Portugal e o de uma Europa a ferver» (ll.
44-45) desempenha a função sintática de
a) modificador restritivo do nome.
b) predicativo do sujeito.
c) modificador apositivo do nome.
d) complemento direto.
O período «Neste livro de Saramago estão todos os
livros que se seguiram» (l. 48) implica um ato ilocutório
a) compromissivo.
b) declarativo.
c) assertivo.
d) expressivo.
«que se seguiram» (l. 48) é
a) oração adjetiva relativa apositiva e
modificador apositivo do nome.
b) oração adjetiva relativa restritiva e
modificador restritivo do nome.
c) oração substantiva relativa e complemento
direto.
d) oração substantiva completiva e complemento
direto.
«Dicionário
Português-Manuelmachadês» (da série Diz
que é uma espécie de magazine) caricatura a linguagem de alguém do meio
desportivo. O tipo de discurso designado como «manuelmachadês» caracteriza-se
pela complexificação da sintaxe e do léxico, por pretensiosismo do enunciador.
Essa exibição de linguagem empolada acaba por prejudicar a clareza da mensagem.
Quais
são os recursos expressivos (as _______
de estilo) usados por Manuel Machado e que resultam no tal estilo complicativo?
Não são muitos. Em geral, pode dizer-se que se socorre de perífrases
(circunlóquios; isto é, diz em muitas palavras o que poderia ser dito em
poucas). Vendo mais de perto, essas perífrases resultam de:
(1)
troca de palavras/expressões por outras suas sinónimas mas de registo
mais cuidado (nestes casos, pode surgir uma ou outra expressão com origem
em metáfora);
(2)
troca de palavras/expressões por outras mais abrangentes, ou mesmo inadequadas,
por eufemismo (evitando ‘ferir
suscetibilidades’).
{Completa
a tabela, registando 1 ou 2 na coluna da direita.}
sentido denotativo |
manuelmachadês |
recurso |
como ganhámos, fizemos
bem em jogar assim |
a pontuação obtida, de
alguma maneira, ratifica as opções tomadas |
|
corrigiu os erros |
retificou alguns
procedimentos que tinha denunciado como deficitários |
|
uma estratégia atacante |
uma estratégia que não pressupunha
uma metodologia muito defensiva |
|
fim do jogo |
parte terminal do
encontro |
|
últimos lugares do
campeonato |
lugares da parte terminal
da tabela |
|
o árbitro decidiu mal |
o
critério disciplinar foi extremamente agudo |
|
não digo que o árbitro
seja desonesto |
nada
do que eu disse vai no sentido de melindrar essa cidadania e os seus
direitos, tudo o que eu disse é contextualizado a um processo desportivo |
|
tentar não perder o jogo |
obstar
a que o Porto leve os pontos em disputa |
|
Na
última fala — «este tipo que andou no meio do terreno não presta» —, o
inesperado é Machado não ter recorrido a um ______ que adocicasse a crítica ao
árbitro.
Reproduzem-se
algumas estrofes da tradução — por Maria Fernanda Borges — do poema «Daddy» (Sylvia Plath, Ariel, Lisboa, Relógio d’Água, 1996
[original inglês: 1965]), que ouviremos também no filme Sylvia.
Paizinho
Já não serves, já não serves
Nunca mais, sapato preto,
No qual tenho vivido como
um pé
Durante trinta anos, pobre
e branca,
Mal me
atrevendo a respirar ou a dar um Atchim.
Paizinho, tinha de ser eu a
matar-te
Mas morreste antes de eu
ter tido tempo —
Pesado
como mármore, um saco cheio de Deus,
Estátua lívida com um dedo do
pé cinzento
Grande como uma foca de S.
Francisco
Com a cabeça no caprichoso
Atlântico
Onde o verde-feijão se
derrama sobre o azul
Nas águas da maravilhosa
Nauset.
Costumava rezar para te
recuperar.
Ach, du.
Na língua alemã, na vila
polaca
Reduzida a nada pelo
cilindro
Da guerra, da guerra, da
guerra.
Mas o nome da vila é
vulgar.
O meu amigo polaco
Diz-me que há uma dúzia ou
duas.
E por
isso nunca lhe soube dizer onde é que tu
Puseste o teu pé, onde as
tuas raízes,
Nunca pude falar-te.
A língua prendia-se no
maxilar.
[...]
Se já
matei um homem também posso matar dois —
O vampiro que disse que
eras tu
E que bebeu o meu sangue
durante um ano,
Sete anos, se queres saber.
Paizinho, agora podes
voltar a deitar-te.
Tens uma
estaca nesse teu gordo coração negro
A gente da aldeia nunca
gostou de ti.
Dança e bate o pé em cima
de ti.
Sempre souberam que foste tu.
Paizinho, paizinho, meu
sacana, acabou-se.
Contrasta
a perspetiva, sobre pai e mãe, do poema de Plath e do texto de Eugénio de Andrade
(na p. 203; não deixes de atentar na explicação em «Antes de ler»).
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TPC — Lê a ficha corrigida sobre ‘Étimo,palavras convergentes e divergentes’, que porei em Gaveta de Nuvens.
Aula 109R-109 (17/mar [3.ª]; na turma 1.ª esta aula ficará para outra altura) Temos andado a rever, uma a uma, as classes de palavras. Vejamos a dos Advérbios, uma classe {escolhe} aberta/fechada. Depois, vamos associar uma das suas subclasses, a dos advérbios de frase, à função sintática que desempenha, a de modificador de frase.
Costuma dizer-se que os advérbios qualificam verbos
(como os adjetivos qualificariam, modificariam, os nomes). Não é uma verdade
exata, como se verá a seguir. As frases que usarei como exemplos são de
«Advérbios de modo não combinam com amor» (série Zé Carlos). Completa as
lacunas com advérbio, frase, verbo, adjetivo.
Em «Você é jovem e moderadamente bela», o advérbio
«moderadamente» modifica o ____ «bela». Identicamente, em «você me deixou
completamente ***», o _____ «completamente» está a modificar o adjetivo
eufemisticamente traduzido por ***.
Em «Efetivamente, gosto de aparências», o ___
«efetivamente» modifica toda uma frase («gosto de aparências»). Tal como em
«Contrariamente ao que dizem, nunca pus os pés no Finalmente» o grupo adverbial
«contrariamente ao que dizem» modifica a ____ «nunca pus os pés no Finalmente».
Mas é verdade que o caso mais comum será o de o
advérbio modificar o grupo verbal. Em «Gosto extremamente de você»,
«extremamente» modifica «gosto (de você)». Em «Qual é o mal de falar
precisamente?» e em «Eu falo assim», os advérbios «precisamente» e «assim»
reportam-se ao _____ que os precede.
Os advérbios podem até modificar outros advérbios.
No sketch não há nenhum caso desses,
mas, por exemplo, em «Ricardo Araújo Pereira canta pouco afinadamente», o
______ «pouco» reporta-se ao advérbio «afinadamente».
Vejamos as subclasses
do advérbio. Teremos de ir experimentando as classificações a pouco e pouco
(por sinal, este «a pouco e pouco» é uma locução adverbial).
Completa com predicado,
frase, conectivo, negação, quantidade/grau, inclusão/exclusão:
Em «Principalmente,
a tendência que eu tenho para adverbiar», «principalmente» é um advérbio ______
(tem função de conexão, serve para ligar frases ou constituintes).
Já vimos advérbios de _______: «falar com
modificadores verbais persistentemente»;
«falar precisamente»; «eu falo assim»; «nunca pus os pés no Finalmente».
E advérbios de ______: «Efetivamente, gosto de aparências».
Em «Escolheu um cara que, estupidamente, somente
adjetiva», «somente» é advérbio de _____ (enquanto «estupidamente», que se
reporta a «somente adjetiva», é um advérbio de predicado).
Em «Eu gosto extremamente
de você», teríamos um advérbio de ______.
Por fim, em «Advérbios de modo não combinam com amor», «não» é advérbio de _______.
Refira-se ainda uma característica dos advérbios em
«mente» com que, a certa altura, se brinca na canção: a possibilidade de, em
séries, se omitir o «mente» dos primeiros advérbios: «estudarei gramática abnegada e esforçadamente».
Só que os Gato Fedorento usam uma série demasiado
grande, por isso implausível: «E me deixou, designadamente,
nomeada, exata e mormente,
completamente ...» (além de que o primeiro elemento da série não teria o
«mente», só o último).
Na sua tradução portuguesa (Divertida-mente), o título do filme Inside out recorda-nos as características da formação de boa parte
dos advérbios de modo. Com efeito, os advérbios de modo terminados em –mente correspondem a adjetivo (no
feminino) + sufixo –mente. Ora este
«-mente» é o latino mente-, que
significava ‘mente’ (‘faculdade intelectual’, ‘espírito’, ‘pensamento’). Um
advérbio de modo em «mente» significa, etimologicamente, ‘de mente
divertida/triste/alegre/etc.’). O filme trata do funcionamento do cérebro de
modo divertido, por isso o título português foi muito feliz, foi criado
engenhosamente (isto é, ‘com mente engenhosa’).
Os advérbios de frase equivalem às palavras
que servem de modificadores de frase (para termos todos os possíveis
modificadores de frase, faltariam só certas expressões — «com efeito», «na
realidade», etc. — e as orações concessivas e condicionais).
Regressemos
então às funções sintáticas, para vermos melhor os Modificadores de frase, fazendo este exercício tirado do Caderno de atividades (p. 45):
1. Sublinha, em cada um
dos exemplos, os respetivos
modificadores de frase.
a.
Sinceramente, não esperava isto de ti.
b. Realmente, não há muito mais a dizer.
c. Embora não me agrade, vou fazer o que me
pedes.
d. Infelizmente, não consegui bilhetes para
o espetáculo.
e. Se correres, ainda chegas a tempo.
f. Para minha surpresa, ela cantou muito
bem.
g. Realmente, ando pouco a pé.
h. Embora esteja frio, vou passear à
beira-mar.
i. Francamente, não sei o que queres.
j. Provavelmente, não percebi bem o poema.
k.
Efetivamente, este título é muito longo.
2. Identifica e corrige a única destas
informações que não é verdadeira.
a. O modificador de frase pode ser
suprimido sem que isso afete a gramaticalidade da frase.
b. A função de modificador de frase pode ser
desempenhada por um grupo adverbial, um grupo preposicional ou uma oração
(adverbial concessiva ou condicional).
c. O modificador de frase incide sobre toda
a frase.
d. O modificador de frase é irrelevante,
pois não acrescenta nada ao sentido da frase.
3. Reescreve as frases abaixo transcritas,
substituindo o grupo adverbial constituinte do modificador por outro grupo que
não lhe altere o sentido. [Já resolvi a
primeira.]
a.
Sinceramente, não esperava isto de ti.
> Com sinceridade, não esperava isto de ti.
b.
Realmente, não há muito mais a dizer.
> ______
c.
Francamente, não sei o que queres.
> _____
3.1 Esclarece se, nestas frases, o modificador
introduz uma informação nova ou reforça a ideia transmitida pela frase que
modifica. ________
4. Especifica a noção que cada um dos respetivos modificadores
acrescenta às frases abaixo. [Já respondi
à primeira.]
a.
Provavelmente, não percebi bem o poema.
| Acrescenta
a noção de dúvida.
b.Efetivamente, este título é muito longo.
| ______
5. Redige duas frases em que utilizes, em
cada uma delas, uma oração como
modificador de frase. [Já resolvi a
primeira.]
Ainda que já soubessem tudo sobre
modificadores de frase, hesitaram nas orações.
________________
Copio a seguir os parágrafos finais de Amor
de Perdição, de Camilo
Castelo Branco (uso a edição de Ivo Castro, INCM, 2012, p. 192):
À voz do comandante
desamarraram rapidamente o bote, e saltaram homens para salvar Mariana.
Salvá-la!...
Viram-na,
um momento, bracejar, não para resistir à morte, mas para abraçar-se ao cadáver
de Simão, que uma onda lhe atirou aos braços. O comandante olhou para o sítio
donde Mariana se atirara, e viu, enleado no cordame, o avental, e à flor d’água
um rolo de papéis, que os marujos recolheram na lancha. Eram, como sabem, a
correspondência de Teresa e Simão.
Da família de Simão Botelho
vive ainda, em Vila Real de Trás-os-Montes, a senhora D. Rita Emília da Veiga
Castello Branco, a irmã predileta dele.* A última pessoa falecida, há vinte e
seis anos, foi Manuel Botelho, pai do autor deste livro.
FIM
____________
* Morreu em 1872. (Nota da 5.ª edição).
Comprova que nas últimos parágrafos de Amor de Perdição há várias marcas que
evidenciam o processo de enunciação e o contexto familiar que inspirou o
romance (relativas a autor, e seus destinatários, e a personagens que são
parentes do autor).
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Pedro Silva, Elsa Cardoso, Rita
Mendes, Sónia Costa, Rita Correia, Expressões,
10.º ano, Porto, Porto Editora, 2010, p. 302:
Classifica as orações sublinhadas.
Eu Não Sei Quem Te Perdeu
(Pedro Abrunhosa)
Quando
veio, ___________
Mostrou-me as mãos vazias, Subordinante
As mãos como os meus dias,
Tão leves e banais.
E
pediu-me
Que lhe
levasse o medo, _______________
Eu
disse-lhe um segredo:
Não
partas nunca mais.
E dançou,
Rodou no
chão molhado,
Num beijo
apertado
De barco
contra o cais.
E uma asa
voa
A cada
beijo teu.
Esta
noite sou dono do céu
E eu não
sei quem te perdeu. _______________
Abraçou-me, _____________
Como se
abraça o tempo, _______________
A vida
num momento,
Em gestos
nunca iguais.
E parou,
Cantou
contra o meu peito _______________
Num beijo
imperfeito
Roubado
nos umbrais.
E partiu
Sem me
dizer o nome,
Levando-me
o perfume
De tantas
noites mais.
E uma asa
voa
A cada
beijo teu.
Esta noite sou dono do céu ________________
E eu não
sei quem te perdeu. ________________
Esta música é dedicada a todos
os que amam,
_______________
porque quem ama tem medo de perder. ______________
Subordinada substantiva relativa ______________
E eu gostava _______________
que vocês hoje fossem a minha voz Subordinada substantiva
completiva
E uma asa
voa
A cada
beijo teu.
Esta
noite sou dono do céu
E eu não
sei quem te perdeu.
TPC — Vê as classes de palavras (e,
particularmente, a dos advérbios) em Gaveta de Nuvens, «Classes de palavras».
Aula 110-111 (18/mar [1.ª, 3.ª]) Correção do questionário de compreensão sobre apreciação crítica de Clara Ferreira Alves (cfr. Apresentação).
O quadro seguinte resume os Processos
fonológicos (também chamados, por vezes, fenómenos, ou acidentes, fonéticos).
Os exemplos que pus são quer da variação geográfica e social do
português, quer da diacronia (dentro do português e do
latim ao português). No manual, a p. 4 do anexo ocupa-se desta matéria.
Como vimos nas duas entrevistas recuperadas
em «Diz que é uma espécie de magazine...», as palavras atuais também sofrem
alterações fonéticas, tal como aconteceu ao longo do percurso entre latim e
português do século XXI. Vai lendo e completando.
* = forma incorreta || arc. = forma arcaica (antiga) || pg. =
português || ingl. = inglês || étimo latino
de |
para |
houve |
que podemos descrever assim |
pílula |
*pírula |
dissimilação |
evita-se a semelhança que
havia entre dois sons. Neste caso particular, um dos sons [l] passou a __. |
fizeram-lo (arc.) |
fizeram-____ |
_____ |
ao contrário do que
acontece na dissimilação, na assimilação
um som aproxima-se das características dum som vizinho. Por exemplo, o
pronome (lo) passa a ligar-se ao
verbo por uma consoante nasal (n),
porque assim se assemelha ao som nasal da última sílaba do verbo. |
_____ |
*câmbria |
metátese |
houve a transposição do i da primeira sílaba para a segunda
(há uma metátese quando um som
muda o seu lugar dentro da palavra). |
crudu |
cruu (arc.) |
_____ |
síncope é a perda de um som a meio da palavra. Neste caso, uma
consoante que havia na palavra latina «crudu», -d-, desapareceu na palavra portuguesa arcaica «cruu» (que
aliás, depois, ainda evoluiria para «cru»).
|
cruu (arc.) |
cru |
crase |
a crase é a contração de vogais num único som. |
a + a; a + as |
à; às |
_____ |
a contração da preposição
«a» com o _____ definido «a» e «as» é a crase mais frequente. |
tio |
*tiu |
sinérese |
tal como a crase, a sinérese também contrai duas ____, só
que tornando as duas vogais num ditongo (neste caso: i-o > iu). |
sic |
si (arc.) |
_____ |
apócope é a perda de um som ou sílaba finais. No exemplo, a palavra
latina «sic» veio a dar «si» (que, depois, evoluiu para sim). |
Alandroal |
*Landroal |
aférese |
aférese é a perda dos sons do
_____ de uma palavra. |
você |
cê |
_____ |
esta pronúncia pode acontecer
no Brasil. |
portanto |
*ptanto |
_____ |
o autarca que ouvimos não
pronunciava um som a meio da palavra. |
precisamente |
*samente |
_____ |
o médico que ouvimos
omitia o início do advérbio. |
______ |
*iguinorante |
epêntese |
a epêntese é o desenvolvimento de um som a meio da palavra. Neste
caso, a vogal inserida, i, desfez
um grupo que não é natural no português, gn,
criando uma sequência mais conforme ao nosso padrão (estas epênteses são
comuns no Brasil). |
pneu |
*peneu |
_____ |
de novo um grupo de
consoantes demasiado erudito (-PN-) a ser desfeito pela inserção de uma vogal
(em Portugal, produzimos um e; os
brasileiros podem inserir um i
[*pineu]). |
______ |
*céquisso (no pg. do
Brasil) |
epêntese |
aqui o par de consoantes
desfeito foi o que existia escondido na letra <x>, os sons ks. |
sport (ingl.) |
esporte |
_____ |
o
desenvolvimento de um som no início da palavra é uma prótese. Os brasileiros costumam fazer esta adaptação aos
empréstimos começados por s-
seguido de consoante (snob > esnobe), enquanto em Portugal é mais
comum a manutenção da sequência estrangeira (snob). |
mora |
amora |
_____ |
a palavra portuguesa que
descendeu da palavra latina _____ tem um som inicial que não havia no seu
étimo. |
alguidar |
*alguidare |
_____ |
a paragoge é o desenvolvimento de som no final da palavra. É comum
na pronúncia alentejana. |
estar |
*______ |
_____ |
a não ser em situações
formais, raramente dizemos a primeira sílaba das formas do verbo «estar» (na
escrita temos de ter cuidado!). |
ski (ingl.) |
esqui |
_____ |
na adaptação do
anglicismo ao português acrescentou-se um som no _____ da palavra. |
______ |
*segundária |
sonorização |
este erro, que vejo em
redações, comprova a tendência para, em certos contextos, as consoantes
surdas passarem a sonoras. |
Completa esta cábula do que estivemos a ver
(pode ser útil a p. 4 do anexo):
Processos fonológicos
adição (inserção de sons)
no princípio: _______
no meio: _______
no final: _______
supressão (perda de sons)
no princípio: _______
no meio: _______
no final: _______
alteração (mudança de sons)
aproximação, em termos de semelhança, a um
som vizinho: _______
diferenciação relativamente a um som
vizinho: ______
contração de duas vogais numa só: ______
contração de duas vogais num ditongo:
______
passagem de uma consoante surda a sonora:
_______
evolução para um som palatal: palatalização
transformação de uma consoante em vogal: vocalização
enfraquecimento de uma vogal em posição
átona: redução vocálica
transposição
passagem de um som para outro ponto da
palavra: _______
Itens com funções sintáticas em exames
nacionais dos últimos tempos
2019,
1.ª fase
[trecho do texto que era usado:]
Temos de ser capazes
de perceber que tal e tal caminho não nos conduzem na direção ambicionada, ou
que tal e tal combinação de palavras, cores ou números não se aproxima
da visão intuída na nossa mente. Recordamos com orgulho os momentos em que
os nossos inspirados Arquimedes gritam «Eureca!» no banho; somos menos
propensos a recordar os muitos mais momentos em que eles, como o pintor
Frenhofer da história de Balzac, olham para a sua obra-prima desconhecida e
dizem: «Nada, nada!... Não terei produzido nada!».]
6. Identifique
as funções sintáticas desempenhadas pelas expressões:
a) «de palavras,
cores ou números» (linhas 17 e 18);
b) «os momentos em que os nossos inspirados Arquimedes gritam “Eureca!” no
banho» (linhas 18 e 19).
6. a) __________; b) __________
2019, 2.ª fase
[trecho do texto que era usado:]
Esta é uma
pergunta minha também. O meu desejo. E aqui, sentado a esta mesa cheia de
papéis, escrevo isto comovidamente.
[...] não via a
Gija desde os cinco anos, portanto há cerca de vinte e de súbito ela estava
ali, no meio das tais pessoas a olharem, gorda, de cabelos brancos e (como se
explica isto?) soube logo que aquela pessoa era ela.
6. Identifique
as funções sintáticas desempenhadas pelas expressões:
a) «de papéis»
(linha 16);
b) «que aquela
pessoa era ela» (linha 29).
6. a) _________; b) _________
2018, 1.ª fase
[trecho do texto que era usado:]
Assim, o termo
ganhou uma extensão invulgar que as metáforas ainda alargaram mais. Ora,
em semântica, é regra fundamental que o significado é o uso. Dito de outro
modo: para se saber o que significa uma palavra ou uma expressão, analisa-se o
contexto em que é usada. E, santo Deus!, quão vastos são os contextos de
«saudade» na nossa cultura. Usa-a o fado em letras sobre amores destroçados que
recordam momentos de idílio em comum;
6. Identifique
as funções sintáticas desempenhadas pelo pronome relativo «que»:
a) na linha 20;
b) na linha 24.
6. a) _________; b) _________
2018, 2.ª fase
[trechos do texto que era usado:]
[...] Não
consegue, sobretudo, fazer despontar nos indivíduos uma chama que vá além do
mero bem-estar, um ideal que supere o horizonte de uma melhor distribuição dos
rendimentos.
[...] É certo que
estas coisas ainda existem, mas são condenadas e combatidas como nunca o
foram no passado.
6. Identifique
as funções sintáticas desempenhadas pelas expressões:
a) «dos rendimentos»
(linhas 14 e 15);
b) «que estas
coisas ainda existem» (linha 27).
6. a) _________; b) _________
Relanceia os cinco poemas de
Eugénio de Andrade na p. 200. Escreve texto em prosa (literária) — narrativo,
descritivo, conversacional — que inclua um verso de cada um dos poemas. Cada
verso ficará sublinhado no teu texto, que não tem de ter uma conclusão (pode
tratar-se de um excerto de narrativa maior), mas deve parecer natural. Só a
maiúscula inicial dos versos pode ser alterada (para minúscula).
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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TPC — Em Gaveta de Nuvens, revê
‘Processos fonológicos’, lendo capítulo de gramática e ficha corrigida n.º 13
do Caderno de Atividades.
Aula 112-113 (22 [1.ª] 23/mar [3.ª]) Resolve estas perguntas de um exame de 12.º ano já antigo (2007, 1.ª fase), aproveitando o que já lancei nas respostas. Não deixes de ler as perguntas, é claro.
Grupo I — Parte A
Leia,
atentamente, o texto a seguir transcrito.
Acordo de noite, muito de noite,
no silêncio todo.
São
— tictac visível — quatro horas de tardar o dia.
Abro
a janela diretamente, no desespero da insónia.
E,
de repente, humano,
5 O
quadrado com cruz de uma janela iluminada!
Fraternidade
na noite!
Fraternidade
involuntária, incógnita, na noite!
Estamos
ambos despertos e a humanidade é alheia.
Dorme.
Nós temos luz.
10 Quem
serás? Doente, moedeiro falso, insone simples como eu?
Não
importa. A noite eterna, informe, infinita,
Só
tem, neste lugar, a humanidade das nossas duas janelas,
O
coração latente das nossas duas luzes,
Neste
momento e lugar, ignorando-nos, somos toda a vida.
15 Sobre
o parapeito da janela da traseira da casa,
Sentindo
húmida da noite a madeira onde agarro,
Debruço-me
para o infinito e, um pouco, para mim.
Nem
galos gritando ainda no silêncio definitivo!
Que
fazes, camarada, da janela com luz?
20 Sonho,
falta de sono, vida?
Tom
amarelo cheio da tua janela incógnita...
Tem
graça: não tens luz elétrica.
Ó
candeeiros de petróleo da minha infância perdida!
Álvaro de Campos, Poesia, Lisboa, Assírio & Alvim,
2002
Apresente, de forma bem estruturada, as
suas respostas aos itens que se seguem.
1. Identifique os sentimentos do
“eu” expressos nas três primeiras estrofes.
2.
Refira as sensações representadas no poema, transcrevendo os elementos do texto
em que se fundamenta.
3.
Apresente uma interpretação possível para o seguinte verso: “O coração latente das nossas duas luzes” (v.
13).
4.
Comente o sentido da apóstrofe do último verso, tendo em conta a globalidade do
poema.
______
moedeiro falso: pessoa que falsifica
moeda.|| insone: pessoa
que tem insónias.
1. Os sentimentos do sujeito poético expressos nas
três primeiras estrofes são o “desespero”, ou contrariedade, pela ‘insónia” que
o afeta a meio da noite (v. 3); a surpresa e alguma satisfação ou consolo, ao
deparar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . .; e algum interesse e até fraternidade para com . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
2.
No poema estão representadas sensações visuais nos versos “O quadrado com cruz
de uma janela iluminada!” (v. 5),
“Tom amarelo cheio da tua janela incógnita...” (v. 21) e nas referências à luz
nos versos 9, 13, 19 e 22. Estão também presentes sensações auditivas — . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . É de registar, ainda,
a presença de sensações táteis no(s) verso(s) . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Finalmente, no
verso 2, há uma sobreposição de sugestões auditivas e visuais, uma sinestesia,
portanto: “tictac visível”.
3. O verso 13 do poema pode significar que . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . .
[Vimos os minutos 43 a 53 deste episódio da História
Essencial de Portugal:]
Sorteio da Liga dos Campeões
Pote
1 — os que tiveram 17,5 ou
mais na leitura expressiva dos poetas do século XX
Turma 1 // Mariana D. (19),
Maria (18,75), Mariana C. (18,25), Andrea (18), Diana (18), Daniel (17,5),
Francisca S.-L. (17,5)
Turma 3 // Madá (18), Pina (18), Mariana
(17,75), Leonor (17,5)
Pote
2 — os que tiveram entre
17,25 e 16,25
Turma 1 // Duarte (17,25), Miguel (17),
Francisco (16,75), João M. (16,75)
Turma 3 // Nuno (17), Tiago (17), Henrique (16,5),
Margarida S. (16,5), Neves (16,25)
Pote
3 — os que tiveram entre
16 e 15,5
Turma 1 // João N. (16), João F. (16),
Ricardo S. (16), Inês (15,75) Nuno (15,75), Sara (15,5)
Turma 3 // Diogo (16), Inês S. (16), Joana
M. (16), João C. (16), Marta (16), Margarida R. (16), Eduardo C. (15,5), Pedro
(15,5)
Pote
4 — os que tiveram 15 ou
menos
Turma 1 // Ricardo M. (15),
Martim (15), Rita (15), Rafa (15), Tomás (15), Diogo (14,75), João C. (14,75),
Tiago (14,75), Francisca P. (14,5), Catarina (14), Ricardo N. (13,5)
Turma 3 // Inês G. (15), Joana
N. (15), João P. (15), Martinho (15), Madalena (14,75), Raams (14,75), Eduardo
H. (14), Miguel (14)
Liga dos Campeões — constituição dos grupos
Grupo A |
Grupo B |
Grupo C |
Grupo D |
1 |
2 |
3 |
4 |
5 |
6 |
7 |
8 |
9 |
10 |
11 |
12 |
13 |
14 |
15 |
16 |
17 |
18 |
19 |
20 |
21 |
22 |
23 |
24 |
25 |
26 |
27 |
28 |
Posteriormente, a classificação resultará
das pontuações de vários «jogos» (leituras). Serão apurados para a fase final
da Liga dos Campeões os quatro primeiros de cada grupo, seguindo-se
eliminatórias (A1 × B4; B1 × A4;
...). Restantes clubes (alunos) ficam apurados para a Liga Europa, nesta se
incorporando também os eliminados nos oitavos da Champions.
O número à direita nas quadrículas serve
para referir os trechos cuja leitura em voz alta devem preparar (começaremos
sexta-feira). Cfr. essa
correspondência — e uns conselhos — no tepecê em Gaveta de Nuvens.
Classifica as
orações sublinhadas:
«Fazes-me falta» (João Pedro Pais)
Se
te fizesse Subordinada __________condicional
Tudo aquilo que me
apetece
As vezes que eu pudesse,
Ias
rir-te de mim. ____________
Mesmo que desse Subordinada
adverbial___________
Para ser tudo o que
parece,
Um
homem não esmorece Subordinante (e Coordenada)
E luta até ao fim. Coordenada ____________
Eu
não me esqueço, Coordenada
És aquilo que conheço, _____________
Tenho
a vida que mereço. Coordenada assindética
Se te perco,
fico tenso Subordinada adverbial _________ ; Subordinante
Porque
és tudo para mim. Subordinada causal
O teu olhar é tão
intenso,
Ainda temos algum
tempo,
Semeio flores no teu
jardim.
Quando tu me pedes,
eu dou, Subordinada adverbial _________
Onde tu me levas
eu vou, Subordinada ___________
Tudo o que me fazes é
bom,
Só eu sei que fazes
falta aqui. Subordinada
substantiva _________
Se tu disseres,
Quantas vezes me
quiseres,
És deusa feita mulher,
Vou dizer-te sempre que
sim.
Se me mostrares
Tudo aquilo que
escondeste, Subordinada adjetiva
__________
O que não deste e
prometeste,
Vou cuidar de ti.
Quando tu me pedes, eu
dou,
Onde tu me levas eu
vou,
Tudo o que me fazes é
bom,
Só eu sei que tu fazes
falta aqui.
Enquanto pudermos dar, Subordinada
adverbial ___________
Termos vontade e
querer,
Mesmo que saibamos
estar,
Já só nos resta fazer.
Podemos ter ideais,
Deixar ser e pertencer,
A isto tu pedes mais,
Eu quero ouvir-te
querer,
Eu quero ouvir-te
querer.
Quando tu me pedes, eu
dou, ____________
Onde tu me levas eu
vou,
Tudo o que me fazes é
bom,
Só eu sei que fazes
falta aqui.
TPC — Para efeitos da
fase de grupos da Liga dos Campeões, prepara a leitura em voz alta dos três
poemas que correspondem ao teu número de sorteio (ver números nas quadrículas da tabela). Ver aqui.
Aula 114R-114 (23 [1.ª], 24/mar [3.ª]) Eis a parte B do Grupo I do exame do ano passado (1.ª fase). Quanto à parte A, os itens 1, 2 e 3 eram sobre um poema de Alberto Caeiro. Na parte C, o item 7 era uma exposição sobre «a emergência de uma consciência coletiva do povo português» em Fernão Lopes.
parte B
Leia os dois textos e as notas. Na resposta
aos itens de 4. a 6., tenha em consideração ambos os textos.
O oficial era moço, talvez
não tinha trinta anos; posto que o trato das armas, o rigor das estações, e o
selo visível dos cuidados que trazia estampado no rosto, acentuassem já mais
fortemente, em feições de homem feito, as que ainda devia arredondar a
juventude.
A sua estatura era mediana,
o corpo delgado, mas o peito largo e forte como precisa um coração de homem para
pulsar livre; seu porte gentil e decidido de homem de guerra desenhava-se
perfeitamente sob o espesso e largo sobretudo militar – espécie de great-coat1
inglês que a imitação das modas britânicas tinha tornado familiar nos nossos
bivaques2. Trazia-o desabotoado e descaído para trás, porque a noite
não era fria; e via-se por baixo elegantemente cingida ao corpo a fardeta parda
dos caçadores, realçada de seus característicos alamares3 pretos e
avivada de encarnado...
Uniforme tão militar, tão nacional,
tão caro a nossas recordações – que essas gentes, prostituidoras de quanto
havia nobre, popular e respeitado nesta terra, proscreveram4 do
exército... por muito português de mais talvez! deram-lhe baixa para os
beleguins5 da alfândega, reformaram-no em uniforme da bicha6!
Não pude resistir a esta
reflexão: as amáveis leitoras me perdoem por interromper com ela o meu retrato.
Mas
quando pinto, quando vou riscando e colorindo as minhas figuras, sou como
aqueles pintores da Idade Média que entrelaçavam nos seus painéis dísticos de
sentenças, fitas lavradas de moralidades e conceitos... talvez porque não
sabiam dar aos gestos e atitudes expressão bastante para dizer por eles o que
assim escreviam, e servia a pena de suplemento e ilustração ao pincel...
Talvez: e talvez pelo mesmo motivo caio eu no mesmo defeito...
Será; mas em mim é
irremediável, não sei pintar de outro modo.
Voltemos ao nosso retrato.
Os olhos pardos e não muito
grandes, mas de uma luz e viveza imensa, denunciavam o talento, a mobilidade do
espírito – talvez a irreflexão... mas também a nobre singeleza de um carácter
franco, leal e generoso, fácil na ira, fácil no perdão, incapaz de se ofender
de leve, mas impossível de esquecer uma injúria verdadeira.
Almeida
Garrett, Viagens na Minha Terra, 2.ª ed., Lisboa, Portugália, 1963, pp.
148-149.
– Meu pai! Não meta este
senhor em maiores trabalhos! – disse Mariana.
– Não tem dúvida, menina –
atalhou Simão; – eu é que não quero meter ninguém em trabalhos. Com a minha
desgraça, por maior que ela seja, hei de eu lutar sozinho.
João da Cruz, assumindo uma
gravidade de que a sua figura raras vezes se enobrecia, disse:
– Senhor Simão, Vossa
Senhoria não sabe nada do mundo. Não meta sozinho a cabeça aos trabalhos, que
eles, como o outro que diz, quando pegam de ensarilhar um homem, não lhe deixam
tomar fôlego. Eu sou um rústico; mas, a bem dizer, estou naquela daquele que dizia
que o mal dos seus burrinhos o fizera alveitar7. Paixões, que as
leve o diabo, e mais quem com elas engorda. Por causa de uma mulher, ainda que
ela seja filha do rei, não se há de um homem botar a perder8.
Mulheres há tantas como a praga, e são como as rãs do charco, que mergulha uma,
e aparecem quatro à tona d’água. Um homem rico e fidalgo como Vossa Senhoria,
onde quer, topa uma com um palmo de cara como se quer, e um dote de encher o
olho. Deixe-a ir com Deus ou com a breca, que ela, se tiver de ser sua, à mão
lhe há de vir dar, e tanto faz andar pra trás como pra diante, é ditado dos
antigos. Olhe que isto não é medo, fidalgo; tome sentido, que João da Cruz sabe
o que é pôr dois homens duma feita a olhar o sete-estrelo9, mas não
sabe o que é medo. Se o senhor quer sair à estrada e tirar a tal pessoa ao pai,
ao primo, e a um regimento, se for necessário, eu vou montar na égua, e daqui a
três horas estou de volta com quatro homens, que são quatro dragões.
Simão fitara os olhos
chamejantes nos do ferrador, e Mariana exclamara, ajuntando as mãos sobre o
seio:
– Meu pai! não lhe dê esses
conselhos!…
– Cala-te aí, rapariga! –
disse mestre João. – Vai tirar o albardão10 à égua, amanta-a, e
bota-lhe seco. Não és aqui chamada.
– Não vá aflita, senhora
Mariana – disse Simão à moça, que se retirava amargurada. – Eu não aproveito
alguns dos conselhos de seu pai. Ouço-o com boa vontade, porque sei que quer o
meu bem; mas hei de fazer o que a honra e o coração me aconselhar.
Camilo Castelo Branco, Amor
de Perdição, edição de Aníbal Pinto de Castro, Porto, Caixotim, 2006, pp.
194-195.
notaS
1 great-coat – espécie de
sobretudo; casaco comprido. || 2 bivaques – modalidade de
estacionamento de tropas em que estas se alojam em tendas de campanha ou
abrigos improvisados. || 3 alamares – cordões metálicos que
guarnecem, pela frente, uma peça de vestuário, de um lado ao outro da
abotoadura. || 4 proscreveram – baniram; afastaram. || 5
beleguins – oficiais de justiça. || 6 uniforme da
bicha – uniforme de aspirante a oficial. || 7 alveitar –
referência a alguém cujo conhecimento assenta na experiência de vida; aquele
que trata de doenças de animais, sem diploma legal. || 8 botar a
perder – deitar a perder. || 9 sete-estrelo – grupo de
estrelas na constelação das Plêiades; as estrelas. || 10 albardão
– sela grande; assento grosseiro que se coloca no dorso da cavalgadura para a
montar.
* 4. O «oficial» e Simão apresentam características que permitem
defini-los como heróis românticos. Explique o modo como uma dessas
características, comum a ambas as personagens, se manifesta em cada uma delas.
Na sua resposta, comece por identificar a característica comum às personagens.
* 5. O narrador, num caso, e João da Cruz, no outro, exprimem
opiniões sobre o que observam no mundo em que vivem. Explicite uma opinião
defendida por cada um deles.
6.
Selecione a opção de resposta adequada para completar as afirmações abaixo
apresentadas.
Nos excertos transcritos, é
possível identificar características das narrativas do Romantismo.
Por exemplo, no excerto de Viagens
na Minha Terra, o narrador interrompe o retrato da personagem para
introduzir reflexões. Terminadas essas reflexões, afirma «Voltemos ao nosso
retrato.» (linha 25), expressão através da qual se dirige _______.
Por seu lado, no excerto de
Amor de Perdição, é percetível a diferença de classe social das
personagens, entre outros aspetos, através ______.
(A) às leitoras … do registo
de língua usado por João da Cruz
(B) ao «oficial» … da altivez
revelada por Simão
(C) às leitoras … da altivez
revelada por Simão
(D) ao «oficial» … do registo
de língua usado por João da Cruz
Vimos estes
minutos de episódios de 1986:
https://www.rtp.pt/play/p4460/e599390/1986
(episódio 9: 3-3.40; 5.40-8)
https://www.rtp.pt/play/p4460/e599399/1986 (ep. 10: 3.20-11; 18.30-20.35)
https://www.rtp.pt/play/p4460/e599407/1986
(ep. 12: 32.10-33)
https://www.rtp.pt/play/p4460/e599408/1986
(ep. 13: 35.20-40)
1986 — Patrícia (e Sérgio) |
Amor de Perdição — Mariana (e Simão) |
Há mensagens
de paixão não assumida |
|
Por exemplo, os escritos nas ____
da então Escola Secundária de Benfica. |
Por exemplo, o ____ de Mariana ao
ver o sangue de Simão. |
Outros, sem
querer, adivinham a paixão escondida |
|
Depois de assistir a uma discussão
entre Sérgio e Patrícia, Tiago comenta: «Vocês parecem um casal de ______». |
Depois de a filha desmaiar, João
da Cruz assinala, brincando, a sua exagerada ______ perante a ferida de
Simão. |
Pais são
adjuvantes |
|
Pai de Sérgio, representado por
Nuno Markl, transporta mesa depois de convencer direção da Escola Secundária
de Benfica de que se tratava de expediente para, mais tarde, melhorar o
mobiliário do importante _______ de ensino. |
João da Cruz, ao valorizar a filha
relativamente às «fidalgas», ao dar-lhe o encargo de apoiar o enfermo,
favorece proximidade de Mariana e Simão. Além disso, depois de assassinado o
ferrador, é a ______ que vai ajudar Mariana a consagrar-se ao apoio a Simão. |
As
apaixonadas são como irmãs ou colegas, dedicam-se ao seu amor sem exigir reciprocidade |
|
Coleção de cromos, despiques sobre
gostos musicais ou sobre o Jornal do Incrível mostram que Patrícia
aceita desempenhar esse papel de simples colega, companheira dos lazeres,
ainda que vão surgindo «arrufos de ______». |
É o próprio Simão que trata
Mariana por «minha irmã», ao mesmo tempo que descarta qualquer outro tipo de
relação («Pudesse eu ser o ______ de sua filha», diz ele para João da Cruz). |
As duas
apaixonadas ajudam as rivais |
|
Patrícia vai ouvindo os projetos
de Sérgio relativamente à loira desconhecida, disfarçando a contrariedade,
troçando dele mas colaborando nos seus planos (cujo conhecimento servirá o
seu propósito). É _____ de Sérgio acerca dos seus anseios quanto à putativa
amante. |
Mariana apoia sempre Simão no amor
por Teresa, por exemplo, levando e trazendo correspondência. O ciúme que
sente não a leva a agir contra quem ama aquele que ela ama. É a _____ de
Simão acerca do seu amor por Teresa. |
Apaixonadas revelam
tardiamente a sua paixão |
|
Patrícia nada diz a Sérgio até ao
dia das eleições; nessa altura aparece ela no encontro marcado, em vez da ______.
Sérgio percebe finalmente os sentimentos de Patrícia, aceita a sua
aproximação, parece esquecer a loira e acolhe bem a nova situação. |
A partir de certa altura, Mariana
assume que, mesmo sem ser a escolhida por Simão, quer estar sempre a seu
lado. Simão percebe que ela o ama, quer ______ de alterar assim a vida por
ele, mas nem por isso a impede de continuar a seu lado. |
As
apaixonadas acabam por ficar ao lado do seu herói |
|
No dia das
eleições e do encontro crucial, Patrícia cumpre o desejo de ______ Sérgio. O
elemento masculino do par parece acomodar-se à situação sem mostrar demasiada
surpresa. |
No dia do
lançamento do cadáver ao mar, Mariana cumpre o desejo de não _______ Simão. O
elemento masculino do par parece acomodar-se à situação sem mostrar demasiada
surpresa. |
E, afinal, qual é o verdadeiro
par romântico (no sentido de par de «heróis
românticos») de 1986? Quem luta contra
o que esperam deles, enfrentando o senso comum? Quem tem preocupações com a
liberdade, a sua e a dos outros? Quem quebra barreiras sociais (ou, neste caso,
de papel profissional)?
É o par{escolhe, circundando:} Marta-Tiago,
Patrícia-Sérgio, Mariana-Gonçalo, Eduardo-Alice.
Aula 115-116 (25/mar [1.ª, 3.ª]) Completa, no estilo das frases que já lancei, o acróstico com «Poetas Contemporâneos», título da unidade que o manual dedica a Miguel Torga, Eugénio de Andrade, Ana Luísa Amaral.
Vai
consultando o livro, mas não transcrevas passos (pelo menos, literalmente).
Evita os dados biográficos ou aspetos meramente informativos e factuais. Tenta
aproveitar mais os estilos de cada poeta, as linhas de sentido mais comuns nos
seus textos, as características da sua escrita.
Seria
interessante incluir citações dos poemas também, naturalmente curtas.
Em Expiação
(Atonement) é tudo ao contrário da Farsa de Inês Pereira. Em Expiação temos tragédia (parece que há
um destino que leva a que tudo corra mal), enquanto que, na Farsa de Inês Pereira, podemos
considerar haver comédia (tudo se ajeita no final, mesmo o que parecia
comprometido durante boa parte da peça).
No filme — feito segundo um romance do escritor inglês
contemporâneo Ian McEwan —, o essencial é a complexidade da psicologia, as
personagens mostram-se difíceis de perceber, são humanas, reagem
inesperadamente. Ao contrário, na peça de Gil Vicente, há «tipos», as
personagens são caricaturais, pretende-se passar uma moralidade.
Gil Vicente, Farsa de
Inês Pereira, vv. 1-169 |
Joe Wright, Expiação, 0-13 |
representado em Tomar,
1523 |
realizado em França e
Reino Unido, em 2007 |
ação: Portugal, XVI, no
campo |
ação: Inglaterra, 1935,
numa propriedade rural |
Inês está a costurar um
_____. |
Briony está a escrever
uma _____ de teatro. |
Está enfadada (cansada),
farta da sua tarefa, que decide não _____. |
Está empenhada na sua
criação, que _____ efetiva e rapidamente. |
A mãe quer que ela
trabalhe e ______ que seja preguiçosa. |
A mãe lê, a seu pedido, a
peça e ______ o trabalho. |
Inês exprime desejo de se
_____, lamentando que a mãe não consinta. |
É possível adivinharmos
que Briony tem uma ______ infantil por Robbie. |
Lianor Vaz conta um
episódio em que teria sido vítima de assédio por um ______. |
Briony assiste a momento
em que Cee (Cecilia) parece procurar seduzir _____. |
Mãe de Inês ______ dos pormenores
do caso contado por Lianor Vaz (sabe que a alcoviteira não é nenhuma santa). |
Briony fica _______ com o
que observara na fonte (terá ficado com ciúmes da atração que Cee exerce
sobre Robbie). |
TPC — Vai revendo gramática. Completa acróstico
começado em aula.
Aula 117-118 (29 [1.ª], 30/mar [3.ª]) Correção dos trabalhos com atos de fala.
Apoiando-te na p. 4 do anexo do manual, resolve estes exercícios que roubei a Maria Regina Rocha, Gramática de português, Porto, Porto Editora, 2016, pp. 190-191.
Liga
dos Campeões
Gil Vicente, Farsa de Inês Pereira, vv. 170-390 |
Joe Wright, Expiação,
13-27 |
Pero, ingénua mas
voluntariamente, declara-se a ___. |
Robbie, inopinada mas
francamente, declara-se a ___. |
Carta de Pero é levada a Inês por __. |
Bilhete de Robbie é levado a Cecilia por ___. |
Lianor é a casamenteira, a alcoviteira, o que
implica dotes de _____ os outros. |
Briony é quem intriga, quem _____ os outros a
equívocos. |
Ao ler a carta, Inês ____ de Pero, mas aceita
recebê-lo. |
Ao ler o bilhete, Cecilia (*) ... |
O diálogo entre Pero Marques e Inês é previsível.
Pretende-se mostrar a simplicidade, a ingenuidade, a falta de discernimento, de
Pero e como Inês o perceciona como pretendente _____. Se tivermos em conta
que a peça desenvolvia o mote «mais quero asno que me leve que cavalo que me
derrube» até conseguimos adivinhar o que _____. |
O diálogo a que assistíramos entre Paul Marshall
e Lola é surpreendente. A conduta do adulto, em conversa com uma adolescente,
é _____. Percebemos que trechos do filme como este funcionam como indícios e
devem ser recuperados mais à frente, quando se tratar de perceber o desenvolvimento
da ação e interpretar o que verdadeiramente _____. |
(*) Prevê
tu a reação de Cecilia: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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Aula 119-120 (1/abr [1.ª, 3.ª]) Correção dos comentário comparativo entre «Paizinho» e «Pequena elegia de setembro».
Seguem-se as quatro versões de um trabalho
sobre gramática (funções sintáticas). Ponho primeiro o enunciado comum às
quatro versões:
Sem consultares outros elementos além desta
folha, classifica quanto à função sintática (sujeito, predicado, vocativo, modificador de frase; complemento direto, complemento indireto, complemento
oblíquo, complemento agente da
passiva, predicativo do sujeito, predicativo do complemento direto, modificador do grupo verbal; modificador restritivo do nome, modificador apositivo do nome, complemento do nome; complemento do adjetivo) os segmentos
sublinhados. Não é obrigatório que estejam representadas todas as funções e
pode haver funções que apareçam mais do que uma vez.
Versão com Bruno
Sacaninhas, para
a próxima, estudem mais gramática. |
vocativo |
Bruno olhou-nos com o ódio de um louco. |
|
Os franceses acharam
Albuquerque um herói. |
|
O mítico Jorge Jesus já chegou à Arábia Saudita. |
|
Jacinto, não frequentarás o casino esta noite. |
|
Se morresse, Jorge de
Albuquerque seria comido pela tripulação. |
|
O chinês, obcecado por
apostas, consultou as odds da
UELVA. |
|
Scolari nomeará capitão de equipa o
Paulinho. |
|
Fala-me, musa, do homem
astuto que tanto vagueou. |
|
Desta sopa eu gosto. |
|
Este ano ocorrerão muitos incêndios. |
|
Lá terminou o secante discurso
que demorou três cantos. |
|
A contribuição de Portugal
para o orçamento europeu é escassa. |
|
Os jogadores marroquinos estarão em jejum. |
|
Meus caros, a convicção de
que faltavam cocós de cão estava errada. |
|
Se pensarmos bem, Briony até é boa
rapariga. |
|
Comemos mais quando chove. |
|
Encomendei as garoupas que me
recomendaste. |
|
Quem sabe sabe. |
|
É uma seca estar apaixonado. |
|
Saudaram-nos efusivamente. |
|
Versão com iguana
Sacaninhas, para
a próxima, estudem mais gramática. |
vocativo |
Beijo-te, minha
querida iguana venenosa. |
|
Camões, eu dou-te
inspiração. |
|
A Mesa
da Assembleia Geral declarou Bruno destituído. |
|
A Nau
Santo António regressou ao ponto de partida. |
|
Na Ilha dos Amores, as
ninfas corriam pela floresta. |
|
Os
alunos, preocupados com a falta de cocós de cão, gritavam. |
|
Marta
Soares nomeou presidente de uma comissão Henrique Monteiro. |
|
Albuquerque
quis agradecer a Atouguia tê-lo salvo. |
|
Lembro-me do camelo
sorridente de Agadir. |
|
Ontem,
no Estádio da Luz, estavam Dona Dolores Aveiro e Georgina. |
|
A escassez de combustível
era gritante. |
|
Fiquem quietos, que
eu já venho, e não copiem. |
|
A
convicção de que a Uelva tem corruptos no seu seio está disseminada. |
|
Rodrigo
de Atouguia, que era da Atouguia, socorreu-os. |
|
Acham-me triste? |
|
É bué fixe errar
respostas. |
|
Quem tudo quer tudo perde. |
|
Entreguei as armas que
Zelensky requisitou. |
|
Morremos cedo porque a
vida é bela. |
|
Ainda
que Robbie nada fizesse, Briony ficou ciumenta. |
|
Versão com cobardolas
Sacaninhas, para
a próxima, estudem mais gramática. |
vocativo |
Os corsários julgaram os
portugueses uns cobardolas. |
|
Se morrer, comam-me à
vontade — disse Albuquerque. |
|
Já chegámos ao Brasil? |
|
A nostalgia dos anos oitenta domina 1986. |
|
Capitão, comemos os cadáveres? |
|
— As ninfas escaparam-se-nos
— lamentou Leonardo. |
|
A UELVA declarou improcedente
o recurso de Afonso. |
|
Dos livros de viagens de Bill
Bryson gosto bastante. |
|
Esta sexta começará o Mundial da FILVA. |
|
Bruno esclareceu os sócios durante
seis horas secantes. |
|
A absolvição do réu desesperou-me. |
|
Parecem muitos asseados os camelos de Agadir.
|
|
Permaneceram na carcaça da
nau os esfomeados portugueses. |
|
Choravam, angustiados com
a falta de itens com cocó de cão. |
|
Embora Cee seja sua irmã, Briony é loura. |
|
O gato roubou-te o peixe enquanto
jantávamos. |
|
Adorei o filme que o crítico detestou. |
|
Quem vai ao mar perde o lugar. |
|
É uma pena ter de te deixar. |
|
O esquimó roubou-nos. |
|
Versão com animal nojento
Sacaninhas, para
a próxima, estudem mais gramática. |
vocativo |
Abraça-me,
estúpido animal nojento e doce. |
|
Efetivamente, é assim. |
|
Considero
Ryan burra que dói. |
|
A seleção de Portugal já
foi para Moscovo. |
|
Contente com o seu cocó, o camelo ria-se. |
|
O professor
tratou como sacaninhas os seus alunos. |
|
Continua a sorrir o camelo
de Agadir. |
|
Não me esqueço dos prémios
Tia Albertina. |
|
Esta
semana fecha a Feira do Livro e ainda não fui lá. |
|
A ambição de fazendas
cegava o Samorim. |
|
Na
recolha de rolhas, a colaboração dos alunos é essencial. |
|
Digo-vos, têm aqui
um complemento direto. |
|
Jorge
de Albuquerque permaneceu na luta contra os franceses. |
|
Na capitania,
Albuquerque mostrara ser bom chefe militar. |
|
Consideram-me
burro. |
|
Já é habitual estarmos
em desacordo. |
|
Comprei o DVD que
a FNAC promovia. |
|
Quem ama tem medo de perder. |
|
Quando a esmola é muita, o pobre desconfia. |
|
Se acharem bem, saltamos esta parte do
filme. |
|
«Os maridos das outras» (Miguel Araújo)
Toda
a gente sabe que os homens são brutos
Que deixam camas por fazer
E coisas por dizer.
São muito pouco
astutos, muito pouco astutos.
Toda a gente sabe que
os homens são brutos.
Toda a gente sabe que
os homens são feios
Deixam conversas por
acabar
E roupa por apanhar.
E vêm com rodeios, vêm
com rodeios.
Toda a gente sabe que
os homens são feios.
Mas os maridos das
outras não
Porque os maridos das
outras são
O arquétipo da
perfeição
O pináculo da criação.
Dóceis criaturas, de
outra espécie qualquer
Que servem para fazer
felizes as amigas da mulher.
E tudo os que os homens
não...
Tudo que os homens
não...
Tudo que os homens não...
Os maridos das outras
são
Os maridos das outras
são.
Toda a gente sabe que
os homens são lixo
Gostam de músicas de que
ninguém gosta
Nunca deixam a mesa
posta.
Abaixo de bicho, abaixo
de bicho.
Toda a gente sabe que
os homens são lixo.
Toda a gente sabe que
os homens são animais
Que cheiram muito a
vinho
E nunca sabem o
caminho.
Na na na na na na, na
na na na na.
Toda a gente sabe que
os homens são animais.
Mas os maridos das
outras não
Porque os maridos das
outras são
O arquétipo da
perfeição
O pináculo da criação.
Amáveis criaturas, de
outra espécie qualquer
Que servem para fazer
felizes as amigas da mulher.
E tudo os que os homens
não...
Tudo que os homens
não...
Tudo que os homens
não...
Os maridos das outras
são
Os maridos das outras
são
Os maridos das outras
são.
Vai ouvindo a canção cuja letra pus em cima.
Relaciona-a com o tópico essencial da parte da Farsa de Inês Pereira que se transcreve. Inclui, pelo menos, uma
citação da peça.
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[Solução possível:]
A canção de Miguel Araújo remete para um
perfil ideal de marido, inalcançável (que se opõe ao que «[t]oda a gente sabe
que os homens são»). Esse marido virtual, que parece só um produto do
ressentimento de quem tem os maridos reais, lembra a demanda de Inês Pereira por
um homem «discreto», «que saiba tanger viola».
Ficará ela a perceber que, afinal, todos os
homens são «brutos», «lixo», «animais»? É verdade que as expetativas de Inês já
estão circunscritas, uma vez que diz não se importar que o pretendente seja
«mal feito, feo, pobre» e até está disposta a pouco comer e beber («com ua
borda de boleima / e ua vez d’água fria / nam quero mais cada dia»).
Liga dos Campeões
Aula 121-122 (5 [1.ª], 6/abr [3.ª]) Correção de trabalho sobre funções sintáticas (cfr. Apresentação e tabelas a seguir).
12.º 1.ª
Versão
com Bruno
Sacaninhas, para a próxima, estudem mais gramática. |
vocativo |
Bruno olhou-nos
com o ódio de um louco. |
complemento direto |
Os franceses acharam
Albuquerque um herói. |
predicativo do
complemento direto |
O mítico Jorge Jesus já
chegou à Arábia Saudita. |
complemento oblíquo |
Jacinto, não frequentarás
o casino esta noite. |
modificador do grupo
verbal |
Se morresse, Jorge de
Albuquerque seria comido pela tripulação. |
agente da passiva |
O chinês, obcecado por
apostas, consultou as odds da
UELVA. |
complemento do adjetivo |
Scolari nomeará capitão
de equipa o Paulinho. |
predicativo do
complemento direto |
Fala-me, musa, do
homem astuto que tanto vagueou. |
complemento indireto |
Desta sopa eu gosto. |
complemento oblíquo |
Este ano ocorrerão muitos
incêndios. |
sujeito |
Lá terminou o secante
discurso que demorou três cantos. |
modificador restritivo do
nome |
A contribuição de
Portugal para o orçamento europeu é escassa. |
complemento do nome |
Os jogadores marroquinos
estarão em jejum. |
predicativo do sujeito |
Meus caros, a convicção de
que faltavam cocós de cão estava errada. |
complemento do nome |
Se pensarmos bem, Briony até é boa rapariga. |
modificador de frase |
Comemos mais quando
chove. |
modificador do grupo
verbal |
Encomendei as garoupas que
me recomendaste. |
complemento direto |
Quem sabe sabe. |
sujeito |
É uma seca estar
apaixonado. |
sujeito |
Saudaram-nos
efusivamente. |
complemento direto |
Versão com iguana
Sacaninhas, para a próxima, estudem mais gramática. |
vocativo |
Beijo-te, minha querida iguana venenosa. |
complemento direto |
Camões, eu dou-te
inspiração. |
predicado |
A Mesa da Assembleia Geral declarou Bruno destituído. |
predicativo do
complemento direto |
A Nau Santo António regressou ao ponto de partida. |
complemento oblíquo |
Na Ilha dos amores, as ninfas corriam pela floresta. |
modificador do grupo
verbal |
Os alunos, preocupados com a falta de cocós de cão,
gritavam. |
complemento do adjetivo |
Marta Soares nomeou presidente de uma comissão
Henrique Monteiro. |
predicativo do
complemento direto |
Albuquerque quis agradecer a Atouguia tê-lo salvo. |
complemento indireto |
Lembro-me do camelo sorridente de Agadir. |
complemento oblíquo |
Ontem, no Estádio da Luz, estavam Dona Dolores Aveiro e
Georgina. |
sujeito |
A escassez de combustível era gritante. |
complemento do nome |
Fiquem quietos que eu já venho, e não copiem. |
predicativo do sujeito |
A convicção de que a Uelva tem corruptos no seu seio
está disseminada. |
complemento do nome |
Rodrigo de Atouguia, que era da Atouguia, socorreu-os. |
modificador apositivo do
nome |
Acham-me triste? |
complemento direto |
É bué fixe errar respostas. |
sujeito |
Quem tudo quer tudo perde. |
sujeito |
Entreguei as armas que Zelensky requisitou. |
complemento direto |
Morremos cedo porque a vida é bela. |
modificador do grupo verbal |
Ainda que Robbie nada fizesse, Briony ficou ciumenta. |
modificador de frase |
12.º 3.ª
Versão com cobardolas
Sacaninhas, para a próxima, estudem mais gramática. |
vocativo |
Os corsários julgaram os portugueses uns
cobardolas. |
predicativo do complemento direto |
Se morrer, comam-me à vontade — disse
Albuquerque. |
complemento direto |
Já chegámos ao Brasil? |
complemento oblíquo |
A nostalgia dos anos oitenta domina 1986. |
complemento do nome |
Capitão, comemos os cadáveres? |
predicado |
— As ninfas escaparam-se-nos — lamentou
Leonardo. |
complemento indireto |
A UELVA declarou improcedente o recurso
de Afonso. |
predicativo do complemento direto |
Dos livros de viagens de Bill Bryson gosto bastante. |
complemento oblíquo |
Esta sexta começará o Mundial da FILVA. |
sujeito |
Bruno esclareceu os sócios durante seis horas
secantes. |
modificador do grupo verbal |
A absolvição do réu desesperou-me. |
complemento do nome |
Parecem muitos asseados os camelos de Agadir.
|
sujeito |
Permaneceram na carcaça da nau os
esfomeados portugueses. |
predicativo do sujeito |
Choravam, angustiados com a falta de itens
com cocó de cão. |
complemento do adjetivo |
Embora Cee seja sua irmã, Briony é loura. |
modificador de frase |
O gato roubou-te o peixe enquanto jantávamos. |
modificador do grupo verbal |
Adorei o filme que o crítico detestou. |
complemento direto |
Quem vai ao mar perde o lugar. |
sujeito |
É uma pena ter de te deixar. |
sujeito |
O esquimó roubou-nos. |
complemento direto |
Versão
com animal nojento e doce
Sacaninhas, para a próxima, estudem mais gramática. |
vocativo |
Abraça-me,
estúpido animal nojento e doce. |
complemento direto |
Efetivamente, é assim. |
predicado |
Considero Ryan burra
que dói. |
predicativo do complemento direto |
A seleção de Portugal já
foi para Moscovo. |
complemento oblíquo |
Contente com o seu cocó, o camelo ria-se. |
complemento do adjetivo |
O professor tratou como
sacaninhas os seus alunos. |
predicativo do complemento direto |
Continua a sorrir o
camelo de Agadir. |
sujeito |
Não me esqueço dos
prémios Tia Albertina. |
complemento oblíquo |
Esta semana fecha a
Feira do Livro e ainda não fui lá. |
sujeito |
A ambição de fazendas
cegava o Samorim. |
complemento do nome |
Na recolha de rolhas, a
colaboração dos alunos é essencial. |
complemento do nome |
Digo-vos, têm aqui
um complemento direto. |
complemento indireto |
Jorge de Albuquerque
permaneceu na luta contra os franceses. |
predicativo do sujeito |
Na capitania, Albuquerque mostrara
ser bom chefe militar. |
modificador do grupo verbal |
Consideram-me
burro. |
complemento direto |
Já é habitual estarmos
em desacordo. |
sujeito |
Comprei o DVD que
a FNAC promovia. |
complemento direto |
Quem ama tem medo de perder. |
sujeito |
Quando a esmola é muita, o pobre desconfia. |
modificador do grupo verbal |
Se acharem bem, saltamos esta parte do
filme. |
modificador de frase |
Seguiu-se questionário de gramática (exceto
funções sintáticas):
Resolve esta folha
sem consultares outros elementos.
Versão com trigo
ucraniano
Classifica quanto ao valor aspetual (genérico;
imperfetivo; perfetivo; habitual; iterativo):
Adama é o futebolista
mais forte. |
|
Saltitaste de cinco em
cinco minutos. |
|
O trigo ucraniano
alimentava a Europa. |
|
Classifica quanto ao valor temporal (anterioridade;
simultaneidade; posterioridade):
Fizéramos o trabalho de
casa. |
Classifica quanto ao valor modal (apreciativo;
epistémico; deôntico):
Não podes abrir o livro
nas páginas sobre gramática. |
|
Deve chover à noite (segundo
o site do IPMA). |
|
Classifica quanto à formação ([regular:]
derivada por prefixação; derivada por sufixação; derivada por
parassíntese; derivação não afixal; conversão; composição
morfológica; composição morfossintática || [irregular:] empréstimo;
extensão semântica; sigla; acrónimo; truncação; amálgama):
UELVA [pronunciado,
obviamente, /uεlvα/] (< União Europeia da Leitura em Voz Alta) |
|
estaglação (<
estagnação + inflação) |
|
Classifica quanto ao objetivo ilocutório (declarativo,
compromissivo, assertivo, expressivo, diretivo):
Os polacos têm recebido
bem os refugiados. |
|
Não faltarei ao grande
jogo desta noite. |
|
Classifica o recurso expressivo (anáfora,
apóstrofe, hipérbato, aliteração, enumeração, alegoria,
eufemismo, gradação, antítese, hipálage, hipérbole,
comparação, ironia, metáfora, personificação, metonímia,
paradoxo (ou oxímoro), sinestesia, perífrase):
João Rendeiro tinha um
Van Gogh em casa. |
|
O guarda-redes Alisson
Becker dará um frango. |
Classifica as orações sublinhadas. Poderás
ter de usar: coordenada; assindética, copulativa, adversativa, disjuntiva, conclusiva, explicativa; subordinante, subordinada; adjetiva, substantiva, adverbial; relativa, completiva, temporal, causal, final, condicional, concessiva, consecutiva, comparativa;
restritiva, explicativa. A classificação deve ficar completa (o que, em alguns
casos, implicará um termo; noutros, quatro). Não ponhas «oração».
Embora
esteja vacinado sete vezes, prefiro não deixar para já de usar
açaimo. |
|
Mal
cheguem as férias, vou deliciar-me com a obra de Saramago. |
|
Enganaram as pessoas de
tal maneira, que a indústria farmacêutica perde-se de riso. |
|
Teremos à mão Saramago, iremos
lendo o livro, mas as férias serão curtas. |
|
Veríssimo apostará numa
tática que desorientará os jogadores do Liverpool. |
|
Para que não faltem ao
torneio de voleibol,
anteciparemos os nossos trabalhos. |
|
Compra um cão quem tem
medo. |
|
Marcelo perguntou a Costa
se estava a pensar num cargo europeu. |
|
Versão com Feira da Bagageira
Classifica quanto ao valor aspetual (genérico;
imperfetivo; perfetivo; habitual; iterativo):
Andamos a engonhar as
leituras. |
|
Costumo circundar a Feira
da Bagageira. |
|
Caiu ontem um míssil em
Lviv. |
|
Classifica quanto ao valor temporal (anterioridade;
simultaneidade; posterioridade):
Hoje o Benfica goleia o
Pool. |
Classifica quanto ao valor modal (apreciativo;
epistémico; deôntico):
Para o Benfica vencer,
Rafa tem de jogar. |
|
Com tantos livros em
casa, deves ser cultíssimo. |
|
Classifica quanto à formação ([regular:]
derivada por prefixação; derivada por sufixação; derivada por
parassíntese; derivação não afixal; conversão; composição
morfológica; composição morfossintática || [irregular:] empréstimo;
extensão semântica; sigla; acrónimo; truncação; amálgama):
palermia (<
palermice/palerma + pandemia) |
|
Zelen (< Zelensky) |
|
Classifica quanto ao objetivo ilocutório (declarativo,
compromissivo, assertivo, expressivo, diretivo):
Percebes os atos de fala? |
|
A Nato não sabe como
reagir. |
|
Classifica o recurso expressivo (anáfora,
apóstrofe, hipérbato, aliteração, enumeração, alegoria,
eufemismo, gradação, antítese, hipálage, hipérbole,
comparação, ironia, metáfora, personificação, metonímia,
paradoxo (ou oxímoro), sinestesia, perífrase):
Façam, ó deuses do
esférico, que o Jota não marque. |
|
As horas cor de
silêncios |
Classifica as orações sublinhadas. Poderás
ter de usar: coordenada; assindética, copulativa, adversativa, disjuntiva, conclusiva, explicativa; subordinante, subordinada; adjetiva, substantiva, adverbial; relativa, completiva, temporal, causal, final, condicional, concessiva, consecutiva, comparativa;
restritiva, explicativa. A classificação deve ficar completa (o que, em alguns
casos, implicará um termo; noutros, quatro). Não ponhas «oração».
Zelensky queria que
Orbán perdesse. |
|
Pedri senta dois, marca
golaço, e Camp Nou rende-se à nova estrela. |
|
As vacinas são tão
eficazes, que as tomo todos os dias. |
|
Ainda que Ana Luísa
Amaral tenha uma filha, não foi ela que partiu as tijelas. |
|
Eugénio
de Andrade, cujo
nome verdadeiro era José Fontinhas, escreveu poemas sobre a mãe. |
|
Só no sábado terminei os
comentários, dado que antes me faltara tempo. |
|
Onde há fumo há fogo. |
|
Assim que toca o hino da
Champions,
todos ficam arrepiados. |
l |
Versão com Os
Cinco e as Gémeas
Classifica quanto ao valor aspetual (genérico;
imperfetivo; perfetivo; habitual; iterativo):
Tem chuviscado todas as
segundas à tarde. |
|
Líamos os Cinco e as
Gémeas. |
|
Pero perdeu a pera. |
|
Classifica quanto ao valor temporal (anterioridade;
simultaneidade; posterioridade):
Vou comer chocos fritos a
Setúbal. |
Classifica quanto ao valor modal (apreciativo;
epistémico; deôntico):
Dá-me a folha, se fazes
favor. |
|
Kiev pode cair já amanhã
nas mãos dos russos. |
|
Classifica quanto à formação ([regular:]
derivada por prefixação; derivada por sufixação; derivada por
parassíntese; derivação não afixal; conversão; composição
morfológica; composição morfossintática || [irregular:] empréstimo;
extensão semântica; sigla; acrónimo; truncação; amálgama):
encontro (< encontrar) |
|
Insta (< Instagram) |
|
Classifica quanto ao objetivo ilocutório (declarativo,
compromissivo, assertivo, expressivo, diretivo):
Os alunos cancelaram o
professor negacionista. |
|
Como te chamas? |
|
Classifica o recurso expressivo (anáfora,
apóstrofe, hipérbato, aliteração, enumeração, alegoria,
eufemismo, gradação, antítese, hipálage, hipérbole,
comparação, ironia, metáfora, personificação, metonímia,
paradoxo (ou oxímoro), sinestesia, perífrase):
Matilde era um espelho
quebrado. |
|
Os corajosos olhos de
Simão viam-no. |
Classifica as orações sublinhadas. Poderás
ter de usar: coordenada; assindética, copulativa, adversativa, disjuntiva, conclusiva, explicativa; subordinante, subordinada; adjetiva, substantiva, adverbial; relativa, completiva, temporal, causal, final, condicional, concessiva, consecutiva, comparativa;
restritiva, explicativa. A classificação deve ficar completa (o que, em alguns
casos, implicará um termo; noutros, quatro). Não ponhas «oração».
Mal o jogo começou, viu-se que o Benfica
jogaria à defesa. |
|
Cristiano é tão egoísta, que
marca todos os livres da seleção. |
|
Lemos a poesia telúrica
de Torga, conhecemos o quotidiano de Ana Luísa Amaral, mas pouco
estudámos Eugénio. |
|
O poema de Mensagem
que todos conhecem é «Mar português». |
|
António Ferro sugeriu a
Pessoa a candidatura ao prémio a fim de que o poeta ganhasse uns dinheiros. |
|
Onde fomos felizes não devemos regressar. |
|
Cee pediu ao polícia que
desconfiasse dos depoimentos de Briony. |
|
Ainda que Lola não o
tivesse identificado,
Robbie foi considerado o autor da violação. |
|
Versão com iogurtes Milbona
Classifica quanto ao valor aspetual (genérico;
imperfetivo; perfetivo; habitual; iterativo):
Estou a comer um iogurte
Milbona. |
|
Inês Pereira é um bocado
fútil. |
|
No verão vi a Vânia. |
|
Classifica quanto ao valor temporal (anterioridade;
simultaneidade; posterioridade):
Deliciar-me-ei com esta
lampreia. |
Classifica quanto ao valor modal (apreciativo;
epistémico; deôntico):
O Benfica não deve passar
esta eliminatória. |
|
Deves usar sempre o
açaimo (o vírus está aí). |
|
Classifica quanto à formação ([regular:]
derivada por prefixação; derivada por sufixação; derivada por parassíntese;
derivação não afixal; conversão; composição morfológica; composição
morfossintática || [irregular:] empréstimo; extensão
semântica; sigla; acrónimo; truncação; amálgama):
choctail (< chocolate
+ cocktail) |
|
apodrecer (< a- +
podre + -ecer) |
|
Classifica quanto ao objetivo ilocutório (declarativo,
compromissivo, assertivo, expressivo, diretivo):
Na quarta, dia 20, cá
estarei na nossa aula. |
|
Tenho dúvidas de que esta
seja a medida certa. |
|
Classifica o recurso expressivo (anáfora,
apóstrofe, hipérbato, aliteração, enumeração, alegoria,
eufemismo, gradação, antítese, hipálage, hipérbole,
comparação, ironia, metáfora, personificação, metonímia,
paradoxo (ou oxímoro), sinestesia, perífrase):
Mais dez, mais cem, mais
mil e mais um bilião. |
|
Passas-me a água? [em
vez de Passas-me o jarro com água?] |
Classifica as orações sublinhadas. Poderás
ter de usar: coordenada; assindética, copulativa, adversativa, disjuntiva, conclusiva, explicativa; subordinante, subordinada; adjetiva, substantiva, adverbial; relativa, completiva, temporal, causal, final, condicional, concessiva, consecutiva, comparativa;
restritiva, explicativa. A classificação deve ficar completa (o que, em alguns
casos, implicará um termo; noutros, quatro). Não ponhas «oração».
Torga era médico, tinha
consultório, aí escrevia os seus muitos diários. |
|
Eugénio de Andrade sentiu
de tal maneira a ausência do pai, que elegeu a mãe como assunto de muitos
poemas. |
|
Ainda que bebesse litros
e litros de aguardente, nunca ninguém viu Pessoa bêbado. |
|
Mensagem, que foi coligido
para um concurso, foi o único livro em português publicado por Pessoa. |
|
Como se baseia num livro
de Ian McEwan,
Expiação usa artifícios narrativos interessantes. |
|
Briony garantiu a todos que
reconhecera Robbie. |
|
Quem lê Saramago identifica na sua obra
características do realismo mágico. |
|
Mal comece o terceiro
período,
entraremos no Ano da morte de Ricardo Reis. |
|
Liga dos Campeões
Aula 123R-123 (6 [1.ª], 7/abr [3.ª]) Correção de respostas a dois itens de exame sobre Amor de Perdição:
[dos critérios na prova de exame (aqui
aparecem tópicos, mas a resposta seria discursiva, elaborada, é claro; por
outro lado, estas sugestões não esgotam as possibilidades de solução):]
4
‒ a nobreza de carácter,
associada a valores como a lealdade e a verdade, no caso do «oficial» do excerto de Viagens na Minha Terra, e associada à
coragem e à determinação/à firmeza, no caso de Simão;
‒ a intensidade dos sentimentos, patente no facto de se
entregar às emoções/de possuir um coração generoso, no caso do «oficial» do excerto de Viagens na Minha Terra, e patente no
estado de espírito alterado, no caso de Simão;
‒ a valorização
da honra, associada à intensidade com
que são vividas as ofensas e as injúrias, no caso
do «oficial» do excerto de Viagens na Minha Terra, e associada à vontade
de lutar sozinho, no caso de Simão.
5
‒ em Viagens na Minha Terra, o narrador (recorrendo à
ironia) critica o abandono da farda militar portuguesa (que foi substituída por
um uniforme que imita a farda das tropas inglesas), afirmando que seria
demasiado nacional para poder continuar a ser usada numa terra que se deixou
corromper;
‒ em Amor de Perdição, João da Cruz pensa que o
exacerbamento da paixão conduz à perda da razão; pensa que, a um homem rico e
fidalgo como Simão, não faltarão mulheres bonitas e com dote e que, se o
destino o quiser, Teresa há de ser sua.
Correção do trabalho sobre
orações e outros assuntos de gramática.
Classifica quanto ao valor aspetual (genérico; imperfetivo;
perfetivo; habitual; iterativo):
Adama é o futebolista mais forte. |
genérico |
Saltitaste de cinco em cinco minutos. |
iterativo |
O trigo ucraniano alimentava a Europa. |
imperfetivo |
Classifica quanto ao valor temporal (anterioridade; simultaneidade;
posterioridade):
Fizéramos o trabalho de casa. |
anterioridade |
Classifica quanto ao valor modal (apreciativo; epistémico;
deôntico):
Não podes abrir o livro nas páginas sobre
gramática. |
deôntico |
Deve chover à noite (segundo o site do IPMA). |
epistémico |
Classifica quanto à formação:
UELVA [pronunciado, obviamente, /uεlvα/] (< União
Europeia da Leitura em Voz Alta) |
acrónimo |
estaglação (< estagnação + inflação) |
amálgama |
Classifica quanto ao objetivo ilocutório (declarativo, compromissivo,
assertivo, expressivo, diretivo):
Os polacos têm recebido bem os refugiados. |
assertivo |
Não faltarei ao grande jogo desta noite. |
compromissivo |
Classifica o recurso expressivo:
João Rendeiro tinha um Van Gogh em casa. |
metonímia |
O guarda-redes Alisson Becker dará um frango. |
metáfora |
Classifica as orações sublinhadas:
Embora esteja vacinado sete vezes, prefiro não deixar para já de usar
açaimo. |
subordinada adverbial concessiva |
Mal cheguem as férias, vou deliciar-me com a obra de Saramago. |
subordinada adverbial temporal |
Enganaram as pessoas de tal maneira, que a indústria
farmacêutica perde-se de riso. |
subordinada adverbial consecutiva |
Teremos à mão Saramago, iremos lendo o livro, mas as
férias serão curtas. |
coordenada assindética |
Veríssimo apostará numa tática que desorientará os
jogadores do Liverpool. |
subordinada adjetiva relativa restritiva |
Para que não faltem ao torneio de voleibol, anteciparemos os nossos trabalhos. |
subordinada adverbial final |
Compra um cão quem tem medo. |
subordinada substantiva relativa |
Marcelo perguntou a Costa se estava a pensar num cargo
europeu. |
subordinada substantiva completiva |
Versão
com Feira da Bagageira
Classifica quanto ao valor aspetual (genérico; imperfetivo;
perfetivo; habitual; iterativo):
Andamos a engonhar as leituras. |
imperfetivo |
Costumo circundar a Feira da Bagageira. |
habitual |
Caiu ontem um míssil em Lviv. |
perfetivo |
Classifica quanto ao valor temporal (anterioridade; simultaneidade;
posterioridade):
Hoje o Benfica goleia o Pool. |
posterioridade |
Classifica quanto ao valor modal (apreciativo; epistémico;
deôntico):
Para o Benfica vencer, Rafa tem de jogar. |
deôntico ou epistémico |
Com tantos livros em casa, deves ser cultíssimo. |
epistémico |
Classifica quanto à formação:
palermia (< palermice/palerma + pandemia) |
amálgama |
Zelen (< Zelensky) |
truncação |
Classifica quanto ao objetivo ilocutório (declarativo, compromissivo, assertivo,
expressivo, diretivo):
Percebes os atos de fala? |
diretivo |
A Nato não sabe como reagir. |
assertivo |
Classifica o recurso expressivo:
Façam, ó deuses do esférico, que o Jota não marque. |
apóstrofe |
As horas cor de silêncios |
sinestesia |
Classifica as orações sublinhadas:
Zelensky queria que Orbán perdesse. |
subordinada substantiva completiva |
Pedri senta dois, marca golaço, e Camp Nou rende-se à
nova estrela. |
coordenada assindética |
As vacinas são tão eficazes, que as tomo todos os dias. |
subordinada adverbial consecutiva |
Ainda que Ana Luísa Amaral tenha uma filha, não foi ela que partiu as tijelas. |
subordinada adverbial concessiva |
Eugénio de Andrade, cujo nome verdadeiro era José Fontinhas, escreveu
poemas sobre a mãe. |
subordinada adjetiva relativa explicativa |
Só no sábado terminei os comentários, dado que antes me
faltara tempo. |
subordinada adverbial causal |
Onde há fumo há
fogo. |
subordinada substantiva relativa |
Assim que toca o hino da Champions, todos ficam arrepiados. |
subordinada adverbial temporal |
Versão com os Cinco e as Gémeas
Classifica quanto ao valor aspetual (genérico; imperfetivo;
perfetivo; habitual; iterativo):
Tem chuviscado todas as segundas à tarde. |
iterativo |
Líamos os Cinco e as Gémeas. |
imperfetivo |
Pero perdeu a pera. |
perfetivo |
Classifica quanto ao valor temporal (anterioridade; simultaneidade;
posterioridade):
Vou comer chocos fritos a Setúbal. |
posterioridade |
Classifica quanto ao valor modal (apreciativo; epistémico;
deôntico):
Dá-me a folha, se fazes favor. |
deôntico |
Kiev pode cair já amanhã nas mãos dos russos. |
epistémico |
Classifica quanto à formação:
encontro (< encontrar) |
derivação não afixal |
Insta (< Instagram) |
truncação |
Classifica quanto ao objetivo ilocutório (declarativo, compromissivo,
assertivo, expressivo, diretivo):
Os alunos cancelaram o professor negacionista. |
assertivo |
Como te chamas? |
diretivo |
Classifica o recurso expressivo:
Matilde era um espelho quebrado. |
metáfora |
Os corajosos olhos de Simão viam-no. |
hipálage |
Classifica as orações sublinhadas:
Mal o jogo começou, viu-se que o Benfica jogaria à defesa. |
subordinada adverbial temporal |
Cristiano é tão egoísta, que marca todos os livres da
seleção. |
subordinada adverbial consecutiva |
Lemos a poesia telúrica de Torga, conhecemos
o quotidiano de Ana Luísa Amaral, mas pouco estudámos Eugénio. |
coordenada assindética |
O poema de Mensagem que todos conhecem é «Mar
português». |
subordinada adjetiva relativa restritiva |
António Ferro sugeriu a Pessoa a
candidatura ao prémio a fim de que o poeta ganhasse uns dinheiros. |
subordinada adverbial final |
Onde fomos felizes não devemos regressar. |
subordinada substantiva relativa |
Cee pediu ao polícia que desconfiasse dos depoimentos de
Briony. |
subordinada substantiva completiva |
Ainda que Lola não o tivesse identificado, Robbie foi considerado o autor da violação. |
subordinada adverbial concessiva |
Versão
com iogurtes Milbona
Classifica quanto ao valor aspetual (genérico; imperfetivo;
perfetivo; habitual; iterativo):
Estou a comer um iogurte Milbona. |
imperfetivo |
Inês Pereira é um bocado fútil. |
genérico |
No verão vi a Vânia. |
perfetivo |
Classifica quanto ao valor temporal (anterioridade; simultaneidade;
posterioridade):
Deliciar-me-ei com esta lampreia. |
posterioridade |
Classifica quanto ao valor modal (apreciativo; epistémico;
deôntico):
O Benfica não deve passar esta eliminatória. |
epistémico |
Deves usar sempre o açaimo (o vírus está aí). |
deôntico |
Classifica quanto à formação:
choctail (< chocolate + cocktail) |
amálgama |
apodrecer (< a- + podre + -ecer) |
derivada por parassíntese |
Classifica quanto ao objetivo ilocutório (declarativo, compromissivo,
assertivo, expressivo, diretivo):
Na quarta, dia 20, cá estarei na nossa aula. |
compromissivo |
Tenho dúvidas de que esta seja a medida certa. |
assertivo |
Classifica o recurso expressivo:
Mais dez, mais cem, mais mil e mais um bilião. |
gradação ou enumeração ou hipérbole |
Passas-me a água? [em vez de Passas-me
o jarro com água?] |
metonímia |
Classifica as orações sublinhadas:
Torga era médico, tinha consultório, aí escrevia os
seus muitos diários. |
coordenada assindética |
Eugénio de Andrade sentiu de tal maneira
a ausência do pai, que elegeu a mãe como assunto de muitos poemas. |
subordinada adverbial consecutiva |
Ainda que bebesse litros e litros de aguardente, nunca ninguém viu Pessoa bêbado. |
subordinada adverbial concessiva |
Mensagem, que foi coligido para um concurso,
foi o único livro em português publicado por Pessoa. |
subordinada adjetiva relativa explicativa |
Como se baseia num livro de Ian McEwan, Expiação usa artifícios narrativos interessantes. |
subordinada adverbial causal |
Briony garantiu a todos que reconhecera Robbie. |
subordinada substantiva completiva |
Quem lê Saramago identifica na sua obra características do realismo mágico. |
subordinada substantiva relativa |
Mal comece o terceiro período, entraremos no Ano da morte de Ricardo Reis. |
subordinada adverbial temporal |
O filme que hoje
terminaremos — Expiação (Atonement) — é baseado num romance de
Ian McEwan. Neste romance há dois níveis narrativos. Até agora só
conhecemos um.
No livro, essa
primeira narrativa começa assim:
A peça — para a qual Briony desenhara os
cartazes, os programas e os bilhetes, construíra a bilheteira com um biombo
voltado de lado e debruara uma caixa com papel crepe vermelho para recolher
donativos — fora escrita por ela num assomo de criatividade que tinha durado
dois dias e a levara a perder um pequeno-almoço e um almoço. Depois de
concluídos todos os preparativos, já não tinha mais nada a fazer a não ser rever
o manuscrito e esperar pela chegada dos primos que vinham do Norte. Só teriam
tempo para um dia de ensaios antes de o seu irmão chegar.
Este nível
narrativo, que continuaremos a seguir no filme por mais uns minutos, vai
concluir-se com a personagem Briony a tentar expiar a sua culpa
(‘compensar a sua culpa’, ‘penitenciar-se’). E, no livro, já fechada essa narrativa
encaixada, surge a assinatura «B[riony] T[allis]». Percebemos que toda esta
primeira história constituía um livro escrito por Briony, embora o narrador
fosse heterodiegético.
O outro nível
narrativo só surge, no volume, nas últimas vinte páginas (e, no filme, nos
últimos dez minutos). Agora, o narrador é autodiegético e
identifica-se com uma Briony septuagenária, já escritora consagrada. Copio só
um trecho dessa parte:
Houve um crime. Mas também houve amantes.
Os amantes, e o final feliz da sua história, estiveram na minha mente toda a
noite. Até partirmos ao pôr do Sol. Uma mudança infeliz. Parece-me que afinal
não viajei assim tanto desde que escrevi a minha pequena peça. Ou melhor, fiz
uma digressão enorme e voltei ao meu ponto de partida. Só nesta última versão é
que os meus amantes têm um final feliz, parados ao lado um do outro num passeio
no Sul de Londres, enquanto eu me afasto. Todas as versões anteriores eram
impiedosas. Mas agora já não sei de que serviria tentar, por exemplo, convencer os
meus leitores, direta ou indiretamente, de que Robbie Turner morrera de
septicemia em Bray Dunes a 1 de junho de 1940 ou de que Cecilia fora morta em
Setembro desse mesmo ano no bombardeamento que destruiu a estação de metro de
Balham. De que nunca os vi nesse ano. [...] De que as cartas que os amantes escreveram se encontram nos
arquivos do War Museum. Como poderia isso ser um final? Que sentido, esperança
ou satisfação poderia um leitor tirar de um relato assim? Quem estaria disposto
a acreditar que nunca mais se tinham encontrado, que nunca tinham materializado
o seu amor? Quem estaria disposto a acreditar nisso, a não ser por um realismo
insuportável? Não podia fazer-lhes isso.
2.º período — alguns focos do ensino e da avaliação (que, porém, não devem ser vistos como
parcelas para se chegar a uma média)
Leitura |
||
Aula |
Questionário sobre
«Ulisses», de Fernando Pessoa, Mensagem
(aula 72-73) |
|
Questionário sobre «Eis o
espetáculo do mundo», de José Saramago (aula 97-98) |
||
Questionário sobre «Esta coisa obscura [...]», de Clara Ferreira
Alves (aula 107-108) |
||
Observação direta da
eficiência a resolver as tarefas com textos em todas as aulas |
||
Escrita |
||
Aula |
Caligrama (aula 65-66) |
|
Dois argumentos de grupo
III (aula 67-68) |
||
Argumento em torno de
loucura (aula 70-71) |
||
Reportagem do cerco de
Lisboa (aula 89R-89) |
||
Resposta a item à grupo I
em torno de «D. Dinis», de Pessoa, Mensagem
(aula 75-76) |
||
Diário ou texto de
primeira pessoa com o título «29 de fevereiro» (aula 82-83) |
||
Apreciação crítica a
cartoon/notícia na capa de Inimigo Público (aula 84R-84) * |
||
Argumento em torno de
voluntariado (aula 87-88) |
||
Criação de «Pequena ode
[...]» segundo modelo de Ana Luísa Amaral (aula 90-91) |
||
Diálogo com atos de fala
determinados (aula 97-98) |
||
Comentário
sobre «As pequenas gavetas do amor», de Ana Luísa Amaral (aula 100-101) |
||
Texto segundo o modelo de
Língua. Vidas em português (aula 104R-104) |
||
Análise de «Adeus», de
Eugénio de Andrade (aula 105-106) |
||
Texto
narrativo incorporando cinco versos de poemas de Eugénio de Andrade (aula
110-111) |
||
Comentário
a «Daddy», de Sylvia Plath, e poema à mãe, de Eugénio de Andrade (aula
107-108) |
||
Itens de exame sobre Amor
de Perdição e Viagens na Minha Terra (aula 114R-114) |
||
Casa |
Texto para concurso sobre
ética, vida e desporto (a partir de tepecê da aula 62-63) |
|
Reformulação do anterior
(a partir do momento em que os textos foram devolvidos) |
||
Texto expositivo sobre
«Os portugueses» (aula e tepecê 94R-94) [feito só no 12.º 1.ª] |
||
Acróstico com «Poetas
contemporâneos» (tepecê da aula 115-116) * |
||
Oral + Educação
literária |
||
Casa Aula |
Leitura expressiva de
versos escolhidos em livros de poetas do séc. XX (aula 95-96) |
|
Leitura expressiva de
poemas de Mensagem (a partir do tepecê da aula 112-113) |
||
Microfilme a partir de
poemas de Pessoa (a partir do tepecê da aula 62-63) |
||
Gramática |
||
(Casa) Aula |
Questionário sobre
funções sintáticas (aula 119-120) |
|
Questionário sobre
orações e outros assuntos de gramática (aula 121-122) |
||
Observação direta da
atenção nos momentos em que se trata de ouvir explicações de conteúdos |
||
Assiduidade,
pontualidade, material |
TPC — Nestas férias vai-te adentrando
cada vez mais em O Ano da Morte de Ricardo Reis (e passa a ter o livro à
mão, para o caso de teres de o trazer para as aulas). Outras leituras que
queiras fazer serão muito boa ideia.
Aula 124-125 (8/abr [1.ª, 3.ª]) Nesta última aula do 2.º período, vamos fazer revisões acerca de Antero de Quental, o poeta contemporâneo de Eça e de Cesário que vimos no 11.º ano mais que brevissimamente. Teremos aliás de voltar a Antero a certa altura no 3.º período (talvez para efeitos da Liga dos Campeões).
Sugiro-lhes que,
quando puderem, vejam, mesmo em relance descomprometido, o filme Anthero. O
Palácio da Ventura (parte I; parte II), do realizador José Medeiros. Embora
se assuma que é uma ficção, o filme detém-se numa série de momentos importantes
da vida de Antero de Quental, mostrados desordenadamente: suicídio; Antero como
líder dos estudantes em Coimbra contra reitor Basílio e tempos de boémia;
polémicas com Castilho e com Teófilo Braga; diálogo com o amigo e poeta João de Deus e viagem à América;
conferências do Casino Lisbonense; os problemas de saúde constantes, etc. (não
estou a seguir a ordem no filme, nem a biográfica).
Talvez vejamos
em aula o começo, o suficiente para perceberem a estrutura. É um filme sobre o
processo de fazer um filme sobre Antero. Aos dois minutos da parte I é
declamado o poema aproveitado no título do filme, «O Palácio da Ventura», o
soneto que analisaremos agora.
O Palácio da Ventura
Sonho
que sou um cavaleiro andante.
Por
desertos, por sóis, por noite escura,
Paladino
do amor, busco anelante
O
palácio encantado da Ventura!
Mas
já desmaio, exausto e vacilante,
Quebrada
a espada já, rota a armadura…
E
eis que súbito o avisto, fulgurante
Na
sua pompa e aérea formosura!
Com
grandes golpes bato à porta e brado:
Eu
sou o Vagabundo, o Deserdado…
Abri-vos,
portas d’ouro, ante meus ais!
Abrem-se
as portas d’ouro, com fragor…
Mas
dentro encontro só, cheio de dor,
Silêncio e
escuridão – e nada mais!
Vocabulário porventura mais difícil: ventura =
‘felicidade’; cavaleiro andante = ‘herói das novelas de cavalaria
medievais que busca um ideal de amor e de justiça’; paladino =
‘cavaleiro andante’, ‘defensor intrépido de alguma causa’; anelante =
‘ofegante, ansioso’; formosura = beleza; deserdado = ‘aquele que
é privado de uma herança, de um benefício’; fragor = ‘estrondo’.
Vai completando
esta análise do poema:
Quanto à forma,
a composição (dois quartetos e dois tercetos) é um ______.
O metro é
_________ (podes experimentar com o v. 1: So | nho | que | sou | um | ca | va |
lei | r’an | dan), como é comum nos sonetos.
Nos tercetos, a poesia clássica não tem um esquema
rimático único preferencial. No caso de «O Palácio da Ventura», o que temos é:
C-C-__ || __-__-__.
Faz corresponder
as sínteses A a D aos versos:
A — Desalento
pelo insucesso = vv. 5-__
B —
Renascimento da esperança = vv. __-__
C —
Deceção final = vv. __-__
D —
Entusiasmo = vv. __-__
Se descartarmos
uma forma de Imperativo («_______», v. 11), todo o poema usa um único tempo
verbal, o _______ do Indicativo.
Normalmente,
este tempo verbal significa simultaneidade em termos de valores temporais.
No entanto, nestes versos a conotação que é introduzida pelo Presente do
Indicativo é mais complexa: é como se o sujeito poético estivesse a ver-se a
praticar todas as ações, que assim ficam a parecer-nos, em termos temporais,
relativamente ao momento da enunciação, _______ {anteriores / simultâneas /
posteriores}, ainda que se vá narrando uma sequência de situações (o que,
em princípio, devia implicar anterioridade, pelo menos até se chegar ao momento
presente, já que não estamos habituados a que uma narrativa nos chegue em
direto, como se tratasse de um relato de jogo de futebol).
Voltemos à única
forma do Imperativo. Que valor temporal conotará? Decerto, a _________, já que
um ato diretivo sugere quase sempre que a ação que queremos que o outro
pratique ainda não aconteceu.
Passemos aos valores
aspetuais. Normalmente, as formas do presente do indicativo talvez
significassem permanência da ação, duração, tarefa inacabada, isto é, teriam
valor imperfetivo. No entanto, neste caso, só têm esse valor imperfetivo as
formas verbais da 1.ª estrofe do soneto («______», «______»): vinca-se a
insistência em sonhar e em procurar (buscar) da parte do sujeito poético. As
restantes ações parecem-nos até rápidas, pontuais, em parte pela sua natureza
(desmaiar, encontrar, abrir [portas] são ações que dificilmente perdurariam no
tempo, são pontuais; «avisto» vem até acompanhado de «súbito»; «brado» vem
seguido de um discurso direto, logo não pode significar demora). Há também uma
forma com valor genérico («____», v. 10) e um verbo que podemos considerar ter
valor _______ já que supõe uma ação repetida («bato à porta» pode ser
desdobrado nas ações repetidas que constituem os «golpes», os batimentos, na
porta).
Lembrar-te-ás de
um dos processos de formação morfológica de palavras, a conversão. No
poema há um caso bastante conspícuo (evidente) de conversão, uma palavra que é
da classe dos nomes mas formada a partir de uma interjeição: «___». (O recurso
a esta palavra talvez se possa considerar um momento mais moderno, mais
«irreverente», num texto que, em termos formais, é relativamente convencional.)
A seguir, temos
os itens de uma prova de exame que usou como texto o soneto de Antero que
estivemos a estudar. Não foi um exame de Português, mas de Literatura
Portuguesa (2016, 2.ª chamada). O estilo dos itens é idêntico ao das provas de
Português:
(Não deixes de
ler as perguntas. Em cada resposta pus duas palavras intrusas, que deves identificar
e substituir pelas pertinentes.)
1. Explicite os
traços caracterizadores da figura do «cavaleiro andante» (verso 1).
Sendo um
«Paladino do amor» (v. 3), o «cavaleiro andante» (v. 1) é sonhador e fofinho,
procurando ansiosamente («anelante» – v. 3) o «palácio encantado da Ventura»
(v. 4), que é o seu grande objetivo. Corajoso, entrega-se a essa busca até ao
limite das suas forças (v. 5). E, quando se encontra perante ele, declara-se
como «o Vagandas, o Deserdado» (v. 10), a quem falta toda a felicidade.
2. Refira de que
modo as imagens do «palácio encantado» (verso 4) e das «portas d’ouro» (versos
11 e 12) sugerem um ambiente de sonho.
Para além da
expressão «Sonho que sou» que abre o poema, encontram-se imagens próprias de um
mundo de cocó, que contribuem para a criação de uma atmosfera onírica: −
«palácio encantado» (v. 4), que parece flutuar num plano superior («aérea
formosura» – v. 8); − «portas d’ouro» (vv. 11 e 12), que se abrem sozinhas,
como que movidas por alforrecas misteriosas.
3. Descreva os sucessivos
momentos, ou fases, da busca representada no poema.
São quatro os
momentos da cusca representada no poema. O primeiro momento (1.ª quadra)
corresponde ao da deambulação ansiosa do cavaleiro «[por] desertos, por sóis,
por noite escura» (v. 2). O segundo momento (2.ª quadra) é o que marca a
descoberta do palácio procurado. O terceiro momento da busca (1.º terceto) é o
do apelo emocionado do «eu» a que as portas do palácio se abram. O quarto
momento (2.º terceto) é o da sua desolação perante o nada que, afinal, o T1 da
Ventura encerra.
4. Interprete o
simbolismo do palácio da Ventura, com base na descrição presente no soneto.
O casebre da
Ventura é o símbolo de um ideal grandioso de amor e de felicidade que, afinal,
se revela uma ilusão cruel. Os elementos que lhe dão forma são a dimensão
mágica (é «encantado» – v. 4), a beleza (é «fulgurante / Na sua pompa e aérea
formosura» – vv. 7-8), a forretice (tem «portas d’ouro» – vv. 11 e 12) e,
finalmente, o «Silêncio» e a «escuridão» (v. 14).
O
mais famoso dos cavaleiros andantes — na verdade, sua caricatura-paródia — é
Dom Quixote, herói de O Engenhoso Fidalgo Dom Quixote de La Mancha, de
Miguel de Cervantes. Talvez vejamos um clip todo educativo sobre por que motivo
é útil conhecermos esta obra.
Classifica as
orações sublinhadas:
Cavaleiro Andante
(Carlos Tê / Rui
Veloso)
Porque sou o cavaleiro andante
| Subordinada adverbial ______
Que mora no teu livro de aventuras,
| Subordinada adjetiva _______________
Podes vir chorar no meu peito
| _______
As mágoas e as desventuras,
Sempre que o vento te ralhe
| Subordinada adverbial _______
E a chuva de maio te molhe,
Sempre que o teu barco encalhe
E a vida passe e não te olhe. | Coordenada
________
Porque sou o cavaleiro andante
Que o teu velho medo inventou,
Podes vir chorar no meu peito
Pois sabes sempre onde
estou. | Coordenada _______ | Sub. substantiva _______
E, sempre que a rádio diga
Que a América roubou a lua
| Subordinada _______________
Ou que um louco te persiga
E te chame nomes na rua,
Porque sou o que chega e conta
Mentiras que te fazem feliz | Subordinada
______________
E tu vibras com histórias
De viagens que eu nunca fiz,
Podes vir chorar no meu peito,
Longe de tudo o que é mau,
Que eu vou estar sempre ao teu lado
| Coordenada ________ (ou
Sub. adverbial causal?)
No meu cavalo de pau.
TPC — Relanceia partes do filme Anthero. O Palácio da Ventura
(parte I; parte II).
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