Aulas (1.º período, 1.ª parte: 1-24)
Aula 1-2 (18 [4.ª], 21 [1.ª], 22 [5.ª, 2.ª] e 23/set
[3.ª]) Informações sobre aspetos com utilidade para todo o ano (material;
manual; blogue). Cfr. Preceitos para o trabalho ao longo do ano.
Preenchimento de folhas da caderneta (com
desenho de retrato-emblema).
Os parágrafos que se seguem
tratam dos autores de que este ano mais falaremos: o Padre António Vieira,
Almeida Garrett, Camilo Castelo Branco, Eça de Queirós, Antero de Quental,
Cesário Verde.
Deves assinalar a
veracidade (V) ou falsidade (F) das frases. Algumas escondem subtis impossibilidades,
anacronias; mas também é preciso ter em conta que, muitas vezes, os escritores
são efetivamente excêntricos.
António Vieira (1608-1697)
O Padre António Vieira
atravessou o Atlântico sete vezes, tendo morrido na Baía.
Nas suas actividades evangelizadoras
dos índios, no Brasil, os jesuítas — a Companhia de Jesus, a que pertencia o
Padre Vieira — usavam a variante sul-americana do português.
Para assistir aos sermões
do Padre António Vieira, ia-se de madrugada à igreja, a fim de reservar o lugar.
Havia até quem acampasse à frente da igreja, nos dias anteriores.
Um dos mais famosos
sermões de Vieira, o «Sermão de Santo António [aos Peixes]», foi proferido no
Oceanário de Lisboa, em frente às carpas e aos atuns.
Almeida Garrett
(1799-1854)
Careca, Garrett usava uma
peruca, mas tinha o cuidado especial de que o seu cabelo parecesse natural e,
por isso, ia trocando de cabeleira periodicamente, simulando o crescimento
natural do cabelo.
Garrett usava um espartilho,
para parecer ter a cintura muito fina, e um sutiã, para parecer ter um peito
bem proporcionado.
Aos vinte e tal anos,
Garrett namorou uma rapariga de onze.
Garrett tinha pernas — ou
parte das pernas — postiças, mas movia-se com assinalável elegância.
Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett, é uma peça que,
fantasiando-os, se inspirou em factos da vida do escritor cujo nome Garrett pôs
no título, Manuel de Sousa Coutinho (1555-1632).
A primeira representação
de Frei Luís de Sousa foi feita no
Jardim Zoológico de Lisboa, perto da zona dos elefantes.
Camilo Castelo Branco
(1825-1890)
Quando, por crime de adultério, esteve preso na
cadeia da Relação do Porto, Camilo saía, por exemplo, para ir jantar fora ou
para levar a consertar os sapatos da amante.
Para poder usufruir da herança do filho, Camilo
teve de fingir não ser ele seu descendente.
Eça de Queirós
(1845-1900)
Eça de Queirós, aclamado
em Vila do Conde como natural desta cidade, nasceu na Póvoa de Varzim.
Ramalho Ortigão
(1836-1915) — coautor, com Eça, do Mistério
da Estrada de Sintra — foi professor do amigo, quando este tinha cerca de
dez anos.
Na Relíquia, romance de Eça de Queirós, o protagonista tem o azar de
fazer uma troca na prenda que queria oferecer à sua tia beata (cuja fortuna
queria herdar): em vez de uma relíquia da Terra Santa embalou a camisa de
dormir da mulher com quem estivera.
Em Os Maias há pelo menos quinze refeições completas, algumas narradas
em três páginas mas outras em vinte e seis.
Dois dos romances de Eça
aproveitam situações de incesto. Em A
Tragédia da Rua das Flores, o incesto envolve mãe e filho; em Os Maias, o incesto é entre irmãos.
Antero de Quental
(1842-1891)
Antero só ingeria alimentos uma vez por dia.
No relatório científico sobre as doenças de Antero
(«Nosografia de Antero», por Sousa Martins), diz-se que sofria de efodiofobia
(‘medo de preparar ou expedir malas de viagem’), doença que teria contribuído
para o seu suicídio.
Antero suicidou-se com dois tiros na cabeça (entre
o primeiro tiro e o segundo mediou cerca de um minuto).
Cesário Verde (1855-1886)
Em casa dos pais de
Cesário Verde, aos serões, saboreavam-se doçarias de cocó.
Na loja de ferragens,
negócio da família, Cesário Verde, vestido de azul, tinha à venda camisolas de
algodão e chinelas de tranças. Chegou a vender calda de tomate.
Cesário Verde, já muito
doente, esteve, a conselho do médico-santo Sousa Martins, a aproveitar os ares
do campo em Caneças e, depois, no Lumiar, onde aliás morreria.
Cria três parágrafos como
os que fiz acerca dos escritores, mas sobre ti. Entre eles haverá pelo menos
uma afirmação verdadeira. Independentemente da veracidade de cada parágrafo,
espera-se que sejam referidos factos curiosos.
Assume que o objetivo seria
dificultar a vida a quem tentasse distinguir relatos verdadeiros e falsos. Procura
incluir pormenores, que servirão para dificultar o reconhecimento da factualidade
dos trechos. O estilo deverá ser até um pouco mais elaborado do que o meu (enfim,
menos seco do que o dos parágrafos mais curtos). Usa a 3.ª pessoa e o nome por
que serás tratado nas aulas.
Ao lado de cada uma das
três afirmações, põe V(erdadeira) ou
F(alsa). Dentro de parênteses retos
podes acrescentar algum esclarecimento que aches necessário.
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2. . . . . . . . . . . . . .
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3. . . . . . . . . . . . . .
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TPC
— Em Gaveta de Nuvens lê ‘Preceitos para o trabalho ao longo do ano’. Podes também relancear tudo o que marquei a
azul-turquesa.
Aula 3-4 (22 [4.ª], 23 [1.ª], 24/set
[3.ª, 2.ª, 5.ª]) Sobre os trabalhos da última aula; ainda sobre programa; relance
à p. 392 (sobre deíticos) e comentário.
Ao longo da aula vamos ver
excertos de Bean, um autêntico desastre.
Interessa-nos sobretudo o discurso de Bean acerca do quadro conhecido como «A
mãe de Whistler», do pintor James Whistler (1834-1903), nascido no Massachusetts.
O comentário de Bean é pertinente, ainda que não seja como o que faria um
verdadeiro especialista em pintura.
Para se perceber o discurso,
convém saber que foi proferido perante uma plateia de cidadãos americanos, na
presença do milionário benfeitor que tinha adquirido o quadro para o doar a um museu.
Ao falar, Bean tinha a pintura à vista e para ela ia apontando.
Bem... Olá.
Eu sou o Dr. Bean (pelo que parece).
O meu trabalho consiste em
sentar-me a olhar os quadros. Portanto, o que aprendi eu que possa dizer sobre
este quadro?
Bem, primeiro que tudo,
que ele é muito grande. O que
é magnífico, pois, se ele fosse muito pequeno — microscópico, estão a ver —,
ninguém conseguiria vê-lo, o que seria lastimável.
Em segundo lugar — e estou
a aproximar-me do fim desta análise do quadro —, em segundo lugar, porque é que
se justifica que este homem tenha gasto 50 milhões dos vossos dólares na sua
compra?
E a resposta é... Bem,
este quadro vale tanto dinheiro, porque é um retrato da mãe de Whistler e, como
eu aprendi ao ficar em casa do meu melhor amigo, David Langley, e da sua família,
as famílias são muito importantes e, apesar de o Sr. Whistler saber perfeitamente
que a sua mãe era uma avantesma atroz com ar de quem se sentara num cato, ele
não a abandonou e até se deu
ao trabalho de pintar este extraordinário retrato dela. Não é apenas um quadro, é um retrato de uma velha
taralhoca e feiosa que ele
estimava acima de tudo.
E isso é maravilhoso. Pelo menos é o que eu penso.
Numa versão puramente escrita
deste discurso — destinada, por exemplo, a sair junto de notícia relativa à cerimónia
—, depurada de tiques orais, o que eliminaríamos da transcrição que fiz?
Circunda essas partes desnecessárias (marcas de oralidade, no fundo).
Depois, assinala com uma
letra os deíticos
(E[spaciais], T[emporais], P[essoais]).
Por vezes, será necessário usar duas letras pois os déiticos terão mais do que
um valor.
Por fim, sublinha os
antecedentes das expressões (anafóricas) que sublinhei e marquei a negro.
Escreve uma análise — até certo
ponto, semelhante à de Bean — do quadro que escolheres (entre os do álbum que
te calhou, que será de um pintor aproximadamente contemporâneo de Whistler).
Diferentemente do discurso de Bean, o teu texto evitará as marcas de oralidade
e o vocabulário ingénuo.
Pretende-se que o teu discurso-apreciação crítica comece por
uma aproximação sobretudo descritiva, objetiva, termine com explicação já mais
subjetiva, emotiva, quase poética, como acontecia na análise de «A mãe de Whistler»
que transcrevi.
Em algum momento do teu
texto, refere o pintor e o título do quadro.
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Do
Diário de Notícias (21-8-2012):
espanha
Idosa decide
‘restaurar’ fresco em igreja
Uma senhora na casa dos
oitenta anos decidiu ‘restaurar’ um fresco que está exposto na Igreja do
Santuário da Misericórdia em Borja (Aragão), Espanha. A intenção era boa mas o
resultado, que aqui mostramos... foi hoje divulgado pela autarquia.
A pintura, da autoria do
espanhol Elias García Martínez, foi realizada nos primeiros anos do século passado
(XX) e decora uma das paredes da Igreja do Santuário da Misericórdia em Borja
(Aragão), Espanha. “Uma idosa, muito bem intencionada, decidiu, por sua conta
própria e risco [no passado mês de julho], restaurar o fresco que, na
realidade, estava em mau estado por causa da humidade”, explicou Juan María
Ojeda, conselheiro de cultura de Borja, ao programa “Queremos Falar” da ABC
Punto Radio.
Agora, resta reparar o mal
feito. “Uma vez avaliados os prejuízos, a pintura irá ser restaurada”, garantiu
o conselheiro de cultura de Borja.
Do
Público (2?-1-2015):
TPC — Em Gaveta de Nuvens,
lê ‘Deíticos’. Ficará reproduzida também a ficha do Caderno de Atividades
(5, pp. 36-37) sobre «Dêixis: pessoal, temporal e espacial» (a versão que
copiarei tem já as soluções — podes, mais do que praticar muito, verificar se
saberias resolvê-la, vendo logo as soluções). Se não o fizeras antes desta
aula, não deixes de ler o que pedira como tepecê na aula 1-2 (isto).
Aula 5-6 (25 [4.ª], 28 [1.ª], 29 [5.ª, 2.ª], 30/set [3.ª]) Sobre trabalho devolvido; sobre tepecês/blogue (cfr. Apresentação).
Preenche as lacunas da
síntese sobre Deíticos com estas palavras:
momento / marcas /
situação / ato / enunciado / pronomes / verbos / enunciação / deítica / determinantes/
espaço / referentes / produto / advérbios
Já distinguimos enunciação e enunciado. Enunciado é o _______ de uma enunciação; a
enunciação é o _______ de produção desse enunciado (ou seja, desse
texto).
Vimos que deíticos são _________ do processo
de enunciação, porque remetem para a situação em que o __________ é
produzido. São palavras que só podem ser compreendidas em função do contexto da
__________.
Exemplos que dei foram os
de «este», «aquele» ou «ali», cujos referentes
se reportam ao _________ em que o enunciado estiver a ser produzido.
Também os pronomes pessoais e possessivos podem ter função _______,
porque os seus exatos _________ dependem do «eu» e do «tu» que
intervenham na _________ de enunciação. Palavras como «agora», «amanhã»,
para serem percebidas, precisam de ser relacionadas com o __________ da
enunciação.
Os deíticos podem ser arrumados em pessoais, espaciais e temporais, e são os instrumentos da referência deítica ou dêixis. (Na p. 392 do manual,
apresenta-se um quadro com os deíticos mais comuns.) Entre as classes de
palavras que mais concorrem para a referência deítica encontramos a dos ________,
a dos ________, a dos ________. Os ________ e a sua flexão
também podem funcionar como deíticos.
Nas frases que te vou dar,
os elementos a negro nem sempre têm valor deítico. Verifica quais das palavras
a negro remetem efetivamente para a enunciação, sendo portanto verdadeiros
deíticos (D). À esquerda das frases
em que haja deíticos escreve D (as
outras — em que as palavras a negro remetem para referentes na própria frase,
independentes da enunciação — ficarão sem marca nenhuma).
Encontrei ali um ornitorrinco meu amigo.
O campo estava minado, mas foi aí que o patrão quis fazer o piquenique.
Esses livros costumavam estar naquela banheira, aí ao lado. Ontem, porém, não os vi.
Hoje, estive em Llanfairpwllgwyngyllgogerychwyrndrobwllllantysiliogogogoch.
Neste
momento,
já não acredito em milagres.
Um dia antes, a Ermelinda já se tinha
aperaltado para o baile da José Gomes Ferreira.
Vocês fazem tudo o que lhes apetece e eu, estúpido, nem protesto!
Antes, era capaz de até nem se importar, mas agora D. Afonso Henriques não iria deixar
passar aqueles disparates: estava
decidido a enfrentar tudo e todos.
Amanhã, vou comer as saborosas
framboesas.
Vou já
entregar esta folha.
[Esta segunda parte do exercício, ainda que
com as frases alteradas, foi retirada de:
M. Olga Azevedo, M. Isabel Pinto, M. Carmo
Lopes, Da comunicação à expressão.
Exercícios.]
Transcrevi algumas frases
da apresentação de Bruno Nogueira em O
último a sair. Se as palavras sublinhadas forem deíticos, marca-as com E(spacial),
T(emporal) ou P(essoal).
Eu sou o Bruno
Nogueira e este é o meu mundo. / Como é que eu me defino? Humilde,
muito humilde. / Conhecias a palavra? É espanhol. / O meu maior defeito
é ser um coração de manteiga e as pessoas aproveitarem-se disso.
/ O meu padrinho, na noite de Páscoa, chamou-me para eu ir à despensa,
para ver se havia lá um busca-polos. / Este é o meu quarto.
/ Todas as semanas, trago um idoso de um lar. / Andor.
Na p. 13 temos o poema «Vi
as águas os cabos vi as ilhas», de Navegações, de Sophia de Mello Breyner
Andresen.
Nas primeiras linhas da
tua folha, copia o texto de Sophia mas em prosa (ocuparás a linha toda, fazendo
translineação, se for caso disso), inserindo pontuação. Não acrescentarás nem
tirarás palavras. (Maiúsculas não são indício, já que se percebe que só são
usadas no início dos versos. Haverá dois parágrafos (para lhes fazermos
corresponder as duas estrofes.)
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Continua o texto de Sophia mas cada vez
menos em tom de poesia. A seguir a «ou descobri.» virão outros períodos, e
talvez outro(s) parágrafo(s), em que o enunciador passará a um relato já com
elementos narrativos e descritivos, como se desse conta de experiência concreta
(e já sem marcas de poema). No entanto, a conclusão pode ser de
novo um tanto «poética» (bonita, marcante, ainda que sempre no formato da
prosa).
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TPC
— Lê capítulo de gramática sobre ‘Pontuação’ reproduzido em Gaveta de Nuvens. (Poderias ainda
relancear as páginas sobre pontuação no manual, «H. Construção de resposta a
questionário interpretativo», pp. 355-357, mas, neste caso, são fracas.)
Aula 7-8 (29 [4.ª], 30/set [1.ª], 1/out [3.ª, 2.ª, 5.ª]) Sobre textos devolvidos (cfr. Apresentação).
Nas páginas 314 a 318 do teu
manual do ano passado repartiam-se os textos literários em (A) poético;
(B) dramático; (C) narrativo. Esta arrumação não fica muito longe da que
ouviremos defendida pela personagem Busto (Bruno
Aleixo) — poesia; teatro; prosa —, que parece demasiado centrada no
contraste entre versos e prosa.
Na verdade, quanto a Modos
literários, devemos considerar esta classificação: (A) lírico; (B) dramático; (C) narrativo.
Classifica os seguintes excertos de obras
estudadas o ano passado quanto ao modo literário. Trata-se de trechos das obras
que verás citadas na p. 12 do manual deste ano (descarta-se só o Auto da
Feira). Preenchi já a quadrícula do autor que representa a Lírica trovadoresca.
Não ligues, por enquanto, à coluna mais à direita.
Trecho (de
cada uma das unidades do 10.º ano) |
Autor |
Modo |
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Ondas do mar de Vigo, / se vistes meu amigo? / E
ai Deus, se verrá cedo! |
Martim Codax |
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O Page do Meestre, que estava aa porta, como lhe
disserom que fosse pela vila segundo já era percebido, começou d’ir rijamente
a galope em cima do cavalo em que estava, dizendo altas vozes, braadando pela
rua: / — Matom o Meestre! Matom o Meestre nos Paaços da Rainha! Acorree ao
Meestre que matam! |
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Mãe — Toda tu estás aquela.
/ Choram-te os filhos por pão? // Inês
— Prouvesse a Deos que já é rezão / de não estar tão singela. |
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Um mover d’olhos, brando e piadoso, / sem ver de
quê; um sorriso brando e honesto, / quási forçado; um doce e humilde gesto, /
de qualquer alegria duvidoso; |
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O recado que trazem é de amigos, / Mas debaxo o
veneno vem coberto, / Que os pensamentos eram de inimigos, / Segundo foi o engano
descoberto. |
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A 3 de setembro, navegando eles em demanda das
ilhas, alcançou-os uma nau de corsários franceses, bem artilhada e
consertada, como costumavam. |
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|
Tipologia textual
Cada tipo
de texto (ou protótipo textual)
define-se por um determinado grupo de características, podendo algumas destas
características ser constantes e outras variáveis. [...] A maior parte dos
textos é constituída por numerosas sequências, as quais poderão atualizar
diferentes tipos textuais. De facto, num mesmo texto costumam ocorrer sequências de diferentes tipos (por
exemplo, num texto narrativo é habitual surgirem sequências de tipo descritivo
e sequências de tipo conversacional).
Existem múltiplas formas de atualização do tipo textual narrativo: contos,
fábulas, histórias, parábolas, reportagens, notícias e relatos de experiências
pessoais. O texto narrativo centra-se na ação, no relato dos acontecimentos.
As sequências textuais que atualizam o tipo textual descritivo são construídas
em torno de um dado objeto, acerca do qual se predicam diversos atributos. Os
textos descritivos são uma exposição de diversos aspetos que configuram o
objeto sobre o qual incide a descrição. Tudo pode ser objeto de descrição, mas
as descrições mais frequentes incidem sobre pessoas e personagens (quer traços
físicos quer atributos psicológicos), espaços e situações atmosféricas.
O objetivo central dos
textos/discursos que atualizam o tipo
textual argumentativo consiste em justificar ou refutar opiniões. As
sequências textuais e os textos de tipo argumentativo são frequentes nas
interações verbais do nosso dia-a-dia: na propaganda política, nos debates
televisivos sobre questões polémicas e mesmo em situações informais de
interação sobre aspetos práticos.
Estão
associados ao tipo textual expositivo (também
já se usou explicativo) os textos em
que se apresentam análises e sínteses de representações conceptuais. Podemos
encontrar este protótipo textual nos manuais das disciplinas científicas, em
que se passa constantemente da exposição — sucessão de informações com o
objetivo de dar a conhecer algo — à explicação — com o intuito de fazer compreender
o «porquê» do problema e a sua resolução. Já agora: também as presentes
definições de protótipos textuais se enquadram no protótipo expositivo.
Os
textos que atualizam
o tipo de texto instrucional (ou diretivo, ou também injuntivo)
têm subjacente o objetivo de
controlar o comportamento dos
seus destinatários. Este protótipo textual é atualizado numa grande diversidade
de textos, desde enunciados simples (como «Proibido tirar fotografias») até às
regras de utilização de um software. Todas as instruções (receitas de
culinária, instruções de montagem, etc.) se incluem neste protótipo.
O tipo de texto conversacional, também designado «dialogal», é atualizado em textos
produzidos por, pelo menos, dois interlocutores que tomam a palavra à vez. Este
tipo textual manifesta-se, por exemplo, nas interações orais quotidianas, nas
conversas telefónicas, nos debates e nas entrevistas.
O tipo textual preditivo
informa sobre o futuro. Manifesta-se em boletins meteorológicos, horóscopos,
profecias.
Dados os
seguintes fragmentos, tenta identificar de que tipo de texto se trata:
1. Naquela noite o vento uivava, vadio. Os galhos dos
castanheiros rumorejavam, nervosos, batidos pelo vendaval e pelos cocós de
cão...
O texto de que foi retirado
este trecho será do tipo ______.
2. Quando falamos de «tipos de texto», tentamos sistematizar, arrumar,
organizar nuns poucos «gavetões» semânticos produtos discursivos que, apesar de
em número infinito, apresentam características comuns que aproximam alguns
deles entre si.
O texto de que foi retirado
este trecho será do tipo ______.
3. — Como se chama este cão?
— Cocó.
— Essa é boa! A um cão não se chama «Cocó»!
— Então?
— Um cão é «Ringo», «Faísca», «Rex»,
«Hermenegildo».
O texto de que foi
retirado este trecho será do tipo ______.
4. Crianças: devem
tomar um comprimido, três vezes ao dia, antes das principais refeições. Adultos: dois comprimidos, três vezes ao
dia, antes do principal cocó.
O texto de que foi
retirado este trecho será do tipo ______.
5.
Se a é igual a 1 e b é igual a 1, então a é igual a ⅞ de 2 + 74 ÷ 5 × 24
cocós de cão.
O texto de que foi
retirado este trecho será do tipo ______.
6. A boneca tem feições de marfim; pálidas, lisas, de veludo; e
os seus cabelos são ondas de ouro, descendo, levemente, sobre os ombros...
O texto de que foi
retirado este trecho será do tipo ______.
7. Fará
bom tempo
O texto de que foi
retirado este trecho será do tipo ______.
[exercício de: Álvaro
Gomes, Gramática pedagógica e cultural da
língua portuguesa, 2006; definições adaptadas de glossário da TLEBS; cocós,
granizo e Hermenegildos meus]
Veremos
cinco sketches da série Barbosa.
Poderíamos considerar que todos exemplificam o tipo textual conversacional, já
que mostram personagens em diálogo. Porém, abstraindo-nos dessa moldura geral,
é possível descobrir em cada cena o protótipo, ou os protótipos, mais
presentes.
Sketch |
Tipo
textual |
|
«Matarruanos dão indicações» |
|
|
«Sobrevivente de desastre» |
[considerando a situação de entrevista] |
|
[fala do sobrevivente] |
|
|
«Funcionário que bolsa» |
[discurso do «chefe»] |
|
«Bom dia, boa tarde» |
|
|
«Javard Air» |
[observações dos passageiros até se sentarem] |
|
[intervenções do comandante-comissário] |
|
Escreve, no
máximo, sete curtos trechos que, supostamente, pertenceriam a textos maiores e
são agora apresentados como se se tratasse de fragmentos de livros resgatados
por sorte — pequenos pedaços de folhas encontrados no lixo.
Esses fragmentos
pertencerão a tipos textuais diferentes. Idealmente, haveria no final sete
desses recortes, mas admito que não chegues a percorrer os sete tipos e
fiquemos só com uns quatro ou cinco, dependendo do tempo que consigamos ter.
Haverá um tema agregador,
comum a todos os fragmentos: tu mesmo.
[tipo __________]
. . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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[tipo __________]
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[tipo __________]
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[tipo __________]
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. . . . . . . . . . . . . . .
[tipo __________]
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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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. . . . . . . . . . . . . . .
TPC
— Lê o capítulo de gramática sobre ‘Tipos textuais’ que vai ficar realçado em Gaveta de Nuvens. Vai também dando um relance
ao que escrevi sobre ‘Projeto de leitura’, ainda que sem a preocupação de decidires
já o que vais ler.
Aula 9-10 (2 [4.ª], 6 [5.ª, 2.ª], 7/out [3.ª, 1.ª]) Vai lendo o texto na p. 21, «Ler é maçada», de Pedro Mexia, e, em cada item, circunda a alínea com a melhor solução. Se precisares, lê também o verbete de best-seller ou bestseller, que copiei à direita.
O título, «Ler é maçada»,
é
a)
síntese das ideias defendidas no texto acerca dos livros muito comerciais.
b) citação
de verso de Fernando Pessoa, que se torna irónico dado o contexto.
c)
crítica às obras difíceis, aos grandes livros.
d)
caracterização de qualquer situação de leitura.
Em «Ler
é maçada», o sujeito é
a) «é».
b)
«maçada».
c) «é
maçada».
d)
«Ler».
Segundo
o que lemos no primeiro período (ll. 1-3), caracteriza as «bestas céleres»
serem
a)
livros maus, pequenos e que se vendem depressa.
b)
livros grandes e mal escritos, que se vendem depressa e que não são complexos.
c) animais
rápidos.
d)
duplas enormidades.
A
qualificação «Livros escritos para o momento e não para o futuro» (l. 6) serve
para
a)
contrastar o caráter transitório de um best-seller
com a perenidade de uma verdadeira obra literária.
b)
vincar o imediatismo dos best-sellers
e o seu afastamento de temas como a ficção científica.
c)
elogiar a preocupação com a atualidade que revela a maioria dos best-sellers.
d)
valorizar os livros classificados como «best-sellers»
por se focarem no presente.
A Bíblia e o Dom Quixote de La Mancha são evocados (ll. 7-10) como exemplos de
a) «bestas
céleres».
b) bons
livros que se venderam muito num dado momento.
c)
livros que sempre tiveram e hão de ter mercado por serem «bestas céleres».
d)
livros «a sério» que, no entanto, se vendem muito e sempre.
O
sujeito «o romancista» (l. 11) tem como referente
a) os
bons autores.
b) os
romancistas em geral.
c) os
bons romancistas.
d) os
autores de best-sellers.
«existências»
(l. 11) reporta-se a
a)
‘livros à venda’.
b)
‘vidas dos leitores’.
c)
‘perceção que os leitores têm acerca da vida das personagens dos livros’.
d)
‘seres humanos’.
O
quarto parágrafo (ll. 12-17) serve para
a)
indicar as características dos romances que se tornam grandes êxitos
comerciais.
b)
assumir que os livros que muito vendem são verdadeiros cocós de cão.
c)
assinalar as preferências dos autores de ficção popular.
d)
tentar definir os géneros e os temas que são apropriados pelas «bestas céleres».
Na l. 17
o período podia continuar depois de «também», mantendo o seu sentido, desde que
se seguisse
a) «temas
polémicos».
b) «são
temas polémicos».
c) o
predicado do período anterior.
d) o sujeito
do período anterior.
O caso
de Dickens (ll. 18-20) serve como exemplo dos
a)
autores comerciais.
b)
muitos bons autores que vendem bem e depressa.
c)
escritores de mérito que, apesar disso, conseguem vender bem e depressa.
d)
autores que raramente vendem muito.
Os
autores que o cronista considera terem sido «escritores a sério que foram
bestas célebres» (ll. 20-21) são referidos enquanto
a) maus
escritores mas que se tornaram célebres.
b)
escritores não-comerciais mas muito vendidos por motivos circunstanciais.
c) bons
escritores que se tornaram maus escritores porque a isso foram obrigados.
d) maus
escritores que se tornaram bons escritores dada a sua biografia.
«fazer
sociologia de bolso ou metafísica aguada» (ll. 29-30) é observação que
a)
considera benéficas certas estratégias de divulgação adotadas pelos best-sellers.
b) olha
criticamente as abordagens simplificadoras das «bestas céleres».
c)
descreve com neutralidade, sem juízo de valor, abordagens típicas dos livros que
se vendem muito.
d)
salienta o caráter popular e acessível de assuntos tratados nos best-sellers.
Entre
as orações «Nenhuma besta é célere» e «se for difícil» (ll. 30-31),
a)
deveria haver uma vírgula, porque a segunda oração é uma subordinada condicional.
b)
aceita-se que se dispense a vírgula, porque a oração condicional está depois da
subordinante.
c) não
pode haver vírgula.
d) a
falta de vírgula é um erro.
«Nenhuma
besta é célere se for difícil» (ll.
30-31) quer dizer que
a) uma
condição para um livro ser besta é ser célere.
b) uma
das características de um best-seller
é ser de fácil leitura.
c) se
leem mais facilmente os livros que vendem muito.
d) nenhum
animal rápido é difícil.
Na l.
31, o constituinte «difícil» é
a) predicativo
do sujeito.
b) predicativo
do complemento direto.
c)
complemento direto.
d)
difícil.
A
crónica que leste, de Pedro Mexia, é predominantemente
a)
narrativa.
b)
instrucional.
c)
expositiva.
d)
descritiva.
A canção que ouviremos brinca com erros de português mais ou menos
comuns, que beliscam a coesão textual.
A tabela resume o que se critica. Preenche as lacunas.
Erro |
Forma corrigida |
Explicação do processo
que leva ao erro. [Conselho.] |
estives-te
|
_____ |
Toma-se como pronome o que é parte da forma verbal.
[Saber flexão dos verbos; experimentar substituir falso pronome.] |
pôr vírgula entre o
sujeito e o predicado |
não pôr vírgula entre o
sujeito e o predicado |
Na
oralidade, por vezes, fazemos essa pausa. [Ter em conta que a ______ depende
sobretudo da análise da sintaxe, não é mera equivalência da entoação.] |
sande
de mortandela |
sandes
(ou sanduíche) |
Derivação
não afixal ainda não aceite — «sande» seria um singular de «sandes» (e
«sandes» já é uma acomodação popular do _____ «sanduíche»). |
_____ |
Nasalização
indevida (talvez por assimilação ao m-
inicial). |
|
houveram
novidades |
houve
novidades |
O
complemento direto «novidades» é interpretado como ____. [Recordar que o
verbo «haver» é impessoal.] |
stander |
____
[no pg. do Brasil: estande] |
Acomodação ao português de um empréstimo, assumindo-se
ser o final do étimo semelhante ao de outros anglicismos. |
quaisqueres |
quaisquer |
Fez-se
plural das duas palavras-base, esquecendo-se que uma delas («quer») é uma
forma ___. |
á |
à |
Esquece-se
que o acento usado na contração a +
a é grave. [Recordar as poucas palavras
com este acento: à, às, àquele(s), àquela(s), ____,
àqueloutro(s), àqueloutra(s).] |
à
cinco anos |
há
cinco anos |
Confunde-se
o «há» destas expressões com a contração de ____ e determinante. [Perceber
que há sentido de ‘existência’ («haver»), embora de tempo.] |
ananaz |
____ |
Faz-se
erro de ortografia advertível apenas por memória. |
voçê |
você |
Esquece-se
que ci e ce nunca levam ____. [Ao
contrário de -ça, -ço, -çu — que se opõem a ca,
co, cu — ce e ci contrastam com que, qui.] |
há
muitos anos atrás |
há
muitos anos |
Faz-se
um pleonasmo: «atrás» repete o que já está ____ em «há». |
há-des |
_____ |
Faz-se
analogia com outras pessoas do verbo e dos verbos em geral (a 2.ª pessoa
costuma terminar em -s). [Recordar
que «de» é uma preposição.] |
salchicha |
salsicha |
Assimila-se
som da penúltima sílaba ao da última ___. |
deve
de haver |
_____ |
Usa-se
regência errada. |
fizestes |
fizeste |
Faz-se
analogia com o que é habitual na 2.ª pessoa dos outros tempos verbais
(terminar em -s), o que é favorecido
por já não se usar a 2.ª pessoa do plural (que é efetivamente em -tes). [Conhecer o pretérito ____.] |
«Às Vezes (Escuto e
Observo Erros de Português)» (D.A.M.A. / Vasco Palmeirim):
Às vezes oiço cada coisa e não fico ok
Às vezes leio em português que não está bem
Ninguém faz de propósito, eu sei
Mas acontece tantas vezes — ai Jesus, minha mãe!
Sei que às vezes eu pareço zangado
Mas isto faz-me ficar preocupado
Não quero ver a nossa língua neste estado
O português anda a ser tão maltratado
Quando há faltas para amarelo entradas de pé em riste
Gente que em vez de «estiveste» pergunta «onde é que tu estives-te?»
Às vezes é deixar o hífen bem sossegado
E não pôr a vírgula entre o sujeito e o predicado
Eu não sou perfeito, não sou uma Edite Estrela
Mas sei que não se pede uma «sande de mortandela»
Passam horas, dias, choro: fico muito triste
Quando «houveram novidades», porque isso não existe
São raros os casos de plural do verbo «haver»
E são muitos os que compram um automóvel num «stander»
E isto não são histórias tipo «era uma vez»
Isto é o que se passa com o nosso português
Refrão
Se
eu tivesse poderes, homens e mulheres não diziam «quaisqueres»
Eu sei que é difícil distinguir o «à» do «há»
Para onde é o acento? Qual deles leva o «h»? Oh mãe!
E acredita rapaz — que toda a gente é capaz
De não escrever um «z» na palavra «ananás»
E era maravilha — ver «você» sem cedilha
E que ninguém dissesse «há muitos anos atrás»
Aquilo que eu quero como tu muito bem vês
Sendo bem sincero quero bom português
E tenho a certeza que toda a gente consegue
Se até JJ sabe dizer Lopetegui
Refrão
«Há-des»
— isto assim não está bem
«Salchicha» — isto assim não está bem
«Devia de haver» — isto assim não está bem
E dizer «tu fizestes» também não está bem!
Refrão
Em
«Castigadores da parvoíce» (série Meireles), uma das atitudes parvas castigadas
é a má flexão de certas formas verbais. As formas que surgem mal conjugadas são
da _ pessoa do ___ do ___ dos verbos «chegar», «vir», «dizer», «fazer», «baldar-se».
As personagens dizem, por exemplo, «ouvistes» (em vez de «ouviste»).
As
formas em -stes («ouvistes», etc.)
até podem ser corretas, se corresponderem à _ pessoa do ___, que usaríamos se
tratássemos alguém por «vós». Nos textos medievais que estamos a ler, a
terminação -stes corresponde, é
claro, a esta segunda pessoa do plural, a forma de tratamento então
usada com interlocutores plurais (e também para com um só indivíduo com estatuto
especialmente elevado).
Flexiona:
«Eu cheguei; tu ___; ele ___; nós ___ [com
acento, para distinguir do Presente]; vós ___; eles ___».
Copio o Grupo III do exame do Secundário deste ano. Foi
igual nas duas fases, só se distinguindo a imagem. Uso a imagem da 2.ª fase (no
ecrã, depois de mostrar a imagem da 1.ª fase, ficará a imagem de tira de Mafalda
— Quino morreu esta semana).
Escreve o que seria a
primeira metade da apreciação pedida na prova de exame (a descrição da imagem +
parte do comentário crítico). Em vez de 200 a 350,como era pedido na prova,
aponta para umas 150 a 200 palavras.
Grupo
III
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TPC — Vê o que está em Gaveta de
Nuvens sobre Projeto de leitura. Vai ponderando o
que podes ler. Além dos livros da lista «oficial», tentarei ir acrescentando
outras sugestões nos próximos dias.
Aula 11-12 (6 [4.ª], 8 [3.ª, 2.ª, 5.ª], 12/out [1.ª]) Correção dos tepecê ora entregues (cfr. Apresentação).
Eis a parte B do Grupo I do exame de 2019, 2.ª fase. O texto era constituído pelas
estâncias 26 a 29 do canto VI de Os
Lusíadas. Resolve só a pergunta 5 e, se tiveres tempo, depois, a 6.
4.
Explicite as estratégias argumentativas utilizadas por Baco (estâncias 27 e 28)
para convencer Neptuno, Oceano e os outros deuses marinhos a serem seus
aliados.
5.
Apresente dois aspetos distintos que, na estância 29, evidenciem a mitificação
do herói, fundamentando cada um deles com uma transcrição pertinente.
Resposta a 5 [para ajudar,
fica esta «tradução» da estância 29:
“Vistes que, com
extraordinária ousadia, [os homens, como Ícaro,] já tentaram voar pelo céu.
Vistes
a sua tresloucada audácia, arriscando-se ao mar com velas e com remos.
Vistes, e
quotidianamente as estamos vendo ainda, tais soberbas e insolências dos mortais,
que receio venham a ser, dentro de poucos anos, deuses do mar e do céu,
enquanto que nós desceremos à categoria de simples homens.”]:
.
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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . .
6.
Complete as afirmações abaixo apresentadas, selecionando da tabela a opção
adequada a cada espaço. Na folha de respostas, registe apenas as letras e o
número que corresponde à opção selecionada em cada um dos casos.
Nestas estâncias, são utilizados alguns recursos
expressivos frequentes em Os Lusíadas:
na expressão «peito oculto» (v. 3), está presente uma a) ; a apóstrofe ocorre, por exemplo, em b) .
a) |
b) |
1.
personificação |
1.
«o mar irado» (v. 10) |
2.
anástrofe |
2.
«padre Oceano» (v. 13) |
3.
metáfora |
3.
«fracos e atrevidos» (v. 24) |
4.
comparação |
4.
«humanos» (v. 32) |
No Secundário (10.º ano), o estudo dos Lusíadas
centra-se em dois aspetos, para além da revisão da estrutura da obra: (i) mitificação do herói; (ii) reflexões do Poeta. Na aula de hoje faremos
uma síntese das estratégias usadas para a mitificação do herói.
Completa depois de vermos partes do episódio 1 da série 1986, criada por Nuno Markl e realizada por Henrique
Oliveira, e de lermos umas estâncias de Os Lusíadas, de Camões:
Os
Lusíadas |
1986 |
Herói é ____. São os portugueses, incluindo, no
plano da viagem, os navegantes, com destaque para Vasco da Gama, e, no plano
da ______, os reis e outros famosos que praticaram atos gloriosos. |
Herói é individual. É ___, que alterna
entre o plano do sonho, em que se imagina em situações heroicas, e o plano da
_____, em que sofre frustrações e é chamado à razão pelas outras personagens,
quando acorda. |
Sujeito e personagens mitificam
o herói |
Protagonista «automitifica-se» |
Os portugueses vencem, com audácia e destemor, perigos
que o poeta vai superlativando. No canto V, o _____ assinala essa superação (o
gigante diz terem sido os portugueses os únicos que o venceram). |
Tiago imagina-se um herói à imagem do
protagonista de Amanhecer Violento, capaz de alvejar o seu opositor em
defesa da heroína (que se percebe ser ___, ainda que caracterizada como nas
aventuras do filme a que se alude). |
Logo na Proposição o sujeito poético considerara
os feitos que relataria superiores aos narrados nas _____ antigas. É frequente
a comparação com outros heróis míticos (por exemplo, na Dedicatória a D.
Sebastião — cfr. p. 311, canto I, est. 18 —, os portugueses são
identificados com os _____). |
Além da emulação através de figuras do cinema e
da música, Tiago tem em conta também uma referência de ordem _____ (tendo-lhe
sido aconselhados os Contos do Gin Tonic, de Mário-Henrique Leiria,
decide que não se pode comportar passivamente, como fazia, com maus
resultados, a ____ de um dos textos). |
Os discursos de Vasco da Gama ao Rei de ____ (cantos
III-IV) e de Paulo da Gama ao Catual (VII) servem para recordar atos heroicos
dos portugueses fora do eixo da viagem, convencendo-nos, e aos ouvintes
indígenas, da excelência dos ____. |
A canção referida ironicamente por Marta, «__ Boy»,
saída em 1985, da banda italiana Baltimora, e que estaria na moda à época em
que decorre a ação, leva o protagonista a imaginar-se no centro das atenções,
desta vez enquanto vedeta ____. |
Os deuses reconhecem o valor dos portugueses. ___
interessa-se por eles, protege-os, defende-os perante Júpiter e há de recompensar
a sua bravura com a Ilha dos Amores. Já ___ receia ver-se vencido pelos
portugueses. |
Na sua vontade de corresponder a um perfil
heroico (aliás, «cool»), Tiago gaba-se de ser __. Marta acabará por aceitar o
oferecimento de Tiago para essas funções, o que será a única _____ recebida pelo
herói. |
A Ilha dos Amores (IX-X) é o prémio que
simboliza a imortalidade do herói épico. Os marinheiros são aí elevados à
condição de deuses, convivendo com as ____, que os procuram ____, ainda que
fingindo fugir-lhes. |
Em sonho, Tiago imagina que ____, num cenário
que lembra o que se diria adequado à Ilha dos Amores (ou a anúncio de champôs),
o procura ____, embora, na situação real, se limite a passar por ele no bloco
B. |
Lê um dos «Questionários de Proust» que o Público
publicou este verão [ficam aqui seis dos vinte e tal que foram usados na aula].
Marcel Proust foi um escritor francês (1871-1922), autor de Em busca
do tempo perdido, uma das mais importantes obras da literatura universal. Não
foi ele que concebeu o questionário; mas respondeu a inquérito semelhante (esta
versão já estará adaptada), resposta depois encontrada no seu espólio, o que
fez que o questionário fosse batizado assim.
Responde a algumas
das perguntas do Questionário de Proust. Como se percebe, trata-se, por vezes,
de procurar também ser espirituoso, nem sempre literal na resposta. Responde na
ordem do inquérito, copiando também a pergunta. Podes descartar uma ou outra
questão (mas, no total, não saltes mais de três itens).
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TPC — Completa, melhora, o
que estiveste a escrever e traz-mo na próxima aula. Em Gaveta de Nuvens
deixarei exemplares do Questionário de Proust, para o caso de precisares de
saber as perguntas.
Aula 13-14 (9 [4.ª], 12 [3.ª], 13 [5.ª, 2.ª], 14/out [1.ª]) Correção de questionário de compreensão de «Ler é maçada» (cfr. Apresentação).
Vaiamos, irmana, vaiamos dormir
nas ribas do lago u eu
andar vi
a las aves meu amigo.
Vaiamos, irmana, vaiamos
folgar
nas ribas do lago u eu vi
andar
a las aves meu amigo.
Nas ribas do lago u eu
andar vi,
seu arco na mãao as aves
ferir,
a las aves meu amigo.
Nas ribas do lago u eu vi
andar,
seu arco na mãao a las
aves tirar,
a las aves meu amigo.
Seu arco na mano as aves ferir
e las que cantavam leixa-las
guarir,
a las aves meu amigo.
Seu arco na mano a las aves
tirar
e las que cantavam non’as quer
matar
a las aves meu amigo.
Fernando Esquio (CBN 1298, CV 902)
Vem comigo irmã, iremos
dormir
nas margens do lago onde
andar eu vi
às aves,
o meu amigo.
Vem comigo irmã, iremos folgar
nas margens do lago onde
eu vi andar
às aves, o meu amigo.
Nas margens do lago, onde
andar eu vi
com o arco na mão, as aves
ferir
às aves, o meu amigo.
Nas margens do lago, onde
eu vi andar,
com o arco na mão, as aves
matar,
às aves, o meu amigo.
Com o arco na mão, as aves
ferir;
mas as que cantavam, deixava-as
fugir,
às aves, o meu amigo.
Com o arco na mão, as aves
matar;
mas as que cantavam, deixava-as
voar,
às aves, o meu amigo.
Natália Correia (adaptação de)
Resolve o item pedido em Oralidade,
1-2 (p. 12):
A. Elementos naturais como
as águas (mar, rio, lago, ondas) e as aves são raros na lírica galego-portuguesa.
B. A referência ao "amigo"
é própria das cantigas de amor.
C. A voz feminina indica
que se trata de uma cantiga de amigo.
D. O tema dominante desta
composição poética é a caça.
E. A donzela convida a irmã
para um passeio na margem do lago.
F.A amiga não quer
acompanhar a donzela porque tem medo das aves.
G. O amigo caça à beira de um
lago e mata indiscriminadamente todas as aves que vê.
H. O amigo poupa as aves
canoras.
I. O par de estrofes é a
base da construção do poema.
J. Esta composição poética
é um hino ao amor e à primavera.
A — __; B — __; C — __; D — __; E — __; F — __; G — __; H — __; I — __; J — __
Elabora uma exposição
escrita, de 130 a 170 palavras, subordinada ao tema
A saudade é um tema recorrente nas cantigas de amigo.
Na produção poética galaico-portuguesa, destacam-se, pela sua
originalidade, as cantigas de amigo, aliás provavelmente autóctones (ao
contrário das cantigas de amor), tratando-se de um género em que a saudade é
tema recorrente.
A donzela, o sujeito
poético que expressa os seus sentimentos, manifesta a saudade do amigo ausente.
A mãe, as amigas e, até, a natureza — o mar («ondas do mar de Vigo»), as
árvores («flores do verde pino»), os cervos do monte, etc. — são as . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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As romarias, a ida à fonte, podem ser o contexto desses lamentos,
de um amor não correspondido ou de nostalgia do amado, sem o tom hiperbólico
que vemos nas cantigas de amor.
A seguinte cantiga de amigo de D. Dinis foi transcrita nos
cancioneiros com uma estrofe a menos (repara que só aparecem a seguir sete
tercetos — ou sete dísticos e o respetivo refrão —, quando se esperaria número
par de estrofes). Porém, podemos deduzir onde se situaria a estrofe em falta e
reconstituí-la, graças ao paralelismo típico das cantigas.
Tenta (i) perceber qual é o ponto em que falta uma estrofe;
(ii) reconstruir essa estrofe em falta (talvez à direita, perto do ponto em que
a devêssemos inserir).
Mia madre velida,
vou-m’a la bailia
do amor.
Mia madre loada,
vou-m’a la bailada
do amor.
Vou-m’a la bailia
que fazem em vila,
do amor.
Que fazem em vila
do que eu bem queria
do amor.
Que fazem em casa
do que eu muit’amava
do amor.
Do que eu bem queria;
chamar-m’am garrida
do amor.
Do que eu muit’amava;
chamar-m’am perjurada
do amor.
velida = ‘bela’ || bailia = ‘baile’ || loado = ‘louvado’ || garrida
= ‘alegre’ || perjurado = ‘falso’
Depois de vermos o trecho de Último a sair, em que as ações de Bruno ficam nos antípodas do código
do amor cortês na lírica medieval, completa a tabela com as seguintes
palavras (aqui desordenadas):
ator / trovador / sussurrar
/ Bruno / desejo / religiosa / proximidade / voyeurismo / regra / elogia / assediar
/ honestidade / intervêm / intervém / nobres / inacessível
Cantigas de amor |
Último a sair, episódio Bruno-Sónia |
O sujeito poético é um trovador, que se dirige à sua
«senhor», que não _____ e é um ser sobretudo idealizado, incorpóreo. |
Bruno Nogueira é quem
inicia o diálogo, mas tanto o homem (Bruno) como a mulher (Sónia Balacó) ____. |
Ambiente é palaciano, o «eu» (trovador) e a dama
são ____. Origem das cantigas de amor é provençal (lembre-se que a primeira
dinastia portuguesa tinha ascendentes franceses), ao contrário das cantigas
de amigo, provavelmente autóctones. |
Contexto imita o de um reality
show, supondo-se que as personagens em causa se comportam como jovens _____
e modelo-atriz. |
Amor é mais aspiração do que experiência
sentimental; tudo está sujeito a convenções; ____ respeita a senhor[a] a quem
presta vassalagem amorosa, à maneira cavaleiresca. |
_____ não se coíbe de
fazer propostas bastantes explícitas, mais físicas do que espirituais, e
trata a sua colega sem qualquer reserva ou delicadeza. |
Pretende-se prolongar o estado de tensão, sem
chegar ao fim do ____. |
Bruno não resiste a
seduzir Sónia sob os lençóis, mesmo quando se supunha ficarem apenas a ____. |
____ da senhor[a] não
poderia ser posta em causa, não havendo quaisquer alusões impróprias, sem se
sair nunca da esfera espiritual; a «mesura»
implicava que não se poderia suspeitar da identificação da amada. |
Bruno não se preocupa em
preservar a imagem de Sónia, o seu estratagema passa mesmo por aproveitar o ____
do público, o que implicava expor ao máximo a sua relação com a amada. |
O sujeito poético, o
trovador, superlativa a senhor[a],
que elogia com devoção quase _____. |
Sem grande sentido do
charme, Bruno é várias vezes desagradável com Sónia, que deprecia mais do que
____. |
Há distância entre trovador e a senhor[a], que lhe é ____. |
Haveria ____ máxima entre
amante e amada, se dependesse apenas de Bruno. |
Fidelidade é outra _____ imposta ao
trovador. |
Bruno, assim que Sónia se
lhe esquiva, vai ____ Luciana e Débora. |
Na p. 22 do manual temos uma cantiga de amor, de Dom
Dinis, que talvez não seja o exemplo mais típico deste género da lírica
trovadoresca. Mas podes olhá-la.
Alguns constrangimentos
para se criar uma cantiga de amigo
1.ª estrofe
1.º verso — Vocativo a um confidente (natureza;
alguém, mas não o amado; um objeto); última palavra em I
2.º verso — A rapariga exprime um sentimento ou
relata uma ação; última palavra terá rima em I
3.º verso — Refrão (ter em conta que se repetirá
nas estrofes todas)
2.ª
estrofe
1.º verso e 2.º verso — Muito próximos dos da 1.ª estrofe
(mas com última palavra com A)
3.º verso — Refrão
3.ª
estrofe
1.º verso — Igual ao segundo da 1.ª estrofe
2.º verso — Ter em conta que última palavra em I
3.º verso — Refrão
4.ª estrofe
1.º verso — Igual ao
segundo da 2.ª estrofe
2.º verso — Muito próximo
do da estrofe anterior (mas última palavra com tema em A)
3.º verso — Refrão
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TPC — (i) Procura conhecer o site ‘CantigasMedievais Galego-Portuguesas’, que destacarei em Gaveta de Nuvens.
Experimenta ver de relance cantigas dos vários géneros, investigar um ou outro
trovador, atentar nas sínteses sobre as cantigas, se tiveres dificuldade em
percebê-las. (ii)
Conclui, ou melhora, a cantiga de amigo criada em aula.
Aula 15-16 (13 [4.ª], 14 [3.ª], 15 [2.ª, 5.ª], 19/out [1.ª]) Correções de trabalhos devolvidos. Critérios de avaliação de português (exceto na turma 4.ª, onde já tinham sido explicados na aula anterior) — ver Apresentação; cfr. aqui documento institucional.
Sobre poema de Louise Glück
(a recente Prémio Nobel da Literatura) e caráter lírico, ou não, do texto em
causa:
Louise
Glück, parte
3 de «Landscape», traduzido por Rui Pires Cabral (publicado na Telhados de
Vidro, 12, maio de 2009; citado por https://observador.pt/, 8-10-2020):
Paisagem/3
Nos
fins do outono uma rapariga deitou fogo
a um trigal. O outono
fora
muito seco; o campo
ardeu como palha.
Depois
não sobrou nada.
Se o atravessávamos, não víamos nada.
Nada
havia para colher, para cheirar.
Os cavalos não compreendem —
Onde
está o campo, parecem dizer.
Como tu ou eu a perguntar
onde está a nossa casa.
Ninguém
sabe responder-lhes.
Não sobra nada;
resta-nos esperar, a bem do lavrador,
que o seguro pague.
É
como perder um ano de vida.
Em que perderias um ano da tua vida?
Mais
tarde regressas ao velho lugar —
só restam cinzas: negrume e vazio.
Pensas:
como pude viver aqui?
Mas
na altura era diferente,
mesmo no último verão. A terra agia
como se nada de mal pudesse acontecer-lhe.
Um
único fósforo foi quanto bastou.
Mas no momento certo – teve de ser no momento certo.
O
campo crestado, seco —
a morte já a postos
por assim dizer.
Comentários de leitores à notícia do Observador
(«Leia aqui dois poemas de Louise Glück, Prémio Nobel da Literatura de 2020») que
transcrevia o poema em cima:
[antonyoantonyo:] Porque é que isto é poesia? Pela
disposição das frases ?
[NorbertoSousa:]
Chamam a isto poesia?
[AnarquistaCoroado:]
Os meus poemas são melhores. Mas quem liga ao Nobel?
[MariaRibeiro:] Pessoa não teve o Nobel, nem
Sofia ou Lobo Antunes, ou Jorge Amado e Drummond, nem Tolstoi, Borges, Proust,
Kafka, Joyce, Woolf ou Nabokov. Os Nobel traduzem uma visão escandinava e
provinciana do mundo.
Depois de leres o poema de
Nuno Júdice na p. 16 — e
considerando o significado dicionarizado de «Lusofonia» (vê sobretudo a segunda
aceção do verbete desta palavra retirado de Dicionário
da língua portuguesa, Porto, Porto Editora, 2011) —, explica como o título
do texto («Lusofonia», precisamente) é irónico. (Na p. 395 há uma definição de «ironia»,
mas todos sabemos em que consiste esta figura de estilo.)
O título «Lusofonia» assume
sentido irónico, porque . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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No período final do poema o
sujeito lírico propõe uma solução-brincadeira que tem implícita espécie de crítica
à evolução da cidade. Comenta.
O problema abordado ao
longo do poema (um dilema fundamentado em reflexões de ordem linguística e
sociológica) ficaria repentinamente resolvido se o poeta tomasse uma medida
simples, mudar de café. E o sujeito poético aproveita para aludir a uma
situação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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Há uma dúzia de anos, em
2-6-2008, Osvaldo Manuel Silvestre
escreveu, no blogue Os livros ardem mal, este
Obituário de Pedro Mexia
em 2048
Faleceu
ontem Pedro Mexia. Foi poeta, crítico, pioneiro daquilo que há umas décadas se
chamou blogosfera, romancista (com um único romance) e desempenhou uma série de
cargos institucionais, de subdiretor, e depois diretor, da Cinemateca
Portuguesa, a Ministro da Cultura. Após uma publicação inicial algo intensa de
volumes de poesia, passou a ser um poeta bissexto, editando cada vez menos. As
suas duas últimas coletâneas, espaçadas por 12 anos, bem como a reunião, muito
desbastada, da sua obra poética, suscitaram um consenso crítico que a certa
altura parecia ter desaparecido. O seu único romance, já tardio, uma vasta suma
intitulada Só e mal
acompanhado, foi amplamente premiado mas debatido com rara
virulência: houve quem referisse Blanchot e Beckett, houve quem dissesse ser o
mesmo de sempre, numa espécie de vasto blogue feito de pequenos e grandes
nadas. Publicou dois volumes de crítica literária, o último dos quais em 2010,
com o título Fogo
Lento. Depois dessa data, que coincide com a extinção do último
suplemento literário na imprensa portuguesa, deixou a atividade. É
consensual que revolucionou a Cinemateca no período em que a dirigiu, mas ao
preço, acusam muitos, de a ter aberto em excesso ao mainstream e de ter
manifestado um profundo descaso por cineastas radicais da linha de Pedro Costa,
o que lhe valeu um famoso abaixo-assinado de protesto contra «A segunda
morte de Bénard da Costa». Como Ministro da Cultura distinguiu-se por não ter
mudado o nome a nenhum dos institutos sob sua alçada e por ter continuado as boas
práticas do seu antecessor direto, Rui Tavares. Como ele, queixou-se de falta
de verbas para a Cultura. No cômputo geral, a sua obra escrita, muita dela
produzida para os média, deixa uma impressão de dispersão por demasiados
mundos, manifestando, segundo alguns, a incapacidade de Mexia para escrever uma
obra ensaística de grande fôlego. Quando confrontado com semelhante acusação,
Mexia concordou sempre com a crítica, lembrando porém a máxima de Borges
segundo a qual «Esforço inútil é conceber vastas obras. Mais vale partir do
princípio de que elas existem e escrever-lhes breves comentários». Católico não
muito praticante, foi a partir de certa altura membro do Conselho Consultivo da
Universidade Católica. «Morreu dentro da fé», garantiu o Cardeal Patriarca
Tolentino de Mendonça, que o acompanhou nos últimos momentos, momentos em que,
segundo fontes bem informadas, não nos deixou sem citar um dos seus autores de
cabeceira, Machado de Assis: «Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura
o legado da nossa miséria».
Correio da Manhã, 2/6/2048
Que tipos textuais predominam
neste obituário (ou necrológio)?
_________________
Num dos seus vários livros
de pequenos apontamentos (publicados em blogues e depois reunidos em livros) — Estado
Civil. Diário de uma crise, Lisboa, Tinta-da-China, 2009, pp. 306-307 —, Pedro Mexia comentou assim o seu
obituário:
As notícias da minha morte
O Osvaldo Silvestre
escreveu o meu obituário. É um método cómico quase infalível, que joga com as
inevitáveis mudanças pessoais e com as probabilidades sociológicas. É também um
exercício de estilo que exige lucidez e verve, atributos silvestres por excelência.
O obituário foi
abundantemente citado na blogosfera, divertindo em igual medida os meus amigos
e os meus inimigos. Pela minha parte fiquei impressionado com a dimensão previsível das «informações» contidas no texto.
Tirando uma ou outra
provocação (ser ministro da Cultura) e uma ou outra nota otimista (2048), eu
próprio imagino o resto tal qual: a «depuração» progressiva, a incapacidade
para ir além do «fragmento», a aceitação das críticas e o remate machadiano.
Nem me parece uma
«necrologia»: é uma biografia prematuramente concluída. O texto está datado de
2048, mas pode perfeitamente ser escrito em 2008 porque no fundo em 2008 já está escrito.
As notícias da minha morte
não são exageradas.
Que
tipos textuais predominam neste apontamento de blogue, fragmento de diário?
______________
Em «Apóstolo que corrige Jesus» (série Lopes da Silva), o protagonista,
Jesus, engana-se frequentemente nas formas verbais (algumas delas resultam de a
personagem pretender usar formas que parecessem antigas). Há, portanto, quebras
de coesão textual, depois
corrigidas pelo apóstolo cioso da gramática. Completa o quadro.
Frase
proferida (com erro). |
Forma
verbal corrigida |
Tempo
da forma corrigida |
Ainda bem que chegásteis. |
|
Perfeito do
Indicativo |
Lembreis-vos ou não? |
Lembrais-vos |
|
Estades com fome? |
|
Presente do
Indicativo |
Se vós pudesses aguentar a larica... |
|
Imperfeito do
Conjuntivo |
Sedes pessoas para vir comigo? |
Éreis |
|
Idem caçar. |
|
Imperativo |
Comai a seguir. |
|
|
Senteis-vos bem? |
|
|
Não me agradeceis a mim. |
|
Imperativo |
Sabedes onde se come por aqui? |
|
|
Poemas de Último a sair
Roberto Leal
A vida é como um rio que
desagua para o mar, que é a poesia.
Pelas mãos de minha mãezinha
Andei nos tempos então;
Hoje, como está velhinha,
É ela que anda p’la minha
E faz a minha obrigação.
Endoscopia da alma
O meu peito é feito de luz
e brilho
E ontem encontrei um sinal nas costas.
Ninguém sabia se era maligno,
Começou tudo a fazer apostas.
A minha alma estava doente
E as minhas costas, não.
Ai que feliz de mim
E qualquer coisa que rime com ão.
Luciana
Abreu
Havia uma velha na rua a correr
Com uma lata no cu a bater.
Quanto mais a velha corria,
Mais a lata no cu lhe batia.
Feijoada de ternura
Estava eu a apanhar sol,
Estavas tu no sol a apanhar.
Veio chuva e veio o sol
Estavas tua na chuva a apanhar
Se eu soubesse o que sei hoje,
Talvez tivesse vindo mais cedo.
Assim, não vim mais cedo,
E fiquei a fazer a feijoada de ternura.
Bruno
Nogueira
Gosto da minha mãe.
Ganso daltónico
Ai, um ganso daltónico,
Ai,
um ganso pateta,
Porque
és daltónico,
Meu
ganso pateta?
Se
Albufeira é assim um bocado nhnhrhhihn,
Matei
uma criança cheia de sarampo
E
enterrei-a ao lado do primo Joel.
Este
bife está mal passado, sr. Antunes,
E
o robalo não está fresco, seu ganso daltónico.
Aula 17-18 (16 [4.ª], 20 [5.ª, 2.ª], 21/out [3.ª, 1.ª]) Correção de cantiga de amigo criada na aula anterior e completada em casa (cfr. Apresentação).
Aplicando
o que terás estudado no tepecê da aula 5-6 — sim, há talvez ironia —, resolve
este exercício sobre pontuação,
que se centra no caso das vírgulas:
A(s)
vírgula(s) pode(m) ser usada(s)
1.
para assinalar a elisão (isto é, a omissão) de um elemento.
2. para separar os vocativos.
3. para separar modificadores
(no início ou no meio da frase).
4. para separar elementos
que desempenham a mesma função sintática.
5. para separar orações
coordenadas assindéticas (as sem conjunção) e, até, as sindéticas.
6. para separar alguns conectores.
7. para separar os modificadores
apositivos.
8. para separar uma oração
adverbial (principalmente, quando colocada antes ou no meio da subordinante).
9. para separar orações
subordinadas adjetivas relativas explicativas.
Atribui
às frases uma das explicações (1-9) do uso de vírgula(s) inventariadas em cima:
___ Jota, o menos
internacional dos portugueses, marcou dois golos.
___ Comi uma alface, quando
a conheci.
___ Stor, dê-me a fatia
do bolo rançoso.
___ Bebi sangria,
aguardente, bagaço, vinho tinto, chá.
___ Ela tem uma das melhores
memórias; ele, uma das piores.
___ Ontem, comi uma
alface de estimação.
___ Não voteis na lista
Z, votai na lista de vinhos.
___ Não creio, contudo,
que sejas parvo.
___ Combinava, por
vezes, uns assaltos.
___ E, se tudo correr
bem, encontramo-nos em Paris.
___ Porque estava frio,
despi a camisola.
___ A iguana, que estava lindíssima,
beijou o iguano.
Nas pp. 18-19, vai lendo o
discurso de agradecimento proferido por Mia
Couto na cerimónia do Prémio Camões de 2013 (lê também a introdução,
do Jornal de Letras).
Na linha 12 e na linha 21,
percebemos que foram cortados dois trechos, o que se deduz do sinal «(...)».
Escreve tu esses dois passos em falta, adivinhando o assunto de que trataria
Mia Couto e mantendo um registo linguístico semelhante ao do resto do discurso.
Usa a outra folha, onde há linhas para isso. Depois, regressa ao que escrevo
aqui a seguir.
Passos a criar por ti, por
estarem em falta no discurso de Mia Couto:
[l. 12] última árvore.
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[l. 21] comum.
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No pseudónimo Mia Couto, «Mia»
é hipocorístico de Emílio (António Emílio). Ficámos a saber que a mãe de
António Emílio Leite Couto foi batizada como Maria de Jesus, que o pai do
escritor era Fernando, que a mulher de Mia se chama Patrícia, que os filhos são
Madyo, Luciana, Rita. Estas diferenças de estilo de onomástico consoante as
gerações interessam-nos para tratarmos de História da língua.
Há uma característica inevitável
da língua: a maneira como ela é diferente conforme a idade das pessoas, os sítios
que frequentam, os seus interlocutores. Esta característica tem o nome de variação. E tem um resultado: a língua
de quem vive em determinado tempo é sempre muito diferente da dos seus antepassados.
A isso se chama mudança linguística.
As duas tabelas mostram um
caso de variação e mudança no campo particular das escolhas de nomes de pessoas.
Excecionalmente, até podemos trabalhar com referência a poucas décadas, porque,
sendo uma área da língua muito exposta às vaidades humanas e influenciada por
acontecimentos diretos — telenovelas, surgimento de vedetas de futebol, etc. —,
o ritmo das mudanças é anormalmente elevado.
Nas colunas já preenchidas estão os nomes mais
populares em cada década (a fonte dos dados é a 3.ª Conservatória do Registo
Civil de Lisboa). À direita, deixei espaço para fazeres uma tentativa de
acertar no top dos nomes dos nascidos em 2000 e em 2019.
Nomes femininos |
||||||
|
1960 |
1970 |
1980 |
1990 |
2000 (segundo tu) |
2019 (segundo tu) |
1.º |
Maria |
Maria |
Ana |
Ana |
|
|
2.º |
Ana |
Ana |
Carla/Maria |
Joana |
|
|
3.º |
Isabel |
Carla |
Sónia |
Sara |
|
|
4.º |
Anabela |
Paula |
Sandra |
Andreia |
Beatriz |
|
5.º |
Teresa |
Sandra |
Cláudia |
Cátia |
Mariana |
|
6.º |
Helena |
Isabel |
Susana |
Inês |
Joana |
Alice |
7.º |
Cristina |
Anabela |
Andreia |
Catarina |
Catarina |
Benedita |
8.º |
Elisabete |
Elisabete |
Patrícia |
Cláudia |
Sara |
Mariana |
9.º |
Fernanda |
Elsa |
Marta |
Vanessa |
Carolina |
Ana |
10.º |
Luísa |
----------- |
Cátia |
Maria |
Daniela |
Francisca |
Nomes masculinos |
||||||
|
1960 |
1970 |
1980 |
1990 |
2000 (segundo tu) |
2019 (segundo tu) |
1.º |
José |
Paulo |
Ricardo |
João |
|
|
2.º |
António |
José |
Pedro |
Tiago |
|
|
3.º |
João |
João |
Nuno |
André |
|
|
4.º |
Luís |
Luís |
João |
Pedro |
Tiago |
|
5.º |
Carlos |
Carlos |
Bruno |
Ricardo |
André |
|
6.º |
Pedro |
António |
Carlos |
Diogo |
José |
Duarte |
7.º |
Paulo |
Rui |
Paulo |
Fábio |
Miguel |
Lourenço |
8.º |
Fernando |
Pedro |
Rui |
Nuno |
Francisco |
Miguel |
9.º |
Manuel |
Nuno |
Hugo/Luís |
Bruno |
Gonçalo |
Rodrigo |
10.º |
Rui |
Jorge |
Tiago |
Miguel |
Ricardo |
Tomás |
Em
1990, o nome «Vanessa» foi o nono mais escolhido. O que nos leva a «Maria
Albertina» (que, composta por António Variações, em 1983, foi depois recriada
em 2004, o ano em que nasceram muitos de vocês):
Maria
Albertina
Maria Albertina, deixa que eu te diga:
Ah...
Maria Albertina, deixa que eu te diga:
Esse
teu nome eu sei que não é um espanto,
Mas
é cá da terra e tem... tem muito encanto.
Esse
teu nome eu sei que não é um espanto,
Mas
é cá da terra e tem... tem muito encanto.
Maria
Albertina, como foste nessa
De
chamar Vanessa à tua menina?
Maria
Albertina, como foste nessa
De
chamar Vanessa à tua menina?
Maria
Albertina, deixa que eu te diga:
Ah...
Maria Albertina, deixa que eu te diga:
Esse
teu nome eu sei que não é um espanto,
Mas
é cá da terra e tem... tem muito encanto.
Esse
teu nome eu sei que não é um espanto,
Mas
é cá da terra e tem... tem muito encanto.
Maria
Albertina, como foste nessa
De
chamar Vanessa à tua menina?
Maria
Albertina, como foste nessa
De
chamar Vanessa à tua menina?
Que
é bem cheiinha e muito moreninha
Que
é bem cheiinha e muito moreninha
Que
é bem cheiinha e muito moreninha
Que
é bem cheiinha e muito moreninha
David Fonseca, Manuela
Azevedo, Camané, Humanos, Lisboa, EMI
— Valentim de Carvalho, 2004
Escreve um comentário a
«Maria Albertina». Nesse comentário (com, pelo menos, cem palavras [100-150
palavras]), explicitarás em que medida a letra da canção apresenta uma crítica
à escolha de nomes no nosso país. Inclui, pelo menos, uma citação. A caneta.
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TPC
— Vai já escolhendo, e lendo, livro do projeto de leitura. Lista de obras está
no blogue (aí faço algumas restrições mas também acrescento outras possibilidades).
Aula 19-20 (20 [4.ª], 22 [3.ª, 2.ª, 5.ª], 26/out [1.ª]) Continuamos com antropónimos, mas abandonamos os nomes de batismo, os primeiros nomes, e passamos aos apelidos.
Boa parte dos apelidos
começaram por ser patronímicos (= ‘nomes
de pai’): o primeiro Marques era filho de um Marco; o primeiro Simões, filho de
um Simão; o primeiro Lopes, filho de um Lopo. (Estes apelidos terminavam em -z, porque o morfema que se afixava ao
nome de batismo do pai era -ici,
que evoluiu para -iz, -ez ou -z e, com a reforma ortográfica de 1911, para -s.) Atrás de muitos apelidos terminados em -s estão, portanto, primeiros nomes de homem.
Na tabela seguinte, deduz
os patronímicos ou os primeiros nomes (alguns destes eram comuns na Idade Média
mas caíram em desuso depois).
Nome |
Patronímico |
Sancho |
|
Soeiro |
|
Estevão |
|
Gonçalo |
|
|
Dias |
|
Mendes |
Nuno |
|
|
Martins |
Nome |
Patronímico |
Telo |
|
|
Anes |
|
Peres
/ Pires |
|
Vasques
|
|
Álvares
/ Alves |
Paio
/ Pelágio |
|
|
Antunes |
|
Moniz |
Porém, nem todos os esses
em final de apelido se devem àquele -ici.
Por exemplo, os apelidos Reis e Santos celebram datas do calendário cristão: o Dia
de _____ e o Dia de Todos os ______.
O trecho que vimos do Programa do Aleixo (do episódio 1 da
temporada 2) faz apresentarem-se-nos personagens (Bruno Aleixo, Nelson Miguel
Rodrigues Pinto, Buçaco [«Bussaco» é erro], Renato Alexandre, Busto) que podem
ilustrar as quatro origens mais comuns dos apelidos: patronímicos, alcunhas, topónimos, invocação religiosa.
«Rodrigues» é um caso de
______ (o étimo é o nome «Rodrigo»). «Pinto» é um apelido que deve provir de
uma ______ (o étimo terá sido «pinto», a cria da galinha). «Buçaco» exemplifica
bem o processo de formação a partir de ______ (de certo modo, mostra até os
dois momentos: primeiro, o nome do lugar está explícito em «[Homem do] Buçaco»;
no final, Bruno trata o amigo já apenas por «Buçaco»). Quanto ao apelido do
nosso protagonista, «Aleixo», pode ter várias explicações, mas uma delas é a de
se tratar de ______ (se supusermos que a origem é «Santo Aleixo»).
No
manual do 10.º ano, um dos primeiros textos era «Novos trovadores», de Kalaf Epalanga, músico e escritor. Nessa
crónica, o narrador, num estilo autobiográfico, recorda os tempos em que procurava
usar a poesia para se declarar às namoradas, o que lhe sugeria uma analogia com
os trovadores e jograis medievais.
Depois,
já menos memorialístico e mais expositivo-argumentativo, estabelecia comparações
entre a música atual e as cantigas trovadorescas: o lirismo das cantigas de
amigo e de amor encontrar-se-ia também nas canções populares contemporâneas;
a crítica social e a sátira típicas das cantigas de escárnio e maldizer teriam
paralelo no rap.
Concluía-se
que os rappers — bem como outros cantores e os adolescentes que escrevem
poemas — seriam os novos trovadores e jograis. O que me interessa,
porém, não tem que ver com o texto propriamente dito.
Repara nesta
série de dez palavras, que criei a partir da palavra «Kalaf».
Kalaf
Buraca
David
Michelangelo
«Os
Delfins»
Cascais
Marcelo
vichyssoise
termas
jatos
Kalaf lembra Buraca
(porque integrou os Buraka Som Sistema); Buraca
lembra David (por causa do conhecido
restaurante «O David da Buraca»); David
lembra Michelangelo (o artista
renascentista autor da célebre escultura David); Michelangelo lembra Os
Delfins (já que o vocalista deste grupo musical era homónimo do escultor
italiano); Os Delfins sugere Cascais (porque a mais repetida canção
da banda era «A Baía de Cascais»); Cascais
pode associar-se a Marcelo
(porque aí vive o atual Presidente da República); Marcelo fez-me recordar vichyssoise
(uma sopa francesa que ficou ligada a um episódio contado acerca de Marcelo Rebelo
de Sousa e que mostraria como é, ou era, criativo); vichyssoise levou-me até termas
(porque Vichy, a cidade francesa que entra na formação do nome da sopa, é uma
estância termal); de termas passei a jatos (por causa dos tratamentos com esguichos
de água apontados aos pacientes, que não sei se se usam ainda, mas parecem
castiços e serão, provavelmente, ineficazes).
Faz
tu uma série assim, mas a partir de «Música». Vê se há relação entre a primeira
e a segunda palavras, entre a segunda e a terceira, etc., mas, ao mesmo tempo,
tenta afastar-te cada vez mais do motivo inicial (é que não se trata de
arranjar palavras todas da mesma área lexical!). Depois, escreve uma outra
série — também começada por «Música» — que venha a ter como décimo elemento a
mesma palavra que iniciou a lista.
Música
_______
_______
_______
_______
_______
_______
_______
_______
_______
Música
_______
_______
_______
_______
_______
_______
_______
_______
_______
música
O texto «O
primeiro amor» (p. 17) pertence a Chiquinho,
de Baltasar Lopes, escritor
nascido em Cabo Verde. É um texto escrito em português (não se trata, portanto,
de caboverdiano, isto é, crioulo de Cabo Verde, que é a verdadeira língua materna
em Cabo Verde), mas num português que incorpora regionalismos, coloquialismos
e, claro, as especificidades da vida local, há muitas décadas — São Vicente, há
quase cem anos.
Lê o texto, em que Chiquinho,
adolescente, relata os progressos do seu amor por Nuninha. Depois, acrescenta
um parágrafo. O novo parágrafo deverá ter cerca de cem ou cento e poucas palavras
(ou seja, tamanho aproximado do dos outros parágrafos de «O primeiro amor»),
entre as quais, obrigatoriamente, estas: _____; _____; _____; _____; _____;
_____. A ordem é irrelevante.
Deves
procurar que a narrativa se mantenha verosímil e adotar registo semelhante ao
do resto do texto de Baltasar Lopes (embora não seja decerto possível imitar o léxico, que é,
simultaneamente, elegante, local, «meigo»). O ideal é que as seis
palavras em causa, que sublinharás, não sejam sentidas como estranhas. (São
interditas espertices do tipo «e fulano decidiu riscar as palavras tal, tal,
tal, tal, tal e tal».)
nossos destinos.
.
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O filme O Discurso do Rei interessa-nos a vários
títulos. Sobretudo, far-nos-á reconhecer a importância da oratória, neste caso ilustrada por peripécias verídicas: as
dificuldades de fala de Jorge VI, a terapia da sua expressão oral, o decisivo
discurso com que anunciou a II Guerra Mundial.
TPC — Por estes tempos, serei parcimonioso
em pedidos de tarefas para casa, para poderes ires tratando das escolhas-leituras
de livros. É também possível que, proximamente, recebas convite para Classroom
«Gaveta do 11.º #»; esperamos contar contigo (apesar de o serviço de catering
não ser extraordinário). Continuaremos, porém, a usar o blogue
preferencialmente. A referida «sala de aula» servirá sobretudo para arquivo de
tarefas, quando for caso disso.
Aula 21-22 (23 [4.ª], 27 [5.ª, 2.ª], 28/out [1.ª, 3.ª]) Correção do comentário sobre «Maria Albertina» (cfr. Apresentação).
Nas
pp. 23-24 do manual, vai lendo a crónica de Afonso
Cruz, «Os camelos limitam-se a viajar através de histórias, mesmo
quando deixam pegadas na areia».
Depois,
em cerca de cem a cento e trinta
palavras, escreve uma sua síntese. Recordo
as diferenças entre síntese e resumo:
Num
resumo, mantêm-se os tempos dos verbos, o sistema de enunciação (a pessoa
da forma verbal), a ordem dos segmentos, o número de parágrafos (que ficam é
mais pequenos).
Na
síntese, não se mantém a
enunciação (olhamos o texto com mais distância), não se tem de respeitar ordem
ou proporção de assuntos do original, temos de usar palavras nossas (embora até
possamos fazer citações). Focar-nos-emos no essencial, estaremos «por cima» do
texto.
Para chegares então à síntese que se pretende, continuarás o que
já comecei, ainda que não seja talvez necessário usares letra tão queque. Sugiro
que escrevas a caneta.
Na
sua crónica, Afonso Cruz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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O tema «Carta», do grupo Toranja, está incluído
no primeiro álbum da banda, Esquissos,
de 2003. Escuta o texto e, logo à primeira audição, tenta completar os espaços
em branco com as palavras em falta.
Não falei contigo
com medo que os ______ (1)
e vales que me achas
_____ (2) a teus pés...
Acredito e entendo
que a _________ (3) lógica
de quem não quer explodir
faça bem ao _______ (4) que és...
Saudade é o ____ (5)
que vou sugando e aceitando
como ______ (6) de verão
nos ______ (7) do teu beijo...
Mas sinto que sabes
que sentes também
que num dia maior
serás _______ (8) sem rede
a pairar sobre o ______ (9)
e tudo o que vejo...
É que hoje acordei e lembrei-me
que sou _______ (10) feiticeiro
Que a minha bola de ______ (11)
é ______ (12) de papel
Nela te pinto nua
numa ________ (13) minha e tua.
Desconfio que ainda não reparaste
que o teu _______ (14) foi inventado
por ________ (15) estragados
aos quais te vais moldando...
E todo o teu ________ (16) estratégico
de ___________ (17) do coração
são _____ (18) como paredes e tetos
cujos _____ (19) vais pisando...
Anseio o dia em que acordares
por cima de todos os teus _______ (20)
raízes _________ (21) de somas ________ (22)
sempre com a mesma solução...
Podias deixar de fazer da vida
um ____ (23) vicioso
______ (24) ao teu gesto _____ (25)
e à palma da tua mão...
É que hoje acordei e lembrei-me
que sou ______ (26) feiticeiro
Que a minha bola de _____ (27)
é _____ (28) de papel
E nela te pinto nua
Numa ______ (29) minha e tua.
Desculpa se te fiz ______ (30) e noite
sem pedir _________ (31) por escrito
ao ________ (32) dos Deuses...
mas não fui eu que te ______ (33).
Desculpa se te usei
como _______ (34) dos meus sentidos
pedaço de _________ (35) perdidos
que voltei a encontrar em ti...
É que hoje acordei e lembrei-me
Que sou _____ (36) feiticeiro...
... nela te pinto nua
Numa _______ (37) minha e tua.
Ainda ______ (38) alguém
O ____ (39) passou-me ao lado
Ainda ______ (40) alguém
Se não te deste a ninguém
magoaste alguém
A mim... passou-me ao lado.
Letra e música de Tiago Bettencourt
Comprova
a natureza autobiográfica da letra, transcrevendo quatro deíticos pessoais. (Os deíticos são marcas da
enunciação. Por exemplo, a 1.ª pessoa implica a referência ao enunciador — ao
sujeito da enunciação; e a 2.ª pessoa implica um seu interlocutor também
presente no momento da enunciação. Pronomes e flexão verbal são os deíticos
pessoais mais relevantes. Palavras como «este», «esse», «aquele», «aqui», «ali»
são deíticos espaciais. «Agora»,
«neste momento», «ontem», «amanhã» são deíticos
temporais.)
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Justifica o título («Carta»)
atribuído à canção.
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Assinala os intrusos na
lista, que pretende ser um Campo lexical de ‘nome’. (Recordo
que se dá o nome de campo lexical ao
conjunto de formas que partilhem um mesmo campo conceptual.)
nome / onomástico / cocó /
hipocorístico / identificar / assinar / designar/ alcunha / apelido / topónimo
/ com / há / batismo / nomeação / nómada /Não invoques em vão o santo nome de
Maria!
Indica seis exemplos de
elementos que integrem o Campo semântico de «nome». Para
ajudar, reproduz-se o verbete de dicionário de «nome». (Dá-se o nome de campo semântico ao conjunto dos
diferentes significados que uma palavra pode assumir de acordo com o contexto
em que ocorre.)
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_______________
No início de O Discurso do Rei há várias referências ao
onomástico (aos nomes próprios), mais
concretamente, a antropónimos (os
nomes de pessoas) e é esse o tópico que nos vai mobilizar por enquanto.
________ — nome que talvez
não entre em moda tão cedo — foi um grande orador grego. Ter seixos na boca
enquanto ensaiava os discursos, episódio sempre citado, era uma das estratégias
a que recorrera para vencer a gaguez de que padecia.
O apelido do original terapeuta da fala, cujo primeiro nome é Lionel,
quase parece inventado propositadamente. Com efeito, «______» assemelha-se ao radical grego ‘logo’, que significa
‘discurso, palavra, razão, estudo’ (cfr.
«logorreia», «logótipo», «logogrifo», «logopedia», «logograma»).
Também é interessante o
apelido usado pelo futuro rei, quando pretendia passar incógnito: _______ é
decerto um dos apelidos mais comuns em Inglaterra e é um patronímico (significa ‘______ de John’, sendo equivalente ao português
Anes, ao russo Ivanov, ao sérvio Jovanović, ao holandês Jansen, ao dinamarquês
Jensen, ao sueco Johansson, ao galês Jones, etc.). Outro apelido com origem patronímica
é o da presidente da Sociedade de Terapeutas da Fala, que teria recomendado
Lionel, a senhora Eillen _____ (onde adivinhamos um antepassado escocês filho
de um Leod).
A certa altura alude-se
aos nomes de batismo do então Duque de
Iorque. Chamava-se ele «Alberto Frederico Artur Jorge», embora o tratassem
familiarmente pelo hipocorístico _____
(< Albert). Mais à frente se verá o motivo de, aquando da coroação, ter
preferido o nome _____, em detrimento dos outros.
Uma última menção se pode
fazer. Surgem, ainda crianças, as princesas _____ e Margaret. A primeira é a
atual rainha e, como já expliquei, será responsável pela relativa popularidade
deste nome em Portugal há quase de sessenta anos, já que visitou o país em
1957. É um caso curioso, porque sempre fora muito corrente um outro nome seu cognato: «_____». Também _____ e Jaime
são divergentes de um mesmo étimo, Iacobu.
TPC
— No blogue, destacarei uma zona, que lerás, que inclui as noções de ‘campo
lexical’ e de ‘campo semântico’.
Aula 23-24 (27 [4.ª], 29/out [3.ª, 2.ª, 5.ª], 2/nov [1.ª]) Nas pp. 14-15 do manual, lê «Viagens de ontem e de hoje», trecho de O Murmúrio do Mundo. A Índia Revisitada, de Almeida Faria. É um livro de uma coleção (‘Literatura de Viagens’) de que veremos mais exemplos a seguir.
Responde à pergunta 7
(de Leitura, p. 15):
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Transcreve três palavras do campo lexical de ‘doença’: ______; ______; ______.
Copia três exemplos de deíticos
(um pessoal, outro temporal, outro espacial), encontrados só na parte do texto em redondo (ou seja, na
que não está em itálico — na moderna, portanto): _____; _____; _____.
Nas linhas 46-47, repara em «mendespintice» (nome) e
«mendespinto» (1.ª pessoa do Presente do
Indicativo de um verbo «mendespintar). São neologismos
criados a partir do nome do escritor (viajante e aventureiro) Fernão Mendes Pinto.
Tendo em conta o contexto, podemos traduzir estas duas palavras por ______ e
_______.
Num livro,
o Paratexto
é o que não é o texto propriamente dito. Inclui categorias da responsabilidade
do autor (título, dedicatórias, epígrafes) e outras da responsabilidade do editor (capa, contracapa, orelhas, sobrecapa, cintas). Há ainda prefácio
ou posfácio, notas, índices, bibliografia, ilustrações, que podem ser quer da responsabilidade autoral quer da
do editor.
Verificarás as partes do
livro que te calhar, completando o que se segue (preenche as linhas e risca ou
circunda as alternativas dentro das chavetas):
Capa
A capa, além do logotipo da editora (Tinta-da-China), terá o nome do
autor (______) e o título da obra (abreviado, se o título completo for grande).
Os livros desta coleção,
‘Literatura de viagens’, têm capas com uma única cor de fundo, que vai variando
de obra para obra, e uma ilustração a negro. A autora da capa, a capista, é _____ (como podemos ler na ficha técnica,
que está no verso do frontispício). Às vezes, os autores das capas usam
fotografias ou ilustrações de outros artistas, cuja referência figurará também
na ficha, mas não é o que sucede neste caso.
Na lombada, se descartarmos as ilustrações, temos os mesmos elementos
que na capa: título (abreviado), _____, logotipo da editora.
Na contracapa há uma citação de _______ (o conhecido Santo Agostinho),
que percebemos serve de lema a toda a coleção, e {um/dois excerto(s)}, tirado(s)
do {livro propriamente dito e/ou do prefácio}. Vem também {o nome do tradutor,
o nome do coordenador da coleção, o código de barras}.
Os livros desta coleção
não têm badanas (orelhas), porque são de capa dura. As
badanas usam-se em livros de capa mole ou nas sobrecapas. O que costuma estar escrito nas badanas pode ser uma
notícia biobibliográfica sobre o autor, o elenco de outros livros da coleção,
uma lista dos livros do mesmo autor, até uma sinopse do livro.
Uma característica especial
desta coleção é estarem coladas nos
versos da capa e da contracapa, e funcionando também como primeiro resguardo
das folhas do livro, cartolinas de cor com o mapa das ______ de que trata a obra.
Folhas
Páginas não numeradas ímpares (pp. [1], [3], [5], [7]), de
rosto, portanto
Há guarda (folha em branco ou só com o logotipo da editora)? {Sim /
Não}.
Há anterrosto (página que terá só o título, talvez até abreviado)?
{Sim / Não}.
Quanto ao frontispício (portada ou página de rosto),
que contém {autor / título completo (e subtítulo) / tradução / cidade, editora,
ano / coordenador da coleção}, é a página mais importante de qualquer livro, e é
por ela que se faz a referência bibliográfica.
Em alguns dos livros desta
coleção, antes das páginas numeradas vem o índice.
Páginas não numeradas pares ([2], [4], [6], [8]), de verso,
portanto
Qual das páginas tem a ficha técnica? {O verso do anterrosto /
A contraportada, ou seja, o verso do frontispício}. Que elementos aí vemos?
{Endereços da editora / título original (se o livro for uma tradução) e autor da
tradução / autor do prefácio / responsáveis por capa, revisão, composição /
depósito legal / data da edição}.
Páginas numeradas mas ainda antes do texto propriamente dito
Deverá haver um Prefácio, escrito por alguém que não é
o autor do livro. Neste caso, o prefaciador foi __________.
Em alguns dos livros, já
na parte da responsabilidade do autor, pode haver páginas de dedicatória {Não tem / Tem, a _______},
alguma epígrafe (citação, máxima)
{Não / Sim, e é uma frase do autor / é um provérbio / é uma citação de outro
autor / ______} e até algum prólogo ou
introdução {Não / Sim}.
Páginas do texto principal
No cabeçalho, nas páginas
ímpares, vem o título corrente (o
título do livro, talvez abreviado) e, nas pares, o nome do ______).
Há notas de rodapé (pé de página)?
{Não / Sim, do autor / tradutor / editor}.
Páginas depois do texto principal
Creio que, como em todos
os volumes desta coleção, haverá uma Nota
biográfica (acerca do autor), da responsabilidade da editora. {Confirma-se
/ Não}.
Ainda antes, pode haver algum
Posfácio ou Nota à edição, mas é raro.
Nos livros desta coleção
não há secções que aparecem em outras obras, como bibliografia, cronologia,
índices toponímico (lugares) ou onomástico
(nomes), lista de ilustrações.
{Confirma-se que não há / Há: ______}.
Na última
(ou penúltima) folha há o colofão (ou
colofon): «[Título] foi composto em caracteres [fonte] e impresso na [tipografia],
em papel [marca e gramagem], em [data: ______]».
Por
vezes, surge ainda a lista de obras na
coleção. {Neste caso, não / Sim}.
Relanceando
agora também o miolo da obra, tenta perceber o exato género do livro,
sabendo-se já que todas as obras da coleção cabem na classificação abrangente de
‘literatura de viagens’. (Nota que alguns dos géneros seguintes podem até coexistir
— nesse caso, terás de selecionar mais do que um item.)
É um livro de {crónicas / relato
de viagem / narrativa(s) de ficção / narrativa(s) autobiográfica(s) / diário / reportagem
/ reflexões político-sociológicas sob a forma epistolar (isto é, em cartas) /
memórias / ensaio / [outro: ______]}.
[Só para mais tarde:]
Pensa numa obra (que
inventarás). Tanto pode ser biografia ou autobiografia, como coletânea de
crónicas, livro de viagens, romance, antologia de contos, ensaio, etc., mas
sempre de autor por ti criado. Desse
livro inexistente escreverás o seguinte paratexto.
Anterrosto:
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Frontispício (página de
rosto ou portada) {Separa os diversos elementos por barras}:
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Texto para contracapa:
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Curta biografia do autor
para badanas (orelhas):
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Lista de obras da mesma coleção
(para orelhas ou para páginas finais):
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Índice (bastarão cinco entradas; dispenso a indicação das páginas):
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TPC
— Completa e melhora (e, depois, traz-mo) texto iniciado em aula.
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