Sunday, August 30, 2020

Aulas (3.º período, 2.ª parte: 97-112)

 

Aula 97-98 (19 [1.ª], 20 [5.ª, 2.ª, 4.ª], 21/abr [3.ª]) Correção da biografia de personagem castiça (segundo o modelo dos primeiros parágrafos do cap. I de Amor de Perdição).

Vamos ler partes do cap. IV de Amor de Perdição. Começamos pelo trecho nas pp. 206-207 e continuamos com o texto nas pp. 208-209. Escolhe a melhor alínea de cada item:

[pp. 206-207]

«de bons humores para dar ao autor de seus dias um resto de velhice feliz» (ll. 3-4) significa

a) ‘com sentido de humor para dar a Camilo Castelo Branco um fim de vida agradável’.

b) ‘com disposição para cumprir a vontade do pai’.

c) ‘de bom humor para conceder a Camilo uns últimos dias aceitáveis’.

d) ‘com vontade de corresponder a um apelo de Deus’.

 

O parágrafo «O silêncio de Teresa era interrogador.» (l. 5) quer dizer que

a) Teresa a si própria se perguntava das razões daquele silêncio.

b) Teresa falava com a colega ao lado durante a secante atividade «Ouvindo o silêncio, lendo».

c) a filha de Tadeu de Albuquerque usara uma interrogação retórica.

d) Teresa não percebera a situação.

 

Na l. 6, «minha filha» desempenha a função sintática de

a) vocativo.

b) sujeito.

c) modificador apositivo do nome.

d) complemento direto.

 

O advérbio «cegamente» (l. 7) significa

a) ‘de olhos vendados’.

b) ‘como se não houvesse amanhã’.

c) ‘com confiança em outrem’.

d) ‘tipo Stevie Wonder’.

 

«e talvez com o desfalque do teu grande património» (l. 11) alude à possibilidade de Tadeu

a) deserdar a filha.

b) tirar do banco joias que pertenciam à filha.

c) atirar um cocó de cão à cara da sonsa da filha.

d) roubar a Teresa a coleção de Barbies e Nenucos e a filmografia anotada de Violetta.

 

«desassombrada do diabólico prestígio do maldito que acordou o teu inocente coração» (ll. 12-13) significa

a) ‘sem influência do sacana do Simão’.

b) ‘sem o espírito do diabo assombrar a sua ingenuidade’.

c) ‘liberta do fascínio das ideias malditas do Diabo’.

d) ‘com o coração puro livre das más influências dos infiéis’.

 

O determinante possessivo «seu» (l. 16) tem como referente

a) Tadeu de Albuquerque.

b) o primo Baltasar.

c) Simão.

d) Domingos Botelho.

 

Para Albuquerque, Baltasar é um «composto de todas as virtudes» (l. 24),

a) só lhe faltando a beleza.

b) quer quanto às relevantes (ser rico, sabedor, bom cristão), quer nas acessórias (não ser um emplastro).

c) tanto no domínio sexual como no espiritual.

d) só comparável a compostos como CaCO3 ou COCÓ2.

 

Em termos de classificação de orações podemos descrever «Quero que cases!» (l. 35) assim:

a) Subordinante + Subordinada adjetiva relativa explicativa.

b) Subordinante + Subordinada consecutiva.

c) Subordinante + Subordinada substantiva completiva.

d) Subordinante + Subordinada adjetiva relativa restritiva.

 

Segundo o que se lê no parágrafo das ll. 45-50, o conselho que Baltasar deu a seu tio foi

a) que não pusesse Teresa num convento e mandasse matar Simão.

b) que deixasse Simão a seu cargo e permitisse a Teresa ficar em casa.

c) que fizesse Teresa entrar num convento e esperasse que Simão chegasse de Coimbra.

d) esquecer tudo e avançar bastante na leitura de Os Maias ou a Ilustre Casa de Ramires.

[pp. 208-209]

Ainda antes de terminada a leitura da carta de Teresa (ll. 1-5), Simão pensou

a) em matar Baltasar, por um ímpeto resultante da paixão.

b) em apunhalar o primo de Teresa, por um imperativo do seu amor pela fidalga de Viseu.

c) que era urgente começar a preparar leitura expressiva de sonetos de Antero.

d) em matar Baltasar, mais por feitio do que pelo amor a Teresa.

 

No período que começa  com «Nenhuma daquelas páginas» (l. 11), diz-se-nos que

a) Simão lera com paixão todas as cartas enviadas por Teresa.

b) Simão, assim que lia as cartas de Teresa, ficava fortalecido, vencia os seus ímpetos mais irracionais.

c) as páginas da história do coração de Simão eram as cartas que recebia de Teresa.

d) Simão, ao estudar, pensava sempre em Teresa.

 

No último período do primeiro parágrafo (ll. 18-19), Simão

a) procura convencer-se de que as afrontas de Baltasar não seriam assim tão graves.

b) atribui as ameaças de Baltasar a má interpretação por Teresa.

c) atinge o auge da sua fúria, dadas as ameaças e os insultos que lhe relata Teresa.

d) decide-se pela vingança (que horrorizará a própria Teresa).

 

Em «Perguntou ao arrieiro se conhecia alguma casa em Viseu onde ele pudesse estar escondido uma noite ou duas, sem receio de ser denunciado» (ll. 27-29), a oração começada por «se» é

a) subordinada substantiva completiva e a começada por «onde» é subordinada adjetiva relativa explicativa.

b) subordinada substantiva relativa e a começada por «onde» é subordinada adjetiva relativa restritiva.

c) subordinada adverbial condicional e a começada por «onde» é subordinada adjetiva relativa explicativa.

d) subordinada substantiva completiva e a começada por «onde» é subordinada adjetiva relativa restritiva.

 

No último parágrafo, «arrieiro» (ll. 25, 28, 29) e  «homem» (31) concorrem para a coesão

a) lexical (por reiteração e por hiperonímia).

b) referencial.

c) lexical (por sinonímia).

d) interfrásica.

 

O uso de «e» (31) é um processo de coesão

a) interfrásica.

b) lexical.

c) frásica.

d) referencial.

 


Amor de Perdição. Memórias duma família (novela de Camilo Castelo Branco)

Um Amor de Perdição (filme de Mário Barroso)

 

Tempo

[Camilo:] Ação decorre no século ___, em dois momentos. Na moldura introdutória estávamos nos anos sessenta do século XIX — quando o narrador lê os registos da Cadeia da Relação —; a intriga propriamente dita decorre sessenta anos antes, nos inícios do XIX (1801-1807), se descartarmos o resumo dos antecedentes da família.

[Barroso:] Ação decorre no século ___.

Espaço

[Camilo:] Ação decorre em ___ (e em Coimbra e, mais tarde, no Porto).

[Barroso:] Ação decorre em ___.

 

Narrador

[Camilo:] Embora de 1.ª pessoa, não é ____, exceto na moldura do 1.º nível narrativo, quando nos diz como chegou à história que vai contar. Depois, só esporadicamente usa a 1.ª pessoa (mas há alusões aos «leitores» e às «leitoras», o que reforça o caráter subjetivo da narração) e a focalização parece quase omnisciente. A certa altura (cap. XII), transcreve-se carta de Rita com os «tristes acontecimentos da minha mocidade». (É aliás comum o recurso a cartas para preencher o relato da narrativa.)

[Barroso:] É homodiegético, já que é a voz de ____ que vamos ouvindo.

Personagens

Simão

[Camilo:] É rebelde mas genial. Em Coimbra, onde estuda Humanidades, arranja desacatos por defender ideias da Revolução Francesa, mas passa nos exames. Em Viseu, luta sozinho contra o povo para defender um criado que fora atacado no ____.

[Barroso:] É rebelde mas genial. No colégio, a que aliás vai pouco, tem vintes e só um dezasseis, mas agride professor. Na noite de Lisboa, luta sozinho para defender Zé Xavier, que fora atacado numa _____.

Pai

[Camilo:] Domingos Botelho, corregedor, inicialmente ____ Simão, mas é frio, inconstante, impiedoso. Tem características ridicularizadas pelo narrador.

[Barroso:] Domingos Botelho, juiz, inicialmente defende Simão, mas quer sobretudo que o filho não o _____. Não é tão castiço como a personagem do livro.

Mãe

[Camilo:] Rita Preciosa, nobre decadente e pretensiosa, preocupa-se com Simão, mesmo que se aborreça com o desprezo a que este vota os Caldeirões e prefira o filho ___.

[Barroso:] [Rita] Preciosa, burguesa rica, fútil no seu quotidiano, tem comportamentos quase incestuosos com ____, mas não deixa de se preocupar com Simão.

Manuel

[Camilo:] É personagem quase instrumental. Queixa-se do irmão. É visto como mais fraco. Estuda Direito, em ____; por sugestão da mãe, tentará ser cadete de cavalaria, em Bragança; depois, regressará a Coimbra para Matemáticas. Reconcilia-se com Simão, mas foge com uma açoriana casada. (Terá de novo intervenção só no cap. XVI.)

[Barroso:] É personagem mais saliente do que no livro. Queixa-se do irmão. É o estereótipo do fraco. Parece amante da mãe; estuda no mesmo colégio que o irmão, mas, por sugestão da mãe, prefere ser transferido para o Colégio ___. Tem má relação com Rita.

Irmãs & Zé

[Camilo:] As três irmãs (Maria, Ana, Rita) «são o prazer e a vida toda do coração de sua mãe». A mais nova, Rita, é a ___ de Simão.

[Barroso:] Rita e Simão dão-se muito bem. Rita, que detesta Manuel, está a ler Amor de Perdição. (Não há mais irmãs.) Zé Xavier é, para já, personagem instrumental (desempenha funções que, no livro, cabem a criados). Parece interessar-se por ___.

Teresa

[Camilo:] É ___ de Tadeu de Albuquerque, grande inimigo do pai de Simão (magistrado sentenciara em desfavor de Tadeu).

[Barroso:] É filha de Tadeu de Albuquerque, grande inimigo do pai de Simão (segundo a mãe, porque o Albuquerque o impedira de ser ___).

 

Amor

[Camilo:] Simão vê Teresa na ___ em frente e logo se apaixona. Comunicação entre os dois será feita sobretudo por carta.

[Barroso:] Simão vê Teresa num vídeo da equipa de ___ de Rita e logo se apaixona. Comunicação entre os dois será feita sobretudo por telemóvel.

 

Assistência a curtos momentos de filme de 1943 (minutos 30-32,15; 35-38,15):

e a dois minutos do filme de Manoel de Oliveira (2-4):

«A submissão é uma ignomínia, quando o poder paternal é uma afronta» é uma frase célebre de uma das cartas de Simão a Teresa (cap. VIII). Discute a sua modernidade, num breve texto de opinião (180-220 palavras) que tenha em conta o que já conheces da obra.

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TPC — Continua a procurar avançar na leitura da obra de Eça que tenhas escolhido (A Ilustre Casa de Ramires ou Os Maias).

 

 

Aula 99-100 (21 [1.ª], 22 [3.ª, 2.ª, 5.ª], 23/abr [4.ª]) Correção do questionário de compreensão feito na aula anterior (sobre cap. IV de Amor de Perdição). (Ver Apresentação.)

Assistência a Amor de Perdição de António Lopes Ribeiro nestes minutos: 38.50-41.30; 48,30-51,40; 1.02.40-1.06.40 (e, mais tarde, também a 1.19.30-1,25,20; 1.28.30-1.32):

Vejamos o que se passa entre o capítulo IV e o X [uso Carlos Reis, «Amor de Perdição», Camilo Castelo Branco, ‘Leituras Orientadas’, Porto, Porto Editora, 2016, pp. 82-83]:

Capítulo V Celebra-se o aniversário de Teresa, que se prepara para se encontrar com Simão. Baltasar Coutinho interpõe-se e enfrenta Simão. Este regressa a casa de João da Cruz, que lhe explica a dívida que tem para com o pai, Domingos Botelho. Também por isso, João da Cruz, já antes de acolher Simão, recusara matar Simão por incumbência de Baltasar. Vai-se manifestando o amor de Mariana por Simão.

Capítulo VI Nova emboscada noturna de Baltasar Coutinho e dois criados a Simão, que está acompanhado por João da Cruz e pelo cunhado deste, quando se vai encontrar com Teresa. A espera torna-se violenta: os criados de Baltasar são mortos e Simão é ferido.

Capítulo VII Simão recolhe a casa de João da Cruz e, ao mesmo que é tratado do ferimento, troca cartas com Teresa, cujo pai quer encerrá-la num convento, como efetivamente acontece. Teresa fica isolada do mundo e, no convento, vai-se apercebendo de intrigas impróprias da vida religiosa.

Capítulo VIII Mariana é encarregada de tratar de Simão e vai-se tornando sua confidente. Simão toma conhecimento de que Teresa está no convento e decide resgatá-la; ao mesmo tempo, apercebe-se de que a dedicação de Mariana é um verdadeiro sentimento amoroso.

Capítulo IX Simão continua a ser protegido por João da Cruz e por Mariana e vai recebendo cartas de Teresa. Entretanto, Tadeu de Albuquerque trata da mudança da filha para um convento do Porto. Simão é informado por Teresa e manda-lhe uma carta por Mariana, que se prontifica para a entregar.

O passo que vais ler agora — já do Capítulo X (excerto 1, pp. 210-212 do manual) — inclui, precisamente, a entrega da carta de Simão a Teresa, feita por Mariana. Vai lendo esse texto e respondendo a estas perguntas.

[ll. 1-26 e 27-32]

1. Identifica, no diálogo entre Teresa e Mariana, as marcas linguísticas reveladoras do seu diferente estatuto social. Refere depois, justificando-a, a informalidade do diálogo entre Joaquina e Mariana.

[Completa a resposta:] A diferença social entre as duas é evidente na forma como Mariana se dirige a Teresa, servindo-se de expressões como «vossa _______» ou do vocativo «_______».  Também o narrador acentua essa diferença, na medida em que, logo no início do excerto, assumindo a perspetiva de Mariana através da focalização interna, se refere à filha de Tadeu de Albuquerque como «_____». Por seu lado, Teresa não faz uso de qualquer título para se dirigir a Mariana. (Entretanto, Joaquina, igualmente do povo, trata Teresa por «____».)

Entre Mariana e Joaquina o tratamento é informal. Usa-se a 2.ª pessoa do singular, o «tu»; Mariana recorre ao diminutivo em «____» (podia ter sido o hipocorístico «Quina»); Joaquina socorre-se dos vocativos «Mariana» e «____».

2. Justifica a atitude de Mariana quando recusa o anel de Teresa.

[Completa esta resposta:] A recusa pode justificar-se pelo facto de Mariana evidenciar ____. Agia não em favor de Teresa mas de Simão, e, por isso, «a receber alguma paga [haveria] de ser de quem [a lá mandara]» (ll. 25-26). Para todos os efeitos, Mariana vê em Teresa uma ______ e seria ofensivo para si própria aceitar aquela oferenda.

[ll. 33-43]

3. Focando-te nestes quatro parágrafos (os das ll. 33-43), caracteriza Mariana.

[Completa a resposta só com citações:] Mariana sente-se inferior a Teresa, tanto social como fisicamente («________», ll. 35-36), embora seja ela própria atraente. Entretanto, abnegada, não deixa de ir memorizando a mensagem que ficou de transmitir («________», l. 33), o que faria com eficiência («_______», l. 42).

[ll. 44-83]

4. Apresenta a perspetiva de João da Cruz sobre os relacionamentos amorosos, associando--a à época retratada na obra.

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[ll. 84-106]

5. Na carta de Simão a Teresa, o sentimento mais importante não parece ser o do amor mas o apego ao destino, à tragédia, à honra. Comenta.

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Amor Simão-Teresa

 

Amor de Perdição (Camilo Castelo Branco)

Um Amor de Perdição (Mário Barroso)

Oponentes

Tadeu de Albuquerque

Primeiro, não deixa que Teresa saia de casa; depois, encerra-a num ______.

Não deixa que Teresa vá ao liceu; ameaça interná-la numa _____.

Baltasar Coutinho

O primo de Teresa é formal no trato, retórico. Prepara um atentado contra _____, mas acaba por perder dois criados.

O primo de Teresa vai buscá-la à ____, revela-se cabotino. Reage a uma ameaça de agressão por Simão, mas acaba por perder no despique verbal que se sucede.

Adjuvantes

João da Cruz

É ferrador (trata das ferraduras dos animais). Está em dívida com o pai de Simão, porque este o absolvera da culpa de _____.

É mecânico (trata de motores de automóveis). Está em dívida com o pai de Simão, porque, em África, na guerra, este o livrara de acusação de ____.

«Condutores»

Um arrieiro (condutor de ____) é quem leva Simão até João da Cruz.

Zé Xavier (que trata do Volvo e do _____) leva Simão até João da Cruz.

Mariana

Ajuda o pai, João da Cruz, na lida da casa. Cedo se apaixona por Simão (já o conhecia como filho do _____ do pai). Quando ferido, trata-o. Serve também para transmitir mensagens entre o par amoroso (ainda que o faça com sofrimento). É humilde, altruísta.

Ajuda o pai, João da Cruz, na oficina e em casa. Cedo se apaixona por Simão (já o olhara fixamente no episódio da discoteca). Quando ferido, trata-o. Ajuda o par amoroso (ainda que o faça com sofrimento). Não _____ a possibilidade de também seduzir Simão.

Outros

Joaquina (criada no Mosteiro de Viseu), Mendiga, Constança (criada dos Albuquerque que acompanha Teresa) permitem a ______, sobretudo por carta, entre Simão e Teresa.

Zé Xavier e Rita acumulam com a sua própria ação o papel instrumental de tentarem ligar Simão ao mundo. Parte da comunicação entre Teresa e Simão passa pelo uso do ______.

TPC — Vai lendo, pelo menos, os primeiros capítulos da obra de Eça que tenhas escolhido — A Ilustre Casa de Ramires ou Os Maias. Proximamente, aferiremos em aula a leitura de, aproximadamente, o primeiro terço de cada obra (mais tarde, avaliaremos cerca de metade; depois, a totalidade). Livros de resumos ou filmes não servem para este efeito.

 

 

Aula 101-102 (26 [1.ª], 27 [5.ª, 2.ª, 4.ª], 28/abr [3.ª]) Passamos à «Conclusão» de Amor de Perdição (os capítulos obrigatórios são «Introdução», «Conclusão» e dois à escolha entre I, IV, X, XIX). Fica aqui o que se passou entretanto (desde o cap. X que terminara com a prisão de Simão):

Capítulo XI Domingos Botelho sabe da prisão de Simão e determina que ele seja tratado de acordo com a lei. Simão aceita com indiferença esse tratamento e dá entrada na prisão. Apresenta-se Mariana, para lhe dar apoio.

Capítulo XII O narrador transcreve parte de uma carta de Rita, recordando, cinquenta e sete anos depois, a reação da família à prisão de Simão. Depois, relata-se o julgamento de Simão, condenado a morrer na forca, «arvorada no local do delito». Mariana entra num estado próximo da loucura.

Capítulo XIII Depois da prisão de Simão, Teresa é conduzida ao convento de Monchique e dá sinais de fraqueza e doença. Nas cartas trocadas com Simão, expressa-se o desgosto de ambos pela separação e pela próxima morte de Teresa.

Capítulo XIV — Tadeu de Albuquerque chega ao convento e pretende levar Teresa para Viseu, que, todavia, recusa ir. A madre apoia Teresa; Tadeu, apesar das diligências que faz, não consegue o que deseja.

Capítulo XV — Simão continua preso, na Cadeia da Relação, e escreve as suas meditações sobre o seu destino. Visitado por João da Cruz, Simão sabe que Mariana melhorou. É o ferrador quem leva uma carta a Teresa. Entretanto, Mariana ficará a cuidar de Simão.

Capítulo XVI — Conta-se a história da fuga de Manuel Botelho, irmão de Simão, com «uma dama desleal a seu marido». Trata-se de um incidente que o narrador reconhece «não muito concertado com o seguimento da história», mas que mostra o modo de ser do pai de Manuel e Simão.

Capítulo XVII — João da Cruz está em casa e dedica-se ao trabalho de ferrador. Entretanto, chega um estranho que dispara sobre ele, matando-o, num ato de vingança. Mariana, estando na prisão com Simão, é informada. Ambos reagem com grande emoção.

Capítulo XVIII — Pena de Simão é comutada em dez anos de degredo para a Índia, também por causa de intervenção de Domingos Botelho (mais por capricho de contrariar Albuquerque do que por amor paternal). Seria até autorizado que a pena fosse cumprida na cadeia de Vila Real, mas Simão não aceita. Mariana, agora sem pai, decide acompanhar Simão no degredo. Acentuam-se as manifestações de dedicação a Simão, ao ponto de Mariana anunciar que se suicidará, quando a sua companhia já não for necessária.

Capítulo XIX — Teresa pede a Simão que aceite cumprir pena na cadeia (em Vila Real), que assim ainda haveria esperança para ambos, mas ele recusa essa solução. Teresa escreve-lhe que, assim, ela morrerá.

Capítulo XX — Simão é conduzido à nau que o levará ao degredo. Já a bordo, vê Teresa. A nau passa diante do convento, no momento em que Teresa desfalece e morre.

Vamos ler hoje a primeira parte da «Conclusão» de Amor de Perdição (pp. 222-224). Circunda a melhor alínea de cada item. (Usa apenas as páginas deste texto.)

 

O constituinte «num beliche de passageiro» (l. 2) desempenha a função sintática de

a) complemento agente da passiva.

b) complemento indireto.

c) complemento oblíquo.

d) modificador do grupo verbal.

 

A conjunção coordenativa copulativa «e» (l. 2) constitui um mecanismo de coesão

a) lexical.

b) frásica.

c) referencial.

d) interfrásica.

 

Em «tê-lo-ia» (ll. 10-11), o pronome é

a) catáfora de «Simão Botelho» (l. 7).

b) anáfora de «O ouvido» (l. 10).

c) anáfora de «[um] arame» (l. 10).

d) anáfora de «Simão Botelho» (l. 7).

 

A «voz única no silêncio da terra e do céu» (ll. 13-14) reporta-se

a) ao comandante.

b) a Mariana.

c) a Simão.

d) ao vento.

 

Através da oração adjetiva relativa explicativa «que era dela» (l. 16) percebemos que

a) no maço enviado haveria cartas de Simão.

b) a carta em causa era de Mariana.

c) a carta em causa não tivera a intermediação da mendiga.

d) o maço das cartas fora enviado por Teresa.

 

No período (e oração) que constitui a l. 18, o predicado é

a) «Dizia assim».

b) «Dizia».

c) «Dizia assim a carta».

d) «a carta».

 

Em vez de «se me Deus não engana» (l. 20), diríamos hoje «se Deus não me engana». Em qualquer dos casos, o pronome desempenha a função sintática de

a) complemento direto.

b) sujeito.

c) complemento oblíquo.

d) complemento indireto.

 

Na mesma l. 20, «em descanso» é

a) complemento direto.

b) complemento oblíquo.

c) modificador do grupo verbal.

d) predicativo do sujeito.

 

A «esposa do céu» (ll. 21-22) remete para

a) Teresa.

b) Nossa Senhora.

c) Rita.

d) Mariana.

 

«a última esperança» (l. 31) alude à circunstância de

a) Simão não ter aceitado uma derradeira comutação da pena, preferindo o degredo.

b) Teresa estar a morrer (ou já ter morrido até).

c) Simão ter confessado a Mariana que nunca a amaria senão como irmã.

d) o Sporting poder perder pontos em Braga.

 

A paisagem que se infere de «Estou vendo a casinha que tu descrevias defronte de Coimbra, cercada de árvores, flores e aves» (ll. 42-43) corresponde

a) à paisagem romântica típica (agreste, espontânea) e aludirá a Romeu e Julieta.

b) à paisagem característica das cantigas de amor medievais.

c) ao ambiente que Simão encontraria no degredo, na Índia.

d) a um lugar calmo, simples, recatado (locus amœnus) e parece remeter também para Pedro e Inês.

 

A carta transcrita (ll. 19-68) é um texto encaixado cujo narrador é

a) homodiegético.

b) externo.

c) omnisciente.

d) heterodiegético.

 

A oração «que levantava a cabeça ao menor movimento dele» (ll. 69-70) desempenha a função de

a) modificador apositivo.

b) modificador restritivo.

c) complemento oblíquo.

d) complemento direto.

 

No período «Rogo-lhe que vá, porque não é necessário o seu sacrifício» (l. 74), temos

a) subordinante + subordinada adverbial causal.

b) subordinante + subordinada substantiva completiva + subordinada adverbial causal.

c) subordinante + subordinada substantiva relativa + subordinada adverbial causal.

d) subordinante + subordinada adjetiva relativa explicativa + subordinada adverbial causal.

 

Na fala das ll. 88-89, Simão

a) quer tranquilizar o capitão, que sabe estar do seu lado.

b) ironiza, para amesquinhar o capitão.

c) mente, determinado a tentar o suicídio depois.

d) está irritado com o capitão.

 

Nas linhas 91-95, o comandante

a) diz ir descer ao quarto, despede-se de Simão e de Mariana.

b) diz ir descer ao quarto, para conversar a sós com Mariana.

c) pede a Simão que desça ao quarto, Simão anui, mas diz sofrer mais, e ainda fica no convés.

d) sugere a Simão que vá para o quarto, Simão assente (embora diga ir sofrer mais) e descem ambos.


Assistência a trecho de episódio 3 de Programa do Aleixo (17-21):

[Jogo do Stop:] Nos sujeitos e nos complementos diretos não contam eventuais determinantes (a letra será a do nome ou pronome); no complemento indireto, haverá sempre, é claro, a preposição «a» (contraída ou não), mas o que conta será o resto; o «por» não conta no caso de agentes da passiva; no caso de modificadores ou de complementos oblíquos, se houver preposição inicial, esta não conta para definir a letra inicial. Nos verbos das frases passivas, o auxiliar não conta (é a inicial do particípio passado que interessará).

Letra

Estrutura

I

Sujeito

Núcleo do Predicado

Modificador do grupo verbal

Complemento oblíquo [País]

A Irene

i

no inverno

a Inglaterra

 

Sujeito

Núcleo do Predicado

Complemento indireto

Complemento direto

 

 

 

 

 

Sujeito

Núcleo do Predicado

Complemento direto

Predicativo do c. direto

 

 

 

 

 

Sujeito

Núcleo do Predicado

Complemento direto

Modificador do grupo verbal [País]

 

 

 

 

 

Modificador do GV [Capital]

Sujeito

Núcleo do Predicado

Predicativo do sujeito

 

 

 

 

 

Sujeito

Núcleo do Predicado

Agente da passiva

Modificador do grupo verbal

 

 

 

 

 

Sujeito [Figura artística]

Modificador apositivo

Núcleo do Predicado

Complemento direto

 

 

 

 

 

Vocativo

Núcleo do Predicado

Complemento direto

Complemento indireto

 

 

 

 

 

Sujeito [Figura pública]

Núcleo do Predicado

Complemento direto

Modificador do grupo verbal

 

 

 

 

 

Sujeito [Desportista]

Núcleo do Predicado

Complemento direto

Modificador restritivo do nome

 

 

 

 

 

Núcleo do Predicado

Complemento direto

Complemento indireto

Modificador do grupo verbal

 

 

 

 

 

Sujeito [Banda]

Núcleo do predicado

Agente da passiva

Modificador do grupo verbal

 

 

 

 

 

Modificador de frase

Sujeito [Escritor]

Núcleo do Predicado

Complemento direto

 

 

 

 

O primeiro a terminar a frase corretamente ganha 3 pontos; o segundo, 2; o terceiro, 1. A cada frase que se revele errada é atribuído um ponto negativo (-1 ponto).

TPC — Reformula crónica de «Fugas» (abrirei espaço na Classroom para o efeito).

 

 

Aula 103-104 (28 [1.ª], 29 [5.ª, 2.ª, 3.ª], 30/abr [4.ª]) Correção do questionário de compreensão (sobre Conclusão de Amor de Perdição, 1.ª parte).

Depois de leres a 2.ª parte da Conclusão de Amor de Perdição (pp. 224-226) e relanceando algumas outras páginas que vá citando, completa o lado esquerdo da tabela.

Camilo Castelo Branco, Amor de Perdição

Mário Barroso, Um Amor de Perdição

Crime

No dia em que Teresa seria transferida para o convento de ____, no Porto, Simão, contra o pedido da amada, vai à saída dela do convento em Viseu, luta com ___ e mata-o a tiro.

No dia em que Teresa seria transferida para o ___, Simão, contra o pedido da amada, aparece quando já chegara a ambulância, luta com segurança e mata ____ a tiro.

Prisão

É Rita Preciosa que avisa o marido, o corregedor _____ Botelho, de que Simão matara Baltasar Coutinho e está preso.

É o marido, juiz, que avisa (Rita) Preciosa de que tinham ___ Simão porque matara um homem.

Condenação

Simão é condenado à forca, mas o tribunal de segunda instância comuta a pena para ____ anos de degredo na Índia e, «instigado mais do seu capricho que do amor paternal», Domingos Botelho consegue até que pudesse cumpri-la na cadeia de Vila Real, o que Simão ____ («queria a liberdade do degredo»).

Simão não aceita alegar legítima defesa, como o aconselha o advogado, visita lá de casa, mas de quem o acusado ______, como aliás das ajudas dos pais e das visitas de todos.

Teresa morre

Mariana acompanha Simão na cadeia, costurando, cozinhando e cuidando da limpeza do quarto. Teresa, sempre por carta, pede a Simão que aceite cumprir a pena na cadeia de Vila Real («[e]m dez anos terá _____ meu pai e eu serei tua esposa») [cfr. p. 220]; porém, como Simão está determinado a partir para o degredo, Teresa anuncia-lhe que morrerá. Mais tarde, em carta que Simão relerá já na nau, concretiza mesmo: «Rompe a manhã. Vou ver a minha última aurora... a última dos meus _____ anos!» [cfr. p. 223].

Na prisão, Simão só aceita visitas de Mariana, que lhe vai dando conta da progressiva ____ de Teresa. Não come (ao longo do filme, veladamente, há alusões a problemas de anorexia no passado de Teresa), fala na morte, ri-se, diz que se reunirá a Simão no céu. Morre ____ dias depois de entrar em coma.

Mariana segue Simão

Enquanto estava com Simão na prisão, Mariana sabe que o seu pai foi assassinado por vingança do filho de Bento Machado, o recoveiro que ____ matara em legítima defesa. Mariana deixa a casa à tia e o resto da herança nas mãos de Simão, que já decidiu ir acompanhar no ____ para a Índia.

Na presença da filha, João da Cruz é assassinado pelo filho do alferes ____, vítima da sua legítima reação nos tempos da guerra do ultramar. Mariana vende a oficina do pai, aluga quarto perto do hospital e consegue ir visitando Simão.

Simão morre

Simão assegura ao capitão que não se _____ [cfr, p. 224, l. 88]. O médico que visita a nau a pedido do comandante faz prognóstico de que Simão teria uma _____ maligna e que morreria no caminho [cfr. p. 224]. Saindo a nau barra fora, os _____ também não favoreceram o estado de saúde de Simão [cfr. p. 225]. Cerca de ____, já depois do sexto dia de viagem, ao nono da doença, começou a delirar (lembrou então o plano da «casinha na margem do _____») [cfr. p. 225]. O primeiro _____ de Mariana a Simão foi dado assim que este morreu [cfr. p. 226].

Simão, que se sente culpado da morte de Teresa, deixa de falar e de comer e é transferido para hospital. No hospital tentam alimentá-lo à força, mas ele retira os tubos que conduziam o soro, e acaba por se suicidar com um ____, que não se sabe como obteve.

Mariana suicida-se

Mariana, no momento em que o cadáver de Simão era lançado ao mar, suicidou-se, atirando-se de modo a acompanhá-lo, levando no _____ os papéis de Simão e Teresa. Uma _____ fez que o corpo de Simão viesse ao seu encontro e o pudesse _____, seguindo-o para o fundo. Apercebendo-se do salto de Mariana, o ____ ainda ordena que tentem salvá-la, o que não foi possível [cfr. p. 226].

Mariana não foi ao funeral de Simão. Ter-se-á suicidado, abrindo o gás, embora as autoridades considerassem ter-se tratado de acidente. Junto dela foi encontrada a ____ onde apontava as mensagens entre Teresa e Simão. Só acompanharam o funeral de Mariana Rita e Zé Xavier.

Testemunhos escritos

____ veem à flor da água um rolo de papéis que recolhem na ____, que os leitores percebem ser a correspondência de Teresa e Simão. [cfr. p. 226] (Estas cartas terão apoiado a narrativa, que muitas vezes as ____.)

Rita, junto ao rio, já depois da morte de Simão, relê apontamentos de _____ com os recados apontados para fazer comunicar Teresa e Simão. (Estes apontamentos terão sido aproveitados em outros momentos do filme.)

Voltando ao primeiro nível narrativo

Já depois da conclusão, um parágrafo adicional que o manual omite diz-nos que «vive ainda, em Vila Real de Trás-os-Montes, a senhora D. ____ Emília da Veiga Castelo Branco, a irmã predileta d[e Simão Botelho]» e que _____ Botelho, pai do autor, falecera havia vinte e seis anos.

Já depois de fechada a ação da intriga principal, vemos Rita, a irmã predileta de Simão, e Zé Xavier, juntos no que podemos supor ser uma ____ mais otimista do que a do segundo nível narrativo.

Escreve um comentário sobre a tua personagem favorita de Amor de Perdição, cumprindo esta matriz sintática:

1.º período = [Sujeito subentendido] + Verbo (transitivo-predicativo) + Complemento direto + Predicativo do complemento direto.

2.º período = Modificador de frase + Sujeito + Modificador apositivo + Verbo (copulativo) + Predicativo do sujeito. | 3.º período = Sujeito + Verbo + Complemento direto. | 4.º período = [Sujeito subentendido] + Verbo + Complemento indireto + Complemento direto. | 5.º período = Sujeito + Verbo + Complemento oblíquo + Modificador do grupo verbal.

6.º período = Modificador do grupo verbal + Sujeito + Verbo (copulativo) + Predicativo do sujeito. | Períodos a seguir (se tiveres tempo) = Sem matriz imposta.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

O final nas duas versões em filme que temos visto (a partir de 2 horas e sete minutos, em ALR; a partir de 42 minutos, em MO):

TPC — Para as turmas 3.ª e 4.ª (porque só hoje devolvi as primeiras versões): reformula crónica de «Fugas», descarregando ficheiro na Classroom que abri para esse efeito (nas restantes turmas já este processo estava em curso). Para todos: é cada vez mais necessário terem começado a leitura de A Ilustre Casa de Ramires ou de Os Maias (e aliás avançado o mais possível).

 

 

Aula 105-106 (3 [1.ª], 4 [5.ª, 2.ª, 4.ª], 5/mai [3.ª]) Correção de redação segundo matriz sintática (ver Apresentação).

Passamos de Camilo (um romântico, ainda que na sua fase final também tenha escrito ao gosto realista) para um poeta da geração seguinte, Cesário Verde.

Sem abrir o livro, lerás a «A débil», a que retirei a última palavra de quase todos os versos. Deixei a primeira e a última quadra completas. Por elas ficas a saber que em cada estrofe há rima interpolada e emparelhada, num esquema a-b-b-a. Quanto à métrica, por esses oito versos se vê que se trata de decassílabos. Tentarás colocar nos espaços estas palavras deles retirados.

suspirando / suspeites / monarca / bordado / turbulento / respeito / loura / miserável / brando / imaculada / entanto / sossego / ostentação / pisada / quieta / corruptora / sinto / matinais / cabeça / pedestal / fina / peito / braço / saudável / envidraçada / espessa / natural / tanto / casares / nação / pretos / embaraçada / poeta

A Débil

Eu, que sou feio, sólido, leal,

A ti, que és bela, frágil, assustada,

Quero estimar-te sempre, recatada

Numa existência honesta, de cristal.

 

Sentado à mesa dum café devasso,

Ao avistar-te, há pouco, fraca e __________,

Nesta Babel tão velha e ____________,

Tive tenções de oferecer-te o ___________.

 

E, quando socorreste um _____________,

Eu, que bebia cálices de absinto,

Mandei ir a garrafa, porque ____________

Que me tornas prestante, bom, __________.

 

«Ela aí vem!» disse eu para os demais;

E pus-me a olhar, vexado e ____________,

O teu corpo que pulsa, alegre e __________,

Na frescura dos linhos ____________.

 

Via-te pela porta _____________;

E invejava, — talvez que não o ___________! —

Esse vestido simples, sem enfeites,

Nessa cintura tenra, ____________.

 

Ia passando, a quatro, o patriarca.

Triste eu saí. Doía-me a _____________.

Uma turba ruidosa, negra, _____________,

Voltava das exéquias dum _____________.

 

Adorável! Tu, muito _____________,

Seguias a pensar no teu _____________;

Avultava, num largo arborizado,

Uma estátua de rei num _____________.

 

Sorriam, nos seus trens, os titulares;

E ao claro sol, guardava-te, no __________,

A tua boa mãe, que te ama ____________,

Que não te morrerá sem te ____________!

 

Soberbo dia! Impunha-me _____________

A limpidez do teu semblante grego;

E uma família, um ninho de ____________,

Desejava beijar sobre o teu ____________.

 

Com elegância e sem ______________,

Atravessavas branca, esbelta e ___________,

Uma chusma de padres de batina,

E de altos funcionários da ____________.

 

«Mas se a atropela o povo ____________!

Se fosse, por acaso, ali ____________!»

De repente, paraste _____________

Ao pé dum numeroso ajuntamento.

 

E eu, que urdia estes fáceis esbocetos,

Julguei ver, com a vista de ___________,

Uma pombinha tímida e ____________

Num bando ameaçador de corvos __________.

 

E foi, então, que eu, homem varonil,

Quis dedicar-te a minha pobre vida,

A ti, que és ténue, dócil, recolhida,

Eu, que sou hábil, prático, viril.

Cesário Verde, O Livro de Cesário Verde


Vai respondendo às seguintes perguntas na p. 329 (ou completando as respostas).

Educação literária

1. «Eu» | «feio» | «_______» | «______» || «Ela» | «______»| «frágil» | «_______». Os adjetivos usados em cada um dos casos, apesar de antitéticos, sugerem que se podem complementar, na perspetiva de que os opostos se atraem e completam. O «eu», consciente da sua degra­dação, diz-se capaz de lhe ser leal, adotando os valores por ela representados (recato, honestidade).

2. O sujeito poético está «[s] ______» (v. 5), «[n]______» (v. 7) e bebe «_______» (v. 10).

3. Os três recursos são a tripla adjetivação, em «_____, _____, _____» (v. 2); a hipálage, em «______» (v. 4); e a _____ em «[existência] de cristal» (v. 4). Pretende-se caracterizar o tipo de vida associado à figura feminina: uma existência pura, transparente, imaculada, perfeita, como o cristal.

4. A figura feminina, na sua brancura e luminosidade, é «recatada», enquanto a turba é «ruidosa, ______, ______». Os traços sombrios e ameaçadores da multidão contrastam, vivamente, com a naturalidade e a brandura da jovem que passa..

Gramática

1. a) ________. ([sugestão: vê se na 3.ª pessoa seria lhe ou o/a])

b) _______. ([sugestões: é trocável por o/a? Qual é a expressão que faz que o verbo esteja no singular (ou no plural)?])

c) _______.

[Pergunta que surgirá em slide]

Discorre sobre a perspetiva que o sujeito poético tem acerca da «débil» e como essa visão vai evoluindo, com  o «eu» a alterar a sua atitude para com aquela mulher.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

[Resposta possível]

A dita débil, no início do texto, além de admirada pela beleza, juventude, naturalidade (vv. 2, 15, 19, 20, 25, 34, 37, 38), é vista como frágil (vv. 2, 6), de tal modo que o sujeito poético manifesta vontade de a proteger da agitação da cidade. Com ela imagina «uma família, um ninho de sossego» (v. 35). E, perante a ameaça de «um numeroso ajuntamento», o eu, com a sua «vista de poeta», transfigura a rapariga, «tímida e quieta», numa «pombinha branca» cercada por «um bando ameaçador de corvos pretos» (vv. 46-48). No entanto, o retrato da «débil» é complexo, ambivalente: também surge como figura capaz de atravessar a multidão «com elegância e sem ostentação» (v. 37), impondo a sua presença.

Na última estrofe, o sujeito lírico assume mesmo a decisão de dedicar à rapariga a sua «pobre vida» e por ela está disposto a modificar-se. Aquele que no início se se definia como «feio», aparentemente com falta de saúde (v. 12), triste e com dores de cabeça (v. 22) diz-se agora «hábil, prático, viril» (v. 52), pronto a corresponder ao poder do exemplo da jovem, que, afinal, seria «débil» apenas no título do poema.

TPC — Escreve comentário sobre Amor de Perdição e filme, cujas instruções estão aqui.

 

 

Aula 107-108 (5 [1.ª], 6 [5.ª, 2.ª, 3.ª], 7/mai [4.ª]) Lê «A uma transeunte» (p. 330), poema de Baudelaire que procuraremos comparar com «A débil» (p. 328), de Cesário Verde. Lê primeiro a tradução no manual, mas lê também a tradução de Maria Gabriela Llansol, que ponho a seguir. Qual preferes?

Depois, dá uma vista de olhos ao original francês, que é útil para percebermos o esquema rimático.

Tradução por Maria Gabriela Llansol (Charles Baudelaire, As Flores do Mal, Lisboa, Relógio D’Água, 2003, pp. 213 e 215):

A uma transeunte

A rua ensurdecedora em meu redor berrava

Alta, esguia, de luto carregado, dor majestosa,

Uma mulher passou, com sua mão faustosa

Erguendo, baloiçando o ramo e a bainha

 

Ágil e nobre, com sua perna de estátua.

Eu bebia, crispado como extravagante,

No seu olhar, céu lívido onde nasce o furacão,

A doçura que fascina e o prazer que mata.

 

Um raio... em seguida, a noite! — Beleza fugitiva

Cujo olhar me fez repentinamente renascer,

Só voltarei a ver-te na eternidade?

 

Algures, bem longe daqui! Demasiado tarde! Nunca talvez!

Eu não sei para onde fugiste, tu não sabes para onde vou,

Tu que eu teria amado, tu que sabias que sim!

Versão original:

A une passante

La rue assourdissante autour de moi hurlait.

Longue, mince, en grand deuil, douleur majestueuse,

Une femme passa, d’une main fastueuse

Soulevant, balançant le feston et l’ourlet;

 

Agile et noble, avec sa jambe de statue.

Moi, je buvais, crispé comme un extravagant,

Dans son œil, ciel livide où germe l’ouragan,

La douceur qui fascine et le plaisir qui tue.

 

Un éclair... puis la nuit! — Fugitive beauté

Dont le regard m’a fait soudainement renaître,

Ne te verrai-je plus que dans l’éternité?

 

Ailleurs, bien loin d’ici! trop tard! jamais peut-être!

Car j’ignore où tu fuis, tu ne sais où je vais,

O toi que j’eusse aimée, ô toi qui le savais!

Preenche as lacunas na tabela.

AUTOR

Cesário Verde (1855-1886)

Charles Baudelaire (1821-1867)

naturalidade: Lisboa (Portugal)

naturalidade: Paris (_____)

TEXTO

«A débil»

«A uma transeunte» (fr.: «A une passante»)

publicado no periódico A Evolução, em 1876

publicado na revista L’Artiste, em 1855

coligido em O Livro de Cesário Verde (1901)

coligido em Les Fleurs du Mal, 2.ª ed. (1861)

FORMA

treze _____

um soneto (= duas quadras e dois _____)

________

dodecassílabos

a-b-b-a || ____ || e-f-f-e || g-h-h-g || etc.

a-b-b-a || ____ || e-f-e || f-g-g

O SUJEITO LÍRICO

observador e _____ (talvez apaixonado)

_____ e apaixonado

admira a mulher, ______ com ela («Mas se a atropela o povo turbulento / Se fosse por acaso ali pisada!», vv. 41-42)

admira a mulher, ______ por ela («Um raio...», v. 9; «Tu que eu teria amado», v. 14)

vê na mulher que passa a esperança de uma transformação regeneradora («sinto / que me tornas prestante, bom, ____», vv. 11-12)

vê na mulher que passa a esperança de um amor regenerador («cujo olhar me fez ____», v. 10)

no final, quer «dedicar[-lhe] a [sua] pobre vida» (v. 50) e revela-se já transformado («sou hábil, _____, viril», v. 52)

no final, revela-se resignado por a ter perdido («e depois noite!», v. 9; «Só te verei de novo na ______?», v. 11; «Noutro lugar, bem longe! é tarde! talvez nunca!», v. 12)

A MULHER

é o «tu» do poema («_____», v. 2; passim)

é o ____ do poema («Só te verei», v. 11; «sabes», «ias», v. 13; «Tu», «tu», «sabias», v. 14)

é ______; mas frágil («A débil»), discreta («recatada», «honesta», «recolhida»), «simples», inocente (cfr. «A tua boa mãe»), bondosa («socorreste um miserável»)

é bela; «majestosa» (v. 2), com mãos «_______» (v. 3), «nobre e ágil», talvez extrovertida («Erguia e agitava a orla do vestido», v. 4)

O ESPAÇO

rua citadina, ruidosa, movimentada, cheia de _____

rua decerto citadina, ______ («A rua ia gritando e eu ensurdecia», v. 1)

Vamos rever as orações (no manual, este assunto está entre as pp. 381 e 385).

Quanto às coordenadas, distinguimos as assindéticas (sem conjunção, ou seja, ligadas por vírgulas) e as sindéticas, que são classificadas em função da conjunção coordenativa que as introduza: copulativa, adversativa, disjuntiva, explicativa, conclusiva. Ainda as teremos de estudar melhor, mas devem ir tendo em memória as referidas conjunções (cfr. p. 371, mas há listas melhores).

Na subordinação, distinguimos subordinantes e subordinadas. Consoante o tipo de função sintática que desempenham (à sua subordinante), as subordinadas agrupam-se em substantivas, adjetivas, adverbiais.

Nas orações subordinadas adverbiais (cfr. p. 385) temos a causal, a temporal, a final (que funcionam como modificadores do grupo verbal), a condicional, a concessiva* (que são modificadores de frase), a comparativa, a consecutiva.

[ * No quadro na p. 385, o exemplo da concessiva está incorreto.]

Vamos sobrevoar agora as adjetivas e as substantivas (cfr. p. 384).

As orações subordinadas adjetivas desempenham funções sintáticas típicas de adjetivos e são orações relativas, por serem introduzidas por palavras relativas (pronomes relativos, sobretudo — «que», «onde», «cujo», ...). Estas orações podem ter valor restritivo (e desempenharão a função de modificador restritivo do nome) ou explicativo (e corresponderão a um modificador apositivo do nome).

Exemplos (marquei a negro o pronome relativo):

                          modificador restritivo

Ela tem um gato dócil

                          de olhos azuis

Ela tem um gato que mia angustiadamente

 subordinante    subordinada adjetiva relativa restritiva

 

                                  modificador apositivo

O gato da Heliodora,  um pastor alemão,  fala francês.

 

O gato da Heliodora,  que é um pastor alemão,  fala francês.

        s u b o r d i            subordinada adjetiva relativa explicativa     n a n t e

{Classifica tu:}

O gato da Heliodora que é um pastor alemão fala francês.

______________________________

Classifica as orações nas linhas sob as frases — do início do episódio 6 da 2.ª temporada de O Programa do Aleixo. (Já classifiquei algumas das orações talvez mais complicadas.)

Só faço ‘Revista de imprensa’  /  quando não foste com o jornal para a casa de banho.

_______________ / ______________

Achas     /   que as regras dos jornais são as / que se aplicam ao Brick Game.

Subordinante /  Subordinada substantiva completiva  / Subordinada adjetiva relativa

                   (e Subordinante da seguinte)

Viseu ganha em Portugal / mas Lisboa ganha no mundo.

____________ / _____________

É um ranking só para as cidades / que estão sempre em obras.

_____________ / _____________

É um ranking para as cidades / onde é tudo mais longe e mais caro / do que é nas outras.

__________ / ___________ / Subordinada adverbial comparativa

É um ranking de cidades /   que   acham  /  que um pastel de nata e um pastel de Belém são coisas diferentes.

Subordinante            /Subordinada adjetiva relativa/           Subordinada substantiva completiva

Aqui diz   /  que foram analisadas duzentas e vinte e uma cidades de todo o mundo.

Subordinante /  Subordinada substantiva completiva

Busto, costumas ter tanto azar nos sorteios, / que te escolhemos já.

_____________ / ______________

As orações subordinadas substantivas exercem funções sintáticas típicas de grupos nominais. Podem ser completivas ou relativas (sem antecedente).

Em «Reunião de condóminos com o Drácula» há subordinadas substantivas completivas (são as que já sublinhei; ao lado, sem sublinha, a oração subordinante). Escreve a função sintática (sujeito, complemento direto, indireto, oblíquo, etc.) que cada uma destas completivas desempenha relativamente à sua subordinante.

Subordinante        Subordinada substantiva completiva

A porteira disse-me que o vizinho do sétimo andar tem um gato.

        função sintática: _____________

[nota que a oração é substituível pelo pronome «o»: ‘A porteira disse-mo’]

 

Todos sabemos que os animais não são permitidos neste prédio.

                              _____________________

 

Não quer que eu ponha o gatinho na rua...

                  _________________________

 

Perguntou-lhe se queria o gatinho na rua.

                         _____________________

É um escândalo que me falem em gritos.

                              __________________

                              [= Isso é um escândalo.]

As subordinadas substantivas completivas finitas são introduzidas pelas conjunções completivas que ou se.

Mas também há subordinadas substantivas completivas não finitas, com o verbo no infinitivo, e essas não precisam de conjunção:

Subordinante   Subordinada substantiva completiva não finita

Todos sabemos não serem os animais permitidos neste prédio.

Troca a completiva finita por uma completiva não finita:

É um escândalo que me falem em gritos.

                              __________________________________

Vejamos agora casos de subordinadas substantivas relativas. Escreve a função sintática desempenhada pela oração que sublinhei:

Subordinante | Subordinada substantiva relativa sem antecedente

         Sabes   onde há sangue fresquinho?

                      ___________________

Fugiam-lhe quantas velhas ou crianças acorrentasse à parede.

                     ____________________

Quem sobe pela escada fica com as cabeças dos cadáveres todas moídas.

__________________

Portanto, as subordinadas substantivas relativas são introduzidas por palavras relativas (pronomes relativos, advérbios relativos, quantificador relativo) que, ao contrário do que acontecia nas subordinadas adjetivas relativas, não se reportam a um antecedente (por isso estas orações se dizem «subordinadas substantivas relativas sem antecedente»).

As subordinadas substantivas relativas podem ser não finitas (infinitivas):

Subordinante |Subordinada substantiva relativa sem antecedente não finita

         Sabes   onde encontrar sangue fresquinho?

Substitui o trecho sublinhado por uma oração subordinada completiva:

  lhe  digo isto: «animais dentro de casa é nojento»!

Só lhe digo   _______________

Subordinante | Subordinada substantiva completiva (finita / não finita)

Atenta agora na frase seguinte, sabendo já que a subordinada não é substantiva e que a função que desempenha é antes típica de um adjetivo. Classifica a oração.

Subordinante| ________________

É um cheiro que se entranha nas rendas.

                   modificador restritivo do nome

Classifica as orações sublinhadas (a propósito de trecho de Último a sair).

Foi um momento chocante, teve a entrada do INEM, porque a situação estava complicada.

Vou fazer uma cena que ainda não mostrei a ninguém.

É um salto muito complicado, mas tens de o ver.

Quero que dês um mortal e que te partas todo.

Quero que dês um mortal e que te partas todo.

Se te partisses todo, deixavas-me em paz.

Vês o mortal ou não vês o mortal.

É um mortal que eu vi num filme.

A produção já contactou o 112 e o Inem está a chegar à casa.

Nuno Lopes perguntou se não o queriam no programa.

Não tenho trabalho até setembro, portanto faço aí umas macacadas.

Nuno Lopes entrará na casa, pois Bruno Nogueira partiu a perna.

Mal saia Bruno, entrará Nuno.

Como Sónia não lhe ligava, Bruno fez um mortal.

Para que voltes a falar comigo, é preciso o quê?

Bruno quer Sónia, embora esta pouco lhe ligue.

Nuno Lopes representa tão bem como canta Luciana Abreu.

Bruno Nogueira, que é também o argumentista, partiu a perna.

Saltou tão mal que partiu a perna.

Quem se porta mal na casa recebe más votações.

TPC — Lembro apenas o tepecê da aula passada, que lhes disse poderem entregar ao longo destas duas semanas.

 

 

Aula 109-110 (10 [1.ª], 11 [5.ª, 2.ª, 4.ª], 12/mai [3.ª]) Põe na ordem correta os dezasseis versos do poema (em quatro estrofes: 4 + 4 + 4 + 4) de Cesário Verde dentro do sobrescrito. Desenho dos fragmentos de papel não é indicativo (versos já estavam misturados quando os recortei). Ao contrário, as rimas são úteis (a rima é cruzada).



[Versos desordenados:]

A um granzoal azul de grão-de-bico

Dos teus dois seios como duas rolas,

Pouco depois, em cima duns penhascos,

Naquele pic-nic de burguesas,

Foi quando tu, descendo do burrico,

Mas, todo púrpuro a sair da renda

Foste colher, sem imposturas tolas,

Era o supremo encanto da merenda

Houve uma coisa simplesmente bela,

Em todo o caso dava uma aguarela.

O ramalhete rubro das papoulas!

E houve talhadas de melão, damascos,

Nós acampámos, inda o sol se via;

E pão de ló molhado em malvasia.

E que, sem ter história nem grandezas,

Um ramalhete rubro de papoulas.

Podes agora usar o manual, na p. 322, vendo melhor o poema de Cesário Verde que estiveste a reconstituir, «De tarde».

Procurei fazer uma análise do texto, seguindo estas linhas de sentido (aconselhadas no manual Antologia. 11.º ano, Lisboa, Lisboa Editora, 2004): relação título-texto; sugestão de uma «aguarela» (notações cromáticas — ou seja, de cor —, pormenores figurativos); estrutura narrativa (espaço, tempo, ação, personagens); função do sujeito poético enquanto observador e relator; marcas de erotismo; valor simbólico de «o ramalhete rubro de papoulas»; relevância expressiva de alguns aspetos formais e recursos estilísticos.

Completa a minha análise, sabendo que as lacunas correspondem sempre a expressões a transcrever do próprio poema.

Logo o título, «______», que é um modificador temporal, remete para um momento, uma coisa «________», que merecia ser registado numa «_______», apesar de aparentemente irrelevante.

Poderíamos dizer que o momento em causa era suscetível de ser fixado numa polaroid (se no século XX) ou numa imagem em instagram (atualmente), mas a pintura coaduna-se bem com as várias referências cromáticas: o «granzoal ______», o «ramalhete ______» ou, quando sai da renda, «______». Quanto ao sol a pôr-se («______»), é uma notação de ordem visual e mais um elemento que aproxima o poema das pinturas impressionistas (vem à lembrança, por exemplo, o quadro «Déjeuner sur l’herbe», de Edouard Manet — cfr. p. 323). Além das cores, há pormenores figurativos: o rendilhado do decote por onde saem «______» (com que se comparam os «_______»).

Nem só o sentido da visão é convocado, outros sentidos estão presentes: o olfato e o gosto, a propósito das «_________», dos «________», do «______» embebido em vinho doce; e não será forçado vermos algo de tátil na alusão às «________» que saem do decote da rapariga.

Muito característica do poema (e de Cesário Verde) é a sua narratividade. O poeta parece ser um observador que faz parte do grupo (vejam-se os deíticos pessoais «_____», «____», o demonstrativo «[n]_____» e o possessivo «_____»). Relata um episódio cuja protagonista é uma rapariga (uma burguesa?) capaz de colher ramalhetes de papoulas «______». As ações estão demarcadas em função dos espaços («a _____», «em _____») e do tempo («_____», «_____»).

A última quadra (não, não é um soneto: são quatro quartetos) apresenta-nos o sujeito poético (o «narrador») embevecido com o supremo encanto do «______» (e não é interessante o uso do estrangeirismo?). Esse primeiro plano da câmara termina com o verso «______», que quase repete o v. 8 («_______»). Os artigos definidos no último verso do poema («____», em vez do indefinido «_____», que estava no v. 8; e «[d]_____», em vez da preposição simples «______») mostram que a observação se foi aproximando e que o ramalhete de que se fala já é inconfundível. A outra diferença entre os versos é o v. 16 terminar com um _____.

E, se atentarmos no som, perceberemos que há nesse verso uma aliteração [cfr. p. 393], conseguida pela repetição da consoante «___». (Já na segunda estrofe havia uma figura fónica idêntica, entre a assonância (‘repetição de som vocálico’) e a aliteração, no verso «______», em que predominavam as vogais nasais e a consoante z.)

Acerca da quadra final é ainda preciso referir que a alteração da ordem natural da frase, um hipérbato [cfr. p. 394], faz que o último verso seja o sintagma nominal que se pretende destacar («______»). Por outro lado, por marcar uma oposição, uma reorientação, a conjunção adversativa «______» valoriza o que depois será o foco da quadra.

Também o tempo verbal usado nesta quarta estrofe, o imperfeito do indicativo («______»), marca a perenidade daquela visão singular, por contraste com o incidente, efémero, que era a merenda de burguesas (a que convinha o perfeito do indicativo: «houve», «foi», «_____», «______», «______»).

Na p. 341, lê o poema «Homenagem a Cesário Verde», de Mário Cesariny, poeta já do século XX. Perceberás que é quase uma paródia do poema «De tarde». Retomam-se alguns elementos, subverte-se a maioria. De qualquer modo, o sentido global é de louvor a Cesário, como se vê no último dístico: «Chegou a noite e foram todos para casa ler / Cesário Verde que ainda há passeios ainda há poetas cá no país».

Escreve um texto em prosa sobre um momento que devesse ficar fixado (talvez realçado dentro de um incidente que tudo destinasse ao esquecimento). Será uma espécie de polaroid  ou imagem de instagram? redigida.nSó as partes já lançadas seguem o modelo de «De tarde». No resto, aconselho apenas que a descrição/narração seja detalhada e se evite estilo brincalhão ou irónico.

[título:] ____________

{grupo preposicional ou mais genericamente modificador do grupo verbal, como é  De tarde}

Em {ou Em contraído (como Naquele/a)} . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . , houve . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

TPC — A partir da próxima aula talvez já comecemos a abordar Os Maias/A Ilustre Casa de Ramires. Na próxima semana, podes mesmo trazer o livro que tenhas escolhido (quando testar a efetiva leitura, não o faremos com consulta da obra, mas pode o livro ser útil para outras tarefas — e, confesso, interessa-me assegurar que têm mesmo o livro).

 

 

Aula 111-112 (12 [1.ª], 13 [5.ª, 2.ª, 3.ª], 14/mai [4.ª]) Como outros poemas de Cesário Verde, «Num bairro moderno» (pp. 325-326) apresenta características narrativas (é possível identificar espaço, tempo, figuras intervenientes e suas ações). Não é difícil, por isso, conceber sínteses para cada uma das estrofes, como se se tratasse de um texto em prosa narrativa. Em cada trecho a seguir, há uma lacuna a preencher e um segmento a riscar.

vv. 1-5 Naquele bairro moderno por onde passa, às dez horas, chamam a atenção do sujeito poético os efeitos causados pelas incidências da ______. Um pedaço da brita do macadame entra-lhe numa vista.

6-10 Dentro das ______, ressacados ainda da noitada, os residentes só agora começam a despertar.

11-15 Um pouco invejoso da vida burguesa que adivinhava naquela rua, o poeta — que não está de extraordinária saúde — ia a caminho do ______, sem pressas, já que queria irritar o patrão.

16-20 Atentou então numa vendedeira, humilde, que pousara a sua cesta numa ______, ficando a jogar xadrez (com peças de mármore).

21-25 Olhou-a, salientando no retrato da rapariga o ar popular, a máscara contra o Coronavírus, a fealdade, o _______ em desalinho.

26-30 Viu-a também à conversa com um ______, que a assediava com proposta indecente, oferecendo-lhe apenas uma moeda.

31-35 Perante os vegetais, iluminados pelo _____, o «eu» do poema propõe-se imaginá-los transfigurados num belo corpo humano, que depois canibalizaria.

36-40 Repara também no movimento que o bairro começa a ter. Nota ainda as diversas sensações (____, auditivas, visuais) que impregnam o ambiente. Rapazes, na brincadeira, tocam às campainhas.

41-45 Como antes prometera, o sujeito poético vê nos vegetais transportados pela rapariga elementos antropomórficos: na ______, uma cabeça; nuns repolhos, seios; num ananás, um umbigo.

46-50 Identifica as azeitonas com tranças; os _______, com ossos; as uvas, com olhos; os kunâmis, com esternocleidomastóideos.

51-55 Certos frutos lembram-lhe colos, ombros, ______, uma cara. Num cheiroso melão que está entre as hortaliças, vê uma barriga e uma orelha.

56-60 Nos legumes, carnes tentadoras; nas cenouras, _______; nos tomates, corações; na ginja, ketchup a imitar sangue.

61-65 Entretanto, a rapariga, não esperando mais clientela, pede ao poeta que a ______, no sentido de pôr a canastra das sardinhas à cabeça.

66-70 Afável, ele apoia-a e conseguem ________ aquele enorme peso (cinco toneladas), dada a excelente musculatura de ambos.

71-75 O _______ da regateira (acompanhado de generosa gorjeta) revigorou o poeta.

76-80 Enquanto a rapariga se afasta e se veem comboios, sob o calor de _______, o sujeito poético pode reparar na sua magreza e palidez.

81-85 E apercebe-se do ambiente ao redor: uma criança rega uma ______ (e esta ação sugere uma comparação poética). Sportinguistas festejam fim de jejum de vinte anos.

86-90 Ao mesmo tempo que sente os cheiros vindos da giga, chegam-lhe outros motivos sensoriais (som de chilreios de ______ e do bulício das criadas, cor dos raios de sol, sabor do bife à Império).

91-95 E logo se foca, de novo, na rapariga, observando a sua energia, realçada até pela aparente fragilidade física (por sua vez, contrastante com as _______ repolhudas). É uma «desgraça alegre» que entusiasma o poeta, apesar de infetadíssimo por uma estirpe esquimó de Covid-19.

96-100 Regressa então às fantasias inspiradas na visão dos vegetais: umas abóboras lembram-lhe as pernas de um _______, um halterofilista desclassificado por doping.

Resolve as seguintes perguntas da p. 327:

9. 1. =___; 2. =___; 3. = ___; 4. = ___; 5. = ___; 6. = ___; 7. = ___.

7. Nas estrofes 17 e 18, há referência, explícita e implícita, a diferentes cores e tons: «janela ____» (v. 82), «nuvens ____» (v. 85), «um _____» (v. 87) (amarelo), «raios de laranja» (v. 90). A luz do sol está presente, na estrofe 17, em palavras e expressões como «joeira» (v. 83), «borrifa _____» (v. 84) e «poeira que eleva nuvens altas» (vv. 84-85), pois a água que sai do ralo do regador forma uma nuvem de gotículas com a incidência dos raios solares. Na estrofe 18, a luminosidade aparece associada a «______» (v. 88) e à belíssima imagem do sol que estende os seus «raios de _____ destilada» (v. 90) nos versos finais.

8. Estas personagens permitem denunciar as condições de vida das classes sociais desfavorecidas, como é o caso da vendedeira e dos «padeiros». O «criado», ainda que proveniente do povo, assume um estatuto privilegiado e, com sobranceria e desdém, humilha a vendedeira, atirando-lhe a moeda, de forma «______» (v. 29) (assinale-se a expressividade do adjetivo). O sujeito lírico parece tomar o partido dos mais fracos («Eu acerquei-me d’ela, sem ______», v. 66).

Escreve um texto em prosa, tendencialmente literária, cujo narrador percorra espaço dentro da cidade e vá observando o cenário (com pormenor idêntico ao usado por Cesário Verde). A certa altura, haverá breve diálogo com alguém (como sucedia em «Num Bairro Moderno»). A caneta. (160 a 200 palavras.)

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TPC — Quando puderes, lê os vários excertos de ensaios sobre Cesário Verde nas pp. 319-321 e, já agora, também os das pp. 316-317.

 

 

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