Aula 75-76
Aula
75-76 (3 [1.ª], 4 [3.ª, 2.ª,
5.ª], 5/mar [4.ª]) Entre as pp. 127 (em baixo) e 131 (em cima), relê as cenas
XIII-XV do segundo ato de Frei Luís de Sousa. Como fizemos na última
aula, procura criar título-síntese expressivo para cada uma dessas três cenas.
(Deixei as três cenas anteriores para recordares o estilo que devem ter as
frases-sínteses.)
X |
D. Madalena desabafa com
Frei Jorge as razões do seu desespero em relação ao dia em que decorre a ação
e o seu sentimento de pecado em relação ao amor por Manuel de Sousa. |
Três efemérides (e a
última com um pecado em anexo) |
XI |
Miranda anuncia a chegada
de um peregrino que vem da Terra Santa com um recado para Madalena que apenas
a ela dará. Madalena decide recebê-lo. |
«Venho trazer-vos
recado... Um estranho recado» |
XII |
Frei Jorge reflete sobre
o comportamento de muitos falsos peregrinos que se aproveitam da caridade dos
fiéis. |
Cuidado com os romeiros!
(E o caso não é para menos...) |
XIII |
Encontro do Romeiro com
Madalena. |
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XIV |
O Romeiro vai dando a
conhecer a sua identidade (ainda que os seus sinais não sejam entendidos). A
revelação de que D. João está vivo é para D. Madalena a confirmação de todos
os presságios de desgraça. |
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XV |
À pergunta de Frei Jorge
sobre a sua identidade, o Romeiro responde «Ninguém!» e identifica-‑se
apontando com o bordão para o retrato de D. João de Portugal. |
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Veremos trecho correspondente em Frei Luís de Sousa (1.09.30-1,16.20); e,
depois, em Quem és tu? (IV, 0-2.30) e Madalena (44.30-46).
Num livro saído há quatro anos — Malparado. Diários (novembro de 2012 — março de 2015), Lisboa,
Tinta-da-China, 2017, pp. 56-57 —, Pedro Mexia escreveu o seguinte a
propósito do final do ato II de Frei Luís
de Sousa, de Almeida Garrett:
“O Frei
Luís de Sousa é, convenhamos, um bocado
intragável. E todos se lembram da cena emblemática em que um dos protagonistas
está disfarçado de peregrino, e alguém lhe pergunta: «Romeiro, quem és tu?».
Ele então responde: «Ninguém». Durante mais de um século, segundo me contam, os
atores paravam uns segundos, olhavam para a plateia, abriam os braços e
exclamavam um «nin-guém» escandido e em maiúsculas. Era horrível, e toda a gente
adorava. Um dia, um encenador checo, o Listopad, fez a peça cá, e pediu ao ator
que dissesse esse «ninguém» para dentro, de um modo murmurado, quase inaudível.
Toda a gente detestou, mas eu acho maravilhoso. Certo tipo de coisas só podem
ser ditas como aquele ator disse «ninguém», quase para si mesmo, e não com uma
ênfase exibicionista, de braços estendidos para a audiência.”
Reflete, também tu, acerca da melhor forma de dizer aquele
«ninguém». Fundamenta a tua opinião na interpretação desse momento da peça (que
repito em baixo). Planifica a resposta (anota argumentos soltos, em vez de
escreveres texto seguido).
[...]
JORGE — Homem, acabai!
ROMEIRO — Agora acabo; sofrei,
que ele também sofreu muito. Aqui estão as suas palavras: «Ide a D. Madalena de
Vilhena, e dizei-lhe que um homem que muito bem lhe quis... aqui está vivo...
por seu mal... e daqui não pode sair nem mandar-lhe novas suas, de há vinte
anos que o trouxeram cativo».
MADALENA (na maior ansiedade) — Deus tenha misericórdia de mim! E esse homem,
esse homem... Jesus! esse homem era... esse homem tinha sido... levaram-no aí
de donde?... de África?
ROMEIRO — Levaram.
MADALENA — Cativo?
ROMEIRO — Sim.
MADALENA — Português!... cativo da
batalha de?...
ROMEIRO — De Alcácer-Quibir.
MADALENA (espavorida) — Meu Deus, meu Deus! Que se não abre a terra debaixo
de meus pés... Que não caem estas paredes, que me não sepultam já aqui?...
JORGE — Calai-vos, D. Madalena!
A misericórdia de Deus é infinita. Esperai. Eu duvido, eu não creio... estas
não são cousas para se crerem de leve. (Reflete,
e logo como por uma ideia que lhe acudiu de repente.) Oh! inspiração
divina... (chegando ao romeiro).
Conheceis bem esse homem, romeiro, não é assim?
ROMEIRO — Como a mim mesmo.
JORGE — Se o víreis... ainda
que fora noutros trajos... com menos anos, pintado, digamos, conhecê-lo-eis?
ROMEIRO — Como se me visse a mim
mesmo num espelho.
JORGE — Procurai nesses
retratos, e dizei-me se algum deles pode ser.
ROMEIRO (sem procurar, e apontando logo para o retrato de D. João) — É
aquele.
MADALENA (com um grito espantoso) — Minha filha, minha filha, minha filha!...
(Em tom cavo e profundo.) Estou...
estás... perdidas, desonradas... infames! (Com
outro grito do coração.) Oh! minha filha, minha filha!... (Foge espavorida e neste gritar.)
CENA XV
JORGE e o ROMEIRO, que seguiu Madalena com os olhos, e está alçado no meio da casa, com
aspeto severo e tremendo
JORGE — Romeiro, romeiro, quem
és tu?
ROMEIRO (apontando com o bordão para o retrato de D. João de Portugal) —
Ninguém! (Frei Jorge cai prostrado no
chão, com os braços estendidos diante da tribuna. O pano desce lentamente.)
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Depois
de vermos o trecho do filme:
Frei
Luís de Sousa |
Entre
Irmãos |
D. João de Portugal é
identificado por Jorge, mas não por ______. Telmo reconhecerá o seu amo,
embora também não ao primeiro relance. João vem velho, de vinte e um ____
passados e do duro cativeiro. |
_____ é bem recebido por
todos, que o acolhem com amizade, com amor. Porém, vem diferente. Só passaram
_____, mas foi duro o cativeiro. (E, embora só nós o adivinhemos, desgasta-o
um sentimento de culpa.) |
TPC — Os retratos têm função importante na
peça. No final do ato I, o de Manuel de Sousa Coutinho, e, no começo e no final
do ato II, o de João de Portugal, são imprescindíveis à ação, condicionando as
intervenções das personagens. Escreve um comentário (de cerca de cento e
cinquenta palavras) que explique esse papel relevante das duas pinturas.
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