Saturday, August 29, 2020

Aula 75-76

 

Aula 75-76 (3 [1.ª], 4 [3.ª, 2.ª, 5.ª], 5/mar [4.ª]) Entre as pp. 127 (em baixo) e 131 (em cima), relê as cenas XIII-XV do segundo ato de Frei Luís de Sousa. Como fizemos na última aula, procura criar título-síntese expressivo para cada uma dessas três cenas. (Deixei as três cenas anteriores para recordares o estilo que devem ter as frases-sínteses.)

X

D. Madalena desabafa com Frei Jorge as razões do seu desespero em relação ao dia em que decorre a ação e o seu sentimento de pecado em relação ao amor por Manuel de Sousa.

Três efemérides (e a última com um pecado em anexo)

XI

Miranda anuncia a chegada de um peregrino que vem da Terra Santa com um recado para Madalena que apenas a ela dará. Madalena decide recebê-lo.

«Venho trazer-vos recado... Um estranho recado»

XII

Frei Jorge reflete sobre o comportamento de muitos falsos peregrinos que se aproveitam da caridade dos fiéis.

Cuidado com os romeiros! (E o caso não é para menos...)

XIII

Encontro do Romeiro com Madalena.

 

XIV

O Romeiro vai dando a conhecer a sua identidade (ainda que os seus sinais não sejam entendidos). A revelação de que D. João está vivo é para D. Madalena a confirmação de todos os presságios de desgraça.

 

XV

À pergunta de Frei Jorge sobre a sua identidade, o Romeiro responde «Ninguém!» e identifica-‑se apontando com o bordão para o retrato de D. João de Portugal.

 

Veremos trecho correspondente em Frei Luís de Sousa (1.09.30-1,16.20); e, depois, em Quem és tu? (IV, 0-2.30) e Madalena (44.30-46).

Num livro saído há quatro anos — Malparado. Diários (novembro de 2012 — março de 2015), Lisboa, Tinta-da-China, 2017, pp. 56-57 —, Pedro Mexia escreveu o seguinte a propósito do final do ato II de Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett:

“O Frei Luís de Sousa é, convenhamos, um bocado intragável. E todos se lembram da cena emblemática em que um dos protagonistas está disfarçado de peregrino, e alguém lhe pergunta: «Romeiro, quem és tu?». Ele então responde: «Ninguém». Durante mais de um século, segundo me contam, os atores paravam uns segundos, olhavam para a plateia, abriam os braços e exclamavam um «nin-guém» escandido e em maiúsculas. Era horrível, e toda a gente adorava. Um dia, um encenador checo, o Listopad, fez a peça cá, e pediu ao ator que dissesse esse «ninguém» para dentro, de um modo murmurado, quase inaudível. Toda a gente detestou, mas eu acho maravilhoso. Certo tipo de coisas só podem ser ditas como aquele ator disse «ninguém», quase para si mesmo, e não com uma ênfase exibicionista, de braços estendidos para a audiência.”

Reflete, também tu, acerca da melhor forma de dizer aquele «ninguém». Fundamenta a tua opinião na interpretação desse momento da peça (que repito em baixo). Planifica a resposta (anota argumentos soltos, em vez de escreveres texto seguido).

[...]

JORGE — Homem, acabai!

ROMEIRO — Agora acabo; sofrei, que ele também sofreu muito. Aqui estão as suas palavras: «Ide a D. Madalena de Vilhena, e dizei-lhe que um homem que muito bem lhe quis... aqui está vivo... por seu mal... e daqui não pode sair nem mandar-lhe novas suas, de há vinte anos que o trouxeram cativo».

MADALENA (na maior ansiedade) — Deus tenha misericórdia de mim! E esse homem, esse homem... Jesus! esse homem era... esse homem tinha sido... levaram-no aí de donde?... de África?

ROMEIRO — Levaram.

MADALENA — Cativo?

ROMEIRO — Sim.

MADALENA — Português!... cativo da batalha de?...

ROMEIRO — De Alcácer-Quibir.

MADALENA (espavorida) — Meu Deus, meu Deus! Que se não abre a terra debaixo de meus pés... Que não caem estas paredes, que me não sepultam já aqui?...

JORGE — Calai-vos, D. Madalena! A misericórdia de Deus é infinita. Esperai. Eu duvido, eu não creio... estas não são cousas para se crerem de leve. (Reflete, e logo como por uma ideia que lhe acudiu de repente.) Oh! inspiração divina... (chegando ao romeiro). Conheceis bem esse homem, romeiro, não é assim?

ROMEIRO — Como a mim mesmo.

JORGE — Se o víreis... ainda que fora noutros trajos... com menos anos, pintado, digamos, conhecê-lo-eis?

ROMEIRO — Como se me visse a mim mesmo num espelho.

JORGE — Procurai nesses retratos, e dizei-me se algum deles pode ser.

ROMEIRO (sem procurar, e apontando logo para o retrato de D. João) — É aquele.

MADALENA (com um grito espantoso) — Minha filha, minha filha, minha filha!... (Em tom cavo e profundo.) Estou... estás... perdidas, desonradas... infames! (Com outro grito do coração.) Oh! minha filha, minha filha!... (Foge espavorida e neste gritar.)

CENA XV

JORGE e o ROMEIRO, que seguiu Madalena com os olhos, e está alçado no meio da casa, com aspeto severo e tremendo

JORGE — Romeiro, romeiro, quem és tu?

ROMEIRO (apontando com o bordão para o retrato de D. João de Portugal) — Ninguém! (Frei Jorge cai prostrado no chão, com os braços estendidos diante da tribuna. O pano desce lentamente.)

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Depois de vermos o trecho do filme:

Frei Luís de Sousa

Entre Irmãos

D. João de Portugal é identificado por Jorge, mas não por ______. Telmo reconhecerá o seu amo, embora também não ao primeiro relance. João vem velho, de vinte e um ____ passados e do duro cativeiro.

_____ é bem recebido por todos, que o acolhem com amizade, com amor. Porém, vem diferente. Só passaram _____, mas foi duro o cativeiro. (E, embora só nós o adivinhemos, desgasta-o um sentimento de culpa.)

TPC — Os retratos têm função importante na peça. No final do ato I, o de Manuel de Sousa Coutinho, e, no começo e no final do ato II, o de João de Portugal, são imprescindíveis à ação, condicionando as intervenções das personagens. Escreve um comentário (de cerca de cento e cinquenta palavras) que explique esse papel relevante das duas pinturas.

 

 

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