Prova-modelo 2
A prova-modelo é surripiada
a Marina Rocha, Exame Português 12.º ano, Leya, 2019; as soluções estão
a seguir à prova. (As cotações,
como sabes, já não serão as que, por vezes, se veem nas margens. Passou tudo a
13 pontos, exceto o Grupo III, que vale 44.)
Soluções
PROVA-MODELO 2
GRUPO I — A
1. «O poema «Nevoeiro» confirma, por um
lado, a natureza épica da obra porque trata de um país — Portugal —, cujo poder
descobridor do passado afetou o mundo, sendo, portanto, de interesse universal.
Esta ideia é confirmada pela seleção de vocábulos relativos à História de
Portugal, tais como «rei», «lei», «paz», «guerra», «Portugal». Por outro lado,
o lirismo é demonstrado pela caracterização desse país, envolto em «nevoeiro»,
o que leva o poeta a contemplá-lo com tristeza, num tom de lamento — «Este
fulgor baço da terra / Que é Portugal a entristecer» (vv. 3-4).
2. O verso «Que é Portugal a entristecer» é
explicitado através de um conjunto de antíteses, que evidenciam a falta de rumo
e a decadência do país. As antíteses presentes em «nem paz nem guerra» (v. 1),
«Nem o que é mal nem o que é bem» (v. 9), «ânsia distante perto chora» (v. 10)
e «tudo é disperso, nada é inteiro» (v. 12) estão ao serviço dessa contradição
e da falta de visão para o futuro, acompanhados pela presença do «Nevoeiro».
Reconhecidas essas incertezas e esses sentimentos antitéticos, Pessoa evidencia
as contradições internas de um povo que já foi grande e que agora está inerte e
inseguro. Em síntese, considerando «Portugal» como uma pessoa, o poema
apresenta-no-lo com os seus sentimentos envolvidos em contradição e incerteza.
3. Os dois últimos versos funcionam como
uma síntese do poema e também como um ponto de partida para o futuro. A
metáfora em «hoje és nevoeiro» (v. 13) congrega em si toda a caracterização
feita até aqui do nosso país e não deixa dúvidas: Portugal está num marasmo, ou
seja, parado e sem objetivos definidos. O referido ponto de partida é conseguido
a partir da afirmação «E a Hora!», cuja maiúscula prova a certeza que Pessoa
tem de ser este o preciso e precioso momento em que Portugal volte a ser
poderoso e se encaminhe para a concretização de novos e futuros feitos
grandiosos.
4. A repetição do pronome «Ninguém» está ao
serviço da crise de identidade e da intensificação da ideia de marasmo e apatia
que, segundo o poeta, tão bem caracterizam o estado de Portugal e dos
portugueses do seu tempo, o início do século XX.
5. Sendo considerado «o maior traidor do
mar» (l. 7), o Polvo representa não só a traição, como também outros defeitos
a ela associados, tais como a mentira, a falsidade, o engano e o jogo de
interesses, características estas evidenciadas em expressões como «parece um
monge» (1.3), «parece uma Estrela» (l. 4), «parece a mesma brandura, a mesma mansidão»
(ll. 4-5), «As cores (...) no Polvo são malícia» (l. 9) e «Peixe aleivoso e
vil, qual é a tua maldade» (l.10). Estes traços criticáveis são alegorias
(representações) dos mesmos traços da sociedade contemporânea do Padre António
Vieira, como se verifica em «Vejo, Peixes, que pelo conhecimento, que tendes
das terras, em que batem os vossos mares, me estais respondendo, e convindo,
que também nelas há falsidades, enganos, fingimentos, embustes, ciladas, e
muito maiores e mais perniciosas traições.» (ll. 12-14). Note-se que António
Vieira lutou incansavelmente pela causa da independência e autonomia dos
índios, e pela denúncia e correção dos defeitos e comportamentos reprováveis da
sociedade que o rodeava.
6. A antítese «hipocrisia tão santa» (l. 6)
exprime uma contradição, visto que «hipocrisia» é um conceito conotado com
maldade, portanto, nada tem que ver com a santidade, sendo precisamente o seu
oposto. Ora, Vieira serve-se desta associação para espelhar nela a confluência
— no Polvo e na sociedade — de duas atitudes contrárias: o parecer (Bem) e o
ser (Mal). Em síntese, esta expressão resume o conteúdo de todo este excerto do
Sermão.
7. Podemos
considerar que a presença da Modernidade na poesia de Álvaro de Campos se materializa
através de duas características fundamentais: a primeira é o louvor pela
máquina (tão inovadora no início do século XX) e a segunda é o designado
arrebatamento do canto, ou seja, a vontade de sentir tudo o que o rodeia de
forma total, frenética e quase carnívora.
Assim, Campos
propõe temáticas como a exaltação dos automóveis, da máquina a vapor ou dos
motores («engrenagens»), típicas da industrialização novecentista, utilizando
apóstrofes, interjeições e onomatopeias («Ó máquinas», «Hup-lá», «Rrrr»),
recursos cuja expressividade torna bem visível a sua paixão pela Modernidade.
Em suma, quer do
ponto de vista do conteúdo quer do da forma linguística e textual estamos em
condições de testemunhar a presença do atual e do moderno na poesia de Campos
desse início do século XX.
GRUPO II
1. (B): 2.
(A): 3. (B); 4. (D): 5.(C).
6. Predicativo do sujeito.
7. Oração subordinada adjetiva relativa
restritiva.
GRUPO III
Muitas vezes os
pais, os professores e os demais responsáveis educativos pressionam os
filhos/educandos para dedicarem mais horas do dia ao estudo, sempre com receio
de que estes tenham resultados negativos nos testes/exames ou nos finais de períodos
letivos. O problema é que parecem esquecer dois argumentos que contrariam esta
mentalidade.
Em primeiro lugar,
a quantidade de horas de estudo não significa qualidade de estudo. Por outras
palavras, estar muito tempo a ler ou a memorizar pode não surtir o efeito
desejado porque, estando o aluno cansado ou desconcentrado, não consegue resolver
exercícios ou aprender.
Em segundo lugar,
os ritmos de sono dos estudantes variam e o facto de alguns precisarem de
dormir mais horas poderá não ser sinónimo de preguiça e de irresponsabilidade.
Todos devíamos saber que o sono passa por várias fases: a inicial; a profunda e
aquela em que o cérebro se está a preparar para despertar e regressar às
tarefas do quotidiano. Ora, interromper estas fases fisiológicas do sono pode
prejudicar gravemente a capacidade de concentração, assim como a motivação.
A pressão aumenta
na fase da preparação para os exames finais; porém, um aluno responsável
ajustar-se-á ao ritmo do seu próprio organismo, optando por distribuir o tempo
de descanso e o tempo de estudo de forma equilibrada.
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