Saturday, August 25, 2018

Frei Luís de Sousa pelo 11.º 5.ª


Guilherme (Bom (-))
«Hello / it’s me [Olá, sou eu]» foram as palavras de Adele que, em 2015, invadiram as redes sociais, notícias, rádios bem como os ouvidos de todos a nível mundial. Esta música marcou o lançamento do seu terceiro álbum, 25, após quatro anos de pausa na sua carreira musical. Sabia-se que a cantora acabaria por voltar, só não se sabia ao certo quando.
Este regresso inesperado suscitou a inquietação dos fãs, ansiosos por ouvir mais do que a cantora tinha para cantar (e contar) acerca destes quatro anos de pausa.
D. João de Portugal esteve desaparecido durante vinte e um anos, achando muitos que ele não regressaria por ter morrido. O seu “olá” não foi tão direto como o de Adele, deixando todos na dúvida relativamente a quem seria este Romeiro, que, mesmo quando questionado por Jorge, afirmou ser ninguém — «Romeiro, Romeiro! quem és tu!?» e, apontando com o bordão para o retrato de D João de Portugal, responde «Ninguém!», Ato II, cena XV). Nota-se o desejo de um reencontro em ambas as situações — «I was wondering if after all these years you’d like to meet [Estava a pensar se depois destes anos todos querias que nos reencontrássemos]». No entanto, durante o tempo que passou, quem foi e quem ficou divergiu, seguiu novos caminhos, ultrapassando o que ficou para trás, deixando não só distância física, pelo facto de Madalena estar em Portugal e D. João de Portugal algures em África, talvez em Alcácer, mas, principalmente, pelo facto de terem surgido novas pessoas nas suas vidas, estando assim psicologicamente afastados — «There’s such a difference between us / and a million miles [Há tamanha diferença entre nós para além dos milhões de quilómetros]».
Percebemos que da parte de D. João existe arrependimento («Fui imprudente, foi injusto, fui duro e cruel», Ato III, cena V) por duas razões distintas: uma primeira, o facto de não ter estado presente durante tantos anos («I must have called a thousand times / to tell you I’m sorry [Devia ter ligado milhares de vezes para te pedir desculpa]»); outra, o facto de ter chegado e ter medo de ter perturbado a vida feliz que Madalena e Manuel de Sousa viviam. «It’s so typical for me to talk about myself, I’m sorry / I hope that you’re well [Estou tão habituado a falar sobre mim, desculpa, espero que estejas bem]» traduz este aspeto: por muito que D. João se quisesse vingar das ações de Madalena, não o podia fazer, porque esta, depois de ter feito tudo ao seu alcance para tentar encontrar o esposo, seguiu em frente, recomeçando a sua vida.
Surge assim um impasse na história. D. João sente-se culpado pela ruína em que o casamento de Madalena e Manuel se torna mas, ao mesmo tempo, tem o desejo profundo de retornar para os braços de Madalena com quem já fora tão feliz.
O Romeiro decide afastar-se, dizendo apenas «Hello from the other side [Olá do outro lado]», de modo a não perturbar mais a família Coutinho. Tentou ainda impedir que o casamento terminasse por intermédio de Telmo, algo que já não foi a tempo de fazer («Vai, vai: vê se ainda é tempo; salva-os, salva-os, salva-os, que ainda podes» — Ato III, cena XII) — «At least I can say that I tried / to tell you I’m sorry for breaking your heart / but it don’t matter, it clearly doesn’t tear you apart anymore [Pelo menos posso dizer que tentei pedir-te desculpa por te partir o coração. Mas não interessa, é claro que já não te destrói]». É algo que já não destrói Madalena pelo facto de esta já ter aceitado o término do seu matrimónio e, por conseguinte, o início da sua vida religiosa.

Sara (Bom -)
A terceira e última cena de Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett, é carregada de símbolos religiosos e fortemente apoiada nos princípios cristãos da altura. O desfecho desta historia acaba por ser na igreja de S.Paulo — para terminar o enredo com a ajuda de Deus. Para esta tragédia — como lhe devemos chamar, devido ao seu fim amargo -, a canção "Take Me to Church"(Leva-me à Igreja), de Hozier, seria uma ótima música de fundo, se estivesse a ser representada esta peça.
Para começar com o desfecho da peça e o início da canção, os primeiros versos — ''My lover's got humor / She's a giggle at a funeral / Knows everybody's disapproval''(O meu amor tem humor / É o riso num funeral / Tem a desaprovação de todos) — podem ser identificados como a descrição de Maria. Durante toda a peça ela tem sido o grande amor dos pais, sempre disposta a saber mais e, apesar de frágil, é sempre capaz de alegrar os pais, mas, com a revelação de D. João de Portugal estar vivo, ela tornou-se apenas numa filha ilegítima, filha de pecado, e, apesar de ela não ter culpa, aos olhos de todos daquela época ela é quem vai ficar desonrada devido aos acontecimentos que rodeavam o seu nascimento, sobre ela ''vai cair toda [essa] desonra, [...] todo o opróbrio''.
Mas não é só Maria que sofre por causa dos ideais da igreja católica. Madalena e D. Manuel decidem dedicar a sua vida à igreja para se redimirem dos seus pecados: ''Take me to church / [...] / Offer me that deathless death / Good God, let me give you my life''(Leva-me à igreja / [...] / Oferece-me essa morte imortal / Bom Deus, deixa-me dar-te a minha vida). Aquela sociedade estava muito dependente da igreja, e regia-se por ela: os protagonistas desta peça acabam por seguir o caminho do casal Vimioso a quem teria acontecido algo semelhante. Especialmente para Manuel esta é a única resolução que é possível (''Para nós não há senão estas mortalhas e a sepultura de um claustro''). Pode-se então dizer que eles decidem 'matar' a sua vida social para serem absolvidos de seus crimes, mas que a sua devoção a Deus lhes dará uma morte apenas simbólica.
Não podemos também ignorar a razão para tudo isto ter acontecido. O amor de Madalena e Manuel era verdadeiro, embora, infelizmente não tenha tido um final feliz, como diz a canção: ''No masters or kings when the ritual begins / There is no sweeter innocence than our gentle sin'' (Sem mestres ou reis quando o ritual começa / Não há inocência mais doce do que o nosso pecado gentil). E é verdade, o amor deles era pecado mas foi desse amor que nasceu algo belo, uma família.
Esta canção relaciona-se com o tema mais trágico da peça, da destruição desta família e a sua resolução com Deus e até o próprio vídeo pode-se dizer uma representação mais atual da história.

Grego (Bom/Bom (-))

A canção que escolhi para relacionar com Frei Luís de Sousa relata uma história com algumas parecenças com o enredo da peça de Garrett.
"Lie" (Mentira), escrita e interpretada pelo sul-coreano Park Ji-min do grupo BTS, fala de um sujeito poético, antes inocente, mas agora corrompido pelas mentiras (ou verdades cruéis) que lhe contaram.
Na peça de Almeida Garrett, todos os personagens acreditavam que D. João de Portugal havia morrido na Batalha de Alcácer-Quibir ("D. João de Portugal, que Deus tenha em glória"), à exceção de Telmo, que diz, num aparte, exprimindo dúvida, "Terá". Quando, mais tarde, o Romeiro conta a Madalena que D. João está vivo (sem esta saber que o Romeiro é, de facto, D. João), Madalena fica em choque ("Que não caem estas paredes, que não me sepulatam já aqui"), acabando de perceber que foi, como diz o verso principal da canção, "Caught in a lie" (Apanhada numa mentira).
Madalena percebe que ela e Maria estão destruídas, ("Minha filha! Estou, estás... perdidas, desonradas... infames!"), e Manuel também assume essa destruição a Maria "Desgraçada filha (...) que perdeste tudo hoje", o que relaciona o estado de espírito de Maria com a canção, "순결했던 찾아줘 / 거짓 속에 헤어날 없어" (Encontra o meu 'eu' que era inocente / Não me consigo libertar desta mentira). Podemos também relacionar a canção nesta parte do final do Ato II e início do Ato III com Madalena, que diz logo ao saber a notícia, contada pelo Romeiro, "Meu Deus, meu Deus! Que se não abre a terra debaixo dos meus pés", visto que a mentira, de tão grande que era, se tornou numa verdade cruel, "너무나 커져버린 거짓이 삼키려 " (A mentira que cresceu tanto que está a tentar consumir-me).
O final da peça é o que tem a maior similaridade com a canção, quando Maria descobre que os pais vão abandoná-la para serem ordenados, deixando-a orfã. Maria pede à mãe para a ajudar, ("Mente agora, para salvar a honra da tua filha"), mas a mãe nega-se a fazê-lo, pedindo misericórdia a Deus, preferindo a fé à família, "Não queres? (...) E eu hei de morrer assim...". Muitas partes da letra da canção se relacionam com este monólogo de Maria, como " 거짓 속에 헤어날 없어 / 웃음을 돌려놔줘" (Não me consigo libertar desta mentira / Devolvam-me o meu riso), visto que Maria ficaria presa à mentira que a perseguiria para o resto da vida, e também " 지옥에서 꺼내줘 / 고통에서 헤어날 없어 / 벌받는 나를 구해줘" (Tirem-me deste inferno / Não me consigo libertar desta dor / Salva o meu 'eu' que está a ser castigado), pois Maria ficaria presa num inferno na Terra, sem se conseguir libertar da dor e do castigo a que os pais a que os pais a tinham condenado.
O tema da peça de Almeida Garrett gira à volta de um amor amor ilícito e dos frutos dessa relação e, por isso mesmo a peça tem bastantes mentiras e traições, dado que a podemos resumir numa frase que aparece repetidamente na canção: "Caught in a lie" (Apanhado/a numa mentira).

Ana (Bom (-))

Achei por bem relacionar a canção «Always» (sempre) de Gavin James, com a obra de Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa. É uma melodia bastante sentimental que expressa a dor que um amor não correspondido ou, eventualmente impossível, pode causar.
Antes da chegada do Romeiro, o amor entre Madalena e Manuel era possível (com a assumida morte de D. João). Contudo, Madalena não se conformava com essa realidade, vivendo assim num constante impasse («este medo, estes contínuos terrores que ainda me não deixaram gozar um só momento de toda a imensa felicidade que me dava o seu amor»). Como enunciado na canção, «And this feels like drowning / trouble sleeping / restless dreaming» (e isto faz-me sentir como se me estivesse a afogar / tenho problemas a dormir / sonhos agitados), vivem-se momentos desagradáveis que se assemelham, por exemplo, ao pânico do afogamento. Também Telmo partilhava da angústia da perda do seu amo—ele, que o via como um filho, sofria como um pai.
A ausência de D. João de Portugal causou um transtorno surreal na vida de Madalena e, como atesta numa conversa com Telmo, «durante sete anos, incrédula a tantas outras provas e testemunhos de sua morte, o fizera procurar por essas costas de Berbeira, …»; durante sete anos não desistiu de procurar o seu marido, relatando ainda a angústia dos momentos passados. D. João não tinha a noção de que Madalena tinha investido na sua procura («Os mais chegados, os que eu me importava achar… contaram com a minha morte, fizeram a sua felicidade com ela;»).  Estas confusões podem remeter para a frase da canção, «Do you feel damage just like do?» (também estás magoado(a) como eu?). Seria uma pergunta que as personagens da obra de Garrett poderiam fazer. Todas tinham uma versão diferente de mágoa em relação ao desaparecimento de D. João.
Após descobrir que a sua chegada viera destruir a família entretanto reconstituída, o Romeiro pede a Telmo para negar o que havia dito. Mas já nada podia ser feito para mudar a fatalidade final (morte de Maria). O arrependimento de D. João de Portugal poderia gerar a pergunta «Is it too late to pick the pieces up?» (será demasiado tarde para emendar o que fiz) numa conversa hipotética com Madalena.
Esta obra converge para a frase da canção «Cracks won’t fix and the scars won’t fade away» (os problemas não se concertão e as feridas não vão desaparecer). Não havia nada a fazer. Com D. João vivo, o amor entre Madalena e Manuel era impossível. Maria, ilegítima, acaba por morrer de esgotamento – não foi apenas a tuberculose que a matou, mas a vergonha de ser uma filha fora do casamento. Manuel e Madalena, que se dedicaram à prática religiosa, perderam não só a sua filha como o seu amor — «I guess i should get used to this / the left side of my bed’s na empty space» (acho que me vou ter de habituar a isto, o lado esquerdo da minha cama está agora vazio).

Beatriz Pi (Bom)

Ao ouvir a música “Always”, um single de 2018, interpretado pelo cantor e compositor irlandês Gavin James, pensei, de certa forma, na situação de D. Madalena, na peça Frei Luís de Sousa. Esta canção e a peça têm em comum o facto de existir alguém que se sente incapaz de parar de pensar numa outra pessoa.
Na música, o sujeito masculino fala acerca do facto de que alguém (provavelmente uma ex-amante) está constantemente na sua mente e que a imagem desta tal pessoa o magoa realmente (“Your face, it makes my body ache / It won't leave me alone”— A tua cara, faz o meu corpo doer / E não me deixa em paz). O mesmo acontece com D. Madalena que revela, logo no Ato I, que todo o “medo” e “terrores contínuos” fazem com que ainda não tenha conseguido ser verdadeiramente feliz com D. Manuel, uma vez que a cara de D. João de Portugal, quase que a assombra  devido ao medo que esta tem do seu regresso. A “cara” deste, passa a estar ainda mais presente quando a familia vai viver para a casa de D. João, onde se encontra um grande retrato do mesmo, o que torna ainda mais difícil para Madalena deixar de pensar nele.
Já no Ato II, descobrimos por Maria que a sua mãe não tem conseguido dormir bem, pois estar na casa que outrora partilhou com D. João de Portugal a deixa ansiosa e aumenta o  estado de sofrimento, em que esta sempre se encontrou (“(…) mas tu não sabes a violência, o constrangimento de alma, o terror com que eu penso em ter de entrar naquela casa. (…) que vou achar ali a sombra despeitosa de João (…)”). O leitor pode concluir que é como se Madalena quase  não conseguisse respirar propriamente pois a imagem que tem de D. João não o permite. Também na música o sujeito tem “problemas em dormir” e “ sonhos irrequietos” (“Trouble sleeping / Restless dreaming), e o sujeito masculino da canção encontra-se numa situação muito semelhante à de Madalena, não só por isso mas porque também se tem dificuldade em respirar devido à  imagem da sua ex-amante, este sente-se “como se estivesse a afogar” (“And this feels like drowning”).
Existem ainda, muitas outras partes desta letra que se aplicam a Madalena, mas nada se aplica tanto a esta como o refrão “ Estás na minha mente / Sempre, sempre / Acabei de me assustar” ( “You're in my head / Always, always / I just got scared / Away, away). Madalena viveu muitos  anos com o seu verdadeiro amor, D. Manuel, mas D. João de Portugal nunca deixou de fazer parte da vida dela, uma vez que esteve sempre na sua mente (“Always, always”). Até a parte em que o sujeito da música diz que acabou de se assustar pode ser aplicada à senhora, uma vez que, na primeira cena do Ato II, Maria diz que a sua mãe ficou “perdida de susto” ao ver o retrato de D. João (“(…) põe de repente os olhos nele e dá um grito (…) ficou tão perdida de susto”).
Para concluir, ainda que haja inúmeros aspetos em comum entre a canção e a peça, é necessário notar que embora Madalena e o sujeito da canção partilhem vários sentimentos, o sujeito masculino sente saudades daquela que o deixou e espera que esta volte, enquanto D. Madalena vive angustiada devido à possibilidade do regresso de D. João.

Beatriz Pa (Bom -)~
Para acompanhar a obra Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett, escolhi a canção “Love me like you do”, de Ellie Golding. Pensei que fosse demorar mais tempo a escolher a composição adequada a este trabalho, mas, um dia, a caminho da escola, ouvi-a e achei que seria a canção perfeita.
A letra sugere um quadro de dois amores que envolve a mesma mulher.
Se, por um lado, D. Madalena está totalmente apaixonada por D. Manuel, sendo este a sua “luz” (“You're the light”), “a cor do seu sangue” (“You're the color of my blood”), “a cura” (“You're the cure”) – “Mas oh! Esposo da minha alma…” –, já D. João é “a noite” (“you're the night”), “a dor” (“you're the pain”) – “Oh! Perdoa, perdoa-me, não me sai esta ideia da cabeça…- que vou achar ali a sombra despeitosa de D. João, que me está a ameaçando com uma espada de dois gumes… que a atravessa no meio de nós, entre mim e ti e a nossa filha, que nos vai separar para sempre…”
No entanto, estas mesmas palavras podem ser aplicadas a D. João de Portugal, pois sendo D. Madalena o seu grande amor, é “a luz” é “a cura” para os seus vinte e um anos de sofrimento; e é, ao mesmo tempo, “a dor” e “a noite”, pois encontra-se perdido para ele, tendo-se D. Madalena apaixonado e casado com D. Manuel.
Os cinco versos seguintes adaptam-se na perfeição ao Ato III, quando, apesar da “escuridão” (ou seja da noticia de que João de Portugal se encontra vivo tornando inválido o casamento de D. Madalena com D. Manuel), D. Madalena pede-lhe para a seguir (“Follow me to the dark”) para viver a vida com a sua filha D. Maria e para não tomar a decisão de ingressar num mosteiro: “You can see the world you brought to life, to life” (“Podes ver o mundo que trouxeste à vida, à vida”).
Por fim, os últimos versos remetem-nos para a ferocidade e resiliência do amor que D. João tem por D. Madalena, porque enfrentou tudo para regressar vivo ao grande amor da sua vida. O amor que lhe tem é tal que o leva a “não conseguir ver com clareza” (“My head spinning around I can't see clear no more”) e a “não pensar direito” (“Cause I'm not thinking straight”) – “É ela que me chama, Santo Deus! Madalena chama por mim…”; “Que encanto, que sedução! Como hei de resistir!?” – quando ouve D. Madalena a chamar o marido, tomando para si aquele vocativo que, no entanto, se destinou a D. Manuel – “Ah! E eu tao cego que já tomava para mim!...”

Mafalda M. (Suficiente +)
A música “Tears in Heaven”, de Eric Clapton na minha opinião é a que faz mais jus à obra de Almeida Garrett Frei Luís de Sousa, porque, ao longo da obra, descobrimos que Maria, filha de D. Madalena e D. Manuel, sofre de tuberculose. Começamos a ter evidências logo no primeiro ato, na cena V e VI quando D. Madalena elogia a filha por ter ouvido o pai chegar sem que mais ninguém o fizesse (“(…) É extraordinária esta criança: vê e ouve em tais distância…”) e quando o Telmo observa, num aparté, que o elogio pode ser algo mais perigoso do que se adivinha (“Terrível sinal naqueles anos e com aquela compleição!”). A partir desse momento ficamos alerta para todos os pequenos sintomas que nos possam indiciar se Maria está doete.
Na primeira cena do terceiro ato é que temos mais notícias sobre a doença. Ficamos a saber que evoluiu bastante e que Maria está acamada, durante a conversa de D. Manuel e seu irmão, Frei Jorge, quando o último comenta que esteve há duas horas no quarto da menina e esta “(…) Dormia, e mais sossegada da respiração. O acesso de febre, que a tomou quando chegámos de Lisboa e (…) disseram-me que tinha tornado a…”, “A lançar sangue? Se ela deitou o do coração!... Não tem mais. (…)” (completa D. Manuel em pânico com a saúde de sua única e adorada filha). Depois, quando D. Madalena e D. Manuel estão a ser ordenados, Maria aparece com bastante tosse e a falar como se sentisse que algo vai acabar.
Acaba por morrer nos braços dos pais, que ficam destroçados… E foi neste momento que me lembrei que a música “Tears in Heaven” retrata o sentimento de perda de um ente querido, o que, no caso de Eric Clapton, o cantor e compositor da música, foi também o filho, sendo a música uma homenagem. A canção tem uma melodia muito suave, o que nos traz certa melancolia, sendo a junção com a letra muito dramática e sentida, tal como toda a peça de teatro.
O eu da música faz várias perguntas ao filho falecido, entre as quais “Would you know my name if I saw you in Heaven?”, única pergunta repetida ao longo da música, que, traduzida seria, “Será que saberias o meu nome se me visses no Paraíso?”. No entanto, o sujeito da canção também diz “I must be strong and carry on ‘cause I know I don’t belong here in Heaven.” eu preciso manter-me forte, e seguir em frente, porque eu não pertenço ao Paraíso , demonstrando que todo o sofrimento que ele sente precisa de ser esquecido e que a cabeça têm que continuar erguida para seguir com a vida: mesmo com a enorme falta que o defunto lhe faz, ainda tem desafios para ultrapassar, que ainda não chegou a hora de ele morrer, tal como Madalena e Manuel, que, após a morte da filha, podiam escolher o caminho da dor, mas, em vez dessa estrada, escolhem virar as suas vidas para a igreja e a ajuda ao lado de Deus, não se revoltando contra Ele por este os ter levado para longe um do outro e para longe da amada filha.

Natacha (Bom (-)/Bom)
Assim que a canção «Someone like you (alguém como tu)», da cantora Adele, começa a tocar, sentimos a tristeza nas suas palavras e o sentimento nelas assente é-nos transmitido também pela forma dramática como a cantora canta. Apesar de ser uma voz feminina, o sujeito poético remete-me para o Romeiro do drama Frei Luís de Sousa.
Após vinte e um anos sem qualquer notícia do primeiro marido, D. João de Portugal, Madalena de Vilhena recebe na casa onde viveu com o desaparecido (suposto morto) a visita de um Romeiro, que a informa de que o nobre português se encontra vivo. O drama de Garrett relata empaticamente o sentimento de terror sentido por Madalena aquando deste reencontro mas pouco refere o que sentiu D. João (pois inferimos que ele e o Romeiro são a mesma pessoa) ao regressar a Portugal.
O Romeiro aparece vinte e um anos depois «out of the blue uninvited (do nada sem convite)» e «hoped (esperava)» que Madalena, ao vê-lo, «would be reminded (se lembraria)» dele e perceberia que «it isn’t over (isto não acabou)», que ele estaria vivo e que o seu casamento à luz dos ideais religiosos e morais não acabara.
A realidade, porém, não é a traçada pelo Romeiro. Também na canção, o sujeito poético é surpreendido pelo novo estado do amado: «I heard, that you’re settled down / That you found a girl and you’re, married now (Ouvi dizer que tu sossegaste / Que encontraste uma rapariga e és casado agora)». As novas descobertas causaram, inicialmente, raiva no Romeiro, em especial pelo facto de que Manuel de Sousa «gave (deu)» a Madalena «things (coisas)» que ele «didn’t give (não deu)». Falamos do facto de Madalena nunca ter amado João de Portugal, Telmo di-lo no primeiro ato − «…respeito, devoção, lealdade, tudo lhe tivestes, … mas amor!», e do facto de Manuel de Sousa e Madalena terem uma filha, Maria.
A indignação e raiva do Romeiro são visíveis nas falas do seu diálogo com Madalena e Frei Jorge, quando admite já não ter família («A minha família… Já não tenho família!») e declara saber sobre esta «mais do que queria». Para seu consolo, pelo menos julgava ele, existia Telmo, o único que sempre acreditou que ele sobrevivera.
É precisamente através de Telmo que toma conhecimento dos esforços de Madalena após o seu desaparecimento para o encontrar (ou ter a certeza de que este não voltaria). Depois de saber que não fora de ânimo leve que Madalena reconstituíra a sua vida, toma a decisão de voltar atrás e dizer que tudo não passava de um embuste, criado pelos «inimigos desse homem que ela ama». Apesar da raiva inicial, D. João percebe que já não pertence à vida de Madalena, e o mesmo acontece ao sujeito poético da canção que «wish nothing but the best (não deseja nada além do melhor)» para a pessoa que ama, apesar de este sentimento e esta atitude de admitir que já não é «ninguém» ter um «bitter-sweet (gosto amargo)».

Ângela (Suficiente)
A música “Brother” (Irmão), dos Kodalline, fala sobre a relação que o cantor tem com o irmão e retrata momentos das suas infâncias e como ao longo do seu percurso ele irá sempre ajudá-lo. A música faz-me lembrar a relação de D. Manuel de Sousa Coutinho com o seu irmão Frei Jorge. Ao longo da peça acontecem situações trágicas às personagens principais, entre elas D. Madalena e D. Manuel, e Frei Jorge tenta ajudá-las a superá-las.
Frei Jorge é uma personagem secundária mas com um papel bastante importante na realização das ações das personagens. É uma personagem prudente, confidente, calma, racional, serena e paciente face às situações que se vão desenrolando ao longo da peça.
Na música, o cantor diz “We've taken different paths and traveled different roads” (Nós tomamos diferentes rumos e viajamos por diferentes estradas), o que também acontece com Frei Jorge e D. Manuel pois D. Manuel casou-se com D. Madalena e tiveram uma filha, Maria, enquanto o seu irmão decidiu ser fiel à Igreja e pertencer à ordem dos dominicanos, que é uma ordem religiosa católica que tem como objetivo espalhar a palavra de Jesus Cristo e a conversão ao Cristianismo.
D. Manuel mostra-se como uma personagem forte e determinada em separar o passado do presente, pois nem dá grande valor ao facto de ter incendiado a sua casa antiga e terem de se mudar para a casa de D. João de Portugal, a casa do ex-marido da sua mulher que se julga falecido. D. Manuel vai-se abaixo quando percebe que o seu casamento é ilegítimo e Frei Jorge vai consolá-lo, e tentar ajudá-lo ao máximo para não o ver sofrer (“Não é assim, meu irmão, não te cegues com a dor, não te faças mais infeliz do que és.”). Na música também é retratada uma cena bastante parecida com esta, em que o irmão quer tentar salvá-lo do sofrimento existente: “And if you were drowned at sea I'd give you my lungs so you could breathe” (e, se tu estivesses a afundar, no mar eu daria os meus pulmões para tu respirares). Chega-se a uma certa altura em que Frei Jorge já começa a ser contagiado pelo clima trágico que paira sobre a sua família: “Eu faço por estar alegre, e queria vê-los contentes a eles… mas já não sei já que diga do estado em que vejo minha cunhada, a filha… até meu irmão o desconheço! A todos parece que o coração lhes adivinha desgraça… E eu quase que também já se me pega o mal. Deus seja convosco!”
Frei Jorge tem uma função bastante crucial, que é servir consolo às personagens. Também teve um papel importante no desfecho da peça: sem ele, poderia dizer-se que a peça tomaria um rumo diferente e que as personagens não iriam aguentar o clima em volta deles, cheio de tragédias e desesperos.

Beatriz Entrezede (Bom (-))
Na canção “A máquina”, a letrista, Marisa Liz, realça a tristeza do sujeito poético e o seu desespero ao tentar ser feliz. É possível estabelecer um paralelismo entre este estado de espírito do eu da canção e várias personagens de Frei Luís de Sousa, por exemplo, Madalena e a sua filha, Maria.
Cai o Carmo e a Trindade, nome do álbum a que esta canção pertence, é uma expressão portuguesa que se pode associar a esta obra de Almeida Garrett, quando o Romeiro aparece no palácio da família Vilhena-Coutinho e, mesmo sem saberem a sua identidade, todos acabam por perceber que D. João de Portugal, primeiro marido de Madalena, está vivo. Esta notícia acabará com o casamento de Madalena e Manuel – (“Jorge – (…) Já te esqueceste que ainda está vivo aquele…”, cena I, ato III) – uma vez que passavam a ter uma filha ilegítima e um casamento imoral (“Manuel – (…) Desgraçada filha, que ficas órfã!... órfã de pai e de mãe…(Pausa.) e de família e de nome, que tudo perdeste hoje… (…)”).
“(Que triste é viver, / Que sina, ai, que amor,”) é uma expressão que poderia ser dita por Madalena pelo desgosto que sentia por não poder passar o resto dos seus dias com o amor da sua vida, Manuel de Sousa Coutinho (“Madalena – Marido da minha alma, (…)”).
No final do século dezasseis, tempo para que esta peça de Garrett remete, o povo português era todo ele cristão, tendo uma relação muito chegada a Deus. Também, na canção do grupo Amor Electro o sujeito poético evoca Deus para o ajudar a ser feliz (“É de pedir aos céus, / A mim, a ti e a Deus, / Que eu quero ser feliz, (…)”). Na penúltima cena do ato II, Maria, o seu pai e a sua mãe encontram-se na igreja para abandonarem a vida conjugal, ingressando na ordem de São Domingos. Num ato de desespero, Maria pede “aos céus, a mim, a ti e a Deus” que não a separem de Madalena e Manuel, insistindo para lhe tirarem a vida e não os seus pais (“Mate-me, mate-me, se quer, mas deixe este pai, esta mãe, que são meus. (…)”). “Que pena é ver-te assim” continua Maria o seu discurso, agora virada para Madalena, (“Pobre mãe! Tu não podes… coitada!”), tocada pelo estado frágil em que esta se encontrava.
“Já nem vou mais chorar, / Gritar, ligar, voltar,” seria talvez o pensamento de Maria na última cena desta peça quando ouve a voz de D. João de Portugal e percebe que é o seu fim. “Morro, morro… de vergonha.” diz Maria antes de “A máquina” parar e o seu coração “deixar de tocar”. Esta última cena trágica e dramática constitui, simultaneamente, o final de Frei Luís de Sousa e o da canção.

Rodrigo (Bom -)
Ao ouvir a canção, “Be Alright”, de Dean Lewis, lançada o ano passado, “senti” de imediato uma forte conexão entre a mesma e a obra de Almeida Garrett Frei Luís de Sousa. O tema amoroso que paira sobre as duas obras foi, sem dúvida, o impulsionador da associação que encontrei entre ambas.
No caso da canção, o ”eu”, traído pela sua namorada (“It's the feeling of betrayal, that I just can't seem to shake [É o sentimento de traição, que eu simplesmente não consigo agitar]”), não se consegue afastar dela apesar de saber que é o melhor a fazer. Tal como D. João de Portugal, que foi dado como morto em combate na batalha de Alcácer Quibir, sabe que não se deve aproximar da sua amada pois, desse modo, arruinaria a sua vida.
“Ora Deus te pague. Hoje é o último dia da nossa vida que se fala em tal” é citação icónica de Madalena (ex-esposa e amada de D. João) onde observamos que o amor de D. João não é de todo correspondido e, apesar de que da memória que tinha de seu primeiro marido ainda a assombrava, conseguiu encontrar paz e amor noutro casamento (“Pois sim, terei razão Telmo… eu resolvi-me por fim a casa com Manuel de Sousa,… vivemos seguros, em paz e felizes”).
Uma característica deveras irónica entre a canção e a obra é que tanto o vocalista como D. João têm um “amigo” que os ajuda a passar pelo momento difícil. Escrevo aspas sobre amigo porque, no caso de D. João, esse “amigo” seria Telmo, um aio que, dado o seu historial de trabalho na família já seria considerado um amigo próximo, senão mesmo parte da família. Em “Não. Meu senhor: a resolução é nobre e digna de vós” podemos ver Telmo a aconselhar o seu antigo amo, dizendo-lhe que é sensato deixar a amada para que ela não sofra de uma vida de “pecado” por o seu ex-marido estar ainda vivo. No caso da canção, não é transmitido quem será o amigo do “eu” masculino (“And my friend said "I know you love her, but it's over, mate It doesn't matter, put the phone away It's never easy to walk away, let her go It'll be alright" [E o meu amigo disse "Eu sei que a amas, mas acabou, companheiro não importa, afasta o telefone nunca é fácil ir embora, deixa-a ir vai ficar tudo bem "]”). “Afasta o telefone” tem também a conotação de “afastar a esperança”, o que pode ser facilmente ligado tanto à canção como à peça teatral.
Tanto a peça como a canção deixam o final em aberto, podemos dizer trágico, sem saber o que virá a seguir. São estas incógnitas que fazem estas obras algo memorável, cada uma enquadrada no seu estilo, no seu género, somente dependente do gosto do espectador.

João R. (Suficiente +)
Os primeiros versos da canção “Roses” adequam-se a duas situações semelhantes da peça Frei Luís de Sousa. Na parte final da peça escrita por Almeida Garret, e percebendo que o seu casamento com Manuel de Sousa Coutinho estaria prestes a terminar, D. Madalena desespera, procura salvar a todo o custo uma relação à qual deu tudo (“Marido da minha alma, pelo nosso amor te peço (…) não me negues este último favor”, Ato III, cena VI). Sente que lhe foi retirado tudo  e considera-se “feita um espetáculo de dor e de espanto para o Céu e para a Terra!”, como em “Roses are red, violets are blue / My heart is dead, I'm such a fool / Why did I fall for you? / I gave it all for you” (“As rosas são vermelhas, as violetas azuis / O meu coração está morto / Sou tão estúpido(a) / Porque é que me apaixonei por ti? / Eu dei tudo por ti”. Do que Madalena não se apercebe é que D. João também se depara com o final da sua relação passados vinte e um anos em clausura ao “sol da Palestina”. Ainda que este tenha essa noção e que procure não interferir ao saber da existência de Maria, no entanto e por breves momentos, o próprio ao ouvir a voz de Madalena se sente seduzido. A desilusão causada por um amor não correspondido ou, neste caso, o término da sua relação com D.Madalena de Vilhena está presente no Ato III, Cena VI: “Romeiro – Que encanto, que sedução! Como lhei hei de resistir!?” / Madalena – Meu marido, meu amor, meu Manuel! / Romeiro – Ah! E eu tão cego que já tomava por mim!...”.
Na canção é claro o tom melancólico referente a um desgosto amoroso. Na peça de Garret, toda a história decorre em redor de um amor proibido, de um casamento ilegal que acontece após rumores da morte de D.João de Portugal. Pode ser feita uma analogia entre o verso “All of the lies startin' to feel like the truth” (Todas as mentiras começaram a parecer a verdade / realidade) e a peça Frei Luís de Sousa. De facto, os rumores de que João teria falecido na batalha de Alcácer Quibir tornaram o casamento possível. Algo que não se confirma após a entrada em cena de um romeiro, que viria a ser D.João e que, ao estar vivo, impossibilitava o casamento de Madalena e Manuel.
A canção relaciona-se com a tragédia da peça, no ponto de vista de que o amor foi originado num pecado desconhecido. Quando este pecado se tornou “público”, a família desmoronou-se e deu-se a tragédia. “This a tragedy, it may end up on the news” (Isto é uma tragédia, pode acabar nas notícias).

Leonor (Bom-)

A canção Someone you Loved, de Lewis Capaldi, relaciona-se muito com o drama de Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa e, em especial, com D. Madalena de Vilhena e o Romeiro.
À medida que vamos lendo Frei Luís de Sousa, vamos percebendo que Madalena vive inquieta com o possível regresso do seu primeiro marido, D. João de Portugal, que partira para África, para a Batalha de Alcácer Quibir, onde foi dado como morto. Madalena ficou só e desamparada (“Depois que fiquei só, depois daquela funesta jornada de África que me deixou viúva, órfã e sem ninguém… sem ninguém e numa idade… com dezassete anos!”). Sente-se preocupada e culpada, pois, apesar de o ter procurado durante anos, tornou a casar, com Manuel, o homem por quem se tinha apaixonado ainda em vida do primeiro marido (“começou com um crime, porque eu amei-o desde assim que o vi…”). Assim, à medida que o tempo vai passando, Madalena vai ficando mais angustiada, sentindo que pode perder todos os que ama: “Tenho este medo, este horror de ficar só… de vir a achar-me só no mundo”. Também a letra da canção nos fala deste vazio da solidão, de não se ter ninguém para partilhar a vida, o amor: “And you’re not here” (E tu não estás aqui…).
Quando a família se muda para a casa onde Madalena viveu com D. João de Portugal, sente-se ainda mais aflita (“Mas oh! Esposo da minha alma…para aquela casa não, não me leves para aquela casa!”). Tudo para ela são presságios de tragédia iminente e, com a chegada do misterioso Romeiro, que percebemos ser D. João de Portugal, o clima ainda se adensa mais. O Romeiro está irreconhecível, vinte e um anos mais velho, cansado, e podemos imaginar que tudo suportou na esperança de voltar para junto de Madalena. Se ouvirmos atentamente a canção, parece que estamos a ouvi-lo: “And I tend to close my eyes when it hurts sometimes / I fall into your arms / I’ll be safe in your sound til I come back around” (E tento fechar os meus olhos, quando dói e, às vezes, fico nos teus braços. Contigo estarei a salvo até regressar).
Quando a tragédia acontece, toda a família fica destruída. Manuel de Sousa Coutinho, apesar da dúvida de Madalena acerca do Romeiro (“…mas não daríamos nós, com demasiada precipitação, uma fé cega, uma crença tão implícita a essas misteriosas palavras de um romeiro, um vagabundo… um homem que ninguém conhece?”), não cede e novamente a letra me parece muito adequada a Madalena, explicitando o seu estado de alma naquele momento de tanta dor: “I was getting kinda used to being someone you loved” (Estava acostumada a ser alguém que tu amavas). Madalena tudo perdeu, não tem ninguém para amar, nem Maria nem Manuel, e, novamente, a letra se aproxima do que sente: “I need somebody to heal / somebody to know / somebody to hold” (Preciso de alguém para tratar / de alguém para conhecer / de alguém para ter / de alguém para abraçar).
Madalena já não tem qualquer esperança de tornar a ser feliz e a canção também refere este aspeto (“I’ going under and this time / I fear there’s no one to save me” [sinto-me afundar e, desta vez, / sinto que ninguém me salvará]). Assim, esta e Manuel de Sousa Coutinho vão professar numa ordem religiosa para se redimirem das suas culpas.

Elisa (Suficiente/Suficiente (-))

A letra de “Photograph”, do cantor Ed Sheeren, passa a mensagem do poder do amor e das sensações que nos pode trazer e provocar.Também, na obra de Frei Luís de Sousa se captam sentimentos semelhantes.
A música começa com “Loving can hurt / Loving can hurt sometimes” (Amar pode doer/amar pode doer às vezes). Estes versos relacionam-se com a obra, pois, numa das cenas em que o Romeiro fala com Telmo, diz-lhe que ainda ama D.Madalena de Vilhena e ouve-a desesperada do outro lado da porta a chamar pelo seu querido e amado marido. O Romeiro, confiante de que Madalena gritava por si, repete consequentemente que a ama realmente e que nunca a deixara de amar, até que se apercebe de que os gritos ansiosos da sua amada eram para Manuel de Sousa Coutinho (“Meu marido, meu amor, meu Manuel!”, ato III, cena XI). Magoado, vai-se embora, dizendo que vai desaparecer para sempre outra vez.
Na canção os versos “Our hearts were never broken/And time's forever frozen still” (Nossos corações nunca estiveram partidos/E o tempo está congelado para sempre) relacionam-se com a posição e sentimento do Romeiro, que, apesar dos muitos anos já passados, nunca conseguiu esquecer Madalena e, mais ainda, nunca conseguiu deixar de a amar. Os versos  “When I'm away/I will remember how you kissed me/Under the lamppost back on 6th Street/Hearing you whisper through the phone/Wait for me to come home” (Quando eu estiver longe/Vou me lembrar de como tu me beijaste/ Debaixo do poste na Rua 6/Ouvir a sussurrar pelo telefone/ Espera por mim para voltar pra casa) , provocam-me um misto de sentimentos, de perda e de dor, mas ao mesmo tempo sentimento da eternidade do amor. Assim como estes versos da canção provocam emoção, a situação do Romeiro e Madalena também faz com que esses sentimentos venham ao de cima. O Romeiro, que, na verdade, é D. João de Portugal, depois de todos os anos em que esteve desaparecido, depois da pobreza e miséria que viveu, regressa a casa, com o seu amor pela mulher igual ou até mais intenso. Apesar do amor não ser correspondido, o Romeiro toma a decisão de voltar a partir, deixar o seu lar, para não provocar os maus olhados e a vergonha à mulher, Madalena (“sua mulher que ele já não pode amar sem desonra e vergonha! Na hora em que ela acreditou na minha morte, nessa hora morri. Com a mão que deu a outro riscou-me do número dos vivos. D. João de Portugal não há de desonrar a sua viúva.”, ato III, Cena V).
Trata-se de uma canção e de uma obra com muitos pontos em comum, que nos provocam sentimentos fortes, relacionados com o amor.

Rita (Bom (-))
A dor de perder um filho é incalculável. Tanto Eric Clapton- o músico- como Manuel de Sousa Coutinho – na peça Frei Luís de Sousa – já sentiram esta dor, já carregaram o sofrimento de perder um filho ou uma filha, respetivamente. Ambos passaram pelo mesmo tipo de perda; contudo, viveram-no e expressaram-no por formas e meios distintos.
 Eric Clapton entregou a sua dor às notas e escreveu uma das músicas que veio a ter mais sucesso durante a sua carreira, talvez pela sua componente extremamente sentimental: “Tears in Heaven”, dedicada ao seu filho de quatro anos que morreu no início dos anos noventa. Longe disso, mas não tanto quanto parece, Manuel, confia a Deus a sua filha, Maria. Desta forma, Manuel de Sousa Coutinho não escreve uma composição artística, mas prefere rezar!: “Minha irmã, rezeremos por alma...”
Mesmo que lidem de formas diferentes com o mesmo tipo de sofrimento, tanto  Manuel de Sousa, Eric Clapton e muitos outros pais vivem, para, e em função dos seus filhos. Por isso, perdê-los e ter que viver com essa perda parece-lhes impossível.
Na música, o artista sublinha várias vezes que precisa de ajuda do seu filho, para voltar a ser feliz, “would you hold my hand?”/ “segurarias a minha mão?”. Pede-lhe que seja forte, para que ele também o consiga ser ,(“I must be strong, to carry on”/ “Eu devo ser forte, para continuar”), pede-lhe ainda que resista ao tempo: “Time can bring you down, time can bend your knees. Time can break your heart, have you begging please, begging please”/ “o tempo pode-te derrubar, o tempo pode dobrar os teus joelhos. O tempo pode partir o teu coração, fazendo-te implorar por favor, implorar por favor”. Eric diz ao filho que não desista:“Beyond the door there’s peace I’m sure”/ “Tenho a certeza que atrás da porta há paz” e que “there’ll be no more tears in heaven”/ “Não vão existir mais lágrimas no paraíso”.
A Manuel de Sousa Coutinho, ver Maria sofrer durante o período tão grande em que esteve doente quase que o impediu de viver e, definitivamente, o impediu de ser feliz. Desta forma, quando Maria morre, é como se fosse a tragédia final da obra, o culminar de todo o sofrimento por que a sua família tem passado, e Manuel sente-se inválido por não conseguir fazer nada pela sua filha.
Concluindo, “Tears in heaven” e Frei Luís de Sousa, são dois tipos de arte e de transposição de emoções, bastante diferentes. No entanto em ambos se expressaram sentimentos de perda, de medo, e de amor!

Alexandra (Bom -)
A canção “I Will Always Remenber Us This Way” (“Eu Vou Sempre Lembrar-nos Desta Forma”) de Lady Gaga, escrita para o conhecido filme A Star Is Born (Assim Nasce Uma Estrela), de 2018, pode ser comparada a vários momentos da obra Frei Luís de Sousa.
“I Will Always Remenber Us This Way” (“Eu Vou Sempre Lembrar-nos Desta Forma”), título da canção, pode corresponder a um momento da peça e a duas personagens diferentes. Numa primeira perspetiva, o Romeiro (D. João de Portugal) encontra-se com Telmo na sacristia onde este vem a descobrir a sua verdadeira identidade. Nesta segunda cena do ato III, a conversa do Romeiro e de Telmo é interrompida pela voz de Madalena, que procura o marido, Manuel de Sousa. Neste instante em que Madalena chama desesperadamente pelo seu marido (“Esposo, esposo!”), D. João, ao ouvir Madalena, volta ao tempo em que estes estavam juntos e, por isso, assume que é ele quem Madalena procura. Telmo apercebe-se do engano de D. João pois sabe que esta se refere a Manuel de Sousa e não ao primeiro marido, mas este continua iludido. Mais tarde, D. João acaba por perceber a verdade devido às palavras de Madalena “Meu marido, meu amor, meu Manuel!”. Este verso da canção adequa-se a este momento porque D. João, tal como o verso indica, recorda Madalena como sempre a conheceu, como sua mulher e a situação descrita é um exemplo disso.
Por outro lado, este verso pode ser interpretado numa outra perspetiva. Nesta mesma cena, Madalena, apesar de toda a desgraça que se alastrou na sua família devido à confirmação do regresso de D. João de Portugal, continua a ver Manuel como seu verdadeiro e único marido. Mesmo sabendo que o seu casamento com o mesmo é indigno, Madalena quer acreditar na hipótese de tudo ser mentira e na possibilidade de voltar a ser feliz com o amado. Ao título “I Will Always Remenber Us This Way” (“Eu Vou Sempre Lembrar-nos Desta Forma”) alude esta personagem no momento já referido anteriormente, o mesmo em que D. João correspondia também ao dito no começo. Madalena procura Manuel e chama-lhe de “marido” (“Marido da minha alma, pelo nosso amor te peço, pelos doces nomes que me deste, pelas memórias da nossa felicidade antiga”), mesmo sabendo que legitimamente o casamento entre eles é impossível e errado. A personagem lembra Manuel de Sousa como seu marido e irá sempre lembrá-lo dessa forma pois o seu amor pelo mesmo é puro e inigualável.

Mafalda F. (Bom -)
No drama Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett, assistimos a uma belíssima história de amor entre D. Madalena de Vilhena e Manuel de Sousa Coutinho. É uma paixão capaz de se relacionar com uma das músicas mais ouvidas pelos portugueses, nos últimos tempos “Always remember us this way [Lembrar-me-ei sempre de nós assim]”, de 2018, que tem a Lady Gaga como uma das compositoras.
Esta canção surgiu a partir do filme “ A Star is Born [Assim nasceu uma estrela] ”, um êxito sobre duas personagens que se apaixonam intensamente, tendo também uma paixão em comum, a música, mas que acabam por ter de se separar com a chegada da morte, como sucede na peça tratada. Maria e Manuel completamente apaixonados, também com um amor em comum, a sua filha Maria, acabam por ser forçados a separarem-se com o regresso do suposto falecido ex-marido de Madalena.
A composição musical que escolhi reflete sobre os momentos que a compositora tinha passado com o parceiro, representado por  Bradley Cooper, ao longo da sua história de amor. Desta forma, menciona os momentos felizes que passa com ele: “ Lovers in  the night / Poets tryin` to right / (…) I´ll always remember us this way [Amantes durante a noite / Poetas a tentar escrever/ (…)Lembrar-me-ei sempre de nós assim]”. Em Frei Luís de Sousa, já no ato III, cena IV, Madalena já em completo estado de desespero por não conseguir evitar a sua separação com Manuel de Sousa Coutinho pede, pela última vez, que a decisão seja reconsiderada, recordando todo o amor passado com Manuel e exclamando: “Pelo nosso amor te peço, pelos nomes que me deste, pelos memórias da nossa felicidade antiga, pelas saudades de tanto amor e tanta ventura, oh! (…) ”.
Nas últimas citações referidas da composição de Lady Gaga, podemos também reparar que a cantora e Bradley Cooper partilhavam uma paixão, a música, como já foi referido. Neste drama estudado, também temos duas personagens que têm em comum uma paixão, a sua filha Maria, ambos se dedicam de corpo e alma à filha e exprimem de igual modo um amor intenso por ela. Madalena, numa das últimas cenas, já com um tom de desespero por saber que iria abandonar Maria, mostra este amor por ela, dizendo “A minha filha também?...Oh, a minha filha, a minha filha…também essa vos dou, meu Deus. E agora que quereis de mim, senhor?”. Manuel de Sousa Coutinho, também numa das cenas finais, quando toda a situação de D. João de Portugal é descoberta, mostra a imensa preocupação que tem para o bem da filha: “E Maria, a pobre Maria!...essa confio no Senhor que não saiba ao menos por ora…”.

Maia (Bom +)

Partindo de "Impossible" de James Arthur, podemos estabelecer uma certa relação entre o que o sujeito poético da dita letra sente e o que D. Madalena de Vilhena pensa ao longo da peça tratada em aula.
"I remember years ago / Someone told me I should take / Caution when it comes to love" (Lembro-me de que alguns anos atrás/alguém me disse para ter / cautela com o amor) e, apesar disso, Madalena casou com D. João de Portugal. No entanto, como é referido por Telmo, Madalena (embora tenha sido sempre leal e respeitosa) não amava o seu primeiro marido. Tendo isto em conta, pode-se dizer que a donzela teve cuidado com o amor, optando por nunca fazer nada que manchasse a reputação de qualquer das partes mesmo sem amar o parceiro: "I did" (Eu tive). Com o seu segundo marido, Manuel de Sousa Coutinho, Madalena manteve as suas aparências de "mais honrosa dama de Portugal", mas agora amava este homem. Todas as suas aparências e reputação exemplar desmoronar-se-iam se D. João regressasse da batalha de Alcácer Quibir após vinte e um anos, expondo a desonra de Madalena e o fruto do pecado que era Maria.
"On your own, you can go ahead and tell them. Tell them all I know now" (Só, podes ir e diz-lhes. Diz-lhes tudo o que já sei). Dito por Maria? Por Madalena? Manuel? Dito por qualquer um destes personagens e este excerto da letra de "Impossible" faria sentido. Após a chegada do Romeiro, tendo anunciado a vida do primeiro marido de Madalena, esta família renuncia à sua vida habitual e junta-se à igreja. Maria ainda tenta remediar a situação, implorando ao seu pai, Manuel, que desaprovasse tudo. Sem sucesso: "And now when all is done there is nothing to say, and if you're done with embarrassing me, on your own you can go ahead and tell them" (E agora quando está tudo feito e não há nada a dizer e se já acabaste de me envergonhar. Só, podes ir e diz-lhes). Maria morre no último ato de Frei Luís de Sousa, não por causa da tuberculose já denotada no ato I, mas de "vergonha". É Maria quem anuncia a sua morte e a sua causa, portanto, não deve ser totalmente credível em termos científicos, mas, ainda assim, porquê "de vergonha"? Nessa altura, na situação desta pobre família a culpa e a vergonha não seria só dos pais / casados. Maria seria a mais afetada. Se nos pusermos no lugar da filha, ao longo da peça nós "Thinking all you need is there/ Building faith on love and words" (Pensamos que temos tudo o que precisamos / Criando fé no amor e em palavras), mas, por fim, encara-nos um estranho de terras longínquas e afirma que somos bastardos, condenando-nos ao destino inescapável da morte.
Assim, temos um sujeito lírico de coração partido, uma filha do pecado (Maria, a bastarda), um fidalgo sujeito a uma vida religiosa, a donzela mais honrosa de Portugal seguindo o mesmo caminho, mas por uma estrada diferente, e Telmo. O que é feito de Telmo? Garrett não o menciona após a tragédia. Viveria o resto de seus honrosos dias servindo seu antigo, e verdadeiro, amo? Provavelmente...

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