Saturday, August 25, 2018

Amor de Perdição pelo 11.º 9.ª


Leonor (Bom (-))
A Melodia do Adeus, ou, no original, The Last Song, é um filme adaptado de um dos vários romances de Nicholas Sparks. O filme estreou a grande atriz e cantora Miley Cyrus, que todos podemos concordar que é exatamente o que falta à obra de Camilo Castelo Branco, Amor de Perdição, para se tornar perfeita.
O filme apresenta-nos Ronnie, uma rapariga rebelde e desinteressada, que acaba por passar o verão com o seu irmão mais novo e o pai. A meu ver, Ronnie pode ser comparada a Simão em diversos aspetos, entre os quais podemos indicar os seguntes: a sua rebeldia e desinteresse, ambas características do herói romântico.
No decorrer do filme vemos Ronnie aproximar-se e, consequentemente, apaixonar-se por Will. Tal sentimento leva Ronnie a ficar mais alegre e simpática para as pessoas à sua volta, abandonando assim a sua postura fria e arrogante devido à mudança de comportamento. Se bem nos lembramos, em Amor de Perdição, à medida que se apaixonava por Teresa, Simão alterou também o seu comportamento.
Poderíamos também pensar noutras semelhanças entre estas duas personagens como a inteligência de Simão, que o levou a estudar em Coimbra com bons resultados e o talento de Ronnie que a fez ser aceite em Julliard, ou o bom coração de ambos que era visto com olhos diferentes pelas outras pessoas à sua volta. Contudo, não é apenas Ronnie que se assemelha a Simão e apresenta as características do herói romântico. Todos nos lembramos certamente da impulsividade de Simão ao matar Baltasar; ora Will mostra-se impulsivo ao começar uma luta com outro homem apenas por este ter ofendido a rapariga pela qual estava apaixonado, o que não só de agravou mais pois alguém os parou. Will aparenta também ser honesto e ter um bom coração.
A trama de Camilo Castelo Branco apresenta familiares que não aprovam o relacionamento de Simão e Teresa, tal como o filme nos mostra a falta de apoio dos pais de Will pelos seus sentimentos por Ronnie, querendo que ele se afaste da rapariga, ainda que o amor de Will faça com que ele não desista dela.
Uma vez que foi baseado numa obra de Nicholas Sparks, este filme apresenta-nos a morte do pai de Ronnie (não precisamos de pesquisar para saber quem foi o autor após este acontecimento), que dá um toque de tristeza ao enredo e aumentando ainda mais essa , que o pai de Roonie lhe escreveu para quando morresse, similar à carta enviada por Teresa a Simão a descrever o seu estado e assimilar a breve morte.
Acabando agora com as comparações entre as personagens de ambas as obras, entre muitas outras existentes, Amor de Perdição e A Melodia do Adeus apresentam-nos tremendas semelhanças indiretas e características do herói romântico espalhadas pelas personagens. Também concordamos que a obra de Camilo ficaria mais completa se tivesse, no seu final, a atriz principal deste filme a cantar uma canção comovente, mas, infelizmente, esse não é o caso. Fica para a próxima, Camilo.

Ivânia (Bom +)
Unidos por amor e separados por algo mais forte que eles, os protagonistas do filme Amar-te à Meia-Noite (Midnight Sun), dirigido por Scott Speer e escrito por Eric Kristen, e de Amor de Perdição são obrigados a ganhar forças para enfrentarem um destino que não tiveram hipótese de escolher, encontrando como único refúgio o amor.
A heroína deste filme, Katie, interpretada por Bella Thorne, vive com o pai, um homem dedicado e bondoso, e raramente sai devido a uma doença que não lhe permite apanhar sol, dado que contrairia cancro de pele imediatamente. Confinada ao interior de sua casa, Katie passa o tempo a compor músicas, escrever letras e tocar guitarra, ou na companhia da sua única e melhor amiga, Morgan. Também Teresa, uma das protagonistas de Amor de Perdição, pouco sai de casa. Obrigada a conviver com o pai, Tadeu de Albuquerque, um homem, ao contrário do pai de Katie, muito autoritário e controlador, Teresa vive infeliz e solitária, encontrando como únicas companhias as criadas da casa.
Sonhando com uma vida fora da casa em que sempre estiveram, ambas passam muito tempo a olhar pela janela. Katie, que nunca tinha saído de casa, observava há mais de dez anos as crianças a saírem e a chegarem a casa vindos da escola, onde ela desejava estar, mas foi Charlie que lhe despertou interesse. Todas as tardes, através da sua janela, que filtrava a luz solar, Katie observava-o sair para o treino e, desde cedo, achou que estava apaixonada, ainda que não houvesse nenhum contacto entre os dois. Sendo-lhe apenas concedida permissão para sair à noite, Katie passava os serões a tocar as suas músicas numa estação de comboios. Por um feliz acaso, uma noite, ela esquece-se do seu caderno de músicas na estação, Charlie encontra-o e mostra-se determinado a encontrar a dona daquele caderno. A procura não tarda a ser concluída e Katie e Charlie começam a sua paixão. Foi também através da janela que Teresa encontrou o seu amor. Ao olhar do seu quarto, Teresa avista o vizinho Simão, também na janela, incendiando o coração dos dois jovens com um perigoso amor.
Mas, desde cedo, a relação destes dois casais encontrou sérios obstáculos. O pai de Katie não se sentia confortável por, no início, a filha não ter contado da sua doença ao namorado, que achava estranho que Katie só pudesse sair à noite. Mas, munida de coragem, ela acabou por lhe contar e uma situação que parecia ter tudo para dar errado revelou-se uma prova de amor por parte de Charlie, que aceitou a condição da namorada. Porém, para Teresa e Simão, a situação afigurava-se mais grave: se já era antigo o ódio entre as famílias dos dois apaixonados, aumentaria com o namoro entre eles. Apesar de Domingos Botelho, pai de Simão, se mostrar descontente com a paixão do filho, foi Tadeu de Albuquerque quem decidiu tomar medidas extremas. Tentou obrigar a filha a casar com Baltasar, um primo de que Teresa não gostava («E não será mais certo odiá-lo eu sempre!? Eu agora mesmo o abomino como nunca pensei que se pudesse abominar»), mas perante a recusa da filha em cumprir a ordem do pai, a decisão final de Tadeu foi enviar Teresa para um convento no Porto.
Enquanto o romance de Katie e Charlie florescia, Teresa e Simão tentavam encontrar maneiras de se comunicarem e de se encontraram secretamente. Entre cartas entregues por mendigos, recados transmitidos pelas criadas e por Mariana, e rápidos encontros ou avistamentos entre os dois, o amor dos dois jovens parecia não esmorecer, estando ambos dispostos a lutar por um futuro onde pudessem estar juntos. Mas um incidente vem alterar por completo os planos do casal. A impulsividade de Simão fez com que matasse Baltasar e, se ainda existiam hipóteses de uma vida a dois, ficaram quase extintas então. Simão foi condenado à forca, uma primeira intervenção do seu pai conseguiu que fosse condenado ao degredo por dez anos, e numa segunda, fez com que Simão pudesse cumprir a pena em Portugal, na cadeia de Vila Real, mas este recusa a intervenção do pai e prefere aceitar a pena de degredo,na Índia. Teresa, que ainda tinha esperanças que Simão cumprisse pena em Portugal, continuava encarcerada no convento e sofria com a notícias de que Simão não iria aceitar a comutação da pena.
E, se as histórias pareciam tomar rumos diferentes, é agora que se voltam a reunir. Também Teresa, à semelhança de Katie, se encontrava doente; contudo, se para Katie a morte era uma possibilidade, para Teresa mostrava-se inevitável. Ao perceber que o seu amor não voltaria mais para os seus braços, e atacada pela doença, Teresa morre («Morrerei, Simão, morrerei. Perdoa tu ao meu destino… Perdi-te… Bem sabes que sorte eu queria dar-te… e morro, porque não posso, nem poderei jamais resgatar-te.»). A história não se mostra mais feliz para Katie que, depois de ter passado a noite na praia e de aí ter adormecido com Charlie, é tocada pelo primeiro raio da madrugada e, como ditava a sua doença, contraiu um cancro que a viria a matar tempos depois.
Já os protagonistas masculinos, Charlie e Simão, seguem percursos diferentes. Enquanto Simão acaba por morrer de doença na viagem para o degredo («A transição do delírio para a letargia completa era o anúncio infalível do trespasse»), Charlie só morre psicologicamente, já que tem de lidar com a vida após a morte de Katie.

Francisca (Bom (-))

O filme Juntos ao Luar (Lasse Hallström, Dear John, 2010) é uma adaptação ao grande ecrã de um livro de Nicholas Sparks. É o clássico filme romântico que as adolescentes veem nas festas de pijama ou após o término de uma relação amorosa. Todavia, aproximo o seu enredo do clássico Amor de Perdição.
As duas histórias começam num verão. Por um lado, temos John, que aproveita uma pausa nos seus serviços como militar, e Savannah, que goza de um intervalo nos estudos da faculdade, e se encontram ambos de férias na praia. Por outro, Simão, que vai, após animar mais um ano letivo em Coimbra, para casa dos seus pais em Viseu, e, na sua terra natal, conhece Teresa, que vê na janela em frente do seu quarto.
Ambos os casais, mal se apaixonaram, sofreram imediatamente uma brusca separação por contra a sua vontade. Ao passo que John após duas semanas de um grande romance com Savannah parte para uma nova missão longe do seu amor, Simão, assim que conhece e se apaixona por Teresa, vê ser-lhe proibido o contacto presencial com esta, uma vez que as famílias eram rivais.
Começam as suas relações à distância com um constante contacto por cartas. No filme, vemos os jovens, cada um na sua realidade após um longo dia, felizes por receberem as cartas do outro. No livro, lemos as cartas que foram escritas por cada um e enviadas através de uma mendiga, personagem fulcral para sustentar esta relação. Surgem, pontualmente, ocasiões em que os casais se reveem mas sempre durante um curto espaço de tempo.
Porém, não é fácil manter a relação à distância por cartas. Surgem muitas divergências entre Teresa e seu pai, que a obriga a casar com o primo («Vais hoje dar a mão de esposa a teu primo Baltasar») sob pena de ser encerrada num convento («Hás de casar! Quero que cases! […] Quando não, amaldiçoada serás […] Morrerás num convento!»).
Teresa não sede ao ultimato e acaba por ser encerrada num convento. No dia em que está a ser levada, Simão resolve comparecer e envolve-se com Baltasar acabando por o matar, sendo então condenado à forca e, mais tarde, ao degredo ─ dez anos na Índia ─, contra a vontade de Teresa, que lhe pediu que aceitasse cumprir a pena mais leve em Vila Real, mostrando assim a sua honra característica do herói romântico que é.
Por outro lado, John estava prestes a terminar a sua missão, o que no entanto, coincide com os atentados às Torres Gémeas. O militar não consegue ficar indiferente à situação que o seu país atravessa e continua a carreira militar contra a vontade da namorada, mostrando um nacionalismo também característico do herói romântico.
No início do caminho para a Índia, Simão abre uma última carta de Teresa em que está presente o seu sentimento de dor e mágoa: diz-lhe que já não é a própria que lhe escreve mas o seu espírito («Oh Simão, […] à hora que te escrevo, estás tu a entrar na nau dos degredos, e eu na sepultura»).
Da mesma forma, enquanto John estava na sua missão, recebe a última carta de Savannah, a pôr um ponto final no relacionamento.
Os dois reagem tristemente pelo fim das suas relações. John resolve atirar todas as cartas que recebeu e que guardava por baixo da cama para a fogueira, prosseguindo lentamente com a sua vida mas nunca esquecendo o seu amor (acaba também por ajudar o marido de Savannah numa fase de cancro terminal).
Por outro lado, Simão vê agudizada uma doença de que já padecia antes da viagem e acaba por morrer no sexto dia de viagem. As cartas que recebeu são atiradas ao mar com o cadáver, assim como Simão desejava («se eu morrer no mar […] atire ao mar todos os meus papéis, todos; e estas cartas que estão debaixo do meu travesseiro») ─ no entanto, acabam por ser recuperadas.
Concluo com esta comparação que «os amores de perdição» não acontecem apenas nos clássicos que lemos nas aulas de português, há muitos «amores de perdição» em filmes e livros, reais ou de ficção do séc. XXI.

Mariana M. (Suficiente+/Bom-)
A escolha do filme pode admirar o leitor, visto que não se trata de uma comparação comum com um amor falhado. Bird Box (Caixa de pássaros), o filme eleito, retrata uma mulher grávida, Malorie, que é abandonada pelo marido e se recusa a sair de casa. Malorie vê-se obrigada a enfrentar o mundo no momento em que se dá um apocalipse e, a partir desse instante, podemos afirmar que um olhar mata, isto é, ao ataque de criaturas sobre-humanas, que fazem com que a população cometa suicídio ao manter algum contato visual com elas. A minha escolha vai muito para além de uma história de criaturas sobrenaturais. Este filme tem pontos comuns com o romance Amor de Perdição, por muito inesperado que pareça.
Durante o decorrer do filme estão presentes pássaros que representam ora a liberdade, ora a intuição que todos possuímos dentro de nós. Podemos aproximar o romance de Teresa e Simão do instinto, na medida em que ambos seguem o seu coração, lutam pelo amor que sentem um pelo outro e acreditam que este irá dar certo, ao contrário do que as famílias, incompatíveis, pensam. A liberdade para amar é o que está em falta no seu amor. Tadeu, pai de Teresa, obriga a que esta case com o primo Baltasar, mas Teresa recusa e aceita a ida para o convento de Monchique, porque não casaria com mais ninguém que não o seu amado («mate-me; mas não me obrigue a casar com o meu primo! É escusada a violência, porque eu não caso!...»).  Mais tarde, Simão acaba por assassinar o primo Baltasar e é mandado julgar sem privilégios pelo seu próprio pai, que o deseja castigado como qualquer outro. Por motivos de orgulho, qualidade comum a um herói romântico, Simão recusa-se a cumprir pena em Vila Real e opta pelo degredo na Índia, o que muito desagrada à amada. Teresa desejava que Simão cumprisse dez anos de prisão para, no final desse período de tempo, terem a oportunidade de ser felizes, uma vez que Tadeu já não seria vivo («Em dez anos terá morrido meu pai e eu sei tua esposa…. Se vais ao degredo, para sempre te perdi…»).
A depressão está representada em ambas as situações e de maneiras idênticas. Na obra de Camilo está presente em muitas situações. Desde logo, no suicídio de Mariana após a morte de Simão, consequência de ser aquele um amor não correspondido («E o coração da pobre moça, avergando ao que a consciência lhe ia dizendo, chorava).  Mariana sofreu bastante com a morte do pai, João da Cruz, que fora assassinado por vingança. Toda a obra está assente num clima trágico, ainda mais acentuado no final com a morte das três personagens principais. Teresa deseja a sua própria morte («Morrerei Simão, morrerei»), depois que ele optou pelo exílio e envia a sua última carta a Simão. Dias depois a Simão é diagnosticada uma febre mortal («Examinando o condenado, disse que era febre maligna a doença, e bem podia ser que ele achasse a sepultura no caminho da Índia») e acaba por falecer. É nesse momento que Mariana o beija pela primeira e última vez. Em seguida, como já referi, a filha de João da Cruz lança-se do barco com todas as cartas trocadas entre Simão e Teresa.
O final do filme é um final feliz com uma mensagem positiva implícita enquanto a obra de Camilo Castelo Branco termina de forma trágica e de certa forma previsível, ao contrário do que acontece com o filme que escolhi.

Francisco (Suficiente +)

Da primeira vez que este filme me apareceu à frente, eu torci o nariz. Onde é que eu já vi isto...? Pareceu-me uma história “cliché” e demasiado previsível sobre uma paixão adolescente. Mas ainda bem que acabei por assistir ao filme.
A Banca dos Beijos,  em português, produzido por Vince Marcello e baseado na obra literária The Kissing Booth, de Beth Reekles, conta-nas a típica história de uma adolescente bonita e algo trapalhona, Elle, que tem um melhor amigo, Lee, que, por sua vez tem, um irmão rebelde chamado Noah (como o Simão, que estava sempre metido em lutas e problemas) , por quem Elle tem um fraquinho desde sempre. Elle e Lee tinham regras na sua amizade e uma delas era não namorar com ninguém da família um do outro, tal como ocorria em Amor de Perdição, de Camilo Castelo Branco.
Em Amor de Perdição, Simão é considerado um herói romântico. Algumas das características de um herói romântico são a coragem, o espírito aventureiro, o idealismo, a paixão, a lealdade, a rebeldia. Estas são também algumas das características do “herói romântico” do filme A Banca dos Beijos: Noah,  era um jovem rebelde, metia-se sempre em brigas e confusões, um conquistador de mulheres, por quem era muito desejado, um aventureiro e um apaixonado por Elle, a melhor amiga do irmão.
Existem vários episódios de violência em ambas as histórias, ambos os personagens muitas vezes tinham ações heróicas:  “Os donos das vasilhas conjuraram contra o criado; espancaram-no. Simão passava nesse ensejo; e armado de um de um fueiro que descravou de um carro, partiu muitas cabeças e rematou o trágico espetáculo pela farsa de quebrar todos os cântaros.” Também Noah, muitas vezes, entrou em lutas para “proteger” Elle.
Tal como Teresa, Elle era uma rapariga bonita, nova e desconhecedora da vida,  começava a perceber o amor e o secundário, quando começou a crescer e o seu corpo a desenvolver-se. O papel desempenhado por Tadeu, o pai tirano e autoritário de Teresa que a proibia de fazer várias coisas e a quis obrigar a casar, era em A Banca dos Beijos desempenhado por Noah, que protegia Elle de conhecer o amor. Ambas tinham obstáculos para o amor, embora estes fossem  diferentes. Teresa tinha o seu pai tirano, com uma disputa , uma rivalidade com a família de Simão devido a um caso jurídico antigo. Já Elle tinha a amizade com o seu melhor amigo em risco e tinha de escolher entre ele e Noah, o rapaz que amava.
As duas histórias têm o mesmo desfecho, nenhum dos casais, Teresa e Simão e Noah e Elle, acabam juntos,  ainda que devido a situações diferentes. Em Amor de Perdição, Teresa e Simão acabam por morrer de doença, e de coração partido;  já em A Banca dos Beijos, Noah deixa Elle para ir para a universidade.

Beatriz B. (Suficiente +/Bom -)

Ritmo Quente, mais conhecido por Dirty Dancing, lançado em 1997, é um marco no que toca aos filmes de amor. O filme retrata temas como as diferenças entre classes sociais, o aborto e o fim de preconceitos existentes numa sociedade hipócrita.
A ação inicia-se em 1963, quando uma jovem, de seu nome Baby, vai de férias, juntamente com os pais e irmã, para um resort localizado no interior do estado. Baby seguia um conjunto exigente de regras dadas pelos pais que, ao querer protegê-la do mundo, faziam que ela tivesse uma vida restrita e sem independência. O mesmo acontecia com Teresa, cuja independência diminuiu com a morte da mãe. Johny, funcionário no hotel onde Baby estava hospedada, era também professor de dança, conhece Baby que, imediatamente, se apaixona. No entanto, o facto de duas pessoas pertencerem a classes sociais tão diferentes impedia que tivessem o mínimo de contacto. Em Amor de Perdição, apesar de Teresa e Simão pertencerem à mesma classe social, era a intensa rivalidade dos seus pais que os separava (“O magistrado e sua família eram odiosos ao pai de Teresa, por motivos de litígios, em que Domingos Botelho lhe deu sentenças contra”, capítulo II).
Baby espera que este seja o último verão como uma adolescente despreocupada até que o pai lhe apresenta o filho do dono do hotel. A sua intenção, ao fazer com que se conhecessem, foi de se apaixonarem e, consequentemente, no futuro ficarem noivos. Este casamento arranjado pelos pais de Baby era uma forma de garantia para que à sua filha fosse proporcionado um futuro sem quaisquer preocupações, pelo menos a nível económico. No entanto, Baby mostrou-se sempre descontente e contrariada face a esta situação. O mesmo acontecia em Amor de Perdição, visto que Teresa estava prometida a seu primo, Baltasar, por quem não tinha qualquer tipo de sentimento (" – E não será mais certo odiá-lo eu sempre!? Eu agora mesmo o abomino como nunca pensei que se pudesse abominar! Meu pai... - continuou ela, chorando, com as mãos erguidas - mate-me; mas não me force a casar com meu primo! É escusada a violência, porque eu não me caso!...", capítulo IV). Este casamento por conveniência deixava Teresa frustrada pois Baltasar não era a pessoa com quem queria passar o resto da sua vida.
Numa noite, Baby ouve algo que parece ser um som de festa no alojamento dos funcionários (a que os hóspedes não podem ter acesso). Ela consegue entrar na festa graças a um empregado e descobre que ali são dadas festas, que Max Kellerman, o dono do hotel, não permitia. A sua irmã Lisa também acaba por se apaixonar por um dos funcionários. Baby, ao descobrir, promete não contar aos pais se Lisa a ajudasse a encontrar-se secretamente com Johny. Esta situação relaciona-se de certa forma com Amor de Perdição, pois Mariana era a portadora de mensagens entre Teresa e Simão (" – Sou uma portadora desta carta para a vossa excelência. / – É de Simão! – exclamou Teresa. / – Sim, minha senhora", capítulo X). Assim, estes conseguiam manter o contacto e até conseguiram estar juntos uma vez, embora por poucos minutos devido à elevada vigilância sobre Teresa.
Quando Penny, a parceira de dança de Johnny, fica grávida por ter-se envolvido com Robbie, um dos empregados do bar, Baby oferece-se para aprender a dançar e substituir Penny no espetáculo. O pai desaprova a relação da filha com o staff do hotel e, quando descobre que Baby está apaixonada por um homem de classe social inferior à sua, faz tudo para os manter afastados. Em Amor de Perdição, Teresa e Simão vivem um amor proibido devido à rivalidade, já referida, dos seus respetivos pais. Face a esta situação, Tadeu de Albuquerque acaba por colocar a sua filha no Convento de Monchique ("Tadeu de Albuquerque, quando se recobrou do espasmo, fez transportar a filha a uma das liteiras, e ordenou que dois criados a acompanhassem ao Porto"). Tomou esta decisão para afastar os dois apaixonados.

Carolina D. (Suficiente (-)/Suficiente)
O filme Entrelaçados (Nathan Greno, Tangled, 2010) fala sobre as aventuras de um jovem muito aventureiro, Flynn Rider, que é também conhecido como um dos maiores ladrões de sempre, e se vai esconder, após um grande roubo, num sítio que achava estar abandonado. Acabou por ser surpreendido por Rapunzel, que morava aí, numa espécie de masmorra em que ela estava de castigo para sempre por causa da sua mãe. A relação de ambos começa por ódio mas acaba em puro amor; no entanto, o seu amor é proibido pela mãe de Rapunzel, que não os deixa estar juntos devido ao fato de querer a sua filha presa pelo seu cabelo mágico lhe dar vida. Era, portanto, um amor proibido que surgiu pela simples razão de a Rapunzel ter feito um ultimato a Flynn,  segundo o qual apenas o libertaria se ele a ajudasse a fugir da masmorra. Eles acabam por fugir e aventurar-se para longe.
Este filme acaba por se relacionar com Amor de perdição, porque Flynn se relaciona com Simão, por, tanto um como o outro, serem aventureiros e corajosos, e ambos acabarem por se apaixonar por uma pessoa de quem não podem estar apaixonados, ou seja, terem um amor proibido e ambos serem presos.
Quer Rapunzel quer Teresa estão presas: Rapunzel, numa masmorra, devido ao facto de a sua mãe achar que fora da masmorra ela corre perigo (não só ela, como também a sua mãe que está a viver devido aos poderes do cabelo dela) e Teresa, num convento em Monchique, no Porto devido ao seu tio Baltasar ("Teresa! Morrerás num convento! Esta casa irá para o teu primo. Nenhum infame há de aqui pôr um pé nas alcatifas de meus avós. Se és uma alma vil, não me pertences, não és minha filha, não podes herdar apelidos honrosos, que foram pela primeira vez insultados pelo pai desse miserável que tu amas! Maldita sejas! Entra nesse quarto, e espera que daí te arranquem para outro, onde não verás um raio de sol.").
Entrelaçados, apesar de acabar com um final feliz, ao contrário de Amor de perdição, que acaba de uma forma devastadora, inclui um curto espaço de tempo em que Rapunzel acha que Flynn está morto e começa a chorar pois, para além de perder a pessoa que amava, não tinha mais ninguém; mas foi por pouco tempo, pois, segundos depois, apercebe-se de que Flynn ainda está vivo. Em Amor de perdição, enquanto Simão está a caminho do degredo para lá ficar durante cinco anos, recebe a carta de Teresa que o informa de que ela iria morrer ("É já o meu espírito que te fala, Simão. A tua amiga morreu. A tua pobre Teresa, à hora em que leres esta carta, se me Deus não engana, está em descanso.").

Mariana S. (Bom +)

Ambos de caráter romântico e trágico. Ambos inspirados no poder do romance. Ambos destinados à desgraça, à morte e ao sofrimento. Ambos sobre a paixão eterna. Amor de perdição, obra prestigiada, escrita por Camilo Castelo Branco, e Moulin Rouge (Amor em Vermelho), filme de drama musical-romântico, dirigido por Baz Luhrmann e escrito pelo mesmo e por Craig Pearce, são duas grandes obras, baseadas em histórias diferentes, mas nos mesmos princípios.
Satine, interpretada por Nicole Kidman, dançarina de bordel no salão de dança Moulin Rouge, surge como uma mulher independente, caracterizada como uma verdadeira trágica heroína, lutadora, que utiliza a sua força interior como máscara. Christian, interpretado por Ewan McGregor, poeta e sonhador burguês movido pela sua obsessão pelo amor, surge como um aventureiro, que desafia as regras do pai e se muda para Paris, levando consigo apenas uma máquina de escrever, para poder partilhar, com os boémios, os seus ideais de Beleza, Verdade, Liberdade e Amor, apaixonando-se por Satine. A história retrata o amor impossível destas duas personagens, destinado à morte de Satine.
Ambos de características semelhantes a Simão, em Amor de Perdição, Satine e Christian são dois verdadeiros heróis românticos, aventureiros e movidos pela paixão, que ficaram perdidos no olhar um do outro à primeira vista, tal como Teresa e o amado.
Simão, herói de Amor de Perdição, batalha contra as regras impostas pelo pai e luta por Teresa, filha do inimigo de Domingos Botelho. Surgem episódios de divergência e guerra entre ambas as famílias, que tentam inibir Teresa e Simão de lutarem pelo amor que os une (“O magistrado e sua família eram odiosos ao pai de Teresa, por motivos de litígios, em que Domingos Botelho lhes deu sentenças contra”). Tal não acontece e Teresa é obrigada a casar com o seu primo Baltasar (“Vais hoje dar a mão de esposa a teu primo Baltasar, minha filha”), que, por sua vez, ameaça tratar de Simão caso ele apareça à frente de Teresa (“Aconselhou que a deixasse estar em casa, e esperasse que o filho do corregedor viesse de Coimbra”). Estes episódios imediatamente me remetem para a ideia da história de Moulin Rouge, em que Satine, por ordem de Zidler, manager de Satine, dono do bordel, tem de seduzir e envolver-se com Duque, que, por sua vez, ameaça matar Christian se a mulher não aceitar passar uma noite com ele, com o objetivo de este investir dinheiro no Moulin Rouge e para Satine conseguir seguir a sua carreira de sonho.
Simão fica destinado à prisão pela morte do primo de Teresa. Também esta apresenta um papel simbólico no filme escolhido, em que, apesar do desenvolvimento da época, existe pouca liberdade, machismo e uma necessidade de se obedecer a determinadas regras, como se, na realidade, vivessem numa região oprimida.
Lutando sempre um pelo outro, os casais tanto acentuam como atenuam as suas diferenças no desfecho trágico. Por um lado, em Moulin Rouge, o casal consegue ficar junto e ainda receber o investimento do Duque, após várias mentiras à mistura, enquanto, em Amor de Perdição, o casal é separado, indo Teresa para um convento e Simão para o degredo. Por outro lado, em ambas as personagens morrem. Teresa morre por doença (“É já o meu espírito que te fala, Simão. A tua amiga morreu. A tua pobre Teresa, à hora que leres esta carta (…), está em descanso”). Simão, por sua vez e por honra e orgulho, aceita a pena de exílio e acaba por morrer também após uns dias de viagem. No filme, Satine também morre por doença, após o final do espetáculo em que investiu, de certeza forma também orgulhosa, por ter falecido apaixonada e com um sonho realizado, feliz. Christian é o único que não morre, e, antes de Saline falecer, é-lhe pedido que escreva a história do amor deles.
Tanto a obra como o filme têm uma semelhança a nível de ética e moralidade. As quatro personagens principais ultrapassam os limites das suas classes e desobedecem a regras que, por consequência, prejudicam o seu futuro. Porém, considera-se que são ações valorizadas e lógicas, movidas pelo amor e pela paixão, que de lógico não têm nada. Amor de Perdição e Moulin Rouge são duas histórias caraterizadas pelo amor eterno: no livro, Teresa afirma esperar por Simão no céu (“À luz da eternidade parece-me que já te vejo, Simão!”); no final do filme, Christian acaba por escrever a história do seu primeiro amor, terminando esta com a frase “Esta é uma história de amor. Um amor que viverá para sempre”.

D. Cardita (Bom -)
Aliados é um filme que retrata bem o velho ditado que diz que o amor vence (quase) sempre. Esta história centra-se em um dos períodos mais conturbados da história da humanidade, a Segunda Guerra Mundial, quando um par de espiões, Max Vatan (Brad Pitt) e Marianne Beausejour (Marion Cotillard), têm a missão de eliminar um embaixador nazi. Sentiram desde o começo a ligação que os unia e, infiltrando-se na embaixada nazi como um casal, cumpriram a sua missão e eliminaram o seu alvo. No mundo dos espiões não há espaço para relações, nem confiança mas estes dois não deram importância a um amor que, tendencialmente, é proibido.
A heroína é Marianne Beausejour. Destinada a uma vida de solidão e traiçoeira, fruto do seu trabalho de risco (espiã alemã), entrega o seu “coração” ao suposto inimigo, Max Vatan, e, apaixonados perdidamente, decidem casar. Teresa, uma das protagonistas do Amor de Perdição, tal como Marianne Beausejour apaixona-se e quebra as fronteiras impostas pelo seu pai Tadeu de Albuquerque, que se apresenta ao longo da história como controlador e possessivo e, confundindo as rivalidades que tinha com Domingo Botelho com a relação de amor da sua filha e Simão Botelho, tenta fazer os possíveis para que a filha mude de ideias.
Vagueando num sonho impossível e desejando ter uma vida normal e dedicada à família, Marianne não consegue encontrar um equilíbrio entre o que sente e o que faz e continua a trabalhar para a Alemanha Nazi. Semelhantemente, Simão Botelho tem uma personalidade desmedida e problemática e ganha má fama, o único amparo que tem é a sua vizinha e primeiro amor, Teresa, além da irmã mais nova, Rita.
Suspeitando da sua mulher e mãe da sua filha, Max Vatan procura provas que limpem o nome e os boatos que correm sobre Marianne, que a ligam a uma rede de espionagem nazi. E o inesperado, uma das características do drama romântico de Camilo Castelo Branco, acontece quando Max descobre a verdadeira identidade da mulher. Um amor que tinha tudo para dar certo fora corrompido e traído, como acontece no romance de Teresa e Simão na altura em que Simão mata o principal candidato à mão de Teresa, Baltasar, e opta pelo degredo em vez de permanecer numa prisão perto de Teresa. Esta atitude de Simão aos olhos de Teresa foi uma afronta e um atentado ao amor que os unia, caindo numa depressão até ao dia da sua morte.
Max preparava-se para fugir com “Marianne” para a salvar da morte, no momento em que se deu a chegada das tropas inglesas e os dois ficaram sem solução. Max tinha duas opções: ou entregava a sua amada mulher ou morriam os dois e deixavam uma filha órfã. Marianne saiu do carro, despediu-se da filha em lágrimas e dirigiu-se ao marido, olhando-o nos olhos e pronunciou em francês «Je t’aime» [Eu amo-te] e entregou-se ao seu cruel destino, sendo executada na frente do seu marido e filha.
Simão Botelho, afetado pela separação de Teresa, sofre todos os dias no barco em que viaja e, pensativo, reflete, observando o horizonte e o pôr do sol, tendo a noção de que está a meio mundo de Teresa e que lhe deixou uma ferida irreparável no coração, preocupando o capitão, que teme o suicídio, assegurando-lhe «Eu não me suicido», acabando por morrer mais tarde com uma febre.
“Amou, perdeu-se, e morreu amando” é uma frase de Camilo Castelo Branco que se identifica com os dois romances trágicos de que falei. Os heróis de ambas as histórias morrem, mas morrem cientes de que amaram e foram amados: Marianne sacrificou-se pelo amor que tinha pela família e Simão morreu não só pela doença que tinha mas também pela mágoa que o amor deixara, já não tinha uma razão para viver.

Laura (Suficiente (+)/Suficiente +)
How the Grinch stole Christmas, em português, O Grinch, é um filme de 2000, baseado no livro O Grinch, de Dr. Seuss. A ação passa-se na terra de onde os bebés vêm de cegonha e aborda a temática do Natal, retratando uma criatura verde e mesquinha, o Grinch, que odeia o espírito natalício.
Sendo Amor de Perdição uma grande obra romântica, emotiva e sentimental, a grande pergunta é “como é que filme é livro se relacionam?” Bem, esta aproximação  não é assim tão descabida como pode parecer à primeira vista, quer a nível de semelhanças como de contrastes nos mesmos tópicos.
Simão Botelho e Grinch não são personagens assim tão diferentes, a nível psicológico, claro, e a sua grande parecença é o orgulho desmedido que leva ambos a agir. No caso de Simão, a presença deste fator leva-o a cumprir a sua sentença na Índia e, consequentemente, à morte ainda durante a viagem. Por outro lado, no caso de Grinch, as suas ações levam-no a estragar alguns momentos, de que mais tarde se irá arrepender.
Outro ponto bastante interessante tem ligação com as famílias e com o sistema de apoio existente ou não nos dois casos, principalmente com a sociedade que envolve as personagens. Na cidade dos Quem, a Quemlândia, o espírito positivo, a alegria e a felicidade são os grandes “combustíveis” e motivações das ações de toda a gente. Em parte, isto deve-se ao facto de o filme se passar na época festiva do Natal, e, mesmo com os desentendimentos e pequenas peripécias, quando chamadas à razão, as personagens têm bom senso e espírito crítico. Já no caso de Simão, aqui em Portugal, numa sociedade com valores envelhecidos, mesmo que alguém se preocupe, como em certos casos a mãe e o pai fazem (“ O pai maravilha-se do talento do filho, e desculpa-o da extravagância por amor do talento”, “D. Rita não menos irritada, mas irritada como mãe, mandou, por portas travessas, dinheiro ao filho para que, sem detença, fugisse para Coimbra, e esperasse lá o perdão do pai.”, capítulo I), há sempre um conjunto de normas e superiores que não podem ser questionados.
A ação principal, em ambos os casos, está relacionada com uma personagem feminina. Embora com caráter afetivo diferente, são mulheres que, em papéis secundários, fazem desenrolar a história. Na obra de Camilo Castelo Branco, é Teresa, não intencionalmente, que desencadeia os sentimentos mais emotivos e dramáticos de Simão, levados ao extremo e combinados com a paixão e com forte orgulho. Segundo esta linha narrativa, no filme é Cindy Lou Who que vai até ao Monte Crumpit, morada do Grinch, e, por considerar que o espírito natalício é de todos e para todos (“Ninguém deve ficar só no Natal.”), acaba por ser bastante persistente, sendo a impulsionadora de quase todas as descidas de Grinch à cidade dos Quem.
O maior contraste entre as histórias é o desfecho. Como já foi referido, em ambos os casos o orgulho é uma grande força motor das ações dos protagonistas, mas, desde o início até ao final das narrativas, o orgulho presente nas duas histórias encontra-se proporcionalmente inverso. Simão Botelho, como herói romântico, leva tudo ao extremo, mesmo quando se encontra nas situações mais complicadas, e  o seu destino revela essa mesma impulsividade (“Com a minha desgraça, por maior que ela seja, hei de lutar sozinho.”; “— Eu não fujo- tornou Simão. — Estou preso. Aqui tem as minhas armas.”). Grinch, ao contrário, começa o filme como vilão (“Fizemos o nosso pior, é isso que importa.”) e com uma ajudinha da pequena Cindy, restaura o espírito natalício que há anos tinha reprimido, devido a antigos rancores: “Eu não preciso de nada mais para o Natal do que isto aqui: a minha família.”.

Margarida V. (Muito Bom - ou Muito Bom -/Bom +)
O Paciente Inglês (Anthony Minghella, The English Patient, 1996) tem uma história quase tão trágica como a do Amor de Perdição.
O filme começa com Hana, uma enfermeira que está em Itália a trabalhar com as tropas dos Aliados. Entre os soldados de quem cuida encontra-se um homem completamente queimado e desfigurado, que não se consegue lembrar de nada e não traz consigo nenhuma identificação, a não ser um livro intitulado Herotodus. Ele passa a ser apelidado de “Paciente Inglês”.
Hana decide ficar para trás do grupo militar, e fica a cuidar do Paciente Inglês num mosteiro abandonado, numa villa em Itália, pois sabe que ele não vai sobreviver à viagem e quer que tenha uma morte pacífica e confortável. Hana cuida da personagem principal quando está ferido tal como Mariana cuida de Simão quando este é baleado. E, apesar de Hana não amar o seu paciente como Mariana ama o seu, ambas são personagens essenciais à narrativa: Mariana encarrega-se da comunicação entre Simão e Teresa, e Hana lê ao Paciente Inglês o seu livro de memórias.
Ao longo do filme descobrimos que o Paciente Inglês nem inglês é, sendo afinal um conde húngaro, László de Almásy.
O Herotodus era uma espécie de diário que ele mantinha e, à medida que Hana lho vai lendo, começa a lembrar-se do seu passado. Descobrimos que o conde Almásy era um escritor e explorador. Ele conhece no deserto, numa das suas expedições, o casal Katharine e Geoffrey Clifton. Estes três exploradores tornam-se amigos. Numa noite no deserto, quando Geoffrey estava fora, Almásy e Katharine ficam os dois sozinhos presos num carro, durante uma tempestade de areia. E, depois de conversarem a noite toda, apaixonam-se.
Tal como na novela de Camilo Castelo Branco, esta relação é proibida. No caso do livro, pela rivalidade entre as famílias de Simão e Teresa; no caso do filme, pelo facto de Katharine ser casada.
Ao contrário do que acontece no romance camiliano, László e Katharine chegam a consumar o seu amor e começam uma relação adúltera.
No Herotudos, o conde escreve tudo o que lhe acontece nas suas expedições. Quando conhece Katharine, o livro transforma-se numa declaração de amor a K, como ele se refere a ela no livro. K chega a ler umas passagens desta declaração, o que pode ser comparado com a troca de cartas românticas entre Simão e Teresa.
Geoffrey, aos poucos, começa a desconfiar que K o está a trair e, ao mesmo tempo, o medo que Katharine tem de que o marido descubra tudo aumenta cada vez mais, o que a leva a acabar tudo com Almásy e manter-se fiel ao marido.
No filme, Geoffrey encontra-se numa posição similar à de Baltasar no livro. Ambos amam e desejam uma mulher que ama outro. Geoffrey é casado com K, que ama Almásy, e Baltasar pretende casar com Teresa, que ama Simão.
Depois de K terminar a sua relação com Almásy, fica devastado e ainda tenta reatar o  relacionamento com ela, mas K está decidida a combater o seu amor pelo conde e a cumprir as promessas que fez no dia do casamento.
Um dia, o conde húngaro está no deserto quando avista o avião que pertence a Geoffrey, e acena-lhe para pedir boleia, mas Geoffrey voa contra László para o tentar matar. O conde consegue escapar mas, quando se aproxima dos escombros do avião, encontra Geoffrey morto e Katharine às portas da morte. Almásy percebe que aquilo tinha sido uma tentativa de suicídio-homicídio contra aquele triângulo amoroso. Também Baltasar perde a vida tentando separar Teresa de Simão.
Almásy leva Katharine para uma caverna, prometendo-lhe que volta assim que encontrar ajuda. Mas sofre alguns contratempos e, quando volta passados muitos dias, Katharine já está morta. O conde transporta o seu corpo para fora do deserto num avião, mas, no caminho, é bombardeado e o avião despenha-se, deixando Almásy coberto de queimaduras. E voltamos à narrativa inicial.
Na cena final, Almásy está deitado na cama dentro do mosteiro, e Hana, ao seu lado, lê-lhe a última carta que Katharine escreveu antes de morrer. Nessa carta, diz que ainda tem esperança de que ele volte mas, ao mesmo tempo, percebemos que ela sabe que vai morrer em breve. Depois de ouvir a leitura da carta, Almásy pede a Hana que o mate, o que a enfermeira consente, pois sabe que ele está em sofrimento emocional e físico.
No final do livro de Camilo Castelo Branco, Teresa morre e, Simão, no barco em direção ao degredo, lê a última carta que a sua amada lhe deixou, trazida por Mariana. Nesta carta, Teresa também fala do amor que partilharam e também o avisa de que vai morrer em breve, apesar de o fazer num tom mais recriminatório, pois acredita que Simão escolheu abandoná-la: “Quero que digas:-Está morta, e morreu quando eu lhe tirei a última esperança.” Depois de ler esta carta, Simão entra num estado de espírito suicida e, apesar de já estar com febre antes de ler a carta, os dois fatores contribuem para a sua morte.
Tanto no livro como no filme, as personagens principais amam, perdem-se, e morrem amando.

Lúcia (Suficiente +/Bom -)
Shrek 2 (sequela do filme Shrek) é um filme norte-americano estreado em 2004, produzido pela Dream Works Animation.
No primeiro filme (Shrek), conta-se-nos a história de um aterrorizante e temeroso ogre verde que vivia num pântano e cujo maior desejo era estar sozinho. Certo dia, a sua vida é interrompida quando diferentes ‘’criaturas’’ de contos de fadas são exiladas para o pântano por ordem do rei maldoso Lorde Farquaad. Shrek comunica-lhes que irá conversar com Farquaad para mandá-los de retorno às suas terras de origem, porém Farquaad pediu-lhe um favor: Shrek tinha de fazer uma viagem para salvar uma princesa (Fiona) de uma torre de onde nunca ninguém antes tinha conseguido salvá-la, em troca da libertação daqueles seres do seu pântano. Nessa viagem, vive várias aventuras e conhece o seu primeiro amor, a princesa Fiona.
Já no segundo filme da sequência (Shrek 2), Shrek e Fiona têm agora um relacionamento, mas com muitos dilemas ainda. Porém, focar-me-ei antes noutros aspetos que considero serem mais relevantes para a comparação da obra Amor de Perdição de Camilo Castelo Banco (1862), como, por exemplo, a reação dos pais da Fiona ao tomarem conhecimento do relacionamento entre Shrek e Fiona.
A personagem Shrek mostra ter bastantes semelhanças com Simão. Shrek é a personagem principal e é retratado como o herói romântico do filme, que se apaixona pela primeira vez, tal como Simão, considerando assim ter encontrado o amor da sua vida e prometendo fazer tudo para viver com ele até que a morte os separasse. Shrek vai contrariando e revoltando todos os que não são seus amigos, pela Fiona.
Já o Simão, igualmente herói romântico, da obra Amor de Perdição, vai também contrariando o seu pai e disputa o amor que sente por Teresa, que é filha de uma família rival do seu pai, devido a rancores antigos, o que dá origem a uma série de conflitos entre as duas famílias rivais.
A meio da ação do filme, a princesa Fiona é trancada numa sala do Castelo dos seus pais. Shrek, ao saber desse acontecimento, vai resgatá-la; o mesmo acontece quando Simão toma conhecimento da notícia de que Teresa vai para o convento e tenta salvá-la, sendo que durante essa ação acaba por matar Baltasar, o escolhido para casar com Teresa (‘’Quando as damas chegaram entre os dois, Baltasar tinha o alto do crânio aberto por uma bala, que lhe entrara na fronte.’’).
Outro fator de comparação entre as duas obras é o momento em que o pai de Fiona, o Rei Harold, contrata um gato para assassiná-lo, mas sem sucesso, e força Fiona a casar com o Príncipe Encantado; o mesmo acontece quando o pai de Teresa propõe a Baltasar, primo de Teresa, casar com ela (‘’— Vais hoje dar a mão de esposa a teu primo Baltasar, minha filha.’’). Tanto o pai prometendo fazer tudo de Fiona como o de Teresa consideravam que zelavam pelo bem-estar das suas filhas, escolhendo o seu marido.
O desfecho das duas obras é completamente diferente, uma vez que Fiona e Shrek acabam juntos e, em Amor de Perdição, tanto Simão como Teresa morrem de desgosto por estarem separados.

Pedro (Bom -)
O filme O Paciente Inglês (Anthony Minghella, The English Patient, 1996) segue a história de Almásy em dois planos diferentes: o presente (1945), em que se encontra ferido e esquecido do seu passado, após o avião que conduzia ter sido abatido e ele ter ficado queimado, e um passado, em 1936. Tal como em Amor de Perdição, o filme inicia na data mais tardia, mostrando Almásy, perto da morte, a ser tratado por uma enfermeira, Hana, que se apaixona, não por amor, mas pela escrita e a história do seu paciente. Podemos rapidamente ver esta semelhança com Mariana, que também auxilia Simão quando este se encontra ferido, embora a paixão de Mariana pelo protagonista seja diferente.
Correspondendo ao que se passou na obra de Camilo, o filme transita, através de lembranças de Almásy, para 1936, quando este se encontra, com um grupo de investigação, no deserto de África. Geoffrey Clifton, um novo membro, traz consigo a sua mulher, Katharine. Uma noite, após ouvir Katharine ler uma passagem do seu livro de Heródoto, Almásy percebeu que estava apaixonado por ela. Claramente, este amor proibido pelo casamento entre Katharine e Geoffrey é o equivalente ao amor de Simão e Madalena, proibido pelo seu pai, e, apesar dos riscos e das consequências, ambos continuam a amar-se.
Identicamente a Amor de Perdição, no filme há uma transição entre os dois tempos: voltando-se ao presente, aparece Kip, um soldado britânico de origem árabe por quem Hana se apaixona. Agora, ao contrário do que sucede na obra de Camilo, Hana, que “equivale” a Mariana, não se apaixona por o protagonista, mas sim outra personagem. No entanto, a preocupação por ambos o seu amado e o seu paciente mantêm-se, visível a partir do seu esforço por curar e tratar de Almásy, e o medo de perder Kip durante a guerra.
Voltando ao passado, Geoffrey acaba por descobrir o caso entre Katharine e Almásy, e faz despenhar o seu avião, onde vai Katharine, contra Almásy, num ato de desespero. Este desvia-se, mas Geoffrey morre e Katharine fica gravemente ferida. Almásy leva-a para uma caverna e vai procurar ajuda, prometendo-lhe que voltaria. No entanto, tal não aconteceu: Almásy não consegue arranjar ajuda e antes de morrer, Katherine escreve cartas ao seu amado (como Teresa a Simão — “A tua pobre Teresa, à hora em que leres esta carta [...] está em descanso”), sabendo que ela não sobreviveria, mencionando o amor que por ele sentira, enquanto a escuridão da caverna lhe consumia a vida, esperando pelo homem que a prometera salvar “Eu sei que virás e me levarás para o palácio dos ventos, isso é tudo o que eu sempre quis, andar em tal lugar contigo, com amigos. A lâmpada apagou-se e eu estou a escrever na escuridão” , marcando o fim de Katherine e, no presente, Almásy, que ouvia esta carta lida por Hana, a quem o protagonista pedira que, por misericórdia, o matasse. Como em Amor de Perdição, o filme termina como começara: Almásy a relembrar o passado. 
Podemos dizer que Almásy é como um herói romântico, semelhante a Simão. Ambos se apaixonam em segredo por alguém sabendo que esse amor é proibido; contudo, isso não os impede de se apaixonarem e viverem um sonho impossível. As suas consequências são até paralelas, sendo Simão condenado a dez anos de degredo na Índia, acabando por morrer na viagem, e Teresa, separada do seu amado, no convento, e Almásy “condenado” a três dias exaustivos de viagem pelo deserto, enquanto Katherina morre na caverna, sozinha e separada da pessoa que mais ama. Apenas anos depois é que, conseguindo finalmente relembrar o seu passado e a pessoa que para sempre mudara a sua vida, acaba por morrer, junto a Hana, que, tal como Mariana, segue o seu amado, Kip.

Margarida A. (Suficiente/Suficiente (+))
Lua Vermelha é uma telenovela portuguesa que se passa num colégio privado no coração de Sintra, em 2010. Tal como, Amor de Perdição de Camilo Castelo Branco, conta a história de um amor proibido. Na telenovela, temos Isabel como equivalente de Teresa e Afonso como equivalente de Simão. Na história de Camilo Castelo Branco, Simão e Teresa estavam proibidos de estar juntos devido a desavenças familiares; em Lua Vermelha Afonso e Isabel também não podiam estar juntos (mas apenas no início) pela reprovação por parte da família de Afonso, isto devido ao facto de estes serem vampiros. Em ambos os enredos, os apaixonados lutam contra as famílias para estarem juntos, o que, infelizmente, não acontece em Amor de Perdição, que acaba por ter um final bastante trágico, por causa de algo que era bastante comum na altura, famílias inimigas e casamentos de conveniência.
A família Albuquerque e Botelho eram inimigas, mas a família Azevedo (família de Afonso) não estavam diretamente contra a família Oliveira (família de Isabel), mas contra a sua espécie que estava em guerra contra os vampiros há centenas de anos. Em oposição à história de Camilo, Afonso e Isabel acabam por conseguir estar juntos e viver um final feliz, sem levar mais ninguém para a desgraça. Apesar do bom final, o casal não atravessou anos fáceis (pois a história deles passa-se durante os anos do secundário); no entanto, uma das peripécias não incluiu um casamento combinado com um primo devido à história ocorrer no século XXI.
Em ambas as histórias, a protagonista tem quinze anos e o protagonista dezassete (apesar de em Lua Vermelha, na realidade, Afonso ter 186 anos, a sua aparência é de dezassete). Também têm em comum as muitas mortes relatadas, umas trágicas, outras nem por isso. Porém há duas que acho fazer mais sentido mencionar, não pelas circunstâncias em que acontecem mas pelas suas consequências. A que refiro primeiro é que menos se assemelha. Tal como em Amor de Perdição, há um ato de homicídio por vingança: o pai de Isabel é morto por Vítor, irmão de Afonso, por se meter no caminho deles na procura da paz e do fim da guerra entre espécies. A segunda, que considero mais interessante, é a presença de uma espécie de sacrifício de uma apaixonada não correspondida. Em Lua Vermelha temos Helena, a vampira que transformou Afonso, que estava perdidamente apaixonada por ele e ia fazer tudo para o separar de Isabel. Esta é a representação de Mariana, que sacrifica a sua vida não só por estar apaixonada mas por não ter mais outro motivo para viver, para acompanhar Simão no degredo e, mais tarde, se atirar ao mar quando o cadáver de Simão é lançado para ficar com ele para a eternidade. Na telenovela, Helena não lança o seu corpo para o mar, mas sim para a frente de Afonso, levando por ele uma bala de prata que a mata, sacrificando a sua vida para salvar a dele.

Luísa (Bom/Bom (-))

Nunca ninguém disse antes que amar é fácil ou que todas as histórias de amor têm, obrigatoriamente, um final feliz. A obra Amor de Perdição e o filme A Culpa é das Estrelas de Camilo Castelo Branco e John Green, respetivamente, são exemplos de amores sem o final habitual “e viveram felizes para sempre”.
Hazel Grace Lancaster é uma jovem rapariga que, apesar de possuir um cancro de tiróide em fase terminal, encontra o significado de felicidade ao lado de Augustus Waters, um adolescente encantador que, devido a um cancro nos ossos, perdera uma perna. Hazel, incentivada pela sua mãe, Frannie Lancaster, conhece Augustus num grupo semanal de apoio a doentes portadores de cancro. Em Amor de Perdição, Teresa e Simão são vizinhos e, ao cruzarem olhares, apaixonam-se perdidamente um pelo outro. Ambas as paixões começaram com o intitulado “amor à primeira vista”.
Enquanto Augustus e Hazel podem escrever a sua história sem entraves exteriores, tirando as respetivas doenças, Teresa e Simão apenas se podem encontrar às escondidas uma vez que, ao contrário das personagens de A Culpa é das Estrelas, não têm o apoio nem a permissão de ambas as famílias.
Hazel e Teresa são vistas como as heroínas românticas uma vez que são inflexíveis perante pedidos que sejam contra os seus princípios e convicções, lutando e fazendo tudo por amor. Hazel, apesar da doença que a impossibilita de ter amigos ou criar novas amizades, sempre foi uma rapariga muito isolada. Aliás como Teresa, que, devido à severidade do seu pai, não cria ligações com raparigas e rapazes da sua idade, tendo apenas como confidentes, as suas amas.
O espírito lutador de ambas é bem vincado pela luta diária de Hazel para vencer o cancro e pela sua persistência em conhecer o seu escritor preferido, Peter Van Houten, um até então desconhecido alcoólatra mesquinho, que, mesmo desprezando-a, faz com que ela não desista e que, a certo ponto, lhe mude a mentalidade. Por sua vez, Teresa demonstra a sua bravura ao recusar casar com o seu primo, Baltasar, mesmo que a consequência desse seu ato inconsequente, aos olhos de seu pai, fosse a ida para um convento («Hás de casar! Quero que cases! […] Quando não, amaldiçoada serás […] Morrerás num convento!»).
Os homens do enredo, Augustus e Simão, defendem as amadas e fazem tudo por elas mesmo que isso pusesse em causa a sua vida futura. Um episódio que bem modela estas situações em Amor de Perdição é quando Simão, ao saber que Teresa poderá casar com o seu primo, Baltasar Coutinho, por ordem de seu pai, Tadeu de Albuquerque («Vais hoje dar a mão de esposa a teu primo Baltasar»), se dirige para perto do convento onde a mesma se encontrava, desferindo um tiro no seu rival, acabando mesmo por lhe tirar a vida. Sem pensar duas vezes, entrega-se sem oferecer resistência, não se importando de passar o resto da sua vida fechado numa prisão. Em A Culpa é das Estrelas, Augustus encontra-se fechado numa prisão da qual não tem escapatória possível, o cancro que reaparecera era fatal e, mesmo sabendo disso, não revelou o seu estado clínico a Hazel, levando-a a Amesterdão para conhecer o seu escritor favorito, acabando por lhe contar apenas após a viagem quando o sonho da mesma já se encontrava realizado.
O amor, por mais forte e puro que seja, nem sempre sai vitorioso, muitas vezes, está condenado ao fracasso. Em Amor de Perdição, a história de amor entre Teresa e Simão foi condenada por ambas as famílias: um amor que tinha tudo para dar certo acabou por fracassar por razões sem fundamento, resultando na morte de Teresa e, mais tarde, na de Simão. O desfecho de A Culpa é das Estrelas não difere muito do da obra de Camilo Castelo Branco, porém, apenas uma personagem acaba por morrer condenando o amor. Augustus morre deixando Hazel sozinha. Esta morte, ao contrário da de Teresa e Simão, era inevitável uma vez que Hazel e Augustus tinham tudo para que o seu amor desse certo, mas faltava-lhes a condição mais valiosa, a saúde que, só afetou as personagens de Amor de Perdição, devido ao desgosto de terem os seus corações partidos.
O amor é um sentimento puro e genuíno que não pode nem deve de ser impedido pois encontrar alguém que amemos e que nos ame também, é algo mágico e raro de acontecer. Por maiores que sejam os obstáculos, nunca devemos desistir. Mais vale ser feliz por um mês do que nunca ter conhecido nem saboreado o significado de felicidade.

Catarina (Suficiente (-)/Suficiente)
Braveheart — O Desafio do Guerreiro (Mel Gibson, Braveheart,1995) é um filme sobre a guerra, sobre a liberdade da Escócia mas também sobre a vida de William Wallace. À primeira vista, parece que este filme e Amor de Perdição não têm muito em comum mas já irei revelar o contrário.
Quando William Wallace (interpretado por Mel Gibson) era criança, recebeu a triste notícia de que o seu pai e o seu irmão tinham falecido no confronto entre a Escócia e a Inglaterra. Ele é levado pelo tio e, enquanto cresce, a Inglaterra apodera-se da Escócia. Regressa à Escócia e vive em paz, até que se apaixona por Murron (Catherine McCormack) e tudo muda. Casaram em segredo, pois, se os soldados ingleses soubessem, na primeira noite do casamento levavam a noiva para o senhor inglês com mais poder nessa terra, para satisfazer as próprias vontades. Mas, um dia, um soldado inglês tenta abusar de Murron, esta tenta fugir e agride o soldado, o que era proibido, então ela é levada e matam-na. Wallace fica revoltado, acabando, deste modo, o seu grande amor.
Esta parte da história lembrou-me a carta escrita a Simão contando a premonição da morte da sua amada: “É já o meu espírito que te fala, Simão. A tua pobre Teresa, à hora em que leres esta carta, se me deus não engana, está em descanso”. É bastante trágica esta paixão como a do filme, apesar de Wallace e de Murron ainda terem sido felizes, ao contrário de Simão e Teressa, sempre obrigados a estar escondidos da família.
Outro aspeto que achei interessante nestas duas belas histórias, foi o facto de ambos terem procedido como hérois românticos. Quando Simão se vai encontrar com Teresa (capítulo X) aparece Baltasar, a tiro. Começam a rodear Simão e algumas pessoas mais chegadas a ele disseram para ele fugir (“ ̶  Fuja, que a égua está ao cabo da rua ̶̶ disse o ferrador ao seu hóspede.), mas Simão, não deixando a sua honra de lado, disse Não fujo... [...]” e, assim, foi preso. O mesmo acontece com William, mas é mais dramático. Após ele ter combatido e vencido o grande exército inglês múltiplas vezes, William é capturado com a sentença de morte. Haviam dois tipos de morte a rápida e pouco dolorosa ou a lenta e dolorosa, bastava que ele dissesse que era um súbdito real ao rei e lhe pedisse misericórdia e não sofria, o que não acontece e ele grita “liberdade”, pois era o que ele sempre quisera.

Marta (Suficiente +/Bom -)

O filme Juntos ao Luar (Dear John) é uma adaptação do livro de Nicholas Sparks. Escolhi este filme, não só porque é um dos meus filmes preferidos, mas também porque é um dos que melhor retrata o herói romântico e a tentativa de separação de um grande amor, o que é visível igualmente na obra Amor de Perdição.
A história inicia-se com o encontro de John, um jovem militar, e Savannah, uma jovem estudante, na praia, quando esta deixa a sua bolsa cair ao mar. John atira-se à água para a apanhar. Ao devolver-lhe a bolsa, surgiu em ambos uma vontade de se conhecerem melhor. Também Simão e Teresa partilham o mesmo sentimento, quando trocam olhares pela primeira vez na janela dos seus quartos.
Os dias passam e John e Savannah vão construindo uma amizade, que, rapidamente, se transforma numa paixão genuína. Numa das saídas, Savannah pergunta a John como fez a cicatriz que apresenta no canto superior do olho. Este responde que fora numa briga com facas e menciona que no passado se envolvera em alguns conflitos. Ela questiona-se sobre se a sua mudança se deveu ao exército, pelo que ele responde que, em parte, sim, sendo que o restante estava a tentar mudar. Ela diz-lhe que não tem medo da pessoa que ele é e a cena termina com o primeiro beijo dos dois. Esta cena lembra-nos Simão, o herói romântico, um jovem rebelde e violento, sempre metido em confusões, mas que, à medida que se apaixonando por Teresa Albuquerque, altera o seu comportamento.
Ao fim de duas semanas de sentimentos intensos, a carreira militar de John leva à separação das duas personagens, como sucedera com Simão, afastado de Teresa pela rivalidade entre ambas as famílias («Mas eu perco-a! Nunca mais eu hei de vê-la!...»). Embora em ambas as situações os jovens partilhem de um amor correspondido, estavam sujeitos a viver com a distância, que se intrometia como um obstáculo ao seu amor, um amor quase proibido. A distância não parecia ser um problema para John e Savannah, que prometem que vão esperar um pelo outro, mantendo o contacto através de cartas, que numeram com o risco de perda de alguma. Já na obra Amor de Perdição, Simão e Teresa mantêm contacto através de Mariana, a intermediária, que, a pedido do seu amado Simão, visita clandestimente Teresa. Estas cartas, servem de força para John e Simão no momento aflitivo em que se encontram («Nenhuma daquelas páginas tinha ele lido, sem que a imagem de Teresa lhe aparecesse a fortalece-lo […]»).
Porém, não tardou que Savannah pusesse um ponto final na relação. Embora ambos compartilhassem de um sentimento muito forte, a distância comprometia esta relação. A decisão final podia influenciar o destino de ambos, mas nunca mudaria os seus sentimentos. John, determinado a seguir em frente, decide queimar as cartas que eram o seu refúgio para os momentos turbulentos, que vivia constantemente ao seu redor, e coloca como prioridade servir o seu país no exército. Também Simão pede que atirem as suas cartas ao mar momentos antes da sua morte («Se eu morrer no mar, Mariana, atire ao mar todos os meus papéis, todos; e estas cartas que estão debaixo do meu travesseiro também»).
De volta ao ponto anterior, percebemos que os personagens do filme Juntos ao Luar permanecem apaixonados, quando John regressa com a notícia de que seu pai havia morrido. Savannah, embora já casada, acolhe-o neste momento tão frágil e ambos, através das suas ações, dão a entender que o sentimento não ficara perdido no passado. Porém, o regresso é passageiro e os dois apaixonados partilham um último adeus antes de tomarem o seu rumo, um momento triste e difícil para ambos, que, por incrível que pareça, não é decisivo, visto que anos mais tarde se reencontram num café. Já a Simão e Teresa não lhes é concedida esta despedida, pelo que ficam pelo seu aceno na partida dos navios: Teresa acaba por morrer de desgosto e Simão é conduzido ao degredo, levando o ao trágico destino, restando apenas a esperança de um dia se reencontrarem após a morte («A infeliz espera-te noutro mundo, e pede ao Senhor que te resgate»).
Podemos concluir que, em ambas as histórias, o amor é alvo de inúmeros obstáculos que conduzem a um amor de perdição.

Daniela (Suficiente)

O enredo de Amor Acima de Tudo (Stella Meghie, Everything, Everything, 2017) tem várias semelhanças com o enredo de Amor de Perdição. O filme, que é uma adaptação de um livro de Nicola Yoon, conta a história de uma adolescente, Maddy, com uma rara doença e que não pode sair de casa por causa desta. Mas, um dia, uma nova família muda-se para a casa ao lado e é nesse momento que Maddy conhece Olly. Ao longo do filme os dois conhecem-se melhor através de mensagens e de algumas visitas de Olly na casa de Maddy sem a mãe desta saber. Maddy decide arriscar a sua vida e vai numa viagem com Olly, descobrindo então que a sua vida inteira era uma mentira. Isso afeta o seu relacionamento com Olly e, principalmente, com a sua mãe que lhe mentira a vida inteira.
A principal caraterística que diferencia o livro do filme é o final, que no livro é trágico e no filme é caraterizado como um recomeço na verdadeira vida de Maddy. No final do livro Simão é condenado ao degredo, mas, na viagem, acaba por falecer por doença. Já no filme Maddy tem um final feliz pois esta volta a falar com a mãe e recomeça o seu amor com Olly.
A comunicação é feita no livro por cartas entre os dois e, no filme, Olly escreve na janela do seu quarto, que fica  como no livro, em frente à de Maddy, o seu numero de telemóvel. Começam a falar dessa maneira, mas também há momentos em que os dois se comunicam por papéis postos contra a janela por chamada, ou por conversas e desenhos feitos na janela.
Também o livro e o filme são parecidos pelo facto de que Olly e Maddy se afastarem depois de esta descobrir toda a verdade, assim como Simão e Madalena ao se afastarem, por motivos completamente diferentes, de Olly e Maddy, no final do livro.
Os finais não tem o mesmo conceito de amor proibido e de conversas à distância. Também há diferenças na intriga entre os filhos e a família, já que a mãe de Maddy, Pauline, que, no final, só queria proteger a filha, acabou por afastá-la. No final do livro, Rita, a irmã preferida de Simão, ainda estava viva, e Manuel, o pai do autor, morrera há muito tempo.

Margarida P. (Muito Bom -/Bom +)

Os leitores sofrem muito com finais de certos romances. Entregam-se às personagens com uma grande intensidade e depois, mesmo quando ainda têm aquela esperança de que “tudo acabe bem” como nos contos infantis, o escritor parte-lhes o coração.
Em Amor de Perdição, é Camilo Castelo Branco o autor de tal descortesia quando não dá ao seu público um final feliz a Teresa e Simão. Também os apreciadores de cinema padecem deste mal e aproveitar-me-ei do filme O Espaço Entre Nós (The Space Between Us, Peter Chelsom, 2017) para o mostrar. No caso cinematográfico, são Gardner e Tulsa os jovens destinados a passar por um amor impossível.
Gardner Elliot, um jovem de dezasseis anos, foi o primeiro bebé a nascer em Marte e, durante toda a vida, a sua identidade e existência foram escondidas do mundo.  Apenas via redes sociais é que consegue ter informações sobre o planeta Terra e sobre algumas pessoas que conhece online. Tulsa é uma dessas pessoas e os dois adolescentes desenvolvem uma paixão que vai dar azo a muitas complicações. A situação de Gardner é comparável à de Teresa, em Amor de Perdição, visto que ambos se encontram presos, impedidos de fazer o que verdadeiramente desejam, o que, para Teresa, era estar com Simão e, para o jovem marciano, era ir à Terra ter com Tulsa. A coitada do romance de Camilo vê-se, ao longo de todo o livro, encurralada nas mãos de seu pai que, numa fase inicial, a prende em casa e, mais no fim, a manda para um convento onde ela acaba por falecer (“O meu destino é o convento”; “o vulto de Tadeu de Albuquerque arrastando a filha a um convento”). A personagem principal do filme, interpretada por Asa Butterfield, vê no seu estado de saúde uma condicionante para não quererem que ele faça a viagem até ao planeta onde se encontra a rapariga de quem ele gosta.
Teresa e Simão comunicavam através de cartas que escreviam um ao outro e são raros os registos de encontros entre os dois. Nas páginas do grande escritor português, há uma visita significativa de Simão à casa de Tadeu de Albuquerque, pai de Teresa, na festa de anos da amada. Numa versão mais moderna, as personagens principais de O Espaço Entre Nós falam por videochamada e por mensagens, por via das redes sociais do futuro. O herói do filme tem a oportunidade de vir à Terra, onde ele e Tulsa vivem aventuras que, de certa forma, Simão e Teresa nunca puderam experienciar.
A saúde de Gardner não lhe permite ficar a viver fora de Marte muito tempo, pelo que adoece uns dias depois de fugir com Tulsa pela América. Destinados a ficar separados, os dois apaixonados veem-se obrigados a despedirem-se um do outro, ficando Tulsa em terra a ver o seu amor partir de volta para Marte. Em Amor de Perdição, também Teresa fica em terra a ver o seu amor partir mas as circunstâncias são diferentes: ela fica em terra, fechada no Convento de Monchique (“a enclausurada de Monchique”), a ver Simão partir para o degredo para a Índia; a sua doença, que a acompanhou durante praticamente o romance todo, levou o que restava dela, matando-a logo a seguir a despedir-se de Simão Botelho; e o degredo a que o herói romântico foi condenado levaria, posteriormente, à sua morte (“A febre aumentava. Os sintomas da morte eram visíveis”).
Assim, Camilo Castelo Branco consegue um final mais drástico e cruel do que Peter Chelsom, matando as personagens tão queridas dos leitores. 

Beatriz M. (Suficiente/Suficiente (-))
Branca de Neve e o Caçador (Snow white and the huntsman), lançado em 2012, é o primeiro filme de uma trilogia baseada no clássico alemão Branca de Neve e os Sete Anões dos irmãos Grimm. É um filme em que identifico inúmeras parecenças com o clássico português Amor de Perdição de Camilo Castelo Branco, especialmente nas personagens.
Sabemos pela história da Branca de Neve a que estamos habituados (a versão da Disney) que esta tem uma madrasta, nada simpática no que toca à enteada, conhecida por Rainha Má. Nesta versão ela também existe, o seu nome é Ravenna. Ravenna assassina o pai da Branca de Neve, o rei, logo depois de se casar com ele, sendo que este estava viúvo. Esta Rainha está sob o efeito de um feitiço que a mantém jovem e bonita, roubando a beleza a jovens do reino, mas há alguém que o pode quebrar, a Branca de Neve. Esta informação chega-lhe no dia em que a mesma atinge a maioridade. Ainda antes de saber disso, a Rainha mantinha a enteada aprisionada, até que esta consegue escapar obrigando a Rainha a recorrer a um caçador, Eric, para que este fosse à procura de Branca e que a trouxesse de volta às mãos da rainha, persuadindo-o com a possibilidade de ressuscitar a sua mulher, que morrera há já muitos anos.
Esta personagem do caçador lembra-me Simão. Num reino em que todos temem a rainha e lhe obedecem seja qual for a situação, Eric chega mesmo a recusar o trabalho que lhe fora recomendado, mesmo com a recompensa que teria, por não perceber os motivos pelos quais teria de capturar uma jovem inocente. No entanto, acaba por aceitar e vai à procura da prisioneira fugitiva, não contando que ao longo da jornada se iria apaixonar por ela. Eric deixa de trabalhar para a rainha e ajuda Branca de Neve a fugir dela, lembrando-me assim do amor proibido de Teresa e Simão. A meu ver, Eric é o típico herói romântico, tal como Simão (”O corregedor admira a bravura de seu filho Simão…”).
Entretanto, algures a meio da história, conhecemos William, amigo de infância de Branca de Neve no tempo em que seu pai ainda era vivo. Este amigo não via a princesa há vários anos, pois ela tinha passado todo aquele tempo aprisionada. Mesmo assim, esta personagem ama-a, mesmo que quase nem a conheça neste momento. William lembra-me Mariana, que, no pouco tempo em que esteve com Simão, se apaixonou por ele. O amor dos dois é também não correspondido pelos seus amados (“— Se eu morrer, que tenciona fazer, Mariana? —Morrerei, senhor Simão.”).

Soraia (Suficiente)
Ao pensarmos em amor e em relações são vários os cenários que nos passam pelo pensamento: no meu caso, o primeiro pensamento é o filme A culpa é das estrelas, baseado no best-seller de John Green, que nos conta a história de dois adolescentes que se apaixonam loucamente um pelo outro, Hazel e Augustus.
Ao ler Amor de Predição em aula, a ligação com o filme foi quase imediata, pois quer o romance de Teresa e Simão quer o amor de Hazel e Augustus acabaram por fracassar no fim e têm desfechos muito parecidos.
Teresa e Simão veem o seu amor ser proibido devido à rivalidade que existia entre as suas famílias, e por isso era impossível saber-se que estes se encontravam numa relação, sendo este o maior problema para o casal; no caso de Hazel e Augustus o impedimento não era as suas famílias mas as suas condições de saúde. Hazel, aos seus treze anos, fora diagnosticada com cancro na tiroide e metástases nos pulmões; agora, com dezasseis anos, continua a enfrentar a doença apesar da depressão que enfrenta; Augustus, quando conhecera Hazel, já não tinha qualquer vestígio da doença mas foi ao grupo de apoio onde se conheceram devido ao incentivo do seu amigo Isaac.   
Para ambos os casais, foi “amor à primeira vista": para Simão e Teresa foi nas janelas das suas respetivas casas, e, para Hazel e Augustus, foi na entrada de uma igreja onde decorriam as reuniões do grupo de apoio. Enquanto que para Teresa e Simão o amor dos dois foi de imediato, o das personagens do filme nem tanto, sendo que, no início, devido à sua doença terminal, Hazel não queria deixar que Augustus se apaixonasse por esta, até utilizando a analogia que era uma granada e que eventualmente iria rebentar (não queria que este acabasse ferido devido à explosão).
Simão e Teresa, apesar de saberem que as famílias nunca iriam aprovar o seu amor, continuaram com a sua relação em segredo até que acabam por ser descobertos e Teresa recebe um ultimato de seu pai que a obriga a casar com o seu primo ou então iria para um convento («Hás de casar! Quero que cases! […] Quando não, amaldiçoada serás […] Morrerás num convento!»).
Simão e Augustus fazem tudo o que está a seu alcance pelas suas amadas: Simão envolve-se em lutas e brigas com o primo Baltasar e acaba mesmo por lhe tirar a vida; e a personagem do filme usa o seu desejo para levar Hazel a Amesterdão conhecer o seu escritor preferido, e é nesta viagem que o amor de ambos floresce. É aqui que se dá a grande reviravolta de ambas as histórias: no caso do filme, Hazel descobre que o seu amado afinal se encontra bastante doente e que tem poucos meses de vida e ambos perceberam que mais cedo ou mais tarde o seu amor iria acabar: para as personagens do romance de Camilo Castelo Branco, isto acontece quando Teresa é obrigada a ir para o convento e Simão acaba por ser preso devido ao assassinato do primo Baltasar.
O desfecho de ambas as histórias é trágico, são dois amores que, apesar da sua curta duração, não deixaram de ser intensos mas que, apesar do amor envolvido não deixaram de causar sofrimento às personagens: Teresa se encontra-se a morrer e Simão recebe esta notícia por carta, o que o deixa destroçada, e este e Teresa acabam por falecer quase na mesma altura; e Augustus acaba por perder a batalha contra a doença e acaba por morrer e Hazel, apesar desde o início ser a que eventualmente morreria primeiro acaba por sobreviver e tem então de enterrar o amor da sua vida, que lhe deixa uma bela carta de amor que esta lê no dia do seu funeral e certamente guardará até ao fim dos seus dias.

Carolina C. (Suficiente -)
Ambos apaixonados mas separados por vários motivos, as personagens principais de Titanic Jack Dawson (Leonardo Dicaprio) e Rose DeWitt (Kate Winslet) —, dirigido por James Cameron, e as de Amor de Perdição são forçadas a enfrentar o facto de os pais não aceitaram o seu relacionamento. Tudo o que enfrentam vai tornando o seu amor mais forte, sentimento que dura até à morte de todas as personagens.
Transcrevendo da net: «a personagem principal do filme Titanic, Jack Dawson, é um jovem aventureiro que, na mesa de jogo, ganha uma passagem para a primeira viagem do transatlântico Titanic. Trata-se de um luxuoso e imponente navio, anunciado na época como inafundável, que parte para os Estados Unidos. Nele está também Rose DeWitt Bukater, a jovem noiva de Caledon Hockley (Billy Zane). Rose está descontente com sua vida, já que se sente sufocada pelos costumes da elite e não ama Caledon, que a trata mal. Entretanto, ela precisa de se casar com ele para manter o bom nome da família, que está falida. Um dia, desesperada, Rose ameaça atirar-se do Titanic, mas Jack consegue demovê-la da ideia. Pelo ato ele é convidado a jantar na primeira classe, onde começa a se tornar mais próximo de Rose. Eles apaixonam-se, despertando a fúria de Caledon. A situação fica ainda mais complicada quando o Titanic choca com um iceberg, provocando algo que ninguém imaginava ser possível: o naufrágio do navio. Em todos os momentos do naufrágio os jovens permaneceram juntos».
O romance conta a história de Simão Botelho e Teresa de Albuquerque, que acabam por se apaixonar e vivem um amor escondido, pois pertencem a duas famílias que se odeiam. Simão e Teresa são vizinhos, e mantêm uma paixão através das suas janelas, que são próximas. As famílias, tentam impedir o relacionamento dos dois, tentando a todo custo arranjar o casamento de Teresa com um primo. Quando perceberam que não conseguiam, acabaram por internar Teresa num convento.
Em ambas as histórias podemos perceber que foram paixões difíceis mas que as personagens nunca desistiram. Apesar de terem as suas famílias contra o seu amor e a tentar destruí-lo, Teresa e Simão tal como Jack e Rose lutam pelo que sentem e, infelizmente, não conseguem ficar juntos como sonharam. Simão acaba por morrer por causa do seu orgulho, que o leva a matar o primo de Teresa, Baltasar. Teresa morre também mas é desconhecida a causa, apenas sabemos que uma das razões foi o desgosto que o amado lhe deu. Jack também acaba morto mas por motivos diferentes: morre durante o naufrágio para salvar Rose, que amou até ao seu último suspiro. 

Tiago (Suficiente)
Quando chegou a hora de decidir e escolher um filme para a criação deste trabalho recordei-me logo do meu favorito, Django Libertado (Django Unchained). Um filme do tipo western, ação e aventura produzido pelo cineasta bem sucedido que é o Quentin Tarantino, em 2012. Chegou aos cinemas de Portugal a 24 de janeiro do ano seguinte e foi um sucesso. Há vários pontos e características deste filme que considero relacionáveis com Amor de Perdição de Camilo Castelo Branco.
Django, papel interpretado pelo norte-americano Jamie Foxx, cujo nome verdadeiro é Eric Marlon Bishop, é bastante conhecido com o êxito que foi o filme Ray, em 2005, com que ganhou um Óscar de melhor ator. Neste filme, Django é um escravo que é encontrado e comprado por um dentista, Dr. King Schultz. A pergunta frequente é o motivo de Schultz ter escolhido Django e não outro qualquer: o que sucede é que este senhor não é só um dentista, é também um caçador de prémios que acredita que Django conseguirá levá-lo até aos seus próximos alvos.
Simão, que revela ser um rapaz aventureiro, corajoso e rebelde, assemelha-se com Django por essas mesmas características, ambos não receiam qualquer perigo e estão dispostos a fazer tudo pela pessoa ou pessoas que amam.
Não existe qualquer alusão no filme sobre a forma como Django conheceu a sua mulher, Broomhilda. Django e Broomhilda estão separados por terem sido vendidos em separado, mas calha a sorte grande a Django quando descobre que uma das quintas a que Schultz quer ir é aquela onde Broomhilda trabalha. Já na obra de Camilo Castelo Branco existe toda uma parte inicial sobre como Simão e Teresa se conheceram (“Da janela do seu quarto é que ele a vira a primeira vez, para amá-la sempre”). Em ambas as histórias a rapariga apaixonada pelo rapaz está “presa”, Teresa por ter uma família que não segue os ideais da família de Simão, Broomhilda por ser escrava de uma quinta algures no Texas.
É na parte final que as duas histórias começam a diferenciar-se: Simão acaba por ser sentenciado a ficar exilado por dez anos em Goa pelos seus atos violentos e homicídios cometidos, já Django encontra-se mais perto de fugir com Broomhilda, mas só após vários desacatos e mortes, inclusivé a morte de Schultz. Teresa envia uma carta a Simão transmitindo que, tal como Simão, também ela estaria a morrer, mas de infelicidade.
Apesar de que no filme o casal consegue fugir e acabar a história com um final feliz e dar-se o oposto no livro, ambas as histórias apresentam características semelhantes em termos de persistência por parte de Django e Simão no reencontro com Broomhilda e Teresa, respetivamente.

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