Saturday, August 25, 2018

Amor de Perdição pelo 11.º 5.ª


Guilherme (Bom (+))
A Forma da Água foi em 2018 o grande vencedor dos prémios da academia de Hollywood com a distinção de melhor filme, melhor banda sonora e ainda o prémio de melhor diretor, atribuído a Guillermo del Toro. Nos primeiros minutos de filme é-nos apresentada Elisa, a protagonista, uma empregada de limpeza muda devido a uns cortes na sua garganta feitos na juventude, que trabalha num centro de pesquisa secreto americano durante os anos sessenta, anos de atribulados conflitos políticos envolvendo os Estados Unidos da América.
Simão Botelho vivia em Coimbra a sua vida rebelde e despreocupada quando, nas férias, em Viseu, vê pela janela do seu quarto Teresa, por quem se apaixona. Elisa obedecia todos os dias a uma mesma rotina até que, ao seu local de trabalho, chegou algo secreto que alterou totalmente o ritmo da sua vida monótona. Elisa vê pela janela de um aquário algo peculiar que a fascina. Não era um peixe nem um homem mas uma mistura de duas espécies tão díspares. Mesmo não sabendo o que era ou sequer potenciais perigos, Elisa sentia-se atraída por aquele mistério que era mantido cativo pelo governo do seu país para ser estudado. Todos os dias limpava a sala onde o enorme aquário se encontrava, entusiasmada por poder contemplar a beleza daquele ser que tomava como seu semelhante. Nenhum deles conseguia falar. Eram olhados pelos outros com estranheza devido às suas características. A sua atração por este ser era mais que carnal, transcendendo a compreensão do ser humano. Era isto que Simão sentia por Teresa. Esta paixão inexplicável que o fazia cometer loucuras para concretizar o enorme desejo de estar junto dela. Em ambas as histórias, porque a comunicação era um fator condicionado por diversos obstáculos, as personagens en métodos de comunicar com os seus amados. Elisa ensinou linguagem gestual ao que que os cientistas achavam ser irracional, enquanto Simão, através de uma mendiga, trocava correspondência com Teresa. Este amor era em ambos casos algo proibido. De um lado, a Ciência e a Racionalidade, e, do outro, as antigas tradições e brigas familiares. Estes eram os principais fatores que justificavam a impossibilidade e a loucura associada a esta união.
Ao longo da película é-nos ainda apresentado Giles, vizinho de Elisa, que ,tal como Mariana em Amor de Perdição, apoia os heróis a concretizar o seu amor. Ambos funcionam como personagens meramente instrumentais que permitem que a intriga se desenvolva e conduza a uma conclusão.
Mas é, de facto, no desfecho das duas histórias que a maior semelhança se verifica. O amor de Teresa e Simão vai sobrevivendo a todas as peripécias que surgem no enredo até ao momento em que Simão parte para o exílio na India. É junto ao mar que a vida terrena de Teresa acaba ao ver Simão partir, consolando-se com a promessa de Simão de se reencontrarem na outra vida. É também junto do mar que Elisa é assassinada juntamente com o seu Romeu. E, por fim, concretiza-se nas docas, em ambas as histórias, o desejo de uma vida eterna de amor transcendente à vida terrena. A “forma da água” transporta Elisa para o mar onde, através dos seus poderes curativos e pelo facto de estarem num outro mundo, no paraíso, neste caso subaquático, lhe concede a capacidade de respirar ali, através dos cortes na sua garganta, que se transformam em guelras, e possibilitam, assim, a sua sobrevivência e o amor eterno.

Sara (Bom -)
Em Amor de Perdição, de Camilo Castelo Branco, o protagonista da novela, Simão, é considerado um herói romântico, não só pelo seu heroísmo mas também pelo seu "génio sanguinário"(capítulo I) e as suas ações face às regras da sociedade em que vive. Já Steve Rogers, mais conhecido por ser o Capitão América, é visto como um herói no sentido tradicional, mas, percebendo o que define um herói romântico, podemos ver características da personagem do filme que encaixam nesta descrição.
Apesar de esta personagem aparecer em vários filmes, aquele que mais se relaciona com a obra é Capitão América: Guerra Civil (Captain America: Civil War, 2016), não só pelo enredo do filme mas também pelos relacionamentos entre as personagens. Steve Rogers, que até agora tinha tido uma cabeça fria e tinha seguido todas as regras à letra, neste filme revela-se uma alma rebelde que, quando acredita em algo, vai até contra o governo. Além deste comportamento, critica também a sociedade decadente em que vive, uma sociedade que não se importa com a inocência de um homem. Assim como Simão esteve preso ("no cartório das cadeias da Relação do Porto [...] no das entradas dos presos... Simão António Botelho", Introdução) devido às suas ações, Steve Rogers acaba por ser perseguido pelas autoridades por contrariar o governo de vários países que procuravam controlar a equipa em que estava inserido, e também por proteger o seu amigo Bucky Barnes, acusado de inúmeros homicídios.
Outra parecença entre estas duas obras é a relação entre o 'herói' e a sua pessoa mais querida. No caso de Simão é Teresa, filha do inimigo do seu pai. É considerado um amor impossível pois as suas famílias fazem tudo para separá-los devido às desavenças que ocorreram entre os seus pais, mas, mesmo com estes obstáculos decidem lutar contra o que os divide para ficarem juntos. Simão, porém, não se afasta da ideia de que as suas ações poderão levá-lo a uma morte precoce ("[...]cavando a sua sepultura e a minha!", Capítulo X). O amor de Steve é o seu velho amigo Bucky, que tinha sido torturado e obrigado a matar várias pessoas. Conhecendo a sua inocência, Steve procura protegê-lo dos governos que desejam imprisioná-lo. Este ato, que poderemos considerar irracional, é o que vai acabar por dividir os Avengers, a equipa a que Steve pertencia, e o que o torna num fugitivo, que pretende sobreviver para viver outro dia com o amigo que não via há muito tempo. Também, tal como Teresa é posta num convento para ser afastada de Simão, Bucky é preso pelas autoridades mas acaba por escapar a essa injusta prisão.
Ambas as histórias retratam um amor impossível devido a fações opostas, contudo os protagonistas acabam por ter apoiantes que, apesar de até não concordarem com as decisões que os 'heróis' tomam, os ajudam ao longo do enredo, e também as personagens principais acabam por ser levadas a reagir devido aos seus temperamentos sem pensar muito nas consequências das suas ações, que, felizmente, no filme não são tão graves como na novela.

Ana (Bom)

Tau (2018) é um filme de ficção científica. Uma das personagens principais, Julia, é uma jovem com cerca de vinte anos que sobrevive à custa de trabalhos ilegais em bares noturnos. Num contexto social contemporâneo, é extremamente reprovável a maneira como esta leva a sua vida. Em Amor de perdição, entre as diversas personagens principais, destaca-se Simão. À semelhança de Julia, Simão era condenado pela sociedade envolvente pelo seu temperamento explosivo, que originava inumeras confusões, não só em Viseu, onde vivia, como em Coimbra, para onde foi estudar. 
Em ambos os casos, uma mudança drástica do quotidiano altera por completo o rumo das suas vidas – há alteração do cenário onde viviam bem como o surgimento de novas pessoas. No filme, Julia é raptada e usada por Alex. Este obriga-a a realizar testes a nível cognitivo, no âmbito de um projeto que o levara à loucura. Já Simão, após voltar de Coimbra, conhece Teresa, o amor da sua vida. Isto torna-o uma pessoa muito sensível, que começa a valorizar bastante o amor.
Nem sempre mudança é sinónimo de felicidade:  tudo se complica quando os dois protagonistas resolvem desafiar o inimigo. A refém de Alex é sujeita a experiências traumáticas e o seu instinto de sobrevivência leva-a a desafiar a morte constantemente. Acaba mesmo por desenvolver uma relação inesperada com o mecanismo de inteligência artificial, Tau, que Alex tem vindo a elaborar e que, no fundo, é a razão para ela estar presa.
O romance de Camilo Castelo Branco também tem ações desafiantes e imprevistas. O amor entre Simão e Teresa, tal como a relação entre Julia e Tau, é algo inaceitável por quem domina. Ambos os protagonistas tomam decisões imprudentes que colocam a sua integridade em risco. Cegamente apaixonado, Simão comete um crime bárbaro, quando mata Baltasar, o primo de Teresa e suposto noivo.
Independentemente dos obstáculos, Julia e Tau continuam a amizade proibida, sujeitando-se a crueldades inacreditáveis que os vão danificando ao poucos. Simão e Teresa tomam a mesma atitude, continuando a trocar cartas em segredo. Contudo, as atitudes têm consequências. A fatalidade final da narrativa de Camilo é desesperante. Um amor tão jovem e inexperiente leva à morte, quase que como se tratasse de um pecado. Por outro lado, em Tau, a amizade entre Julia e o robô é vitoriosa, sendo que existem, inexplicavelmente, sentimentos com uma máquina.
Ainda que com finais diferentes, ambas as histórias têm um enredo semelhante, uma vez que há uma luta constante contra as adversidades. O espectador acaba por prezar o esforço e dedicação dos infelizes intérpretes. Considera-se que Simão é o herói romântico da novela e, de certa forma, podemos atribuir o mesmo título a Júlia, uma vez que, dado os seus contextos respetivos, ambos têm atitudes contraditórias das previstas.

Ângela (Bom -/Suficiente +)
Desde o aparecimento da humanidade, a palavra “amor” foi, sem dúvida, a palavra com maior significado, pois sem ela não há razão de vida e a sua existência pode ser encontrada em todos os seres vivos. Houve vários filmes que me chamaram a atenção pelos seus atos de amor e heroísmo, mas um que me mais marcou foi sem dúvida Titanic. Titanic é um filme de paixão e drama, estreado em 1997 que retrata um naufrágio real do RSM TITANIC. Existem algumas personagens que são meramente ficcionais enquanto outras são figuras históricas.
O filme começa com uma espécie de flashback de Rose para contar o que aconteceu naquele grande e famoso navio. Rose embarca com o seu noivo Carl e com a sua mãe Ruth. Ruth, ao longo da viagem relembra sempre a Rose que é muito importante o casamento entre ela e Carl, mesmo ela sabendo que a sua filha não está interessada no homem com que se defronta e é obrigada a casar. Também no Amor de Perdição  Teresa é obrigada por seu pai a casar com o seu primo Baltasar, mesmo sabendo-se que não quer casar com ele. Podemos imaginar e supor que os casamentos de ambas as personagens poderiam vir a ter acontecido se ambas não se apaixonassem pelos seus grandes amores, Teresa por Simão e Rose por Jack. Jack conhece Rose quando esta estava prestes a suicidar-se porque não queria casar com Carl e acaba por salvá-la, mas, no Amor de Perdição, Teresa morre de desgosto por causa de Simão, pois Simão recusa-se a ir para a prisão por dez anos e diz-lhe que era melhor que ambos morressem (“A luta contra a desgraça é inútil, e eu não posso já lutar. Foi um atroz engano o nosso encontro. Não temos nada neste mundo. Caminhemos ao encontro da morte…”).
Tanto o pai de Teresa como o noivo de Rose ficam furiosos quando descobrem que Teresa e Rose estavam apaixonadas por homens que achavam inaceitáveis e ambos tentaram arranjar maneiras para se livrarem deles. Tadeu de Albuquerque queixou-se a Baltasar de que tinha apanhado a filha na varanda a falar com Simão e Baltasar tranquilizou-o e disse-lhe que ele próprio iria tratar do assunto. Tentou matar Simão, ainda que sem sucesso. Carl quando reparou na pintura que Jack tinha feito da Rose, ficou furioso e decidiu tratar do assunto pelas suas próprias mãos colocando o colar de cristal, que ofereceu a Rose quando a pediu em casamento, no bolso do casaco de Jack e, depois, incriminou-o, dizendo às autoridades que tinha sido ele, fazendo com que Jack fosse parar à prisão do navio. Carl não só tentou incriminá-lo como também tentou matá-lo quando o viu a fugir com Rose, o que o faz ter um comportamento semelhante a Baltasar. Rose vai salvar Jack mas não encontram botes para poderem usar para escapar e sobreviver. Destinados a ficar no navio a afundar-se, Jack também salva Rose pondo-a em cima de uma parte do navio para não morrer congelada.
Ambos os amores da vida das duas mulheres históricas morrem mas, ao contrário do que acontece no Amor de Perdição, Rose sobrevive, e quando lhe perguntam o nome, ela diz o apelido de Jack, parecendo, assim, que se casaram, fazendo que uma parte do que ambos queriam se realizasse. Tanto Rose como Teresa foram inspiradas por Jack e por Simão e nenhuma delas se arrependeria por tê-los conhecido apesar do final trágico que ambas tiveram.

Natacha (Bom +)

O enredo do filme Dança comigo (Dirty Dancing), dirigido por Emile Ardolino, é bastante comum: a jovem de família rica apaixona-se por um rapaz bonito e sensual de classe baixa. Juntamos-lhe uma banda sonora vencedora de um óscar e temos um sucesso dos anos oitenta que ainda hoje é visto por pessoas de todas as idades.
O meu interesse no filme não tem, neste caso, a ver com a famosa música “The time of my life” mas com as semelhanças que este apresenta com a obra Amor de Perdição. Em primeiro lugar, a paixão de Baby e Johnny é altamente desencorajada, para não dizer proibida, pela família de Baby. Tal como na novela de Camilo Castelo Branco, a oposição da família não impede os encontros, no caso do livro a correspondência, por carta (“À hora em que leres esta carta…”) ou via Mariana, entre os apaixonados.
Johnny e Simão apresentam também algumas parecenças de carácter, comuns ao herói romântico: ambos desafiam as regras e as leis, numa atitude de rebeldia, Johnny através do seu estilo de dança e Simão através do seu “génio sanguinário”. Em ambos os casos, também as suas motivações parecem ser semelhantes. À primeira vista podemos achar que é o amor pelas respetivas amadas que os motiva a rebelar-se, mas considero que a principal razão serão motivos de honra e valores de liberdade: Johnny quer provar ao pai de Baby, e aos outros homens ricos como ele, que não é uma pessoa inferior apesar de ser de uma classe mais baixa; e Simão acredita que “a submissão é uma ignomínia”, procurando a todo o custo afirmar a sua liberdade e fazer aquilo que entende que deve ser feito.
Existem outras personagens no filme que nos fazem lembrar as personagens de Amor de Perdição. A irmã de Baby poderia facilmente corresponder a Manuel, irmão de Simão, pois ambos funcionam quase como figurantes na história. Baltasar, o primo “composto de todas as virtudes” de Teresa, também tem um correspondente no filme, Robbie, que se supõe ser o pretendente de Baby, um menino rico que cai nas boas graças do pai de Baby. Tal como Simão e Baltasar, também Johnny e Robbie têm desavenças, ambos se envolvem numa briga. Claro que a briga entre Johnny e Robbie não tem um desfecho fatal como acontece com a morte de Baltasar, que resulta na prisão de Simão.
Focando-me agora nas protagonistas femininas, chego à conclusão de que Baby foi mais bem-sucedida do que Teresa, no que toca ao final feliz. Teresa acaba morta não por maus tratos, não por doença −“Está morta, e morreu quando eu lhe tirei a última esperança”− mas porque Simão pôs a honra e a liberdade à frente da possibilidade de um dia virem a ficar juntos – “Em dez anos terá morrido meu pai e eu serei tua esposa”. No caso do filme, Johnny enfrenta o pai de Baby motivado por ela e, juntos, dançam a sua dança sensual e revolucionária, que acaba por ser o meio de convencer os pais de Baby de que afinal o seu amor não era assim tão errado.

Leonor (Bom +)

A Culpa é das Estrelas (2014) é um filme baseado na obra homónima do escritor norte-americano John Green, tendo sido dirigido por Josh Boone.
O seu enredo é muito semelhante ao de muitos outros filmes que abordam a temática da doença grave, com a consequente morte das personagens. Apesar deste aspeto, é também muito diferente, porque Hazel Grace e Gus, os protagonistas, embora saibam que podem morrer a qualquer momento, não se sentem vítimas e querem viver a vida que lhes resta com emoção e entusiasmo, esforçando-se por não dar ao cancro demasiada atenção, brincando com a situação: Hazel ri-se das suas dificuldades respiratórias e Gus do facto de ter perdido uma perna e de usar uma prótese.
A maneira de ser destes jovens aproxima o filme do livro Amor de Perdição, pois tanto Teresa e Simão como Hazel e Gus são jovens corajosos, decididos, que decidem lutar pelo amor que sentem e contra as dificuldades que a vida lhes impôs: no romance, devido às desavenças entre as suas famílias; no filme, devido à doença de ambos.
Outro aspeto interessante é a forma como se conheceram e apaixonaram: Teresa e Simão conheceram-se à janela e, através do olhar, ficaram para sempre ligados um ao outro, pelo amor (“Da janela do seu quarto é que ele a vira a primeira vez, para amá-la sempre”); Hazel e Gus viram-se a primeira vez num grupo de apoio para jovens doentes com cancro e, no momento em que os seus olhares se cruzaram, perceberam que se tinham apaixonado. No filme, esta é uma cena muito forte, em que tudo é dito através do poder do olhar de ambos.
Simão e Gus também têm em comum alguns traços de herói romântico, como o sentimento individualista, quando tomam nas suas mãos o seu destino: Gus, pensando na felicidade de Hazel, faz a viagem a Amesterdão sabendo já que o seu cancro se tinha espalhado pelo corpo e que essa viagem seria perigosa para ele; Simão, ao saber que Teresa partirá para o Porto, decide ir vê-la, apesar dos perigos que poderá correr, dizendo que fará “o que a honra e o coração” lhe mandarem.
Após a morte de Teresa e de Gus, Simão e Hazel recebem uma carta, última mensagem de quem partiu: nessas cartas, além de reafirmarem o amor que sentem, há ainda outras mensagens: Teresa garante a Simão que esperará por ele no Céu; Gus faz o elogio fúnebre de Hazel, que lhe tinha sido solicitado por ela.
A vida após a morte e a eternidade do amor vivido num outro mundo está presente no romance e no filme. Hazel fala do infinito, Gus tem a certeza de que há vida para lá da morte, porque, de outra forma, nada teria sentido na vida terrena, e Teresa, ao despedir-se do amado, diz-lhe “Adeus! À luz da eternidade parece-me que já te vejo, Simão!”.
Devido a esta certeza de outra vida, outros tempos, a aceitação da morte com serenidade é evidente em ambas as obras.

B. Entrezede (Bom +/(Muito Bom-))

A música está do teu lado (Footloose) é o nome de uma música pop-rock de Kenny Loggings e um dos maiores êxitos cinematográficos de Herbert Ross. Este musical, romance e drama de 1984, retrata a vida de Ren McCormack, um adolescente rebelde e divertido, que viaja até uma cidade de Chicago, Bomont, para ir morar com os seus tios. Esta cidade era muito diferente de todas as outras que conhecia, tendo uma série de leis invulgares. Ao deparar-se com a impossibilidade de ir a festas, dançar e ouvir música, Ren sente-se obrigado a revelar o seu lado rebelde como um ato de revolta e mudança. Em Amor de Perdição, Simão, uma personagem de “génio sanguinário”, é caracterizado como violento, conflituoso e ameaçador por defender a classe mais baixa e por “[conviver] com os mais famosos perturbadores da academia”.
É possível comparar este filme com a obra de Camilo Castelo Branco, onde Ren e Simão desempenham papéis principais de adolescentes com um caráter psicológico semelhante, que se apaixonam à primeira vista. No caso de Simão, este apaixona-se quando vê Teresa de Albuquerque na janela; e Ren apaixona-se por Ariel, a filha do reverendo da igreja católica (reverendo Moore) assim que a vê no dia da apresentação da escola. A dificuldade que estas personagens têm em se relacionar com quem amam é outro aspeto em comum. Em Amor de Perdição, a rivalidade que existia entre a família de Domingos Botelho, pai de Simão, e a de Tadeu de Albuquerque, pai de Teresa, impossibilitava a aproximação entre os dois jovens. O mesmo acontece com Ren, quando o pai de Ariel descobre todas as ilegalidades e lutas em que Ren se envolvera, proibindo o contacto entre os dois.
Focando-me agora em personagens secundárias, o reverendo Moore podia corresponder a Tadeu de Albuquerque, uma vez que ambos são radicais no seu comportamento e não permitem o amor entre as suas filhas e os seus amados, Ren e Simão, respetivamente. Em Amor de Perdição, Tadeu de Albuquerque envia Teresa para o Convento de Monchique, no Porto; no filme, o reverendo Moore denigre a reputação de Ren por este constituir uma ameaça para a sociedade, impedindo qualquer aproximação entre os jovens. Também Baltasar Coutinho, o primo a quem Teresa ia “dar a mão de esposa”, correlaciona-se, no filme, com Chuck Cranston, o namorado possessivo de Ariel, pois são os pretendentes desejados por Tadeu de Albuquerque e reverendo Moore. No entanto, Teresa, apaixonada por Simão, afirma que não casará com o seu primo, preferindo a morte (“– Mate-me; mas não me force a casar com o meu primo!”). Ariel, ao sentir uma atração por Ren, termina a relação com o seu namorado e, desafiando as ordens do pai, começa a namorar com Ren.
Consigo também comparar João da Cruz, um ferreiro sensato, com os tios de Ren. João da Cruz, por gratidão à família Botelho, deu abrigo a Simão e protegeu-o quando este foi visitar Teresa na sua festa de casamento; e os tios de Ren sempre o defenderam e pagaram todas as multas de que Ren foi alvo, por ouvir música e dançar na rua.
A música está do teu lado, ao contrário de Amor de Perdição, termina com um final feliz e previsível. No filme, Ren convence o reverendo Moore a fazer um baile de finalistas num bar longe da cidade, sendo o seu par Ariel, a rapariga mais cobiçada de Bomont.  Na obra camiliana, Teresa, uma rapariga charmosa e bonita, suicida-se depois de acenar a Simão. Este, após nove dias com febre e delírios (“A febre aumentava. Os sintomas de morte eram visíveis aos olhos do capitão”), acaba por morrer e ser atirado ao mar (“Foi o cadáver envolto num lençol, e transportado ao convés”).

Rodrigo (Suficiente (+))
Crepúsculo, sendo o primeiro filme da série Twilight Saga, adaptado do primeiro da trilogia e indiscutível “besta célebre” por mais de 250 semanas, de Stephenie Meyer, por Melissa Rosenberg, conta-nos a história de Isabella Swan, de 17 anos, uma jovem que nunca tinha experienciado grandes emoções. A vida dessa jovem acaba por dar uma reviravolta quando a mesmas decide mudar para a  pequena e chuvosa cidade de Forks, onde iria viver com seu pai, Charlie, o chefe da polícia local.
Simão Botelho, protagonista de Amor de perdição, vivia uma vida monótona e rebelde em Coimbra até que, certo dia, avista pela janela do quarto Teresa, por quem se apaixona imediatamente. Edward Cullen, uma das personagens principais de Crepúsculo, que vivera durante mais de duzentos anos, teria algumas semelhanças com a vida de Simão, até que conhecendo Bella numa aula da Biologia, mas, ao contrário de Botelho, o protagonista sente-se profundamente irritado com a presença da jovem sem razão aparente. Até que um dia, Swan descobre que Edward seria então um vampiro e que o sentimento precoce de repulsa em relação à mesma derivava de um ímpeto completamente oposto ao qual o mesmo tentou resistir com medo de magoar a inocente Bella que entrava numa realidade completamente diferente daquele em que estivera inserida durante toda a sua vida. É essa mesma paixão que ambos os pares amorosos retratados tinham que os fazia cometer qualquer loucura para estarem com quem mais queriam. Em ambos os casos, o fator “amor impossível” era notório. De um lado, um vampiro e uma humana, que arriscariam tudo para estar juntos sem ligarem aos perigos consequentes desse mesmo amor; do outro, uma história, ao princípio facilitada, que acaba por se mostrar complexa quando os dramas familiares tomam as rédeas da relação dos dois jovens.
Ao longo da longa-metragem são-nos apresentadas inúmeras personagens-chaves para o desenrolar da história de que se poderiam destacar a família de Edward, que apoia a relação do casal a todo o custo, arriscando por vezes as suas próprias vidas em prol do bem-estar de ambos, mas, principalmente, Jacob Black (de uma família amiga de Charlie), amigo de infância de Bella, que, apesar de apoiar a união dos dois, aparenta ter uma paixoneta pela protagonista, tal e qual como Mariana, que, na obra, apresenta um papel importante para o desenlace final. Apesar de Crepúsculo se tratar de um filme apenas e não da trilogia inteira, o desfecho do mesmo aparenta uma semelhança incrível com o livro, quando, apesar de não acabar de forma trágica, Bella expressa a Edward o seu desejo de se tornar vampira, para que possam permanecer juntos para sempre, fruto do amor incondicional que sente pelo mesmo e que é claramente recíproco, também em Amor de Perdição, no final, Teresa e Simão acabam por conceber esse mesmo desejo, pensando sempre um no outro (“Adeus! À luz da eternidade parece-me que já te vejo, Simão!"- Excerto da carta de Teresa para Simão momentos antes de falecer”), apesar de numa forma trágica, com a morte dos dois amados, finalmente reunidos, sem dramas nem dilemas, no paraíso.

Elisa (Suficiente (+)/Suficiente)
O Espaço Entre Nós inventa um cenário elaborado de ficção científica para contar um romance adolescente impossível. No filme, o adolescente Gardner Elliot é o primeiro humano nascido em Marte. Mas ele deseja fazer uma viagem à Terra para conhecer a verdade sobre o seu pai biológico, e sobre o seu nascimento. Nesta fase, tem o apoio de Tulsa. Para alguns, esta seria o suficiente para um romance lindo. Concebido na Terra por um pai que ele nunca conheceu, Gardner é mantido em segredo desde então por Nathaniel Shepherd (Gary Oldman), que escreveu uma carta ao presidente dos EUA, aos 12 anos de idade, onde explicava como “coragem sem limites” levaria os homens a colonizar Marte.
Na necessidade desesperada de contacto com humanos “normais”, descobre uma maneira de conversar por vídeo com uma rapariga chamada Tulsa, na Terra (evidentemente a tecnologia de comunicações evoluiu mais do que viagens espaciais visto que conversam em tempo real, embora o trajeto entre planetas ainda seja de sete meses). Isso leva Gardner a querer viajar para a Terra e, em mais uma má decisão, Nathaniel aceita em deixá-lo fazer a viagem. Amor de Perdição, escrito por Camilo Castelo Branco, conta-nos  história de amor não muito feliz. O título do livro foi escolhido em grande parte devido à própria situação do autor. Com efeito, parte do enredo retrata situações que Camilo Castelo Branco e Ana Plácido viveram, como uma relação amorosa infeliz. Apesar das épocas e histórias serem muito distintas, conseguimos perceber a igualdade dos sentimentos das personagens principais entre o filme e Amor de Perdição. No filme, Gardner e Tulsa mantêm contacto através de mensagens. Na novela, Simão Botelho e Teresa de Albuquerque trocam as suas cartas. Gardner, após a primeira tentativa de sobreviver na Terra, é obrigado a voltar para Marte devido a questões de saúde, sendo assim o casal separado. Teresa de Albuquerque é obrigada a ir para um convento, para não manter contacto com Simão Botelho.
Podemos considerar ambas as histórias como de amores impossíveis. Em ambos, o principal “entrave” à paixão são os pais. No Amor de Perdição, o pai de Teresa, sendo um homem austero e duro, não permite que a filha mantenha contacto com Simão que, a seu ver, era um irresponsável, mandando-a para longe. Em Espaço Entre Nós, o pai de Gardner, só reconhecido por Gardner a meio do desenrolar da história, força-o a voltar para sua casa, Marte.  Duas histórias com muitas supresas, que nos mostram que nem sempre o amor ganha, ao contrário dos enredos tradicionais.

Beatriz Pi (Bom)

Dei-te o Melhor de Mim (Best of Me) é um filme romântico cujo enredo se baseia na história de amor entre Dawson Cole e Amanda Collier, desde o momento em que estes se apaixonaram na primavera de 1964, até que se reencontram após estarem afastados durante vinte anos.
A paixão de Dawson e Amanda, tal como a de Simão e Teresa, não está isenta de obstáculos. Em Amor de Perdição, o ódio entre Tadeu de Albuquerque e Domingos Botelho não permite que os jovens fiquem juntos: Tadeu procura forçar a sua filha a casar-se com Baltasar, ameaçando enviá-la para um convento, caso esta recuse. No entanto, Teresa é corajosa e obstinada e, mesmo tendo sido uma filha afetuosa, recusa-se a casar-se com alguém por quem não está apaixonada. Amanda partilha estas características com Teresa, apesar de amar os seus pais, recusa-se a terminar a relação com Dawson quando o pai ordena que o faça, já que Harvey Collier não aprova o facto de que a sua única filha namore com alguém de classe baixa, acabando mesmo por tentar subornar Dawson para que este termine o namoro com a sua filha, o que ele recusa. Ambas as relações prevalecem, apesar de terem as suas famílias como um grande obstáculo às suas relações.
Antes de se apaixonar por Teresa, Simão revelava um comportamento violento e sem qualquer consideração pelos outros. No entanto, o amor de Teresa tem um impacto positivo na vida e personalidade de Simão, que deixa para trás a vida boémia e passa a focar-se apenas nos estudos e na sua irmã mais nova, Rita (“No espaço de três meses fez-se  maravilhosa mudança nos costumes de Simão”). Amanda afectou também Dawson, que era introvertido e sem quaisquer objectivos para o futuro: é ela que o faz abandonar a sua zona de conforto e finalmente considerar a hipótese de que ele poderá fazer mais com a sua vida do que os seus pais e irmãos, e Dawson apercebe-se destas mudanças e de que a sua amada é a responsável por estas (“I love who I am when I'm with you, Amanda” —“Adoro quem sou quando estou contigo.”).
“E história assim poderá ouvi-la a olhos enxutos (…)?!” — esta questão de Camilo Castelo Branco poder-se-á aplicar a ambas estas histórias de amor, com desfechos trágicos e de partir o coração. Teresa morre, doente e longe do amor da sua vida, e este morre apenas alguns dias depois e, em Dei-te o Melhor de Mim, Dawson morre às mãos do seu pai e irmãos, num ato de vingança por ter denunciado as suas atividades criminosas à policia. Tanto Teresa com Dawson deixam para trás cartas de despedida destinadas aos que amam.
Teresa envia cartas a Simão, sabendo já que ia morrer, procurando esclarecer que a razão de tal estar a acontecer se devia à partida do seu amado (“Está morta e morreu quando lhe tiraste a última esperança”), acabando por morrer ao observar a partida de Simão.  Por outro lado, Dawson despede-se de Amanda, pensando que esta vai regressar a casa e que nunca ficarão juntos,  desconhecendo o seu destino trágico. E procura garantir ao seu amor que entende o porquê do que ela está a fazer e assegura-a de que a amará para sempre (“You have commitments, I understand. And you wanna keep them, I can only love you more for that.” — “Tu tens compromissos, entendo. E, queres honrá-los, eu apenas posso amar-te mais por isso”).
Ambas estas relações atribuladas acabaram em tragédia e em sofrimento, mas têm uma diferença. Enquanto Simão tenha acabado por morrer de coração partido e a sofrer, Amanda decide que vai viver por Dawson, e aproveitar a sua vida ao máximo, concretizando todos os objectivos que tinha na adolescência, algo que Dawson a incentivou a fazer durante a sua breve reunião em adultos.

Maia (Bom +)

O filme que tratarei de comparar com a obra mais célebre de Camilo Castelo Branco é Interstellar, que ganhou o Oscar de melhores efeitos visuais de 2015 (além de quatro outros prémios bem conhecidos). Como é, certamente, percetível pelo trailer desta obra de ficção-científica, Christopher Nolan explora a ideia de uma Terra apocalítica atacada por pragas a nível mundial (apenas resistindo o milho e mesmo assim estando prevista a sua extinção). Após algumas intervensões fictícias, o protagonista, Coop, ex-piloto da NASA de mente brilhante, encontra o plano para salvar a Humanidade da extinção. Colonizar outro planeta parece ser a única possibilidade graças ao wormwhole que apareceu "magicamente" perto de Saturno.
Em Amor de Perdição, o herói romântico fala com a sua amada, principalmente, através de cartas manuscritas. Por vezes, é Mariana a transportadora de mensagens pela via oral, mas este facto é irrelevante para esta comparação. Após a partida do grupo enviado pelo chefe da NASA, a única maneira de comunicação disponível é por ondas rádio. É-nos apresentada uma maneira de falar muito parecida com a que Simão e Teresa utilizavam em seu tempo. Estranhamente, o envio de vídeos, em monólogo que o interlocutor pode apenas ouvir gravando depois o seu próprio vídeo e enviando-o como resposta, funciona exatamente como as dezenas de cartas trocadas entre os jovens apaixonados. Na cena de 1:41:00, os cientistas exploradores recebem uma mensagem-vídeo de Murph, filha de Coop, que, devido à relatividade temporal (que não explicarei neste ensaio de modo a poupar quaisquer leitores desinteressados) envelheceu mais rápido e, neste momento, encontra-se mais ou menos com a mesma idade que seu pai. O motivo desta mensagem é a morte do pai da Drª. Brand, também chefe desta missão heróica. É-nos revelado de forma certamente trágica, mas de origem diferente da da típicamente romântica e apresentada em Amor de Perdição. Vemos, no entanto, a cara da Drª ao saber que uma pessoa amada pereceu perante a idade. De forma análoga à obra camiliana, imaginamos (neste caso) a cara de Simão ao perceber que a sua amada ja teria falecido enquanto ele lê as suas últimas palavras sobre o céu que Simão havia pintado na mente da fidalga: "É já o meu espírito que te fala, Simão. A tua amiga morreu. [...] A vida era bela, era, Simão".
A obra de arte cinematográfica começa na forma de documentário que mostra testemunhos de pessoas já idosas a contarem como era a vida na sua altura (a vida na Terra após a vinda das pragas mundiais), percebemos que uma das jovialíssimas senhoras é, de facto, a adorável e brilhante Murph, que sobreviveu a todos os eventos apresentados no filme e que (aparentemente) os relata no restante tempo. Forma-se assim uma analepse, onde se começa por contar o desfecho da história e, só depois, se conta o início. O mesmo se verifica na obra de literatura. O sobrinho de Simão Botelho começa por encontrar um registo da prisão onde se encontra que o informa do mandato de aprisionamento e, mais tarde, de degredo para a Índia. Logo de seguida, Camilo conta a história do seu tio Simão, formando outra analepse.

Daniel (Suficiente -)
Ao estudar Amor de Perdição de Camilo Castelo Branco foquei-me na personagem Mariana e na sua cega lealdade para Simão, lealdade daquelas que vemos em alguns animais com os seus donos.
Uso palavras de outros: «Mariana é uma moça altruísta e simples que coloca o seu amor por Simão à frente da sua vida. É mais importante estar ao lado e apoiar Simão do que viver uma própria vida – é esse o destino de Mariana. Protege e cuida de Simão, como vemos no pensamento deste no capítulo X: “O teu anjo da guarda fala pela boca daquela mulher, que não tem mais inteligência que a do coração alumiado pelo seu amor”».
Tal como Mariana, o cão e o cavalo são considerados os animais mais leais, capazes de arriscar as suas próprias vidas para salvar o seu dono e daí me ter lembrado do cão do filme Hachi. Hachi: a Dog's Tale é um filme dramático baseado numa história verídica de um cão japonês chamado Hachikō. É um filme alegre e triste, que nos mostra também um amor dedicado e leal.
Aproveitemos uma sinopse coorente: «Hachiko é um cão encontrado pelo professor universitário Parker Wilson que o leva para casa. Hachi passa a acompanhar Parker todas as manhãs até à Estação do Comboio, onde o professor apanha o comboio para a Universidade. Hachi volta para casa e ao final do dia, volta para a Estação para acompanhar o dono para casa. Um dia, Parker tem um ataque cardíaco fatal enquanto dá uma aula. Na estação Hachi espera pacientemente que o comboio chegue, mas Parker nunca regressa».
De novo, palavras de sebentas: «Em Amor de Perdição o pai de Mariana é totalmente contra, tenta dissuadi-la, mas o seu amor é mais forte do que ela. É um amor cego, leal e desprovido de necessidade de reciprocidade. Mariana nem tenta rivalizar com Teresa; ela apenas existe para servir os intuitos de Simão. Aliás, é ela que permite que a paixão entre Simão e Teresa viva e reviva. O seu espírito de sacrifício é tanto que, quando Simão escolhe o degredo para a Índia, Mariana acompanha-o cegamente. Simão sabendo da morte de Teresa, morre de doença e desgosto e Mariana, apaixonada por Simão, atira-se ao mar agarrada ao seu corpo».
Também Hachi se “agarra” à Estação de Comboios por vários dias – dia e noite – sempre com esperança que Parker volte para irem juntos para casa. Hachi é enviado para viver noutra casa no entanto, na primeira oportunidade, escapa e encontra o caminho de volta para a estação, onde se senta no lugar do costume. Durante os nove anos seguintes, Hachi espera pelo seu dono. A mulher de Parker, que entretanto tinha mudado de casa, e pensava que o cão estava a viver com outros donos, regressa um dia à estação e emociona-se ao ver o cão ainda ali. Esse reencontro entre Hachi e a mulher de Parker representa uma última união entre o cão e o seu dono e Hachi já cansado e velho fecha os olhos pela última vez.
Esta lealdade, esta confiança cega, esta preocupação com o bem-estar da outra pessoa mais do que o seu próprio bem-estar, é semelhante em Mariana e em Hachi.
Quem é leal partilha todos os momentos – os difíceis e os bons – é como se cumprisse um compromisso, uma obrigação para com o próximo.

Alexandra (Bom -)
O filme americano Everything, everything (Amor Acima de Tudo), realizado por Nicola Yoon, conta a história de uma rapariga de dezoito anos, inteligente e cheia de imaginação, confinada na sua própria casa devido a uma doença que a impede de estar no exterior. Tudo muda quando se apaixona pelo adolescente que mora ao seu lado.
O amor de Teresa e Simão, intriga principal de Amor de Perdição, é desde cedo proibido pelas famílias de ambos por a relação entre estas não ser a melhor devido a discordâncias no passado (“não podes herdar apelidos honrosos, que foram pela primeira vez insultados pelo pai desse miserável que tu amas”, p. 207 do manual). Os jovens, contra todos os impedimentos e todos os que os querem separar, lutam com persistência pelo seu amor. Semelhante situação ocorre no filme, onde os adolescentes Olly e Maddy se veem impedidos de estar juntos e viverem o seu amor pela doença da jovem e a protecção extrema da mãe.
O amor dos protagonistas de ambas as histórias inicia-se num primeiro olhar que mudará as suas vidas irreversivelmente. Simão e Teresa veem-se pela primeira vez através da janela do quarto, tal como Maddy e Olly. A partir deste momento, a paixão das personagens aumentou de dia para dia até não se imaginarem mais sem a companhia um do outro. Com a constante necessidade de comunicarem, Simão e Teresa trocam cartas entregues por uma mendiga, enquanto que Olly e Maddy comunicam por mensagens e emails através do telemóvel e computador. Estes, quando impedidos de utilizar a tecnologia, recorrem a recados entregues por Carla, enfermeira de Maddy.
No desenrolar da ação do filme é Carla, sem o conhecimento da mãe de Maddy, quem permite o contacto físico entre os adolescentes, pois é com a sua ajuda que os dois se encontram mais do que uma vez. Na obra de Camilo Castelo Branco, é Mariana a interveniente que ajuda Simão e Teresa sendo ela, a certa altura, a mensageira dos apaixonados (“Sou uma portadora desta carta para vossa excelência”, p. 210 do manual). A ação de Mariana é determinante e difícil de suportar pois também ela estava apaixonada por Simão (“E o coração da pobre moça, avergando ao que a consciência lhe dizendo, chorava”, p. 211 do manual). 
Por só pensar em Teresa e desejar estar com ela, Simão mata a tiro Baltasar, primo da sua amada — “Baltasar tinha o crânio aberto por uma bala” (p. 217 do manual) — e, consequentemente, é exilado; Maddy, por ter uma vontade incontrolável de sair de casa e conhecer o mundo lá fora, foge com Olly para o Havai, onde é encaminhada de urgência para o hospital pela exposição ao ar livre.
Em Amor de Perdição e Everything Everything estão presentes diversas características que nos permitem comparar ambos os enredos em muitos momentos da ação e, no entanto, o final é diferente. A história de Simão e Teresa termina de forma trágica com a morte de ambos após a ida de Simão para a Índia sem lhes ter sido possível viver o seu amor. Com Maddy e Olly o destino foi mais simpático e os dois foram viver juntos para Nova Iorque sem qualquer impedimento.

Rita (Bom (+))
O romance de ficção científica, adaptado por Mark Romamek, Never let me Go (Nunca me deixes ir) é um filme imensamente requintado e é uma elegante, mas também sombria, representação do mais puro sentimento e da sensação poética de perigo, incertezas, inseguranças e, sobretudo, de amor, o mais puro e frágil sentimento. Essencialmente, o enredo desenvolve-se através do triângulo amoroso estabelecido entre três órfãos, Tommy (Andrew Garfield), Ruth (Keira Knightley) e Kathy (Carey Mulligan), que se conhecem desde que se conseguem lembrar. À semelhança do Amor de Perdição, este filme é uma história de amor entre dois jovens, um amor puro, mas impossível.
São situações bastante diferentes as vividas por ambos os casais, contudo acabam por se resumir ao mesmo fim: a desilusão por não lhes ser possível terem um final feliz ou, pelo menos, um final juntos; e a vontade insaciável de quererem passar mais tempo com a pessoa que verdadeiramente amam. No entanto, mesmo que as histórias não tenham “O Final Feliz” tão esperado por qualquer espectador, as decisões tomadas e os caminhos percorridos por Teresa de Albuquerque, com Simão Botelho, e por Tommy, em conjunto com Kathy, são bastante distintas e até opostas. Talvez possa até dizer que as personagens de Amor de Perdição tiveram a oportunidade de “decidir” que se não pudessem viver juntos preferiam não viver de todo, enquanto que, pelo contrário, em Never let me go, os protagonistas não tiveram esta opção de escolherem se podiam continuar vivos, mesmo que separados um do outro, acabando por morrer sem terem escolha, mas com a certeza de que se amavam.
No filme, ambas as personagens tinham um terrível destino programado ao mais minúsculo pormenor e viviam uma realidade absurda e impensável na atual sociedade do século XXI; na qual, a única razão de terem nascido seria que, quando fossem jovens/adultos, estivessem perfeitamente saudáveis e aptos para doarem todos os órgãos vitais a um desconhecido, mesmo que não o soubessem ou quisessem. Desta forma, na maioria das vezes o terceiro transplante é o último, ou seja, o coração. Visto que tanto Tommy como Kathy tinham este destino, ter esperança de que poderiam ser felizes juntos era muito difícil. Contudo, como a maioria dos seres humanos, foram teimosos e orgulhosos e  decidiram passaram a maior parte das suas vidas com outras pessoas (no caso de Tommy, terá sido com Ruth) e sem serem honestos com os seus sentimentos, e foi preciso que a vida, ou a morte lhes pregasse um susto para se aperceberem de que tinham que aproveitar o pouco tempo que tinham, e realmente concretizarem e viverem aquele amor já tão profundo. Na obra de Camilo Castelo Branco, Teresa e Simão não demoraram muito tempo para se aperceberem que queriam estar juntos para o resto das suas vidas, mesmo que, para isso, só lhes restassem poucos dias.
Concluindo, em ambas estas obras de arte, o amor é um conceito importante, mesmo que, no meio de tantas discussões, inseguranças e obrigações não fosse percetível ou valorizado. E mesmo que o final fosse a morte, todas as personagens (quer do filme, quer do Amor de Perdição) conseguiram fazer com que um amor impossível, quer o seu “inibidor” fosse a morte ou os preconceitos de uma sociedade ou de família, deixasse de ser tão impossível, mas sim um amor de dedicação, entrega e sacrifício.

Mafalda F. (Suficiente +/Bom -)
O filme Step Up revolução (Step Up Revolution, 2012, de Adam Shankman), tem como principal elenco Ryan Guzman e Kathryn McCormick, respetivamente Sean e Emily Anderson, dois jovens que se apaixonam e que têm em comum a mesma paixão, a dança. O pai de Emily, rico empresário, vai tentar destruir o bairro dos The Mob, grupo de dança de Sean, e a partir daí surge um grande conjunto entre pai e filha.
No segundo capítulo de Amor de Perdição de Camilo Castelo Branco, vimos a descobrir que Simão e Teresa, dois jovens pertencentes a famílias que se odeiam e vizinhos também, se apaixonam, criando assim ambos momentos de tensão entre família e famílias (“Amava Simão sua vizinha, menina de quinze anos, rica herdeira, regularmente bonita e bem nascida.”; “O magistrado e sua família eram odiosos ao pai de Teresa, por motivo de litígios, em que Domingos Botelho lhes deu sentenças contra.”).
Na peça de Adam Shankman, Sean e Emily também se apaixonam, no entanto não é um ódio que os separa mas os interesses e valores que o casal tenta lutar contra o empresário.
De forma a tentar evitar que o bairro histórico de Miami seja destruído pelo pai de Emily, os The Mob juntam-se, usando a sua principal arma, a dança. Com pequenos momentos de pura imaginação, representação e dança defendem os seus ideais. Emily acaba por se juntar ao grupo de Sean, e virar-se contra o pai, tal como Teresa de Albuquerque e Simão, quando os proíbem de se amarem, por pertencerem a famílias que se odeiam (“Fugirei como um assassino, e meu pai será meu primeiro inimigo, e ele mesmo há de horrorizar-se da minha vingança… A ameaça só ele a ouviu (…) ”- Cap. IV).
Ao longo de ambas as histórias, os casais assemelham-se por, apesar de os pais não gostarem que tal relação exista, nenhum deles desiste dele, tomando até algumas loucuras por amor. No filme, Emily acaba por desistir do sonho de ser bailarina para se juntar ao protesto com os The Mob e Teresa por aceitar ir para um convento.
Finalmente, apesar de os dois casais lutarem para ficarem junto, o fecho da história acaba por ser díspar. Em Amor de Perdição, depois de muitas cartas como única fonte de contacto graças a Mariana, acabam os dois a morrer, Teresa por tuberculose e Simão por não aguentar o sofrimento de ter a sua amada morta (“Tu verás esta carta quando eu estiver num outro mundo, esperando as orações das tuas lágrimas. As orações! Admiro-me desta faísca da fé que me alumia nas minhas trevas!...Tu deras-me como amor a religião, Teresa. Ainda creio; não se apaga a luz que é tua; mas a providência divina desamparou-me.”- Cap X), e, em Step Up Revolução, acabam os dois juntos, e de pazes feitas com o empresário, após um dos seu últimos protestos ritmados ter feito o pai de Emily mudar de ideias quanto à destruição do bairro.

Grego (Bom (+))
O Amor nos Tempos de Cólera (Mike Newell, Love in the Time of Cholera, 2007) é baseado no livro com mesmo nome, da autoria do colombiano Gabriel García Márquez e publicado em 1985. A trama versa o amor de Florentino Ariza e Fermina Daza, que se apaixonaram à primeira vista mas foram separados dada a diferença de estados sociais.
Ao contrário de Amor de Perdição, o filme de Mike Newell passa-se em duas épocas diferentes: primeiro, no final do século XIX, quando Florentino e Fermina se veem pela primeira vez, e a meio do século XX, quando se reencontram, já com idade avançada. Já a ação principal da obra de Camilo passa-se num curto espaço de tempo, em inícios do século XIX.
Em ambas as histórias, os personagens se veem pela primeira vez (e, consequentemente, apaixonam-se) através de uma janela, Simão e Teresa da janela das suas respetivas janelas, enquanto Fermina está na sua janela e Florentino vai a passar na rua. O desenvolvimento do amor dá-se de diferentes formas em cada obra: Simão e Teresa falam à noite pela janela no romance camiliano, enquanto Florentino escreve cartas apaixonadas a Fermina.
Os pais de Teresa e Fermina, ambos de caráter tirano e opressivo, descobrem o amor secreto das filhas. Tadeu de Albuquerque, pai de Teresa, rejeita o amor da filha por Simão devido ao ódio recíproco que tem por Domingos Botelho, pois este, um juiz, havia-lhe dado uma sentença desfavorável.
Depois de separadas dos seus amados, ambas as raparigas foram obrigadas a casar. Fermina acaba por com o médico da família, Juvenal, anos mais tarde, enquanto Teresa rejeita casar com o primo Baltasar. A ação de casamento forçado por Tadeu é imediata, enquanto Lorenzo manda Fermina para a casa dos tios e, anos mais tarde, aí sim, a força a casar com Juvenal. Já em Amor de Perdição, Tadeu manda Teresa para o Convento de Monchique, no Porto, após esta ter rejeitado casar com Baltasar ("Meu pai... mate-me, mas não me force a casar com meu primo! É escusada a violência, porque eu não caso!"), que acaba morto por Simão.
No final do romance de Camilo, Simão, após estar preso, é exilado para Goa durante dez anos. No caminho de barco, passa em frente ao Convento de Monchique onde está Teresa, fraquíssima devido à doença. Teresa acaba por morrer em frente à janela, de amor. Simão, também doente, morre também de amor. O seu corpo é atirado ao mar, que segue Mariana da Cruz, apaixonada pelo herói da obra, e que o tinha ajudado a manter contacto com Teresa. No final do filme de Mike Newell, Juvenal morre acidentalmente em casa. Florentino vai ao funeral do médico e fala pela primeira vez em cinquenta e três anos, sete meses e onze dias com a sua amada, Fermina, com a qual viverá até ao final da sua vida.
Amor de Perdição é uma das grandes obras da literatura portuguesa e O Amor nos Tempos de Cólera é baseado num dos grandes livros da literatura do século XX. Ambas as histórias se centram num amor proíbido, com aspetos semelhantes e contrastantes durante todo o enredo. Os finais são as partes mais distintas, pois um acaba em alegria e o outro em tragédia, mas ambas as histórias nos marcam, seja ao leitor de O Amor de Perdição e o espectador d’O Amor nos Tempos de Cólera.

Beatriz Pa (Suficiente +)
A história do filme Endless Love, de 2014, assemelha-se à obra de Camilo Castelo Branco Amor de Perdição.
Tal como Teresa, Jade Butterfield é uma rapariga de uma família abastada que tem um futuro brilhante pela frente e se apaixona por um rapaz (“o amor da fidalga”) com um historial agressivo, roçando a delinquência. À semelhança de Simão Botelho, David Elliott desempenha, de uma certa forma, o papel de herói romântico, forte, charmoso que não segue os padrões da sociedade, tornando-se desta forma uma má influencia aos olhos dos pais. A diferença entre ambos reside no facto de David trabalhar para ajudar o pai a manter a oficina, já Simão provinha de famílias com posses.
Simão mete-se em brigas desnecessárias («corre de noite as ruas insultando os habitantes e provocando-os à luta») o que faz com que seu irmão o tema («Manuel, cada vez mais aterrado das arremetidas de Simão»). A forma impulsiva e enérgica com que David defende os seus valores confere-lhe um rótulo que não é o verdadeiro.
Os pais de Teresa e Jade são extremamente protetores e fazem tudo para mantê-las longe de Simão e de David, respetivamente. São ambos rapazes problemáticos e, até mesmo, com cadastro, no caso de David; Simão só fica com cadastro criminal depois de ter morto Baltasar, primo de Teresa («Baltasar tinha o alto do crânio aberto por uma bala»), e se ter entregue à polícia, pois Tadeu Albuquerque tinha prometido a mão da sua filha a Baltasar.
Tadeu, pai de Teresa, nunca aceitou o “namoro” entre a filha e Simão, dada a rivalidade e a inimizade entre as duas famílias. No entanto, o pai de Jade aceita inicialmente o namoro, no pressuposto de que este não passaria de uma paixoneta de verão. Contudo, quando Jade se recusa a ir para o curso de medicina, seu pai envida todos os esforços para terminar o namoro, chegando ao extremo de conseguir uma ordem judicial de afastamento de David. Também Tadeu tenta resolver o assunto de forma drástica, enviando sua filha para um convento com o intento de impedir o namoro com Simão e, ao mesmo tempo, forçá-la a aceitar o casamento com Baltasar, assumindo afastá-la da vida secular para sempre num convento («Morrerás num convento!»).
Na obra de Camilo os dois amantes acabam por morrer de desgosto por se verem apartados para sempre; já no filme Endless Love o casal apaixonado fica junto para viver o seu amor intensamente.


João R. (Bom (-)/Bom)
(500) Days of Summer, ou (500) Days of Summer, em português, não é a típica história de amor com um final feliz a que estamos habituados. O protagonista Tom, conhece Summer (também traduzível para “verão” em português) no seu local de trabalho. Após alguns meses de convívio, Tom e Summer aproximam-se e existe um claro contraste: enquanto Tom se apaixona, Summer faz questão de dizer que não acredita no amor e que não está à procura de uma relação. O amor floresce involuntariamente durante algumas semanas, e culmina numa relação amorosa.  O cliché aparece a meio do desenrolar da ação, quando se adivinhava um final feliz. Semelhante a Amor de Perdição, e a tantas outras obras com um fundo romântico, o antecipado final feliz, presumível através do desenlace do enredo, acaba por não acontecer. A relação de Summer e Tom parecera ser perfeita, mas repentinamente e partindo da vontade da protagonista, uma discussão acesa provoca a separação do casal. Em causa estaria o facto de Summer Finn não acreditar no amor verdadeiro. Após a separação, muitos são aqueles que se esforçam para tentar reunir o casal, tal como Mariana em Amor de Perdição, à exceção da irmã mais nova do protagonista masculino que o aconselha a seguir em frente.  A distância entre os dois ao longo de alguns meses desempenha um papel fulcral nesta história e, mais uma vez, o contraste entre a atitude dos dois é fundamental. Mais uma vez são sublinhadas as inúmeras diferenças de personalidade e carácter.  A forma como Summer lida com a separação é completamente diferente da forma como Tom procura, ainda que não seja bem sucedido, esquecê-la. De facto, Tom não é capaz de esquecer Summer devido a um sentimento muito característico e humano – a saudade: “Não deve custar a morte a quem tiver o coração tranquilo. O pior é a saudade, saudade daquelas esperanças que tu achavas no meu coração”(Amor de Perdição).
Os dois protagonistas reencontram-se numa festa de noivado de um colega de trabalho e Tom ilude-se ao pensar que se estaria novamente a aproximar da sua amada. Repara que ela tem um anel de noivado no dedo, e sai da festa em choque. Entra, então, num período muito complicado da sua vida ao enfrentar uma dura depressão. Cortando  todos da sua vida, refugia-se no álcool. Tom “amou e perdeu-se”.
Acabaria por encontrar Summer algum tempo depois e, num local muito simbólico a ambos, ela acaba por confessar que, finalmente, encontrara o amor verdadeiro e que em nada era semelhante ao que alguma vez sentira por Tom. Doze dias depois, o protagonista marca um encontro com uma rapariga que concorrera à mesma entrevista de emprego que ele – Autumn (“Outono” em inglês). O final do verão marca o início do Outono e o começar de um novo ciclo, de uma nova etapa, de uma nova aventura e, para Tom, uma nova paixão. Esquecer a desgraça que em tempos o atormentara e escrever uma nova página. Como escrevera Camilo Castelo Branco: “Ama-me assim desgraçada, porque me parece que os desgraçados são os que mais precisam de amor e de conforto.”

Tomás (Bom -/Suficiente +)
Embora não pareça, o filme Me before you (ou, em português; A Minha Vida Depois de ti), dirigido por Thea Sharrock, e o romance Amor de perdição, escrito por Camilo Castelo Branco, têm um tema idêntico. Ambos relatam num amor impossível, com personagens que têm um destino quase sombrio.
No filme, temos Louisa Clark que começa a trabalhar como enfermeira de William Traynor, um homem rico que, após um acidente terrível, fica tetraplégico. Depois de  algum tempo, as personagens apaixonam-se (algo muito pouco profissional mas um ótimo enredo para um filme romântico), mas o seu amor é impossível, visto que, como William não se consegue mexer e, consequentemente, não consegue aproveitar os momentos com Louisa, consequentemente Louisa descobre os planos de William para acabar com a sua vida num suicídio assistido.
O filme e o texto estudado em aula são bastante parecidos porque ambos tratam de um amor impossível, num caso por uma personagem ser tetraplégica e, no outro, porque as personagens pertencem a famílias que se odeiam. No texto, Simão é condenado a uma vida no degredo (consequência de matar Baltasar, primo e prometido marido de Teresa), mas morre antes de cumprir a sua sentença; no filme, William é “condenado” a uma vida numa cadeira de rodas (consequência de ter sido atropelado por um motociclista) mas morre ou, mais corretamente, suicida-se antes de cumprir a “pena”. No texto, Teresa (o amor da vida de Simão), depois de desafiar o seu pai negando-se a casar com o seu primo, é posta num convento e morre de desgosto e tristeza por nunca mais poder estar com Simão. No filme, a Louisa, enfermeira e amor de William, saiu a lotaria, literalmente. Depois de se suicidar, William deixa a Louisa uma “pequena” quantia de dinheiro para que consiga seguir os seus sonhos e, como se não chegasse, paga-lhe uma viagem a Paris para que Louisa consiga saborear um croissant num café ao pé da torre Eiffel.
No filme não existe, no entanto, uma Mariana, a amiga de Simão que está apaixonada por ele e o acompanha até à sua morte e se suicida. Temos exatamente o contrário: o melhor amigo de William rouba-lhe a sua namorada, que o deixara depois do acidente e que depois convida William para o seu casamento, despertando sentimentos de ódio. Outra distinção entre o filme e o texto e o facto de o amor de Louisa e William não ser um amor à primeira vista. No início da sua relação profissional, Louisa pensa que William a odeia, consequência de o segundo ser bastante rude.

Mafalda M. (Suficiente (+))
O amor impossível! Quem não gosta de suspirar por uma história de amor impossível? Tanto Camilo Castelo Branco como Jojo Moyes, o escritor do livro Amor de Perdição e a escritora do livro e roteirista do filme Me Before You, que nas salas portuguesas teve o título Viver Depois de Ti, nos souberam trazer esse estado.
O filme Me Before You foi lançado em 2016, tendo tido muitas críticas, por retratar um tema bastante controverso, a eutanásia. Lembro-me da primeira vez que vi o filme, achei uma grande injustiça duas pessoas que aparentemente estão destinadas a ficar juntas não poderem ter um final feliz, por conta de problemas externos. Assim que acabei de ler o livro de Camilo, esse sentimento voltou a tomar-me.
No filme, as personagens principais são Louisa Clark, uma mulher alegre, divertida, extremamente persistente e romântica; e Will Trainor, que sofreu um acidente grave que o deixa tetraplégico, que lhe tira toda a garra de viver que um dia tivera, por isso é um homem taciturno, ainda que com sentido de humor (embora quase sempre usado de forma obscura), decidido e atento aos pormenores. Quando se conhecem, é um braço de ferro até Will aceitar que Lou e todo o seu carisma entrem na sua vida. No final deste processo, Will parece ter esperança num futuro melhor, até que Lou descobre o verdadeiro motivo por que foi contratada. A partir desse momento, há uma corrida contra o tempo, para tentar que Will mude de ideias.
Amor de Perdição é um romance que nos leva à superficialidade dos patriarcas da família Botelho e Albuquerque, que nem tentam colocar a felicidade dos filhos à frente dos problemas antigos, e esse começa por ser o problema principal. Enquanto Simão Botelho é rebelde e não tem mãos a medir quando se trata de ajudar alguém, Teresa Albuquerque é uma moça pintada à época, dona duma beleza angelical, uma imagem pura. No início encontram-se as escondidas dos pais, e sem que ninguém desconfie fazem juras de amor. Quando Tadeu de Albuquerque descobre, faz tenção de que a filha case com o primo, Baltasar. A trama torna-se sombria quando Simão é preso por matar o primo de Teresa e esta é levada para um convento, onde acaba por morrer, mas antes deixa uma carta a Simão onde fala da sua morte. Quando ele a recebe, vai a entrar a no barco que o levaria àÍndia, cumprindo assim o seu exílio de dez anos pelo crime cometido.
A personagem Simão, tal como Will, muda o seu comportamento após conhecer a amada. Os dois acabam por morrer, Simão porque entra numa espiral de sofrimento induzida pela morte de Teresa e pelas doenças que o atingem em alto mar. Já Will planeia a sua morte, por não conseguir imaginar uma vida em que não seja capaz de viver, como vivera antes do acidente. Surpreendentemente, em Me Before You, Lou tem um maior desenvolvimento na sua forma de ver a vida depois de Will.

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