Saturday, August 26, 2017

Viagens do 10.º 2.ª


Ficam as crónicas de viagem (por vezes, mais relatos de viagem do que crónicas) cujas reformulações me foram enviadas. As classificações — que acabam por se reportar à primeira versão, a não ser quando pude notar que não foram lançadas as emendas que introduzira — ficam junto do nome dos autores. Nesta versão não pus, em geral, as fotografias.

Arriscar um cenário branco
Sendo eu uma pessoa muito friorenta, sempre me tentei manter longe de climas frios, de montanhas e dos seus cumes cobertos de neve. Mas este meu desconforto nunca me impediu de dizer que sim a uma viagem.
E esta tornou-se, aliás, uma viagem a aconselhar aos amigos. Principalmente aos que nunca experimentaram uma estância de ski.
Tudo começou quando os meus tios me convidaram para ir com eles de férias, numa semana de março. A motivação era muita. A viagem implicava ter a companhia dos meus primos e substituir as aulas escolares por aulas de ski. Esta última questão implicava ainda conseguir convencer os meus pais das vantagens de tal troca. Foi difícil, mas não impossível (caso contrário, não estaria a contar-lhe esta aventura).
Após uma viagem que seria de oito horas não fossem as paragens culturais e técnicas em Madrid e Saragoça, chegámos a Formigal, em Espanha, junto da fronteira com a França. O Formigal é uma área urbana, turística o quanto baste, situada nos Pirenéus Aragoneses, com paisagens impressionantes sobre as montanhas do “Vall de Tena”.
A estância Formigal-Panticosa tem seis  vales e 180km de pistas, tornando-se, assim, um dos maiores destinos de desportos de inverno em Espanha. Se estiver a pensar que vai encontrar muita confusão, filas e gente a mais, desengane-se. O Formigal compete com Andorra para os amantes do ski ou snowboard, tendo a vantagem de estar mais organizado, mais cuidado em termos de planeamento, pois é uma estância mais recente, e, ainda, de contar com excelentes infraestruturas resultantes de grandes investimentos feitos muito recentemente.
Ir com as aulas pré-pagas e o material alugado pode significar poder aventurar-se mais cedo no primeiro dia. Mas, se for a sua primeira vez, valerá a pena esperar por uma conversa com quem sabe do ofício, numa das escolas da estância.
Logo à chegada é recebido por Parques de estacionamento bem sinalizados e gratuitos. Pode contar com alojamento para todos os gostos e todas as bolsas. Eu fiquei na modalidade de apartamento, o que nos permitiu também cozinhar e rentabilizar, assim, melhor o tempo e os recursos financeiros. Existem, também, inúmeros bares e restaurantes onde pode comer qualquer coisa leve e rápida durante a hora de almoço, para poder aproveitar as pistas, ou refeições agradáveis e completas ao jantar, para recuperar as forças para o dia seguinte. Aconselho-o a passar pelo “Marchica”, o mais famoso bar après-ski dos Pirenéus. As lojas, as escolas de ski e os jardins de inverno completam a mancha colorida que é envolvida por um cenário branco que nos deixa sem respirar.
Perca-se mas pistas e aventure-se nas cadeiras que o transportam aos pontos mais altos. Vai valer a pena. E, no cimo da montanha, quando estiver a desfrutar de uma paisagem estonteante e de um cenário idílico, vai perceber como somos tão “pequeninos” perante o planeta e a sua geografia. Vai conseguir esquecer os problemas do dia a dia e carregar as baterias.
Aconselho-o a ir em breve, não vá o galardão recebido de melhor estância familiar em 2016/2017 aliciar um crescente número de praticantes e turistas que perturbem o equilíbrio de que ainda pode fruir.
Afonso [B(+)/B]

Casa, onde quer que seja
Há muito que estou habituada a senti-lo, mas estava errada quanto à sua origem. Não é a diferenças de culturas que incentiva o desejo de rever o que nos é familiar. A saudade surge quando nos apercebemos de que os sentimentos perduram independentemente da distância, como em resposta ao sentimento de pertença a um lugar longínquo. Foi em Cuba que o compreendi.
Havana surpreendeu-me. Há muito que ouvira falar nas cores alegres, nas cubanas sentadas à beira dos passeios com vestidos e lenços na cabeça a fumar charutos, enquanto os carros antigos, com peças de diferentes modelos anteriores, passavam na rua por carrinhas a vender fruta, perto das quais crianças jogavam à bola. Mas presenciarmos o que pensávamos já conhecer tem o dom de nos proporcionar a sensação de estarmos rodeados de uma realidade nova. A cidade deixa de ser um conjunto de histórias e imagens, ganha vida.
Não pude deixar de notar o sotaque do Emílio, o simpático motorista do táxi, diferente do castelhano a que estamos habituados. Deixou-nos numa rua agitada, no meio de um trânsito confuso que lembrava as ruas da Índia, pela exuberante desorganização. Saímos perto do café El Floridita, onde pousámos para uma fotografia junto a Hemingway. Depois, encontrámos uma estátua do nosso Camões. Voltámos a entrar no táxi. Era hora de almoço e os nossos amigos cubanos insistiram para que fôssemos onde nos levavam. Chegámos a um bairro longe do centro. Estacionámos ao lado de um espaço verde, mais mata do que jardim, e encaminhámo-nos para uma das moradias baixas e antigas da ruela. Passámos o portão e entrámos num átrio. Em vez de avançarmos para a porta da frente, seguimos o Emílio na direção das traseiras. Foi aí que senti a curiosidade transformar-se em fascínio.
Era um restaurante repleto de famílias, de barulho saudável. Mas não era apenas um restaurante. Na fase mais ortodoxa do regime não era permitida a iniciativa privada. Tal política levou os que desejavam ter negócios próprios a fazê-lo discretamente, dentro das próprias casas. Era comum abrir a porta a desconhecidos, os convites surgindo como forma de negócio mas também por simpatia. Enquanto esperava sentada na cadeira de verga com os braços apoiados no tampo de madeira, ouvia a banda que tocava à minha frente, abanando a cabeça ao ritmo das músicas latinas. Reparei nas fotos de Che Guevara distribuídas pelas paredes brancas e gastas. Os bancos ao lado do balcão eram ocupados por homens cubanos que bebiam e conversavam. À volta das mesas andavam galinhas, que intrigavam as crianças que as perseguiam.
O ponto forte de todas as viagens é a altura em que nos sentimos parte da cultura em que nos encontramos. Poderia ter sido só mais uma refeição. Para mim, foi o estabelecimento de uma ligação com o local. Gostava verdadeiramente daquele país, do conforto que qualquer lugar adquiria, mesmo entre paredes brancas e antigas cuja tinta deixava descoberto o cimento.
No dia seguinte esperava-me um avião. Mas não me sentia longe de casa. Deixava um lugar distante que nunca estivera tão próximo. Regressava com uma nova casa. Sabia agora como designar o que sentia. Era saudade.
Marta [MB]

Reviver o passado histórico
Cheguei a Penedono em princípios de julho, para assistir à feira medieval anual, que tenta reportar-se a fatos históricos relacionados com o passado desta vila beirã do distrito de Viseu.
Para mim, tudo é desconhecido, porque nada me liga a este local. É a terra da minha avó materna e pelos relatos das suas memórias de infância fico a conhecer as tradições, os costumes, o modo de viver e de ser desta gente do interior de Portugal. O castelo medieval que se ergue sobranceiro sobre uns penhascos, espreita o Douro à distância, lembra um passado histórico que se perde na bruma dos tempos e é envolto em mitos e lendas. O primeiro foral de Penedono é atribuído ao Rei D.Sancho I. Mais tarde, já no século XIV, ali nasceu Álvaro Gonçalo Coutinho, “O Magriço”, num solar onde é hoje a Câmara Municipal.
Era alcaide do castelo de Penedono, quando D. João I foi escolhido para rei de Portugal, depois da crise de 1383-1385. Álvaro Gonçalo Coutinho, foi um dos cavaleiros fieis a D.João I, tendo até participado na batalha de Trancoso, na Guerra da Independência.
Diz a lenda que participou no episódio dos Doze de Inglaterra. Consta nos anais da história Inglesa que foi um dos doze cavaleiros escolhidos para ir a Inglaterra defender uma dama. Camões, no canto sexto d’Os Lusíadas, refere-o como o vencedor deste torneio. São estes os atos valorosos que o povo de Penedono homenageia nesta feira.
A Ceia Medieval criada num ambiente com características da época e os espaços concebidos dentro da vila para compra e venda de objetos e produtos característicos da época medieval contribuem para nos fazer compreender tudo aquilo que a história nos transmite de um passado distante. Mas o ponto alto desta iniciativa é o assalto ao castelo, sempre revivido de forma imaginativa e, claro, favorecido pelos meios técnicos contemporâneos, que encantam os milhares de transeuntes que todos os anos acorrem a este evento.
São três dias de movimento, entusiasmo e alegria, que termina quando os de fora partem. A vila volta ao seu quotidiano, numa paz e sossego a que nos tempos de hoje não estamos habituados, sobretudo os que vivem nas grandes cidades. No remanso das suas casas e dos seus locais de trabalho, começam a viver dias que parecem não ter fim. Os homens voltam para os campos com os seus rebanhos, a cuidar das terras, para alguns ainda a forma do seu sustento. Os invernos inclementes contribuem ainda mais para o seu isolamento.
O castelo lá continua impávido, a espreitar o horizonte. Em breve chegarão os imigrantes que o revisitarão e os turistas que todos os dias por ali passam e o admiram.
Eu regresso a casa, com recordações que vão perdurar na minha vida. Quando penso que estes factos históricos perdidos nas memórias dos tempos, ainda no século XX inspiraram a denominação atribuída à seleção portuguesa de futebol de “magriços”, quando em 1966 foi disputar o europeu de futebol a Inglaterra. Foi uma homenagem ao Magriço de Penedono, que, também ele, no século XIV, foi defender a sua dama a Inglaterra.
Miguel B. [B(-)]

Perdidos num planeta desconhecido
Estávamos a caminho de um novo planeta para o colonizarmos, Alpha Centauri, para termos melhores condições de vida ou, até mesmo, para podermos recomeçar a nossa vida num lugar melhor.
A viagem estava a correr como de previsto,bem e sem quaisquer problemas, pensávamos nós. Até que as luzes vermelhas de emergência começaram a piscar pela Resolute toda,nave mãe deste operação de colonização, e também nos estavam a dizer para irmos para o nosso Júpiter,nave/casa de cada família, e iniciarmos o protocolo de emergência. Ninguém sabia porquê, mas todos o fizeram porque estavam com medo.
Eu e a minha família sentámo-nos à mesa e começámos a jogar às cartas para nos acalmarmos e foi então que se ouviu uma grande explosão e muitos gritos vindos de fora do nosso Júpiter Passado alguns minutos, começámos a ter a sensação de que o nosso Júpiter estava a andar,o que não era suposto acontecer, visto que estava preso à Resolute.
Quando acordámos já tínhamos aterrado mas ainda não sabíamos onde.Após sairmos do Júpiter apercebemo-nos de que tivéras muita sorte pois a atmosfera do planeta onde nós tinhamos aterrado não era tóxica. Se fosse, o meu irmão teria morrido no momento em que saiu do Jupiter,uma vez que o seu fato de proteção estava rasgado.Parecia que tínhamos aterrado num iceberg.
Não havia vegetação, estava tudo congelado à nossa volta e os nossos termómetros apontavam para os quinze graus negativos.Começámos a sentir o chão a tremer e o gelo a partir-se à nossa volta e, quando olhamos para o nosso Júpiter, reparámos que ele se estava a afundar num lago que dentro de poucos minutos, iria tornar-se em gelo.Quando isso acontecesse, iria ser impossível buscar os mantimentos necessários para sobrevivermos.
O meu pai disse que devia ser eu. Visto que era o mais pequeno e o mais leve e por isso devia ser o único a caber na válvula que estava mesmo em cima da sala de mantimentos, mas, quando estava prestes a saltar para a água, fiquei petrificado com o medo, pois, se não fosse rápido o suficiente, podia ficar congelado. Foi então que olhei para o lado e vi o meu irmão a atirar-se para a água e a nadar o mais rápido que conseguia, mas, como previsto, não coube na válvula e então decidiu voltar para trás, mas já era muito tarde e ficara congelado.
O fato do meu irmão so tinha mais seis horas de oxigénio por isso nós tínhamos seis horas para o tirar do gelo.Enquanto estávamos a pensar numa maneira de o tirarmos dali reparei que não muito longe do sítio onde estávamos, estaria uma mina de magnésio e podia estar ali maneira de tirar o meu irmão do gelo, pois o magnésio arde no gelo,então, eu e o meu pai fomos buscar magnésio para tirar o meu irmão do gelo.
Quando voltámos ele ainda tinha duas horas e meia de oxigénio, o que nos dava tempo suficiente para derreter o gelo à volta dele e tirá-lo dali.
Após o tirarmos do gelo pensámos em como ir buscar os mantimentos que estavam no Júpiter ainda pensamos em derreter o gelo à volta do Júpiter mas, provavelmente, iríamos morrer antes de conseguirmos chegar a ele.
Todos nós pensámos em ficar a viver naquele planeta mas, se só houvesse gelo, iria ser inútil, pois iríamos acabar por morrer na mesma então começámos a explorar o planeta até que encontrámos uma floresta relativamente próxima do nosso acampamento. Também conseguiamos ouvir animais.Então decidimos ficar a viver definitivamente naquele planeta que ainda não tinha nome.
Ângelo [S]

Jovens em Sevilha
A minha ida a Sevilha não foi de certa maneira uma decisão própria, visto que foi uma viagem de finalistas do 9º ano organizada por professores. No entanto, foi fantástica. Quando chegámos dirigimos-nos logo para a Catedral (não posso deixar de referir que o tempo de espera para lá entrar foi enorme e, como era maio, o calor que se fazia sentir era tremendo, dificultando ainda mais a espera). A catedral era linda, com paredes muito trabalhadas e tetos altissímos, possuía também uma influência islâmica bastante notória (que os professores explicaram estar presente em quase toda a cidade), mas a melhor parte era mesma os seus pátios que eram percorridos por  cursos de água muito pequenos, mas extremamente refrescantes e relaxantes.
De seguida, partimos para uma breve visita à torre La Giralda, a construção mais alta de Sevilha. A subida até ao topo foi relativamente fácil, pois, em vez de escadas, o acesso é feito por rampas, porque na época dos mouros o responsável por tocar o sino no topo subia a torre de cavalo (uma ideia de génio, diga-se de passagem: eu sou novo, mas os meus joelhos já não gostam muito de subir escadas). A chegada ao topo foi reconfortante e recompesadora, pois dali via-se toda a cidade que por sinal era muito bela.
Assim acabou o primeiro dia, dando-se início à primeira noite que, como é de calcular, foi recheada de jogos, piadas, muitos salgados e guloseimas, uma bela dose de falta de dormida e, claro, umas vistas dos professores aos quartos a meio da noite para nos mandar para a cama (sempre sem sucesso).
O segundo dia foi provavelmente o melhor e mais emocionante. Fomos à Isla Mágica, um parque de diversões temático dos descobrimentos e que foi criado a partir das instalações da Expo 92. Foi a minha primeira experiência com parques de diversões. Confesso que estava com algum receio, pois, quando entrei, deparei-me com várias diversões que pareciam tudo menos seguras e racionais. Por exemplo: estar preso a uma cadeira a setenta metros de altura que vai descer quase em queda livre para ser depois travada a poucos metros do chão.
Quando regressámos do parque, fomos jantar e dormir a um convento. Não posso deixar de referir que as refeições em Sevilha são servidas de uma forma muito interessante. Recebemos os diferentes elementos do prato separadamente. Exemplo: colocam o arroz no nosso prato, quando o acabamos de comer trazem as batatas; quando as acabamos, trazem a carne; e assim sucessivamente até não existirem mais elementos.
Para acabar, no último dia visitámos o Alcázar de Sevilha, um palácio no qual estão presentes elementos de diversas culturas. Quando o visitei, parecia que sempre que mudava de sala também mudava de país. Posso afirmar sem a menor dúvida que é o melhor monumento que visitei em Sevilha.
João S. [S+]

As estranhas lembranças de Londres
A minha viagem a Londres foi, sem dúvida, a melhor semana fora de Portugal em toda a minha vida. Não só tive o privilégio de conhecer a cidade que toda a gente adoraria ver como vivi grandes experiências em relação a expressões inglesas, comidas, etc.
Existe uma coisa em especial que ficou na minha cabeça até hoje, algo que nunca pensei decorar, mas que era de tal maneira repetitivo durante aquela semana que até hoje a sei dizer: A mensagem que era passada no metro em todas as paragens, para termos cuidado com o espaço entre a carruagem e a plataforma: “please mind the gap between the train and the platform. Eu sei que este aviso também é ouvido em certas paragens em Lisboa, mas, em Londres, era em todas e, como o meu dia era quase todo passado no metro, o aviso tornou-se mais uma lembrança de Londres.
Um dos outros aspetos curiosos sobre esta viagem foi o facto de o restaurante ao qual nós fomos mais vezes (pois era perto do nosso hotel e nós precisávamos de nos despachar) ser gerido por portugueses e nós só o termos descoberto no último dia. Eu sei que o leitor deve estar a pensar que esse restaurante é o tão conhecido nandos, mas não, era um simples restaurante que não pedia gorjeta no talão e tal coisa só poderia ser feita por um verdadeiro português.
Londres é, sem dúvida, uma cidade a visitar, mas tive também algumas deceções desde a esperar duas horas numa fila para entrar numa casa de terror que não aterrorizava nada, até ficar um dia inteiro no aeroporto à espera de um voo que acabou por ser cancelado. Sim, é verdade, durante esta semana aconteceu tudo. No último dia, estávamos tristes por ir embora, mas não esperávamos ficar lá por mais um dia. O que é certo é que, num espaço de cerca de seis horas nós esperámos por um voo que sempre foi inexistente pois não havia um avião destinado para o nosso voo (embora eles tenham dito que o avião tinha se avariado), marcámos uma noite num hotel e um novo voo para o dia seguinte, eu e a minha família funcionámos como uma equipa e conseguimos chegar a Lisboa no dia seguinte. O que é certo é que aquela noite foi um “inferno” pois eu estava muito cansado, porque ainda era novo, e acabei por me deitar às três horas da manhã e levantar-me por volta das seis.
A partir deste texto pode-se dizer que a minha viagem a Londres foi uma grande experiência de vida. Agora que sou mais velho, gostaria de visitar Londres outra vez para viver este tipo de momentos de maneira diferente. Esta viagem serviu-me também de lição de que não é só Portugal que é desorganizado em relação a Inglaterra, como, por exemplo, o tempo de espera dos transportes públicos são tão longos em Inglaterra como em Portugal e eu sei que isso é quase impossível.
Adorei esta viagem. Foi, sem dúvida, algo para recordar e para contar aos meus filhos, umas das minhas primeiras viagens para fora de Portugal e em que conheci monumentos que via em imagens de filmes, como o Big Ben, estádios de futebol, London Eye, London Bridge e muito mais. Uma viagem de sonho para qualquer pessoa.
Henrique [S+/B-]

Viagem de finalistas para não finalistas
Quando chegamos ao 9.º ano, é-nos prometida uma viagem de finalistas. Às vezes para Inglaterra, outras para França, e, muito raramente, para outros países. Mas sempre houve uma coisa que eu não entendi. Um finalista é alguém que acaba algo. Neste caso, para a escola um aluno do 9º ano é finalista do quê? Finalista do 9º ano? Finalista do 3º ciclo? Assim não deveríamos ser finalistas do 1º ano ao último? Não vale a pena perder tempo nestas perguntas, é preferível continuar com o assunto principal.
Chegamos ao 2º mês de aulas e numa reunião falam da tal viagem. Dizem onde era o destino (que, neste caso, era Paris), o hotel, os transportes, entre outras coisas; mas a mais importante era o preço. Era muito caro para a viagem que era. Eu olhei para o preço e pensei que fosse ficar num hotel cinco estrelas, comer comida de fidalgo todas as refeições, dormir numa nuvem, ir aos museus mais caros, e tudo isto sem dar um passo. Íamos ter uma limusina todos os dias à porta do hotel à nossa espera.
Passam-se uns meses e está na altura da viagem. Fomos de avião, que demorou cerca de uma hora se não me engano, e chegámos ao aeroporto do nosso destino são e salvos… um bocado cansados da viagem mas salvos. Chegámos lá e fomos recebidos com chuva e frio, típico de França. Pequena caminhada para a zona de autocarros, entramos num e começamos a ir para o hotel. Durante a viagem de autocarro, passámos por hotéis de cinco estrelas, com milhões de andares e com montes de gente fina à volta. Eu pensei que iríamos ficar por ali naquela zona, mas algo estava errado. O condutor não parava, nem tinha intenção disso. Comecei a ficar assustado, o condutor estava a raptar-nos, estava a leva-nos para um sítio errado. Aquele era o nosso sítio. Com a quantidade de dinheiro que tínhamos gasto naquela viagem, aquela era a nossa zona. Uns minutos depois, chegámos ao nosso hotel. No meio do nada, acho que era de três estrelas. Fora enganado.
Reunimo-nos à frente do hotel e descubro que estou no quarto com dois amigos meus. Subo as escadas (o elevador estava cheio de gente) e chegámos ao quarto. Um quarto pequeno, com paredes verdes e uma casa de banho minúscula. Mas a melhor parte ainda estava para vir, eu ia naquele momento ver a paisagem. Estava a imaginar ver a torre Eiffel, alguns prédios altos… Chego perto da janela tiro, o cortinado da frente e fico boquiaberto. Nunca tinha visto tal paisagem. À esquerda, tínhamos uma auto-estrada bastante barulhenta. No meio, três restaurantes de fast food, um supermercado e uma bomba de gasolina. E, para acabar esta paisagem maravilhosa, à direita conseguia observar uma fábrica.
O resto da viagem foi aceitável, mas acho que não foi bom o suficiente para o descrever aqui.
Ficam duas morais: a primeira é que nunca se deve avaliar uma viagem pelo seu preço; a segunda é que se querem ir a França, preparem-se, não vai ser barato, nada barato.
G. Cabo [B(-)/B-]

Uma semana em Londres
A primeira visão que tivemos sobre esta magnífica cidade foi quando nos encontrávamos em Surrey-Sussex. Estávamos bastante longe, logo tivemos de apanhar o comboio em direção à estação de Victoria, onde apanharíamos o metro que nos levaria a Paddington, para nos hospedarmos em Sussex Gardens.
Era o primeiro dia, não estávamos cansados, logo tínhamos de aproveitar esta oportunidade: fomos desde Sussex Gardens até Picaddily Circus parando loja sim loja não, incluindo numa enorme loja da LEGO. Visto que já tínhamos andado o suficiente, apanhámos o autocarro que nos levaria ao nosso hotel.
No dia seguinte, fomos a pé até Baker Street, onde visitámos a casa onde “viveu” o famoso detetive Sherlock Holmes. Embora estivesse muito ansioso por visitar esta casa, não gostei muito dela pois foi adaptada à série Sherlock e não se parecia com a casa onde viveu o Sherlock Holmes interpretado por Jeremy Brett.
De seguida, fomos ao Madame Tussaud, onde tirámos imensas fotografias com as nossas celebridades favoritas (feitas em cera). Falei com algumas delas e, no entanto, nenhuma me respondeu…
Aproveitámos para passear um pouco por Hyde Park onde tirarámos muitas fotografias e apreciámos o cenário com que nos deparávamos.
Fomos visitar a estação de Kings Cross e acabámos por jantar lá. Para minha surpresa, havia um quadro de um elétrico claramente lisboeta no restaurante em que jantámos.
Apanhámos o autocarro que nos deixou no nosso hotel.
Outro dia, e este prometia ser um dos melhores da minha vida pois já o esperava há muitos anos. Iríamos apanhar o autocarro que nos levaria aos estúdios dos filmes Harry Potter. Na viagem de cerca de uma hora e meia seria transmitido o filme, para não nos esquecermos de nenhum pormenor, creio eu. Os estúdios estavam cheios de adereços desde as roupas que os atores usaram até uma maquete enorme do castelo de Hogwarts. Senti-me dentro dos filmes.
Voltámos novamente de autocarro, onde acabámos de ver o filme e que nos deixou na estação de Kings Cross e regressámos num dos tão conhecidos autocarros vermelhos para o nosso hotel.
Neste novo dia fomos encher os nossos olhos de riquezas e extravagâncias pois visitámos a Torre de Londres onde se encontram as coroas, os diamantes, as colheres banhadas a ouro da família real. Atravessámos a Ponte de Londres e fomos andando junto à margem do rio. Visitámos Convent Garden, onde ouvimos música espetacular e apreciámos extraordinárias exibições de magia. Como já estávamos muito cansados decidimos ir mais cedo para o hotel para descansarmos.
Mais um dia em Londres e este seria um dia só dedicado a museus: Museu da Ciência e o Museu de História Natural. Depois de apreciarmos tudo o que estes museus tinham para oferecer, fomos ao centro comercial Harrods.
No dia seguinte fomos ver outro museu só dedicado a James Bond (007). Foi muito bom pois tinha todos os veículos usados em todos os filmes e outros objetos conhecidos. Depois, dirigimo-nos ao local que só depois da viagem se tornou um dos meus locais favoritos de Londres: Portobello Road, em Notting Hill, onde se passa maioritariamente o filme Notting Hill. “Três vezes por semana aparecem barracas vindas não se sabe de onde que enchem as ruas desde Portobello Road até Notting Hill Gate, onde vendem todo o tipo de antiguidades, umas genuínas e outras nem tanto”.
O último dia fez com que a visita a Londres acabasse em grande: subimos ao topo do segundo edifício mais alto de Londres, o “Sky Gardens”, onde observámos uma vista magnífica de Londres e arredores.
João Pedro [S+/B-]

Viagem pelos caminhos da mente
Eu devia ter uns sete anos quando fui com o meu irmão mais velho ao cinema nas Amoreiras, para ver o filme de Tim Burton, Alice no País das Maravilhas, e a sua extraordinária e estranha viagem. Não posso dizer que não tenha gostado do filme, mas a verdade é que houve um detalhe que me marcou profundamente pela negativa: o gato e o seu riso perturbador, numa boca imensa, cheia de dentes sempre à vista, e uns olhos que brilhavam como vidro, enormes, frios, que pareciam olhar para dentro de nós, como se nos lessem. A intensidade da impressão causada em mim fez com que não conseguisse durante algum tempo tirá-lo da minha cabeça. Quem viu o filme deve saber perfeitamente aquilo que quero dizer. Ou não, pois todos temos formas diferentes de olhar para o mundo.
Convém explicar que nunca gostei de palhaços. Tal como as outras crianças, fui algumas vezes ao circo, mas não vibrei da mesma forma que elas. O riso dos palhaços tinha para mim algo de maléfico e aterrorizador. O excesso de pintura à volta da boca e dos olhos tinha (e continua a ter até aos dias de hoje) um efeito pouco simpático, contrariamente ao que sente a maioria das pessoas. Acabei por associar os dois sorrisos (o do gato no filme e o dos palhaços) e o resultado foi que algum tempo depois tive um pesadelo que recordo até hoje, senão totalmente, pelo menos na maior parte dos seus detalhes.
Lembro-me perfeitamente de ter caído num buraco em que as cores eram o preto e o branco e de ir parar a um lugar mágico onde, pelo contrário, havia um imenso colorido. Sei que vi o gato e, curiosamente, era de cor roxa, com o tal sorriso arrepiante numa boca que se mexia, abrindo e fechando daquela maneira que era para mim tão incómoda e assustadora. Não faltaram neste meu sonho a 3D alguns detalhes da história da Alice, como o coelho que também era branco, pequeno e, recordo, com umas enormes orelhas. Havia uma mesa posta para o chá, com chávenas, claro está, guardanapos brancos, um enorme relógio daqueles à antiga, de bolso, que pertencia ao coelho, tal como na história. Lembro-me de mais detalhes: o céu era rosa e havia imensos dragões castanhos e avermelhados que voavam por ali. Um deles passou por mim, tocando-me no braço com a cauda que era muito quente. Não me lembro de ter visto a Alice em parte nenhuma deste sonho. Até acho que eu próprio estava a ocupar o lugar dela nesta viagem. Só que aqui tratava-se de uma criança cheia de medo, ou mais que isso, pavor, por causa de algo que faz sonhar todas as outras crianças e por motivos exatamente opostos.
Tenho alguma dificuldade em perceber como alguns filmes e, em particular, algumas personagens conseguem ser vistos pelas crianças sem que isso lhes cause qualquer perturbação. É que, no caso desta história, o gato consegue ser, pelo menos para mim, um bicho que causa incómodo, não só nesta versão que eu vi e que saiu em 2010, mas também na de 1951, da Disney, que tive o cuidado de ir depois verificar.
Mas a verdade é que não há como negar que me fez viajar, não no verdadeiro sentido da palavra, é certo, mas metaforicamente, pelos caminhos da mente.
A. Sholomko [MB-]

A viagem inesquecível

Uma das melhores viagens que já fiz foi a Boston, com o meu pai e com os nossos amigos, Jorge e Bárbara.
Tudo começou numa segunda-feira quando a minha irmã me disse que ia para Toronto com a minha madrasta e a filha dela. Quando eu soube, fiquei aborrecido, porque elas iam para Toronto, o meu pai ia para Boston e eu ia ficar em terra. Logo de seguida, a minha irmã disse-me para perguntar ao meu pai se eu podia ir com ele quando ele chegasse a casa. Depois de ele chegar a casa, perguntei-lhe e ele disse logo que sim. Fiquei muito feliz.
Após a confirmação de que ia a Boston com o meu pai, lembrámo-nos que eu ainda tinha de tratar do passaporte, visto que não o tinha. Nesse mesmo dia, eu e a minha irmã fomos logo para o aeroporto tratar do passaporte, para estar pronto até sexta-feira. Também tínhamos de tratar do ESTA, que é uma permissão para entrar nos Estados Unidos da América.
Depois de se tratar de bastante papelada, ir comprar o bilhete, e outras tantas coisas, finalmente chegou sexta-feira, o grande dia.
No nosso voo, havia uma paragem antes de Boston, Ponta Delgada. Nós viajámos na antiga Sata, que é agora Azores Airlines, onde trabalha o meu pai e o Jorge. Como eles trabalham lá, eu e a Bárbara tivemos facilidades: se houvesse lugares disponíveis no avião, nós embarcávamos; caso contrário, ficávamos em Portugal. A nossa sorte foi que houve sempre lugares disponíveis e, ainda por cima, sempre em primeira classe/executiva.
Quando lá chegámos, fomos para o hotel Boston Park Plaza, no meio de Boston e jantámos no bar irlandês M.J. O'Connor's com outro dos comandantes, o “Quinhentos”, que era como nós lhe chamávamos. O Quinhentos tinha sempre imensas histórias para nos contar, e, em todas elas, nós rimo-nos.
Na manhã seguinte, eu, o meu pai e o Jorge fomos todos ao ginásio do hotel. Durante o dia fomos a tantos lugares como o Quincy Market, o Boston Federal Bank, a Apple, que tinha três andares, o Boston Tea Party, o Union Oyster House, entre outros, que o dia parecia que nunca mais acabava. Fizemos bastantes compras. Eu e a Bárbara tirámos bastantes fotos e éramos nós os dois que íamos para lojas, para ver roupa, enquanto que o meu pai e o Jorge iam beber um café ou arejar pois eles detestam ir a lojas de roupa.
No domingo, também estivemos quase sempre a passear e eu quis ir a uma loja comprar uma figura de coleção de vinil que não existe em Portugal.
Nesse mesmo dia, fomos embora para Portugal, também passando em Ponta Delgada, e, quando chegámos a Portugal continental, em fui para casa e os nossos amigos para o Algarve, onde moram.
Foi uma viagem que nunca esquecerei.
Diogo S. [S+]

A Itália é como uma piza de mil sabores

A Itália é um país com uma história crucial para a Europa. Foi muito importante na área das artes. Foi ainda importante por ter sido berço de um império, o Império Romano. Com isto, acho que podemos dizer que este país é como se fosse um museu.
Na viagem de que vou falar, a minha família visitou Milão, Verona e Veneza. Estas três cidades são muito diferentes. Em Milão é tudo moderno, com lojas de roupa por todo lado. Verona já não parece ser tão moderna, pois a sua estrutura é antiga, além de que também tem um coliseu, o que ajuda a pensar que é antiga. Veneza distingue-se por ser uma cidade, digamos, anfíbia, na medida em que é toda atravessada por canais
Quando fomos visitar Veneza, tivemos de ficar num hotel fora de Veneza, pois, como essa cidade é composta de mais de cem ilhas pequenas, as águas estragam as madeiras das casas e, por isso, não havia condições para dormir lá. Nestas ilhas as ruas eram estreitas e havia muitas pessoas a fazer turismo como nós, o que mais as fazia parecer pequenas. Pareciam labirintos, que iam dar a um pátio (por vezes, cheio de lojas e restaurantes no seu redor). Não havia carros para andar de um lado para o outro, mas barcos; havia até táxis mas marítimos.
Quanto a Milão, fomos visitar a catedral, o celebre “Duomo”. Era muito grande e bonita, havia muitos visitantes e, assim, espalhavam-se muitos guardas ao redor da sua entrada. Parece que no Domo cabem 40.000 pessoas. Em Milão, em termos de refeições, aproveitámos para comer os pratos tradicionais; como a massa e a piza.
Em Verona, fomos ao coliseu ver uma ópera, o Rigolleto, de Verdi, o que foi muito bonito de se ouvir e ver. Passámos também por um lugar onde estava a estátua da Julieta do Romeu e Julieta, de Shakespeare. Como se sabe, esta famosa peça de teatro passa-se em Verona.
No final da nossa viagem fomos a Bérgamo, onde desembarcámos, para embarcar, no dia a seguir, num avião com destino a Lisboa.
Regressámos a Lisboa em lugares separados, mas não muito longe uns dos outros. Afastávamo-nos 2205,1 quilómetros da Península Itálica. Mas em nós ficará para sempre a recordação destas três cidades tão importantes para a história da humanidade.
João A. [S]

Uma aventura em Paris

Durante imenso tempo antecipei esta viagem. Quando, finalmente, chegou o dia, mal consegui dormir na noite anterior devido à agitação que sentia. No aeroporto, lotado, esperávamos pelo avião que se atrasou duas horas em relação á hora prevista. A cada minuto que passava, crescia a antecipação.
Finalmente, chegou o avião. Lentamente, fomos entrando. Sempre tive medo de andar de avião, apesar de, estatisticamente, ser um dos meios de transporte mais seguros. Não conseguia deixar de pensar “e se o avião cair?”, “e se…”. Comecei a criar cenários completamente irrealistas.
Já dentro do avião, um pouco apertado-era de uma companhia Low Cost- agarrei-me aos encostos de braço como se me fossem proteger de alguma forma e preparei-me para descolar. Foi uma viagem relativamente calma, exceto quando passamos por uma tempestade e o avião começou a abanar. Tentei o meu melhor para me concentrar na minha música e nos “Pokémons”. Momentos antes de aterrar, comecei a ouvir a música “Paris”, do Jay-Z, e Kanye West, em “repeat”, porque me pareceu adequado á situação.
Chegando a Paris, instalámo-nos num dos hotéis que pertenciam à Disney Land, exaustos da viagem, passámos lá a noite.
Um dia foi suficiente para chegarmos à conclusão de que a comida era muito cara. A solução arranjada foi guardar os restos e o que não eram restos de um pequeno almoço demasiado grande e racionar a comida ao longo do dia, ao jantar comíamos no McDonald’s.
Passamos a primeira metade da viagem a divertirmo-nos na Disney, dedicando-nos a experimentar todos os divertimentos que tínhamos disponíveis. Sempre que cumprimentava alguém em Francês (“Bonjour”), começavam a falar comigo a pensar que eu falava a língua. Havia sempre um momento desconfortável em que eu explicava que possuía um conhecimento “limitado” de Francês, e por limitado que fique explicito que não sei mesmo falar francês.
Na segunda parte da viagem fomos visitar a cidade de Paris. Ficámos alojados num hotel em Montmartre. Na primeira noite decidimos fazer uma visita à zona que rodeava o Hotel. Tudo estava a correr bem. Passeámos pelas ruas escuras, vimos algumas lojinhas que estavam espalhadas por todo o lado, estávamo-nos a divertir a descobrir um país com o qual não estávamos familiarizados.
E foi então que aconteceu. Enquanto explorava as ruas de Paris, passa por mim uma mulher ruiva de óculos escuros e um chapéu-é importante referir que era de noite- ao passar por mim empurra-me contra um carro e segue o seu caminho sem dizer nada. Depois disto assumi que fosse apenas uma pessoa muito mal-educada e que não conseguisse ver muito bem devido a todos os acessórios que tinha.
Considerei a hipótese de ter sido roubado. O meu primeiro instinto foi ver o que tinha nos bolsos para ter a certeza de que não me faltava nada. Imediatamente, apercebi-me de que não tinha a minha carteira comigo, virei-me e comecei a correr pela rua abaixo que se encontrava coberta de areia e placas de metal, já que estavam a decorrer obras. Corri e corri e não encontrei a ruiva em lado nenhum.
Depois de tudo o que acontecera, fui para o hotel a sentir-me triste e derrotado. Tinha acabado de ficar sem a carteira, onde tinha o dinheiro e o meu cartão de cidadão e só conseguia pensar que poderia não conseguir ir para casa. Dirigi-me para o armário para arrumar o meu casaco e quando olhei para baixo, lá estava ela, no chão do armário. Naquele momento, senti uma mistura de sentimentos desde felicidade por ainda ter encontrado a minha carteira a raiva comigo mesmo por ter ficado naquele estado por nada.
No resto dos dias andei a visitar Paris. Ficará para sempre na minha memória a imagem da Torre Eiffel iluminada à noite e todos os belos tesouros espalhados pela cidade. Mas uma coisa é certa: quando voltei para Portugal, não pude ver McDonald’s ou croissants à minha frente durante uns meses.
Francisco A. [S]

Uma suposta crónica de viagem

Já era 5 de maio e eu ainda não sabia o que escrever para a crónica pedida pelo meu professor. A única ideia que me vinha à cabeça era a minha viagem a Hamburgo e Lubeck, na Alemanha. O problema era que, nos meus últimos dois trabalhos de português, já tinha falado de duas viagens ao estrangeiro, Londres e Disney Paris. Essas eram as viagens de que me lembrava mais vivamente, pois foram essas que tiveram em mim um maior impacto.
A viagem a Londres foi onde tive a minha primeira experiência em muitas coisas, como a de provar o "After Eight" que mais tarde ia acabar por ser o meu chocolate favorito, a visualização do meu primeiro filme a 4D e a minha primeira viagem na maior roda do mundo. A minha viagem a Disney Paris foi uma completa aventura desde o momento em que entrei no aeroporto e o meu pai não tinha documentos até ao momento em que regressei a casa. Eu não podia continuar a falar de viagens ao estrangeiro, precisava de algo novo.
Precisava de ser mais criativo, arranjar uma viagem diferente, se calhar a leitura de um livro que eu tinha lido alguns meses atrás, It, de Stephen King, um livro que gostei muito de ler. Mas como é que eu o ia fazer? Quer dizer: a história fala de um o palhaço a matar crianças... Não parecia ser a melhor ideia. Podia falar de outro livro mas nada parecia encaixar com o trabalho.
"Também podia falar de..." Foi aí, foi nesta frase que passei horas a olhar, não sabia o que escrever. Estava cansado e sem ideias. Decidi fazer uma pausa e ver um filme de comédia para ver se conseguia pôr a pequena criatividade do meu cérebro a funcionar, mas, mesmo depois de ver o filme, mesmo depois de ir lançar e fazer tantas e tantas pausas, nada me vinha a cabeça. Até cheguei a pesquisar na web ideias para uma crónica de viagem, e claro não encontrei nada. Depois, comecei a escrever pequenos textos de algumas viagens como a de Londres ou a leitura de um livro, até que olhei para todos eles e decidi juntá-los e ter a ideia mais doida. Fazer a minha viagem de como escrevi uma suposta crónica de viagem.
Ao pensar para trás não parecia ser uma boa ideia. Era simplesmente confuso. Eu não conseguia parar de me questionar. Será que faz algum sentido escrever uma crónica sobre uma crónica? E fazia algum sentido esta crónica ser entregue ao jornal Público? O que é que é uma crónica?
Com cada pergunta, mais eu ficava confuso, até que parei e decidi simplesmente relatar o meu processo de escrita do meu trabalho. A partir daí foi fácil, comecei com uma introdução de como eu já estava no fim de prazo do trabalho sem saber o que escrever; a seguir, fui relatando algumas ideias e desenvolvendo como eu não chegava a lado nenhum e, por fim, concluí o trabalho, explicando a confusão toda da minha suposta crónica de viagem.
Sebastião [B]

Uma viagem de sonho…um sonho de viagem
Para se chegar, é preciso esperar alguns anos e amealhar alguns euros, pois a viagem para as Maldivas não é bem a mesma coisa do que viajar para a Madeira… Mas, quando nós sonhamos, com esforço e trabalho conseguimos. Eu sonhei e acabei por concretizar esse sonho. Decidi fazer a viagem no ano 2023 com uns amigos do surf!
Partimos de Lisboa, no dia quatro de julho por volta das duas e quinze, só que, como a viagem é muito longa, há sempre no mínimo uma escala a fazer. A nossa foi no Dubai, Emirados Árabes Unídos. Acabámos por perder cerca de um dia só para chegar lá. Quando chegámos já era uma da tarde, e ainda tínhamos de ir apanhar um barco para nos levar à nossa ilha, Kanuhuraa, e ainda instalarmo-nos no hotel Cinnamon Dhonveli Maldives, onde dormíamos em cabanas em cima do mar. Tirar malas, desfazê-las, arrumar as coisas, comer, pôr tudo em ordem levou horas. Quando demos por nós eram seis da tarde, e ainda queríamos ir dar a nossa primeira surfada! Nesse mesmo dia apercebemo-nos de que na ilha onde tínhamos ficado apenas havia o nosso hotel, um restaurante e um bar! A este bar, depois da última surfada do dia, íamos jogar uns joguinhos de snooker enquanto desfrutávamos de uma paisagem excelente para o mar e bebíamos uma cervejinha.
Após seis dias de muito surf, diversão e convívio, apercebemo-nos de que já só faltavam oito dias para voltar ao trabalho. Começámos a pensar não só no surf, mas também nas experiências gastronómicas, subaquáticas e em guardar algumas recordações. Nos dias que lá estivemos provámos todo o tipo de comida, porém a refeição que para mim mais se destacou foi Garudhiya Baiy, um prato que incluía uma sopa de atum, peixe com arroz, fatias de cebola, pimentão doce, pasta de pimentão das Maldivas e peixe grelhado. E, enquanto comíamos bem, também procurávamos arranjar forma de ver os corais. Três dias antes de partirmos tivemos essa oportunidade, vendo todo o tipo de coral que originava aquelas ondas perfeitas que tínhamos surfado durante aquelas férias.
Nesta viagem, para além de ter surfado as melhores ondas da minha vida, como Pasta Point, Sultans, Honkeys, Chickens, Jaws, e de ter tido experiências gastronómicas, subaquáticas, e alguns episódios entre amigos, como quando estávamos a surfar e o Cajó, um amigo meu, ter visto um golfinho parecendo-lhe um tubarão e ter começado a gritar e a pedir ajuda, tive ainda o privilégio de conhecer a cultura, a região, hábitos, costumes, pronuncia. Tudo!
Foi uma experiência única de que nem eu nem os meus amigos nos iremos esquecer.
Francisco B. [B-]

[Título]
A viagem não tem e nunca terá de ser sair do país ou da cidade de onde vivemos, mas sim do sítio onde estamos prensos, aquele sítio que nos faz acordar cedo e nos coloca aquele setressezinho matinal, só para abrir a pestana. Para mim, viajar é isto: sair do sítio que nos dá responsabilidades, nem que seja só em pensamento, e estar onde e com quem nos abstrai dessas responsabilidades.
As viagens acontecem a todo o tempo: desde que eu esteja com os meus amigos e família, estou sempre a viajar.
Mas houve uma viagem em que me esqueci completamente das minhas responsabilidades, que foi um acampamento no meio de nenhures, com os meus amigos. Existe melhor maneira do que nos afastarmos totalmente do que nos prende e ficarmos com quem nos abstrai disso?
Um acampamento na costa nortenha de Portugal, organizado pelos professores de Educação Física que levariam os alunos das suas equipas do desporto escolar para um território montanhoso, verde, com vista para o mar, e, felizmente, uma praia por perto, foi a nossa habitação durante aquele fim de semana. Podem ter sido dois dias, mas infelizmente foram os dois dias mais trabalhosos que eu tinha tido naquele ano, como já era de esperar de professores de Educação Física. No nosso primeiro dia fomos divididos em dois grupos, os juvenis e os iniciados A, dos infantis e iniciados B. O grupo dos juvenis e os iniciados A, que era o meu, foi o primeiro a fazer escalada em rocha natural, enquanto o outro grupo foi à praia. Fizemos escalada numa elevação de vinte metros, com ajuda dos guias que nos montaram as cordas e tudo mais.
Enquanto esperávamos para escalar, jogávamos “UNO” e falávamos das coisas mais aleatórias que nos lembrávamos, como anos passados ou coisas estranhas que nos aconteceram. Quando acabámos, juntámo-nos com o outro grupo para almoçarmos e, deseguida, irmos à praia para nos preparamos para a maior caminhada que eu teria de fazer ate aquele momento.
A maior parte da caminhada foi em terra batida entre as arvores e arbustos. A primeira paragem foi no cimo de uma colina onde se podia ver todo o que nos rodeava, como mar, vilas, florestas. Todo era muito natural, não havia grande cidades à volta que estragassem a vista. Chegámos ao acampamento, montamos as tendas, tomámos balho, para irmos saciar o nosso apetite depois daquela caminhada gigante. Nesse jantar houve uma festa surpresa de uma das nossas companheiras que fazia dezoito anos naquele dia, que foi festejada por nós com a ajuda dos pais dela. Foi praticamente muitos risos e muita alegria.
No dia seguinte, voltámos à praia mas por um caminho mais curto e mais agradável, para nos despedirmos do sítio que foi a nossa “casa” naqueles dois dias. Passámos uma hora na praia e, depois, fomos para o autocarro para voltamos para a nossa verdadeira casa. Mas a nossa viagem ainda não tinha acabado ,já que continuei a rir e a divertir-me com os meus amigos, mesmo depois de chegarmos.
João F. [S]

[Título]
É estranho estar num sítio e pensar, imaginar, sentir que estamos noutro. E, quando nos apercebemos de que não estamos lá, encontramo-nos desorientados, talvez até perdidos.
Já é habitual estar a remar, andar, onde quer que seja que eu esteja sozinho, apenas com os meus pensamentos como companheiros. Isto torna-se evidente quando eu estou realmente só, como estava num dos meus estágios de remo, na barragem do Maranhão, a remar de skiff, no meio do rio, rodeado por água, que refletia a luz do sol tardio como se fosse um espelho, quando as únicas discrepâncias na sua tranquilidade eram a esteira do barco e os “splashes” que os remos deixavam no final de cada remada.
Mas o que importa afinal? Este sentimento momentâneo de desorientação não é um problema, não precisa de ser analisado como tal. Esse momento de confusão é apenas um momento de reflexão subconsciente, é libertador, é pacífico e revela-nos tudo aquilo que reconhecemos, os nossos interesses, paixões, gostos, emoções, traumas.
Mas estes estágios não são apenas para remar, são também para conviver. No entanto, são invulgares as formas como remadores convivem em estágio. Lembro-me como se fosse ontem, estava eu e os outros remadores sentados em círculo, num pequeno hangar apinhado com diversas embarcações, de pequenos skiffs a grandiosos oitos, aguardando pelo nosso treinador que, como de costume, estava atrasado. Então, de forma a passar o tempo, começámos a jogar breves e simples jogos.
Depois da chegada do treinador, fomos treinar. Estávamos extremamente motivados para treinar, com raras exceções. Logo após o treino sentíamo-nos todos extremamente cansados, mas, independentemente do cansaço, posteriormente ao jantar, nove remadores juvenis, eu incluído, começaram a dançar ao som de Enola Gay e, após cinquenta minutos consecutivos de Enola Gay, apenas cinco remadores tinham aguentado tal atividade (e, novamente, eu estava presente nesse grupo).
Este bailarico foi apenas uma das inúmeras atividades que se fazem em estágio, que não estão num horário determinado como os treinos, almoços e jantares estão. São estas atividades que melhoram os laços que temos, e esses laços são visíveis em barcos de equipa, onde a equipa não está apenas coordenada, mas também ligada mentalmente, o que melhora a coordenação e a remada de cada um.
Pedro F. [S(-)]

Dois países oito horas
Tudo começou com uma queda no vazio, em que eu olhava para todos os lados mas apenas se vislumbrava branco, tinha a noção de poder ser o nada. De repente, as luzes apagam-se e, como se estivesse num jogo, tinha renascido no meio da cidade de Londres, sem saber muito bem o que fazer e onde ir. Desde muito pequeno que já desejava visitar esta maravilhosa e agitada cidade. Então, começando a caminhar e a conhecer a cidade fui-me apercebendo de que a população tinha uma cultura um pouco diferente da que a que estamos habituados. Aqui as pessoas estão sempre dispostas a ajudar quando nos veem com algum tipo de dificuldade. A cidade em si é cores um pouco monocromática mas isto não fazia qualquer confusão. Cá fora estava um frio tremendo mas, cada vez que entrava numa loja ou restaurante, parecia que entrava noutro mundo, estava muito quente, o que fazia os estabelecimentos bastante acolhedores. Após um longo dia, deito-me na cama e fecho os olhos.
Ao acordar, reparo que estou num quarto totalmente diferente de onde antes me tinha deitado. Saio à rua e apercebo-me de que nas placas estão escritas indicações para ruas escritas em francês. Neste preciso momento, percebo então que estou em França e que tenho bilhetes na mesa de cabeceira para visitar a Disneyland Paris. Deixo de estar confuso, passando para um estado de imensa felicidade. Neste dia, eu tinha uns oito anos e era o dia do meu aniversário, não podia ter recebido melhor presente. Lembro-me do parque ser “imensamente gigantesco” e de sentir uma felicidade inexplicável ao abraçar os personagens da Disney. O parque tinha muitas cores e havia muitas crianças com um sorriso de orelha a orelha. Na volta para casa eu já não pregava olho, de tamanho cansaço. Ao meu abrir de olhos, dou por mim na cama do meu quarto o que me levou a pensar que estava a ter um sonho no caminho para o hotel em França. Mas estava completamente errado porque não era um sonho mas a realidade. Não só não tinha visitado Londres, como também não visitei a Disneyland que sempre desejara visitar.
Naquele exato momento sentia uma sensação um pouco estranha com dúvida de estar entre um sonho ou a realidade. Mas, passada cerca de meia hora, consegui perceber a minha desilusão em não ter estado a viver aqueles momentos, apesar de ter feito uma longa e incrível viagem por dois grandes países num tão curto espaço de tempo. É incrível a capacidade que o ser humano tem em conseguir criar os sonhos, porque os sonhos são vistos como a realidade só não são vividos como ela, o que pode por vezes ser uma desvantagem mas também é uma vantagem. Os sonhos dão-nos algumas oportunidades de vida que não somos capazes de ter e temos de as aproveitar ao máximo.
Diogo M. [S-]

Holanda?
Ao longo da minha vida fui-me habituando a um estilo muito europeu, onde as grandes atrações são monumentos, ou grandes caminhadas por pequenas ruas que nos dizem ser uma forma de absorvermos a cultura do país. Todas as viagens que fiz (e de que me lembro) foram a cidades europeias, algo que não me deixava muito contente na altura em que os meus pais faziam a grande revelação. Por isso não é difícil de imaginar que ficasse bastante desiludido quando soube que iria passar as minhas próximas férias na Holanda.
No início da viagem, talvez num ato infantil, fingia-me aborrecido, ou passava bastante tempo a olhar para o meu telemóvel, mas, ao longo da viagem, comecei a aperceber-me de que a ideia de andar por pequenas ruas e visitar museus não era a pior. Na realidade apercebi-me disto quando visitei o museu de Van Gogh: milhares de pinturas com uma história diferente em cada pincelada, corredores infinitos de arte pura e um museu capaz de fazer qualquer um perceber cada sentimento do pintor. Algo me mudou ao ver aquelas pinturas, quase que me fez sentir um verdadeiro holandês durante uns segundos.
Após esta visita que me “revolucionou” eu estava, na realidade, entusiasmado para ver mais: ruas, monumentos, museus (algo a que eu diria ser impossível ir por vontade própria). À noite, ia dormir com vontade de acordar e conhecer mais, andar mais, ver mais.
A certa, altura visitei o “Rijksmuseum”, um edifício enorme cuja beleza é tão grande no exterior como no interior. Esta beleza podia ser observada em todo o lado, na maravilhosa arquitetura, nos lindos quadros e estátuas. A grande estação de metro, as casas ligeiramente inclinadas e até a famosa “Red Light Street” contavam-me pequenas peças do grande puzzle intitulado “Holanda”.
Foi nesse mesmo momento que a minha ideia de viajar mudou. A verdadeira experiência não só era visitar praias com um infinito areal e água clara como um cristal, nem passear por grandes florestas onde quase podemos cheirar as diferentes espécies de flores e animais, nem (a mais difícil de perceber) conhecer novas culturas, mas também ver a beleza de tudo: monumentos, praias, música, museus, etc. Mas o grande “game changer” foi aperceber-me de que o mais importante é entrarmos numa nova cultura, sentirmo-nos alguém diferente durante um dia e aproveitar cada momento.
Eu sei que isto pode ser tomado um pouco como um “cliché”, mas temos de ter em conta que muita gente sonharia em visitar a Holanda ou outros países. Esta ideia fez-me refletir na sorte que temos em poder desfrutar de tais luxos, a sorte que temos em poder mergulhar em diferentes mundos e esquecer os nossos problemas e preocupações.
Amaral [B-]

Málaga, de tudo um pouco
Embarcámos no voo 756 às 10:30 no Aeroporto Humberto Delgado rumo ao Aeroporto de Málaga. Chegámos um pouco depois da hora de almoço, alugámos um carro e fomos para o nosso Airbnb, a 50 metros da praia de La Caleta. Esta era uma mistura de areia grossa e branca com areia muito fina e preta que, após um banho, ficava presa ao corpo e só saía com a água. De noite, as ruas do centro, que de manhã eram o lugar de eleição para os turistas que visitam Málaga, transformavam-se em bares e discotecas, em que a esmagadora maioria dos clientes eram estudantes espanhóis.
Fomos a Málaga para fazer o caminho mais perigoso da Europa, o ‘Caminito del Rey’. A primeira vez que me contaram a sua história fiquei um pouco assustado pois já lá tinha morrido uma mão cheia de pessoas, que, tal como nós eram apenas turistas a passear. No entanto, quando lá chegámos, não era como as fotos mostravam, o percurso tinha sido completamente renovado. Foi construída uma passadeira com uns bons dois metros de largura e barreiras de cada lado por cima do antigo caminho, preservando as suas ruínas. Todos os visitantes usavam capacete e havia sempre um guia que acompanhava os visitantes durante o percurso fazendo uma visita guiada e explicando a história do caminho. O percurso era lindíssimo. Caminhava-se no espaço entre duas montanhas, sempre junto a uma delas e de tempo a tempo, surgiam pontes em que se mudava de montanha.
A minha parte favorita foi após uma paragem num ribeiro em que se podia molhar a cabeça (estávamos em fins de julho e a temperatura rondava os 30°C) em que o caminho apertava ligeiramente e a montanha do lado desaparecia para dar lugar a um vale imenso que, de um lado, tinha uma linha de comboio que acompanhava o relevo do vale e, no meio, um rio com água de cor turquesa. Depois disto era o fim dos três quilómetros do caminho mais perigoso da Europa que, afinal, não era assim tão perigoso.
No dia seguinte, decidimos descansar e ir à praia. Fomos a Marbella, que ficava a mais ou menos meia hora do nosso Airbnb. Quando chegámos eu e o meu primo fomos dar uma volta por Puerto Banús, enquanto o resto do grupo foi para a Aurora Beach Banús, a praia ao lado. Puerto Banús é conhecido por ser um parque de diversões para os mais ricos: em todo o lado havia supercarros, iates com helicópteros, restaurantes com pratos de cem euros e muitas celebridades. É uma experiência diferente, que é muito difícil de encontrar em Portugal. Depois fomos ter à praia que estava repleta de gente: a água era quente mas não havia muita gente na água pois alguns dias antes houvera a notícia de que tinha sido avistado um tubarão e as pessoas estavam com medo de entrar na água.
No último dia, decidimos visitar a parte mais histórica da cidade pois tínhamos o voo à tarde e a manhã livre. É uma cidade cheia de cultura, que vale a pena visitar. Naquela tarde, o aeroporto estava muito calmo e, desta vez não viajávamos num avião pequeno a hélices, fizemos o regresso a Lisboa num avião que tinha sido recentemente renovado e a viagem foi muito mais confortável.
Chegámos a Lisboa, felizes por estarmos vivos e com centenas de gigas de memórias e recordações.
João Cola [S(-)]


Viagem a Bristol
Eu já fiz varias viagens, mas a mais recente foi a Bristol, uma cidade não muito grande, mais ou menos do tamanho de Coimbra e também com bastante estudantes universitários.
Fui lá visitar a minha mãe, que na altura, já la estava a trabalhar há sete meses. Embarquei no avião por volta do meio-dia e aterrei, mais ou menos, às sete da noite.
Quando chegámos a minha mãe estava à nossa espera. Entrámos todos no carro e fomos arrumar as nossas coisas no seu apartamento. Este apartamento era pequeno, um T1, eu e o meu pai dizíamos que, se a minha mãe quisesse, podia arranjar um apartamento maior mas esta respondia da mesma forma, dizia que não precisava pois vivia sozinha e só precisava dum quarto.
Por causa desta circunstância, eu dormi na sala, no sofá, para ser mais específico, o que não foi mau pois, como estava de férias, consegui manter o meu horário “nocturno”, pois estava habituado a deitar-me muito tarde e ficava normalmente a ver televisão nos mesmos canais que temos cá em Portugal, como Fox ou Fox comedy.
Como já era tarde, decidimos ir a um “fast-food”, uma churrascaria chamada Nando’s, que vim a descobrir mais tarde tinha sido criada por um português chamado Fernando (e dai donde vem o nome) Até hoje é o melhor frango que já comi não só porque em si era saboroso mas, sobretudo porque os molhos que ofereciam eram divinais.
No dia seguinte, fomos todos juntos ver um museu de plantas que já tinham vivido naquela zona mas que já não é possível encontrar. O museu ficava perto de várias universidades no meio dum monte. Junto a estes edifícios todos havia um escorrega feito de gelo que, pelo que a minha mãe me contou, aparecia ali todos os anos no inverno, o escorrega descia o monte todo e as crianças andavam lá a brincar, enquanto os adultos utilizavam para se deslocar, e, na minha opinião, também porque gostavam, apesar de não terem coragem para o admitir.
No dia seguinte, decidimos ir comer ao centro comercial. Este surpreendeu-me, pois estava a espera de algo parecido com o Colombo ou com o Alegro mas este centro comercial era totalmente ao ar livre sem qualquer proteção. Eu perguntava repetidamente a mesma pergunta aos meus pais o que seria que acontecia quando chovia? Pois também iria chover dentro do centro comercial e duvidava que as pessoas não gostassem de comer à chuva.
No último dia decidimos apanhar um comboio e ir ver um jogo de futebol a Londres, Chelsea-Southampton. Este jogo foi claramente dominado por parte do Chelsea (como era esperado), apesar de os londrinos terem apenas ganho um zero.
No dia seguinte, voltei com o meu pai para Portugal, de avião, às oito da manhã.
Pedro P. [S(-)]

Mioma, metade da minha origem
Mioma é uma aldeia no distrito de Viseu, sítio onde a minha mãe e todos os meus familiares maternos nasceram. A viagem é calma, maioritariamente feita na auto-estrada. Posso dizer que a única parte em que estamos mais agitados é no IP3 por causa de todas as histórias de acidentes que a minha mãe me contou sobre aquele local.
Quando entramos em Mioma, parece uma aldeia moderna, com construções relativamente recentes, mas tudo muda quando chegamos ao centro. As casa são feitas de blocos enormes de pedra. São casas pequenas e estreitas, as janelas são pequenas e, passa subirmos cada degrau, temos de levantar metade da perna. Por dentro, as casas são escuras, sempre com uma lareira e sinais de fé espalhados por toda a casa.
Na aldeia, a maior parte da gente conhece-se, mas, se nos se nos cruzamos com uma pessoa que não conhecemos, acabamos sempre por a cumprimentar. As pessoas lá respeitam-se muito mais do que na cidade.
Existe uma pequena fonte à porta da igreja, onde as mulheres costumam lavar a roupa mesmo nos tempos de hoje.
As estradas que nos levam ao centro da aldeia são feitas de pedra, embora todas as outras já estejam alcatroadas.
Os animais desaparecem cada vez mais. Atualmente só há um rebanho de ovelhas na aldeia, muito pouco em comparação com as dezenas que havia.
Agora as carroças foram substituídas por carros e tractores e, apesar de a aldeia ser pouco movimentada se comparada a cidade está muito mais mexida do que nos velhos tempos.
O tempo é frio e seco: cada vez que respiramos, parece que as nossas narinas congelam. A chuva é muito mais fria do que em Lisboa, mas o sol parece mais quente.
Eu e a minha família somos sempre bem recebidos. Normalmente durmo na casa pequena da minha avó ou na enorme da minha tia.
Ao acordar, ouvem-se os pássaros a piar, Quando param, é silencio absoluto. Isso é uma das coisas que não consigo ter em bendica, pois semore que acordo é com um autocarros a passar, pessoas a bater com a porta do prédio ou lá fora a falarem.
Tenho lá família espectalar, sempre prontos a ajudar e para nos ostrar o “mundo deles”.
Eu, os meus pais e os meus irmãos somos os únicos sportinguistas de lá, pois parece que noventa por cento da população de Mioma é do Benfica. Porém, apesar da rivalidade de clubes, continuamos-mos a adorar uns aos outros.
A maior parte das atividades de lazer são feitas na vila mais próxima, Sátão, pois lá é onde existem bares, um kartódromo e muitos mais.
O emprego e comida tem muita base na sua agricultura, tendo a maioria das pessoas uma horta.
A rede móvel é difícil de apanhar especialmente para clientes MEO. Às vezes manter o contato com a casa (trocar contato com pessoas que ficaram em lisboa) é difícil, mas não é nada que não se resolva.
Os jovens têm todos muita tendência para gostarem de carros, motos e velocidade. Muitos deles estão cheios de marcas de quedas e acidentes.
A igreja é frequentada pela maior parte das pessoas e a missa de domingo é essencial.
Come-se muita carne naquelas casas, especialmente carne de porco (devido ao facto de a minha avó não gostar de carne de vaca ) e à sobremesa há uma variedade de escolhas, mas os meus favoritos são o arroz doce e o pudim.
As despedidas costumam durar imenso tempo, normalmente porque as pessoas de lá têm tendência a darem imensas coisas da sua horta e chegamos sempre a conclusão de que é demasiado para por no carro.
Ricardo [S]

[Título]

Foi em 2017 que, como de costume, eu e o meu clube de ginástica, fomos a Portimão fazer um sarau. No dia de partida para Portimão , acordei às seis e meia da manhã pois tinha de estar à porta do clube às sete e dez (como a minha casa era a cem metros, podia preparar-me mais à vontade).
Quando cheguei ao ginásio, já estava muita gente à espera do autocarro com as malas de viagens, sacos-cama e sacos pequenos com mantimentos para a noite toda, com bolachas, batatas e gomas, coisas que um atleta exemplar não devia comer. Depois de alguns minutos, o autocarro chegou. Entrámos todos com muita pressa pois muitos de nós queriam ficar com os lugares lá de trás.
A meio da viagem fizemos uma pequena pausa num posto de gasolina, para esticarmos as pernas e ir à casa de banho, mas, em vez disso, os meus amigos foram gastar todo o dinheiro que tinham em gelados, bebidas energéticas, chocolates e coisas para comer. Quando voltámos ao autocarro, estávamos com grande ansiedade para chegar ao destino.
Eram horas de almoço quando chegámos. Descarregámos as malas e outras coisas e fomos aos restaurantes na Praia da Rocha para almoçar. Havia um restaurante específico, de comida italiana, onde em pequeno ia muitas vezes com a minha família. La Dolce Vita, acho que era assim que se chamava, mas, para mim, seria sempre “As Massas”. Era tão bom como caro, mas, como todos os do meu clube não queriam gastar tanto dinheiro numa só refeição, optámos por ir ao Burger Range , um restaurante fast-food que fazia os melhores hambúrgueres no pão da zona.
Quando voltámos ao pavilhão,  vestimos os maiôs, as sapatilhas e fomos aquecer para o sarau. Na hora da nossa apresentação estávamos todos muito nervosos, mas foi espetacular.
No dia seguinte, fomos todos a praia. Divertimo-nos muito, mas tudo o que é bom tem um fim. Fizemos as malas e fomos entrando no autocarro. Dessa viagem não me lembro de muito: tinha ficado a dormir, pois nessa noite ficara a falar com pessoas que tinha conhecido no sarau.
Quando chegámos era tarde mas, quando estava em casa, fiquei a pensar sobre a viagem, e perguntei a mim mesmo “Será que somos só um clube ou uma grande família?”.
Guilherme Amaro [S(-)]

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Não me foram enviadas as reformulações de Pedro Torrado, Miguel C., Guilherme V., J. Cardoso, Carolina, Camily.