Aula 27-28
Aula 27-28 (21 [1.ª, 2.ª], 23/out [3.ª], 24/out [1.ª]) Ainda algumas
correções do comentário comparativo dos dois «Lisbon Revisited».
[Exemplo de comentário
sobre os dois «Lisbon Revisited», de Álvaro de Campos:]
Se é verdade que os poemas
apresentam um tema comum — a desilusão do sujeito poético face ao seu
desencontro emocional com o espaço que o envolve —, o tom usado é distinto.
Em «Lisbon Revisited
(1923)», o tom do discurso é de irrequietude e revolta, como denota a presença
frequente de frases com valor modal deôntico («Paguem o que devem!»; «Não me
peguem no braço!»; etc.), tantas vezes acumulando negação, imperativo e exclamação.
Já em «Lisbon Revisited
(1926)» as palavras do sujeito lírico assumem uma dimensão de desilusão e
desânimo, a que não é alheia a fragmentação do eu («Mas, ai, a mim não me
revejo! / Partiu-se o espelho mágico em que me revia idêntico, / E em cada
fragmento fatídico vejo só um bocado de mim»).
Entretanto, nos dois
textos o poeta sente-se como um «estrangeiro», não integrado nas vivências
comuns e nos hábitos culturais da capital. A utilização do inglês no título dos
poemas acentua a inadaptação do eu lírico, que expressa assim a sua circunstância
de «estrangeiro» em Lisboa.
Na p. 56, lê o poema IX
de «O Guardador de Rebanhos», de Alberto
Caeiro, e completa a tabela:
|
Trechos |
Vv. |
Figuras |
Funcionalidade do recurso estilístico |
|
Sou um guardador de
rebanhos. |
1 |
______ |
O
sujeito poético aproxima-se da natureza. A afirmação é a primeira premissa
do silogismo constituído pelos três primeiros versos, cuja conclusão será «o
sujeito poético é um guardador de __________». |
|
Penso com os olhos e com
os ouvidos / E com as mãos e os pés, / E com o nariz e a boca. |
4-6 |
Enumeração |
Com este inventário de
órgãos sensoriais reforça-se o que se estipulara no v. 3 (a _______ do sentir
físico). |
|
Polissíndeto |
A articulação dos termos
através da _____ «e» ajuda a representar o eu lírico como ingénuo, simples, infantil, ao mesmo tempo que
acentua o citado predomínio das ________. |
||
|
______ |
Hierarquizam-se
as sensações de acordo com o grau de conhecimento que permitem apreender: as
impressões visuais são a primeira fonte de saber, seguindo-se as auditivas,
as táteis, as olfativas e, por fim, as gustativas. |
||
|
E com as mãos e os pés /
E com o nariz e a boca. |
5-6 |
______ / Paralelismo |
Através da arrumação
paralelística, consegue-se estilizar, «poetizar», o segmento, que pretendia
também afirmar a simplicidade (caeiriana)
do eu. |
|
Pensar uma flor é vê-la e
cheirá-la / E comer um fruto é saber-lhe o sentido. |
7-8 |
Metáfora / _____ |
Exemplifica-se o que se
teorizara antes (o poeta só pensa através das sensações — no caso, visão,
olfato, gosto). No v. 7, a ação sensorial está à direita (pensar = visão e olfato); no verso 8, a ordem é
a contrária (gosto = pensar). |
|
Me sinto triste de
gozá-lo tanto, |
10 |
_______ |
O quase paradoxo marca
talvez a aversão do eu à perceção
mental do gozo. |
|
E fecho os olhos quentes, |
12 |
Sinestesia |
Um pouco forçadamente,
talvez se possa considerar haver aqui uma associação do ____ («quente») à
visão («olhos»), que, de novo, tenderia a valorizar o domínio das ___________.
|
|
Sinto
todo o meu corpo deitado na realidade, |
13 |
_______ |
Sugere-se a importância
do sentir (do «corpo»), que seria a única via de acesso à «realidade». |
|
Sei a verdade e sou
feliz. |
14 |
Paralelismo / Bipartição
do verso |
Na sequência da metáfora
anterior, confirma-se a supremacia do ____ sobre o pensar, assume-se a
sensação como a autêntica forma de _____ e única fonte de felicidade. |
Depois, relanceia os dois trechos expositivos na p. 57, reunidos sob o título «O
primado das sensações», e completa a seguinte solução do item 1:
a. bucolismo: «tónica na vertente
bucólica e instintiva» (ll. 1-2); «Caeiro pretende ser o “descobridor da
____________”» (l. 5); «O espaço de existência de Caeiro é o __________» (l.
12).
b. sensacionismo: «O
__________________ chega apenas pelo olhar puro» (ll. 8-9); «Alberto Caeiro é o
poeta que cultiva as _____________» (l. 10).
c. objetivismo:
«universo poético [...] linear, sem profundidade, despojado de toda a
subjetividade de sentido.» (ll. 3-4); «As _______ são o que são, resumem-se à
sua aparência» (l. 6); «Para Caeiro, o mundo é claro, evidente, simplesmente
____» (ll. 7-8); «afirma um pensamento que nega as ilusões e os excessos da
modernidade» (ll. 13-14); «o estilo de Alberto Caeiro é feito de [...]
espontaneidade» (ll. 14-15).
d. antimetafísica:
«negando que a natureza tenha significados ocultos» (ll. 5-6); «ao poeta cabe
aceitá-las como elas são, sem _________» (ll. 6-7); «filosofia de vida feita de
simplicidade e de naturalidade» (ll. 11-12).
Lê agora o texto II de «O Guardador de Rebanhos».
Sintetiza em frases com menos de trinta letras as lições que o sujeito quer
inculcar em cada uma das três primeiras estrofes:
II
Tudo que vejo está nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar
pelas estradas
Olhando para a direita e
para a esquerda,
E de vez em quando olhando
para trás...
E o que vejo a cada
momento
É aquilo que nunca antes
eu tinha visto,
E eu sei dar por isso
muito bem...
Sei ter o pasmo comigo
Que teria uma criança se,
ao nascer,
Reparasse que nascera
deveras...
Sinto-me nascido a cada
momento
Para a completa novidade
do mundo...
Creio no mundo como num
malmequer,
Porque o vejo. Mas não
penso nele
Porque pensar é não
compreender...
O mundo não se fez para
pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos
olhos)
Mas para olharmos para ele
e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia:
tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é
porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a
por isso,
Porque quem ama nunca sabe
o que ama
Nem sabe porque ama, nem o
que é amar...
Amar é a primeira
inocência,
E toda a inocência é não
pensar...
Poemas de Alberto Caeiro, edição de Ivo Castro, ed. digital, Lisboa, IN, 2020, pp.
17-18.
estrofe dos vv. 1-12: ___________________________.
sextilha de 13-18:
_____________________________.
quintilha de 19-23:
_____________________________.
Quanto ao dístico final (vv. 24-25) constitui um silogismo
inacabado:
Amar é a primeira inocência,
E toda a inocência é não
pensar...
Logo _________________.
Na p. 60, lê o poema XXXIX de «O Guardador
de Rebanhos», de Alberto Caeiro,
«O mistério das cousas, onde está ele?».
Completa as respostas a estes itens (vê a mesma p.
60):
3.
Seleciona
a opção de resposta adequada para completar a afirmação.
Com a referência aos «poetas» (v. 11) e aos
«filósofos» (v. 12), o sujeito poético reforça a sua ________ de um
conhecimento subjetivo da realidade e critica os que se dedicam a ________.
4. Interpreta o verso 16,
considerando o conteúdo da última estrofe.
O sujeito poético sintetiza o motivo da sua ________ em interpretar de modo metafísico a realidade e a sua defesa do sensacionismo como forma ________ de conhecer o mundo. Uma vez que as coisas não têm qualquer «significação» para além da sua dimensão física, elas devem ser apreendidas simplesmente por meio dos _________ (v. 15). Assim, na última estrofe, o «eu» enunciador reafirma o primado das sensações (v. 15) e reforça a ________ do objetivismo.
Escreve comentário em
que relaciones Horácio Lopes da Silva com a filosofia de Alberto Caeiro. Naturalmente,
a abordagem pode fazer-se através dos pontos de contacto mas também é possível
citar as divergências. (Podes consultar manual mas sem te perderes em
leituras.) A caneta.
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TPC — Lê as pp. 58-59 do manual, que têm um questionário resolvido (sobre o poema «Se eu pudesse trincar a terra toda», de Alberto Caeiro). || Para quem não esteve nas aulas de 16 e 17 de outubro, turmas 2.ª e 3.ª — Vê as seguintes aulas em Gaveta de Nuvens, para teres ideia do que se fez: para o 12.º 2.ª, as aulas 22 e XXV; para o 12.º 3.ª, a aulas 22 e 23-24.
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Português / 12.º 1.ª; 12.º 2.ª; 12.º 3.ª / Escola Secundária José Gomes Ferreira / 2025-2026
(O nome do blogue aproveita título de um livro do patrono da escola.)
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