Sunday, August 24, 2025

Aula 27-28

Aula 27-28 (21 [1.ª, 2.ª], 23/out [3.ª], 24/out [1.ª]) Ainda algumas correções do comentário comparativo dos dois «Lisbon Revisited».

[Exemplo de comentário sobre os dois «Lisbon Revisited», de Álvaro de Campos:]

Se é verdade que os poemas apresentam um tema comum — a desilusão do sujeito poético face ao seu desencontro emocional com o espaço que o envolve —, o tom usado é distinto.

Em «Lisbon Revisited (1923)», o tom do discurso é de irrequietude e revolta, como denota a presença frequente de frases com valor modal deôntico («Paguem o que devem!»; «Não me peguem no braço!»; etc.), tantas vezes acumulando negação, imperativo e exclamação.

Já em «Lisbon Revisited (1926)» as palavras do sujeito lírico assumem uma dimensão de desilusão e desânimo, a que não é alheia a fragmentação do eu («Mas, ai, a mim não me revejo! / Partiu-se o espelho mágico em que me revia idêntico, / E em cada fragmento fatídico vejo só um bocado de mim»).

Entretanto, nos dois textos o poeta sente-se como um «estrangeiro», não integrado nas vivências comuns e nos hábitos culturais da capital. A utilização do inglês no título dos poemas acentua a inadaptação do eu lírico, que expressa assim a sua circunstância de «estrangeiro» em Lisboa.

Na p. 56, lê o poema IX de «O Guardador de Rebanhos», de Alberto Caeiro, e completa a tabela:

Trechos

Vv.

Figuras

Funcionalidade do recurso estilístico

Sou um guardador de rebanhos.

1

______

O sujeito poético aproxima-se da natureza. A afirmação é a primeira premissa do silogismo constituído pelos três primeiros versos, cuja conclusão será «o sujeito poético é um guardador de __________».

Penso com os olhos e com os ouvidos / E com as mãos e os pés, / E com o nariz e a boca.

4-6

Enumeração

Com este inventário de órgãos sensoriais reforça-se o que se estipulara no v. 3 (a _______ do sentir físico).

Polissíndeto

A articulação dos termos através da _____ «e» ajuda a representar o eu lírico como ingénuo, simples, infantil, ao mesmo tempo que acentua o citado predomínio das ________.

______

Hierarquizam-se as sensações de acordo com o grau de conhecimento que permitem apreender: as impressões visuais são a primeira fonte de saber, seguindo-se as auditivas, as táteis, as olfativas e, por fim, as gustativas.

E com as mãos e os pés / E com o nariz e a boca.

5-6

______ / Paralelismo

Através da arrumação paralelística, consegue-se estilizar, «poetizar», o segmento, que pretendia também afirmar a simplicidade (caeiriana) do eu.

Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la / E comer um fruto é saber-lhe o sentido.

7-8

Metáfora / _____

Exemplifica-se o que se teorizara antes (o poeta só pensa através das sensações — no caso, visão, olfato, gosto). No v. 7, a ação sensorial está à direita (pensar = visão e olfato); no verso 8, a ordem é a contrária (gosto = pensar).

Me sinto triste de gozá-lo tanto,

10

_______

O quase paradoxo marca talvez a aversão do eu à perceção mental do gozo.

E fecho os olhos quentes,

12

Sinestesia

Um pouco forçadamente, talvez se possa considerar haver aqui uma associação do ____ («quente») à visão («olhos»), que, de novo, tenderia a valorizar o domínio das ___________.

Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,

13

_______

Sugere-se a importância do sentir (do «corpo»), que seria a única via de acesso à «realidade».

Sei a verdade e sou feliz.

14

Paralelismo / Bipartição do verso

Na sequência da metáfora anterior, confirma-se a supremacia do ____ sobre o pensar, assume-se a sensação como a autêntica forma de _____ e única fonte de felicidade.

Depois, relanceia os dois trechos expositivos na p. 57, reunidos sob o título «O primado das sensações», e completa a seguinte solução do item 1:

a. bucolismo: «tónica na vertente bucólica e instintiva» (ll. 1-2); «Caeiro pretende ser o “descobridor da ____________”» (l. 5); «O espaço de existência de Caeiro é o __________» (l. 12).

b. sensacionismo: «O __________________ chega apenas pelo olhar puro» (ll. 8-9); «Alberto Caeiro é o poeta que cultiva as _____________» (l. 10).

c. objetivismo: «universo poético [...] linear, sem profundidade, despojado de toda a subjetividade de sentido.» (ll. 3-4); «As _______ são o que são, resumem-se à sua aparência» (l. 6); «Para Caeiro, o mundo é claro, evidente, simplesmente ____» (ll. 7-8); «afirma um pensamento que nega as ilusões e os excessos da modernidade» (ll. 13-14); «o estilo de Alberto Caeiro é feito de [...] espontaneidade» (ll. 14-15).

d. antimetafísica: «negando que a natureza tenha significados ocultos» (ll. 5-6); «ao poeta cabe aceitá-las como elas são, sem _________» (ll. 6-7); «filosofia de vida feita de simplicidade e de naturalidade» (ll. 11-12).

Lê agora o texto II de «O Guardador de Rebanhos». Sintetiza em frases com menos de trinta letras as lições que o sujeito quer inculcar em cada uma das três primeiras estrofes:

II

Tudo que vejo está nítido como um girassol.

Tenho o costume de andar pelas estradas

Olhando para a direita e para a esquerda,

E de vez em quando olhando para trás...

E o que vejo a cada momento

É aquilo que nunca antes eu tinha visto,

E eu sei dar por isso muito bem...

Sei ter o pasmo comigo

Que teria uma criança se, ao nascer,

Reparasse que nascera deveras...

Sinto-me nascido a cada momento

Para a completa novidade do mundo...

 

Creio no mundo como num malmequer,

Porque o vejo. Mas não penso nele

Porque pensar é não compreender...

O mundo não se fez para pensarmos nele

(Pensar é estar doente dos olhos)

Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

 

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...

Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,

Mas porque a amo, e amo-a por isso,

Porque quem ama nunca sabe o que ama

Nem sabe porque ama, nem o que é amar...

 

Amar é a primeira inocência,

E toda a inocência é não pensar...

Poemas de Alberto Caeiro, edição de Ivo Castro, ed. digital, Lisboa, IN, 2020, pp. 17-18.

estrofe dos vv. 1-12: ___________________________.

sextilha de 13-18: _____________________________.

quintilha de 19-23: _____________________________.

Quanto ao dístico final (vv. 24-25) constitui um silogismo inacabado:

Amar é a primeira inocência,

E toda a inocência é não pensar...

Logo _________________.

Na p. 60, lê o poema XXXIX de «O Guardador de Rebanhos», de Alberto Caeiro, «O mistério das cousas, onde está ele?».

Completa as respostas a estes itens (vê a mesma p. 60):

3. Seleciona a opção de resposta adequada para completar a afirmação.

Com a referência aos «poetas» (v. 11) e aos «filósofos» (v. 12), o sujeito poético reforça a sua ________ de um conhecimento subjetivo da realidade e critica os que se dedicam a ________.

4. Interpreta o verso 16, considerando o conteúdo da última estrofe.

O sujeito poético sintetiza o motivo da sua ________ em interpretar de modo metafísico a realidade e a sua defesa do sensacionismo como forma ________ de conhecer o mundo. Uma vez que as coisas não têm qualquer «significação» para além da sua dimensão física, elas devem ser apreendidas simplesmente por meio dos _________ (v. 15). Assim, na última estrofe, o «eu» enunciador reafirma o primado das sensações (v. 15) e reforça a ________ do objetivismo.

Escreve comentário em que relaciones Horácio Lopes da Silva com a filosofia de Alberto Caeiro. Naturalmente, a abordagem pode fazer-se através dos pontos de contacto mas também é possível citar as divergências. (Podes consultar manual mas sem te perderes em leituras.) A caneta.

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TPC — Lê as pp. 58-59 do manual, que têm um questionário resolvido (sobre o poema «Se eu pudesse trincar a terra toda», de Alberto Caeiro). || Para quem não esteve nas aulas de 16 e 17 de outubro, turmas 2.ª e 3.ª — Vê as seguintes aulas em Gaveta de Nuvens, para teres ideia do que se fez: para o 12.º 2.ª, as aulas 22 e XXV; para o 12.º 3.ª, a aulas 22 e 23-24.


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