Aula 47-48
Aula 47-48 (26/nov [1.ª, 3.ª]) Sobre
o texto inspirado em «Tabacaria» ora entregue.
Para evitar certos erros
que ainda vou vendo aqui e ali
A terminação mos da 1.ª pessoa do plural (andamos, andámos, andaremos, andámos, andávamos, andarmos, andaríamos) não é nenhum
pronome, é um sufixo que nos dá
informação sobre pessoa/número (dantes, chamávamos-lhe desinência pessoal) que integra a palavra. Não há, é claro, nenhum
hífen a separá-lo do verbo.
Basta flexionarmos a forma verbal para termos a certeza de
que é uma palavra única:
quando
eu fizer
quando
tu fizeres
quando
ele fizer
quando
nós ______
quando
eles fizerem
É
verdade que também há expressões com o pronome -mos (contração de me + os), que deverá ficar separado do verbo
por um hífen. Exemplo: «Tens os lápis? Dá-___.»
Podes
experimentar substituir pela 3.ª pessoa do complemento indireto (lhe):
Dá-___.
Podes
substituir por um nome a parte do complemento direto:
Dá-me
os lápis.
É
mais comum o pronome -nos. (E nota
que não há nenhum sufixo nos,
portanto nos depois de verbo será
decerto -nos.) Este pronome nos pode ser complemento indireto ou
direto: «Dá-nos o lápis.» / «Deixa-nos sozinhos»
É
substituível por lhe ou por o.
Dá-lhe o lápis. / Deixa-o sozinho.
Há
ainda um outro pronome -nos, que
resulta de -os estar a seguir a uma
nasal e precisar de uma consoante de ligação:
«Comam
os kínderes» pronominaliza-se assim: [*Comam-os] > _______
As
formas do Imperfeito do Conjuntivo
terminam em asse, esse, isse (repara que são palavras graves, como se vê de o a e o e serem tónicos): andasse,
comesse, partisse:
Para
verificar que é uma forma verbal simples, flexiona-se:
se
eu _______
se
tu andasses
se
ele _______
se
nós andássemos
se
eles andassem
A
diferença relativamente às formas (indeterminadas) com um pronome -se é notável pelo som (a ou e
finais — mesmo seguidos de hífen — são átonos):
anda-se
|| _____________ || parte-se
Outro erro frequente relaciona-se com pronomes que estão em ênclise
(portanto, depois dos verbos) depois de formas que terminavam em -r, -s,
-z. Repara que a terminação do verbo
cai (-r, -z, -s > Ø), passando
o pronome a ter um l inicial (o, os,
a, as > lo, los, la,
las).
Pronominalizemos
o complemento direto:
Vou
comer as castanhas. > Vou __________.
Tu
bebes o leite com deleite. > Tu __________ com deleite.
Amália
vai amar aquela mala. > Amália vai ________.
Fez
o merdelim do tepecê. > _____.
Nota
que, frequentemente, é preciso pôr acento gráfico na vogal antes do hífen.
Problemas
mais sofisticados vêm da mesóclise
(que se usa apenas com o Futuro e com o Condicional).
Pronominalizemos
os complementos diretos:
Entornarei
o vinho sobre o linho impecável da mesa. || _______ sobre o linho impecável da
mesa.
Devoraria
com gula trinta javalis meigos se tivesse dentes capazes. || _______ com gula
se tivesse dentes capazes.
Amarão
todas as moças bonitas do mundo. || _______.
Pontapearemos
os dinossauros com charme. || _______ com charme.
Traríamos
o passaporte dos duendes. || _________.
Diria
o sermão. || _________.
Diluiria
o diluente. || ________.
Corrijamos
estas formas incorretas:
*
Comerá-se bem neste talho. || _________ bem neste talho.
*
Zangarias-te comigo. || ___________ comigo.
*
Veremos-vos no inferno. || __________ no inferno.
Complete-se,
tendo em conta o que fica dentro dos parênteses:
Se
eu ______ («Olhar» no Imperfeito do Conjuntivo) para cima, veria um céu toldado.
_______
(«Olhar» na 3.ª pessoa do Presente do Indicativo e pronome de indeterminação) e
vê-se só hipocrisia e penicos de prata.
Se
__________ («Comer» na 1.ª pessoa do plural do Imperfeito do Conjuntivo)
dicionários, não ficávamos com mais vocabulário.
Vês
estas belas osgas? ________ (Imperativo de «Levar» + complemento direto
pronominalizado) ao dentista.
Levamos
as aulas muito a sério. _______ («Levar» na 1.ª pessoa do plural do Presente do
Conjuntivo + complemento direto pronominalizado) mais a brincar.
Depois
de ouvirmos declamação de «Não sei se é sonho, se realidade» (p. 39), de Fernando
Pessoa,
ortónimo, faz corresponder a cada estrofe os
seguintes títulos-sinteses (para a estrofe que falta, escreve tu um título:
A
terra ideal é percebida como sonho e descobre-se que também não satisfaz o poeta = sextilha de vv. __-__.
A
hipótese de um lugar por que se anseia (seja sonho seja realidade) = sextilha
de vv. __-__.
A representação de um lugar que ainda se considera
possível mas dubitadamente
= sextilha de vv. __-__.
________________________
= sextilha de vv. __-__.
A propósito de «C Certinho» (série
A
letra da canção assenta em dois tipos de transgressão da adequação discursiva.
Dado tratar-se de um rap, não esperávamos muitas das
palavras e sintaxe usadas, que são mais características do uso ______ do que do uso _______: «fornicar», «extremo vigor», «proporcionar»,
«envereda pelo banditismo», «furtar», «redunda em libertinagem», «descarta»,
«numismática».
Também
o registo é mais ______ do que é
habitual neste género de canções, embora haja algumas raras marcas de ______ ou
expressões mais coloquiais, familiares (as interjeições «ui», «ei» e «hum»;
léxico do calão, como «______»; expressões que talvez sejam relativamente _______:
«vestida para o pecado», «ninguém me tira», «[fazer-se] esquisita»; «é do
melhor que há»; «da pesada»).
Podemos
dizer que, exceto nestes poucos casos mencionados, se segue o padrão, a ________, não havendo incorreções,
nem as marcas de variedade linguística
(social, _______, até geográfica) que associamos ao rap.
Em
termos de tratamento, usa-se uma
fórmula _______, «amigos», que implica o uso da ____ pessoa do plural (pessoa
verbal correspondente a ‘vocês’), que funciona como plural do tratamento em
‘tu’, porque, mesmo em registos formais, praticamente não se usa hoje em dia o
‘vós’ (a verdadeira ____ pessoa do plural).
Quanto
a variedades (ou variantes) do
português, há um termo que é mais típico da variante _______: «cafageste».
Entretanto, tenho dúvidas quanto à origem de «curtir» na aceção em que surge
(será talvez também da variedade sul-americana).
Lê
o texto que ainda nos falta para esgotarmos os que no manual ficam sob o tema ‘Sonho e realidade’, «Contemplo o que não vejo», na p.
41. Acrescenta
uma quadra final que fizesse de repente que o «eu» nos parecesse de (i) Caeiro;
de (ii) Reis; de (iii) Campos. No fundo, escreverás três quadras (ou duas ou
uma, se te demorares) que seriam finais alternativos.
[Alberto Caeiro:]
_____________________
_____________________
_____________________
_____________________
[Ricardo Reis:]
_____________________
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_____________________
_____________________
[Álvaro de Campos:]
_____________________
_____________________
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_____________________
Como
sucede em tantas narrativas, O Leitor — o filme que estamos a ver
— inicia-se em época mais recente (Berlim, 1995), recuando depois ao passado,
numa analepse de quase quarenta anos
(Neustadt, 1958). O pretexto para a analepse foi um elétrico avistado da
janela. Em O Leitor não faltarão
citações da literatura universal:
Autor |
Obra |
Data |
País |
Personagens |
Género |
Horácio |
Epodos |
|
Roma |
|
Poesia
lírica |
Safo |
Fragmento
16 |
séc. VII a.C. |
Grécia |
|
Poesia
lírica |
G. E. Lessing |
Emilia Galotti |
1772 |
Alemanha |
Emilia
Galotti |
Drama |
Homero |
Odisseia |
séc. VIII a.C. |
Grécia |
Ulisses, Penélope, Telémaco |
Poema
épico |
Mark
Twain |
Aventuras de
Huckleberry Finn |
1884 |
EUA |
Huckleberry
Finn, Tom
Sawyer |
Novela
de aventuras |
D.
H. Lawrence |
O amante de Lady Chatterley |
1928 |
Reino
Unido |
Constance Chatterley, Clifford Chatterley, Oliver
Mellors |
Novela
passional, psicológica |
Hergé |
[série de Tintin] |
1929-... |
Bélgica |
Tintin,
Haddock, Milou |
BD |
Anton
Tchékhov |
A senhora do cãozinho |
1899 |
Rússia |
Dimitri
Gurov, Ana
Siergueievna |
Conto |
Lev Tolstói |
Guerra e Paz |
1865-1869 |
Rússia |
Pedro
Bezukov, entre muitas |
Romance-fresco |
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