Thursday, September 09, 2021

Aula 47-48

Aula 47-48 (26/nov [1.ª, 3.ª]) Sobre o texto inspirado em «Tabacaria» ora entregue.

Para evitar certos erros que ainda vou vendo aqui e ali

A terminação mos da 1.ª pessoa do plural (andamos, andámos, andaremos, andámos, andávamos, andarmos, andaríamos) não é nenhum pronome, é um sufixo que nos dá informação sobre pessoa/número (dantes, chamávamos-lhe desinência pessoal) que integra a palavra. Não há, é claro, nenhum hífen a separá-lo do verbo.

Basta flexionarmos a forma verbal para termos a certeza de que é uma palavra única:

quando eu fizer

quando tu fizeres

quando ele fizer

quando nós ______

quando eles fizerem

É verdade que também há expressões com o pronome -mos (contração de me + os), que deverá ficar separado do verbo por um hífen. Exemplo: «Tens os lápis? Dá-___.»

Podes experimentar substituir pela 3.ª pessoa do complemento indireto (lhe):

Dá-___.

Podes substituir por um nome a parte do complemento direto:

Dá-me os lápis.

É mais comum o pronome -nos. (E nota que não há nenhum sufixo nos, portanto nos depois de verbo será decerto -nos.) Este pronome nos pode ser complemento indireto ou direto: «Dá-nos o lápis.» / «Deixa-nos sozinhos»

É substituível por lhe ou por o.

Dá-lhe o lápis. / Deixa-o sozinho.

Há ainda um outro pronome -nos, que resulta de -os estar a seguir a uma nasal e precisar de uma consoante de ligação:

«Comam os kínderes» pronominaliza-se assim: [*Comam-os] > _______

As formas do Imperfeito do Conjuntivo terminam em asse, esse, isse (repara que são palavras graves, como se vê de o a e o e serem tónicos): andasse, comesse, partisse:

Para verificar que é uma forma verbal simples, flexiona-se:

se eu _______

se tu andasses

se ele _______

se nós andássemos

se eles andassem

A diferença relativamente às formas (indeterminadas) com um pronome -se é notável pelo som (a ou e finais — mesmo seguidos de hífen — são átonos):

anda-se || _____________ || parte-se

Outro erro frequente relaciona-se com pronomes que estão em ênclise (portanto, depois dos verbos) depois de formas que terminavam em -r, -s, -z. Repara que a terminação do verbo cai (-r, -z, -s > Ø), passando o pronome a ter um l inicial (o, os, a, as > lo, los, la, las).

Pronominalizemos o complemento direto:

Vou comer as castanhas. > Vou __________.

Tu bebes o leite com deleite. > Tu __________ com deleite.

Amália vai amar aquela mala. > Amália vai ________.

Fez o merdelim do tepecê. > _____.

Nota que, frequentemente, é preciso pôr acento gráfico na vogal antes do hífen.

Problemas mais sofisticados vêm da mesóclise (que se usa apenas com o Futuro e com o Condicional).

Pronominalizemos os complementos diretos:

Entornarei o vinho sobre o linho impecável da mesa. || _______ sobre o linho impecável da mesa.

Devoraria com gula trinta javalis meigos se tivesse dentes capazes. || _______ com gula se tivesse dentes capazes.

Amarão todas as moças bonitas do mundo. || _______.

Pontapearemos os dinossauros com charme. || _______ com charme.

Traríamos o passaporte dos duendes. || _________.

Diria o sermão. || _________.

Diluiria o diluente. || ________.

Corrijamos estas formas incorretas:

* Comerá-se bem neste talho. || _________ bem neste talho.

* Zangarias-te comigo. || ___________ comigo.

* Veremos-vos no inferno. || __________ no inferno.

Complete-se, tendo em conta o que fica dentro dos parênteses:

Se eu ______ («Olhar» no Imperfeito do Conjuntivo) para cima, veria um céu toldado.

_______ («Olhar» na 3.ª pessoa do Presente do Indicativo e pronome de indeterminação) e vê-se só hipocrisia e penicos de prata.

Se __________ («Comer» na 1.ª pessoa do plural do Imperfeito do Conjuntivo) dicionários, não ficávamos com mais vocabulário.

Vês estas belas osgas? ________ (Imperativo de «Levar» + complemento direto pronominalizado) ao dentista.

Levamos as aulas muito a sério. _______ («Levar» na 1.ª pessoa do plural do Presente do Conjuntivo + complemento direto pronominalizado) mais a brincar.

Depois de ouvirmos declamação de «Não sei se é sonho, se realidade» (p. 39), de Fernando Pessoa, ortónimo, faz corresponder a cada estrofe os seguintes títulos-sinteses (para a estrofe que falta, escreve tu um título:

A terra ideal é percebida como sonho e descobre-se que também não satisfaz  o poeta = sextilha de vv. __-__.

A hipótese de um lugar por que se anseia (seja sonho seja realidade) = sextilha de vv. __-__.

A representação de um lugar que ainda se considera possível mas dubitadamente = sextilha de vv. __-__.

________________________ = sextilha de vv. __-__.

A propósito de «C Certinho» (série Carlos), completa esta síntese.

A letra da canção assenta em dois tipos de transgressão da adequação discursiva.

Dado tratar-se de um rap, não esperávamos muitas das palavras e sintaxe usadas, que são mais características do uso ______ do que do uso _______: «fornicar», «extremo vigor», «proporcionar», «envereda pelo banditismo», «furtar», «redunda em libertinagem», «descarta», «numismática».

Também o registo é mais ______ do que é habitual neste género de canções, embora haja algumas raras marcas de ______ ou expressões mais coloquiais, familiares (as interjeições «ui», «ei» e «hum»; léxico do calão, como «______»; expressões que talvez sejam relativamente _______: «vestida para o pecado», «ninguém me tira», «[fazer-se] esquisita»; «é do melhor que há»; «da pesada»).

Podemos dizer que, exceto nestes poucos casos mencionados, se segue o padrão, a ________, não havendo incorreções, nem as marcas de variedade linguística (social, _______, até geográfica) que associamos ao rap.

Em termos de tratamento, usa-se uma fórmula _______, «amigos», que implica o uso da ____ pessoa do plural (pessoa verbal correspondente a ‘vocês’), que funciona como plural do tratamento em ‘tu’, porque, mesmo em registos formais, praticamente não se usa hoje em dia o ‘vós’ (a verdadeira ____ pessoa do plural).

Quanto a variedades (ou variantes) do português, há um termo que é mais típico da variante _______: «cafageste». Entretanto, tenho dúvidas quanto à origem de «curtir» na aceção em que surge (será talvez também da variedade sul-americana).

Lê o texto que ainda nos falta para esgotarmos os que no manual ficam sob o tema ‘Sonho e realidade’, «Contemplo o que não vejo», na p. 41. Acrescenta uma quadra final que fizesse de repente que o «eu» nos parecesse de (i) Caeiro; de (ii) Reis; de (iii) Campos. No fundo, escreverás três quadras (ou duas ou uma, se te demorares) que seriam finais alternativos.

[Alberto Caeiro:]

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[Ricardo Reis:]

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[Álvaro de Campos:]

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Como sucede em tantas narrativas, O Leitor — o filme que estamos a ver — inicia-se em época mais recente (Berlim, 1995), recuando depois ao passado, numa analepse de quase quarenta anos (Neustadt, 1958). O pretexto para a analepse foi um elétrico avistado da janela. Em O Leitor não faltarão citações da literatura universal:

Autor

Obra

Data

País

Personagens

Género

Horácio

Epodos

30 a.C.

Roma

 

Poesia lírica

Safo

Fragmento 16

séc. VII a.C.

Grécia

 

Poesia lírica

G. E. Lessing

Emilia Galotti

1772

Alemanha

Emilia Galotti

Drama

Homero

Odisseia

séc. VIII a.C.

Grécia

Ulisses, Penélope, Telémaco

Poema épico

Mark Twain

Aventuras de Huckleberry Finn

1884

EUA

Huckleberry Finn,

Tom Sawyer

Novela de aventuras

D. H. Lawrence

O amante de Lady Chatterley

1928

Reino Unido

Constance Chatterley, Clifford Chatterley, Oliver Mellors

Novela passional, psicológica

Hergé

[série de Tintin]

1929-...

Bélgica

Tintin, Haddock, Milou

BD

Anton Tchékhov

A senhora do cãozinho

1899

Rússia

Dimitri Gurov,

Ana Siergueievna

Conto

Lev Tolstói

Guerra e Paz

1865-1869

Rússia

Pedro Bezukov, entre muitas

Romance-fresco

 

 

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