Thursday, September 09, 2021

Aula 46R-46

Aula 46R-46 (24 [1.ª], 25/nov [3.ª]) Assistência a trechos de 1986 (partes dos episódios 7 e 8; cfr. famílias desavindas):

[Ficam aqui não os episódios propriamente ditos mas os episódios, em fundo, comentados por atores, autor, argumentistas:]

Os episódios podem ver-se aqui: 7: https://www.rtp.pt/play/p4460/e335557/1986; 8: https://www.rtp.pt/play/p4460/e335557/1986

Em Amor de Perdição, o obstáculo à paixão do jovem par amoroso (Simão e Teresa) é, como em Romeu e Julieta, de Shakespeare, o ódio entre as famílias dos pais. Na série 1986, criada por Nuno Markl, o namoro Tiago-Marta é prejudicado pelo ódio entre o pai de Tiago (comunista) e o pai de Marta (apoiante de Freitas do Amaral). Em «Famílias desavindas», de Mário de Carvalho, o desfecho parece resolver um ódio de gerações. Começa por ler este passo de Amor de Perdição, de Camilo Castelo Branco:

D. Rita pasmava da transformação, e o marido, bem con­vencido dela, ao fim de cinco meses, consentiu que seu filho lhe dirigisse a palavra.

Simão Botelho amava. Aí está uma palavra única, explicando o que parecia absurda reforma aos dezassete anos.

Amava Simão uma sua vizinha, menina de quinze anos, rica herdeira, regularmente bonita e bem-nascida. Da janela do seu quarto é que ele a vira a primeira vez, para amá-la sempre. Não ficara ela incólume da ferida que fizera no coração do vizinho: amou-o também, e com mais seriedade que a usual nos seus anos.

Os poetas cansam-nos a paciência a falarem do amor da mulher aos quinze anos, como paixão perigosa, única e inflexível. Alguns prosadores de romances dizem o mesmo. Enganam-se ambos. O amor aos quinze anos é uma brincadeira; é a última manifestação do amor às bonecas; é tentativa da avezinha que ensaia o voo fora do ninho, sempre com os olhos fitos na ave-mãe, que está da fronde próxima chamando: tanto sabe a primeira o que é amar muito, como a segunda o que é voar para longe.

Teresa de Albuquerque devia ser, porventura, uma exceção no seu amor.

O magistrado e sua família eram odiosos ao pai de Teresa, por motivos de litígios, em que Domingos Botelho lhes deu sentenças contra. Afora isso, ainda no ano anterior dois criados de Tadeu de Albuquerque tinham sido feridos na celebrada pancadaria da fonte. É, pois, evidente que o amor de Teresa, declinando de si o dever de obtemperar e sacrificar-se ao justo azedume de seu pai, era verdadeiro e forte.

E este amor era singularmente discreto e cauteloso. Viram-se e falaram-se três meses, sem darem rebate à vizinhança, e nem sequer suspeitas às duas famílias. O destino que ambos se prometiam era o mais honesto: ele ia formar-se para poder sustentá-la, se não tivessem outros recursos; ela esperava que seu velho pai falecesse para, senhora sua, lhe dar, com o coração, o seu grande património. Espanta discrição tamanha na índole de Simão Botelho, e na presumível ignorância de Teresa em coisas materiais da vida, como são um património!

Na véspera da sua ida para Coimbra, estava Simão Botelho despedindo-se da suspirosa menina, quando subitamente ela foi arrancada da janela. O alucinado moço ouviu gemidos daquela voz que, um momento antes, soluçava comovida por lágrimas de saudade. Ferveu-lhe o sangue na cabeça; contorceu-se no seu quarto como o tigre contra as grades inflexíveis da jaula. Teve tentações de se matar, na impotência de socorrê-la. As restantes horas daquela noite passou-as em raivas e projectos de vingança. Com o amanhecer esfriou-lhe o sangue e renasceu a esperança com os cálculos.

Camilo Castelo Branco, Amor de Perdição, cap. II (trecho)

Vê agora os minutos 20 a 25 deste Amor de Perdição de Manoel de Olveira:

Aproveitando o teu conhecimento de Amor de Perdição, o próprio passo que leste agora, e uma ou várias das outras obras a que aludi em cima, trata do problema da difícil coexistência de questões de honra familiar e feitio dos heróis românticos.

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Nas pp. 63, 67, 69 estão sintetizados os Valores temporais, aspetuais, modais. Para as categorias tempo, aspeto, modo (modalidade) concorrem a flexão, os verbos auxiliares, informação lexical, advérbios e grupos preposicionais:

valores temporais: anterioridade («passado»), simultaneidade («presente»), posterioridade («futuro»);

valores aspetuais: perfetivo, imperfetivo, habitual, iterativo e o «não-aspeto» genérico;

valores modais: de apreciação (modalidade apreciativa), de permissão/obrigação (modalidade deôntica), de probabilidade-certeza (modalidade epistémica)

Nas quadrículas, destaquei as expressões que conferem alguns dos valores citados. Preencherás a lacuna com o valor que esteja em causa, como fiz na primeira frase.

Trecho de «Debate com o Super-Homem» (série Barbosa)

Tempo

Aspeto

Modalidade

Ó Joaquim Barbosa, você vai ter de moderar este debate com mais isenção.

vai ter de... (ir + inf [«futuro próximo»])

posterioridade

 

ter de moderar (ter de + inf)

deôntica (obrigação)

Quem nos está a ouvir em casa deve estar com a ideia de que o meu adversário é o Super-Homem

está (presente e estar a + inf)

________

está a ouvir (estar a + inf)

_________

deve estar (dever)

_______

Mas, repare, o seu adversário é o Super-Homem.

 

é

_________

repare (imperativo)

__________

Proponho-me criar, durante esta legislatura, 150.000 postos de trabalho.

proponho-me criar (lex.)

________

durante esta legislatura

_________

 

Não me interrompa, por favor!

 

 

não me interrompa

___________

Vou também criar estágios para licenciados. | Vou também limpar o Rio Alviela. | Vou fazer aquilo de que a nossa economia precisa. | Vai usar que super-poder? | Vou telefonar ao governador do Banco de Portugal.

Vou criar/limpar/...

ir + inf («futuro próximo»)

________

 

 

Temos que apostar no turismo.

 

 

temos de apostar (ter de + inf)

______________

Vou pegar no planeta Terra e girá-lo para que o Sol possa incidir sobre o nosso país oito meses por ano.

Vou pegar / vou girá-lo (ir + inf)

________

oito meses por ano

_________

possa incidir

________

Isso é lamentável!

 

ser

_____________

adjetivo, entoação

________

Eu salvo o planeta entre duas a três vezes por semana.

 

salvo [...] duas a três vezes por semana

_________

 

Eu salvei o planeta uma vez.

salvei (pretérito)

________

salvei uma vez (perfeito)

_________

 

Você fartou-se de me interromper.

fartou-se (pretérito)

________

fartou-se (lex)

_________

interromper (lex)

_________

 

Classifica as orações sublinhadas:

Amar pelos dois

(Luísa Sobral; interpret.: Salvador Sobral)

Se um dia alguém perguntar por mim,   _________

Diz que vivi para te amar.   ________   ________

Antes de ti, só existi

Cansado e sem nada para dar.

 

Meu bem, ouve as minhas preces:

Peço que regresses, que me voltes a querer.   _________   _________

Eu sei que não se ama sozinho,

Talvez devagarinho possas voltar a aprender.

 

Meu bem, ouve as minhas preces:

Peço que regresses, que me voltes a querer.

Eu sei que não se ama sozinho,   ________   _________

Talvez devagarinho possas voltar a aprender.

 

Se o teu coração não quiser ceder,   ________

[Se] Não sentir paixão, [Se] não quiser sofrer

Sem fazer planos do que virá depois,

O meu coração pode amar pelos dois.   ________

 

Para proceder à reformulação da 1.ª versão do conto

Por vezes, usei dois signos que nem todos compreenderão: um sinal de cardinal (#) para introduzir espaço; um vê traçado (aproximadamente: ¥), para tirar espaço que estivesse a mais. Também posso ter sugerido travessões verdadeiros em vez de hífens (alt + 0151 costuma dar bons travessões: — ; também se pode inserir Símbolo, clicar Mais símbolos, depois Carateres especiais, escolhendo então Travessão).

Quanto ao tipo de fonte (da letra), tamanho, espaço interlinear, pode ficar ao vosso critério, até para não parecer que os textos foram trabalhados coletivamente. Em outros concursos, costuma pedir-se Arial, Calibri ou Times New Roman, corpo 12, dois espaços. Creio, porém, que esse espacejamento (entrelinha) é exagerado (bastará 1,5).

Preferia que os parágrafos fossem europeus (ou seja com uma margem inicial e sem grande espaço entre parágrafos; os americanos é que preferem não fazer margem inicial e separar os parágrafos com uma linha de espaço). A tal margem inicial pode ser feita automaticamente (Parágrafo / Avanços e espaçamento / Especial / Primeira linha). Notem que o título não pode ficar com Primeira linha (para poder ficar mesmo centrado).

Poria o texto justificado (à direita e à esquerda). Em Parágrafo escolhe-se Alinhamento e aí Justificado.

No exemplar passado a limpo, não pode aparecer o teu nome (como já disse, deves é subscrever o texto já com um pseudónimo).

 

 

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