Aula 44-45
Aula
44-45 (23 [1.ª], 24/nov
[3.ª]) Correção de questionário sobre «Famílias desavindas» feito há uma aula (cfr.
Apresentação).
Os poemas
de Adília
Lopes (nasc. 1960) que copiei em baixo supõem o conhecimento de
textos de Ricardo Reis (com a figura horaciana de «Lídia»). A alusão a Reis
está explícita no título do primeiro poema de Adília Lopes e na epígrafe (cfr. v. 21 de «Vem sentar-te comigo, Lídia,
à beira do rio») e no último verso do segundo poema (além de que, neste texto,
o segundo verso repete o primeiro verso de uma ode de Reis que não temos no
manual, «As rosas amo do jardim de Adónis»).
Escreve um comentário
sobre estes poemas de Adília Lopes, procurando salientar a relação que eles
estabelecem com a ideologia de Ricardo Reis, citando, se for caso disso, qualquer
uma das suas odes lidianas.
(anti-Ricardo Reis)
O rio
é bom
para nadar
e as flores
para dar
o resto
são cantigas
casa-te com Lídia
tem bebés
passa a lua de mel
na Grécia
Adília Lopes, Sete rios entre campos
«pega tu nelas»
Ricardo Reis
Mão morta vai bater
àquela porta
as rosas amo dos
jardins de Adónis
ao escrever
com uma tartaruga
oh como era lebre a
tartaruga!
Mas porque será
sempre Lídia
a pegar nas rosas
Dr. Ricardo Reis?
Adília Lopes, Os 5 livros de versos salvaram o tio
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[solução possível:]
Os
poemas de Adília Lopes assumem atitude antagónica da de Ricardo Reis.
No
primeiro texto, logo o título «(anti-Ricardo Reis)», prosseguindo os versos com
afirmações, que funcionam como imperativos, em que se contraria a visão serena
e fria — epicurista-estoica — que denotam as odes deste heterónimo de Pessoa.
No poema tirado de Sete rios entre campos,
o sujeito lírico aconselha Reis a desfrutar verdadeiramente do que nas odes é
apenas o cenário da tranquilidade de que se faz a apologia. Sugere-se-lhe que
nade, case, tenha bebés, que «o resto são cantigas».
No
segundo poema é o terceto, em forma de pergunta dirigida a Ricardo Reis, que
mostra maior irreverência. A pergunta, que indaga porque cabe a Lídia pegar nas
rosas, articula-se com a epígrafe (que remete para expressão nos versos 21-22
do mais famoso dos poemas Reis com Lídia, «Colhamos flores, pega tu nelas e
deixa-as / No colo»). O sujeito poético contesta Ricardo Reis, já não pela sua quase
apatia, antes pelo facto de se mostrar sempre imperativo com Lídia. Com efeito,
nas odes de Reis as frases com valor deôntico sucedem-se, o que pode ser
interpretado como desvalorização daquela figura feminina que o poeta resgatara
a Horácio.
Um
dos assuntos de gramática que revimos foram os chamados «processos irregulares de formação
de palavras». As suas seis definições estão na p. 7 do anexo colado
à contracapa. Na tabela pus ainda a onomatopeia, que, por vezes, também figura
nesta listas de processos
não-morfológicos de formação de palavras.
Terás
de lançar na coluna à esquerda o nome dos processos (de neologia) e lançar na
coluna à direita as palavras «neológicas» seguintes (as que já estão na tabela
são as que temos usado em exercícios idêntico; as que vais ter de colocar agora
são, em parte, retiradas do sketch
«Curso de preparação para o casamento», da série Lopes da Silva):
mousse | São (< Conceição)
| gravar [a eucaristia] (‘fixar sons
ou imagens em disco ou fita magnética’ [< ‘esculpir com buril ou cinzel;
estampar; imprimir’]) | abreijos
(abraços + beijos) | NCMDL (<
Núcleo de Conselheiros Matrimoniais da Diocese de Lisboa) | CAAAB (pronunciado [kαab]; < Cool
Até Abrir A Boca) | sofá | pumba! | chocolate
Processos |
Exemplos |
Extensão semântica |
navegar (na net), chumbo
(‘reprovação’) |
|
scanear, pizza |
|
portunhol, motel |
|
CEE, ESJGF |
|
CRE, ovni |
Onomatopeia |
coaxar, tiquetaque |
|
zoo, nega (‘nota negativa’), otorrino |
TPC —
Lê a versão já corrigida da ficha do Caderno de atividades sobre
Fernando Pessoa (ortónimo) que deixo aqui.
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