Wednesday, August 23, 2017

Palavras de estimação


As palavras de estimação estão por ordem alfabética. A classificação, que fica entre parênteses retos, corresponde à da primeira versão (embora me tenha parecido que, por vezes, houve falhas no lançamento das emendas que fizera — reli agora os textos todos e corrigi erros que me lembro de ter já advertido nas primeiras versões).

Abécula
Esta palavra começou a fazer parte do meu vocabulário quando entrei para o primeiro ano da escolaridade obrigatória. Na altura, tinha uma professora fantástica originária da cidade do Porto. Tinha o hábito de chamar “abécula” a algumas colegas minhas.
“Abécula” pode significar ignorante, incapaz, pessoa lenta ou, até mesmo, pouco inteligente. Apesar de, naqueles tempos, não fazer a mínima ideia do seu significado, sempre lhe achara alguma graça. E, por isso, não foram precisos muitos dias para a palavra começar a fazer parte do meu quotidiano. A partir daí, tudo o que se mexia era, a meu ver, uma “abécula”.
Neste momento, o hábito de usar esta minha palavra de estimação desapareceu mas as recordações que ela me traz nunca serão esquecidas. Lembra-me quando a minha maior preocupação estava em decorar uma música para uma festa de Natal ou quando os problemas com os colegas e professores eram diminutos. Faz-me recordar aquela criança inocente que eu era.
A palavra “abécula” é a minha palavra de estimação, pois é das poucas que me trazem tão boas recordações.
Inês C. (10.º 3.ª) [B(+)]

Açafrão
Escolhi esta palavra por motivos que não consigo explicar ao certo. Sei apenas que sempre despertou em mim uma grande sensação de curiosidade.
Quando era pequena, tendo cerca de oito anos, a minha mãe ofereceu-me um pequeno livro que tinha como título A Fada Açafrão ou algo parecido. Pouco depois, descobri que “Açafrão” era o nome de uma especiaria amarela que a minha mãe, por algum motivo que eu não entendia, se recusava a colocar na comida, por mais que eu pedisse.
Um dia, por alguma razão, experimentei pela primeira vez um pouco de açafrão; no entanto, fiquei extremamente desiludida, por não ter gostado. Apesar disso, a palavra “açafrão” continuou comigo até hoje.
Logo, embora não seja fã do seu sabor, “açafrão” é a minha palavra preferida.
Beatriz Pi (10.º 5.ª) [S]

Aconchego
Escolhi esta palavra, porque me transmite uma sensação fantástica, agradável, de proteção e bem-estar.
"Aconchego", sinónimo de 'agasalho, abrigo, amparo, conforto', leva-me a imaginar um dia de chuva que posso ver pela janela do meu quarto, enquanto estou comodamente "enroscado" no meu edredão. Ou uma lareira onde arde um tronco, enquanto lá fora a neve cai, cobrindo tudo com um manto branco (e eu, aconchegadinho, a vê-la cair!).Lembra-me ainda o conforto sentido pela criança aninhada nos braços da mãe, aquele refúgio onde nada a pode atingir.
Depois de pesquisar, descobri que a palavra deriva de "conchegar", que vem do latim complicare ('enrolar, enroscar, agachar-se, acocorar-se, encolher-se'). "Conchegar" aparece no século XVI e o prefixo "a" é-lhe acrescentado mais tarde (de ad, que significa em direção a, aproximação).
O que é curioso é o facto de a palavra derivar do latim complicare. É que, se há coisas que a mim não me complicam mesmo nada, são elas o conforto e o aconchego!
Toni (10.º 2.ª) [B(-)]

Água
Toda a minha vida (que não é tão longa quanto isso), a palavra “água” me acompanhou em diversos momentos. Claro que quem me conheça bem poderá dizer que esta minha “inclinação” para a palavra “água” teve origem na minha paixão pela natação, o que pode, até, não ser de todo mentira.
Apesar desta ligação entre “água” e “natação”, esta palavra remete para muitas outras coisas que adoro: o mar, o verão, o calor. É uma molécula muito importante para a química, o que relaciona com a área de estudos que escolhi.
Para além do valor simbólico e de significado que acompanha esta palavra, o facto de ser indispensável à vida, e todas as outras coisas que referi anteriormente, o som desta palavra ao ser pronunciada (“água”) desperta em mim alguma curiosidade. Isto prende-se com o facto de que, quando dizemos a palavra, por vezes, dá-nos a impressão de que a estamos a dizer debaixo de água. Calculo que deva ser devido ao som [g] e talvez seja só eu que tenha essa sensação.
A verdade é que esta é a minha palavra de estimação, seja o critério o significado, o som ou, até mesmo, a afinidade em termos de referente.
Natacha (10.º 5.ª) [B-/S+]

Alentejo
O Alentejo é uma região, centro-sul de Portugal, onde adoro estar. O Alentejo esteve presente na minha vida desde que eu era bebé. No Alentejo tenho os meus amigos e muitas memórias que aí vivi. Quando me lembro delas, até fico com esperança de que, no futuro, haja a máquina no tempo para poder viajar até essas memórias que, possivelmente, nunca mais voltarão. É claro que para onde eu vou é só um pedacinho da grande dimensão que é o Alentejo. O que mais se destaca na zona onde eu vou passar férias é a barragem, onde podemos desfrutar de um trilho bonito e de um fluviário que tem variadas espécies de animais. Tenho imensa sorte por ter a família materna no Alentejo pois acho que é um sítio espantoso, onde as pessoas podem ir de férias devido ao clima maravilhoso que lá existe. Além disso, o Alentejo é uma zona muito sessegada, apesar da sua extrema cultura histórica, como no caso do templo ao culto do imperador romano, em Évora, e a Sé de Évora, que já vem da época medieval. Acho que todas as pessoas deviam ir lá pois é uma experiência que nunca ninguém vai esquecer. O Alentejo vai estar sempre ligado a mim e eu espero nunca me esquecer do quão maravilhoso é, apesar de algumas vezes ser um pouco aborrecido lá estar devido às poucas pessoas que lá vão.
Catarina (10.º 9.ª) [I+]

Amor
Estávamos em pleno outono, e mais um dia de brincadeira no infantário tinha chegado ao fim. A minha mãe segurava-me firmemente pela mão enquanto caminhávamos de volta para casa. Fazia sempre isso, e eu aborrecia-me por ser impedido de correr livremente pelo passeio, brincar com as folhas caídas no chão ou saltar para as poças de água que se encontravam nas bermas da estrada. Sentia-me preso.
No entanto, quando estávamos quase a chegar, passámos por um casal de adolescentes à conversa. Foi então que a ouvi pela primeira vez. Apressei-me a perguntar à minha mãe o que significava, mas ela não me conseguiu responder. Claramente surpreendida, limitou-se a fitar-me durante longos momentos, com um ligeiro sorriso a comprometer-lhe a expressão séria.
Com o passar dos anos, o meu fascínio e curiosidade por esta palavra foi crescendo e crescendo, pois, por mais que tentasse, não lhe conseguia atribuir uma definição clara. Por mais que tentasse, parecia sempre estar incompleta, faltava sempre algo mais.
Para mim, o facto de algo tão importante como o amor, a base para praticamente tudo na vida humana, não se conseguir definir era absolutamente incrível. E, por isso, continuei a tentar apurar o seu verdadeiro significado.
No ano passado, tentei escrever no meu bloco de notas tudo o que me vinha à cabeça sobre o conceito de ‘amor’. Sintetizando, o que escrevi foi: o amor é um sentimento sem comparação a qualquer outro; cega-nos e abstrai-nos do resto do mundo; faz com que cometamos loucuras; faz-nos querer proteger a pessoa que amamos a todo o custo; faz-nos querer fazer tudo por essa pessoa para a ver sempre feliz; deixa-nos num estado de pura felicidade; deixa-nos num estado de sofrimento constante; o amor faz-nos rir; o amor faz-nos chorar; o amor é tudo; o amor não é nada.
Após uma longa reflexão, cheguei a uma conclusão (a que, sinceramente, já chegara há muito): o amor é inexplicável. Talvez tenha sido por isso que a minha mãe não me respondeu naquela altura, ou talvez não. Contudo, posso não o saber definir, mas, agora, sempre que penso em amor, recordo-me da mão da minha mãe, segurando firmemente a minha, enquanto caminhávamos de volta para casa. E já não sinto que estivesse a ser preso.
Pedro (10.º 4.ª) [MB-]

Ananás
A minha palavra de estimação é, sem dúvida, “ananás”. Não só por ser uma fruta muito peculiar e que me chama a atenção pelas suas cores e formas, como, também, por ser uma fruta de que não consigo gostar pelo seu sabor enjoativamente doce mas que teimo em voltar a experimentar por achar que vai ser dessa vez que vou gostar. Todavia, “ananás” é uma palavra que me faz rir muito pelo facto de me remeter para uma das melhores memórias que tenho.
Tudo aconteceu em dezembro do ano passado quando se aproximava o aniversário de uma das minhas melhores amigas e eu e um outro amigo fomos em busca de um presente de anos para ela. Procurávamos algo fora do comum que a fosse surpreender. Entrámos numa grande loja e fomos em direção à secção dos pijamas. Nesta encontrámos um pijama babygrow com o formato de um ananás. Achámo-lo perfeito e, no dia de anos dela, entregámo-lo. Ela ficou tão surpreendida e agradada, que não se importou de passar o resto do dia com o pijama vestido na rua enquanto com toda a gente, estupefacta, olhava para ela. 
É por isso a minha palavra de estimação: por me fazer lembrar de amizades incríveis e momentos inesquecíveis. Contudo, continuo a não conseguir gostar de ananás.
Francisca (10.º 9.ª) [B-]

Ananás
Quando me foi pedido para escolher uma palavra que considerasse como “palavra de estimação”, a primeira que me veio à cabeça foi “ananás”.
“Ananás” é o nome de uma das minhas frutas preferidas não só pelo seu doce sabor, mas também por ter um formato e textura peculiares. No entanto, o maior motivo que me levou a escolher esta palavra foi o que aconteceu no dia em que fiz quinze anos.
Era um dia normal, no fim de dezembro, e bastante soalheiro para a altura do ano. Como é hábito, fui almoçar com dois dos meus melhores amigos de infância, e foi no restaurante que a história do ananás começou. Ora, estava eu prestes a terminar a minha refeição, quando os meus dois amigos decidiram dar-me o meu presente. Consegui ver nas caras deles que escondiam alguma coisa… “Tem que ver com o presente” pensei para mim. Rasguei o embrulho, e não é que me tinham oferecido um pijama, do tipo babygrow, que era um ananás! Era todo amarelo, com todas as concavidades e pormenores que o ananás tem, e tinha ainda um capuz com as folhas do mesmo fruto.
Posso dizer que foi das melhores prendas de aniversário que já me ofereceram, e, por isso, decidi vestir o babygrow e ir assim até ao Cais Sodré e depois até à Ribeira das Naus, onde eu e os meus amigos passámos um belo final de tarde. Toda a gente no metro e na rua olhava para mim, uns, assustados, outros, a achar piada, outros apenas incrédulos ao verem um ananás a passear por Lisboa. Foi, sem dúvida, um dia que vou guardar sempre na minha memória e que, mais tarde, contarei orgulhosamente aos meus filhos e netos, talvez fazendo-lhes ler este texto.
Maria (10.º 5.ª) [B+]

Anatomia
“Anatomia” é umas das palavras que, muito estranhamente, mais tenho ouvido ao longo dos últimos meses.
Esta palavra corresponde ao campo da Biologia que estuda a organização estrutural dos seres vivos, a aparência e a posição de várias parte, as substâncias de que são feitas, a sua localização e a sua relação com as outras partes do corpo. Este termo geralmente é usado para a anatomia humana mas também pode ser utilizado para outros seres vivos. No entanto, nos últimos meses tenho ouvido esta palavra com outro significado, sendo esse sobre relações sexuais entre um casal, como retrata o livro Anatomia de Grey.
Agora até se podem ouvir alguns piropos com esta palavra, como “Deixa-me descobrir a tua anatomia”, sendo a palavra “anatomia” o estudo do corpo do ser vivo ou mesmo do ser humano, mas aqui com um significado mais obscuro e para maiores de dezoito anos.
Tiago (10.º 5.ª) [S(-)/S]

Arroz com atum
Quando penso em casa, penso automaticamente em arroz com atum. Simples arroz branco, com uma lata de atum lá dentro. Mas a razão para ser a minha palavra, aliás expressão, preferida é o facto de estar presente na minha primeira memória.
Devia ter três/quatro anos, quando a minha personalidade explosiva e irritadiça levou-me a uma tentativa de fugir de casa. Depois de uma birra/discussão com a minha mãe, que me deixou profundamente irritada e frustrada, como só as mães conseguem fazer, decidi ir viver para a rua.
Ainda vestida com os collants, o body e a saia cor de rosas do ballet, peguei na minha mochila da Hello Kitty, onde guardei uma manta também cor de rosa e uns livros de colorir, juntamente com um estojo cheio de canetas de todas as cores. Depois dirigi-me à cozinha, onde anunciei entre lágrimas que não me voltariam a ver. Perante esta notícia, a minha mãe, prática como sempre, foi buscar um tupperware, onde despejou meia panela com arroz e atum. Aqui entra o meu irmão que, com apenas cinco anos e tapado como ele é ainda hoje, suplicava, à minha mãe, que não me deixasse ir. Mas ela estava decidida: depois de fechar a caixa, guardou-a na minha mochila cor de rosa, e despediu-se de mim com um abraço.
Nunca mais a voltei a ver.
Estou a brincar.
De seguida, fui em direção à porta de casa, e saí; depois, em direção à porta do prédio, e saí, olhei em volta na rua; depois, fui em direção à porta do prédio, e entrei; depois, fui em direcção à porta de casa, e entrei, encontrando uns pais divertidíssimos a rir às gargalhadas e um irmão mais velho ainda com uma expressão preocupada.
Depois de “fazermos as pazes”, sentámo-nos à mesa da cozinha e almoçámos o arroz com atum.
Margarida V. (10.º 9.ª) [B+]

Avião
Esta palavra está, desde que me lembro da minha infância, no meu vocabulário. Desde pequeno que tenho um certo sentimento de curiosidade e de atração pelos transportes, que começou com o carro e foi aumentando até ao avião.
Lembro-me das primeiras vezes em que me levaram a ver um avião. Era bastante pequeno — por isso as memórias são vagas —, mas lembro-me de que foi perto da rotunda da alta de Lisboa, mesmo junto à cabeceira da pista. Ao príncipio, confesso que poderei ter sentido um pouco de medo ao ouvir o som vindo daqueles potentes reatores. A partir desse dia, criei um fascínio e uma grande relação com o avião que ainda hoje perdura. A minha primeira experiência com esta palavra foi no dia 12 de junho de 2004, tinha eu dois anos. Foi num Airbus da TAP com destino ao Funchal, tendo o regresso sido feito num pequeno Fokker 100 da Portugália Airlines.
Esta palavra continua amplamente ligada a mim pois, após catorze anos desde o meu primeiro voo e tendo feito já vinte, continuo apaixonado por esta palavra que liga famílias, sonhos e culturas.

Eduardo (10.º 3.ª) [S]

Bangalô
Tinha doze anos, quando eu, o meu pai e o meu irmão fomos pela primeira vez a um parque de campismo. Demorámos cerca de duas horas e meia a chegar. Eram seis da tarde, mas ainda era de dia, pois estávamos na época de Verão. Quando entrámos no parque, em vez de irmos para a zona das tendas, fomos para a das caravanas. E lembro-me de, depois de montarmos a tenda, ter-me deparado com uma pequena casa feita de madeira que tinha um ar acolhedor. Virei-me para o meu pai e perguntei o que era aquela pequena casa feita de madeira. Ele disse que era um “Bangalô” e, desde aí, achei sempre muita piada a esta palavra.
Guilherme Amaro (10.º 2.ª) [S-/S(-)]

Bateria
A minha "palavra de estimação" é, sem dúvida, "bateria". Quando pequeno, tinha um grande vício: sempre que o meu pai pegava na sua câmara da Sony para tentar filmar alguns momentos meus de criança, eu via-o e o primeiro pensamento era pedir-lhe para filmar, o que fazia com que eu não aparecesse na filmagem. Resumindo, existem poucas imagens de mim em criança. O que o meu pai passou a fazer sempre que eu lhe pedia para filmar era dizer-me que a câmara já não tinha bateria. Eu ficava muito desapontado pois, mesmo que estivesse com a câmara na mão e com bateria, tudo o que filmava nunca mais via (porque não estava a gravar).
O engraçado desta palavra é que pode ter pelo menos mais um significado, com o qual eu também me identifico muito. No dia 31 de dezembro de 2005, a minha família passou o ano com uns amigos do meu pai num hotel. Eu pouco me lembro dessa noite, mas o que me lembro é precioso. No fim do jantar veio uma banda que eu, obviamente, não conhecia. O que é facto é que eles fizeram um intervalo e, nesse período do tempo, o meu pai levou-me a ver os instrumentos. Quando nos aproximámos da bateria, fiquei fascinado. A partir desse dia o meu sonho era ser baterista e foi assim durante muito tempo até, tardiamente, descobrir o futebol...
Lembro-me como se fosse hoje da câmera dos meu pais, uma Sony, gigante para os parâmetros atuais, mas que eu tanto queria herdar no futuro. Lembro-me também da minha bateria de sonho. Eu queria comprar uma bateria igual à do Kalu, o baterista dos Xutos & Pontapés, pois era a banda que eu ouvia e tentava imitar com a minha pequena bateria, olhando para o DVD de um concerto deles no Pavilhão Atlântico, em 2004, para celebrar os 25 anos dos Xutos.
A minha vida esteve sempre rodeada de baterias...
Henrique (10.º 2.ª) [B/B(-)]

Benfica
O Benfica foi fundado em 1904. Já passaram cento e catorze anos, já ganhou vários títulos, como a Taça de Portugal, a Taça dos Campeões Europeus, e já foi trinta e seis vezes campeão nacional.
Entre os jogadores que já passaram pelo Benfica salientaram-se Eusébio, Simões, Rui Costa e muitos mais. O Rui Vitória, ex-treinador do Vitória de Guimarães, veio uns dias mais tarde para o Benfica. Depois, foi contratado Svilar, o pior guarda-redes do Benfica, mas que tem ainda uma longa carreira para aprender.
Os outros dois clubes grandes (Porto e o Sporting) tentaram prejudicar o Benfica, acusando o Glorioso de tentar influenciar os árbitros. O Benfica, com razão, queixa-se de que os outros dois clubes entraram ilegalmente na sua conta de email.
A mim isso não interessa: o que eu sei é que o Benfica vai ser pentacampeão!
Afonso (10.º 9.ª) [S-]

Bicho
“Bicho”, outra palavra para dizer “inseto”, foi uma palavra muito usada por mim, na infância, tal como por muitas outras pessoas com paranoias com bichos. Esta palavra, dita alto e bom som para uma coisa tão pequena, dá, às vezes, vontade de parar o que estamos a fazer só para nos rirmos. Eu adotei-a por me poupar saliva e na infância estar com os mês amigos a brincar com os bichos da conta, formigas e uma enorme aranha que tinha estabelecido a sua casa ao nosso lado. Concluindo: esta palavra é engraçada quando gritada por alguém e também é uma invenção que permite a alguém ser mais económico ao falar e que se possa ainda gritá-la.
João F. (10.º 2.ª) [S (-)/S]

Bolacha
Desde muito cedo que me relacionei com a palavra “bolacha”. Não só com a palavra mais também com o alimento que ela referencia.
Sempre que alguém pronuncia esta palavra, lembro-me do meu primo. O Rodrigo tinha a alcunha de «monstro das bolachas» já que, em sua casa, quase nunca havia bolachas e não era por causa de não as comprarem mas porque ele as comia no mesmo dia que eram compradas. Talvez agora se tenham invertido um bocado os papéis já que ele faz dieta e eu começo a reparar que quase nunca tenho bolachas em casa.
A bolacha faz-me sentir alegre e bem disposto. Sempre que como bolachas, acontecem bons momentos, esteja sozinho ou acompanhado, provavelmente porque me enchem a barriga. Quando vou a casa da minha bisavó (normalmente para jantar), a minha sobremesa são bolachas e sei sempre que vou ter sobremesa porque lá há sempre bolachas, talvez porque só vá lá uma vez por semana.
Adoro aquele dia em que, à tarde, quando chego da escola, a minha mãe está pronta para ir às compras e me pergunta o que quero para lanchar. Nesse momento, faço um sorriso gigante e digo “bolachas”.
Paulo (10.º 2.ª) [S(+)]

Calhamaço
Lembro-me de ter sido marcado por esta palavra ainda muito jovem. Não sei ao certo o motivo, talvez pela sua sonoridade ou pela própria grafia. O que é certo é que me marcou.
Estava ainda na primária, quando a professora recomendou que lêssemos um livro nas férias de Verão. Cheguei a casa e pedi à minha mãe que comprasse o livro que escolhera (de cujo título não me lembro). Recordo-me que era um livro de pequenos contos fantasiados com cerca de trezentas páginas. Poucos dias depois, enquanto fazia o trajeto “casa-escola” com o meu avô, fui informado de que o “calhamaço” já estava lá em casa. Foi nesse momento que adotei a palavra “calhamaço” como uma “palavra de estimação”.
João R. (10.º 5.ª) [B]

Caneta
De facto, não é a primeira vez que me deparo com um trabalho de imaginação ou de escrita criativa como este. E, para o cúmulo dos cúmulos, não é a primeira vez que utilizo esta palavra para me expressar... É como se “caneta” fosse o meu guarda-costas de português, por assim dizer.
É uma palavra vulgar, eu sei. Na verdade, não é a palavra que me diz alguma coisa mas o que ela representa. Desde pequena que tenho um grande fascínio por canetas. É tão estranho, que nem sei explicar a razão. Por vezes, pareço até maluca quando me perguntam o que eu quero como prenda de anos, por exemplo, e respondo «canetas!».
Mas, quando me refiro a canetas, não me refiro às normais, àquelas que dão em feiras, campanhas, na rua, enfim em qualquer sítio! Refiro-me às coloridas... Quando era pequena, utilizava-as para pintar aqueles desenhos de que todas as crianças gostam. Hoje em dia ainda as utilizo para pintar, embora sejam aqueles desenhos muito pormenorizados, ou para escrever nos cadernos (os títulos, normamente).
Posso dizer que esta palavra é uma das mais importantes para mim no nosso vocabulário, pois todas as memórias que me traz são muito importantes.
Ana J. (10.º 5.ª) [S/S(+)]

Caraças
A palavra acompanha-me desde que me lembro de falar. Não sei onde a aprendi nem quem ma ensinou, apenas sei que surgiu. No entanto, não é o significado que aparece no dicionário (‘máscara’) que eu utilizo. Uso-a com o significado convencional e comum (‘muito grande, espanto, impaciência, indignação, grande intensidade’), normalmente antecedida por um "cum" ou um "do" (“cum caraças”, “do caraças”) ou seguida de um “pá” (“caraças, pá”). Não consigo passar mais que duas frases sem a dizer, é simplesmente incontornável.
No entanto, nem sempre lhe fui fiel. Há uns anos, após ter passado as férias de Verão no Porto, tentei substituí-la pela palavra “carago”, bastante usada nessa cidade. Porém, não durou muito, passados alguns meses lá estava eu a dizer “caraças” outra vez. Não tenho grandes momentos e peripécias com esta palavra, a não ser alguns avisos de ida para a rua por parte dos professores que não a achavam muito correta (do que discordo completamente). Bem, assim me despeço, pois o texto já está a ficar grande como o caraças.
João S. (10.º 2.ª) [B]

Carpir
Escolhi esta palavra não devido à sua aparência ou pela sua relação com um hábito adotado pela minha pessoa, não pelo facto de ser rara ou errada, nem sequer por me fazer recordar atitudes que eu preze. Na verdade, também não quero exaltar nem fazer apelo ou relembrar o seu significado!
Estava eu no final do 7º ano, numa aula de Português, quando a professora nos propõe a realização do último trabalho individual — adaptar o poema “Urgentemente” , de Eugénio de Andrade (cuja anáfora me vem frequentemente à memória), de acordo com a nossa visão do mundo comtemporâneo.
Durante todo o ensino básico, sempre que realizava trabalhos no âmbito dessa disciplina, solicitava telefonicamente o auxílio da minha avó paterna, visto que os seus conhecimentos da língua materna são bastante abrangentes. Foi aí que a minha avó, ao escutar o meu texto, pretensamente poético, intitulado “É urgente a tolerância”, num contexto fundamentalmente de falta de rima e após uma breve explicação do seu significado, me sugeriu introduzir a palavra “carpir”. No início fiquei hesitante. Não só por não ter ficado cativada pelo seu referente mas, sobretudo, por considerar que a professora não iria acreditar que fosse de minha autoria. Contudo, ela ali fazia todo o sentido, não apenas pela rima mas, principalmete, pela carga emotiva que ia colocar na minha mensagem!
Assim conheci esta nova palavra, utilizei-a, demonstrei ter enriquecido o meu vocabulário e, talvez por isso, tive a nota máxima!
Durante os anos seguintes, sempre que lia ou escrevia poemas, lembrava-me deste vocábulo. Uma palavra tão pequena mas que me permitira alcançar algo que julgava ser impossível! Não mais a utilizei mas tenho por ela o especial carinho que a recordação sempre me traz.
Inês S. (10.º 3.ª) [B+]

Coco
A minha palavra predileta é “coco”, que é muito interessante.
Quando penso em coco, não sei porquê, mas não consigo dizê-la corretamente, pois só me vêm à cabeça as primeiras silabas da palavra “coconut” (correspondente de «coco» em inglês).
Esta palavra deixa-me muito curiosa pois, se eu não a conhecesse, nunca pensaria que seria um tipo de fruta. Para ser honesta, nunca provei o fruto original, só coco ralado, que tem alguns corantes.
Para além de esta palava ser uma palavra que descreve um fruto muito saboroso (pelo que me dizem), gosto muito da sua forma e feitio. Se repararmos com atenção, quando se pensa em fruta pensa-se em cores vivas e alegres, mas o coco, não: o coco tem uma cor castanha clara e difere de todas as outras frutas, não por ter uma cor feia (é uma cor bastante bonita), mas por ter uma cor diferente e não ser comido.
Ângela (10.º 5.ª) [S/S(+)]

Coiso
Não sei se foi por preguiça ou somente falta de vocabulário mas a palavra “coiso” sempre esteve muito presente na minha vida. A expressão “coiso”, para mim, tem dezenas de significados, se não centenas. Trata-se de um sinónimo geral no que toca às palavras da Língua Portuguesa. A verdade é que esta palavra sempre me ajudou e, em várias situações, mostrou-se-me muito útil. Quando não sabia o nome de alguém, era o ”coiso”. Quando não sabia o nome de algo, o “coiso” até para adjetivar o “coiso” servia. Não sabia que nome dar a este trabalho e, para não o chamar “coiso”, novamente, «palavra favorita» ficou.
Rodrigo (10.º 5.ª) [S(-)]

Con-de-fêt
Apesar de poder parecer uma palavra sem sentido, e não constar no dicionário, para mim é uma palavra que deu sentido à minha infância.
Foi onde cresci e fui educada, a terra de residência da minha avó (sim, porque a sua terra de nascença é a Gançaria, nome engraçado por sinal).
Passei lá a minha infância e parte da minha adolescência, num meio rural, onde nem sequer há internet, uma aldeia onde existem mais árvores e matos do que pessoas e casas, uma aldeia onde todos se conhecem e existem mais idosos do que jovens.
Mas o Con-de-fêt nem sequer é uma aldeia, é uma praça, a praça principal da aldeia, onde, por sorte, está a casa da minha avó. Lá é tudo tão natural que, às oito horas da manhã, acordamos com a buzina do padeiro, que vem com a sua motoreta. Lá fora está toda a gente sentada a conversar e, se quisermos, ouviremos contarem-nos mil e uma histórias sobre os tempos que passaram, histórias que entusiasmam mais do que qualquer filme produzido este ano.
Podia continuar a contar tudo sobre o Con-de-fêt, mas o Con-de-fêt não existe. Para minha tristeza, um dia, ao olhar para a única placa da praça, reparei que não existia nenhum Con-de-fêt mas sim o Covão do Feto. Como devia reagir, sabendo que o meu lugar favorito no mundo afinal só existia para mim e para as pessoas que lá habitavam?
Ivânia (10.º 9.ª) [B+]

Criar
A palavra que escolhi é “criar” porque é uma coisa que adoro fazer. Adoro criar, gosto de desenhar, construir, pintar, etc…
A definição de “criar” que eu encontrei no dicionário é ‘provocar a existência, fazer com que alguma coisa seja construída a partir de nada, produzir, desenvolver’.
A definição que eu daria é que criar é utilizar a criatividade e a imaginação para desenvolver uma ideia a usar no mundo real, para o melhorar. Eu dou esta definição porque sempre que faço alguma coisa é para entreter, ajudar, melhorar a vida das pessoas à minha volta e a minha.
Miguel C. (10.º 2.ª) [S]

Cuidado
Desde que nasci que o meu cérebro menciona a palavra “cuidado”.
Talvez porque desde tenra idade a oiço quase todos os dias… Eu acredito que os meus pais se preocupam comigo, mas, por vezes, exageram. Passados quinze anos de vida, continuo a ouvir os mesmos pedidos de precaução que ouvia quando tinha cinco anos…
Um exemplo disso é o facto de passar a estrada na passadeira… É sempre mencionada a frase: “Cuidado ao atravessar a estrada, cuidado com os carros!”. É uma frase fatídica que não pode faltar no beijinho de bom dia.
Contudo, não estou a dizer que este estado de espírito, que, por vezes, até resulta num estado nervoso, não seja necessário. Claro que é!
Durante esta longa jornada que é a vida temos de ter cuidado, cuidado em tudo. Como se costuma dizer, mais vale prevenir do que remediar. Mais vale ter cuidado do que, depois, algo acontecer mal.
Por vezes, parecemos asnos, no sentido animal, pois apenas vemos a nossa vertente do mundo, a nossa pequena vertente do mundo. Preferimos ficar na ignorância acerca de um “cuidado” numa ação que nos parece sem perigo, do que perguntar o porquê dessa expressão. Se o perguntássemos a pessoas sexagenárias, decerto que iríamos obter uma resposta.
Comigo, acontece uma situação frequente, quando penso que está tudo bem e começo a conseguir fazer algo bem. Por outras palavras, quando não tenho cuidado, há sempre algo que corre mal. Chama-se a isso excesso de confiança. Mas nós, como ser-humanos que somos, apenas ligamos às palavras mágicas que impediriam aquela ação, quando algo corre mal. Com isto, quero dizer o facto de ignorarmos o cuidado.
Resumindo, temos de ter atenção, sem dúvida! Temos de ter cuidado! Mas isso não pode influenciar a nossa felicidade. Se não arriscarmos, não fazemos nada. Eu não realizaria este trabalho pois iria ter medo de fracassar, mas a vida é mesmo isso. Aprendemos com os erros e, assim, melhoramos as nossas ações.
Tomás (10.º 4.ª) [B(+)]

Dança
Talvez por ser das coisas que mais gosto de fazer, ou por ser aquela que me dá mais prazer, ou mesmo por me fazer sentir mais livre do que tudo o resto. É a palavra mais bonita, que mais me enche o coração, que mais me faz vibrar e em que passo horas e horas do meu dia a pensar, mesmo quando não devo. É algo inevitável que não posso controlar. Estou numa aula de filosofia, a professora aborda um tema e lá estou eu a inventar uma coreografia sobre ele e a dançá-la mentalmente. É um vício que eu não quero largar porque me faz bem.
Talvez por dançar desde sempre, ou porque cada vez que danço me apaixono mais pela dança, pela vida e por mim mesma, ou mesmo por me fazer crescer todos os dias. É a única coisa que faço que me leva mesmo ao limite, que me faz melhorar todos os dias e querer ser e fazer sempre melhor. São as nódoas negras, as feridas, as lesões, o suor, o cansaço, as dores musculares e a frustração de não conseguir fazer um passo que me dão mais força. Dão-me mais garra para não desistir, para lutar contra as minhas limitações naturais e para vencer cada obstáculo que é posto à minha frente todos os dias nos treinos.
Cada salto, pirueta, elevação, esquema e coreografia são um desafio em que dou tudo o que tenho para dar o meu melhor. Vivo cada espetáculo e cada competição o mais intensamente possível para transmitir tudo o que sinto em palco, dar tudo o que sou e ser feliz, fazendo o de que mais gosto. Por mim, vivia para a dança e da dança sem pensar duas vezes. Quando oiço a palavra “dança”, é como se subisse um nervoso miúdo em mim e solta-se uma vontade enorme de dançar que até então estava dentro de mim guardada. Melhor do que essa sensação, só mesmo a sensação de liberdade e abstração de tudo de quando danço.
Sofia (10.º 3.ª) [B/B(+)]

Demência
Significado: “ deficiência mental”.
Escolhi esta palavra pelo uso exagerado que faço da mesma. Uso-a para descrever-me, pessoas, situações, mas não no sentido ofensivo, mais pelo sentido cómico, sem nunca querer ofender ninguém.
Adotei esta palavra através da minha irmã, que a usava múltiplas vezes (demasiadas até), que, por sua vez, a adotou por causa de um vídeo brasileiro a que achou muita piada. Ela passou a usá-la porque a nossa família tem tendência a ser um bocadinho… diferente… Não que eu tenha qualquer razão de queixa.
Esta palvra aparece, na maioria das vezes na frase “cê tem demência?”, que era exatamente o que a pessoa do vídeo brasileiro disse. Eu e a minha irmã utilizamo-la, por exemplo, quando tentamos dizer uma piada, mas que, na realidade, não tenha piada ou quando fazemos maluquices no geral.
Margarida A. (10.º 9.ª) [B-/S+]

Desenrascar
“Desenrasca-te, Francisca” e “Tens de aprender a desenrascar-te”, duas frases bastante presentes ao longo do meu crescimento. No entanto, o que é desenrascar? Segundo o dicionário é ‘Desembaraçar de rasca ou rede (o que está enrascado)’, mas, claramente não era esse “desenrascar” que queriam que eu aprendesse.
Agora, o ‘processo criativo que origina uma solução sem que existam as aparentes condições necessárias, por vezes efetuado através de métodos pouco ortodoxos’, esse, sim, era o “desenrascar” pretendido.
A palavra, que, no início, me deixava irritada e relutante a aprender, tornou-se essencial à minha maneira procrastinadora de ser. Comecei, pouco a pouco, a entender o seu significado, a usá-la, deixando de sentir aquela pequena irritação quando me era dito “Desenrasca-te”. Até que me afeiçoei a este “desenrascanço” e passei a tratar assuntos importantes como se fosse um McGyver da vida. Não sei se hei de odiar ou de gostar desta palavra, que tanto me facilita a vida como faz dela um inferno, ao aperceber-me de que, talvez, não me devia desenrascar de tudo.
Francisca (10.º 4.ª) [B(+)/B+]

Destino
É uma palavra conhecida por toda a gente: muitas acreditam nela, outras acabam por rejeitá-la ou ignorá-la. Alguns dizem que Deus escreve o destino, outros dizem que o destino de cada um está traçado nas estrelas, outros, ainda, afirmam que não há destino e que o ser humano faz sua própria trajetória.
Destino faz-me lembrar o futuro, faz-me acreditar que algo está previsto para a nossa vida e que alguma coisa de bom há de acontecer mesmo quando os momentos são os piores. É uma palavra difícil de explicar mas que, na minha opinião, está sempre presente. É uma palavra poderosa, misteriosa e que me fará para sempre ter esperança na vida.
Beatriz B. (10.º 9.ª) [B-]

Disgraça
Lembro-me da palavra «disgraça», todo o santo dia, porque,  quando alguém faz algo ou diz algo mal,  eu dirijo-me a essa pessoa dizendo «disgraça!».
A palavra «disgraça», para mim,  tem a ver com uma coisa que tem graça e outra coisa que pode ter «disgraça», sendo o «dis» a negação de ter «graça». Porém, a verdadeira grafia da palavra, como sabemos, é «desgraça», cujo significado é ‘tragédia’ ou ‘acontecimento muito mau’.
É incrível que, no meio de tanta palavra, esteja sempre a dizer ou a transmitir «disgraça»; quando tenho uma novidade a contar a alguém e ligo e essa pessoa não atende; quando combino um encontro com uma pessoa que descombina em cima da hora; quando a minha mãe não me deixa sair. Enfim, tanta coisa que, se eu estivesse aqui a escrever, nunca mais acabava, era uma lista interminável, era uma «disgraça».
Luísa (10.º 5.ª) [S+/B-]

Distraída
Esta é uma palavra que oiço quase todos os dias. As pessoas consideram-me muito distraída, sobretudo a minha mãe. Ela diz sempre para ter mais atenção, principalmente nos testes, e para ter cuidado com as minhas coisas (pois costumo perdê-las). Já tentei concentrar-me e prestar mais atenção, mas o sucesso foi mínimo. Esta palavra também me segue, quando estou com os meus amigos: eles, sim, consideram-me uma das pessoas mais distraídas.
Nicole (10.º 3.ª) [S(+)/S+]

Diversão
A diversão é o ato de se divertir, que é o ‘desvio do espírito de um sujeito para coisas diferentes das que o preocupam’.
“Diversão” é uma das minhas palavras favoritas, pois representa algo adorado por mim e muita gente, algo que pode ser considerado necessário na vida de uma pessoa, pois, sem a diversão, a vida de uma pessoa torna-se monótona. Trabalhar sem pausas para a diversão ou relaxamento pode causar exaustão.
A diversão é algo que traz prazer a qualquer pessoa, embora pessoas diferentes possam encontrá-la em coisas diferentes, no desporto ou na literatura, etc. Uma pessoa pode achar algo divertido enquanto o seu amigo acha essa mesma atividade aborrecida; mesmo com esta diferença de opiniões, os dois amigos podem-se divertir juntos fazendo outra coisa.
Infelizmente, nem toda a gente neste mundo tem o luxo de se divertir tão regularmente como outros, por diversas razões. Gosto muito daquilo que esta palavra representa pois, felizmente, tenho a oportunidade de me divertir bastante, com amigos ou sozinho.
Miguel (10.º 3.ª) [S(+)]

Dormir
A minha palavra de estimação é «dormir», porque é aquela que permite acalmar a imaginação e as emoções.
Quando estou numa situação de stress, ou naqueles momentos de felicidade imensa, a minha forma de ultrapassar ou comemorar esse estado de espírito é dormir. Só de falar nela já me sinto leve como uma pena e desejoso de que chegue a hora em que apago a luz do candeeiro e do mundo para poder desfrutar daqueles únicos e inexplicáveis momentos.
Dormir é poder ser livre, dormir é poder viajar pelo Universo, dormir é poder subir ao Evereste, dormir é poder ir à Lua numa viagem relâmpago, dormir é resolver os problemas em tempo recorde, dormir é fazer mil e uma coisas em apenas algumas horas e acordar cheio de energia para enfrentar o novo dia.
Em suma, dormir é como entrar numa máquina do tempo e viajar pelo passado, presente e futuro sem quaisquer limitações.
João G. (10.º 4.ª) [B(-)]

Dude
"Dude" é uma palavra inglesa de origem norte-americana, normalmente utilizada como vocativo, que serve como substituta da expressão portuguesa "mano". Maioritariamente, esta expressão é utilizada por mim, e a poucos o vi a fazer da mesma forma. Não digo isto para significar que sou especial, nem que mereço crédito extra, mas a verdade é que, até hoje, só vi um amigo meu a dizer "dude" como eu e, provavelmente, apanhou o hábito por mim.
Dependendo da entoação, "dude" pode ser utilizada nas situações mais variadas: "Anda cá, dude", "Duuuuuude, 'tas a gozar comigo né?", "Olha, dude, eu não 'tou a brincar...", etc.  Resulta disto que se trata duma expressão bastante útil e dinãmica. Além disso, temos também a componente do som, que eu diria que é exótico e até ligeiramente bizarro, senão macabro. Acho que tem piada, doooood, e, dependendo da situação, até pode ter caráter cómico.
Gonçalo Maia (10.º 5.ª) [B-]

Energúmeno
“Energúmeno”, “energúmena”, “energúmenos”, “energúmenas”, “energumizar”, “energumar” e muitas outras variações inexistentes (e algumas existentes) desta divertida palavra.
Numa aula de português deste ano, esta palavra foi utilizada. Pode não ter sido a primeira vez que a ouvi, mas foi a primeira vez em que lhe prestei atenção. Lembro-me que, assim que o professor explicou este conjunto de letras, eu escrevi-a no caderno e no meu braço para não me esquecer dela e, assim, poder “usufruir dela” sempre que possível. Chegar perto de alguém e, a meio da conversa, dizer algo como “és mesmo energúmeno!” causa um certo efeito.
Gosto desta palavra, uma vez que a forma como é pronunciada e escrita, na minha opinião, é engraçada e não é algo demasiado ofensivo que possa magoar alguém facilmente. Vamos admitir, quem não teria alguma vontade de rir, por mais pequena que fosse, ao ouvir frases como “Este país está cheio de energúmenos: são energúmenos aqui, energúmenos ali, energúmenos por todo o lado!”?
Leonor (10.º 9.ª) [B-]

Engraçoso
Para dizer a verdade, esta palavra nem sequer existe. Ouvi uma amiga minha dizê-la uma vez e achei-lhe imensa piada. Penso que a palavra, que não consta no dicionário, foi inventada por ela. De vez em quando, ainda uso a palavra “engraçoso” na brincadeira, pois sei que não está gramaticalmente correta.
Já uso esta palavra há dois ou três anos. Uma das razões que me prendeu a ela foi a sua originalidade e graça. Por si, a palavra “engraçoso” tem piada. Apesar de gostar desta palavra, ela não é adequada para se utilizar nas aulas, como é óbvio. Não me lembro de muitas palavras engraçadas que dizia quando era pequena, por isso decidi “adotar” “engraçoso” como a minha palavra de estimação.
Inês P. (10.º 4.ª) [S+/B-]

Epidídimo
A princípio, esta palavra transmite a ideia de algo pequeno e fofinho e, na verdade, é algo pequeno, mas em termos científicos não é algo fofinho. Então, se o seu significado poderia ser algo chocante para alguns, porque é que eu dizia e por vezes gritava a palavra «Epidídimo»? Vou contar-vos agora.
Bem, isso foi devido ao meu professor de ciências do 9.º ano, Luís Rodrigues, que ainda hoje ensina na Secundária de Benfica. Foi mais ou menos perto do fim do 2.º período do ano letivo 2016/2017, quando começámos a dar nova matéria, e, depois de alguns minutos, oiço a palavra «Epidídimo». Logo de seguida, eu e o meu colega do lado, João Leal, começámos a rir-nos. Não podendo evitá-lo, rimo-nos discretamente e acho que o professor não notou disso. Nós ríamo-nos dele devido à sua pronúncia (que acentuava o som dos is). Ele tornava a palavra «Epidídimo» em «E-            -pidídimooo», o que era hilariante. E não o fazia só com esta palavra, mas com muitas outras, por exemplo: «Bainha-de-mielina», «Vitaminas» e «Epidemia».
Sempre disse e gritei essas palavras com alegria, mantendo assim sempre o ânimo da nossa turma bem elevado. Eram muito engraçados estes momentos, especialmente se fosse com os nossos amigos mais chegados.
Esta palavra não só me provoca o riso, mas como também me faz lembrar de todas as boas recordações que criei na turma do ano passado, junto da melhor turma que alguma vez tive.
Jónatas (10.º 9.ª) [S]

Equação
A minha palavra de estimação é “equação”. Não sei porquê, mas penso que é porque me faz lembrar do meu pai. O meu pai sempre gostou de matemática e afins. Quando eu tinha por volta dos meus seis anos, começamos a fazer experiências que envolviam ciência, física ou matemática. Todas essas experiências estavam numa coleção de livros chamada Ciência Divertida, de Gary Gibson. O meu pai comprava um livro dessa colecção todos os meses e, nesse mês, fazíamos todas as experiências que estavam no livro. Muito antes de eu aprender equações na escola, já as sabia fazer graças ao meu pai. Começou por volta do meu 5.º ano. Obviamente que eram equações simples, mas, ao longo do tempo, a dificuldade foi aumentando e aumentando. No meu 7.º ano, o meu pai, antes de ir para o trabalho, punha sempre uma equação para eu fazer no quadro branco que eu tinha pendurado no quarto e, se eu errasse, tinha de descobrir o porquê sozinha. Às vezes, não o descobria; por isso, o meu pai tinha que me explicar. Depois de me explicar, ele dizia-me sempre para me lembrar dos erros anteriores para casos futuros. Graças ao meu pai, comecei a gostar um bocadinho mais de matemática, mas só na parte das equações, pois, no resto, eu era péssima.
Adriana (10.º 9.ª) [B(-)]

Error
A palavra foi-me apresentada quando tinha os meus dez anos. Nessa altura tinha um grande interesse por aviões, viagens e tudo o que implicasse esse tipo de coisas. Foi por isso num livro de destinos paradisíacos que me deparei com este vocábulo normalmente utilizado na língua inglesa ou no léxico dos computadores.
“Error?!” pensei eu. Fiquei de tal maneira confuso que precisei de recorrer à minha tia, professora, de modo a ter a certeza de que não se tratava de uma gafe do livro que estava a explorar. Mas não, era efetivamente uma palavra utilizada na língua portuguesa querendo dizer, segundo o dicionário: ‘ação de vaguear; incerteza; indecisão; erro; falta’. Naquele contexto, quereria expressar uma viagem sem rumo ou duração determinados. Depois desse dia, comecei a usar a palavra muito frequentemente como forma de confundir os meus amigos e alguns familiares.
Hoje em dia já não a uso como antes. No entanto, lembrei-me dela ao pensar no tema desta redação, o que me trouxe boas recordações dos meus tempos de explorador de paisagens através dos livros e do dia em que descobri uma das palavras que estará decerto entre as mais estranhas que a nossa língua possui.
Gonçalo (10.º 4.ª) [B+]

Escangalhar
Escangalhar é uma palavra que nem sei se existe na verdade, mas, dado o facto de o meu computador a ter aceite, deve existir, porém, tenho quase a certeza de que as pessoas que a usam já são bastante poucas: afinal, as únicas pessoas que ouço dizer esta palavras são os meus avós e também os ouço a fazer diversos erros gramaticais ao falar (ou talvez até possam ser maneiras de falar mais antigas que eu já não conheça). Daí ter pensado que a palavra podia talvez não existir. Como já disse, conheço esta palavra porque os meus avós estão sempre a dizê-la (não escangalhes isto, não escangalhes aquilo, não mexas nisso porque esta escangalhado). “Escangalhar” significa, portanto, “estragar”: até nem tem um significado muito profundo. Na realidade; não acho que a considere sequer a minha palavra favorita e acho que nem nunca a usei, mas, quando me pediram que fizesse um texto sobre uma palavra, foi a primeira em que pensei, talvez pelo seu som ou talvez por ser uma palavra inusual ou talvez por me fazer lembrar os meus avós, que, um dia, quando deixarem de estar comigo, me vão fazer muita falta. De certeza que esta palavra vai então ficar para sempre na minha memória. A razão mais plausível para isso é fazer-me lembrar os meus avos. É que gosto muito de ouvir a sua voz.
Beatriz M. (10º 9ª) [B-]

Espanha
A palavra “Espanha” é muito especial, pois, apesar de todas as guerras que tivemos contra Espanha, é o nosso país vizinho e devíamos manter uma ligação e ajudar-nos reciprocamente.
Além disso, a Espanha é muito importante para mim, pois desde pequena que passo lá as férias. Já estive em todas as partes de Espanha, norte (Burgos), centro (Madrid), sul (Málaga), na Catalunha (Barcelona) e nas ilhas (Mallorca) e em muitas mais cidades!
Todas as pessoas falam mal de Espanha, dizem que os espanhóis são antipáticos, que Espanha não tem paisagens bonitas, atribuindo-lhe muitos mais defeitos, mas, na minha opinião, é um lugar lindo, incrível, Quando lá estou, sinto-me muito bem. O ambiente, a paisagem, as pessoas, a comida são boas e simpáticas. Acho impossível não gostar de Espanha.
Elisa (10.º 5.ª) [S]

Esperança
“Esperança” é uma das palavras que sempre me marcaram e decerto vai continuar a marcar-me.
Interiorizei mais esta palavra quando uma parte de mim se libertou e foi ter o melhor sono da sua vida. A partir desse momento, a frase que o definiu foi “A esperança é a única coisa mais forte que medo”.
Dediquei-lhe esta frase quando ele estava a lutar pela sua própria vida, o que, infelizmente, não serviu de muito pois, de momento, só se encontra no meu coração e no de todos os que o amavam.
Esperança, para mim, é algo que todos possuem mas que é catalisado pelo medo de não se conseguir ou de se vir a falhar. É algo que só quem acredita em si pode ter.
Carlota (10.º 3.ª) [B(-)]

Estonjo
E lá estava eu, com sete anos, na sala de aula, quando entra uma funcionária da escola e diz: “Está aqui o estonjo que o Tomás deixou no refeitório”.
Estonjo.
Essa palavra ficou na minha cabeça durante todo o dia. E, depois, durante o resto da semana.
A partir desse dia, comecei a prestar muito mais atenção à forma como cada pessoa pronuncia as palavras. Dava por mim a ouvir conversas que nada tinham a ver comigo.
Desde esse incidente, reparei que a maior parte das pessoas acrescenta um horrível “n” à palavra “estojo” sem ter noção de que o fazem. Talvez até acreditem que é a forma correta e a escrevam assim também.
Ainda hoje oiço pessoas, velhas e novas, a pronunciarem mal a palavra. Mas a verdade é que isso faz com que esse episódio e essa palavra não desapareçam da minha memória.
Diana (10.º 4.ª) [B+]

Estrelas
Desde pequena tenho o hábito de ir à janela, mais frequentemente em dias de verão, e ficar a olhar para o céu, como se estivesse hipnotizada.
Fascinava-me ver as estrelas, a lua... Imaginava o que havia para além daquilo tudo e como estaríamos longe das estrelas. Nos meus tempos mais inocentes gostava de imaginar que cada estrela era alguém que já não estava na Terra mas que, em tempos, fora alguém muito importante na vida de outrem. Sentia que as estrelas e o céu que as rodeia transmitiam alguma paz.
Passava uns bons minutos a olhar para as estrelas a meio da noite, quando não se ouvia quase barulho nenhum, apenas o vento a bater nas árvores, sentia que era um momento tão calmo que poderia ouvir o silêncio.
Cada vez que olhava para as estrelas, pensava na minha vida toda (que, na altura, era pouca) e isso dava-me tranquilidade. Talvez seja psicológico, ou talvez seja até o brilho delas que tanto me fascinava, não sei, a única coisa que sei era o quanto eu adorava as estrelas.
Lúcia (10.º 3.ª) [S+/B-]

Estropício
Esta palavra é algo que me sempre fez questionar as minhas origens. Desde que sou pequeno a minha família, pelo menos do lado da minha mãe, usa esta palavra para chamar alguém quando são «malandros» ou «preguiçosos». É esquisito, pois o significado da palavra não tem nada a ver com o que a minha família interpreta, o seu significado é ‘barulho, desordem ou prejuízo’. Eu sei que foi a minha mãe que começou a chamar os meus familiares «estropícios», mas nunca percebi porquê. Ela diz que viu a palavra uma vez, achou-a engraçada e, desde aí, começou a brincar com ela. Hoje, vejo-me a também usar esta palavra, continuando a tradição da minha família.
Sebastião (10.º 2.ª) [S]

Etc.
Aprendi a abreviatura “Etc.” no terceiro ano e ela tem-me acompanhado fielmente até agora. Mesmo sem saber bem qual era o seu significado, sempre me identifiquei com ela por duas razões: por ser uma abreviatura e por me permitir escrever menos.
A verdade é que a minha paixão por ela deriva de nela rever um dos meus maiores defeitos, a preguiça, e uma das minhas melhores qualidades, o ser conciso.
O que significam estas três letras afinal? Só agora, passados nove anos, é que eu descobri o significado desta minha amiga. “Etc.” é uma abreviatura de uma expressão proveniente do latim “et cetera” que se traduz por ‘e o resto’.
Além de tudo isto, esta palavra permite ao autor e ao leitor imaginarem para lá do que está escrito. Por isso, “etc.” fica bem definido por um provérbio que a minha avó usava para me caracterizar: “Muito pensar, pouco falar e menos escrever”.
Afonso (10.º 2.ª) [B]

Eyezil
É um jogador que me suscita especial atenção, pela forma como o cunharam ou alcunharam, apesar de ele não gostar. O nome em causa provoca sempre risinhos e é tema de conversa com entendidos de futebol. Falo de Mesut Özil, que atua pelo Arsenal e é um jogador de grande craveira, que joga nos melhores palcos europeus e que, pelas suas características físicas, essencialmente os seus olhos (exageradamente grandes, tendo em conta o normal, segundo algumas pessoas), recebeu a alcunha de Eyezil, algo que não foi levado a bem pelo profissional de futebol. Não é que esta palavra se enquadre no meu quotidiano, ocorre mais quando falo da minha atividade preferida e que pratico com grande carinho.
Esta palavra insere-se de certa forma no meu quotidiano (desportivo) pois sou um inquestionável fã de Mesut Özil e achei que, apesar de a alcunha ser rude e utilizada como chacota, foi também registada nela, em parte, a sua imaginação produtiva.
No mundo do futebol, quando se fala em Eyezil, já se associa isto á estrela dos “gunners”.
Diogo Cardita (10.º 9.ª) [S/S(+)]

Férias
Há milhares e milhares de palavras na língua portuguesa mas a minha preferida é “férias”. Esta palavra transmite a qualquer ser humano, seja ele um trabalhador ou um estudante, um sentimento de alegria pois significa um período de descanso e relaxamento. Nas “férias” é possível realizar todo o tipo de ações sem nos preocuparmos com horários. Não é necessário acordarmos cedo pois não somos obrigados a sair mais cedo de casa.
As “férias” costumam ter mais de duas semanas, mas também existe outro tipo de descanso, o chamado “fim de semana”. O fim de semana é um descanso de dois dias durante a semana, a alegria de muita gente.
Esta é a minha palavra favorita no meio de tantos milhares de outras do dicionário da língua portuguesa.
Ivo (10.º 2.ª) [S(-)]

Gaiato
Sempre achei a palavra “gaiato” uma palavra engraçada. Ouvi-a pela primeira vez numa aldeia, quando, a meio de uma conversa com uma menina mais nova, esta chamou o amigo “gaiato”. Era a primeira vez que ouvia essa palavra peculiar e achei que seria ofensivo, por isso confrontei a rapariga, apelando ao respeito pelos outros, respondendo-me esta, preocupada, “acho que não é ofensivo, ouço a minha avó dizê-lo”. Rapidamente, concluí que nenhum sabia o significado da palavra e que tínhamos tirado conclusões diferentes e precipitadas acerca do seu significado.
Após longas horas à procura de internet e de uma rápida pesquisa, chegámos à conclusão de que “gaiato” queria apenas dizer ‘rapaz’. Agora, sempre que me deparo com uma palavra nova, não a utilizo nem julgo quem a utiliza antes de fazer uma pesquisa sobre o seu significado.
Pedro (10.º 3.ª) [S+/B-]

Heteronormatividade
Se calhar, ao envelhecer fiquei mais consciente do que me rodeia. Lutar pelos nossos direitos e ajudar os outros são exemplos de lemas de vida que nos foram transmitidos pelos nossos pais.
Esta palavra que me marca fortemente, mas não de uma maneira positiva, é «heteronormatividade». Ela até contém a palavra que a descreve: norma de uma sociedade.
Em qualquer filme que vejamos irá sempre existir um caso amoroso que temos de ver, e é sempre entre um homem e uma mulher. Isto é viver numa sociedade, ser subjugado a representar papéis que não condizem connosco.
Vivemos num século em que as pessoas podem mostrar o seu amor livremente sem serem julgadas, mas, mesmo assim, há preconceito e os jovens continuam a ter medo de como os outros à sua volta irão reagir.
Acredito que deverá haver mais diversidade no futuro, todos os jovens merecem ser representados e espero que «heteronormatividade» não seja uma palavra tão comum como é hoje.
Sara N. (10.º 5.ª) [B+]

Hikari
Hikari, palavra proveniente do japonês,
Curioso é que me lembrei dela uma vez
Nas férias de Verão a caminho do Gerês,
Enquanto via o meu anime favorito.

Hikari é um nome popular no Japão.
Significa ‘luz, claridade, iluminação’
Induz uma certa ideia de Verão
Devido ao seu significado.

Descobri esta palavra
e o seu som foi de agradar
Por isso, encontro-me aqui a pensar,
A escrever e a relembrar,
Os tempos que vivi no Gerês
Com a minha família, a três.

Hikari lê-se «khee-ka-ree»
Foi por isso mesmo que gostei dele assim.
E esta é a palavra que eu escolho para estimar,
Pois traz-me boas recordações para mais tarde
Eu me relembrar.

Esta palavra é um nome que tanto dá para o masculino como para o feminino. Como me interesso bastante pela cultura japonesa, escolhi-a e tentei fazer poesia.Acho esta palavra interessante, visto que é rara na nossa cultura, nos nossos valores e naquilo que nós consideramos ser «normal» porque não existem assim tantos nomes que correspondam a ambos os géneros.
Hikari é um nome consideravelmente curioso pois todos os nomes no Japão têm significados e este significa ‘luz, luminosidade’ e transmite-nos uma ideia de otimismo. Essa é, em parte, a minha filosofia de vida: ser positivo e enfrentar os problemas com um sorriso na cara.
João S. (10.º 4.ª) [B]

Hipopotomonstrosesquipedaliofobia
Descobri esta palavra durante um jogo com os meus amigos, mais especificamente o “jogo da força”. Foi uma palavra difícil de descodificar e, no meio de tantas letras, houve alguns que foram enforcados pelo caminho. Eu fui aquele que teve a sorte de não ficar com a corda ao pescoço e de a descobrir.
Primeiro, todos os jogadores, incluindo eu, a estranhámos e por isso recorremos ao famoso Google. Foi então que ela apareceu, gorda, grande, assustadora e recheada de significados: “hipopoto” vem do grego “hippo-pótamos”, que significa ‘cavalo do rio’ e deu “hipopótamo”; “monstro” é a palavra latina para ‘criatura assustadora’; “sesquipedali”, forma latina que significa ‘que tem pé e meio de comprimento’ e, em sentido figurado, ‘palavra longa’; e “fobia”, que quer dizer ‘medo’.
A partir de então, sempre que me quero exibir pela minha elavada cultura e sabedoria ou quando pretendo derrubar o meu irmão no “Scrabble”, jogo-a como um ás de trunfo.
Porque é que é a minha palavra de estimação? Fácil! Estimo-a porque soa bem, tem um som poderoso; gosto dela por ser gigante e porque, apesar de representar as pessoas que têm fobias a palavras grandes, estas nunca a poderão pronunciar para identificarem a fobia que têm.
Francisco B. (10.º 2.ª) [B-]

Horror
«Horror» é uma palavra utilizada para exprimir uma impressão física de repulsão, um certo espanto causado por algo assustador, medonho.
De todas as vezes em que eu me assusto, obviamente pronuncio esta palavra mas, em vez do simples “Que horror!”, ela vem sempre acompanhada com uma outra expressão mais comum (“Meu Deus”), “Meus santos deuses do horror”, “Santa Maria dos horrores”, “Que santos horrores” (também tenho um certo fascínio por divindades, pelos vistos).
Gosto de usar as expressões mais comuns, mas não sei porque é que as combino, e nem sequer gosto da palavra “Horror”, que mais parece um som do que uma palavra e também não tem piada utilizar-se  normalmente. Mas, quando me assusto, lá vem ela tornando-se num estranho hábito.
Pergunto-me se este uso desnecessário da palavra vem de algo além da simples coincidência ou tradição, algo subtil que exista na palavra “Horror” e de que nem eu me aperceba.
Eduardo (10.º 4.ª) [B-]

Inconstitucionalissimamente
Esta palavra, que apenas descobri há pouco tempo, tem-me vindo a atormentar os dias já que o meu pai, que gosta de fazer de mim objeto de escárnio (sem a intenção e de me ofender, como é óbvio), nunca se cala com ela. Recentemente, para ser mais exata, hoje, descobri que ela significa algo que se opõe ao estabelecido pela Constituição. Com isto também descobri que o meu pai a utiliza incorretamente, já que sempre que tem oportunidade utiliza-a para demonstrar os seus conhecimentos da língua portuguesa.
Agora, sempre que alguém diz «inconstitucionalissimamente» ou algo que remeta para esta palavra, lembro-me do meu pai, que, tão convencido e sem saber, a diz em contextos incorretos. Porém esta não foi a única razão pela qual a escolhi como minha palavra de estimação, também a escolhi pelas simples razões de esta ter uma fonia e grafia interessantes.
Sinceramente, espero que o meu pai leia este texto para que ele saiba que, finalmente, sei dizer «inconstitucionalissimamente» e que também sei o seu significado, coisa que, aparentemente, ele não sabe.
Emilly (10.º 4.ª) [B-/B(-)]

Infância
“Infância” é quase um sinónimo de memórias e vivências. É recordar o passado, a nossa infância, algo de que todos gostamos de nos recordar. Infância é aquela fase da vida em que pensamos que tudo é um conto de fadas, que todos somos príncipes e princesas, que todos iremos encontrar o amor da nossa vida e que iremos viver felizes para sempre!
Não é uma palavra que diga regularmente, mas as memórias são algo de que nos recordamos recorrentemente. Infância! Esta palavra persegue-me desde que comecei a ter mais consciência do mundo e do valor que temos de dar aos momentos e pessoas na nossa vida.
É uma das melhores fases das nossas vidas. Vemo-nos crescer, errar e aprender com os erros. Somos pessoas inocentes, sem maldade e ingénuos. Digamos que nessa fase vivemos no paraíso que pensamos ser o mundo, sem problemas.
Carolina (10.º 3.ª) [B-]

Infinito
Esta palavra está muito presente na minha vida desde o verão de 2014.
Nesse verão, fui de férias para Marrocos, onde passei uma das melhores semanas da minha vida. Fiquei hospedada no hotel Iberostar, em Saidia, e, logo no primeiro dia da minha estadia, conheci uma pessoa que se viria a tornar muito importante na minha vida.
Conhecemo-nos de uma forma um pouco estranha. Fui jogar voleibol, ele não me queria deixar jogar por eu ser muito nova, mas o meu pai pediu para eu jogar e ele acabou por deixar. Ficou na equipa contrária à minha, pois não queria perder o jogo, só que acabou por perder. Devido a isso, no final do jogo, ele veio-me dizer que eu, afinal, jogava muito bem e, desde esse dia, ficámos próximos.
A partir daí, todos os dias jogávamos voleibol e ficávamos na mesma equipa. Ele começou a tratar-me por “my beautiful girl” entre muitas outras brincadeiras que foram surgindo ao longo da semana. Só que tudo tem um fim.
No último dia da minha estadia, ele estava doente, mas, mesmo assim, foi trabalhar para se poder despedir de mim e da minha família. Nesse dia, estivemos a conversar e só aí é que eu descobri que o nome dele era Khalid, que significa ‘forever’, ou seja, ‘infinito’ ou ‘para sempre’. Custou-me muito esse dia porque tive de deixar para trás um rapaz que fora como o irmão mais velho que eu sempre quis ter.
Carolina (10.º 5.ª) [B+]

Jogar
“Jogar’’ é a minha palavra de estimação porque eu gosto muito de jogar. Normalmente jogo sozinho, mas também gosto muito de jogar com os meus amigos. Jogo quase sempre durante o fim de semana quando não tenho de estudar ou quando não tenho mais trabalhos de casa para fazer. Durante a semana, também tento jogar, nem que seja só dez minutos, mas tenho sempre de pedir ao meu pai.
Costumo jogar sempre na playstation e, muito raramente, no computador.
Resumindo, a minha palavra de estimação é ‘’jogar’’, porque é aquilo que eu adoro fazer.
Diogo S. (10.º 2.ª) [S]

Livro
Esta palavra não nomeia apenas um objeto. Não nomeia apenas o objeto que eu mais estimo. Esta palavra pode parecer simples de explicar e definir: um livro é um conjunto de folhas escritas e encadernadas, com uma capa, com... (para o caso não é realmente relevante), mas não devemos cair nesse erro.
O que é, na verdade, um livro? Eu diria que é um universo, de alegria, de tristeza, de orgulho e de inveja, de dor e de paixão. Um universo em que as emoções voam e nos atingem mesmo no coração.
A palavra “livro” lembra-me um amigo, um companheiro de aventuras, de angústias e êxtases.
A palavra “livro” lembra-me a minha infância sonhadora.
A palavra “livro” lembra-me um refúgio seguro, onde os medos e preocupações não me podem atingir.
A palavra “livro” lembra-me mais e mais palavras, lembra-me o meu sonho de escrever.
Lembra-me todos os meus sonhos e esperanças.
Lembra-me a minha vida.
Pode ser já antiga a analogia entre a vida e um livro, mas, antiga ou não, é simplesmente perfeita. Capítulos começados e terminados, páginas viradas, palavras marcantes, frases inesquecíveis,... histórias acabadas e histórias começadas.
Mas quem sou eu para tentar definir esta palavra? Afinal, cada um a sente à sua maneira. A magia é mesmo essa. Ter um universo de múltiplos sentidos e expressões nas nossas mãos não é magia de verdade?
Mafalda (10.º 4.ª) [B+/MB-]

Mãe
Posso dizer que esta palavra persegue todas as pessoas, como também deve ter sido a primeira palavra de quase todos. No meu caso, não tenho certeza se foi, mas é muito provável que sim.
As mães estão sempre connosco, foram elas que cuidaram de nós, nos alimentaram e nos aturaram. A minha mãe, quando eu nasci, estava a fazer um curso de contabilidade, no Seixal. Por isso, quem cuidava de mim a maior parte do tempo era a minha avó. Porém, apesar de a minha mãe estar sempre ocupada ou com o trabalho ou com os estudos, ela sempre tinha tempo para mim ou para o meu irmão. Como o meu pai, na época, trabalhava no Porto e eu e o meu irmão ficávamos em Lisboa com a minha avó, era ainda mais difícil pois só víamos o nosso pai quando íamos para casa no fim de semana: quando chegávamos a casa, que ficava em Santarém, ficávamos à espera do nosso pai ou, então, íamos logo ter com ele.
No fundo, para além de ter tido pouco tempo com os meus pais na infância e ter estado mais com os meus avôs, da parte da mãe, eles nunca deixaram de se importar comigo ou de cuidarem de mim. E é por isso que a palavra “mãe” e a palavra “pai” são tão importantes para mim.
Daniela (10.° 9.ª) [S(+)]

Mãe
Escolhi a palavra “mãe” pois considero que define uma heroína, a mulher que nos deu à luz, que nos trouxe a este mundo.
Porém, “mãe” significa muito mais. Não se explica mas sente-se. Na maioria dos casos, é ela que cuida de nós, nos defende — é a nossa guerreira —, é o apoio a quem recorremos quando precisamos. É também alguém que admiramos e que nos serve de exemplo.
Em suma, para mim, é das pessoas mais importantes e mais influentes que uma pessoa pode ter.
Lúcia (10.º 9.ª) [S-/I+]

Melodia
«Melodia» é uma palavra que, ao ouvi-la, nos transmite uma sensação de paz e serenidade. E, ao transmiti-la, também o seu som é engraçado. Podemos chegar à conclusão de que a palavra em si foi criada para nos transmitir uma sensação do belo ao ouvirmos uma música, apesar de que melodia não é o mesmo que música, como sabemos.
A melodia pode ser encontrada tanto num instrumento musical, como no som das marés nos dias mais cinzentos. Mas, então, se a melodia nos persegue em diversas situações, o que é a melodia?
Melodia é a harmonia representada numa sequência de sons que fazem preencher uma parte de nós, é a cura para a tristeza e a causa para a felicidade. Mesmo se isto parece quase um lugar comum, a verdade é que a melodia pode ser o que nos desperta a alegria que há em nós.
Marta (10.º 9.ª) [S+]

Morfar
Palavra de estimação… Tenho tantas! A verdade é que me parecia quase injusto escolher só uma quando há imensas palavras de que gosto, por variadas razões, desde “efervescência” a “onicomicose”, passando por “peculiar” e “clementina” (enfim, a lista não termina). Por isso mesmo, durante toda a semana, esteva presente, ainda que de forma subtil e apagada, a questão de qual seria a minha palavra de estimação: de vez em quando, parava e perguntava-me se havia alguma que se destacasse, mas parecia que me ocorriam, simultaneamente, várias palavras e nenhuma! Isto deixou-me, naturalmente, um pouco desmotivada — como não conseguia eu realizar uma tarefa assim tão simples por não ter imaginação (ou a ter em demasia)?
Contei, então, este dilema a uma amiga, mas, rapidamente, esquecemos o assunto. No entanto, pouco tempo depois, dado estarmos as duas com fome, disse algo do género “’Bora morfar?” meio a sério, meio a gozar. Só me lembro de ela se voltar para mim e dizer: “É essa! É essa a tua palavra: «morfar»!”. Tive de reconhecer que ela tinha razão. “Morfar” não é, de facto, a palavra mais elegante, nem é notória pela sua sonoridade, mas o que é certo é que me remete para bons momentos passados entre amigas e uso-a com uma certa frequência.
Lembro-me quando aprendi o seu significado, após a ter ouvido várias vezes, sempre em contextos muito informais: “Estás sempre a dizer «morfar», mas afinal o que é que é isso?”, ao que me responderam “É uma forma mais fixe de dizer «comer»”. E é. E a palavra foi ficando, associando-se a momentos felizes e tranquilos, enquanto conversamos sobre tudo e sobre nada e “morfamos” umas bolachas.
Ana (10.º 3.ª) [B+]

Música
Nem sei como descrever esta palavra. Penso, até, ser impossível de exprimir o como esta palavra é importante para mim. Mas uma coisa é certa, sem ela a minha vida não era a mesma, nem de perto!
A música significa tudo para mim. Ajuda-me nos bons e maus momentos. É como se tudo à minha volta desaparecesse e fosse só eu e aquela sinfonia que me faz ver o mundo de outra maneira. O céu parece ficar mais azul, as árvores mais verdes, o sol mais brilhante e tudo o que me rodeia ganha um brilho natural e um sentido de ser. A música está presente em quase todo o meu dia, de manhã à noite. Mesmo nos sons mais simples eu consigo perceber o que pode ser transformado em algo tão bonito e grandioso.
Não sei o que a torna tão especial, mas com ela parece que a vida passa a fazer sentido. Para mim, a solidão é uma das piores coisas, mas, a partir do momento em que coloco os fones nos ouvidos e simplesmente aprecio a melodia e toda a beleza daquele som que me enche a alma, é como se a solidão já não existisse e eu me sentisse completa. Pode ser algo estranho, contudo, sinto que a música me compreende e consegue alcançar os meus sentimentos mais profundos. Cada vez que oiço uma música, é como se ela me entrasse pelo corpo adentro e fizesse algo crescer em mim.
Eu toco piano e canto e para mim cada nota, do Dó ao Si, de uma oitava à outra, de uma ponta à outra do piano, tem uma beleza incondicional, que, em conjunto com outras, pode levar à coisa mais bela deste mundo: uma música, uma melodia, algo que me enche o coração.
A música sempre foi algo que esteve presente na minha vida, mesmo antes de eu nascer! Lembro-me como se tivesse sido ontem quando, no sexto ano de escolaridade (o que também não foi assim há tanto tempo), me sentei no banco em frente ao piano e fiquei a contemplar aquelas teclas pretas e brancas que um dia tencionava aprender a tocar. Até que, sem mais demoras e hesitações, peguei no livro de pautas que estava em cima do piano e escolhi uma música ao acaso, cujo nome me tocasse! Assim, contemplei o seu nome - Noturno -, o nome do pianista – Chopin - e as notas que preenchiam aquelas cinco linhas de cada sistema. Na altura não sabia o desafio com que me iria deparar, nem o enorme trabalho e paciência que seriam necessários. Nada que o gosto não conseguisse superar! Por isso, naquela tarde, sozinha ao piano, comecei a ler as notas e a tocá-las, até que, passados alguns dias, já sabia tocar a música inteira.
Foi nesse momento que me apercebi da falta que a música me fazia.
Penso que “música” é, verdadeiramente, a minha palavra de estimação, uma vez que é ela que define a minha vida e me faz ser uma pessoa melhor e mais feliz, de dia para dia. A música vai estar sempre no meu coração!
Laura (10.º 4.ª) [B+/MB-]

Música
Esta palavra, esta partilha, este movimento, está comigo, sei lá, desde que me lembro…
Faz parte da minha rotina e não digo isto só por ser algo que estudo para além da escola. Posso afirmar que chego a dizer mais de cinco vezes seguidas a palavra «música» e não sou a única a reparar nisso. «Música» ganhou este papel tão importante na minha vida não só por ser das palavras que mais uso mas graças a este poder, a este sentimento com que ela nos toca. A «música» toca as pessoas e a mim já me tocou, toca e tocará sempre! A etimologia desta palavra é-me quase desconhecida, mas o étimo parece ser o grego mousiké, que significava ‘música’, ‘instrução’, ‘habilidade’. Já os gregos a estudavam e a sentiam como nós. Até eles, há milhões de anos, através da Doutrina de Ethos, afirmavam que a música tocava, marcava as pessoas, podendo até diferenciar o pensamento ou modo de vida. De uma coisa tenho a certeza: é que mesmo que tudo esteja a descambar ou a começar a estar fora de controlo, eu sei que a «música» vai lá estar com o seu charme e harmonia para ajudar que tudo passe ou apenas a suavizar a situação.
Mafalda (10.º 3.ª) [B]

Música
Não tenho uma palavra preferida mas, se tivesse, teria de ser «música», não pela palavra em si nem por como ela soa, mas pelo que representa.
A música está presente na humanidade já antes da existência de registos históricos e manteve-se até ao presente passando por várias fases. A Idade Média é um exemplo de uma dessas fases, como verificamos com a poesia trovadoresca. A música é uma forma de caracterizar a cultura de cada país ou cidades, como através do fado, em Portugal, ou das sevilhanas, danças tradicionais de Sevilha.
Para mim, a música, quando feita por bons artistas, é uma forma de expressar e transmitir sentimentos. A música é capaz de nos fazer sentir felizes, tristes, com saudades ou aborrecidos apenas através da coordenação de instrumentos e melodia através de ritmo.
Concluindo a música é uma linguagem universal porque não é preciso saber falar a mesma língua que alguém que toque um instrumento para apreciar uma música e perceber o tipo de sentimento que se pretende transmitir através dela. Por exemplo, Mozart é austríaco, mas, apesar disso, somos capazes de apreciar a sua música e aquilo que ela transmite. Um filme que transmite esta mensagem é A Missão, de Roland Joffé.
Pedro Torrado (10.º 2.ª) [B-]

Nosfa
Era meu hábito dizer muitas vezes “Nossa!” em tom de brincadeira, quando algo mais engraçado ou estapafúrdio acontecia com algum dos meus amigos ou outras pessoas de quem eu gosto. Certo dia, estava a conversar por mensagem com o Tiago, um dos meus melhores amigos (que também adotou esse mesmo hábito), e ele, em vez de escrever “Nossa!”, clicou numa tecla errada, tendo, assim, nascido a palavra “Nosfa!”, uma palavra que achei extremamente curiosa e engraçadíssima e que logo adotei. Agora, quando algo mais inesperado acontece (como por exemplo, alguém dar uma queda), coloco a mão no peito, imitando pessoas demasiado dramáticas e digo: “Nosfa!”.
A palavra “Nosfa” tem sido muito utilizada pelo meu círculo de amigos, e até mesmo alguns membros da minha família (nomeadamente a minha avó, a minha tia e ainda mais alguns primos), e deixa que pensar a muitas outras pessoas que não a conhecem ou não sabem a sua origem peculiar (pois penso que ninguém imagina uma palavra nova que tenha sido originada de um pequeno erro ortográfico na escrita de uma simples mensagem). Portanto, considero “Nosfa” a minha palavra (e, obviamente, do Tiago também!).
Leonor (10.º 4.ª) [B]

Olalhas
Uma das palavras de que, desde que sou gente, me lembro e que, apesar de curta, nem sempre consigo pronunciar é “Olalhas”.
Olalhas!?, não. Olhalas?!, também não. Olalas?!, definitivamente não. Olalhas! Sim, é isso! Muitas vezes o descrito correspondia à confusão do meu pensamento bem como as diversas tentativas de amigos meus para pronunciarem a palavra corretamente.
Lembro-e de ser mais novo, à volta dos seis ou sete anos, e de, nas típicas sextas-feiras à noite, altura em que aviamos a bagagem para seguir viagem para a nossa tão adorada freguesia, tentar inúmeras vezes dizer o seu nome corretamente, o que demorava tanto tempo que, às vezes, se passava uma hora e meia de viagem neste entretenimento.
Olalhas, corresponde ao nome da freguesia onde se localiza a minha casa de fim de semana em Tomar, de onde também são as minhas raízes tanto maternas como paternas.
A sua origem tem duas possibilidades: derivação da palavra “olaia”, espécie de árvore leguminosa, ou deturpação de “Eulália”.
Recordo, assim, esta palavra com uma fonética ímpar que, ainda hoje, o meu coração alberga.
Guilherme (10.º 5.ª) [S+/B-]

Paixão
A minha palavra favorita é “paixão”, não de ‘amor’ ou ‘romance’, mas de ‘fazer algo com paixão’.
De facto, tudo o que uma pessoa faz deve ser feito com paixão. Por exemplo, um professor deve dar uma aula com paixão, caso contrário os seus alunos não vão estar totalmente atentos e acabam por perder o interesse e não aprender tão bem o que o professor lhes explicou. Isto aplica-se a tudo na vida: quando se faz alguma coisa com boa disposição ou apenas com um sorriso, normalmente resulta melhor e tem-se mais sucesso.
Desta forma, pode-se concluir que a palavra “paixão” é muito importante e deve estar presente em cada um de nós, para que o nosso dia a dia seja melhor e mais alegre. Tento fazer tudo com paixão, seja nos meus projetos fora da escola seja dentro da escola.
João Cola (10.º 2.ª) [S]

Pardal
Escolhi esta palavra porque desde pequena que me chamam por ela. Sinto que eu não sou eu, se não for a Pardal. Acho que me define, não pelo sentido literal de me sentir como um pássaro (aliás nem gosto muito de pássaros) mas por ser algo que vem desde a minha infância e cresceu comigo.
Beatrizes e Bias há muitas. Quanto a mim, gosto de ser única, diferente. Gosto de ser eu e isso reflete-se no meu nome. Os meus restantes nomes são aborrecidos, quase que sem vida, mas, assim que ouço, leio ou escrevo “Pardal”, sinto-me única e inesquecível, apesar de saber que existem mais pessoas com este apelido. Gostaria de ser lembrada como “a Pardal” e continuar este legado que carrego no meu apelido que já dura há pelo menos seis gerações.
Beatriz Pardal (10.º 3.ª) [S+]

Panela
Esta palavra não tem qualquer relação com a culinária, apesar de eu ter uma madrinha com grandes dotes para a cozinha.
Esta palavra surgiu-me quando comecei a fazer as minhas primeiras viagens à terra natal da minha mãe, cujo nome é Penela, vila pertencente ao distrito de Coimbra.
Devido a não ter os níveis linguísticos e de conhecimento que tenho hoje, pronunciava mal o nome desta vila, dizendo “panela”. Este fenómeno prolongou-se, mais ou menos, até aos meus quatro anos de idade pois, apesar de já saber pronunciar bem a palavra, continuava a fazê-lo por mera diversão, o que, por vezes, me trazia alguns aborrecimentos.
Hoje em dia, isto ainda acontece porque, apesar de já ser mais crescido e de ter um pouco mais de maturidade, é uma forma de recordar as boas memórias que tenho da minha infância e de me lembrar como era esta vila, que, desde esse tempo até hoje, já sofreu grandes alterações relacionadas com construções, com inovações ou com os estragos causados por incêndios.
“Panela” é uma palavra que eu irei levar para a minha vida toda, não só pelo significado que tem para mim, mas também pelas boas memórias de infância que tenho da bela e única vila de Penela.
Hugo (10.º 4.ª) [B]

Pantufas
A palavra "pantufas" foi extinta desde muito cedo do meu vocabulário, felizmente.
A minha avó, tratada por Manu, é uma das muitas pessoas deste mundo que, quando vai para a praia, leva um, dois, três e, às vezes, até quatro casacos para o caso de se «se levantar uma humidadezinha, eu ter um agasalhinho», portanto uma daquelas pessoas bastante friorentas. Para se prevenir do frio, a minha avó usava pantufas em casa até no verão! Tinha sempre a sua coleção de pantufas, e todos os Natais tinha mais um par para acrescentar, porque havia sempre alguém que lho dava.
Eu, em pequena, não conseguia dizer muitas palavras, e uma delas era "pantufas", que teimava em dizer «pantufias». Assim, passei a chamar a este simples objeto «Manus».
E, agora, a palavra «pantufas» já não é usada na minha família.
Clara (10.º 4.ª) [B(-)]

Partir
A palavra descreve a minha infância visto que eu estava sempre a partir muitas coisas e, por alguma estranha razão, não eram só os brinquedos ou a louça da mãe como a maioria das crianças: eu era ainda mais descuidado. Tinha um problema mais complicado, estava sempre a partir os pulsos, logo ficava com o “braço ao peito”. Então acabei por ficar com essa palavra específica a marcar bastante a minha vida.
Após ter crescido e ultrapassado essa fase de andar constantemente com gesso no braço, ainda é um costume para mim ouvir “partir”, como, por exemplo, quando o meu pai parte para alguma conferência em algum sítio ou quando deixo cair um copo no chão e levo aquele ralhete carinhoso de parte da minha mãe.
Guilherme V. (10.º 2.ª) [S+]

Passado
“Pas-sa-do 1. Que passou ou decorreu”. Ontem, há uns anos, antigamente, no passado. Estas são algumas palavras ou expressões que referem o passado. “Passado”, uma palavra que a muitos persegue, a mim principalmente. Eu queria poder apagar esta palavra e tudo o que ela simboliza. Nunca tive muito orgulho no meu passado, eu costumava odiar esta palavra. Para mim, o Passado era um monstro que vivia debaixo da minha cama, para me dar pesadelos à noite. No entanto, houve um dia que a minha avó chegou ao pé de mim e disse: “Bea, a dor que sentiste fez-te mais forte. As lágrimas que deixaste cair fizeram-te mais corajosa. E as mágoas que sentiste fizeram-te mais sábia.” Essas palavras fizeram-me perceber que eu não devia ter medo do passado, mas orgulho de o ter ultrapassado e me ter tornado na pessoa que sou hoje.
Passei a adorar esta palavra, o meu passado, as minhas memórias, aquilo que melhor me caracteriza. Agora, quando penso em passado, penso em tudo o que tenho vindo a construir ao longo da minha vida e encontro um motivo para estar neste mundo. O que, na minha opinião, ainda traz mais curiosidade de desvendar os mistérios do nosso futuro.
O passado de cada pessoa pode-se tornar numa lição de vida, tanto para a própria pessoa como para os que estão à sua volta. É a olhar para o passado que eu vejo os meus erros e tento corrigi-los e não os repetir! Eu gosto de dizer que o passado não reconhece o seu lugar, está sempre presente, pois, mesmo que o passado simbolize algo que passou ou decorreu, ele está sempre presente nas lições que aprendemos.
Beatriz E. (10.º 3.ª) [S+]

Pão
É uma palavra fascinante pela sua versatilidade, quer a nível prático, quer fonético. A palavra “pão” tem um diferente som de acordo com os sotaques regionais: por exemplo, em Lisboa, “pão”; no Porto, “pãoe”.
Esta palavra continua a oferecer uma grande polivalência, e não só devido à grande diferença de espécies de pão: de sementes, com côdea, sem côdea, duro, mole, doce, de Deus ou, até ateu, talvez.
Para além disto, poder-se-á considerar que pão é a água que se mastiga, pois é possível acompanhar tudo com ele, combinando-o com todos os recheios; chocolate, manteiga, doce, fiambre, frango e qualquer outro que se idealize. Basta um pouco de imaginação!
Por fim, pão é uma das poucas refeições aceites e publicitadas pela Bíblia, sendo um elemento que acaba facilmente com a fome, pois é “barato”, estando assim explicado o sucesso das cento e uma Padarias Portuguesas.
Miguel Brito (10.º 2.ª) [S+/B-]

Paupérrimo
A palavra “paupérrimo” é, por definição, o grau superlativo absoluto sintético do adjetivo “pobre”, ou seja, caracteriza algo ou alguém mesmo muito pobre. Que fique desde já esclarecido que, lá porque gosto da palavra, não significa de maneira nenhuma que eu aprecie o seu significado.
O meu primeiro contacto com esta palavra ocorreu nos tempos em que andava na escola primária. Lembro-me que, na altura, me sentava num lugar ao lado da janela. Não recordo quem se sentava ao meu lado. Passei muitas horas a olhar por essa janela, a imaginar como seria a minha vida se não estivesse presa naquele primeiro andar daquela escola primária na Rua Jorge Barradas. Geralmente, abstraía-me assim da aula quando a professora mandava fazer exercícios (que eu fazia muito rápido, para depois ter de esperar que todos acabassem) ou quando eram esclarecidas dúvidas de outras pessoas, que, provavelmente, não achava importantes o suficiente para merecerem a minha atenção.
Um dia, estava eu perdida nestes pensamentos quando a voz da professora me chamou de volta à Terra. Ia começar a dar matéria nova, os graus dos adjetivos. A aula foi decorrendo e foram sendo enunciados os vários graus que um adjetivo pode tomar: superlativo, relativo, absoluto, analítico… Quando chegou a altura do superlativo absoluto sintético, a única explicação dada pela professora foi:
— Estes são os que acabam em -íssimo, ou então o “paupérrimo”.
Paupérrimo? O que é isso? Alguém fez esta pergunta e a resposta dada foi a primeira frase deste texto.
Desde esse dia, nunca mais me esqueci desta palavra. Já no segundo e terceiro ciclo, sempre que vinham à baila os graus de adjetivos nas aulas de português, e os professores nos testavam e perguntavam na aula qual era o grau superlativo absoluto sintético do adjetivo “pobre”, esperando que alguém caísse na rasteira e respondesse “pobríssimo” ou algo do género, eu era a primeira a levantar o braço e responder:
— Paupérrimo!
Até hoje, esta palavra representa tudo o que essa professora espetacular fez por mim, desde apoiar-me em tudo o que eu precisava, até transmitir conhecimentos (não só académicos mas também cívicos) que tão facilmente não vou esquecer.
Teresa (10.º 3.ª) [MB(-)]

Peculiar
Já não me lembro exatamente que idade tinha, mas sei que ainda andava na primária quando a palavra “peculiar” me apareceu num texto. Achei-lhe imensa graça, suficiente para ficar com ela na cabeça mesmo sem saber o que significava.
Eu sei que a sua escrita não é nada de transcendente nem chama muito a atenção, pois a palavra não é muito extensa, mas, não sei porquê, gostei dela.
Fui perguntar à minha mãe o que significava, no mesmo dia em que a lera pela primeira vez. Descobri que, quando algo é peculiar, é diferente do resto, mas, a meu ver, de um jeito um pouco mais formal, mais engraçado.
Tenho ideia de que a primeira coisa que pensei quando soube o seu significado foi que a palavra “peculiar” é um tanto ou quanto peculiar. Não é muito usada e é diferente das outras.
Identifico-me um pouco com ela, pois eu também sinto que sou diferente dos outros, em certos sentidos. Às vezes, acho-me peculiar. Não acho que a palavra tenha de ser visualmente diferente, chamativa, para ser especial. E acho que isto também se aplica às pessoas. Cada um é especial do jeito que é.
Não sei se posso dizer que é a minha palavra favorita, mas é, definitivamente, uma palavra que me marcou e que tenho sempre na cabeça.
Matilde C. (10.ª 3.ª) [B(-)]

Pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico
O meu primeiro contacto com esta palavra deu-se no primeiro ano de escolaridade, tinha eu seis anos de idade, quando a li pela primeira vez.
A minha professora primária tinha um calendário colorido e ilustrado, para crianças, que orgulhosamente afixara na parede da sala de aula, junto ao quadro de ardósia, no primeiro dia de aulas. Todas as páginas do calendário representavam um mês e, no canto inferior, tinham uma curiosidade, um pequeno texto com informações interessantes e que, por vezes, nos davam ataques de riso.
A curiosidade de novembro intitulava-se, se a memória não me falha, “A maior palavra da língua portuguesa”. Para muita gente, seria “otorrinolaringologista”, incluindo, até então, eu mesmo. Contudo, apercebi-me de que era uma palavra maior, muito mais comprida e complexa do que alguma vez havia visto. Lembro-me da minha dificuldade em pronunciá-la: era-me impossível lê-la sem tropeçar duas ou três vezes ao longo da mesma.
Determinei, então, que decorá-la seria o meu objetivo. Foi uma tarefa árdua, é um facto, mas ainda hoje sorrio quando a pronuncio rápida e eficazmente, confundindo todos ao meu redor.
Só anos depois de ter decorado esta palavra é que descobri o seu significado. Afinal, a minha querida palavra preferida era o adjetivo relativo a uma terrível doença respiratória, causada pela presença de cinzas vulcânicas nos pulmões. Contudo, nunca deixei de adorar esta palavra, talvez pela sua musicalidade, talvez pela minha infância e pelo muito tempo que passei naquela sala de aula, com o calendário das curiosidades afixado na parede.
Rodrigo (10.º 4.ª) [MB-]

Pormaior
É uma palavra um pouco peculiar e ,aparentemente, sem significado. Comecei a ouvir este termo há relativamente pouco tempo e, desde logo, me chamou à atenção. “Pormaior” é proveniente dos relatos de futebol, onde, em certas partes, o comentador cita esta palavra que, a meu ver, é inesperada , dado que estamos habituados a ouvir a palavra “pormenor”. Por exemplo , o comentador, quando quer relatar acontecimentos do jogo importantes mas a que não se atribui atribui grande importância (um detalhe), em vez de dizer “pormenor”, diz “pormaior” , que é, no mínimo, engraçado, e, contudo, insólito.
Desde que ouvi essa palavra , quando quero caracterizar algum detalhe do meu quotidiano atribuo-lhe o termo “pormaior”.
Lourenço (10.º 4.ª) [S]

Problema
Segundo o dicionário, a palavra «problema» é um substantivo masculino que possui três significados: ‘questão matemática proposta para se achar solução’; ‘questão, dúvida’ e ‘o que é difícil explicar’.
Contudo, deste muito nova que vi a palavra de uma forma distinta. Para poder explicar esta trabalhosa relação, preciso de voltar aos dias em que reinavam a serenidade e a felicidade (pelo menos é assim que os vejo agora), mais propriamente ao período em que me encontrava na escola primária. Tudo começou com uma situação invulgar: «Margarida, o que é que acabaste de dizer?», «Eu? Que não conseguia resolver este ‘porblema’». Deste modo, posso afirmar, com toda a certeza, que a própria palavra tornou-se no seu mais exclusivo significado. A troca do o e do r, e do r e do o, deixava-me deveras aborrecida por ser de tal forma involuntária e inconsciente que também se verificava na escrita. Por isso, demorei algum tempo até que o meu «porblema» passasse a problema, mas, de qualquer das maneiras, ultrapassei-o. É engraçado pensar no que considerava um problema na altura, mas isso também não repeliu a ansiedade sentida no momento.
Seja uma questão matemática, uma dúvida ou algo que é difícil de explicar, estamos carregados de problemas à nossa volta. Aliás, somos tão criativos que até quando não existem, os inventamos. Com o passar do tempo, os problemas crescem e acumulam-se, sendo essa uma das consequências mais próprias de crescer: as perguntas anteriormente feitas necessitam de respostas e as soluções tardam a chegar. Possivelmente, é por isso que bastante gente gostava de se ver livre deles. Porém, é o modo como os enfrentamos que nos distingue, pois a felicidade não é a ausência de problemas, mas a capacidade de lidar com eles.
Não deve ser algo fácil de se fazer, eu própria ainda tenho muito caminho para percorrer até poder dizer isto com certeza, mas, se pensarmos no Universo e na sua complexidade e imensidão, aqueles problemas que nos estão a afligir tanto de momento são tão pequenos como o mais ínfimo grão de areia. Como tal, nem nos deveriam perturbar com a sua existência, deveríamos, sim, pensar na sua solução e num método de os resolver. Só assim que é que podemos ser verdadeiramente felizes.
No início, nunca sabemos o que poderá representar x, mas isso não quer dizer que não sejamos capazes de o resolver, basta determinação e um pouco de raciocínio.
Margarida O. (10.º 3.ª) [B-/B(-)]

Quispo
Não sei ao certo o motivo, mas esta palavra sempre esteve presente na minha vida e eu apeguei-me a ela. Talvez porque, todos os dias desde que me lembro, me esqueço de vestir o quispo e, todos os dias (de inverno), a minha mãe me lembra de o vestir. Ou talvez porque este casaco impermeável está sempre lá, para mim, e, quando estou com frio, não me falha. Enfim, não sei a razão de gostar tanto da palavra. Mas gosto.
João F. (10.º 5.ª) [I+/S-]

Ramiro
Já utilizo esta palavra desde os meus doze anos. Comecei por a usar quando saí com os meus colegas numa viagem de finalistas. A palavra em causa é “Ramiro”. Esta palavra é um nome de homem muito utilizado principalmente na Idade Média e que veio a perder o seu uso ao longo dos anos. Na prática, não quer dizer nada mas, quando utilizada no contexto correto, ganha significado. Para além disto tudo, gosto da sonoridade da palavra, parece cómica mesmo sendo apenas mais uma palavra vulgar. E é mesmo pelo seu caráter cómico que, apesar de a usarmos com conotação depreciativa, ninguém fica verdadeiramente ofendido.
Os primeiros documentos em Portugal onde aparece este nome são datados do século IX, quando ainda se escrevia em latim (“Ranemirus” é uma das formas que surgem, mas também aparece “Ramiro”). Este nome tem origem germânica e a sua formação e significado original são controversos (‘guerreiro valente’ é um dos sentidos que têm sido indicados como possíveis).
Francisco (10.º 4.ª) [S]

Recipiciente
Recipiciente, recipiente, recipiciente?! Esta dúvida insanável de como se pronuncia o nome deste objeto surgiu no meu sétimo ano numa aula de Física e química. Era a minha vez de ler o procedimento de uma experiência. Comecei a ler e não consegui pronunciar corretamente a palavra uma única vez. E, digamos, a quantidade de vezes que esta aparecia era interminável. Desde esse mesmo dia que nunca mais consegui ler dignamente a palavra “recipiente”. Na altura, o caso gerou imensos risos por todos aqueles que escutavam a minha leitura, mas, dentro de mim, só ocorria um sentimento de desespero profundo, pois cada vez que o termo aparecia o meu inconsciente acrescentava um ‘ciente’ completamente desnecessário. Atualmente, sempre que vou ao encontro da mesma palavra, surge um ligeiro sorriso de ansiedade e uma dúvida na minha cabeça… Será desta que a irei pronunciar corretamente? O erro permanece, mas tenho a certeza de que um dia o irei superar!
Mariana M. (10.º 9.ª) [B]

Rinchoa
O meu primeiro encontro com esta palavra foi há vários anos. Talvez há dois ou três anos, mas não consigo situar este momento com grande precisão na história da minha vida. Lembro-me apenas que voltava da praia com um primo e um tio. A certa altura, o meu tio pôs a tocar no leitor de CD do carro o disco das músicas dos Gato Fedorento. Acontece que, a dada altura, começou a tocar a música «Rinchoa». Entrou-me por um ouvido e nunca mais me saiu da cabeça.
Já em casa fui fazer uma pesquisa sobre esta terra. E, apesar de as imagens apenas mostrarem uma terra bastante simples, até com um aspeto manhoso, diria eu, nunca tinha visto uma terra tão bela.
Falta explicar onde é a Rinchoa. Fica a vinte e três minutos de Lisboa, isto se o IC 19 fluir bem e não houver fila no Cacém. Pode também ficar a uma hora e meia de Lisboa se o IC 19 fluir mal e tiver caído uma ponte pedonal.
E, na altura do meu décimo ano, decidi levar a minha paixão por esta palavra a público. Como o fazer, ainda não o sabia, mas o momento apareceu num abrir e piscar de olhos. Foi numa aula de Português, enquanto jogávamos ao jogo do stop. Quando a letra escolhida foi o R, na coluna das cidades não hesitei e logo escrevi o nome da minha terra predileta. Infelizmente, o professor não a aceitou, pois, como já disse anteriormente, Rinchoa era uma aldeia e, hoje, uma freguesia de um subúrbio, e não uma cidade. Descobri ainda nessa aula que não era o único que tinha ligações a esta terra. Também o professor a conhecia bem: passara férias na Rinchoa quando esta era apenas campo e quintas; a sua mãe até nascera na Rinchoa, por capricho do avô, e os pais casaram-se lá.
E, pronto, é esta a minha relação com esta palavra magnífica. Apesar de parecer uma ligação simples ou até bizarra, eu acho que não é. Pelo contrário, é uma relação que vai durar para sempre porque também já transmiti esta palavra aos meus amigos. Depois da Reboleira, o nosso próximo destino será a Rinchoa.
Francisco (10.º 3.ª) [B+/MB-]

Roma
Há três anos, fui pela primeira vez a Roma (e, a partir daí, fui lá todos os anos). Na altura, não sabia nada sobre a história da cidade e da grande civilização que de lá se expandiu há quase três milénios. Ao princípio, a viagem foi bastante aborrecida (como é para todos os jovens desta idade), mas, ao ver as inúmeras ruínas espalhadas pela cidade, a minha visão mudou totalmente. A visita passou de aborrecidíssima a magnífica e comecei a ler livros e artigos sobre a civilização romana.
Hoje, continua a ser o meu período da História favorito e, sempre que visito a cidade, até me imagino lá nesse tempo. Antes, também quase não lia nenhum livro, mas agora chego a ler quinze ou dezasseis por ano. Mais importante é o facto de isso me ter levado a alterar a escolha de área agora no secundário, Humanidades, embora me tenha arrependido um pouco dessa decisão, e talvez com isso tenha alterado o rumo da minha vida…
Pedro (10.º 9.ª) [B/B(-)]

Rosa
A minha palavra de estimação é “Rosa”, a rosa que é uma flor! Mas uma rosa vermelha (não por não gostar das outras rosas, mas porque vermelho é uma das minhas cores preferidas desde miúda). As rosas vermelhas são o meu símbolo, o símbolo da minha vida.
“As rosas são como as pessoas: muito lindas, mas temos de ter cuidado porque todas elas têm espinhos”, dizia a minha bisavó, a mulher mais linda do mundo, tanto por dentro com por fora. Usava todos os dias uma peça de roupa vermelha, talvez seja por ela que goste tanto de rosas e de vermelho!
A minha bisavó contava-me muitas histórias sobre rosas, mas havia uma particularidade nas histórias: tinham de ser contadas na minha sala à frente da rosa vermelha, que todos os meses era substituída por uma nova; todos os meses lá ia eu com a minha bisavó comprar uma rosa vermelha à Dona Rosário, uma senhora nos seus sessentas, calças de ganga e um avental vermelho. A Dona Rosário dava-me sempre a rosa maior e a mais vermelha que ela tinha. Ficava tão feliz!
Esta é a história do símbolo da minha vida. Ainda hoje o utilizo nas descrições das minhas redes sociais, no fundo do meu ecrã do telemóvel. E, quando fizer os meus dezoito, vou fazer uma tatuagem de uma rosa, ainda não sei onde. Quero marcar este símbolo para o resto da minha vida, e não há melhor sítio do que no meu corpo para a simbolizar. Esta tatuagem vai ser como marcar a minha bisavó para sempre no meu coração (vermelho)!
Matilde P. (10.º 3.ª) [B-/B(-)]

Saudade
A palavra “saudade” significa ‘sentimento de melancolia e nostalgia causado pela falta de pessoas ou coisas, ou pelo afastamento de um lugar ou de uma época’.
No princípio da minha adolescência, experimentei este sentimento quando as pessoas por quem tinha um grande afeto e de que gostava muito começavam a ir embora para longe, para procurarem melhores condições de vida noutras cidades ou países.
Não me recordo de quando comecei a não gostar da palavra “saudade” pois é uma palavra que me traz más recordações e me lembra sempre de pessoas de que gosto muito e não vejo há muito tempo.
Qualquer pessoa que seja humana e a quem aconteça o mesmo também sente saudades, pois é a lei da vida as pessoas irem e virem outras para ocupar o seu lugar.
A palavra “saudade” não se aplica só a saudades de uma pessoa, mas também pode ser de objetos, lugares… pois existem coisas importantes que deixamos para trás ao longo da vida.
Fábio (10.º 4.ª) [S(+)]

See ya
Lembro-me da palavra (ou expressão) «see ya», que vem do inglês «see you later», mas já de uma sua forma reduzida. Escolhi esta palavra pois digo-a toda o momento, quando me despeço dos meus amigos, da minha família, dos meus colegas e até mesmo de pessoas que acabo de conhecer. Tudo começou a meio do nono ano, quando me comecei a apaixonar pela língua britânica: ouvia músicas, lia histórias, falava pela net com amigos em inglês, e houve uma altura que até com a minha mãe eu falava em inglês. Acompanhava carreiras de artistas e bandas, via vídeos e séries, tudo em inglês. Chegou-se a uma altura em que o inglês já fazia parte da minha vida e, então, algumas palavras do meu vocabulário português foram substituídas por outras em inglês («até logo», «see ya»; «olá pessoal», «hi guys»; «não», «no»; «talvez», «maybe»).
Ana S. (10.º 5.ª) [S(-)/S]

Segafredo
Lembro-me de, juntamente com a minha irmã, acompanhar os meus pais ao café. Sempre que chegavam as duas chávenas brancas do café segafredo levantava-se uma discussão. Eu escutava atentamente, ainda que aparentemente distraída. A minha irmã, com o seu feitio e teimosia, insistia em chamar ao café “segarfedo”. Há alguns anos que o dizia e nunca antes tinha sido corrigida, de modo que, da primeira vez que o meu pai se apercebeu do erro, num desses dias em que saímos para beber café, o choque foi enorme. Recordo-me de como ficou indignada, recusava-se a acreditar que tinha estado errada até aí. Desde esse dia a palavra era constantemente discutida pelos dois e, não tão habitualmente, a minha mãe intervinha em defesa do meu pai. Eu continuava calada. Para mim também sempre fora “segarfedo”. A minha irmã tinha noção de que estava errada, mas o verdadeiro problema era que se via incapacitada de pronunciar a palavra corretamente. Acabou por dar origem a situações engraçadas. Ainda hoje o assunto surge ocasionalmente e, por mais que ela tente, os lábios fogem sempre para o velho hábito. Segarfedo. Lembro-me da achar tanta piada à palavra que a atribuí como nome a vários bonecos que possuía na altura.
Mas, embora a má colocação da letra R tivesse sido uma grande revelação para a minha irmã, não foi esse o aspeto que realmente me surpreendeu. Durante todas as discussões e ocasiões em que a palavra foi mencionada, sempre a associei a uma história. Pensei em várias possibilidades: um casal demasiado indeciso entre o nome “Zé” e o nome “Alfredo”, ou então dois amigos, Zé e Alfredo, que tinham nham montado um negócio de café algures numa adega no Alentejo. Já tinha lido várias vezes a palavra, quando procurava perceber se o meu pai estava verdadeiramente correto, mas, misteriosamente, nunca me apercebi de que se iniciava por S e não por Z. Segafredo. Uma chávena pequena foi a causa de inúmeras polémicas e desconfianças que permanecem na minha família há anos.
Marta (10.º 2.ª) [B+/MB-]

Sempre
Para muitos, não passa de uma simples palavra usada sem significado nem sentido, como em “irei estar cá sempre para te apoiar”. É, assim, usada num momento, por impulso ou por conveniência.
Para mim, esta palavra significa “certeza” e “promessa”, transmitindo segurança à pessoa que a ouve pois sabe que esses estarão lá para a apoiar em todos os momentos bons e maus proporcionados pela vida.
Esta simples palavra acaba por dar uma certeza de continuidade tanto para o bem como para o mal.
Luísa (10.º 9.ª) [S(-)]

Sereia
Segundo a Teoria dos Macacos Aquáticos, os primeiros hominídeos, devido ao calor, dirigiram-se ao mar à procura de refresco e lá encontraram, para além de uma zona mais fresca, habitação e alimento. Alguns habituaram-se e, ainda segundo esta teoria, desenvolveram-se em sereias (na minha opinião, não da maneira que achamos que elas são); outros não se habituaram e, por isso, voltaram para terra e desenvolveram-se em seres primitivos, tal como os conhecemos.
Esta teoria assume a existência das sereias, o que é intrigante, uma vez que nunca se avistou uma. Porém, parece que toda a gente sabe como são as sereias, quer acreditem ou não na sua existência. “Sereia” torna-se uma palavra curiosa pois, com ela, vêm inúmeras questões que, por sua vez, trazem outras dúvidas acerca do oceano (de que, por curiosidade, só se conhece 12%, sendo verosímil a existência de milhares de espécies que desconhecemos), que é um dos meus ambientes preferidos.
Mariana S. (10.º 9.ª) [S+/B-]

Shiterson
É estranho escrevê-la, já que ela é sempre falada. Digo-a sempre que me engano a escrever uma palavra; digo-a sempre que recebo uma má nota e percebo que vou ter de o contar aos meus pais; digo-a sempre que tenho aquela dor desagradável no mindinho do pé quando ele embate na ombreira da porta... Provavelmente, vou dizê-la várias vezes ao longo deste texto.
Comecei a dizer esta palavra quando percebi que a minha mãe entendia o significado da palavra reduzida, a asneira em inglês, “shit”. Quando dizia esta palavra, achava que a minha mãe não percebia o que queria dizer, mas, agora, vejo que talvez não fosse difícil de entender. A palavra foi ficando na minha cabeça até hoje e, quando a digo, as pessoas olham para mim com um ar de quem acha que sou maluca... Mas é algo automático, que sai sempre que as circunstâncias a isso obrigam, não o consigo controlar. Deste modo, não digo asneiras graves que choquem outras pessoas e que não soem bem ditas em voz alta.
Margarida P. (10.º 9.ª) [B]

Sombra
“Sombra” é uma palavra a que sempre tive algum tipo de ligação, não só pelo seu significado, mas também pela pronúncia. Achava tão engraçada a maneira de pronunciar, que, cada vez mais, me fui apaixonando por ela. Quando era mais nova, era apenas eu e ela, conversava com ela, brincava com ela, ficava de castigo com ela, apenas eu e a minha querida “sombra”. Achava piada (e até refletia sobre isso) ao facto de qualquer ser vivo nunca andar sozinho, estar sempre acompanhado por aquilo a que chamamos “sombra”.
É engraçado que muita gente pensa que ela só aparece quando estamos na presença de muita luz, o que não é totalmente verdade, porque, mesmo quando estamos no escuro, ela está lá para nos acompanhar, apenas os nossos olhos não têm capacidade suficiente para a captar. Quando, por brincadeira com amigos, por exemplo, tentávamos imitar vozes estranhas e que não nos eram muito familiares, a primeira coisa que eu dizia era a palavra “sombra”. Fosse com voz masculina, feminina, mais grave ou mais aguda, a primeira palavra que me saía era essa.
Penso que vou continuar a ter esta pequena admiração por ela. Só espero que andemos juntas por mais bastante tempo.
Madalena (10.º 4.ª) [B-/B(-)]

Supostamente
Uma das palavras que me têm perseguido desde pequena é “supostamente”.
É raro num diálogo eu não mencionar “supostamente”, mesmo que eu me esforce e independentemente do assunto. Simplesmente coloco “supostamente” ou no início de uma frase, no meio, ou mesmo para finalizar, podendo inclusivamente repeti-la duas vezes na mesma frase, mesmo que esta seja curta.
Os jovens de hoje têm muita tendência para repetir palavras como “tipo”, “bué”, “ya” e muitas outras que seriam inapropriadas como título de um trabalho. Face a esta realidade, e apesar de tudo, será preferível dizer “supostamente” do que essas outras palavras.
No entanto, não deixa de ser frustrante não conseguir ter uma conversa sem dizer “supostamente”:
― Supostamente, não!
― Supostamente, não devias fazer isto ou aquilo…
E, para piorar a situação, eu odeio a palavra. A minha mãe está constantemente a chamar-me a atenção: “Mas «supostamente» porquê? Essa frase não faz sentido! Repete tudo outra vez sem o «supostamente»”.
Felizmente, não tenho tendência para escrevê-la, à parte este texto, que é uma exceção.
Eu sei que, neste trabalho, supostamente, devíamos escolher uma palavra que nos agradasse, mas não há melhor palavra que me identifique do que esta. É a minha imagem de marca, por assim dizer, apesar de não gostar dela.
― Estás a ver aquela miúda! A que utiliza o “supostamente” como sinal de pontuação! “A rapariga do supostamente” não é de todo um mau nome. Podia ser bem pior!
Apesar de tudo, não podem discordar de que o “supostamente”, quando bem empregue, enriqueça qualquer frase.
Joana (10.º 4.ª) [B+/MB-]

Tagliatelle
“Tagliatelle” é uma das minhas palavras de estimação.
Poderia dizer que a uso bastante por ser o nome da minha massa preferida, ou a mais usada pela minha mãe, ou até mesmo por achar que é uma palavra engraçada de se pronunciar. Mas, na verdade, uso esta palavra como alcunha de um amigo.
Esta alcunha surgiu numa saída à noite, com o encontro de dois grupos de amigos, com amizades em comuns. Quando nos estávamos a apresentar uns aos outros, pois havia pessoas que não se conheciam, houve um rapaz que disse que se chamava Francisco Tamagnini, um nome que me soa diferente.
Quando ele disse o seu nome, foram poucas as pessoas que o entenderam, como devia ser. Chegámos, assim, à conclusão de que muitos de nós tinham percebido “tagliatelle” em vez de “Tamagnini”.
Foi a partir desta altura que passámos a tratá-lo por “Tagliatelle”, em vez de “Francisco Tamagnini”, não só por “Tamagnini” ser mais difícil de se dizer do que “tagliatelle”, mas também porque esta palavra é um “nome” diferente e engraçado de se chamar a alguém.
Posso dizer, assim, que “Tagliatelle” é a minha palavra de estimação por ser o nome de um dos meus grandes amigos, e não por ser o nome de uma massa.
Mafalda (10.º 5.ª) [B(+)]

Ténis
A palavra “ténis” é talvez a minha palavra favorita, porque não me lembro de não me lembrar dela alguma vez. Jogo ténis desde pequena e todos os dias falo sobre ténis quer com os meus amigos, quer com os meus familiares.
Na escola, desde o infantário que me perguntam todos os anos qual o meu hobby preferido, e penso sempre em primeiro lugar “ténis”.
É a palavra que eu quero ouvir dizer até ser idosa, por tanto gostar dela e do seu conteúdo, o desporto em si mesmo. Sou capaz de jogar um dia inteiro só porque gosto de ténis, como sou capaz de ver jogos o dia inteiro. Sempre que me falam na palavra “ténis”, fico entusiasmada.
Acho que também é capaz de ser das minhas palavras favoritas, porque me motiva imenso em todos os aspetos ou situações.
Carolina D. (10.º 9.ª) [S+/B-]

Terra
Cinco letras que significam um planeta, localidade, um tipo de solo e outras variadas coisas. Mas este nome é bastante interessante.
Porque é que o nosso planeta se chama “Terra” se 70% dele é água? Porque é que localidades se chamam terra, se existem localidades que não têm terra como solo? Será que a rocha foi chamada «terra» primeiro que as localidades e o planeta?
Do tipo de rocha mais comum e insignificante a um planeta único em provavelmente muitas galáxias, a terra é o início e o fim. Juntamos terra e uma força gravítica e fazemos outra Terra.
E ainda mais engraçado é o facto de o planeta Terra ser constituído por terras que são constituídas por terra.
Terra…
Guilherme Cabo (10.º 2.ª) [S+/B-]

Tipo
Não me recordo bem de quando esta palavra se entranhou no meu vocabulário de uma maneira bastante diferente do que uma pessoa usaria normalmente. Quando era mais nova, “tipo” tinha o seu normal significado: ‘conjunto de características que distinguem uma classe ou um exemplar; modelo ou ainda qualquer indivíduo; fulano; sujeito’. Hoje em dia, uso esta palavra a toda a hora. Serve para tudo aquilo que eu queira dizer e não saiba como, ou quando me falta uma palavra. Isto, para além das vezes que a uso com o seu verdadeiro significado.
Todos os adolescentes utilizam esta palavra da mesma forma que eu, temos todos a mesma “mania”, por isso é que nos entendemos tão bem uns com os outros, apesar de as pessoas mais velhas acharem que comunicamos por códigos ou algo parecido, por causa destas palavras (“tipo”, “coiso”, etc). Talvez, no futuro, também me aconteça o mesmo, mas, nessa altura, é de esperar que já haja outras manias e, com estas, palavras diferentes.
Beatriz B. (10.º 3.ª) [B-/B(-)]

Titiz
Titiz é, desde que nasci, o nome pelo qual a minha família me trata. Nunca percebi ao certo o porquê de ter esta alcunha, visto que não se relaciona com o meu nome, Beatriz. Pelo que me explicaram, o meu irmão, quando eu nasci, tinha ele dois anos, não sabia pronunciar o meu nome corretamente e apelidava-me “Titiz”.
Ainda hoje, com quase dezasseis anos, sinto uma certa vergonha de estar com um amigo e a minha mãe dizer bem alto: “Titiz, vem jantar!”, “Titiz, vou buscar-te às nove!”, “Titiz, estás atrasada!”, “Titiz, …”, “Titiz, …”, “Titiz, …”. E, no momento em que os meus amigos ouvem esta palavra ridícula e engraçada, soltam uma gargalhada tal, que até dá vontade de me esconder num buraco bem fundo.
Será que “Titiz” tem um significado que eu desconheço? Questiono-me até se, noutra língua, esta palavra terá algum significado engraçado? Percebo que não seja uma palavra comum na sociedade, mas eu já estou tão familiarizada com ela, que não vejo qual é o motivo de riso dos meus colegas.
Apesar de nem sempre ser agradável rirem-se da minha alcunha, depois de eu explicar a sua origem os meus amigos deixam de gozar comigo e, normalmente, passam-me a chamar “Titiz”, em vez de “Bia”.
Dizer que não gosto que me tratem por “Titiz” era uma mentira, porque, afinal, esta palavra descreve a minha infância, a minha vida! Até acho que devo agradecer ao meu irmão por me tornar diferente, com um hipocorístico que mais ninguém tem!
Beatriz E. (10.º 5.ª) [B-/B(-)]

Tornado
Nunca pensei muito no assunto antes, mas apercebo-me de que, ao falar de “palavras de estimação” na aula de Português e ao ouvir as palavras dos meus colegas, me vem à cabeça a palavra “tornado”.
Não sei exatamente o motivo, mas sei que a acho uma palavra interessante, que me cativa. Ao dizê-la, imagino um verdadeiro turbilhão, composto não só por ventos e outros elementos meteorológicos como também de tudo o que faz parte do nosso mundo: objetos, pessoas e, até, pensamentos.
Por vezes, dou por mim com um “tornado” na mente, às duas ou três da manhã, sem conseguir dormir devido ao barulho ensurdecedor dos meus pensamentos. Noutras alturas, “tornado” é a melhor descrição para o que sinto. Um emaranhado de emoções que me é incompreensível.
Por fim, “tornado” também se adequa a falar de mim como um todo, visto que sou uma pessoa extremamente irrequieta.
Gramaticalmente, “tornado” não me diz nada e, apesar de não ser uma palavra genuinamente portuguesa (é um castelhanismo), também não tem nenhuma particularidade, a não ser o seu significado, que justifique a sua escolha como a minha “palavra de estimação”.
Margarita (10.º 3.ª) [B(+)]

Trono
Se há um mês (quando este trabalho foi lançado) me perguntassem qual era a minha palavra favorita, certamente não responderia «trono». Esta palavra tornou-se a minha palavra de estimação graças à minha, recentemente adquirida, insaciável fome por Game of Thrones.
Game of Thrones é uma série televisiva medieval que me consegui conquistar, desde o primeiro episódio. Esta série retrata um mundo mítico-medieval em que várias poderosas famílias — reis e rainhas, cavaleiros honrados e renegados, mentirosos e pessoas honestas — lutam pelo controlo dos sete reinos, e em que os verões e os invernos duram anos e a intriga política e sexual é uma constante.
A série é constituída por setenta e sete episódios, com cerca de uma hora cada. Tanto foi o meu vício que acabei por ver esta transcendente série em apenas três semanas, já que não tinha de esperar por novos episódios. Agora vivo em agonia, aguardando impacientemente a oitava e última temporada desta autêntica obra de arte.
Daniel Botea (10.º 4.ª) [B]

Verão
Embora seja uma palavra bastante comum, eu acho o verão, além de uma estação do ano mais quente, uma altura em que a maioria das pessoas está feliz, ou porque as férias estão quase a começar ou porque há menos gente em todo lado na maioria das cidades, pois toda a gente foi para o Sul passar as suas férias. Verão é aquela altura do ano que podemos estar relaxados, estar com os nossos amigos (uma das coisas que mais gosto de fazer), estar com a família, aprender coisas novas, o que quisermos.
O verão também me traz memórias bastante felizes, como de quando fui ao Algarve pela primeira vez com a minha família e senti a felicidade e o relaxamento das pessoas. Verão foi sempre algo que usei também como argumento quando quero que os meus pais me deixassem fazer alguma coisa (”ó mãe, é verão, deixa-me ir”). E, embora muitas das vezes não funcione, ainda o tento de alguma maneira. Esta palavra é quase usada todos os dias como em “eu só quero que o verão chegue para poder fazer de tudo”.
Inês O. (10.º 4.ª) [S(+)]

Viajar
A palavra “viajar” desperta-me bastante interesse, é uma palavra que, não sei bem porquê, gosto de dizer e de ouvir.
Para além de gostar da palavra em si, do seu som, gosto também do seu sentido e daquilo que sinto sempre que viajo. Desde criança que sonho viajar por vários países, por todos os continentes, conhecer novas culturas, novos povos, novas comidas e novas pessoas. Sempre apreciei sair da minha casa e viajar. Para onde? Isso não é o mais importante! O que importa mesmo é passear, sair do nosso canto por um só dia ou dois, ou muitos, numa grande viagem.
Para mim, viajar é quebrar o que é igual nos dias , que passam iguais uns aos outros. E quando isso não é possível? Nesse caso, podemos viajar sem sairmos do nosso lugar, basta pegarmos num livro e começar a lê-lo. É certo que vamos viajar para onde, com quem e como quisermos.
Leonor (10.º 5.ª) [B/B(-)]

Voltei
Desde que me conheço que sou uma pessoa um pouco, ou até mesmo demasiado, sentimental.
“Voltei” não é uma palavra que costume dizer no meu dia a dia mas apenas em situações bastante específicas. Normalmente, digo-a mais nas férias, quando volto à terra dos meus avós ou quando volto a jogar playstation 4 ou, até mesmo, quando volto a dar um grande passeio de bicicleta que conheço tão bem.
Que me recorde, a primeira vez, este ano, que a disse foi em janeiro, se não me engano, quando andei de bicicleta pela primeira vez em 2018. Ultimamente, tenho-a dito mais vezes sempre que volto a vez o meu filme favorido, Top Gun, ou seja, uma ou duas vezes por semana.
É uma palavra que significa muito para mim. Quando a digo é como se voltasse atrás no tempo até à última vez que fui àquele local, que dei aquele passeio, que li aquele livro ou vi aquele filme.
João Pedro (10.º 2.ª) [B-]

A palavra “Zé” é bastante utilizada no vocabulário dos adolescentes como um vocativo aquando da chamada de qualquer indivíduo, seja feminino ou masculino. Daí vem o seu charme, o que provém da sua utilização não só com ambos os géneros, mas também da junção com “óóó”, o que aumenta a sonoridade da palavra, tendo como resultado “óóóóó zééééé”.
Gosto bastante desta palavra porque é usada em demasia não só por outros, mas também pela minha pessoa. A utilização da mesma já faz parte do nosso vocabulário, de tal forma que ninguém sequer repara na sua utilização extensiva e, por vezes, irritante.
“Zé”, para os mais preguiçosos, é uma maneira fácil de chamar as pessoas sem ter o mínimo esforço a tentar recordar o seu nome. A parte irritante da utilização desta palavra é mesmo esta: parece que ninguém sabe o nome dos outros e ser-se tratado por um mesmo vocativo é frustrante.
Tomás (10.º 5.ª) [S+/B-]