Memorial 16
[porei comentário mais tarde]
João C. (12.º 4.ª)
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Filipa (12.º 5.ª)
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Ricardo & Tiago (12.º 2.ª)
[porei comentário mais tarde]
Sílvia (12.º 1.ª) [Baltaquadro e sua análise]
Aivlis Opracilop, «A queda».
O plano central do quadro, limitado ao interior de uma grande estrutura de madeira, foca um homem e uma mulher enquanto, curvados sobre uma estrutura esférica, seguram a mão um do outro. À sua direita, outro homem, de hábito negro e aparentemente desequilibrado procura apoiar-se. Nenhuma das figuras tem rosto.
Em segundo plano, distingue-se um céu azul, sem nuvens, recortado por um conjunto de colinas verdejantes. A distância das colinas em relação à estrutura onde se encontram as figuras insinua que a estrutura esteja a voar, embora relativamente próxima do chão. Ocultando segmentos da paisagem, vêem-se as enormes vigas, dotadas de pequenas saliências amareladas, onde vemos, quase imperceptivelmente, incidir a luz. Acima, pode observar-se um véu de tela branca.
No contexto de Memorial do Convento, podemos relacionar a cena pintada por Aivlis Opracilop com um momento específico do voo da Passarola – a aterragem abrupta. Inclinados sobre uma das esferas, Baltasar e Blimunda tentam juntar a força das suas próprias vontades à do milhar que lá se encontrava, de modo a abrandar a velocidade da queda. Fielmente à narrativa, pode observar-se Bartolomeu Lourenço, paralisado, tentando amparar-se ao rebordo da Passarola.
As pequenas pedras amarelas incrustadas nas vigas fazem referência ao âmbar, componente essencial do modelo do padre Bartolomeu Lourenço, supostamente atraído pelo sol. Talvez daí tenha vindo o cuidado da pintora em realçar certos feixes de luz direccionados às saliências de âmbar. Põe, assim, a descoberto a primeira parte do mecanismo que elevará o trio.
Esta polaroid é, de facto, um momento crucial no decorrer da narrativa. Representa, em primeiro lugar, a concretização do sonho que se construíra desde os primeiros capítulos. Por outro lado, integra vários detalhes esclarecedores do rumo da obra. Ao aproximarem as suas vontades da esfera, Blimunda e Baltasar são o símbolo da importância da perseverança e da força de vontade, e mostram que a iniciativa de alguns é quanto basta para evitar certas quedas desastrosas. O momento é, também, simbólico da união e da entreajuda incondicional entre Baltasar e Blimunda. É, por fim, de referir o afastamento do padre Bartolomeu Lourenço em relação aos outros dois personagens. Partindo da distância física a que se encontram, no quadro, pode inferir-se o distanciamento que existia, já, entre eles, devido à diferença de classes, mas pode, sobretudo, adivinhar-se o afastamento futuro de Bartolomeu. Tomado pelo medo e pela loucura, abandonará os dois amigos, fugindo dos últimos anos da sua vida e aterrorizado pela ameaça do Santo Ofício.
Embora consigamos associar as três figuras a personagens específicas de Memorial do Convento, é de salientar a sua ausência de expressão. A pintora procura respeitar um dos objectivos da obra – a glorificação do povo português –, deixando claro que Baltasar, Blimunda e Bartolomeu não passam dos vectores sem os quais o elogio não seria possível. Ao omitir as suas expressões, torna-os incógnitos, meros emblemas de todos os homens e mulheres que o sonho fez voar.
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