Monday, August 25, 2025

Aulas (40-44)

Aula 40-43 (10 [1.ª, 2.ª, 3.ª] e 17/nov [2.ª, 3.ª]) Revisão de características de Fernando Pessoa (ortónimo).

«Autopsicografia» (p. 27), de Fernando Pessoa, e responde:

1. Na 1.ª quadra é apresentada uma tese. Identifica-a e explica-a, considerando: a dor fingida pelo poeta (no poema)/a dor sentida pelo poeta (na vida real); o paradoxo presente nos vv. 3-4.

«______________» é a tese apresentada no poema. Significa que o poeta finge uma dor que não coincide com a dor sentida na _____. A dor escrita é uma invenção, uma transfiguração, criada pela _______.

2. A 2.ª quadra refere-se à sensação/sentimento que o poema provoca nos leitores. Explicita o que sentem os leitores, considerando o jogo: «as duas (dores) que ele (o poeta) teve» / «a dor lida» / «a (dor) que eles não têm».

Os leitores sentem uma dor que não é a que o poeta sentiu, nem a que ele _______, mas que é a sua não-dor.

3. Experimenta interpretar as metáforas contidas na última estrofe, na qual se estabelece a dicotomia «razão»/«coração» (intelecto/emoção). Relaciona essa dicotomia com a tese apresentada na 1.ª estrofe.

A última estrofe apresenta, metaforicamente, a relação entre ______ e _____. O coração é um comboio de corda, regulado pelas __________. A razão é uma realidade à parte, mas estimulada (entretida) pelo ___________.

4. Interpreta agora o título do poema, considerando os três constituintes da palavra: auto + psico + grafia.

Tendo em conta o significado de cada um dos elementos que compõem o título, «autopsicografia» remete para . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

5. Analisa a estrutura formal do poema.

O poema é constituído por três _____, de versos ______ (também designados versos de «_____ maior»), com o esquema rimático ______ (portanto, em rima ______).

6. Expõe a teoria do «fingimento poético» apresentada neste poema.

De acordo com o poema, a criação poética assenta no _______, na medida em que um poema não diz o que o poeta _______, mas aquilo que imagina a partir do que anteriormente sentiu. O poeta é um fingidor, porque escreve uma ________ fingida, fruto da razão e da imaginação, e não a emoção sentida pelo coração, que apenas chega ao poema transfigurada, na tal emoção ________ poeticamente, imaginada. Quanto ao _______, apenas sente a emoção que o poema lhe suscita, que será diferente da do próprio poema. A poesia, a arte, é a intelectualização da ________.

«Isto» (p. 30), também do ortónimo, e responde, usando as frases já começadas:

1. Na 1.ª estrofe, o poeta opõe a «imaginação» (razão) ao «coração» (emoção). Qual deles utiliza?

Ao escrever, o poeta usa ________.

2. Na 2.ª estrofe, compara todas as suas emoções (sonhos, vivências, ausências, perdas) a um «terraço». Como interpretas essa comparação?

As emoções são semelhantes a _______________.

3. Nesse terraço de emoções, o poeta procura «outra coisa» — a emoção estética. Qual o verso que a refere?

«. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . .».

4. Para encontrar essa emoção estética, como escreve o poeta? Sobre que escreve? (Interpreta os quatro primeiros versos da última estrofe.)

O poeta escreve distanciado daquilo que sentiu anteriormente («__________»), sem _______ («livre do meu enleio»).

5. Mostra a ironia presente neste poema.

O último verso é irónico, . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . .

6. Analisa a estrutura formal do poema.

O poema apresenta grande regularidade formal: são três estrofes de cinco versos (isto é, três _______), de ___ sílabas métricas, com o esquema rimático _________ (portanto, de rima __________ e _________).

7. Estabelece a relação entre os poemas «Isto» e «Autopsicografia».

Os poemas «Autopsicografia» e «Isto» têm como tema comum o _________. Neles, o poeta expõe o seu conceito de poesia enquanto intelectualização da ______.

Completa o ponto 1 de «À letra», na p. 29:

1. Relê os versos finais de «Autopsicografia» (p. 27) e atenta na forma verbal destacada: «Gira, a entreter a razão, / Esse comboio de corda / Que se chama coração.» Completa as frases seguintes com a forma do verbo «entreter», no tempo e no modo indicados entre parênteses.

a. As dores reais do poeta ___________ (pretérito imperfeito do indicativo) a razão.

b. Espero que os versos «fingidos» ___________ (presente do conjuntivo) os leitores.

c. Eu sempre me __________ (pretérito perfeito simples do indicativo) com a obra pessoana.


[Questionário de gramática]

Não uses o manual nem nenhum outro material para além desta folha e de lápis ou caneta. Em todos os casos, deves escrever um dos termos que ponho entre parênteses no enunciado. Não é obrigatório que estejam representados nas frases todos esses termos. (Se não souberes, evita escrever ao calhas.)

Versão com Quenda a chutar mal

Classifica quanto ao processo irregular de formação de palavras (extensão semântica, empréstimo, truncação, amálgama, sigla, acrónimo, onomatopeia):

Kamela (< Kamala + camela)

 

dossiê (< fr. dossier)

 

Santi (< Santiago)

 

IVA (pronunciado iva)

 

vírus [informática] < vírus

 

zumbir (< do som do inseto a esvoaçar)

 

Ota (< Otamendi)

 

domótica (< domos [‘casa’] + informática)

 

SLB (pronunciado esseelebê)

 

Classifica quanto ao valor aspetual (genérico, perfetivo, imperfetivo, habitual, iterativo):

Quenda chutou mal.

 

O King é o herói da aldeia.

 

O King costuma seguir a dona por toda a parte.

 

Olímpia andava a passear pelos campos.

 

Olímpia tem revelado, cada fim de semana, múltiplos sinais de Alzheimer.

 

Fernando Pessoa bebia aguardente.

 

Classifica quanto à modalidade (deôntica, epistémica, apreciativa):

O Benfica já não deve apurar-se para a próxima fase da Champions.

 

Segundo as medidas de coação aplicadas, o rapaz que matou a mãe não pode sair da instituição.

 

Ufa! Tanta gramática!

 

Fernando Pessoa nasceu em 1888.

 

Tens de estudar mais os valores modais.

 

Classifica quanto à função sintática os constituintes sublinhados (sujeito, vocativo, modificador apositivo do nome, modificador restritivo do nome, complemento do nome, complemento do adjetivo, predicado, complemento direto, complemento indireto, complemento oblíquo, agente da passiva, predicativo do sujeito, predicativo do complemento direto, modificador do grupo verbal, modificador de frase):

Fábio Loureiro fugiu para Marrocos.

 

Os jornalistas elegeram Dembélé bola de ouro.

 

Desenlacemos as mãos.

 

Delegados e subdelegados nomearam representante suplente dos alunos o Francisco.

 

A alteração do futebol do Benfica é mérito de Lukebakio.

 

Em Chaves, um cão matou uma criança.

 

A Cova da Moura, que visitei há anos para fazer inquéritos dialetológicos, é pacata.

 

Li que a rapidez do automóvel trouxe novos estímulos.

 

Estão aí as intercalares.

 

Mourinho, que os fãs admiram, usa a Uber Eats.

 

A falecida avó do menino, que era de Faiões, também era muito boa pessoa.

 

Fernando Valente, o principal suspeito, pode ser acusado até final do mês.

 

Quatro dos golos foram marcados por Gyökeres.

 

Estou certo de que a próxima edição será um sucesso.

 

Os alunos ultrapassaram-me na chegada ao bloco.

 

A Amorim os sportinguistas desejam muitas felicidades.

 

A tia faleceu, porque tinha um duende no peito.

 

O afilhado de Marco Paulo ficou podre de rico.

 

Na Europa consideram-nos muito simpáticos.

 

Não tremas, Terra, porque não queremos mais um terremoto.

 

 

Versão com advogado de Sócrates a renunciar

Classifica quanto ao processo (irregular) de formação de palavras (extensão semântica, empréstimo, truncação, amálgama, sigla, acrónimo, onomatopeia):

chave [‘solução’] < chave, ‘instrumento que abre portas, cofres, etc.’

 

TAP (pronunciado tape)

 

ronrom (< do ruído da traqueia do gato)

 

Mana (< Manaen)

 

nega (< negativa)

 

Chalanix (< Chalana + Asterix)

 

ateliê (< fr. atelier)

 

TPC (pronunciado tepecê)

 

espanglês (< espanhol + inglês)

 

Classifica quanto ao valor aspetual (genérico, perfetivo, imperfetivo, habitual, iterativo):

Pessoa fazia traduções em firmas de amigos.

 

Em Faiões, a criança foi atacada pelo cão.

 

A Judiciária está a investigar a morte da criança.

 

A família costumava visitar os avôs sempre que possível.

 

Esta raça de cães tem ocasionado todas as semanas notícias tristíssimas.

 

A cadela é do avô do menino.

 

Classifica quanto à modalidade (deôntica, epistémica, apreciativa):

É uma tristeza estudarem tão pouco!

 

A renúncia do advogado de Sócrates deve ser uma estratégia da defesa.

 

A juíza não pode pactuar com estas manobras dilatórias.

 

Traz-me o facalhão, Heliodoro.

 

No dia 20 a escola faz quarenta e quatro anos.

 

Classifica quanto à função sintática os constituintes sublinhados (sujeito, vocativo, modificador apositivo do nome, modificador restritivo do nome, complemento do nome, complemento do adjetivo, predicado, complemento direto, complemento indireto, complemento oblíquo, agente da passiva, predicativo do sujeito, predicativo do complemento direto, modificador do grupo verbal, modificador de frase):

Abriguem-se, alunos, porque vem aí um exercício de prevenção.

 

Designaram Joana Domingues representante dos alunos no Conselho Geral.

 

A tradução de poemas é sempre um grande desafio.

 

Georgina só agora regressou do hospital.

 

Os dragartos acharam Bruno Lage uma ótima escolha.

 

Dentro de poucos dias começam umas pequenas férias.

 

As cheias em Barcelona preocupam-nos.

 

Há cada vez mais mulheres interessadas em praticar longboard dancing.

 

O homem que matou a sua companheira não sabe o que lhe passou pela cabeça.

 

Olha que são só dois douradinhos.

 

Matilde Mourinho, que é joalheira, casou-se em Azeitão.

 

Mourinho, que os fãs adoram, encomenda muita coisa pela Uber Eats.

 

Filomena Silva, a tia da grávida da Murtosa, passou dias e dias sem dormir.

 

Porque há eleições para a AE, a escola está barulhenta.

 

O orçamento de estado foi aprovado pela maioria dos deputados.

 

Na prisão de Vale de Judeus, os telemóveis são mais que muitos.

 

Ao Sporting só pagam a cláusula.

 

A grávida da Murtosa continua desaparecida.

 

Abraço-te por mais este bom resultado.

 

Vem sentar-te comigo.

 


 

Aula 41-42 (11 [1.ª, 2.ª], 13/nov [3.ª]) 

No Secundário (10.º ano), o estudo dos Lusíadas centra-se em dois aspetos, para além da revisão da estrutura da obra: (i) mitificação do herói; (ii) reflexões do Poeta. Na aula de hoje faremos uma síntese das estratégias usadas para a mitificação do herói.

Eis a parte B do Grupo I do exame de 2019, 2.ª fase. O texto era constituído pelas estâncias 26 a 29 do canto VI de Os Lusíadas. Resolve só a pergunta 5 e, se tiveres tempo, depois, a 6.



4. Explicite as estratégias argumentativas utilizadas por Baco (estâncias 27 e 28) para convencer Neptuno, Oceano e os outros deuses marinhos a serem seus aliados.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

5. Apresente dois aspetos distintos que, na estância 29, evidenciem a mitificação do herói, fundamentando cada um deles com uma transcrição pertinente.

[Resposta a 5 [para ajudar, fica esta «tradução» da estância 29:

“Vistes que, com extraordinária ousadia, [os homens, como Ícaro,] já tentaram voar pelo céu.

Vistes a sua tresloucada audácia, arriscando-se ao mar com velas e com remos.

Vistes, e quotidianamente as estamos vendo ainda, tais soberbas e insolências dos mortais, que receio venham a ser, dentro de poucos anos, deuses do mar e do céu, enquanto que nós desceremos à categoria de simples homens.”]:

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

6. Complete as afirmações abaixo apresentadas, selecionando da tabela a opção adequada a cada espaço. Na folha de respostas, registe apenas as letras e o número que corresponde à opção selecionada em cada um dos casos.

Nestas estâncias, são utilizados alguns recursos expressivos frequentes em Os Lusíadas: na expressão «peito oculto» (v. 3), está presente uma      a)     ; a apóstrofe ocorre, por exemplo, em        b)       .

a)

b)

1. personificação

1. «o mar irado» (v. 10)

2. anástrofe

2. «padre Oceano» (v. 13)

3. metáfora

3. «fracos e atrevidos» (v. 24)

4. comparação

4. «humanos» (v. 32)

https://www.rtp.pt/play/p4460/e808293/1986

Completa depois de vermos partes do episódio 1 da série 1986, criada por Nuno Markl e realizada por Henrique Oliveira, e de lermos umas estâncias de Os Lusíadas, de Camões:

Os Lusíadas

1986

Herói é ______. São os portugueses, incluindo, no plano da viagem, os navegantes, com destaque para Vasco da Gama, e, no plano da ______, os reis e outros famosos que praticaram atos gloriosos.

Herói é individual. É ______, que alterna entre o plano do sonho, em que se imagina em situações heroicas, e o plano da ______, em que sofre frustrações e é chamado à razão pelas outras personagens, quando acorda.

Sujeito e personagens mitificam o herói

Protagonista «automitifica-se»

Os portugueses vencem, com audácia e destemor, perigos que o poeta vai superlativando. No canto V, o _____ assinala essa superação (o gigante diz terem sido os portugueses os únicos que o venceram).

Tiago imagina-se um herói à imagem do protagonista de Amanhecer Violento, capaz de alvejar o seu opositor em defesa da heroína (que se percebe ser ______, ainda que caracterizada como nas aventuras do filme a que se alude).

Logo na Proposição o sujeito poético considerara os feitos que relataria superiores aos narrados nas ______ antigas. É frequente a comparação com outros heróis míticos (por exemplo, na Dedicatória a D. Sebastião — cfr. p. 311, canto I, est. 18 —, os portugueses são identificados com os _______).

Além da emulação através de figuras do cinema e da música, Tiago tem em conta também uma referência de ordem ______ (tendo-lhe sido aconselhados os Contos do Gin Tonic, de Mário-Henrique Leiria, decide que não se pode comportar passivamente, como fazia, com maus resultados, a ______ de um dos textos).

Os discursos de Vasco da Gama ao Rei de ______ (cantos III-IV) e de Paulo da Gama ao Catual (VII) servem para recordar atos heroicos dos portugueses fora do eixo da viagem, convencendo-nos, e aos ouvintes indígenas, da excelência dos _______.

A canção referida ironicamente por Marta, «_______ Boy», saída em 1985, da banda italiana Baltimora, e que estaria na moda à época em que decorre a ação, leva o protagonista a imaginar-se no centro das atenções, desta vez enquanto vedeta _______.

Os deuses reconhecem o valor dos portugueses. _______ interessa-se por eles, protege-os, defende-os perante Júpiter e há de recompensar a sua bravura com a Ilha dos Amores. Já _____ receia ver-se vencido pelos portugueses.

Na sua vontade de corresponder a um perfil heroico (aliás, «cool»), Tiago gaba-se de ser ____. Marta acabará por aceitar o oferecimento de Tiago para essas funções, o que será a única _______ recebida pelo herói.

A Ilha dos Amores (IX-X) é o prémio que simboliza a imortalidade do herói épico. Os marinheiros são aí elevados à condição de deuses, convivendo com as ______, que os procuram _______, ainda que fingindo fugir-lhes.

Em sonho, Tiago imagina que _______, num cenário que lembra o que se diria adequado à Ilha dos Amores (ou a anúncio de champôs), o procura _______, embora, na situação real, se limite a passar por ele no bloco B.

Vai até à p. 134 do manual. Usando, a certa altura, o termo «mitificação do herói», escreve um comentário em que te reportes quer às estâncias 145-146 do canto X dos Lusíadas quer à letra de «Os Lusíadas» dos Anaquim. Faz, pelo menos, uma citação de cada um dos textos. A caneta.

Os Lusíadas (Anaquim)

Este é o nosso triste fado
Do vamos andando e do pobre coitado
Velha canção em que a culpa é do estado
Por ser o espelho do reinado

 

E a história por mais do que uma vez
Foi mais cruel que a de Pedro e Inês
Levou-nos o que tanta falta nos fez
Sem deixar razões ou porquês

 

Temos fuga ao fisco, estradas de alto risco
Temos valiosos costumes e tradições
Que eu não percebo se nos maldizemos
Quais as razões

 

Temos chico-espertos, burlas e protestos
Temos tantos motivos para sorrir
Que eu nem imagino qual será a desculpa
Que vem a seguir

 

Gosto tanto deste país
Só não entendo o que o faz feliz
Se é rir da miséria de outros quando a vemos
Ou chorar da nossa própria quando a temos

 

Gosto tanto deste país
Só não entendo quando ele se diz
Senhor do futuro maduro, duro mas seguro
E eu juro que ainda não o vi

 

Os queixumes, sei-os de cor
Endereçados a nosso senhor
Intercalados com suspiro ou dor
De um bom sofredor

 

Dentro de momentos seguem-se os lamentos
Não há dinheiro para os medicamentos
Não há dinheiro para tanto sustento
Tão longe vão outros tempos

 

Gosto tanto deste país
Só não entendo o que o faz feliz
Se é rir da miséria de outros quando a vemos
Ou chorar da nossa própria quando a temos

 

Gosto tanto deste país
Só não entendo quando ele se diz
Senhor do futuro maduro duro mas seguro
Eu juro que ainda não o vi

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

[Solução para comentário em torno de Anaquim, «Os Lusíadas» & Luís de Camões, Os Lusíadas, canto X, 145-146:]

Quer as estâncias dos Lusíadas (canto X, ests. 145-146) quer a letra da canção dos Anaquim transmitem a deceção dos respetivos sujeitos poéticos, desiludidos com o estado da sociedade portuguesa, numa decadência ilustrada com «fuga ao fisco, estradas de alto risco», «chico-espertos, burlas», «não [haver] dinheiro para medicamentos», etc. (na canção) e sintetizada na afirmação de que a pátria «está metida / No gosto da cobiça e na rudeza / Dhũa austera, apagada e vil tristeza» (145, vv. 6-8).

Não se esquecem os poetas, porém, de mitificar os seus heróis e Portugal, o que se nota particularmente no elogio dos portugueses dirigido a D. Sebastião no dístico final da estrofe 146 («Olhai que sois [...] / Senhor só de vassalos excelentes») e, na canção, ainda que em clave talvez irónica, na repetição do verso «Gosto tanto deste país».

Aliás, o título da canção, «Os Lusíadas», também tem de ser lido como ironia, uma vez que toda a letra é antiépica, recusa a glória que os verdadeiros Lusíadas tiveram como meta enaltecer.

 

 

Aula 44 (13 [1.ª], 14/nov [2.ª, 3.ª]) Correção de questionário de gramática.

Versão com Quenda a chutar mal

Kamela (< Kamala + camela)

amálgama

dossiê (< fr. dossier)

empréstimo

Santi (< Santiago)

truncação

IVA (pronunciado iva)

acrónimo

vírus [informática] < vírus

extensão semântica

zumbir (< do som do inseto a esvoaçar)

onomatopeia

Ota (< Otamendi)

truncação

domótica (< domos [‘casa’] + informática)

amálgama

SLB (pronunciado esseelebê)

sigla

 

Quenda chutou mal.

perfetivo

O King é o herói da aldeia.

genérico

O King costuma seguir a dona por toda a parte.

habitual

Olímpia andava a passear pelos campos.

imperfetivo

Olímpia tem revelado, cada fim de semana, múltiplos sinais de Alzheimer.

iterativo

Fernando Pessoa bebia aguardente.

imperfetivo

 

O Benfica já não deve apurar-se para a próxima fase da Champions.

epistémica

Segundo [..], o rapaz [...] não pode sair da instituição.

deôntica

Ufa! Tanta gramática!

apreciativa

Fernando Pessoa nasceu em 1888.

epistémica

Tens de estudar mais os valores modais.

deôntica

 

Fábio Loureiro fugiu para Marrocos.

complemento oblíquo

Os jornalistas elegeram Dembélé bola de ouro.

predicativo do complemento direto

Desenlacemos as mãos.

predicado

Delegados e subdelegados nomearam representante suplente dos alunos o Francisco.

predicativo do complemento direto

A alteração do futebol do Benfica é mérito de Lukebakio.

complemento do nome

Em Chaves, um cão matou uma criança.

modificador do grupo verbal

A Cova da Moura, que visitei há anos para fazer inquéritos dialetológicos, é pacata.

complemento direto

Li que a rapidez do automóvel trouxe novos estímulos.

complemento direto

Estão aí as intercalares.

sujeito

Mourinho, que os fãs admiram, usa a Uber Eats.

modificador apositivo do nome

A falecida avó do menino, que era de Faiões, também era muito boa pessoa.

sujeito

Fernando Valente, o principal suspeito, pode ser acusado até final do mês.

modificador apositivo do nome

Quatro dos golos foram marcados por Gyökeres.

agente da passiva

Estou certo de que a próxima edição será um sucesso.

complemento do adjetivo

Os alunos ultrapassaram-me na chegada ao bloco.

complemento direto

A Amorim os sportinguistas desejam muitas felicidades.

complemento indireto

A tia faleceu, porque tinha um duende no peito.

modificador do grupo verbal

O afilhado de Marco Paulo ficou podre de rico.

predicativo do sujeito

Na Europa consideram-nos muito simpáticos.

complemento direto

Não tremas, Terra, porque não queremos mais um terremoto.

vocativo

Versão com advogado de Sócrates a renunciar

chave [‘solução’] < chave, ‘instrumento que abre portas, cofres, etc.’

extensão semântica

TAP (pronunciado tape)

acrónimo

ronrom (< do ruído da traqueia do gato)

onomatopeia

Mana (< Manaen)

truncação

nega (< negativa)

truncação

Chalanix (< Chalana + Asterix)

amálgama

ateliê (< fr. atelier)

empréstimo

TPC (pronunciado tepecê)

sigla

espanglês (< espanhol + inglês)

amálgama

 

Pessoa fazia traduções em firmas de amigos.

imperfetivo

Em Faiões, a criança foi atacada pelo cão.

perfetivo

A Judiciária está a investigar a morte da criança.

imperfetivo

A família costumava visitar os avôs sempre que possível.

habitual

Esta raça de cães tem ocasionado todas as semanas notícias tristíssimas.

iterativo

A cadela é do avô do menino.

genérico

 

É uma tristeza estudarem tão pouco!

apreciativa

A renúncia do advogado de Sócrates deve ser uma estratégia da defesa.

epistémica

A juíza não pode pactuar com estas manobras dilatórias.

deôntica

Traz-me o facalhão, Heliodoro.

deôntica

No dia 20 a escola faz quarenta e quatro anos.

epistémica

 

Abriguem-se, alunos, porque vem aí um exercício de prevenção.

vocativo

Designaram Joana Domingues representante dos alunos no Conselho Geral.

predicativo do complemento direto

A tradução de poemas é sempre um grande desafio.

complemento do nome

Georgina só agora regressou do hospital.

complemento oblíquo

Os dragartos acharam Bruno Lage uma ótima escolha.

predicativo do complemento direto

Dentro de poucos dias começam umas pequenas férias.

sujeito

As cheias em Barcelona preocupam-nos.

complemento direto

Há cada vez mais mulheres interessadas em praticar longboard dancing.

complemento do adjetivo

O homem que matou a sua companheira não sabe o que lhe passou pela cabeça.

modificador restritivo do nome

Olha que são só dois douradinhos.

complemento direto

Matilde Mourinho, que é joalheira, casou-se em Azeitão.

sujeito

Mourinho, que os fãs adoram, encomenda muita coisa pela Uber Eats.

complemento direto

Filomena Silva, a tia da grávida da Murtosa, passou dias e dias sem dormir.

modificador apositivo do nome

Porque há eleições para a AE, a escola está barulhenta.

modificador do grupo verbal

O orçamento de estado foi aprovado pela maioria dos deputados.

agente da passiva

Na prisão de Vale de Judeus, os telemóveis são mais que muitos.

modificador do grupo verbal

Ao Sporting só pagam a cláusula.

complemento indireto

A grávida da Murtosa continua desaparecida.

predicativo do sujeito

Abraço-te por mais este bom resultado.

complemento direto

Vem sentar-te comigo.

predicado

 

A parte B do Grupo I da prova de exame de Português mais recente (2024, 2.ª fase) aproveitava uma ode de Ricardo Reis. (A parte A do mesmo Grupo I usava um texto de A Cidade e as Serras, de Eça de Queirós; a parte C — ou item 7 — pedia uma «breve exposição» em que se compararia uma pintura de René Magritte e o texto da parte A.)

PARTE B

Leia o poema e as notas.

 

As rosas amo dos jardins de Adónis1,

Essas volucres2 amo, Lídia, rosas,

               Que em o dia em que nascem,

               Em esse dia morrem.

5             A luz para elas é eterna, porque

Nascem nascido já o sol, e acabam

               Antes que Apolo3 deixe

               O seu curso visível.

Assim façamos nossa vida um dia,

10           Inscientes4, Lídia, voluntariamente

               Que há noite antes e após

               O pouco que duramos.

Ricardo Reis, Poesia, edição de Manuela Parreira da Silva, Lisboa, Assírio & Alvim, 2000, pp. 13-14.

NOTAS

1 Adónis – jovem da mitologia grega, símbolo de beleza masculina.

2 volucres – efémeras.

3 Apolo – deus grego do sol.

4 Inscientes – ignorantes.

* 4. Explicite a importância da referência aos elementos da natureza para o desenvolvimento do pensamento do sujeito poético.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

[Solução possível:

As rosas representam a efemeridade da vida. São «volucres» (v. 2), pois, «em o dia em que nascem» (v. 3), morrem, pelo que ilustram o carácter transitório da existência. Por outro lado, uma vez que «nascem nascido já o Sol» (v. 6) e perecem antes que ele se ponha, «a luz para elas é eterna» (v. 5), o que deve inspirar os humanos a aproveitarem moderadamente a vida, conscientes da sua finitude, semelhante à de «um dia» (v. 9) das rosas.

O curso diurno do sol representa a duração da vida: para a rosa, um dia; para o ser humano, uma passagem efémera («O pouco que duramos» v. 12).]

* 5. Explique os quatro últimos versos do poema, tendo em conta o ideal de vida defendido pelo sujeito poético.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

[Solução possível:

Face à constatação da efemeridade da vida, o sujeito poético aconselha Lídia a que viva o momento presente («Assim façamos nossa vida um dia» v. 9), de acordo com o princípio epicurista do carpe diem, único caminho para a felicidade e para a ausência de dor, assumindo uma atitude de indiferença face à passagem do tempo, num esforço de autodisciplina. Exorta-a a assumir uma atitude deliberada de aceitação da efemeridade da vida e da inevitabilidade da morte («há noite antes e após / O pouco que duramos» vv. 11-12).]

6. Complete as afirmações abaixo apresentadas, selecionando a opção adequada a cada espaço. Na folha de respostas, registe apenas as letras – a) e b) – e, para cada uma delas, o número que corresponde à opção selecionada.

No poema apresentado, constata-se o classicismo da poesia de Ricardo Reis, nomeadamente através do recurso à _______ [a)], nos versos 7 e 8. O carácter moralista da poesia deste heterónimo pessoano é indiciado pelo uso de verbos conjugados na primeira pessoa do modo conjuntivo, como ocorre _______ [b)]

a)

b)

1. perífrase

2. hipérbole

3. metonímia

1. no verso 12

2. no verso 1

3. no verso 9

 

 

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