Sunday, August 24, 2025

Aula 48

Aula 48 (18 [1.ª], 24 [2.ª], 28/nov [3.ª]) Correção dos «Lembro-me». Assistência a declamações de «Nêspera» e «Exageros», de Mário-Henrique Leiria, por Mário Viegas.

Já conheces textos «deambulatórios». Lemos poemas de Cesário Verde em que o sujeito poético vai observando o contexto e refletindo sobre ele, ou pensando em si próprio, à medida que passeia pela cidade. Alberto Caeiro também poderia escrever textos assim, ainda que observando paisagens campesinas (e evitando refletir muito ou, pelo menos, dizendo-nos que não refletiria).

Podemos criar texto no mesmo estilo, de quem vai andando (e pensando), mas em prosa — ou em prosa quase poética.

Cada período deve ter mais uma palavra que o anterior. Um dos critérios para aferir qualidade do resultado é não se perceber que havia algum constrangimento formal. Exemplo:

Passeio. Melhor, divago.  Erro sem destino. Vou não sei aonde. Esta Lisboa que observo assusta-me. E, no entanto, conheço-a desde criança.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

 

               Classifica quanto à função sintática os segmentos sublinhados:

Antes Dela [aliás, porque não pode haver contração: de ela] Dizer Que Sim (Bárbara Tinoco)

 

Ele não sabe o nome dela

Tem medo de perguntar

Ela é como atriz de novela   _________________________________

Que ele gosta de ver sonhar

 

Ela não sabe o nome dele

Tem medo de perguntar

E, se as promessas coradas   _________________________________

Foram bebida a falar,

 

E ele não contou

Mas ela não escondeu

Com quem a noite passou,    _________________________________

Jura ela o seu Romeu

 

Ele quer mais

Ela também

Talvez por isso nesse dia

Ele foi vê-la à luz do dia   _________________________________

 

Ele gosta das formas dela   _________________________________

E ela diz que ele tem bom ar

O mundo finge não saber   _________________________________

Que ele não é rapaz de fiar

 

Ela tem um novo sorriso

Mas medo de o partilhar   _________________________________

Ele gosta mais do que é preciso

De a desafiar

 

Ele, que sabia de cor   _________________________________

As moças mais fáceis,

Engates mais rascas;

 

Ela, que ficava em casa fechada   _____________________________

Com medo de ser

Só mais um rabo de saias;

 

Ele agora diz que a ama,   _________________________________

Dormem juntos só a dormir

Gosta dela de pijama

E ela de o corrigir…

Ela agora diz que o ama,

Dormem juntos só a dormir,

Gosta dele desarmado,

E ele de a ver despir.

 

E as velhinhas, na cidade,

Sussuram no meu tempo não era assim,

Oh onde já se viu dois enamorados,

Com cara de parvos,

Antes de ela dizer que sim.

 

Mas ele ainda se lembra,

De descer aquelas escadas,

Ganhar coragem, perguntar,

E como raio tu te chamas.

Ela fingiu-se de irritada,

Ofendida pela trama,   ________________________________

Reuniu coragem para o amar,   ____________________________

Perguntou e tu como raio te chamas.

 

 

 

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