Aula 108
Aula 108
(18 [1.ª], 19 [3.ª], 20/mar [4.ª]) Copio quatro estrofes do canto IV de
Os Lusíadas (uma parte das que relatam acontecimentos da
revolução de 1383-85). Recordo que tudo isto se inclui no longo discurso de
Vasco da Gama ao rei de Melinde. À direita estão significados de algumas
palavras ou expressões. Quando houver alternativas — separadas por barra: «/»
—, circunda a correta.
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«Alteradas
então do Reino as gentes || Alteradas = Agitadas / Mudadas
C’o
ódio que ocupado os peitos tinha, || os peitos = os corações / as bexigas
Absolutas
cruezas e evidentes || cruezas = miudezas / crueldades
Faz
do povo o furor, por onde vinha; || furor = fofura / fúria
Matando
vão amigos e parentes
Do
adúltero Conde e da Rainha, || Conde = Andeiro / D. Henrique
Com
quem sua incontinência desonesta || incontinência
= descaramento / aversão a comprar no Continente
Mais,
despois de viúva, manifesta. || despois = depois
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«Mas
ele, enfim, com causa desonrado, || ele = Luís Montenegro / Andeiro
Diante
dela a ferro frio morre, || a ferro frio =
a golpes de punhal / engomado com ferro arrefecido
De
outros muitos na morte acompanhado,
Que
tudo o fogo erguido queima e corre:
Quem,
como Astianás, precipitado, || Quem = bispo
|| Astianás = filho de Heitor (herói troiano)
Sem
lhe valerem ordens, de alta torre;
A
quem ordens, nem aras, nem respeito; || quem = uma abadessa || aras =
altares / araras
Quem
nu por ruas, e em pedaços feito.
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«Podem-se
pôr em longo esquecimento
As
cruezas mortais que Roma viu, || Roma = Roma antiga / S. S. Lázio / A. S.
Roma
Feitas
do feroz Mário e do cruento || Mário [e Cila] = adversários em Roma
Sila,
quando o contrário lhe fugiu. || o contrário = o seu adversário
Por
isso Lianor, que o sentimento || Lianor = infanta de Espanha / rainha Leonor
Teles
Do
morto Conde ao mundo descobriu, || Conde = Conde João Fernandes Andeiro
Faz
contra Lusitânia vir Castela, || Lusitânia = Portugal
Dizendo
ser sua filha herdeira dela. || dela = da Lusitânia / de Marco Paulo
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«Beatriz
era a filha, que casada
C’o
Castelhano está que o Reino pede, || Castelhano que o Reino pede = D. João
de Castela
Por
filha de Fernando reputada, || reputada = considerada / prostituída
Se
a corrompida fama lho concede. || fama = reputação / Famalicão
Com
esta voz Castela alevantada, || alevantada = incitada
Dizendo
que esta filha ao pai sucede, || pai = D. Fernando / algum amante de D.
Leonor Teles
Suas
forças ajunta, pera as guerras, || pera = para / maçã (ou esposa do
pero)
De
várias regiões e várias terras.
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«Não cometera o moço
miserando || moço miserando = Faeton (ou Faetonte) / Cristianito
O carro alto do pai, nem o
ar vazio || carro alto do pai = Tesla /
carro do Sol (Hélio ou Apolo)
O grande arquitector c’o
filho, dando || grande arquitector = Dédalo
/ Souto Moura || filho = Ícaro
Um, nome ao mar, e o outro,
fama ao rio. || mar = mar Egeu (ou mar Icário) || rio = rio Pó
Nenhum cometimento alto e
nefando || alto = sublime / gigante || nefando = ímpio
Por fogo, ferro, água,
calma e frio,
Deixa intentado a humana
geração. || intentado = por tentar
Mísera sorte! Estranha
condição!»
A alusão a Faetonte e a Ícaro justifica-se por esses episódios
da mitologia serem alegorias da ______ desmedida, o mesmo pecado que o Velho do
Restelo aponta aos portugueses defensores das viagens marítimas dos
Descobrimentos.
Eis a parte B do grupo
I da prova nacional de 2019 (época especial):
PARTE B
Leia o texto. Se
necessário, consulte as notas.
Como
quando do mar tempestuoso
o
marinheiro, lasso1 e trabalhado,
d’
um naufrágio cruel já salvo a nado,
só
ouvir falar nele o faz medroso;
5 e
jura que em que2 veja bonançoso
o
violento mar, e sossegado
não
entre nele mais, mas vai, forçado
pelo
muito interesse cobiçoso;
assi,
Senhora, eu, que da tormenta
10 de
vossa vista fujo, por3 salvar-me,
jurando
de não mais em outra ver-me;
minh’
alma, que de vós nunca se ausenta,
dá-me
por preço4 ver-vos, faz tornar-me
donde
fugi tão perto de perder-me.
Luís de Camões, Rimas,
edição de A. J. da Costa Pimpão, Coimbra, Almedina, 1994, p. 138.
NOTAS
1 — lasso – cansado; fatigado.
2 — em que – ainda que.
3 — por – para.
4 — dá-me por preço – impõe-me; dá-me por
destino.
4. Explicite a comparação
que é desenvolvida ao longo do poema.
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5. Interprete a antítese
«salvar-me» (verso 10) / «perder-me» (verso 14), no contexto da relação amorosa
que o sujeito poético estabelece com a «Senhora».
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6. Relativamente ao soneto
transcrito, apresente:
a) o esquema rimático;
b) a classificação das rimas.
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TPC — Em Gaveta de Nuvens
ficam duas fichas do Caderno de Atividades (já corrigidas), sobre Camões
(lírico e épico), que deves ler.
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