Saturday, September 07, 2024

Aula 103

Aula 103 (11 [1.ª], 12 [3.ª], 13/mar [4.ª]) Correção de texto sobre «Gisela»/Farsa de Inês Pereira.

Começar de novo

(Ivan Lins, Vítor Martins; interpret. por Simone)

Começar de novo e contar comigo.
Vai valer a pena ter amanhecido.
Ter-me rebelado. Ter-me debatido.
Ter-me machucado. Ter sobrevivido.
Ter virado a mesa. Ter-me conhecido.
Ter virado o barco. Ter-me socorrido.

Começar de novo e contar comigo.
Vai valer a pena ter amanhecido.
Sem as tuas garras, sempre tão seguras.
Sem o teu fantasma. Sem tua moldura.
Sem tuas esporas. Sem o teu domínio.
Sem tuas escoras. Sem o teu fascínio.

Começar de novo e contar comigo.
Vai valer a pena já ter-te esquecido.

Começar de novo.

Na canção «Começar de novo» — composta por Ivan Lins e Vítor Martins, cantada por Simone — são relevantes as anáforas. Explica o seu valor expressivo. Considera também a espécie de refrão, «Começar de novo e contar comigo».

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Já há dois anos ouvimos «Os Maridos das Outras», de Miguel Araújo, e também a propósito da Farsa de Inês Pereira. Na altura, estávamos ainda no quadro em que Inês, depois de rejeitado Pero Marques, conhecia as agruras que lhe trazia o marido que escolhera, o escudeiro Brás da Mata, que entretanto a deixara em Lisboa e fora para a guerra, em Arzila. A correção do comentário que lhes pedi então rezava assim:

A canção de Miguel Araújo remete para um perfil ideal de marido, inalcançável, que se opõe ao que «[t]oda a gente sabe que os homens são». Esse marido virtual, que parece só um produto do ressentimento de quem tem os maridos reais, lembra a demanda de Inês Pereira por um homem «discreto», «que saiba tanger viola».

Ficará ela a perceber que, afinal, todos os homens são «brutos», «lixo», «animais»? É verdade que as expetativas de Inês já estão circunscritas, uma vez que diz não se importar que o pretendente seja «mal feito, feo, pobre» e até está disposta a pouco comer e beber («com ũa borda de boleima / e ũa vez d’água fria / nam quero mais cada dia»).

Sabendo agora a conclusão da peça, responde à pergunta acima, procurando incluir muitas citações da canção «Começar de novo».

Sim, depois da má experiência com o Escudeiro Brás da Mata, Inês Pereira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Os maridos das outras (Miguel Araújo)

Toda a gente sabe que os homens são brutos

Que deixam camas por fazer

E coisas por dizer.

 

São muito pouco astutos, muito pouco astutos.

Toda a gente sabe que os homens são brutos.

 

Toda a gente sabe que os homens são feios

Deixam conversas por acabar

E roupa por apanhar.

 

E vêm com rodeios, vêm com rodeios.

Toda a gente sabe que os homens são feios.

 

Mas os maridos das outras não

Porque os maridos das outras são

O arquétipo da perfeição

O pináculo da criação.

 

Dóceis criaturas, de outra espécie qualquer

Que servem para fazer felizes as amigas da mulher.

E tudo os que os homens não...

Tudo que os homens não...

Tudo que os homens não...

 

Os maridos das outras são

Os maridos das outras são.

Toda a gente sabe que os homens são lixo

Gostam de músicas de que ninguém gosta

Nunca deixam a mesa posta.

Abaixo de bicho, abaixo de bicho.

Toda a gente sabe que os homens são lixo.

 

Toda a gente sabe que os homens são animais

Que cheiram muito a vinho

E nunca sabem o caminho.

 

Na na na na na na, na na na na na.

Toda a gente sabe que os homens são animais.

 

Mas os maridos das outras não

Porque os maridos das outras são

O arquétipo da perfeição

O pináculo da criação.

 

Amáveis criaturas, de outra espécie qualquer

Que servem para fazer felizes as amigas da mulher.

E tudo os que os homens não...

Tudo que os homens não...

Tudo que os homens não...

 

Os maridos das outras são

Os maridos das outras são

Os maridos das outras são.

TPC — Relanceia ficha corrigida sobre a Farsa de Inês Pereira.

 

 

#