Aula 94
Aula 94 (26 [3.ª], 27/fev [1.ª, 4.ª]) Preparação do envio
de textos para o concurso «Ética no desporto e na vida».
Dou-te a seguir trechos de «Realidade», de Álvaro de Campos (nas pp. 158-159 do
manual). Classifica o recurso expressivo; «tradu-lo» por palavras tuas; comenta
a expressidade. Preencherás apenas as quadrículas que deixei em branco.
vv. |
trecho |
recurso expressivo |
tradução |
explicação
da expressividade |
1 |
Sim,
[...] |
Expressão
coloquial no início do poema |
[Estou
em diálogo comigo mesmo.] |
O
estilo conversacional (consigo mesmo) simula a introspeção do sujeito
poético, faz que o texto pareça mais reflexivo. |
4 |
Há
vinte anos!... |
Repetição
seguida de pontuação enfática (exclamação e reticências) |
Já passou tanto tempo que nem consigo avaliar o tempo que
passou nem me apercebo de que foi comigo. |
|
6 |
e
as casas não sabem de nada |
|
Está
tudo igual, exceto eu. |
Transmite-se a perplexidade que resulta da contradição
entre um espaço que é o mesmo e a diferença tão grande do eu que ali passa e
passou. |
18- 21 |
Sim,
[...] / Sim,
[...] / Sim,
[...] / Sim,
[...] |
|
[Procuro
uma resposta, tudo é possível, mas, no fundo, nada disto é relevante.] |
A
repetição do advérbio exprime uma sofreguidão de quem procura respostas e se
apressa a atirar hipóteses (o que, no final, se percebe ser irónico). |
23 |
mais
lembradamente de azul |
Advérbio
de modo inesperado |
|
O
inusitado do advérbio de modo (não é adjetivo que costume ter o sufixo -mente)
faz-nos focar num pequeno detalhe, a cor do vestido, que, ainda por cima, se
assume ser dubitativo. |
25 |
Podemos
imaginar tudo do que nada sabemos |
|
É
mais fácil sonhar quando ignoramos tudo. |
A
aproximação dos antónimos (nada/tudo; imaginar/saber) faz que se instaure uma
conotação onírica. |
31-32 |
as duas figuras se cruzaram na rua, nem então nem agora,
/ Mas aqui mesmo, sem tempo a perturbar o cruzamento |
Oxímoro
(ou
paradoxo) |
O
cruzamento é sonhado, não é real. |
|
36- 38 |
realmente se desse... / [...] verdadeiramente se desse...
/ [...] carnalmente se desse |
Épifora
(e talvez gradação, nos termos que antecedem o segmento repetido) |
|
Sublinha-se
a estranheza e, ao mesmo tempo, a crença na realidade que se inventou,
preparando-se a ironia que se segue. |
39 |
Sim,
talvez... |
Expressão
coloquial irónica |
Não,
não acreditem em nada disto. |
|
Resolve o item 3 da p. 159 (que copio a
seguir):
Quer em «Realidade» quer em «George», o confronto com
o passado, permitido pela memória, acentua a consciência da passagem do tempo, realçada,
no poema, pelo recurso __________ (a). Nesse confronto, o sujeito poético
e George, recorrendo aos pronomes indefinidos («outro», v. 5; «O outro», v. 14;
«a outra», ll. 8 e 65) para aludir ao seu «eu» passado, assumem-no como uma entidade
___________ (b) da sua personalidade atual. O título dos textos remete, em
ambos os casos, para __________ (c).
(a) 1. à personificação, no
verso 6 2. à repetição, por vezes em anáfora, da
expressão «há vinte anos» 3. à gradação, na penúltima estrofe |
(b) 1. indissociável 2. decorrente 3. distinta |
(c) 1. a primazia do presente 2. a inter-relação entre as
três idades da vida 3. as metamorfoses do «eu» |
Identifica o valor
temporal, aspetual ou modal dos segmentos sublinhados:
Minha mãe está sempre certa (Os Quatro e Meia)
Ela disse-me ao jantar
Tens o prato p’ra acabar
| modalidade: ___________
A cenoura é p’ra comer
Dos teus olhos vai fazer | tempo:
___________
Duas estrelas a brilhar
Ela disse meu menino
Tu ainda és pequenino | aspeto:
___________
Mas o tempo corre louco | aspeto:
___________
E todo o empenho é pouco
P’ra guiares o teu destino
Ela lê no meu olhar
Ou na minha alma aberta
Não sei bem como consegue | tempo:
___________
Mas por muito que eu o negue
Minha mãe está sempre certa
| modalidade: ___________
Ela disse-me atenção
Vai vestir
o teu blusão | modalidade: ___________
Olha que de madrugada
Já faz frio e há geada
| aspeto: ___________
E não estamos no verão
Ela disse tens de ver | modalidade:
___________
O que está a acontecer | aspeto:
___________
Olha que essa rapariga
É muito mais que uma amiga
E não a queres perder
Ela lê no meu olhar
Ou na minha alma aberta
Não sei bem como consegue
| modalidade: ___________
Mas por muito que eu o negue
Minha mãe está sempre certa
Ela disse tem cuidado | tempo:
____________
Vê se abrandas um bocado
Não ponderas nem sossegas
Não pertences nem te entregas
De verdade a nenhum lado
Ela disse meu rapaz | aspeto:
___________
Sabes bem do que és capaz
O mundo espera por ti
Segue em frente e sorri
Não queiras ficar para trás
Ela lê no meu olhar | aspeto:
___________
Ou na minha alma aberta
Não sei bem como consegue
Mas por muito que eu o negue
Minha mãe está sempre certa
Ela lê no meu olhar
Ou na minha alma aberta
Não sei bem como consegue
Mas por muito que eu o negue
Minha mãe está sempre certa
Minha mãe está sempre certa
Minha mãe está sempre certa
Itens
de exame em torno de Modalidades
[2024, 2.ª fase, grupo II]
5. No contexto em que
ocorre, a expressão «devemos esticar e levar ao limite» (linha 2) exprime
(A) a modalidade
apreciativa.
(B) a modalidade deôntica com valor de permissão.
(C) a modalidade deôntica com valor de obrigação.
(D) a modalidade epistémica com valor de
probabilidade.
[2023, fase especial,
grupo II]
4. As orações «talvez por se
terem generalizado com o uso dos telemóveis e de outros dispositivos» (linhas
29 e 30) e «mas também, seguramente, porque fazem parte do património biológico
da espécie» (linhas 30 e 31) exprimem
(A) a modalidade
epistémica com valor de certeza, no primeiro caso, e a modalidade epistémica
com valor de probabilidade, no segundo caso.
(B) a modalidade apreciativa, no primeiro caso, e
a modalidade deôntica com valor de permissão, no segundo caso.
(C) a modalidade epistémica com valor de
probabilidade, no primeiro caso, e a modalidade epistémica com valor de
certeza, no segundo caso.
(D) a modalidade deôntica com valor de permissão,
no primeiro caso, e a modalidade apreciativa, no segundo caso.
[2022, 1.ª fase, grupo II]
7. Todas as frases abaixo
transcritas exemplificam a modalidade apreciativa, exceto a frase
(A) «É uma boa pergunta,
com que me confronto repetidamente.» (linhas 32 e 33).
(B) «Ah, inacessível Gogol…» (linha 13).
(C) «Como é triste e deprimente ser-se tão
desconhecedor…» (linha 14).
(D) «A personagem não pode deixar de saber que
eles lá estão.» (linha 24).
Itens
de exame em torno de Posição de Pronomes
[2023, fase especial,
grupo II]
?. Em «de símbolos
arbitrários (fruto do capricho e da invenção) que só são entendidos pela
comunidade que os usa e que são incompreensíveis para os restantes»
(linhas 10 e 11), o pronome pessoal sublinhado está anteposto ao verbo por
estar
(A) dependente de um
sujeito subentendido.
(B) dependente do vocábulo «só».
(C) integrado numa oração coordenada.
(D) integrado numa oração subordinada.
[2020, 1.ª fase, grupo II]
5. Em «nos chega» (linha 27
[«Em parte, isto é causado porque a informação que nos chega foi concebida não
para nos informar, mas sim para nos chocar, assustar ou impressionar»]), o
pronome encontra-se anteposto ao verbo, porque está
(A) integrado numa oração
subordinante.
(B) dependente de uma oração coordenada.
(C) dependente da expressão «Em parte».
(D) integrado numa oração subordinada.
TPC — Se não o fizeste, lê
ainda, sem falta, os dois contos combinados, «George» e «Sempre é uma
companhia». (Outro assunto: independentemente do concurso, reformulações são
obrigatórias.)
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