Aula 62-63
Aula 62-63 (6 [3.ª], 7 [4.ª], 9/jan [1.ª]) Correções a
respostas dadas na aula 42-43 (sobre «Bem sei que [...]»).
[Exemplo
de solução possível para item 3:]
As anáforas «Bem sei» (vv. 1, 5, 9) sublinham a certeza de que o
espaço descrito é um espaço de felicidade, mas também de que, sendo fruto do
sonho, é inacessível.
Já nas estrofes finais, a repetição de «Sei» (vv. 13, 17, 19),
aliás ele próprio reforçado («Sei, sim», v. 13; «Sei, sei, sei tudo», v. 17; e
«sei também», v. 17), realça a afirmação de que o sonho é inerente à essência
do sujeito poético.
Com exemplares de Mensagem (da coleção «iagora»),
preenchimento de grelha acerca do paratexto e da estrutura da obra.
Fernando Pessoa,
Mensagem
Paratexto e estrutura
Faz a referência bibliográfica (autor, título, cidade da editora, editora, ano da edição).
A primeira fonte destes
elementos deve ser o frontispício (página [3], neste caso). Quando haja
dados de que não possamos certificar-nos pelo rosto (o referido
frontispício), recorreremos ao colofão (na última folha), à ficha
técnica, à capa:
___________________________
Este livro não numera a edição.
Se o fizesse, esse elemento poderia constar logo após o título. E poríamos a
seguir à data da edição e entre parênteses o ano da 1.ª edição, 1934.
Verifica estas partes do livro (matéria que se integra
no estudo do paratexto):
Capa:
tem um ________ (poema visual) que usa versos de Pessoa e desenha a efígie do
poeta.
Contracapa: reproduz o poema «________», o primeiro texto de Mensagem; em baixo, vêm os logótipos dos
________.
Lombada: tem só o ______ da obra.
Colofão (ou, à latina, colofon):
em vez do tradicional «Acabou de imprimir-se a […]», contém uma espécie de
__________.
O anterrosto repete o desenho caligramático da capa. No entanto, há
na p. ____ o que poderia ser o verdadeiro anterrosto, já que a página tem
apenas o título, como é característico das páginas três. Terá sido lapso (e a
ordem das pp. 5 e 3 ter saído mal, sendo a p. 1 uma mera folha de guarda)?
No miolo do livro há, no cabeçalho, o título corrente, nas
páginas ímpares, e nome do autor, nas _____. Nesse espaço, dito dos «títulos
correntes», vem «Índice» na parte do livro que lhe corresponde.
Na p. [7], temos a epígrafe: «_________» (‘Bendito Deus
Nosso Senhor que nos deu o Sinal’).
Preenche as quadrículas vagas da tábua
seguinte, sobre a estrutura de Mensagem:
Primeira parte / Brasão |
Os Campos |
O dos Castelos |
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Ulisses |
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Viriato |
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O Conde D. Henrique |
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D. Tareja |
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D. Afonso Henriques |
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D. Dinis |
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D. João o Primeiro |
D. Filipa de Lencastre |
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As Quinas |
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D. Fernando, Infante de Portugal |
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D. Pedro, Regente de Portugal |
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D. João, Infante de Portugal |
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D. Sebastião, Rei de Portugal |
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A Coroa |
Nun’Álvares Pereira |
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[A Cabeça do Grifo:] O Infante D. Henrique |
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[Uma Asa do Grifo:] D. João o Segundo |
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[A Outra Asa do Grifo:]
Afonso de Albuquerque |
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Segunda parte / Mar Português |
O Infante |
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Padrão |
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O Mostrengo |
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Epitáfio de Bartolomeu Dias |
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Os Colombos |
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Ocidente |
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Fernão de Magalhães |
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Ascensão de Vasco da Gama |
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A Última Nau |
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Prece |
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Os Símbolos |
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O Quinto Império |
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O Desejado |
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As Ilhas Afortunadas |
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O Bandarra |
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António Vieira |
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«Screvo meu livro à beira-mágoa» |
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Os Tempos |
Noite |
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Tormenta |
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Calma |
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Antemanhã |
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De que tratam as três partes de Mensagem?
A 1.ª
parte, «Brasão», trata da fase de _______ de Portugal e seu crescimento. A 2.ª
parte, «Mar Português», versa a ______ de Portugal, os Descobrimentos. A 3.ª
parte, «O Encoberto», trata da estagnação da pátria e, profeticamente, do seu
ressurgimento.
«Brasão» tem _______ {numeral,
mas por extenso} poemas, repartidos por cinco partes, que aproveitam
classificações heráldicas (campos; castelos, quinas; coroa; timbre). A primeira
destas sub-partes funciona como introdução às dezassete _________, abordadas em
cada poema, que representam características do povo português. A epígrafe de
«Brasão» é «________», um oxímoro (‘Guerra sem guerra’).
A parte «Mar Português» é constituída por _____ poemas e não tem outra
repartição. A epígrafe desta parte, «________» (‘Posse do mar’), alude à saga
dos descobrimentos. Desta parte já referimos em aula um dos poemas,
precisamente o homónimo da secção, «__________», a propósito da frase tornada
proverbial «Tudo vale a pena, se a alma não é pequena».
A parte «O Encoberto» implica a visão esotérica de Pessoa, uma síntese
de história, mito e profecia. Esta parte situa-se depois do desastre de
_______. Está aliás toda centrada na figura do rei ______, o encoberto. Logo
pelos títulos se vê que a organização, agora, decorre mais do simbolismo, não
se adotando tanto o formato ‘galeria de personagens’. A epígrafe é «________»
(‘Paz nos céus’), que corresponderá ao estado ideal conseguido com o
profetizado Quinto Império.
Pelo
índice, repara nas datas
predominantes da elaboração dos poemas. Os poemas da primeira parte são quase
todos posteriores a ______, ou deste exato ano. Os textos de «Mar Português»
são maioritariamente de _____-_____, a época do sidonismo. Finalmente, o ano
mais representado na terceira parte é 1934 (precisamente, o ano da publicação
de Mensagem, penúltimo da vida de
Pessoa, quando o Estado Novo se implantava).
Vejamos a estrutura formal, em termos de versificação, de Mensagem.
Que tipo de estrofe predomina? {circunda os quatro tipos que consideres mais
presentes, após folheares o livro sem grandes demoras} Dísticos, tercetos,
quartetos ou quadras, quintilhas, sextilhas, sétimas, oitavas, nonas ou
novenas, décimas, centésimas.
Os versos {escolhe} são brancos / têm rima / são
amarelos.
O metro (o número de sílabas métricas) predominante deve ser o {escolhe} monossílabo, dissílabo,
trissílabo, tetrassílabo, pentassílabo (ou redondilha menor), hexassílabo,
heptassílabo (ou redondilha maior), octossílabo, eneassílabo, decassílabo,
hendecassílabo, dodecassílabo (alexandrino).
O único poema que não tem
título é o terceiro aviso, que está na p. ____. É o único texto em que o
assunto parece ser o próprio poeta.
O último verso de Mensagem é «______», seguindo-se-lhe a
fórmula de despedida latina, «_________» (‘Saúde [Força, Felicidade], Irmãos’).
Na tábua da p. 109 do
manual, os poemas que são reproduzidos estão identificados pela indicação da
página, entre parênteses retos e a azul.
Classifica
as orações sublinhadas.
Efeito do observador
(Os
Azeitonas)
A ciência, aos dezasseis,
Desafia algumas leis
E, já que Saturno tem anéis, | ______________
Pode a Lua encher só para mim.
Já vi um arco-íris circular,
Já dei dois tiros no mesmo lugar,
Mas o que considero singular
É que a Lua insiste em se encher assim.
Já fiz as equações,
Determinei as funções.
A ciência comprovou | _____________
[Que] somos todos iguais
Lá no fundo,
Pó de estrela e nada mais.
Somos todos condutores de carrosséis,
Não lemos mapas, andamos aos papéis, | _____________
Então deitamos fora a sorte deste Norte, | _____________
Fazemo-nos reis,
Já que a Lua se pode comportar assim.
Sou dos do bem,
Mas não sei bem o que é do mal. | ______________
Sou um cético otimista, hipócrita ocasional,
E, se observo mudo o resultado experimental, | _____________
Então que a Lua sorria só porque sim.
Já fiz as equações,
Determinei as funções.
A ciência comprovou
[Que] somos todos iguais | ____________
Lá no fundo,
Pó de estrela e nada mais.
E, se o espaço curva para ti, | ____________
Vou aos esses até chegar aí
E fico a contar que um dia, ao luar,
Tudo vá mudar e, só porque sim, | ____________
Mude o nosso spin
E consiga provar
Que estamos entrelaçados no fim... | ____________
No fim!
Já fiz as equações, | _____________
Determinei as funções.
A ciência comprovou
[Que] somos todos iguais
Lá no fundo,
Pó de estrela e nada mais.
Escreve um comentário, uma
apreciação crítica com
cerca de duzentas palavras, ao anúncio «As Primas», da NOS Empresas. Na tua
apreciação deves incluir os termos «palavras homónimas», «palavras
convergentes», «étimo», «verbo» (ou «forma verbal»), «nome».
Procura seguir as etapas
sugeridas habitualmente para as apreciações críticas (a descrição do objeto apresentado,
destacando elementos significativos da sua composição; um comentário crítico,
fundamentando devidamente a sua apreciação e utilizando um discurso valorativo;
uma conclusão adequada aos pontos de vista desenvolvidos).
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[solução possível:]
Trata-se de anúncio televisivo da Nos Empresas. Em breves trinta
segundos, publicita-se uma nova vantagem desta firma — disponibilizar aos
aderentes um «gestor dedicado» —, sublinhando o clip os benefícios que advêm do
atendimento personalizado.
A situação usada mostra um incauto utilizador dos novos serviços a
ficar admirado por poder falar com uma verdadeira pessoa e não com «as primas».
Percebemos que estas «primas» servem a caricatura das informações prestadas por
centrais telefónicas automatizadas («prima um, se quer ...»; «prima dois, se
...»), demoradas e incómodas. A brincadeira assenta na homonímia entre «prima»,
do verbo «pre-mir», e o nome «prima», parentesco. As duas palavras homónimas
são, em perspetiva diacrónica, convergentes, o fenómeno que sucede quando
étimos diferentes (neste caso, a forma do verbo premere e o feminino de primu-)
resultaram em palavras coincidentes em som e grafia (sincronicamente,
homónimas; historicamente, convergentes).
A ingenuidade do feliz cliente da NOS, que não percebe a homonímia,
é crucial para salientar a surpresa e, ao mesmo tempo, a novidade do que se
pretende vender. A bonomia do homem, a simpatia de quem o atende, o risível da
situação são ingredientes que favorecem a mensagem que o filme publicitário
quer transmitir.
TPC — Lê sem falta, nas pp. 163-165, o conto «Famílias
desavindas», de Mário de Carvalho. A sua leitura prévia é necessária para uma
destas aulas.
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