Saturday, September 07, 2024

Aula 62-63

Aula 62-63 (6 [3.ª], 7 [4.ª], 9/jan [1.ª]) Correções a respostas dadas na aula 42-43 (sobre «Bem sei que [...]»).

[Exemplo de solução possível para item 3:]

As anáforas «Bem sei» (vv. 1, 5, 9) sublinham a certeza de que o espaço descrito é um espaço de felicidade, mas também de que, sendo fruto do sonho, é inacessível.

Já nas estrofes finais, a repetição de «Sei» (vv. 13, 17, 19), aliás ele próprio reforçado («Sei, sim», v. 13; «Sei, sei, sei tudo», v. 17; e «sei também», v. 17), realça a afirmação de que o sonho é inerente à essência do sujeito poético.

Com exemplares de Mensagem (da coleção «iagora»), preenchimento de grelha acerca do paratexto e da estrutura da obra.

Fernando Pessoa, Mensagem

Paratexto e estrutura

Faz a referência bibliográfica (autor, título, cidade da editora, editora, ano da edição).

A primeira fonte destes elementos deve ser o frontispício (página [3], neste caso). Quando haja dados de que não possamos certificar-nos pelo rosto (o referido frontispício), recorreremos ao colofão (na última folha), à ficha técnica, à capa:

___________________________

Este livro não numera a edição. Se o fizesse, esse elemento poderia constar logo após o título. E poríamos a seguir à data da edição e entre parênteses o ano da 1.ª edição, 1934.

Verifica estas partes do livro (matéria que se integra no estudo do paratexto):

Capa: tem um ________ (poema visual) que usa versos de Pessoa e desenha a efígie do poeta.

Contracapa: reproduz o poema «________», o primeiro texto de Mensagem; em baixo, vêm os logótipos dos ________.

Lombada: tem só o ______ da obra.

Colofão (ou, à latina, colofon): em vez do tradicional «Acabou de imprimir-se a […]», contém uma espécie de __________.

O anterrosto repete o desenho caligramático da capa. No entanto, há na p. ____ o que poderia ser o verdadeiro anterrosto, já que a página tem apenas o título, como é característico das páginas três. Terá sido lapso (e a ordem das pp. 5 e 3 ter saído mal, sendo a p. 1 uma mera folha de guarda)?

No miolo do livro há, no cabeçalho, o título corrente, nas páginas ímpares, e nome do autor, nas _____. Nesse espaço, dito dos «títulos correntes», vem «Índice» na parte do livro que lhe corresponde.

Na p. [7], temos a epígrafe: «_________» (‘Bendito Deus Nosso Senhor que nos deu o Sinal’).

Preenche as quadrículas vagas da tábua seguinte, sobre a estrutura de Mensagem:

Primeira parte / Brasão

Os Campos

O dos Castelos

 

 

Ulisses

Viriato

O Conde D. Henrique

D. Tareja

D. Afonso Henriques

D. Dinis

D. João o Primeiro

D. Filipa de Lencastre

As Quinas

 

D. Fernando, Infante de Portugal

D. Pedro, Regente de Portugal

D. João, Infante de Portugal

D. Sebastião, Rei de Portugal

A Coroa

Nun’Álvares Pereira

 

[A Cabeça do Grifo:] O Infante D. Henrique

[Uma Asa do Grifo:] D. João o Segundo

[A Outra Asa do Grifo:] Afonso de Albuquerque

Segunda parte / Mar Português

O Infante

 

Padrão

O Mostrengo

Epitáfio de Bartolomeu Dias

Os Colombos

Ocidente

Fernão de Magalhães

Ascensão de Vasco da Gama

 

A Última Nau

Prece

 

Os Símbolos

 

O Quinto Império

O Desejado

As Ilhas Afortunadas

 

 

O Bandarra

António Vieira

«Screvo meu livro à beira-mágoa»

Os Tempos

Noite

Tormenta

Calma

Antemanhã

 

De que tratam as três partes de Mensagem?

A 1.ª parte, «Brasão», trata da fase de _______ de Portugal e seu crescimento. A 2.ª parte, «Mar Português», versa a ______ de Portugal, os Descobrimentos. A 3.ª parte, «O Encoberto», trata da estagnação da pátria e, profeticamente, do seu ressurgimento.

«Brasão» tem _______ {numeral, mas por extenso} poemas, repartidos por cinco partes, que aproveitam classificações heráldicas (campos; castelos, quinas; coroa; timbre). A primeira destas sub-partes funciona como introdução às dezassete _________, abordadas em cada poema, que representam características do povo português. A epígrafe de «Brasão» é «________», um oxímoro (‘Guerra sem guerra’).

A parte «Mar Português» é constituída por _____ poemas e não tem outra repartição. A epígrafe desta parte, «________» (‘Posse do mar’), alude à saga dos descobrimentos. Desta parte já referimos em aula um dos poemas, precisamente o homónimo da secção, «__________», a propósito da frase tornada proverbial «Tudo vale a pena, se a alma não é pequena».

A parte «O Encoberto» implica a visão esotérica de Pessoa, uma síntese de história, mito e profecia. Esta parte situa-se depois do desastre de _______. Está aliás toda centrada na figura do rei ______, o encoberto. Logo pelos títulos se vê que a organização, agora, decorre mais do simbolismo, não se adotando tanto o formato ‘galeria de personagens’. A epígrafe é «________» (‘Paz nos céus’), que corresponderá ao estado ideal conseguido com o profetizado Quinto Império.

Pelo índice, repara nas datas predominantes da elaboração dos poemas. Os poemas da primeira parte são quase todos posteriores a ______, ou deste exato ano. Os textos de «Mar Português» são maioritariamente de _____-_____, a época do sidonismo. Finalmente, o ano mais representado na terceira parte é 1934 (precisamente, o ano da publicação de Mensagem, penúltimo da vida de Pessoa, quando o Estado Novo se implantava).

Vejamos a estrutura formal, em termos de versificação, de Mensagem.

Que tipo de estrofe predomina? {circunda os quatro tipos que consideres mais presentes, após folheares o livro sem grandes demoras} Dísticos, tercetos, quartetos ou quadras, quintilhas, sextilhas, sétimas, oitavas, nonas ou novenas, décimas, centésimas.

Os versos {escolhe} são brancos / têm rima / são amarelos.

O metro (o número de sílabas métricas) predominante deve ser o {escolhe} monossílabo, dissílabo, trissílabo, tetrassílabo, pentassílabo (ou redondilha menor), hexassílabo, heptassílabo (ou redondilha maior), octossílabo, eneassílabo, decassílabo, hendecassílabo, dodecassílabo (alexandrino).

O único poema que não tem título é o terceiro aviso, que está na p. ____. É o único texto em que o assunto parece ser o próprio poeta.

O último verso de Mensagem é «______», seguindo-se-lhe a fórmula de despedida latina, «_________» (‘Saúde [Força, Felicidade], Irmãos’).

Na tábua da p. 109 do manual, os poemas que são reproduzidos estão identificados pela indicação da página, entre parênteses retos e a azul.

Classifica as orações sublinhadas.

Efeito do observador

(Os Azeitonas)

A ciência, aos dezasseis,
Desafia algumas leis
E, já que Saturno tem anéis, | ______________
Pode a Lua encher só para mim.

Já vi um arco-íris circular,
Já dei dois tiros no mesmo lugar,
Mas o que considero singular
É que a Lua insiste em se encher assim.

Já fiz as equações,
Determinei as funções.
A ciência comprovou | _____________
[Que] somos todos iguais
Lá no fundo,
Pó de estrela e nada mais.

Somos todos condutores de carrosséis,
Não lemos mapas, andamos aos papéis, | _____________
Então deitamos fora a sorte deste Norte, | _____________
Fazemo-nos reis,
Já que a Lua se pode comportar assim.

Sou dos do bem,

Mas não sei bem o que é do mal. | ______________
Sou um cético otimista, hipócrita ocasional,
E, se observo mudo o resultado experimental, | _____________
Então que a Lua sorria só porque sim.

Já fiz as equações,
Determinei as funções.
A ciência comprovou
[Que] somos todos iguais  | ____________
Lá no fundo,
Pó de estrela e nada mais.

E, se o espaço curva para ti, | ____________
Vou aos esses até chegar aí
E fico a contar que um dia, ao luar,
Tudo vá mudar e, só porque sim, | ____________
Mude o nosso spin
E consiga provar
Que estamos entrelaçados no fim... | ____________
No fim!

Já fiz as equações, | _____________
Determinei as funções.
A ciência comprovou
[Que] somos todos iguais
Lá no fundo,
Pó de estrela e nada mais.

Escreve um comentário, uma apreciação crítica com cerca de duzentas palavras, ao anúncio «As Primas», da NOS Empresas. Na tua apreciação deves incluir os termos «palavras homónimas», «palavras convergentes», «étimo», «verbo» (ou «forma verbal»), «nome».

Procura seguir as etapas sugeridas habitualmente para as apreciações críticas (a descrição do objeto apresentado, destacando elementos significativos da sua composição; um comentário crítico, fundamentando devidamente a sua apreciação e utilizando um discurso valorativo; uma conclusão adequada aos pontos de vista desenvolvidos).

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

[solução possível:]

Trata-se de anúncio televisivo da Nos Empresas. Em breves trinta segundos, publicita-se uma nova vantagem desta firma — disponibilizar aos aderentes um «gestor dedicado» —, sublinhando o clip os benefícios que advêm do atendimento personalizado.

A situação usada mostra um incauto utilizador dos novos serviços a ficar admirado por poder falar com uma verdadeira pessoa e não com «as primas». Percebemos que estas «primas» servem a caricatura das informações prestadas por centrais telefónicas automatizadas («prima um, se quer ...»; «prima dois, se ...»), demoradas e incómodas. A brincadeira assenta na homonímia entre «prima», do verbo «pre-mir», e o nome «prima», parentesco. As duas palavras homónimas são, em perspetiva diacrónica, convergentes, o fenómeno que sucede quando étimos diferentes (neste caso, a forma do verbo premere e o feminino de primu-) resultaram em palavras coincidentes em som e grafia (sincronicamente, homónimas; historicamente, convergentes).

A ingenuidade do feliz cliente da NOS, que não percebe a homonímia, é crucial para salientar a surpresa e, ao mesmo tempo, a novidade do que se pretende vender. A bonomia do homem, a simpatia de quem o atende, o risível da situação são ingredientes que favorecem a mensagem que o filme publicitário quer transmitir.

TPC — Lê sem falta, nas pp. 163-165, o conto «Famílias desavindas», de Mário de Carvalho. A sua leitura prévia é necessária para uma destas aulas.

 

 

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