Aula CXVI
Aula CXVI (1/abr [1.ª] — e só nesta turma) Correções de
trabalho (já antigo) sobre Pessoa e tempo e de comentário sobre polissemia de «químicos»
num anúncio do Pingo Doce.
Itens de provas de exame com figuras
de estilo
[2016, 2.ª fase]
7. No último parágrafo [«Falo do tempo e de pedras,
e, contudo, é em homens que penso. Porque são eles a verdadeira matéria do
tempo, a pedra de cima e a pedra de baixo, a gota de água que é sangue e é
também suor. Porque são eles a paciente coragem, e a longa espera, e o esforço
sem limites, a dor aceite e recusada — duzentos anos, se assim tiver de ser.»],
são utilizados vários recursos estilísticos, entre os quais
(A) a
sinestesia e a anáfora. | (B)
a ironia e a sinestesia. | (C) a anáfora e a hipérbole. | (D) a hipérbole e a ironia.
[2015, 1.ª fase]
6.
Na expressão «paisagens olfativas» (linha 27), o autor utiliza
(A)
uma metonímia. | (B) um eufemismo. | (C) um paradoxo. | (D) uma sinestesia.
[2015, 2.ª fase]
6.
No contexto em que ocorre, a expressão «grosso volume do romance de Eça de
Queirós» (linha 4 [«Hesitei nesta escolha: pensei que seria como ler o resumo
em lugar de regressar — como tantas vezes já regressei — ao grosso volume do
romance de Eça de Queirós.»]) constitui um exemplo de
(A)
perífrase. | (B) hipálage. | (C) eufemismo. | (D) paradoxo.
[2014, 1.ª fase]
1.5.
Na expressão «deflagração extraordinária» (linha 18) [«Não viveu, porém, e
infelizmente, a deflagração extraordinária operada no seio das certezas e dos
objetos, decomposição dos seres visíveis e invisíveis que viria a produzir as
grandes experiências literárias do século XX.»], a autora recorre a
(A)
uma antítese. | (B) um oxímoro. | (C) uma metáfora. | (D) um eufemismo
[2013, época especial]
1.7.
Na expressão «Oh, nossa deslumbrante desgraça mudadora» (linha 14; [As casas de
papel são modos de pensar na tangibilidade do texto, na manualidade de que ele
dependeu para ser lido. São modos de pensar nos autores. Cada autor como um
lugar e um abrigo. Um lugar. Ler um livro é estar num autor. Preciso de pensar
nos objetos para acreditar nos lugares. Oh, nossa deslumbrante desgraça
mudadora, não consigo sentir-me bonito dentro de um Kindle, de um iPad ou de um
Kobo. Penso em mim melhor numa coisa entre capas. A ilustração sem pilhas. As
letras sem pilhas. Eternas e sem mudanças. De confiança.]), o autor recorre à
(A)
hipálage. | (B) metáfora. | (C) metonímia. | (D) ironia
[2016,
1.ª fase, item do grupo I]
1.
Explique o
sentido quer das antíteses quer das interrogações retóricas presentes no início
do monólogo de Matilde (linhas de 1 a 14) [«Ensina-se-lhes que sejam valentes,
para um dia virem a ser julgados por covardes! Ensina-se-lhes que sejam justos,
para viverem num mundo em que reina a injustiça! Ensina-se-lhes que sejam
leais, para que a lealdade, um dia, os leve à forca! (Levanta-se) Não
seria mais humano, mais honesto, ensiná-los, de pequeninos, a viverem em paz
com a hipocrisia do mundo? (Pausa)
Quem é
mais feliz: o que luta por uma vida digna e acaba na forca, ou o que vive em
paz com a sua inconsciência e acaba respeitado por todos?»].
[2016, época especial,
item do grupo I]
4. Explique o sentido da metáfora «São o pão
quotidiano dos grandes» (linhas 12 e 13 [«São o pão quotidiano dos grandes; e
assim como o pão se come com tudo, assim com tudo e em tudo são comidos os
miseráveis pequenos»]), tendo em conta o conteúdo do excerto.
[2016, época especial,
item do grupo I]
5. Relacione o recurso à interrogação retórica
presente na linha 16 [«Qui devorant plebem meam,
ut cibum panis. Parece-vos bem isto, peixes?»] com a intenção
crítica do pregador presente nas linhas que se lhe seguem.
Cenário de
resposta do item 1 do exame de
2016, 1.ª fase
As antíteses expressam a oposição entre os
valores ensinados aos filhos (valentia, justiça, lealdade) e a realidade
político-social, na qual vinga quem é cobarde, injusto e desleal. Deste modo,
Matilde põe em evidência a hipocrisia instalada na sociedade, que aparenta
defender determinados valores, mas promove quem não os pratica.
Na sequência da
reflexão anterior, Matilde interroga-se
ironicamente sobre a necessidade de se ensinar a viver em conformidade com
a hipocrisia a fim de alcançar a paz e a felicidade, ainda que tal signifique
uma vida pautada pela alienação, pelo conformismo e pela indignidade.
Cenário de
resposta do item 4 do exame de 2016, época especial
A metáfora «São o pão
quotidiano dos grandes» (linhas 12 e 13) associa os «pequenos», os socialmente
frágeis, ao pão. Assim, tal como o pão acompanha sempre os outros alimentos,
também o povo é alimento constante para os poderosos.
Através da metáfora,
o orador sublinha, por um lado, a insaciável ganância dos poderosos e, por
outro, a vulnerabilidade dos pequenos, submetidos a uma exploração sem tréguas.
Cenário de
resposta do item 5 do exame de 2016, época especial
Com
o recurso à interrogação retórica, o orador conduz o auditório à tomada de
consciência de que a exploração dos «pequenos» por parte dos poderosos é um
comportamento condenável.
Assumida esta condenação por parte do auditório,
Vieira acusa-o de ter, também ele, um comportamento em tudo semelhante ao
anteriormente apontado.
«George», de Maria Judite de Carvalho; «Sempre é uma companhia», de
Manuel da Fonseca; «Famílias desavindas», de Mário de Carvalho |
Cinema Paraíso, de Giuseppe Tornatore |
Espaço |
|
Em «Sempre é uma companhia», a aldeia alentejana
— mais adivinhada do que descrita — e, sobretudo, a _____ são espaços que não
desempenham apenas a função de cenário porque a ação é por elas determinada.
A evolução no ambiente sentido na loja do Batola quer pelos donos quer pelos
aldeãos-clientes resulta da chegada da _____ (do mesmo modo que, no filme Cinema
Paraíso, o cinema acompanha a vida dos habitantes da vila
siciliana). Em «Famílias desavindas» é uma rua do Porto que
constitui a referência que se mantém ao longo de gerações, sendo o ____ o
elemento que determina os comportamentos das personagens. «George» é o único caso em que não há um mesmo
espaço que sirva de referência à evolução das personagens. Alude-se a espaços
que correspondem à juventude e à meia-idade da personagem (para Gi, a casa
dos pais; para George, _____), não havendo local atribuído a
Georgina/terceira idade. |
A vila, o largo central e, sobretudo, o _____
não são mero cenário. Os vários estados do edifício (o primeiro cinema, a
destruição pelo fogo, o novo edifício, a ruína quando o protagonista
regressa) servem também de marcos que apoiam a nossa perceção da passagem do
_____. O edifício vai causar a cegueira de Alfredo, tornando-se depois
ocupação semiprofissional do protagonista. A ação da parte amorosa acaba também por
aproveitar o cinema (o primeiro beijo do par protagonista vai acontecer aí).
A infância de Totó morreu com o enterro de Alfredo e a destruição do cinema,
mas Salvatore resgatará parte desse passado, os fotogramas dos ____. Salvatore viveu em Roma durante décadas, que são
elididas no filme, passa os
limites da Península Itálica — Sicília é uma ilha, embora quase colada ao
continente — e, em Giancaldo, redescobre os filmes que eram a sua companhia.
Depara-se ainda com o antigo _____ do cinema, mais velho, e vemos o louco da
praça, já diferente mas com as mesmas manias. |
Desenlace |
|
Nos contos «Sempre é uma companhia» e «Famílias
desavindas», a narrativa fica relativamente fechada (e, nos dois casos, com
desfechos otimistas, redentores, na medida em que as personagens antagonistas
se ____). Em «George», a narrativa fica em aberto — ou
menos fechada —, ainda que se depreenda que o futuro de George corresponderá
ao que é assumido através do retrato da personagem _____, parecendo este
final mais disfórico do que os dos outros contos. |
A linha de ação da paixão pelo cinema e a da
memória da infância ficaram fechadas, mas haverá alguma indefinição ainda no
que se refere à ____ Salvatore-Elena. A narrativa não fica em aberto mas
também não é uma típica narrativa fechada. Há disforia, mas fica a noção de
que se conservou uma memória de quem, ou do que, se amava. O final é uma
epifania, uma revelação: Salvatore vê a sequência dos fotogramas que tinham
sido censurados pelo _____. |
Usa as seguintes
modalidades:
epistémica
(valor de certeza) || epistémica (valor de
probabilidade) || deôntica (valor de
obrigação) || deôntica (valor de
permissão) || apreciativa.
Frase de Último a sair, passo de traição de
Débora |
Modalidade (valor de ...) |
Pões-me
creme? [Débora para Bruno] |
deôntica
(valor de obrigação) |
Podes
pôr-me creme, faz favor. [Débora para Bruno] |
|
Posso.
[Bruno para Débora] |
|
Então
não posso. [Bruno para Débora] |
|
As
tuas mãos são uma coisa, Bruno! [Débora
para Bruno] |
|
São
super-fortes! [Débora para Bruno] |
|
Eu
até me estou a sentir mal. [Bruno para Débora] |
|
O
Unas é que devia estar a fazer
isto... [Bruno] |
|
Não
te preocupes. [Débora para Bruno] |
|
O
quintal ainda não é aí. [Débora para Bruno] |
|
E
o vizinho não tem de saber de
nada. [Débora para Bruno] |
|
Se calhar, posso
espalhar por mais sítios? [Bruno para Débora] |
|
Claro.
[Débora para Bruno] |
|
É
isso. [Débora para Bruno] |
|
Está
ótimo! [Débora para Bruno] |
|
Tens
uma melga aqui. [Unas para Débora] |
|
Posso matá-la? [Unas para
Débora] |
|
Granda
melga! Bem! [Bruno para Unas] |
|
[...]
quando podes ter o original [Bruno
para Débora] |
|
Se calhar, até quero o original.
[Débora para Bruno] |
|
Tipo duas
melgas que voavam mais ou menos
assim. [Bruno] |
|
Unas, isso é aquela conversa que não interessa a ninguém.
[Débora] |
|
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