Friday, September 06, 2024

Aula CXVI

Aula CXVI (1/abr [1.ª] — e só nesta turma) Correções de trabalho (já antigo) sobre Pessoa e tempo e de comentário sobre polissemia de «químicos» num anúncio do Pingo Doce.

Itens de provas de exame com figuras de estilo

[2016, 2.ª fase]

7. No último parágrafo [«Falo do tempo e de pedras, e, contudo, é em homens que penso. Porque são eles a verdadeira matéria do tempo, a pedra de cima e a pedra de baixo, a gota de água que é sangue e é também suor. Porque são eles a paciente coragem, e a longa espera, e o esforço sem limites, a dor aceite e recusada — duzentos anos, se assim tiver de ser.»], são utilizados vários recursos estilísticos, entre os quais

(A) a sinestesia e a anáfora. | (B) a ironia e a sinestesia. | (C) a anáfora e a hipérbole. | (D) a hipérbole e a ironia.

[2015, 1.ª fase]

6. Na expressão «paisagens olfativas» (linha 27), o autor utiliza

(A) uma metonímia. | (B) um eufemismo. | (C) um paradoxo. | (D) uma sinestesia.

[2015, 2.ª fase]

6. No contexto em que ocorre, a expressão «grosso volume do romance de Eça de Queirós» (linha 4 [«Hesitei nesta escolha: pensei que seria como ler o resumo em lugar de regressar — como tantas vezes já regressei — ao grosso volume do romance de Eça de Queirós.»]) constitui um exemplo de

(A) perífrase. | (B) hipálage. | (C) eufemismo. | (D) paradoxo.

[2014, 1.ª fase]

1.5. Na expressão «deflagração extraordinária» (linha 18) [«Não viveu, porém, e infelizmente, a deflagração extraordinária operada no seio das certezas e dos objetos, decomposição dos seres visíveis e invisíveis que viria a produzir as grandes experiências literárias do século XX.»], a autora recorre a

(A) uma antítese. | (B) um oxímoro. | (C) uma metáfora. | (D) um eufemismo

[2013, época especial]

1.7. Na expressão «Oh, nossa deslumbrante desgraça mudadora» (linha 14; [As casas de papel são modos de pensar na tangibilidade do texto, na manualidade de que ele dependeu para ser lido. São modos de pensar nos autores. Cada autor como um lugar e um abrigo. Um lugar. Ler um livro é estar num autor. Preciso de pensar nos objetos para acreditar nos lugares. Oh, nossa deslumbrante desgraça mudadora, não consigo sentir-me bonito dentro de um Kindle, de um iPad ou de um Kobo. Penso em mim melhor numa coisa entre capas. A ilustração sem pilhas. As letras sem pilhas. Eternas e sem mudanças. De confiança.]), o autor recorre à

(A) hipálage. | (B) metáfora. | (C) metonímia. | (D) ironia

[2016, 1.ª fase, item do grupo I]

1. Explique o sentido quer das antíteses quer das interrogações retóricas presentes no início do monólogo de Matilde (linhas de 1 a 14) [«Ensina-se-lhes que sejam valentes, para um dia virem a ser julgados por covardes! Ensina-se-lhes que sejam justos, para viverem num mundo em que reina a injustiça! Ensina-se-lhes que sejam leais, para que a lealdade, um dia, os leve à forca! (Levanta-se) Não seria mais humano, mais honesto, ensiná-los, de pequeninos, a viverem em paz com a hipocrisia do mundo? (Pausa) Quem é mais feliz: o que luta por uma vida digna e acaba na forca, ou o que vive em paz com a sua inconsciência e acaba respeitado por todos?»].

[2016, época especial, item do grupo I]

4. Explique o sentido da metáfora «São o pão quotidiano dos grandes» (linhas 12 e 13 [«São o pão quotidiano dos grandes; e assim como o pão se come com tudo, assim com tudo e em tudo são comidos os miseráveis pequenos»]), tendo em conta o conteúdo do excerto.

[2016, época especial, item do grupo I]

5. Relacione o recurso à interrogação retórica presente na linha 16 [«Qui devorant plebem meam, ut cibum panis. Parece-vos bem isto, peixes?»] com a intenção crítica do pregador presente nas linhas que se lhe seguem.

Cenário de resposta do item 1 do exame de 2016, 1.ª fase

As antíteses expressam a oposição entre os valores ensinados aos filhos (valentia, justiça, lealdade) e a realidade político-social, na qual vinga quem é cobarde, injusto e desleal. Deste modo, Matilde põe em evidência a hipocrisia instalada na sociedade, que aparenta defender determinados valores, mas promove quem não os pratica.

Na sequência da reflexão anterior, Matilde interroga-se ironicamente sobre a necessidade de se ensinar a viver em conformidade com a hipocrisia a fim de alcançar a paz e a felicidade, ainda que tal signifique uma vida pautada pela alienação, pelo conformismo e pela indignidade.

Cenário de resposta do item 4 do exame de 2016, época especial

A metáfora «São o pão quotidiano dos grandes» (linhas 12 e 13) associa os «pequenos», os socialmente frágeis, ao pão. Assim, tal como o pão acompanha sempre os outros alimentos, também o povo é alimento constante para os poderosos.

Através da metáfora, o orador sublinha, por um lado, a insaciável ganância dos poderosos e, por outro, a vulnerabilidade dos pequenos, submetidos a uma exploração sem tréguas.

Cenário de resposta do item 5 do exame de 2016, época especial

Com o recurso à interrogação retórica, o orador conduz o auditório à tomada de consciência de que a exploração dos «pequenos» por parte dos poderosos é um comportamento condenável.

Assumida esta condenação por parte do auditório, Vieira acusa-o de ter, também ele, um comportamento em tudo semelhante ao anteriormente apontado.

«George», de Maria Judite de Carvalho; «Sempre é uma companhia», de Manuel da Fonseca; «Famílias desavindas», de Mário de Carvalho

Cinema Paraíso,

de Giuseppe Tornatore

Espaço

Em «Sempre é uma companhia», a aldeia alentejana — mais adivinhada do que descrita — e, sobretudo, a _____ são espaços que não desempenham apenas a função de cenário porque a ação é por elas determinada. A evolução no ambiente sentido na loja do Batola quer pelos donos quer pelos aldeãos-clientes resulta da chegada da _____ (do mesmo modo que, no filme Cinema Paraíso, o cinema acompanha a vida dos habitantes da vila siciliana).

Em «Famílias desavindas» é uma rua do Porto que constitui a referência que se mantém ao longo de gerações, sendo o ____ o elemento que determina os comportamentos das personagens.

«George» é o único caso em que não há um mesmo espaço que sirva de referência à evolução das personagens. Alude-se a espaços que correspondem à juventude e à meia-idade da personagem (para Gi, a casa dos pais; para George, _____), não havendo local atribuído a Georgina/terceira idade.

A vila, o largo central e, sobretudo, o _____ não são mero cenário. Os vários estados do edifício (o primeiro cinema, a destruição pelo fogo, o novo edifício, a ruína quando o protagonista regressa) servem também de marcos que apoiam a nossa perceção da passagem do _____. O edifício vai causar a cegueira de Alfredo, tornando-se depois ocupação semiprofissional do protagonista.

A ação da parte amorosa acaba também por aproveitar o cinema (o primeiro beijo do par protagonista vai acontecer aí). A infância de Totó morreu com o enterro de Alfredo e a destruição do cinema, mas Salvatore resgatará parte desse passado, os fotogramas dos ____.

Salvatore viveu em Roma durante décadas, que são elididas no filme, passa os limites da Península Itálica — Sicília é uma ilha, embora quase colada ao continente — e, em Giancaldo, redescobre os filmes que eram a sua companhia. Depara-se ainda com o antigo _____ do cinema, mais velho, e vemos o louco da praça, já diferente mas com as mesmas manias.

Desenlace

Nos contos «Sempre é uma companhia» e «Famílias desavindas», a narrativa fica relativamente fechada (e, nos dois casos, com desfechos otimistas, redentores, na medida em que as personagens antagonistas se ____).

Em «George», a narrativa fica em aberto — ou menos fechada —, ainda que se depreenda que o futuro de George corresponderá ao que é assumido através do retrato da personagem _____, parecendo este final mais disfórico do que os dos outros contos.

A linha de ação da paixão pelo cinema e a da memória da infância ficaram fechadas, mas haverá alguma indefinição ainda no que se refere à ____ Salvatore-Elena. A narrativa não fica em aberto mas também não é uma típica narrativa fechada. Há disforia, mas fica a noção de que se conservou uma memória de quem, ou do que, se amava. O final é uma epifania, uma revelação: Salvatore vê a sequência dos fotogramas que tinham sido censurados pelo _____.

Usa as seguintes modalidades:

epistémica (valor de certeza) || epistémica (valor de probabilidade) || deôntica (valor de obrigação) || deôntica (valor de permissão) || apreciativa.

Frase de Último a sair, passo de traição de Débora

Modalidade (valor de ...)

Pões-me creme? [Débora para Bruno]

deôntica (valor de obrigação)

Podes pôr-me creme, faz favor. [Débora para Bruno]

 

Posso. [Bruno para Débora]

 

Então não posso. [Bruno para Débora]

 

As tuas mãos são uma coisa, Bruno! [Débora para Bruno]

 

São super-fortes! [Débora para Bruno]

 

Eu até me estou a sentir mal. [Bruno para Débora]

 

O Unas é que devia estar a fazer isto... [Bruno]

 

Não te preocupes. [Débora para Bruno]

 

O quintal ainda não é aí. [Débora para Bruno]

 

E o vizinho não tem de saber de nada. [Débora para Bruno]

 

Se calhar, posso espalhar por mais sítios? [Bruno para Débora]

 

Claro. [Débora para Bruno]

 

É isso. [Débora para Bruno]

 

Está ótimo! [Débora para Bruno]

 

Tens uma melga aqui. [Unas para Débora]

 

Posso matá-la? [Unas para Débora]

 

Granda melga! Bem! [Bruno para Unas]

 

[...] quando podes ter o original [Bruno para Débora]

 

Se calhar, até quero o original. [Débora para Bruno]

 

Tipo duas melgas que voavam mais ou menos assim. [Bruno]

 

Unas, isso é aquela conversa que não interessa a ninguém. [Débora]

 

 

 

#